DIVERSIFICAÇÃO NO ESPAÇO AGRÁRIO A PARTIR DAS LENTES FOTOGRÁFICAS NO MUNICÍPIO DE GUAMIRANGA - PARANÁ

Autor: Mauricio Homiak1 Orientador: Marcelo Barreto

Agradecimentos

Ao bom Deus por toda vida e criação no universo. À minha família e amigos colegas de trabalho pelo apoio. À prefeitura de Guamiranga pelo respaldo na criação da obra do livro Guamiranga: como tudo começou... Ao professor orientador Marcelo Barreto pela orientação.

RESUMO

O presente trabalho objetiva caracterizar o espaço agrário e suas contradições no Município de Guamiranga – Paraná, utilizando fotos atuais e antigas e também vídeos com história oral. O trabalho foi realizado de forma teórica e prática com alunos do segundo ano do ensino médio do Colégio Estadual Francisco Ramos no município de Guamiranga/PR. Após a abordagem da temática da geografia agrária de maneira geral e exposição de dados e objetivos, realizou-se a pesquisa na biblioteca e laboratório de informática da escola. Por meio da internet, livros didáticos e esclarecimentos da realidade agrária do lugar, debateram-se as dúvidas e polêmicas acerca do assunto, inclusive inseridos no meio rural. A partir de visitas aos agricultores, foram coletadas entrevistas, imagens atuais e antigas a partir de aparelhos de celular a fim de obter informações das características agrárias históricas e atuais. De maneira breve pôde-se notar alguns fatos do tempo em determinados períodos históricos. Assim, foi possível conhecer de maneira mais crítica a evolução de parte da agricultura guamiranguense. Isso inclui a formação do povoado, as formas de cultivo e criação e organização dos faxinais, envolvendo um pouco da história até o presente momento. A partir dos resultados com as fotos e vídeos, a finalidade é organizar documentários sobre o município. Quanto ao tipo de atividades agrícolas a serem abordadas procurar-se-á focar nas culturas anuais mais comuns como feijão, milho, soja e fumo. A ideia é refletir primeiro o município a partir de sua história agropecuária depois mostrar como aconteceram as atividades com os alunos trabalhando com a temática do espaço agrário.

Palavras chave: espaço agrário, Guamiranga, fotos, vídeos, história oral, documentário.

1 Professor licenciado pela Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná – UNICENTRO em 2002. Pós graduado (especialização) pela Univale – Universidade do Vale do Itajaí – 2003: Ensino de Geografia e História. Educação do Campo em 2012. Professor QPM desde 2003 no município de Guamiranga.

