AUGUSTO DECAMPOS* DA POESIADE DA EXPRESSIVIDADE COMO ELEMENTOS DESIGN ETIPOGRAFIA TIAGO SANTOS * FORAM FEITAS APENAS ADEQUAÇÕES AO ACORDO ORTOGRÁFICO EM VIGÊNCIA, COMUM A TODOS OS PAÍSES LUSÓFONOS. NOTA DAREVISORA: OPTOU-SEPORPRESERVAR OTEXTONAVARIANTE LINGUÍSTICA DOPORTUGUÊSDEPORTUGAL. ADOTADAS PORESTEPERIÓDICOEOPTOU-SEPUBLICÁ-LO, APÓSAVALIAÇÃO REALIZADAPOR PARES. EM TAL OCASIÃOPELOAUTOR,CONSIDEROU-SEQUEELEESTÁ DEACORDOCOMASBOASPRÁTICAS EDITORIAIS POLITÉCNICO DETOMAR,EM TOMAR,PORTUGAL.COMOOPRESENTEARTIGOAPROFUNDA EAMPLIAASIDEIASEXPOSTAS 9º ENCONTRODETIPOGRAFIA DAATIPO -ASSOCIAÇÃO DETIPOGRAFIAPORTUGAL,REALIZADONO INSTITUTO NOTA DOS EDITORES:UMAVERSÃODAPARTE INICIALDESTETEXTOFOIPUBLICADAEM2018NOLIVRO DEATAS DO CAMPOS AUGUSTO DE LA POESÍADE EXPRESIVOS DE COMPONENTES TIPOLOGÍA COMO DISEÑO Y CAMPOS AUGUSTO DE THE POETRY OF ELEMENTS IN AS EXPRESSIVE TYPOGRAPHY DESIGN AND 508 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos id DOI: 10.11606/issn.2178- https://orcid.org/0000- 0447.ars.2020.160035 Coimbra, Portugal *Universidade de 0001-9983-0490 Tiago Santos* Artigo Inédito RESUMO KEYWORDS the media. and symbolicalreferenceslinked totheshapeoflettersand verbivocovisual meaningand, consequentely, the cultural its visual and typographical form, activates the layers ofthe analyze his poetry considering the ways in which the text, in to exhibitionspacesandthestreets.Inthisarticlewe senses throughblankspace,andwhodislocateditswork page bycontrollingtimeandsilence,whichmobilizethe a poet of innovation who recovered the functionality of the the word’s expressivepotentialandmateriality. Camposis a newpluralityofmeaningsthroughintensivelyexploring previous modernist generations. It advanced in benefit of when itabandonedtheconventionsacceptedbyimmediately The poetryofAugustodeCamposaffirmeditselfasconcrete ABSTRACT letra eaosmedia. e, subsidiariamente,asreferênciasculturaisesimbólicasassociadasàsformas da na sua forma visual e tipográfica, activa as camadas de significação verbivocovisual Neste artigoéanalisadaapoesiadeAugustoCamposconsiderandocomoo texto, sensações atravésdoespaçoembranco,edeslocou-separaasgalerias ruas. a funcionalidadedapágina, controlando otempoesilêncio, quemanipulam as expressivo dapalavraesuamaterialidade.Éumpoetadeinvenção,querecuperou uma novapluralidadedesentidosatingidospelaexploraçãointensivadopotencial aceitas pelas gerações modernistas imediatamente anteriores. Avançou em prol de A poesiadeAugustoCamposafirmou-seconcretaaoabandonaraconvenção PALAVRAS-CHAVE Concrete poetry;Augusto deCampos Macrotypography; Microtypography;Futura, macrotipografia; microtipografia;Futura,poesiaconcreta;AugustodeCampos RESUMEN y delosmedia. referencias culturalesysimbólicas delafomalasletras de significaciónverbivocovisual y, consecuentemente,las texto, ensuformavisualytipográfica, activalascamadas artículo analizalapoesíadeCampos considerandocomoel en blanco,ysedislocóhastalasgaleríascalles.Este silencio, quemovilizanlassensacionesatravésdelespacio la funcionalidaddepáginacontrolandoeltiempoy el de sumaterialidad.Esunpoetainvención,querecuperó explotar intensamente el potencial expresivo de la palabra y beneficio deunanuevapluralidadsentidosobtenidos al modernistas inmediatamenteanteriores.Avanzó en abandonar lasconvencionesaceptadasporgeneraciones La poesíadeAugustoCamposseafirmóconcretaal PALABRAS CLAVE poesía concreta; Augusto deCampos macrotipografía; microtipografía; Futura, 509 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos Rodapé do“planopiloto para poesiaconcreta”. FIGURA 1.

descrito, usando aletrafuturo negrocomotamanhode10pontos. poesia concreta”,queotexto deveria serdiagramadoconforme ali grupo Noigandres tenham especificado, noseu“Plano piloto para poderá sersurpresaver queospoetasconcretos brasileirosdo intencionalidade emrelação àvisualidadeematerialidade, não parâmetros materiais eestéticos dasuapoesia.Identificandoessa e artísticoslevou ospoetasaassumirtotal controlosobre os periféricos. Ainfluênciaaeste eoeste dosmovimentos literários se expressadocommaiorpreponderânciaempaíses“chamados” censura eperseguição aos movimentos dearte moderna,tendo do modernismoentreguerraseemconsequênciaclimade 1. AMATERIALIDADE DAPOESIACONCRETA A Poesia Concreta surgiunasequência dasmanifestações 510 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos contributos do modernismo pré-guerra, em específicoaqueles da contributos domodernismo pré-guerra, grupo Noigandres, aos desse espírito para a página, fundindo-o e omodernismoda capitalforam omote paraatransposição, pelo conceitos espaciais ao cerradobrasileiro. OPlano Piloto deBrasília modernista”, que, rompendocomotradicional,impôs novos da região acidadetornou-se Centro-oeste, íconedo“novo clima de nova centralidade. Alémdodesenvolvimento socioeconómico industrialização, aconstrução dacapital, Brasília,quedotou opaís pujante de“cinquenta anosemcinco”, promovendo-se, alémda este modificava profundamente o país com o desenvolvimento dependência económicadestaemrelação ao poderpolítico. Já consequentemente, aliberdade de imprensa, devido auma menor com umcusto deprodução cadavez menor–oquesignificou, sul-americano, comoaproliferação dejornais,livros erevistas possibilitada a criação da TV Tupi, o primeiro canal de televisão de massas–que, ancoradanesseprogressoeconómico, tanto vê na sociedadeporvários factores, entreeles,comacomunicação e próximo ao do“primeiromundo” –,quepodiamsersentidos expansão industrial,quepromovia umestilodevidamoderno uma épocadeprogressoecrescimento económico–fruto da Brasil apósaSegundaGuerracomooptimismoprópriode Além da sua plasticidade, a Poesia Concreta surgiu no 511 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos a publicação doprimeiro númeroda revista homónima, ocasião 2001, p. 246). No anoseguinte, formou-se o grupoNoigandres com paulista [com] de repercussão internacional” (REIFSCHNEIDER, para os conceitos da arte abstracta, que revolucionara a “poesia de São Paulo, realizada no mesmo ano, provocado um despertar da escriturapoética”(AGUILAR, 2005,p. 358),tendo aIBienal Rei”, queinaugurouoprocesso de“indagação material sobre oato com“Osua primeirapublicação ocorreuem1951 Reino menoso com Eugen Gomringer, opoeta brasileiroAugusto deCampos. A se quisermosassimochamar, doarquivo. conjunto deinfluênciasdaarte de vanguarda ederectaguardaou, mas, sobretudo, autorais, que expressam,nomesmoplano, um novas propostas textuais não são somente virtudes mediais, e plásticasqueapoesiaconcretaveio apropor. Contudo, essas técnica, oqueabriuespaço paraasnovas dinâmicastextuais práticas ealiberdadeartística,outroralimitadaspelacapacidade por mudançastecnológicas quepermitiramarenovação de viriam asermanifestadas emexpressõesanálogas,mas mediadas pela arte epinturaconcretadeVan Doesburg. São influências que de Stockhausen, Webern e Boulez; e daespacialidade proposta literatura deMallarmé, Pound, e. e. cummings eJoyce; damúsica A poesiaconcretatem como umdosseuscriadores,apar 512 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos como uma experiênciaconcreta, metarreferencial, que inaugura concretas. Afruição dopoema vai alémdoliterário, relevando-se entre ler/ver everbo/imagem queviráadefinir muitas obras comunicação de massa e o espaço urbano, evidenciando a tensão progressivamente tambémosespaços tradicionaisdosmeiosde concreta. Apartirdosespaços deexibição, apoesiaconcretaocupa dimensão espacial, herdadadascaracterísticas formais dapintura relação interdisciplinar trouxe, àdimensão temporal dapoesia,a sua expressão jáseservissedalinguagem deoutrasartes. Essa da poesiaemespaços não tradicionais àliteratura, emboraa de ambasascidades.Tal evento marcaoiníciodapresença à manipulação einteração dopúblico compoemasdeartistas Rio deJaneiro, quepromoveu seucarácter participante apelando Concreta, realizadaem1956São Paulo e, noanoseguinte, no movimento artístico, por ocasião da Exposição Nacional de Arte tempo presente, vem despertarnovas formas literárias. que onovo estápresente novelho, eovelho, sendorevisitado no poema “Ovonovelo”, quealertapara achegada deumtempo em como arevisitação doovo deSímiasRodes, de300a.C.,como tipografia tradicional face às composições por ele idealizadas, em queogrupodeparou-secomaslimitações decomposição da A poesiaconcretaafirmou-senoBrasil,comoum 513 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 2004, p. 212, 257) construídaspelos ajustes ópticos introduzidos e graciosidade, graças àsformas humanizadas (BRINGHURST, XX, sendoumadas fontes geométricas sem serifa commaisritmo fundamental comunicaresteticamente nadécada de20doséculo A Futura éoreflexo damodernidadee funcionalidade queera sentido deleitura,dasignificação poéticaedesentidossecundários. e construiroutrasformas delereolharparaotexto embuscado explorar outrosespacejamentos edisposições,comooquadricular, palavra, avoz eovisual(SOLT, p. 1971, 15). é, tornando amaterialidade literária oponto deencontroentrea 2005, p. 364), indoao encontrodocarácter dapoesiaconcreta,isto o funcionalismo, a“economia eatransparência” (AGUILAR, sociedades, aFutura éumatipografiasemadornos,queprivilegia catalisador dodesenvolvimento daindústria,docomércioedas da obra poética.Perpetuando afilosofia bauhaussiana daarte como gráfica, isto é, tornando atipografiaparte integrante e funcional funcionalismo influência dosmovimentos danova tipografiade Tschichold edo verbivocovisual, poroposição àdescrição. experiências (GRÜNEWALD, 1964, p. concretizadasdeforma 134) Análoga à poética concreta, a geometria da Futura permite O usodaFutura écomum aos poetasconcretos e surge por bauhausiano 1 , integrando ao texto poéticoaforma 514 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos tipográfica, emespecial por Hansjörg Mayer, tornou a Futura O usoconjugado poroutrospoetas concretos dessafamília da mesmaforma epromovendo aeconomiamaterial edeformas. cadaletra apartir aplicada àpoesia concreta –,constituindo-se baixa” – que, nageometria da Futura, era a“nova tipografia” também caracterizada pela recorrência do uso da letra de “caixa- refluxos dopensamento (CAMPOS etal., 1975, p. 18). Essa fase foi que espelhe, comrealeficácia, asmetamorfoses, osfluxos e processo carácter daFutura, quevai ao encontrodocorolárioprimeiro (1957) e“Terra” (1956),deDécio Pignatari, oquetorna evidente o (1955) e“Tensão” (1956), de Augusto deCampos; “Beba Coca Cola” Fingers” (1953),dasérieautobiográfica poetamenos; “Ovonovelo” conjugação deletrasepalavras. ao leitor atarefa deinstintivamente seguirosentidológicoda não indica,nempodeespecificar, oiníciodaleitura,restando doscaracteres.contra-espaço Ageometria “perfeita” datipografia autênticas constelações tipográficasconstituídaspeloespaço e permitindo queseformem, doponto devistamacroscópico, a suafunção decatalisador dasignificação dessespoemas, Paulpor Renner. Como instrumento poético, aFutura cumpre Essa (dis)funcionalidade éobservável nospoemas“Lygia mallarmeano: aexigência deumatipografia funcional, 515 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos “Lygia Fingers”, poemadasériepoetamenos, de Augusto Campos(1953). FIGURA 2.

