Ernesto Bozzano
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
www.autoresespiritasclassicos.com Ernesto Bozzano Animismo ou Espiritismo? Qual dos dois explica o conjunto dos fatos? Anismism and Spiritism 1931 █ Conteúdo resumido Esta obra é um resumo de 40 anos de pesquisas desse incan- sável cientista espírita, como ele próprio informa no prefácio da presente obra – que foi elaborada em resposta a um pedido do Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional, de Glas- gow –, em torno do tema “Animismo ou Espiritismo: Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?” Reunindo todas as suas publicações sobre o assunto – livros, monografias, opúsculos e artigos –, Bozzano elaborou esta grande síntese dos fenômenos metapsíquicos, demonstrando que os fenômenos anímicos (provocados pelo subconsciente do ser humano) e os espíritas (provocados por entidades espirituais) são interdependentes e provêm, ambos, de uma única causa: o Ser Espiritual – encarnado, no caso dos fenômenos anímicos, ou desencarnado, no caso dos fenômenos espíritas. Sumário Prefácio ......................................................................................... 4 Capítulo I As faculdades supranormais subconscientes independem da lei de evolução biológica ................................................... 7 Capítulo II Os poderes supranormais da subconsciência podem cir- cunscrever-se dentro de limites definidos ............................ 34 Capítulo III As comunicações mediúnicas entre vivos provam a reali- dade das comunicações mediúnicas com os defuntos .......... 46 Capítulo IV Dos fenômenos de bilocação .............................................. 116 Capítulo V Não é verdade que o Animismo inutiliza as provas em fa- vor do Espiritismo .............................................................. 169 Conclusões ................................................................................ 291 Prefácio Devo, antes de tudo, informar o leitor acerca das origens e da natureza do presente livro, que não é uma obra nova, no verda- deiro sentido do termo, e que jamais tive idéia de escrever. Eis como se passaram as coisas. O Conselho Diretor do Congresso Espírita Internacional, de Glasgow, que se reuniu na primeira semana de setembro do corrente ano (1937), me escreveu, convidando-me a dele partici- par pessoalmente, oferecendo-me o cargo honorífico de vice- presidente do mesmo Congresso e pedindo que eu enviasse um resumo da minha obra, em torno do tema: Animism or Spiritua- lism: Which explains the facts? (Animismo ou Espiritismo: Qual dos dois explica o conjunto dos fatos?) Formidável encargo, pois que se tratava de resumir a maior parte da minha obra de quaren- ta anos. Mas, de súbito, o tema se me apresentou teoricamente muito importante. Aceitei então, sem hesitar, o convite e, como escasso era o tempo e vasta a tarefa, pus-me a reunir todas as minhas publicações sobre o assunto: livros, monografias, opús- culos e artigos, lançando-me sem demora ao trabalho. Do resumo ficou excluída uma importante seção da minha obra, porque o desenvolvimento do tema exigia que eu refutasse, baseando-me em fatos, a inefável objeção anti-espirítica segundo a qual, não se podendo assinar limites às faculdades supranor- mais da telepatia, da telemnesia, da telestesia, também nunca será possível demonstrar-se experimentalmente – e, portanto, cientificamente – a existência e a sobrevivência do espírito humano. Como se sabe, essa gratuita objeção se refere exclusi- vamente aos casos de identificação espirítica, baseada nos in- formes pessoais fornecidos pelos defuntos que se comunicam, casos que perderiam todo o valor demonstrativo, desde que resultasse fundada a referida objeção, porquanto, então, seriam explicáveis em massa, com os poderes da subconsciência, os quais chegariam a extrair os aludidos informes das subconsciên- cias dos vivos que, embora distantes, houvessem conhecido os mencionados defuntos (telemnesia). Nessas condições, se eu quisesse eliminar preventivamente toda possibilidade de crítica às conclusões expostas no presente trabalho, necessário se fazia não levar em conta as minhas pesquisas sobre casos de identifi- cação espirítica da natureza indicada, nem tampouco os meus laboriosos esforços de análise comparada acerca das mensagens em que os defuntos descrevem o ambiente em que se encontram. Assim foi que procedi, chegando desse modo a fazer emergir, baseada nos fatos, uma verdade metapsíquica que, conquanto evidentíssima, era miseramente esquecida pelos propugnadores da objeção em causa. Aludo ao fato de que as provas de identifi- cação espirítica, fundadas nas informações pessoais fornecidas pelos defuntos que se comunicam, longe de serem as únicas que se podem conseguir para a demonstração experimental da sobre- vivência, mais não são do que simples