I - INTRODUÇÃO

Depois de doze anos de docência com alunos do colégio Francisco Ramos de Guamiranga pôde-se implementar um projeto utilizando fotografias, vídeos e entrevistas sobre os contrastes observados no espaço agrário do município. Nesses anos de trabalho em sala de aula foi se percebendo a carência de elementos tecnológicos de acesso à informação. Em plena era da informação, falta um conjunto de meios de comunicação que realmente deem conta de suprir as necessidades dos profissionais da educação no processo ensino e aprendizagem a ponto de atingir resultados satisfatórios na formação dos cidadãos. Nos últimos anos a escola vem se organizando para melhor atender às demandas que aparecem com o avanço dos mecanismos de acesso à informação. Os equipamentos vão sendo instalados, mas ainda falta tecnologia, visto que esta se encontra instalada de forma parcial e muitas vezes ineficaz. Assim, a proposta deste trabalho foi a de associar os recursos disponíveis na escola e somar àqueles trazidos pelo aluno, no caso, celulares e smartfones e tentar obter resultados didáticos pedagógicos melhores nas aulas de Geografia. Se de um lado, as tecnologias da informação estão cada vez mais presentes na sociedade, do outro, nas escolas, existe um déficit de recursos pedagógicos atraentes aos alunos que possam ajudar os profissionais da educação a alcançar o sucesso no processo ensino-aprendizagem. Desta forma pensou-se em unir o que é útil à educação e agradável aos estudantes: usar seus celulares e smartfones com aplicativos para processar dados e criar informações úteis ao conhecimento formal nas escolas. Desafio este nada fácil, pois é notório o abismo que separa o conhecimento útil às banalidades disseminadas por esses recursos tecnológicos da informação. Pensando em planejar maneiras de se trabalhar com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) é que se objetivou produzir e reproduzir fotos, coletar relatos de pessoas da comunidade, fundamentar com referências, editar e socializar as informações. Pois, segundo Stürmer (2011), grandes portais divulgam a Geografia pela internet, por exemplo: Portal do Professor – com vasto conteúdo multimídia (BRASIL, 2010b); Banco Internacional de Objetos Educacionais que apresenta objetos educacionais digitais para download (IDEM, 2010a); Rede Interativa Virtual de Educação (Rived) que traz objetos de aprendizagem produzidos pela Secretaria de Educação a Distância, em parceria com universidades de todo o Brasil (IDEM, 2010c). No entanto, todas essas informações ainda esperam ser acessadas pela comunidade discente. Buscou-se também esclarecer ao estudante sobre as possibilidades que ele tem na escola como porta de acesso ao universo da informação, bem como mostrar a importância da sua base de conhecimentos adquiridos durante sua história de vida na sociedade, valorizando suas raízes, sua cultura e saberes do senso comum a partir das comunidades dos alunos pesquisadores. Acredita-se que é possível ter uma noção mais clara das vivências daquele grupo social a partir da soma destes procedimentos, ainda mais com o contato direto entre pesquisadores e alunos por meio de trabalho campo. A lembrança da história a partir das fotos também apareceu como recurso importante dentre as atividades exercidas. Afinal, a importância disso foi exatamente rever o trabalho executado pelos antepassados, as transformações que fizeram no espaço e assim notar os erros e acertos, os desafios encarados, da natureza e da própria sociedade do Guamiranga, bem como seu surgimento enquanto povoado e recentemente como município. Da mesma forma faz-se necessário mostrar as características do uso do solo pelas atividades agropecuárias. Por fim, com essa temática, foi elaborada a descrição das atividades de estudo com os alunos na escola; desde a metodologia de pesquisa até os resultados conseguidos. O texto está dividido da seguinte forma: na primeira parte será feito um resgate do contexto histórico do município elencando o processo de ocupação e sua formação do espaço agrário com a agricultura tradicional e a transformação deste espaço na produção da agricultura moderna. Na segunda parte foi descrita a metodologia do trabalho por meio das atividades realizadas com os alunos, juntamente com seus desafios e possibilidades encontradas na confecção de documentários. Por fim estão os resultados obtidos a partir da análise dos dados. Nas considerações finais serão mostradas conclusões obtidas a partir da experiência pedagógica com os alunos, bem como a interatividade com os professores de Geografia que contribuíram a partir da plataforma ―Moodle‖ e na própria escola, trocando ideias e somando conceitos ao trabalho.

II - DESENVOLVIMENTO

1 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE GUAMIRANGA

Os dados lexicográficos e toponímicos revelam a língua de origem Tupi e uma classificação taxionômica fitotopônima do nome Guamiranga (ANANIAS e ZAMARIANO, 2014). Do tupi guarani: goá - folha e piranga – vermelho, ficando assim ―árvore de folhas de cor vermelha‖. O dicionário de Clovis Chiaradia (2008) menciona a cor vermelha do sufixo piranga para barreiro, lamaçal, atoleiro de barro vermelho. Então, a referência para os abundantes solos argilosos, dos quais as históricas olarias retiram a matéria prima. A cidade teve duas denominações antes da atual. Até as primeiras décadas do século XX chamou-se Monjolinho, em função dos monjolos construídos nos rios próximos à estrada dos tropeiros. Através do simples, mas importante equipamento podia-se processar sementes para o consumo, como fazer canjica do milho, descascar o arroz ou fazer paçoca do amendoim. Registros cartorários de 1905, quando foi decretado o distrito, até meados da década de 1930 mostram o nome monjolinho no fim das atas. Da mesma forma os registros das reuniões nas antigas capelas, como a de dezembro de 1909, da igreja de João Batista de Guamirim revela que o povoado também era chamado Monjolinho. O nome ―Natal‖ foi o próximo nome e se manteve por poucos anos. Finalmente em 1945 a denominação foi alterada para Guamiranga. O município foi criado pela Lei Estadual nº 11.203, de 16 de novembro de 1995, e instalado em 1º de janeiro de