da sensualidadee da espiritualidade”edopoder(HELLER, 2014). ainda, “aunião dovermelho e doazul,masculinoefeminino, paixão, atranquilidade, adoença,segurança,advertência ou, cor. Vermelho, verde, amarelo, roxo e azulmedeiam o perigo, a 2015) e, àsemióticadaexpressividade também,associando-as de “criando palavras, (KHOURI, aglutinando edecompondo-as” transposição, paraocampodavisualidade, damelodiadetimbres, Noigandres. Arevolução quepoetamentos trouxe fez-se pela composta em1953epublicada nosegundo númerodarevista entendendo-se, comoasuaexecução prática, asériepoetamenos, da poética presente nos poemas concretos que o antecedem, intencionalidade emcontrolarcadaumdosaspectos materiais presente (SHELLHORSE,2017, p. 98). leitura, bemcomoasrepresentações esubversões doseutempo da disposição espacial, quecontrolaoritmoeaspossibilidadesde expressivo dacor, quecriacamadassignificantes adicionais,além ortodoxo (de 1956a1960).Esse intervalo pelouso distingue-se em particular, doconcretismo brasileiro durante oseuperíodo bandeira domovimento dapoesiaconcreta(SOLT, p. 1971, 8)e, O “planopiloto parapoesiaconcreta”(1956)atestava a 516 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 517 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos função do tempo e ritmodeleitura que cadapoema exige. Isso leitura. O lugareaescolha decadacaractere são pensados em tipográfica, indicando edeixando emaberto ossentidosde os seussentidosdesignificação. contributos deoutros artistasquelhedão corpoevoz, ampliando musical. Essa série, ao longo dotempo, érevisitada, obtendo que pautadamente define o ritmo deleitura, como umaescala da semióticaquepodemosassociar a cadapalavra, epeloespaço, informa ecomunica, respectivamente, naambivalência dotom e e palavras. Orestante processodesignificação vem pelacor, que lhe atarefa deinstintivamente seguirosentidológicodeletras libertam oleitor dossentidosdeleituratradicionaiseimputam- poema livre, emfunção daspossibilidadesdageometria, que técnicas queospoetaspaulistasenfrentaram.Oresultadoéum sucessivas nomesmoplano, são algumasdasadversidades tipográfica, manipulava acor através de máscaraseimpressões certo, que, numprocessoincomum,alémdaprecisaoperação em papelquímicocoloridoouletraset , até aprocuradoimpressor do grupoNoigandres. Do desenhoàmão, passandopelodecalque para percebermosocontexto deprodução edeinovação dapoesia Os poemas concretos são umexercício exímiodaoperação A história da produção da série poetamentos é importante 518 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos (EISELE et. al.,2017, p. 493).Devido às políticas económicas que, após aSegundaGuerra Mundial, chega àAméricaLatina limitada aos atéespaços dos países europeus e norte-americanos contexto discursivo esocialparticular. o domínioverbal puxa denovo omacrossigno visualparaoseu funcionam emretroação comacamadasemântica dapalavra, domínio verbal para odomíniovisual.Como osefeitos visuais agentes deinternacionalização, umavez quelevam otexto do possível olharatipografia eacomposição ideogramática como Além dacargaculturalelinguísticaassociadaacadapalavra, é legibilidade ealeiturabilidadedotexto (HOCHULI,2009, p. 7). optimizam aexperiênciaderecepção dotexto, nomeadamente a espacejamento entreletras,palavras, goteiras –,que microtipográficas, dedetalhe–comoosentrelinhamentos, de informação; énessaárea,porsuavez, queoperamasdecisões o formato daimpressão, otamanhodascolunas, as hierarquias de inscrição quesetomam escolhasmacroscópicas, definindo macro eamicrotipografia.Éem função dotamanhosuporte se incluem,entreoutras,asopçõestipográficas,emespecíficoa olhando deigualforma àmaterialidade dalinguagem, naqual proporcionou aaberturadainterpretação literária alémdotexto, A Futura teve sempreumaprocurasuperior à oferta, 519 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos A Metro apresenta umpoucodoespírito artdeco , expressando assenta na baseline e, assim, tem uma expressão menos estática. daFuturaangulares, distinguindo-se pelairregularidadecomque é umaletraadornada portraços expressionistaseterminações eles ambicionavam expressar nos poemas concretos. A Kabel modernidade efuncionalidade (BRINGHURST, 2004, p. 212)que 2011, p. 248), sendo o instrumento possível para reflectir a a necessidadedaexpressão bauhausiana (REIFSCHNEIDER, aquando daprimeiraimpressão depoetamenos equelhessatisfazia por seraúnicafonte geométrica aqueospoetastinhamacesso Noigandres intercalada ao longo dasprimeirastrêsediçõesdarevista Dwiggins em1929.Oseuusoverifica-se de forma Addison Rudolf Koch em 1927, edaMetro, desenvolvida porWilliam outros tiposdegeometria semelhante. A indisponibilidadedaFutura motivou ospoetasconcretos ausar tipográfica, semque, emdezanos, fosse satisfeita asuaprocura. ponto dedisseminação naAméricadoSul dessafamília Serra Hermanos,apartirdeBuenosAires,tornou-se oprimeiro motivando afundição dostiposlocalmente. Aempresa argentina proteccionistas, a importação de bens tinha um custo elevado, As alternativas surgiram pelousodaKabel,criadapor e, posteriormente, narevista Invenção. AKabelacabou 520 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos livres de preconceitos literários, internacionalmente. Assim, o pela expressividade daforma edomaterial deinscrição, aos leitores directamente àsuatarefa primordial,comunicar, procurando pelousoexpressivo datipografiasemolhar contracorrente, do nível estritaoupredominantemente verbal. por serartístico, écapaz deseexpressaruniversalmente paraalém materiais úteis para a construção de um objecto artístico, e que, das letras,palavras oupartes destaseminstrumentos ou resulta dessedomínioéatransformação dopoema,dapágina, arte Concreta deVan Doesburg trouxe (BIERM, 1985, p. 5),oque liberdade desintaxe deHolzeda“purificação dalinguagem” quea do espaço dapágina,inovação tipográficade Mallarmé, da hábitos enraizados na “literatura literária” em prol da exploração visual, é atingido de forma consciente, ao se rejeitar as tradições e do poemaconcreto”, constituídopelosdomíniosverbal, vocal e transformará na expressão sonora do poema. Assim, se o “domínio linguagem, pelo espírito, ritmo, entoação esilêncio, quese para definiraespacialização visualdaescrita,aexpressão da serifa (HALEY et al.,2012,p. 21). ritmo e estilo mais extravagantes distintivos no universo sem A poesiaconcretaéumaconstrução feita em A tipografianapoesiaconcretaéuminstrumento essencial 521 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos integrada ecolectiva nacriação artística,ao tomar-se opções locais não tradicionaisda literatura, permitindoaparticipação da intervisualidade queapoesiaocuparácom tantapresençaos seus autores não seter cruzado. Seráporvia daintersemiose e entre apoesiaconcretaepublicidade, apesardouniverso dos Herb Lubalin (1956)érevelador dapartilhadecódigos semânticos “Disenfórmio”, deDécio Pignatari (1967), e“Break-Up Cough”, de em função dosseus contextos depublicação. Oduploexemplo intersemiose comapublicidade, vê assuasfronteiras definidas ou detransformação demodelos”(PLAZA, 2003, p. 11)eque, pela “intervisualidade comoprocessodeconstrução, dereprodução concreta (AGUILAR, 2005,p. 113).Éumtrabalhoquesefaz pela tornando muito ténue afronteira entreapublicidade eapoesia perspectivas paraodesign, apublicidade eaprática tipográficae vinculado acontextos locaismuito específicos,promovendo novas significação, enão dos significados. Aomesmo tempo, está da comunicação globalizada, actuando, sobretudo, no eixo da concreto comoumobjeto queambicionaàinstantaneidade Essa éumatensão fundamental parasecompreenderopoema o vínculoaumalíngua,referências culturais ehistóricas locais. formas dever eter aexperiênciadeler, contendo emsi,igualmente, poema mostrar-seemautonomia, engajando oleitor paraoutras 522 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos da tipografia, justificando-se as suas escolhas da tipografia, justificando-se devido a “contextos introdução doletraset edofotolito, diluiuo“carácter programático” A proliferação denovas formas tipográficasnos anos 1960, devido à p. 223), atingindo-se composições mais expressivas visualmente. leitura semreduzi-lasàtotalidade daestrutura”(AGUILAR, 2005, geometria daMetro, oquepermite “ampliaraspossibilidades de Univers, letra“modernalinealegrotesca” deAdrian Frutiger, à “Cubagrama”, deAugusto deCampos (1960-62),combinando a Pignatari (1960),composto comumaletraclássicagaralde, ou introdução denovas tipografias, comoem “Organismo”, de Décio matemáticas dacomposição’, observa-se, nocorpus editado, a Abandonada afase ortodoxa comassuas‘fenomenologias e a união comoutrosartistaseartes, comoamúsicaeocinema. 1962. Inicia-seumsalto participante comumaaparente mudança, ortodoxo do grupodeNoigandres, entre1960 e estabelecendo-se (BIERMA, 1985, p. 13).Esse caminhochega comofinaldoperíodo criação desentidoapartirdaexploração material da linguagem posição políticaesocialbemdefinida eumanova exigência: a formas maiscontroversas, incisivas, indoao encontrodeuma contextos materiais eculturaisdoseutempo. conscientes sobre cada um dos aspectos formais das obras à luz dos Evolutivamente, apoesiadeAugusto deCampos atinge 523 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos paradigmas domodernismo (AGUILAR, 2004, p. 95).Aprodução antropofágica de22(AVILA, 1962,p. 55),que colidemcomos “poemas semióticos”, cunhadospelacríticasociale atemática poesia concreta. Dá-se operíododo“salto participante” edos caminho paraumapoesiadeinvenção emdetrimento dadura produção independente decadapoetadogrupoNoigandres eo a outrasformas tipográficas, visuaisemateriais. Inicia-se a recorrente daFutura, acomposição dospoemas abrindo-se visualmente pelo abandono do rigor matricial e do uso signo comosignificação poética. computação gráficaeanimação flash, explorandooslimites do produziu poesiausandoaltatecnologia, comoaholografia, produção literária, ogrupo, especialmente Augusto deCampos, 223). Solidariamente àevolução dosmeiosdecomunicação ede particulares epelaimanênciadotexto” (AGUILAR, 2004, p. OU OROCK’N’ROLLDAPOESIA PÓS-ORTODOXISMO EOPOP-CONCRETO O períodoapósoortodoxismo concreto émarcado 524 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos da Margemsobre“aNoitedeArteConcreta Pormenor deumapágina dolivroÀMargem na UNE1957”. Originalmentepublicado na revista Cruzeiro . Foto:doautor. FIGURA 3.