unidade de prova, entre as múltiplas provas que se podem extrair do conjunto dos fenôme- nos metapsíquicos, mas, sobretudo, das manifestações supranor- mais de ordem extrínseca, as quais, de ninguém dependendo, resultam independentes dos poderes da subconsciência. Tais, por exemplo, os casos das “aparições dos defuntos quando ainda no leito de morte” e os das “aparições dos defuntos pouco depois da morte”, assim como outras importantes categorias de fenômenos metapsíquicos, que reuni e comentei no extenso e resolutivo Capítulo V do presente trabalho. Noutros termos: procedendo desse modo, logrei demolir a ú- nica hipótese de que dispunham os opositores para, de certa forma, neutralizarem a interpretação do alto mediunismo, hipóte- se que, embora absurda e insustentável, parecia embaraçosa, visto que, por ser indemonstrável, se tornava irrefutável. Ver-se- á, porém, que, ao contrário disso, cheguei igualmente a demoli- la, estribando-me nos fatos, de sorte que, à questão que me foi proposta: Animismo ou Espiritismo, qual dos dois explica o conjunto dos fatos?, fácil se me tornou responder, nos termos seguintes: Nem um nem outro logra, separadamente, explicar o conjun- to dos fenômenos supranormais. Ambos são indispensáveis a tal fim e não podem separar-se, pois que são efeitos de uma causa única e esta causa é o espírito humano que, quando se manifes- ta, em momentos fugazes, durante a encarnação, determina os fenômenos anímicos e, quando se manifesta mediunicamente, durante a existência “desencarnada”, determina os fenômenos espiríticos. Esta e unicamente esta é a solução legítima do grande pro- blema, dado que ela se apresenta como resultante matemática da convergência de todas as provas que advêm da coletânea metap- síquica, considerada em seu conjunto. Acredito, portanto, haver produzido um labor profícuo, a ser- viço da causa da Verdade, labor cujo desenvolvimento se revela praticamente mais formidável do que tudo quanto eu imaginara, pois não tardei a me aperceber de que as argumentações e os comentários sobre os casos, na forma especial que lhes eu dera, não se adaptaram a um trabalho de síntese geral. De sorte que tive de remanusear um pouco por toda parte. Ora, refazer é mais difícil do que fazer. Como quer que seja, agora que concluí, muito me alegra que o Conselho Diretor do Congresso de Glasgow me haja levado a resumir-me a mim mesmo, porquanto da síntese de muitas publicações minhas, longas, breves, de ocasião, condensadas num livro, de pequeno porte, surge incontestável a solução espírita do mistério do ser. Capítulo I As faculdades supranormais subconscientes independem da lei de evolução biológica Foi no ano de 1891 – data para mim memorável – que pela vez primeira me pus em contacto com as pesquisas psíquicas e isso se deu por obra do professor Ribot, diretor da Revue Philo- sophique, o qual espontaneamente me enviou o primeiro número dos Annales des Sciences Psychiques, no qual se falava de telepatia. Essa “fortuita coincidência” decidiu para sempre do meu futuro de escritor e de pensador. Uma vocação predominan- te me havia, ao invés, conduzido a ocupar-me, exclusiva e apai- xonadamente, de filósofa científica e Herbert Spencer era, na- quele tempo, o meu ídolo. Durante dois anos, eu estudara, inin- terruptamente, anotara, classificara com imenso amor todo o conteúdo do seu imponente e enciclopédico sistema filosófico, para, em seguida, lançar-me de corpo e alma nas lutas do pensa- mento, empenhando-me em polêmicas com quem ousasse criti- car os argumentos e as hipóteses que o meu venerado mestre formulara. Transformara-me em apóstolo do meu ídolo, o que significa que em tudo pensava e sentia como Herbert Spencer e a concepção mecânica positivista do Universo era a minha profis- são de fé. Acrescente-se que, ao passo que admirava a suprema sabedoria do grande filósofo, que intencionalmente se apartara do grosseiro materialismo imperante no seu tempo, dedicando a primeira parte dos seus First Principies à teoria do “Incognoscí- vel” e afirmando com isso o próprio “agnosticismo” em presença do enorme mistério do ser; ao passo – digo – que admirava a suprema sabedoria daquele que assim se comportava, a síntese conclusiva das minhas concepções filosóficas gravitava decisi- vamente, nada obstante, nas órbitas dos Büchner, dos Moles- chott, dos Haeckel, que negavam a existência de um Ente Su- premo e a sobrevivência humana. Nessa conformidade, defendia eu, nas revistas filosóficas, esse ponto de vista com apaixonado ardor, correspondente, em tudo, ao que mais tarde viria a de- monstrar em defesa de uma causa diametralmente oposta, porém infinitamente mais reconfortante. Pareceu-me oportuno começar lembrando esse período do meu passado filosófico, porque o vigor com que agora defendo a causa espiritista a alguns se afigura indício manifesto