1997 e desmembrou-se de . O município de Guamiranga está localizado às margens da BR-373, que liga a . Dista 194 quilômetros de . As coordenadas 25º 11’ de latitude sul apontam a faixa subtropical do globo terrestre. Posicionado na longitude de 50º 48’ oeste dá três horas de atraso em relação ao fuso horário inicial de Greenwich. A cidade encontra-se a uma altitude média de 800 metros. Seu território se estende numa área de clima subtropical. A vegetação da floresta ombrófila mista se apresenta devastada com poucos capões de mato nativos preservados. Os solos têm, na maioria dos casos, origem das rochas vulcânicas, e se formaram depois do intemperismo químico, físico e biológico das rochas. Há ocorrências de afloramentos rochosos com solos pouco profundos. Isto ocorre porque o processo de desgaste ocorreu por menos tempo. Por sofrer com severos processos erosivos deixaram os solos ficarem pouco profundos. Quando associados ao relevo, as espessuras das camadas são maiores em cerca de 6 mil hectares com relevo suave, tendo até grandes depósitos aluviais. Mas nas áreas fortemente onduladas e montanhosas, cerca de 18 mil hectares encontram-se solos rasos. Os aspectos geológicos apresentam a formação Irati com os folhelhos pirobetuminosos e siltitos.

2 - O ESPAÇO RURAL DE GUAMIRANGA

O município tem sua população rural como maioria. O IBGE apresentou dados de 7.900 habitantes sendo destes 5.664 moradores rurais em 2010. Segundo dados da EMATER – PR existem 1.485 famílias pertencentes à categoria da agricultura familiar e mais 28 agricultores patronais e ainda 21 famílias de assentados da reforma agrária. O espaço rural foi sendo criado a partir dos anos 1860 e foi sendo construído por entre serras e vales. O espaço rural de Guamiranga contempla as seguintes comunidades: Boa Vista, Nova Boa Vista, Manduri, Rio Bonito, Queimadas, Barreiro, Água Branca, Tigre, Alto do Tigre, Arroio Paulista, Guamirim e a sede Guamiranga.

Ocupada de maneira espontânea, as terras localizadas no município de Guamiranga possuem uma história de colonização de cerca de cento e cinquenta anos, considerando os primeiros moradores que apareceram depois dos indígenas. Segundo Kruger (2010), em 1818, no Paraná existiam 27.097 habitantes e o caminho que dava acesso para Guarapuava já estaria sendo transitado a um bom tempo por expedições contra indígenas. A estrada dava acesso às colônias próximas de Curitiba. Monjolinho2,

(atual Guamiranga) ficava neste trajeto. Mais tarde, com a movimentação aumentando, tal caminho se expandiu e o governo construiu a estrada chamada ―Estratégica‖, traçada pelo governo no antigo caminho dos tropeiros pelo expedicionário Atanagildo Pinto Martins numa rota chamada ―Caminho de Palmas ou das Missões‖ (ANTONELLI, 2013). O tropeirismo significou para Guamiranga uma alavanca para a evolução do povoamento e comércio por conta da movimentação do gado conduzido a pé desde o Rio Grande do Sul até São Paulo na feira de Sorocaba. Motivador dos primeiros trabalhos agrários, o tropeirismo movimentou o comércio de produtos coloniais importantes aos viajantes. De acordo com (HOMIAK et.al, p. 17),