525 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos número da Revista Invenção; asegundaemViva-Vaia Poesia concretizações diferentes: aprimeira, em1962,nosegundo fase participante écertamente “Greve” (1961).Eleteve três concreta deAugusto deCampos. Opoemamaismarcante dessa os contextos daactualidade paradentrodatemática dapoesia primeira instância,ignorado. se afirmarianoBrasil,inclusive noscírculosquea teriam, em que, ganhando, emprimeirolugar, umprestígiointernacional, congéneres internacionais epeladistribuição “bumerangue”, compostapelocontactodupla-estratégia, regularcomassuas e consolidação dateoria dapoesiaconcretaassente numa século” (MELO ECASTRO, 1966,p. 1).Essa éadécadadeafirmação dos círculosfechados dosLaboratórios artísticosdocomeço e aamplificação dinâmicadasuainfluênciasociológicapara lá o quepermitiu“o alargamento doseuâmbito conotativo (sic) brasileira implementou umprogramadeinternacionalização, objectos, emconjunto comoartistaespanholJulio Plaza. diálogo comWaldemar Cordeiro, eaprodução dospoema- fase participante, aprodução dospopcretos, retomando oestreito de Augusto deCampos entreumacurta nessadécadadivide-se A criação einvenção dessafase participante transportam Paralelamente, omovimento dapoesiaconcreta 526 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos do poema. Opoemapromove umaforma deopacidade textual provoca o leitor a alcançar os vários caminhos para a compreensão formalmente inaugurama fase participante. Uma fase que de composição do texto usadasnesse poema(em) “greve” as palavras “greve” dosegundoplanopoema. primeiro planomanipulaoespaço paraencetarumdiálogo com com quatro palavras, àexcepção daúltimalinha,comtrês.Esse é composto porcincolinhas emblocojustificado, cadauma intercalada, na imagem animada. O primeiro plano do poema em folha transparente, nasversões maisantigas, eemexibição primeiro planotem duasconcretizações materiais diferentes: como novas conjugações paraoprimeiroplanodopoema.Esse para aleitura.Estes podemserpercebidoscomoruídoou mesmo, cuja escrita sobre a escrita adiciona novos sentidos de umpoemaemgreve, isto é, deumpoemaemlutaconsigo Helvetica. Funcionalmente, as três representam a dicotomia respectivamente.usando atipografiacomposta A segundaé o usodetipografia geométrica, Metro Black Tipograficamente, aprimeirae terceira são similares, fazendo gif desenvolvida paraowebsite dopoetaAugusto deCampos. 1949-1979, de1979; eumaterceira, de1999,emanimação A exploração material eousonão tradicionaldasformas eFutura Regular, 527 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos recusa toda atradição e, por isso, podeproporum novo modelo, pelo ato eaqueseatinge pelareflexão. Éuma Greve do poetaque experimenta aexperimentação. Aexperimentação que sefaz (CAMPOS, 1991,p. 20),porissose“grita grifa grafa grava”, se isto é, ao se rejeitarasconvenções e irao encontrodonovo descreve”). Asingularidadeatinge-se pelagreve mallarmaica , (“escravo não seescreve”) através deatos singulares(“escreve não (“arte longavidabreve”), marcandoonossolugarnahistória com aimportânciadosactos quenospermitem viver além-vida Nos cinco versos, com afinitudedo opoetadebate-se tempo e (CAMPOS sobre “o poetaemgreve de Mallarmé eé(sobre) a própriagreve” a redondilha.SegundoAugusto deCampos, opoema“Greve” é individualmente, usandoelementos da poesia de verso, como que oraégrifado pelasonze linhasde GREVE, oraseexpressa translúcida e a segunda opaca, o poema opera pelo seu conjunto, da página.Dividindo-se emduasfolhas ouplanos,aprimeira material literária ao introduzireexplorarasemitransparência Campos mudouaspossibilidadestradicionaisdacombinatória ao artistaumaprocuraincessante pelanovidade. Augusto de pontos de vista: evidenciar o ruído, a repetição ou o silêncio; e, que, pelamanipulação material, podedarao leitor diferentes apud. 2006, p. TEIXEIRA, 39) de 1961, entreoutras. 528 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos processos criativos, oready-made abandonando-se emprol de essa relação tensa entrealiteratura eossuportes mediais e 80). Osalto participante dapoesiaconcreta caracteriza-se por parte integrante e desuporte [doquotidiano]” (BILL, 1953,p. deconsumosetornarão benscultural[…]comocomo “bens e sensações” consumo, cuja função ésomente apromoção de“experiências artístico promove-o comoobjecto de(experiência de) (hiper) o deslocamento dapoesia concretaparaodomíniodointer- forma econteúdo (AGUILAR, 2004, p. 236). Ao mesmotempo, utilidade evalorização socialenquanto explora atensão entre concreta daspráticas daarquitectura edodesign ao procurar a do “plano piloto” (JACKSON, 2007), aproximando a poesia uma composição maisflexível, semrenunciar aos princípios anulação, flertandocomosilêncio” 2006). (TEIXEIRA, como umruídodefundo paraexploraros“limites desuaprópria (DUPRAT, 1963,p. 8).Um exotismo quetirapartidodagreve burgueses num“vernissage representativo doexotismo tropical” na linguagem popularedemassascomoatraindo oscírculos gera omovimento” (CAMPOS et al.,1956,p. 2),operandotanto um modelomaispróximo espaço-tempo, do“isomorfismo que Os “novos” modelosdafase participante trouxeram 2 , encontrandoateorização deMax Billsobre 529 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos se juntao verde doBrasil.O vermelho emletras grotescas alerta recuperam-se ossentidos decoresusados empoetamenos, ao qual forma significante” (AGUILAR, 2005, Cromaticamente,p. 214). que funcione, simultaneamente, comosuporte estrutural e Batalha Naval, daqualnão sepermite “extrair umaforma (…) pela microtipografia, funcionam comose fossem elementos da macrotipográficas distribuídasde forma irregular, que, operadas Cuba. As nove bases são preenchidas por coloridas formas possibilita múltiplasleiturassobre oembargo americano a liberta e/ou obriga um olharemconstante movimento e no mesmo plano aliteratura ea política. Simultaneamente, cartaz permite uma pluralidade de leituras e sentidos que coloca e duasfamílias tipográficas– Univers e Metro –,este poema- 107). Constituído pornove secçõesrectangulares, trêstamanhos quaisquer partes dopoema”(CAMPOS apud. PIGNATARI, 1967, p. sistema derelações eequilíbriosentreo núcleopoéticopor“um ortodoxismo concreto paraafase participante, veio evidenciar (SHELLHORSE, 2017, p. 11). interpretação epercepção do que é compreendidocomoliteratura condição domeiodeinscrição edasformas deidentificação, uma leiturainterpelada epossibilitadapelaradicalização da “Cubragramma”, produzidodurante atransição do 530 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos (a vermelho). Aadvertência maiorsurge alaranja, apontando diz quea economiaamericana “do lar(dollar) sabe”/“de açucar” que, assertivamente, pelocarácter informativo da cor azul,nos “US”. “US”complementado aazulpelocaractere $,ouseja,“US$”, grande espacialidade marcada pela separação latitudinal de “DE” e sociais, económicos e políticos do continente, sendo essa lógica de da autoridade impostapelos Estados Unidos comoreguladores segundo ópticaderridiana,aexperiência eaorigem dosentido. comunista cubano granma (SHELLHORSE,2017, p. 10).Éainda, de comunicação demassa,especificamente ojornaldopartido dadécadade60; eosmeios neocolonialistas norte-americanos para acolonização portuguesadoBrasil,eexpõeosinteresses de açúcar, culturaque terá sidoumadasprimeirasmotivações gram(m)a, comounidadedemedidadopeso, remeterá ao grama termo: conflitos políticos.Apontam-se várias leiturasfilológicas do duas camadas principais: as formas de inscrição medial e os se comoelemento centralsemânticodopoema,olhandoa “gramma Essa deaçucar”. “gramma”, pelocontraste, apresenta- pelas partes superioreinferior docartazecomplementadopor para olema“Cuba sim,Ianquenão”, distribuídoespacialmente A amarelo lê-se “Deus SalveA amarelolê-se aAmérica”. Uma advertência grámma, dogrego, àsletraseao refere-se registo escrito; 531 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos FIGURA4. publicado no 2ºnúmerodeInvenção . de Campos(1960-1962). Opoemafoi Reprodução de“Cubagramma”, deAugusto

