A Guerra E As Guerras Coloniais Na África Subsaariana Autor(Es)
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A Guerra e as Guerras Coloniais na África subsaariana Garcia, José Luís Lima (coord.); Sousa, Julião Soares (coord.); Neto, Autor(es): Sérgio (coord.) Publicado por: Imprensa da Universidade de Coimbra URL persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/46793 DOI: DOI:https://doi.org/10.14195/978-989-26-1632-2 Accessed : 10-Oct-2021 03:51:54 A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. 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Vendas online: http://livrariadaimprensa.uc.pt Comissão Científica Infografia da Capa Agnes Szilagyi Carlos Costa Universidade Eötvös Loránd (Budapeste) Alice Kessler-Harris Infografia Columbia University Imprensa da Universidade de Coimbra Álvaro Garrido Impressão e Acabamento Universidade de Coimbra Simões & Linhares, Lda Daniel Innerarity Universidad de Zaragoza ISBN Hipólito de la Torre Gómez 978-989-26-1631-5 UNED – Madrid ISBN Digital Ioan Horga 978-989-26-1632-2 Universidade de Oradea – Oradea Jean Garrigues DOI Universidade de Orléans https://doi.org/10.14195/978-989-26-1632-2 João Paulo Avelãs Nunes Universidade de Coimbra Depósito Legal Jorge Alves 455844/19 Universidade do Porto O Autor declara a sua não concordância Luís Reis Torgal com a ortografia adotada. Universidade de Coimbra Maria da Conceição Meireles Universidade do Porto © MAIO 2019, IMPRENSA DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA Maria Luiza Tucci Carneiro Universidade de São Paulo (Brasil) Mariano Esteban Vega Universidade de Salamanca Maurizio Ridolfi Università della Tuscia (Viterbo) Rui Cunha Martins Universidade de Coimbra Sérgio Campos Matos Universidade de Lisboa JOSÉ LUÍS LIMA GARCIA JULIÃO SOARES SOUSA SÉRGIO NETO COORD. A GUERRA E AS GUERRAS COLONIAIS NA ÁFRICA SUBSAARIANA 2 0 1 9 • C O I M B R A ÍNDICE / CONTENTS INTRODUÇÃO / INTRODUCTION ................................................................................. 7 José Luís Lima Garcia, Julião Soares Sousa e Sérgio Neto THE OPPORTUNITY OF WAR. SOUTH AFRICA IN WORLD WAR I: A CASE STUDY ............ 13 Anne Samson O REGIMENTO DE INFANTARIA 14 NAS CAMPANHAS DO SUL DE ANGOLA DA I GUERRA MUNDIAL / THE 14TH INFANTRY REGIMENT IN THE SOUTHERN ANGOLA CAMPAIGNS OF WORLD WAR I ............................................ 41 Vítor Manuel Lourenço Ortigão Borges IR PARA A GUERRA/EMIGRAR PARA O BRAsiL: DOis CENÁRIOS, DUAS REALIDADES EM VILA NOVA DE FAMALICÃO / GO TO WAR/EMIGRATE TO BRAZIL: TWO SCENARIOS, TWO REALITIES IN VILA NOVA DE FAMALICÃO ............................ 63 Odete Paiva AS MULHERES ENTRE A GUERRA E A PAZ (1914–1920) / WOMEN BETWEEN WAR AND PEACE (1914 -1920) .......................................................................... 85 Adília Fernandes O FINAL DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E O REAvivAR DAS PRETENSÕES TERRITORIAis SOBRE A ÁFRICA AUSTRAL PORTUGUESA / THE END OF WORLD WAR I AND THE REvivAL OF TERRITORIAL CLAIMS ON PORTUGUESE SOUTHERN AFRICA ......................................................................101 José Luís Lima Garcia 5 COLONIAL OFFICE POLICY TOWARDS BRITisH WEST AFRICA IN WORLD WARS ...........121 Fewzi Borsali BOsbEFOK AND KOEVOET – THE BORDER WAR IN NAMibiA AND ANGOLA IN SOUTH AFRICAN SOLDIERS’ MEMORY ...........................................................157 Nils Schliehe GUILEDJE NO HORIZONTE POLÍTICO E MILITAR DE AMÍLCAR CABRAL. «GUERRA DE FRONTEIRA» OU UMA PROJETADA «OFENsivA FINAL» / GUILEDJE ON THE POLITICAL AND MILITARY HORIZON OF AMÍLCAR CABRAL. «FRONTIER WAR» OR A PROJECTED «FINAL OFFENsivE» .......................................191 Julião Soares Sousa A ARMA QUE MUDOU A GUERRA / THE WEAPON THAT CHANGED THE WAR.................221 José A. Matos e Matthew M. Hurley O FUTEBOL PORTUGUÊS E A GUERRA COLONIAL: O IMPÉRIO EM JOGO / PORTUGUESE FOOTBALL AND THE COLONIAL WAR: THE EMPIRE AT STAKE ............245 César Rodrigues O AUTOMÓVEL TOURING CLUB DE ANGOLA E O AUTOMOBILisMO AO SERviÇO DO IMPÉRIO (1961 -1974) / THE AUTOMOBILE TOURING CLUB OF ANGOLA AND MOTORSPORTS AT THE SERviCE OF THE EMPIRE (1961 -1974) ........................267 Pedro Cerdeira 6 INTRODUÇÃO O despontar do século XX não começou da forma mais pacífica na Europa, apesar dos esforços que alguns dos países da comunidade internacional haviam feito para que, segundo Aniceto Afonso, a «paz armada» não descambasse num conflito receado, mas ao mesmo tem‑ po ansiado1. O temor não afugentava os céticos, nem os cobardes, quanto mais os grandes sempre iludidos em teias de mesquinhas rivalidades. O imperialismo britânico coabitava com o militarismo alemão e o revanchismo francês, desanuviando a política negocial o grau de tensão que se apoderara entretanto das principais potências do «velho» continente. A gestão destes interesses localizados numa pequena parte da Humanidade não impediu que um fait ‑divers sangrento em Sarajevo lançasse o rastro incendiário numa atribulada sequência de inciden‑ tes que culminaria na primeira guerra à escala planetária. Segundo Rui Cardoso, a ironia para que tal acontecesse resultaria dos «meca‑ nismos de dissuasão postos em prática pelas grandes potências para evitar a guerra, que acabaram por ser, eles próprios, a peça ‑chave de uma engrenagem que arrastou o mundo para uma guerra que nin‑ guém queria»2. Não era agora apenas a extensão territorial que 1 AFONSO, Aniceto – «O Quadro Europeu Antes da Guerra». In Grande Guerra. Angola, Moçambique e Flandres. 1914 | 1918. Matosinhos: QuidNovi, 2006, p. 9 ‑10. 2 CARDOSO, Rui – «A Guerra dos Mundos». Courrier Internacional. Paris: Courrier International SA. N.º 223, set. de 2014, p. 3. 7 A Guerra e as Guerras Coloniais na África subsaariana (1914-1974) constituía o perigo deste confronto, mas a duração temporal do mes‑ mo. O que era para durar apenas umas semanas, prolongou ‑se por meses e anos. Na sequência do final desse conflito desapareceriam três impérios, o austro ‑húngaro, o otomano e o prussiano. A criação de novos paí‑ ses foi feita com a redefinição de limites movediços, naquilo que Tim Butcher apelidava de «fronteiras de areia»3. E se em 1918 o Armistício foi assinado, esse facto não era mais do que uma trégua que duraria duas décadas, período no qual emergiria uma onda de nacionalismos e os contendores recarregariam as «baterias» para em 1939 recome‑ çarem um novo conflito que só terminaria a 2 de setembro de 19454. Assim, a guerra que começara na Polónia e acabaria com a rendição do Japão deixara de ser apenas preocupação da diplomacia europeia, para se tornar um problema com repercussões planetárias. Com todas as suas complexidades, desafios e tragédias, coube também ao século XX ditar as regras da consolidação das indepen‑ dências no continente africano, algumas décadas de ocupação após os ditames aprovados pela Conferência de Berlim de 1884‑1885. Na verdade, a colonização e o colonialismo, conceitos paralelos e, para alguns, indistinguíveis, marcaram a Época Moderna e os tempos contemporâneos, tendo talvez a guerra – a par da escravatura até ao terceiro quartel de Oitocentos –, constituído um dos seus processos mais significativos. Tanto assim que o século XX se iniciou com «cam‑ panhas coloniais» de ocupação do hinterland (Alves Roçadas em Angola, em 1905‑1907), combates entre colonizadores (Segunda Guer‑ ra dos Bóeres, em 1898–1902), o genocídio dos Hereros, em 1904‑1907, e a Primeira Guerra Mundial, em 1914‑1918, combinando todos estes cenários. 3 BUTCHER, Tim cit. por Guillermo Altares – «O conflito que nunca acabou». Ibidem, p. 9. 4 Idem – Ibidem, p. 90. 8 Introdução De resto, o centenário deste embate bélico, que tem vindo a ser assinalado em muitas manifestações nos últimos anos, não esqueceu o palco de combates africanos, procurando dar voz àqueles que ra‑ ramente tiveram possibilidade de a fazer escutar. Ainda neste âmbi‑ to, e sem perder de vista as desencantadas reflexões de António de Cértima (1894‑1983) acerca da (pouca) visibilidade do conflito em África, dir ‑se ‑ia que alguns estudos (mais ou menos) recentes, como os de Marco Fortunato Arrifes e de Manuel Carvalho, têm buscado ilustrar esse aspeto menos visível da contenda de 1914‑1918. Com o emergir do pós ‑guerra no final da primeira metade do século XX, a ordem internacional torna ‑se mais justa