532 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos pública entredezestrelas”,queinforma emanipulaaopinião“uma introduzidas na comunicação de massas e da publicidade, com intervenção militar, orepetido“yes men”, oudasmudanças e padronizarem as economias e sociedades, seja através da às tentativas hegemónicas dosEstados Unidos dominarem repercute-se nasua produção futura.repercute-se Segundo Julio Plaza,outras constituída somente pelos poemas “Greve” e“Cubagramma”, mas (2017, pp. 10-11). oposição aesquemasabstractos eaos discursospolíticos oficiais impasse políticoapartirdeuma perspectiva construtiva, por composição, einterpela oleitor acriticamente mediaroreferido estrutural esintática, explorandoblocos,coreseoslimites da autorreflexiva eantiliterária pelomapeamento entreagramática De acordo comShellhorse, “Cubagramma” articula amediação Brasil (verde), encarnando o poeta (encarnado), “diz QUE NÃO”. hienanista económico aCuba eosreaisinteresses americanosdeumaalIANça A AMÉRICA” confirma,sehouvesse dúvidas, acrítica ao embargo rádio e meios de transporte colectivos. “O $ do lar sabe / como sugar publicidade eraveiculada primariamente nosjornais,revistas, A produção da fase participante de Augusto de Campos é 3 . Importa referir . que, antes da criação do comesmolasparaoprogressoaque (hienaIANmo) outdoor, a 533 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos induzida pelo poeta,sobre oquotidiano brasileiro, resultando num recortes deimprensa, conduzem o leitor auma posição crítica, (REBECHI JUNIOR, 2009,p. 13)edapublicidade. Construídos por e absorvendo alinguagem dosmeiosdecomunicação demassa matemática eaordenação (BENSE apud,ITAÚ, 2013),manipulando isto é, ajunção dabanalidadedoquotidianocomafiguração ambíguas” com uma preocupação formal construtiva e semântica, 124). Os da quantidadeaqualidadeescolha: oolho” (CAMPOS, 2014,p. “quantilificar aqualitidade emquantilates”, usando“noescolho ímpeto docrescimento económico: “inventariar &inventariar” e construção, intencionalidade crítica”,respondendoao concretos: e a poesia concretaao articularemaarte popem“parâmetros Waldermar Cordeiro. Colectivamente, elesfundem apop-art perspectivas deexpressão queAugusto deCampos atingirá com leitor (PLAZA, 2003, p. 12). que umachave verbal mínimaintroduzeencoraja aexpressão do e os“poemassemióticos”,deLuiz A. Pinto ePignatari (1964), em 62); “popcreto paraumpopcrítico”, deWaldemar Cordeiro (1964), Lino Grünewald (1957); “estrela cubana”, deDécio Pignatari (1960- referências dessa“poesiadeparticipação” são “petróleo”, deJosé A fase participante, ou militante, abriu espaço às novas popcretos (1964-65) emanam “mensagens recorrentemente 534 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos público” (CAMPOS, 2015,b, p. 459). Meio séculoapósaexposição, representacional, comacenos psicologizantes epersuavisos ao mercadológico epós-milionário queseapropriava […]daarte não poemas quecontestam implicitamente oobjecto artísticode“cunho de massa”podemserarte (CAMPOS, 2015b, p. 509).Os popcretos são do/s seu/s lugar/es, mostrandocomo os“objectos triviais dacultura tal comoapopart,paraesbater asdefiniçõestradicionaisdaartee em dezembro de1964 naGaleriaAtrium, São Paulo, contribuindo, 57, 62,63). das palavras notexto eaimagem decadarecorte (CORREA, 2012,p. ressignifica intertextualmente ao longo do diálogo entre o conteúdo próximo dasquestões numritmofrenéticoquese político-sociais, informação programada” (CAMPOS, 2015b, p. 532), intervindo um direcionamento crítico, transformando a “arte […] em pura tipográfico domundo, aimprensa,edoseuconteúdo paradar-lhe p. Esse 186). processo de devoração apropria-se do maior parque racionalismo deUlmparaassaltar todos osmeios(AGRA, 2004, da expressão regidapelofuncionalismo bauhausiano epelo utopia concretistaepropiciouoiníciodoprocessodedevoração poética éoculminarda“pancadaditatorial de64”, queabaloua poema sempalavras. Aambiguidadedasimagens comosintaxe Os Os popcretos seriammostradosao público pelaprimeiravez 535 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos e o modo como estes manipulam a opinião pública pela criação naquele ano noBrasil,amassificação dosmeiosdecomunicação p. 15), nomeadamente, as mudanças políticas esociais ocorridas bíblico emconsonância comaqueletempo presente (SOLT, 1971, por olho”, noqualaexpressão dapopartéaplicadaaumtema p.Benjamin, 1931, Oexemplo 771). pródigo dessaoperação é“olho para aprodutor dearte (CAMPOS, 2015b, p. 530; Lupton, 2010; transformam asuaparticipação dadimensão deconsumidor contextos, ancorados na ação participada e informada do leitor, sociais associadosacadaelemento quecompõeopoema.Esses excelência deveiculação desentido, massimoscontextos tecno- produção anterior nosentidodequejánão éatipografiaomeio por se forma evem moldaromovimento ocular, diferenciando-se da propostos, dadoque afirmarqueospopcretospoder-se-á cumpriramosobjectivos março daqueleano. (CAMPOS, 2015b, p. 459) verbais enão verbais, escarneciamdaditaduramilitarinstaladaem cartazes “anarconcretos” queapresentei, osquais,entreestilhaços por espectadores nem passivos nem compassivos… Inclusive os poemas- não foram vendidos, maspermissivamente insultadosedanificados Os poemaspopcretos são moldadospelamacroescala que 536 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 1966, e“Anti-ruído” e“olhoporolho, de1964. Popcretos deAugusto Campos:“psiu”,de FIGURA5.

537 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos composição, retrata acensura doestadosobre osbrasileiros gráfico doálbum foi dirigidopor Décio Pignatari e, numainusitada osolhos”, deTomcontracapa doálbum“todos Zé (1973). O projecto ordem socialBrasileira.Sua primeirareprodução acoressurgiuna olho” abriu caminhos para uma continuadapostura crítica da nova palavras, masplenodesemântica(SOLT, p. 1971, 15),“olho por aos elementos esquecidoseproibidospeloregimemilitar. Sem permitidos àsmassas,afunilando-se até chegar progressivamente linha. Ocaminhoaté ao topo datorre começanosíconesquesão e socialcomosão equiparadosentresi quandodispostos namesma p. 17). Esses elementos tanto representamumahierarquiapolítica estátuas epinturas,bemcomooprópriopoeta(JACKSON, 2004, animais, como a onça-preta e a águia, e obras de arte, como Sofia Loren, bemcomomarcascomerciaisa Westinghouse, Monroe” (CAMPOS apud. MATOS, 2002, p. 19),Elizabeth Taylor, Juscelino, Pele, entre olhos e bocas de Brigitte Bardot, Marilyn surgem “os olhosdeFidel, Arrais,Sousandrade, Pignatari, é proibida.eadireita,livre paraavançar. Nas linhasseguintes dos e exploração denovos dessalinguagem ícones.Éapropriando-se media queopoetarealizaumalertadeperigo geral: aesquerda 4 . A . A 538 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos “Luxo”, deAugusto deCampos(1965). FIGURA 6.

“lixo”, composta microtipograficamente pela repetição da palavra o poetaa exploroumacrotipograficamente, formando apalavra condomínios deluxo. aforma Apropriando-se tipográfica usada, estética considerado poralgunscríticosoexpoente da homónimo, poema lixo. Esse comentário motivou Augusto de Campos a criar o exposição dagaleriaAtrium équeasobras expostasseriamum invenção contraacensura damúsicadeTom Zé. social, numálbummarcadotambém peloexperimentalismoe associação dopoemaaessedisco perpetua asuafunção de crítica Um doscomentários recebidos anonimamente na popcreta. Opoemateve inspiração emanúnciosdenovos 539 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos city/cité”, nasuaforma impressa edigital; naforma decartão- nessa caixa, apoesia não verbal de“olho porolho”, “cidade/ (CAMPOS apud. MATOS, 2016, p. 5). (re)Encontramos ainda, “dias dias dias”,queCaetano Veloso “interpreta admiravelmente” de Webern, revisita ociclopoetamentos, especificamente opoema no seiodapoesiaconcreta,que, sob ainfluência damusicalidade de usando aexpressão contemporânea eculturalbrasileiranaforma William Blake eBernarddeVentadorn paraalíngua portuguesa, a música,poesiaeasartes plásticas.Recupera-se apoesiade e transmedialdeobras artísticasquetrazem paraomesmoplano colaboração colectiva. Essa caixa reúneumconjunto intertextual um registo vivo dasuaviagem poéticaelaboradanumaíntima produção numaCaixa-negra, análogaàsusadasnaaviação, conjunto comJulio PlazaeCaetano Veloso, reúneparte dasua de “‘atos’ ditatoriais” (CAMPOS apud. MATOS, 2002, p. 19). Hora. Ousodessafrasesurgiuemreação aumcontexto sufocante 16 dejunho1965,epublicada, provavelmente, nojornalAÚltima preso, sabersersolto”, proferida ao partirparaoexílionaArgélia, a destaca a frase dogovernador Miguel Arraes “Saberviver, saberser “luxo”. Outrosdospoemasmaisicónicosdestafase é“psiu”.Ele intraduções. Acaixa traz,ainda, oprimeirodiscomusicaleditado Na décadaseguinte, em1976, Augusto deCampos, em 540 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos mediáticos –primeiro noJornal do Brasil e, posteriormente, no alargado. Essa abordagem conseguiu-lhes aexposição nosmeios introdução deautores internacionais derelevo junto aumpúblico da teoria literária concreta,dasua produção poéticaepara a utilizadospelospoetasconcretos paraadifusão ediscussão mente de sentidosesignificadosdapoesiaconcreta. e a suacapacidade intertextual e transmedial,comooshibridismos 2002, p. 19),colocandoemevidência amaterialidade daliteratura izada, oudenatureza participante” (CAMPOS apud.MATOS, uma poesia[…]guiadapelo‘conteúdo’, fosse elasubjetivista, ego- demonstrar a“autonomia dalinguagem poéticacontrapostaade conjunto significativo da produção de Augusto de Campos veio exilado pelomonumento àvaia “viva vaia”. Esse perfurado, asprimeirasversões de“o eahomenagem ao pulsar”; 2.1. OSMEIOSDECOMUNICAÇÃOMASSA 2. OSNOVOSMEIOSDAPOESIA Os meiosdecomunicação demassaforam sistematica- 541 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos dos contextos tradicionais. Nesse movimento, a poesia concreta intertextual eintermedial, deslocando aliteratura para fora de massaparaas criações dessespoetasmotivou umdiálogo portuguesa (LEDESMA, 2018,p. 58). “escola” de criação que se veio a reflectir na poesia experimental vários artistasintervenientes, masquetambém estabeleceuma poesia numcircuito quese cria eseretroalimentadotrabalhodos e Letras doDiáriode Notícias, visandoàinternacionalização dasua como oTimes Literary Supplement , os poetasconcretos erampublicados emcircuitos internacionais, vanguarda daliteratura (FRANCHETTI, 2016).Similarmente, Invenção, tinhaaoportunidadedeconhecerosmovimentos de escrita”oupelasrevistaso qual,pela“imprensa Noigandres ou resultado de uma estratégia de catequização, como do erudito, p. 57). Essa presença reflectia-se tanto junto do público-geral, SÜSSEKIND; GUMARÃES, 2004, pp. AGUILAR, 37-38; 2005, relevante noquotidianodapopulação dopaís(CAMPOS, apud. além deproporcionaraos poetas concretos umespaço mediático contribuiria paraoprocessodeeducação literária no Brasil, em determinados círculos eruditos. Essa acção continuada Correio Paulista (FRANCHETTI,2012,p. 172) –quenão obteriam Simultaneamente, acanibalização dalinguagem dosmeios Futura9 ou osuplemento Artes 542 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos evidente tanto odiálogo da poesiacomoespaço urbanoda de “Cidade”, porGilberto Mendes, vem tornar plenamente linguagem dosmeiosdecomunicação demassa,atranscriação da relação próxima comasartes plásticaseacanibalização da os outrosemcolaboração comapoesia. Seospopcretos surgiram edição, verifica-se apredominânciade um campoartísticosobre a música,arquitectura, as artes plásticaseocinema.Emcada concreto, é aintersemiose comasdemaisartes, destacando-se da panorama internacional dapoesiaconcreta.Oqueficapatente artista/ensaísta/autor quanto éreferido comoalvo denotíciano publicações, Augusto deCampos tanto intervém comopoeta/ Noigandres epelascincoediçõesdarevista Invenção. Nessas espectáculo” (SHELLHORSE,2017, p. 90, 107). despertar aconsciênciacríticadasleiturasnaquela“sociedade do linguagem construída pelaiconicidadedasimagens ready-made e reprodução edifusão. Tal trabalhocríticoveio “desautomatizar” a massas (publicidade, imprensaecinema)dosmeiostécnicos de é absorvidanapoesiaapartirdodesign gráfico, daculturade culturais associadosadeterminados tiposdeletra.Essa semântica expressa igualmente, edeforma crítica,osvalores simbólicose Invenção, alémdeserarevista oficial domovimento(pós) A décadade1960émarcadapelotérmino darevista 543 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos publicação nosmedia , alémda cobertura noticiosadaactividade a revisitação docorpus dosintervenientes. Aindanoâmbito da literária, incluindo, muitasvezes, apublicação deinéditos, como foi tambémumarevista dedicadaàcriação emenosàreflexão práticas, um conjunto de autores que defende a sua obra. estamos perante umgrupo quesepromove edáacarapelas suas massa. Observando acapadaúnicaedição darevista Navilouca, domínio sobre aexpressividade dosmeiosdecomunicação de uma consolidação dateoria edaprática concreta,bemcomodo a publicação emsuplementos ecolunas deopinião, evidenciam 100). Esses passos, apesardasuamultiplicidadeedesecontinuar colaboração deAugusto eHaroldodeCampos” (ÁVILA, 2006,p. Poesia emGreve, mas decarácter maisprático, como“Navilouca, surgissem outras publicações de perfil editorial semelhante, certamente abriucaminhoparaque, nasdécadasde1970 e1980, que asartes têm deserenovar esequestionar. Arevista Invenção de Duchamp edaindeterminação deJohn Cage. objectos artísticos,realçandoaduplainfluênciadosready-made cidade comoaapropriação dosobjectos doquotidianoenquanto Esse “salto participativo” étambémformativo dopapel QorpoEstranho […]sendonelasrecorrente a Pólem, Código, Código 544 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos FIGURA7. da poesiaconcreta. evidência os protagonistasdaTropicália e Capa darevistaNavilouca , colocandoem

545 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos música erudita, dasartes plásticas,do design e, sobretudo, nouso o universo de Augusto deCampos daquelaépoca najunção da nessa em que(também) asuapoesiairásefixar. Ao nosdeparamos, 1953 e1975, ao mesmotempo quenelaencontrámososmeios uma parte importante da produção de Augusto de Campos entre Caixa Negra vem, decertaforma, agregar, numa“publicação”, de Campos queJulio Plazaexploratridimensionalmente. A em página comrecursoàstécnicas doslivros. Da mesmaforma, pop-up objectos eos poemobiles cujo são poemas-cartão texto “salta” da transportaram paraocampodasartes plásticas.Os primeiros questionaram asdefiniçõesdaliteratura edalinguagem eas objectos, 1974, com poemóbiles, e 1976, comCaixa Preta. Ambos Plaza; juntos, copublicaram com portrêsocasiões:em1968, de Augusto deCampos foi com oartistaplásticoespanholJulio com acomunidadeartística.Uma dasparceriasmaisregulares XX, proporcionouacriação transdisciplinareaproximidade Folhetim daFolha de S. Paulo emjaneirode1985. foi apublicação earecepção dopoema“Pós-Tudo”, publicado no de Augusto de Campos, o momento de maior impacto mediático poemobiles são apresentadosao leitor 13 poemasdeAugusto Caixa Negra, com“o e“o revemos pulsar” quasar”, todo Esse percurso, percorridonoterceiro quartel doséculo 546 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos em papel. em papel. implementou peças de arte computacional programadas somente vez que, antes dageneralização dastecnologias deinformação, Ruptura, tambémrealizou umcontributo importante nessa,uma 12 edições,emSalvador, Bahia., dogrupo computacional noBrasil,editandoarevista Código , queteve na promoção dapoesiaconcreta,doexperimentalismoearte Petrobras que, apartir dadécadade 1970, tem papel fundamental campo digitaldeve-se aEthos AlbinodeSouza,umengenheiro da computacional das humanidadesdigitais,mas,sobretudo, da futura produção dos novos meiosemsimbiosecomaliteratura. Éumaprequela (SÜSSEKIND, GUIMARÃES, 2004, p. 22;AGRA, 2004, p. 187). da Universidade deSão Paulo musicadaporCaetano Veloso “grupo doOlharElectônico noLaboratório deSistema Integrados de computação gráficaproduzida,em1975, emparceriacom o que se revelaria o “primeiro videoclip de alta poética”; uma peça 2.2. OSMEIOSDIGITAIS ETECNOLÓGICOS O iníciodaincursão dapoesiadeAugusto de Campos no 5 , apostando-se jánatranscriação, apostando-se de “o pulsar”, 547 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos Trata-se deuma constelação macrotipográfica composta doverbo:do “receptáculo olivro”. cada tecnologia, sem que, contudo, verifique-se oabandono total vídeo –, explorando critica e esteticamente as virtudes mediais de – tipografia, offset, que aobra deAugusto deCampos seinscreve emvárias tecnologias especializadas que paraelamigraram.Énessarenovação constante tanto pelossites próprios doautor comopelasrevistas poéticas de Augusto deCampos, é, sobretudo, ummeiodedistribuição, internet porquealém,deserummeioparaaexibição dapoesia os discosinteractivos, oqueculminanainternet. Culmina-se na incorporando oholograma,acomputação gráfica,oáudiodigital, A criação poéticaéalargadaaos novos meiostecnológicos, daquela década, inicia-se a revolução digital, democratizando-a. na música,Tata AmaraleIvan Cardoso nocinema.Emmeados holograma, , Adriana Calcanhoto eCidCampos improváveis para a poesiaconcreta, como Moyses Bamnstein no poética de Augusto de Campos trouxe parcerias, à primeira vista, Schwarz sobre “pós-tudo”. Asofisticação demeiosusadosna obra sendo tambémmarcadospelaacesa discussão comRoberto Essa viagem peloespaço digital começacom “o pulsar”. Os anos1980são umperíododeforte experimentação, letraset, computação gráfica, letra animada, 548 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos sua leitura vocal emusical,numa claraalusão ao Sol,eospulsar, os quasar vão crescendo, representados a amarelo no momento da uma relaçãoexplorando-se inversamente proporcional, sendo que pulsar quasemudo”, arelação entre quasarepulsaréalterada, os amantes deste universo. Apartirdomomento emqueselê“O é dinâmica,apresentandoarelação doquasarepulsar, (eis) especialmente aexpressividade damicrotipografia.Acomposição sincronamente, omovimento, música, voz etipografia, componente microtipográfica. Nessas composições,éexplorado, macrotipográfico eumgrandeplanodopoemaque evidencia a nos anos 1980, são exploradas duas perspectivas; um plano geral remediado porvárias versões emeios.Nos videoclips, produzidos cuja Oespaço dopoemaé relação é“alimentada” por um“pulsar”. distante entreduaspersonagens separadaspelotempo eespaço, electromagnética campo magnético, transforma energia rotacional em energia de pulsar–umaestrelaneutrõesque, emvirtudedoseu galáxia, contendo vários buracos negros–ealetra“e” naforma mas pouco menor que o mínimo para ser considerado uma quasar –umobjecto degrandeenergia,maiorqueumaestrela, Baby Teeth deMilton (1968), Glaser, comaletra“o” naforma de microtipograficamente por uma versão personalizada da fonte 6 . Essa constelação apresentaumuniverso 549 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 550 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos “o pulsar”,deAugusto Campos(1975). FIGURA8.

fim dessa mesmarelação. O pulsar daluzemanada pelopróprio dois apaixonados quese encontramseparados,mastambém do formalidade tipográficapotencia ametáfora de umarelação entre na personificação dosastros paracontarumahistória deamor. A a poesiaretiradalinguagem dapinturaequenos leva aacreditar em terceiro, emreferência ao trompe-l’œil, ailusão deópticaque sugado pelosburacos negrossupermassivos presentes noquasar; como sobreposição dopulsarsobre oquasaresua “luta”paranão ser que auxiliaagestão eoeficiente usodoespaço; emsegundolugar, várias formas: emprimeirolugar, comoumaligaduratipográfica outros, masdistinto. Poder-se-á pensarnasignificação deste “œ” de “o” etambémdeum“e” fisicamente maispequenoemrelação aos um elemento anómalonagaláxiatipográfica, tendo o valor de quasar queé, simultaneamente, umapulsar, mas,visualmente, “o” de“oco” remete visualmente ao vazio douniverso, comum é aqueapresentaoelemento maissurpreendente. Oprimeiro seu momento deleitura.Aúltimaestrofe, “Eoocoescuroesquece”, grave igual,eos pulsar /“e” emitem um timbre agudo aquando do mais pequenae“distante” (CAMPOS, 2011)doUniverso. emanando uma luzazul, diminuindo de tamanho até ser aestrela Musicalmente, os“o” /quasarsão acompanhados detom 551 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos transmedialidade daobra deAugusto deCampos tem umdos fonte devidaedovisível, face ànoite silenciosa. basilares davida, paiemãe, ecomo estasseequiparamao sol, multicultural narelação do ego (eu) comaperdadasreferências exterior para o interior, promove ummergulhointrospectivo e CORAÇÃO”, ou“SOS”(1983),que, numaleituraemespiraldo / CABEÇA” e“MINHA/CABEÇA /NÃO CABE /EMMEU alternada “MEU / CORAÇÃO entre: / NÃO CABE / EM MINHA ser encontradaem“Cabeça/coração”, quepromove umaleitura tensão entreforma econteúdo. Essa tensão, nosanos1980, pode em acto inconsciente e retiniano, sob aexploração eexplosão da da) leitura,umatarefa degrandecomplexidade, esetransforma torná-la evidente. Opoemavive dodesafio queéa(aprendizagem barreira macrotipográfica quedificulta oiníciodaleituraantes de da leituraemsentidosnão convencionais, algumascomuma promove, alémdapluralidadedediscursos mediais,aprovocação “Que nenhumsolaquece /Eooco escuro esquece.” buracos negrosdoquasar, quesepodeentender comoasaudade, e alimentaumarelação entre“dois sujeitos” queésugadapelos pulsar atua damesmaforma queocoração, quenosmantém vivos O engenho damanipulação macrotipográfica eda A viagem pelocorpus poéticodeAugusto deCampos 552 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos da cultura queéoperacionalizá-la. uma derradeira transformação possível nas sociedades, é através utilitário e próximo do arquivo da poesia concreta, pois, se há (GAGLIANONE, 2015).Essa âncorapromove oposicionamento poèmeestculminada numafrasedeSartre, laseule bombe” “le que explorameesgotam asrelações dossignificantes queabarcam, ideia políticadeMallarmé dequeospoemaspodemserbombas linguística (AGUILAR, 2005, p. 272). O poema surge da metáfora- se, assim, uma sucessividade discursiva atingida pela montagem rotação etranslação queseexpandemnoespaço poético, criando- Estes são plurissignificados através deoperações algébricas de equivalência icónica,utilizasomente trêscaracteres distintos. forma dafamília tipográfica Bauhaus,que, porsemelhançae e‘p’, ‘a’e dos signostipográficos(‘b’ ‘o’, ‘m’ e ‘e’) sóépossível pela (AGUILAR,‘poema’ e‘bomba’” 2005,pp. 271-272). Ametamorfose leitura conjectural através dos“elementos mínimosdopoema: espacialidade visual,se“explode eexpande”,permitindouma minimalista apartirdaforma bauhausiana daletra,que, nasua GUIMARÃES, 2004, p. 24), apresentandoumasíntese “videoforma” foi produzidaem1992pelaTv Cultura (SÜSSEKIND; seus expoentes em“POEMABOMBA”. Asuaanimação em 553 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos traduções, nos termos do autor, mas também um diálogo de constatáveis a revisitação ereconfiguração das criações, ou singular dentrodo espectroconcretistamundial. lhes novos conteúdos gráficos, promovendo umaexpressividade suportes deescrita,modo queCampos pudesseincorporar- ressuscitar aexploração do espaço poéticoemnovos media,novos e objectividade nassuasobras. Mas, acima detudo, elaveio e culturaisnoBrasil,permitiaao poetaconjugar subjectividade reflectindo umperíododegrandes modificações políticas,sociais do egocentrismo do autor (CAMPOS Tal prática buscava promover adiversidade criativa, ao invés Campos, apósocontacto ampliando-se comogrupoRuptura. colectiva estápresente desdeoiníciodacarreiradeAugusto de de criação são naturais atoda aequipadecriação. Essa estética a cumplicidadequesóépossível quandoosconceitos eprocessos e a textura tridimensional própria da obra de arte, mas também vinga é a complementaridade dada à criação original, o ambiente Augusto deCampos emcontraposição comasuavaia. Oque da reflexão teórica edodiálogo de vanguarda promovido por Cidade, umaretrospectiva curta-metragem dotrabalhopoético, Ao longo docorpus poético deAugusto deCampos, são No Cinema,Tatá Amaralrealizou odocumentárioPoema: apud MATOS 2002, p. 12), 554 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos – equeleva opoeta aum“caminho […]sem saída”(, modelador quepermite adecoupage dospercursos entrecruzados de familiarização com o processamento simbólico e o olhar (JORGE, 2011, p. 211)ecomuma leituramediadapelotempo pelo palimpsesto, plenodevozes, caminhoseencruzilhadas claustrofóbica deumlabirinto urbano, colocadoemevidência explorando, dessavez não, oespaço expandido, masaconstrução pela perspectiva múltiplaecaótica doespaço urbano”, “babélica, dialogacom mesma basetipográficade“pulsar”, “cidade/city/cité” Exemplo departe dessecaminhoé“sem saída”que, partilhandoa diagramações doseucorpo textual (MARCOLINO, 2013,p. 142). promovendoconstringir aos modelospré-concebidos, novas vida, dalinguagem eegos (PORTELA, 2006,p. 7). simbólico dialogante dopercursopercorr/viv/ido pelopoetana leituras decadapoemaqueépossível configurarumcaminho a obra deAugusto deCampos, masépelastemáticas esegundas interactividade. Seriafácil agruparmaterial oueditorialmente modeladoras dasuaação perante opoemanaleitura ena medial comopelaformação econtexto socioculturaldoleitor, os modosdeleresignificação possibilitadostanto pelocontexto continuidade interpoemas. Na suageneralidade, exploram-se Um percurso feito de liberdade poética e criativa sem se 555 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos leitor sefamiliariza com“os códigos deleitura”,num fenómeno que serepete iterativamente einteractivamente, àmedida queo ocorre uma“transformação material daforma visível emlegível” visualeprocessamentoprocesso de“reconhecimento simbólico”, microtipográficas, evidenciado o seu carácter expressivo. Nesse é possível atender ao planologopaico formado pelasopções decoupada aforma fanopaica, apresentadapelamacrotipografia, esta operadanosvários sentidospossíveis doplano. Sódepois de não existe umponto inicialeumsentidoclaroleitura, sendo somente diferenciadas pelasuacor. Da disposição macrotipográfica mostra disposta,semespaço entreletras, emlinhasentrecruzadas num beco“sem saída”,pelaforma comoatipografiaBaby Teeth se labiríntico percurso ou o olhar frontal de uma parede macrotipográfica operam como uma barreira CARVALHO, 2007, p. 81)denovos elementos semióticos. carregam esse“labirinto interativo-reiterativo” (CAMPOS apud. na forma impressa,performática, digital,interactiva emusical, sendo queasrepetidastrans/criações transmediaisdopoema, a sualegibilidadetextual pelodomíniodassuasformas textuais, e instanciadordeeventos textuais (Ibidem,p. 359),atingindo-se 2013, p. Este 354). éumpoemadenatureza de leituraperfomativa “As nasuaforma curvas queenganamoolhar” fanopaica, seja o grafitada 556 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos FIGURA 9. “sem saída”, AugustodeCampos(2000).

557 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos e amão” (PORTELA, 2006, p. 7) percorremas curvas queenganam reflexividade da obra poéticanoespaço electrónicoemque osolhos transforma emoutracoisa”(AGUILAR, 2004, pp. 48-49). A“auto- o doinfinitesimal instante […][que]por força da obstinação, se no “paradoxal quase inabitável: ‘lugar’ olimite, odoumbral, presa sem uma saída do “labirinto do modernismo”, vivendo linguagem edoseuegos” (Idem,2006,p.7). “confrontado ‘sem saída’noseuprópriopercursodavida, da experiência deleitura(PORTELA, 2013,p. 359),vê-se também transferida para o leitor, que, pela interação, ação e qualidade da Portela, ématerializada pelapercepção econsciênciaautoral isolamento eexaustão” (JORGE, 2011,p. 211).Esta, paraManuel função dainteração doutilizador, retratando uma “experiência de representadas pelossete versos (ventos?) representados noecrãem urbanas etoma opapelactivo, calcorreandoasruaslabirínticas já não éespectadordoveloz comboiocomposto pelasqualidades elipse decidadeaté aqui(“sem saída”)acontece porqueoleitor (PORTELA, 2013,p. Na 354). perspectiva deGeraldoJorge, a na medidaproporcionalà“passagem realdotempo naleitura” do tempo edoespaço vividos eexploradospelopoeta, hipérbole concreto eúnicoparacadaleitor queaquiencontraa/uma “sem saída” é o status quo da poesia de Augusto de Campos, 558 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos espaço citadino. infinito”, Esse “burburinho quesurge na segunda que sefaz acompanhar da algazarra devozes características do do percursopercorrido –datangível, legibilidadedopoema, confrontados com olimiar–agora, apósaexperiênciavivida mesmo lugardeondeelenunca saiu, vendo-nos novamente essa viagem pela linguagem, ficamos presos, com o poeta, no (PORTELA, 2013,pp. 360-361). colocando emevidência o “eu comosujeito deescritaeleitura” da produção doautor sobre oselosdesignificação dalinguagem”, à experimentação dalinguagem reflexão edaforma” e“uma geral autobiografia retrospectiva“uma doartistacomumolhardevoto (JORGE, 2011,p. 211).“sem saída”pode, ainda,serlidocomo (…) característico naestética expoética deAugusto deCampos” tratamento doespaço urbano, discurso de exaustão surgindo“um do fracasso dahistória modernacomoforma deintervenção” e lerumaprogressiva“sem saída”,“pode-se consciencialização que “no arco temporal representado”, entre “cidade/city/cité” e (Portela, 2013,pp. Nesse 360-361). sentido, GeraldoJorge aponta deinscrições” redeinter-cruzada textual daescrita(…)[n]uma é apropostadeAugusto deCampos, “numareiteração tecno o olhar“até dissipar(…)oengano” (AGUILAR, 2004, p. 49),esta Certo éque, nosétimoverso, quandojáteríamos percorrido 559 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos vida inteira”) (1974), sendoaação doleitor obastante para que, nasce, ese morreemuminstante, um instante ébastante paraa alusão antropofágica aClarice Lispector (“Seemum instante se só seiniciacoma ação doutilizador. Éoinício da suavida,numa vertical deduasletras semqualquerpreocupação formal. Opoema rápida, osadjectivos são exibidos ao leitor emdecomposição bastante, diminuto, distante, infinito erestante . Emsequência visual ao promover a decomposição das seis palavras CD campo naperspectiva dos“novos media”. em “sem saída”,masfoi umponto departidaparaexploraresse relação intertextual, naobra deAugusto deCampos, não seesgota num retrocesso grotesco” (CAMPOS político, comoBrasilnão sósemsairdolugarmasindoparatrás, Contudo,lugar”. hoje, talvez possa“ser apreciadoaté porumviés do serhumano, odilemadavida,seulabirinto, oseulugarsem para “desestabilizar oego poéticoeapontarparaodramaexistencial afirma que “sem saída”tinhacomo objetivo umareflexão pessoal, (JORGE, 2011,p. 212).Ementrevista àFolha de S. Paulo, opoeta é impossível orientar:oescopodeumacirculação ‘sem saída’” parte dopoema,aludeao “lugardanão-transparência, ondese Expoemas (anexo deNão Poemas) (2003), tirapartidodaforma Numa referência breve, “ininstante”, tambémincluídono apud. FIORATTI, 2019). A instante, 560 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos radicais in,ins,fini,tantepresentes “infini ininstante”éformadopelos FIGURA10. nas palavrasdopoema.

palavras próximas na definição depequenaescalaequecolocam poderá justificar, na12ªestrofe, aomissão dedistante erestante, existencial queéautilidadeeotermo davidaterrena. Assimse contraste brutal entre duas dimensões opostas próprias ao dilema Findo opoema,leitor éconfrontadocomo“infiniinistante”, o grupo évisível aomissão acíclica adistante , estrofes à primeira vista similares, contudo, a partir do terceiro autor. Ao longo darestante execução dopoemasão exibidas12 em diminuto tempo, seencurtem asdistânciasqueoseparamdo restante einstante. 561 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos mais influente, pois “tudo acaba em tv”. “tudo mais influente,acaba em tv”. pois em que aTV é reconhecida como o meio de comunicação de massa de Campos eEspaços”, deCristinaFonseca, chegam ostvgrammas, Pompéia, emSão Paulo, emnovembro domesmoano. Em“Poetas primeira vez no 11º Festival Internacional Videobrasil/Sesc do espectáculo deperformance homónimo, apresentadopela tanto resultou na forma doálbumPoesia éRisco (1996)como sonoro”“tratamento umprogramaque dospoemas,criando-se entrosamento entre CideAugusto proporcionouacriação do o ambiente” adequadoa cadaprojecto. Anaturalidade do poeta ambicionava emcadaumadessasparcerias era“encontrar plano acomponente sonoradapoesiaverbivocovisual. Oqueo sentido, enão em direção, contrária,ao trazer paraprimeiro Cristina Fonseca eCidCampos, mas efectuou umamanobra em o espectrodatelevisão edaperfomance, comWalter Silveira, Nos anos 1990, Augusto de Campos alargou as suas parceiras para carreira émarcadapelascolaborações comartistasdeoutrasartes. individual deAugusto deCampos comoseucomputador, asua projectar no(distante) “infinito”. o quefazer como“diminuto” (restante) períododevida,parame em evidência a reflexão existencial“bastante”, sobre “instante” se é Apesar dos clip-poemas serem,sobretudo,Apesar dosclip-poemas umacriação 562 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos trabalho manualim/ex/presso naimagem colocando, contraanatura cinematográfica, aexpressividade do de umaestruturanarrativa, face aos diferentes mediaeartes, Nela, aobra dopoetaéalvo deumenquadramento geral dentro realização deIvan Cardoso eargumento deAugusto deCampos. Hi-Fie éproduzidaacurta-metragem-pop-creta (1999),com o livro digitais e redessociais,alertando paraasituação incomumdo a criaruma corrente decontrapoemas disseminados peloscircuitos Esse conjunto desituações o motivou à apropriação deagritprops e insultos proferidos àPresidente doBrasilnum jogo de futebol. S. Paulo do poema “Viva Vaia” para criar uma infografia sobre os do prémioJanus Pannonius quanto pelaapropriação da Folha de arrefecido tanto pelosilênciopropositadoaquandodaatribuição relação dopoetacomosmeiosdecomunicação tradicionaisterá crítica políticaatravés doderrube dasfronteiras dalinguagem. A sociais, continuandoumtrabalho profícuodealertasociale comunicação demassas,ainternet, e, emespecífico, asredes o poetacontinuaaproduzireentranonovo grande“meio” de produção digitaldeAugusto deCampos; alémdosclip-poemas, Os anos1990são, ainda,umaépoca de retomada. Éeditado O iníciodoséculoXXIémarcadopelagrandeondada Despoesia quinze (1994), anosdepois de Viva Vaia (1979), 7 . 563 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos “Cláusula Pétrea”, AugustodeCampos (2018). FIGURA 11.

2019) cujo tempo, medidopelaforma macroipográfica deuma desigual durante um processo judicial (CAMPOS sua liberdade quanto o coloca numa situação desmoralizante e prematura éum“danoirreparável” quetanto priva ocidadão da acção directadopoemaépromover aconsciênciadequeprisão inocência doscidadãos e, emespecífico, de Lula daSilva. A constituição doBrasil,em proldaliberdadeepresunção de digitais. “Cláusula Pétrea” (2018)éummanifesto, citandoa panorama socialepolíticodoBrasilcontemporâneo. O diálogo entreforma efunção não seesgota nossuportes apud. FERRAZ, 564 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos contacto comofuturo construídopelo presente. de Campos comoarquivo, comovelho colocando opassadoem relação reitera, decertaforma, arelação próxima deAugusto vista, comoamuseologiaeastecnologias deinformação. Essa reaproximando camposcuja relação não éevidente àprimeira o estudoeamanutenção desuportes tecnológicos maisantigos, objectos artísticos, mascriatambémoutrasoportunidades,como de facto, trazer aobsolescência, muitasvezes programada,aos relação existente entre atecnologia eapoesiaconcreta pode, de experiências directa entre leitor e autor. Evidentemente, a característica dadescoberta, darevelação e de umapartilha poesia concretadeAugusto deCampos deumafenomenologia FERRAZ, 2019). indemnizar umprisioneiroafinalinocentado?” (CAMPOS apud. ampulheta, seesgota. Augusto deCampos pergunta:“como 3.NOTAS CONCLUSIVAS Os velhos eosnovos meios,combinados, dotam a 565 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos em função dahistória das suastranscriações, semseperder a dela retirarsemântica em transcendência medial,podendo-se suportes mediais. Assim,apoesiadeAugusto deCampos vive aprendizagem sobre odomínio daexpressão transversal aos forma edoconteúdo sob tensão tem promovido umaconstante significação do texto. Esse caminhorecorrente daexploração da estas podem contribuir como hibridismos para os sentidos e das escolhas tipográficas, mediais e materiais e do modo como conseguindo promover asimbioseentreforma econteúdo através margem da página, além do convencional e das áreas de conforto, de Campos éainovação eamotivação parairalém margem da envolvendo aFolha de S. Paulo eopoetaconcreto. sociais, por“Poemanifesto”, umdosvários episódiospolémicos saiu, valendo-se dosnovos meiosdigitais,emespecífico asredes tal atribuição honorífica era notícia em todo o mundo. A resposta pelos principaismeiosdecomunicação socialdoBrasilenquanto New York Times comoo“Nobel daPoesia” possater sidoignorado mundo, não sendoconcebível comoumprémiocunhadopeloThe Augusto de Campos conferem-lhe uma reputação única no Uma dasprincipaiscaracterísticas daobra deAugusto Os prémiosliterários atribuídos durante opercursode 566 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos contemporâneos, Augusto deCampos encontrouna internet promovido sua poesia em todos os meios que lhe eram vanguarda” (CORREA, 2012, pp. 103-104). inovação, acondensação poéticaeametalinguagem, herdadas da até voltaruso dacor” àforma doverso, mantendo “os valores de de jornaiserevistas, embalagens deprodutos etc.), [fazendo] vanguarda, [até os] novos suportes [que] integram a obra (recortes do “caráter geométrico dospoemas,característico doauge da (CAMPOS mais altos de exigência” no consumo da oferta cultural e educativa ascenção dopúblicopoema. Éumcontributo para“uma apadrões a reaprendizagem ouumanova forma deabordaraleiturado expandida (metapoética)”(CORREA, 2012,p. 103) epromovendo com osseusprópriosdiscursos,“gerando umametalinguagem primeira iteração. Aprática dasualeiturapromove odiálogo e perceberomundoquerodeia. uma vez quecadaindivíduo possuidiferentes formas dever, sentir diferenciada, iterativa e, muitasvezes, existencial comoleitor, sem umsignificadocerto eexacto, mascapazdecriarumarelação premissa dequeasualeituraparte deumaexperiênciapessoal Com uma carreira plena de reconhecimento e tendo A experiênciadapoesiaconcretanão seesgota na apud. MATOS, 2002) ecuja forma evoluiu, desde1951, 567 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos website um lugarnatural paralançarassuaspremissascriativas. Oseu Na eradoultramoderno (CAMPOS, 2015b, p. 501),Campos acontecimentos próximos dasdatas depublicação nesses espaços. da sua obra, obriga a um maior detalhe na investigação dos grande público (CAMPOS, 2019,p. 145).Esse facto, naanálise obter umadifusão imediata dassuasmensagens junto deum o espaço nosjornais,encontrandonasredessociaisosmeiospara publicitária edawebsocial (CONDE, 2019,p. 12). político brasileiro” (CAMPOS, 2019,p. 145),usandoalinguagem até daConstituição, respondendoao “conturbado momento vanguarda, comoSalvatore Quasimodo, Machado deAssis e publica intraduçõesdepartes deobras deoutrosautores de ou retrospectivas pessoaisedasuaobra édita.Adicionalmente, novos poemasinéditos, ready-mades, contrapoemaseagitprops conseguido maior alcance com as suas publicações, que incluem carácter visual e capaz de incluir pequenos vídeos, que o poeta tem que contacom21300seguidores.Énestaúltimaplataforma, de @poetamenos, com 5098seguidores;eoseuperfildeInstagram, viagem), subscritores e27 com 315 vídeos;operfilde Facebook, sua presençadigitalaoutroscanais:oseucanalyoutube (lingua É pelo seu exercício de liberdade que lhe tem sido restrito oficial, criadoem2007, seguedisponível 8 , eeleexpandiu 568 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos “O MITO”,deAugusto Campos,publicado no iníciode2019,comprova avivacidadee necessidade desepromoverumapoesia de combate ao espírito acrítico. FIGURA12.

de traços gerais deumaépoca,dessemlugarao filtroapertadopor história literária emqueo olhar amplodo panorama, a observação continua a defender o paideuma concreto, com a “relacionando 569 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos programa deTVdireccionado ao público infantil no período de BOZO” é, ainda,onomede um popularpalhaço quetinhaum durante o consumodebensculturaise entretenimento. “O símbolo dacensura,usadoparaevitar aconspurcação doscidadãos nessa leitura, próxima do Estado Novo Brasileiro, o círculo é o Football” (1964), publicado emoutro(CAMPOS, 2015a).Ainda zero, uma bola, numa reminiscência à outradução de “Brazilian “OBOZO”, até quesejacondensado, numcírculoperfeito, um surgirem novos vocábulos, como“OMITO”, “OMITO OMITO”, gestão microtipográficaemqueoespaço entreletraséreduzido até macrotipográfica em forma triangularinvertida ésuportadapela campanha eleitoral presidencial(CONDE, 2019,p. 13).Aoperação utilizado pelos[apoiantes] docapitão parasaudá-lo” durante a tomar possecomoPresidente doBrasil,eapropria-se “do epíteto publicado a3dejaneiro, dois diasdepoisdeJair Bolsonaro (CONDE, 2019,p. 13,15). memes e palavras de ordem das disputas políticas nas redes sociais” advertindo para os perigos da “adesão automática imposta pelos para aprodução dopresente, entendida emchave combativa”, onde passaapenasaquiloqueinteressa reivindicar comovalor “O MITO”, desenhadopelasletrasdeBaby Teeth, foi 570 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos para aFolha de S. Paulo eJair Bolsonaro um V, de“vaia” queétransferida pelopoetadeDilma Roussef sentido inverso deleitura,macrotipográficamente olhamospara 1980 a1991.Omito éomitidopelaoperação tipográfica,mas,em para oselementos sonorosevisuais. Dessa forma, énatural que concretos, incorporando, no lugardoverso, também oespaço Essa intrínsecarelação foi coerentemente promovida pelospoetas poemas queseapresentam natensão entre forma econteúdo. microtipografia, operarparte damaterialidade literária dosseus estratégias usadas por Augusto deCampos para,pela macro e do grandepúblico paraasvanguardas literárias. entre os mais jovens e a continuação do trabalho de catequização um encontro do “novo com o velho”, dada a popularidade da rede nesse espaço virtual,masnão deixa desercuriosoqueeste seja uma respostaparaanaturalidade comqueopoetaparticipa “chegou muito tardeaummundomuito novo”. Talvez sejaesta como acriadoovo de umaserpente]” (CONDE, 2019,p. 14). [associação quenosremeteria, porsuavez, ao tropodofascismo “um buraco efimdelinha”ou ovocomo “um deondeomito eclode de ovo, que, naperspetiva deMiguelConde, podeserentendido Ao longo deste artigo, foram apresentadas algumasdas Na introdução de outro, Augusto de Campos afirma que 9 . Na suabasetem um“o”, 571 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos do texto. num processoiterativo ecognitivo queconduzoleitor ao sentido resulta emumaexperiência,ao invés deexplicitá-laverbalmente, significação. Éum processo de exploração e explosão linguística que de interpretação edeaprendizagem doleitor ao longo doeixo de e o seu conteúdo, enquanto promove e questiona a capacidade em que, ao longo daleitura,encontra-sealegibilidadedotexto dos poemasdeAugusto deCampos decorre numprocessoiterativo percebida” (PORTELA, 2013,p. Apercepção 366). edescodificação leitura tornam-se entrelaçadas na exibição configurada e na forma nos, novos media,“amaterialidade textual easinterpretações de 572 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos investigação comabolsaPD/BD/113768/2015. FCT -Fundação paraaCiênciaeTecnologia, quefinanciouesta apoio dadoàpresente investigação. Oautor agradece, ainda,à Prof. Doutor Manuel Portela eProf. Doutor Jorge dosReis pelo Coimbra, Portugal. Oautor gostaria deagradeceraos orientadores do Centro de Literatura Portuguesa (CLP) daUniversidade de 2022)” do Grupo Mediação DigitaleMaterialidades daLiteratura investigação “ReCodex: Formas eTransformações doLivro (2015- AGRADECIMENTOS Este trabalhofoi desenvolvido noâmbito doprojecto de 573 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 6. Opoemainicialmente foicompostocom atipografiaFutura Light. da transcendênciamedial deváriospoemasAugustoCampos. transcriação deErthosA. deSouzasobreopoema“cidade/city/cité”, em 1974, éoalicerce e 1990aosclip-poemas em tecnologia flashna primeiradécada do século XXI.A 5. Referimo-nosàsexperiênciasemholografia e computaçãográficadosanos1980 antes domovimentoTropicália seformarapartirdainfluênciapoesiaconcreta. continuação deumarelaçãopróximadopoeta com amúsicapopularbrasileira,ainda ao ânus.ApresençadaobradeAugustoCampos nesseálbummarcatambéma um grandeplanodesseselementossemquefossem identificadasasáreascircundantes uma bocasegurandoaboladegude.Dadamorfologia daface,tornou-semaisfácilobter composição agradável para a capadoálbum, e a solução visual mais próxima foi usar ânus, revelando à censura um outro olho. As fotografias não conseguiam atingir uma 4. Aintençãodoprojectográficoerausarumaboladegudesobreaimagemum americanas parasesujeitaraesseneocolonialismo. antislogan para um Brasil que rejeita tanto o embargo americano a Cuba como as esmolas cada dez estrelas de cinema usam o sabonete Lux”. Assim, “uma entre dez estrelas” é um ou GraceKelly, queeramadoradaspelograndepúblico,paraformularoslogan“noveem 1980, promoveu o seu produto recorrendo a atrizes, como Marilyn Monroe, Judy Garland Dessa forma,aLeverBrothers,hojeUnilever, apartirdosanos1930atéaofinal cinema umaformadesepromoverapartirdasâncorasqueestrelavamnograndeecrã. Hollywood começouaserumnegóciolucrativo,osetorcorporativoperspectivouno 3. 2. Cf.LIPOVETSKY; SERROY(2014). p.113) eBIERMA(1985,p.56) 1.

Cf.EISELLEetal.(2017,pp.21,322-323),REIFSCHNEIDER(2011,p.248),HILDER(2016, Essa expressãoderivadeumacampanhapublicitáriaaosabonete“Lux”.Quando NOTAS

574 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos 9. Cf.SALGADO(2016);CONDE(2019). 8. Ver 7. Cf.SANTOS;FONTES(2018). www.augustodecampos.com.br. 575 Design e tipografia como elementos da expressividade da poesia de Augusto de Campos ARS - N 40 - ANO 18 Tiago Santos Belknap PressofHarvard UniversityPress,1999,pp.768-782. Part 21931-1934.Cambridge, Massachusetts,andLondon, England: The W.; EILAND,Howard; SMITH, Gary (eds.).SelectedWrittings - Volume 2, BENJAMIN, Walter. The Author as Producer. 1934. In JENNINGS, Michael Roda, v. 13,2006,pp.95-101. ÁVILA, Carlos.(2006).“Invenção”–Umareedição necessária.OEixoEa Paulo, 1962,pp.55-60. AVILA, Affonso. Carta do Solo - poesia referencial. AGUILAR, Gonzalo.PoesiaConcretaBrasileira.SãoPaulo:EduSP, 2005. Casa deRuiBarbosa,2004, Júlio C. (ed.). AGUILAR, Gonzalo.Oolharexcedido.InSÜSSEKIND,Flora;Guimarães, Letras, FundaçãoCasadeRuiBarbosa,2004,pp.179-205. Guimarães, JúlioC.(ed.).SobreAugustodeCampos.RioJaneiro:7 AGRA, Lucio.DeNãoemNão,o“EconoEscuro”.InSÜSSEKIND,Flora;

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