Além do caminho das tropas, Guamiranga encontrava-se na rota do ―avanço civilizatório‖ rumo ao Oeste paranaense. Em 1887 fundou-se a Comissão Estratégica de Penetração Rumo ao Oeste, que, sob o comando do capitão Bellarmino Augusto de Mendonça, tinha como missão viabilizar a chegada do progresso aos sertões do país. O Exército construiu uma estrada rústica, com três metros de largura, desde Ponta Grossa até Foz do Iguaçu. No Paraná, corresponde à BR-277, que liga Paranaguá a Foz

2 No princípio o povoado se chamava Monjolinho pelo fato de existirem vários equipamentos de moagem nos pequenos rios próximos da pequena vila. do Iguaçu. A estrada original seguia o curso da atual BR 373, que passa por Ponta Grossa e pela cidade de Guamiranga. No decorrer de décadas essa estrada foi aberta inúmeras vezes, mas logo tornava a cobrir-se de mato, permitindo apenas o trânsito de cavalos e carroças. Somente na década de 1940 foi aberta uma estrada mais larga, pavimentada com cascalho. Por ser rodovia federal, com caráter estratégico para o Brasil, na década de 1960 o presidente João Goulart determinou o asfaltamento, que foi iniciado no governo militar e chegou a Foz do Iguaçu em 1969.

Depois, os imigrantes europeus vindos das colônias montadas pelo governo durante a segunda metade do século XIX foram chegando e tomando seus espaços, isso se deu de forma lenta. Segundo Hauresko (2009), as políticas do governo brasileiro para o desenvolvimento das terras do Paraná, principalmente início do século XIX se baseavam basicamente no incentivo às imigrações com propaganda aos povos estrangeiros a fim de povoar as novas terras, porém sem apoio considerável para a ocupação. Em Guamiranga o povoamento surgiu espontaneamente motivado por terras baratas e o acesso a partir da estrada das missões. Por ela chegaram os poloneses, italianos, alemães e ucranianos vindos de colônias pioneiras como Campo Largo, Água Verde, Thomaz Coelho, Irati e outras. Hauresko (2009) afirma que o intuito do governo era de colonizar, prosperar e desenvolver com a confiança de que isso seria possível com a vinda dos europeus. A região teve estímulos econômicos da madeira e erva-mate até mesmo para exportação. A princípio houve a organização na forma de faxinais em terrenos menos declivosos, com acesso à água corrente onde as residências eram construídas juntamente com os paióis para armazenagem das safras colhidas nas áreas de cultura implantadas nas serras íngremes com sistemas exaustivos aos solos.

A gênese do Sistema derivou de estrutura de subsistência das grandes fazendas, principalmente no que diz respeito a produção animal 'à solta' e ao cercamento das lavouras com cerca de bambu e do pousio da terra. Chang, (1988 p. 24).

Dessa forma, foi nesse período que se configuraram os faxinais a partir da cultura cabocla e dos elementos trazidos pelos imigrantes. Informações obtidas a partir de entrevistas feitas para a produção de um documentário sobre o município de Guamiranga explicitam algumas noções do sistema faxinal. O entrevistado Alcides Belim, morador por mais de setenta anos da comunidade de Água Branca, afirmou que até fins do século XX vários povoados rurais tinham o criadouro faxinal. Em Água Branca existia um dos maiores criadouros do então município de Imbituva, e era bem característico. Tratava-se de um modelo complexo de ocupação da terra. Este parece ter sido instalado na região Centro-Sul do Paraná em meados do século XIX. No início dessas comunidades os povoadores delimitaram a área residencial com uma cerca, formando um espaço denominado ―criadouro comum‖. Essa área abrangia terrenos de vários proprietários, sem delimitações. A mata em torno das casas foi preservada, enquanto o lado externo, geralmente serras, foi reservado à lavoura. Todos os moradores podiam criar seus animais soltos dentro do cercado. Os animais como porcos, cavalos, vacas, cabritos e outros eram criados soltos, e à tarde eram chamados às casas dos proprietários. Em geral esses animais sabiam aos quais mangueirões dirigir- se para receber o alimento, mas alguns se deslocavam às casas de outros proprietários, gerando discórdias. Em função deste e de outros problemas, a partir de certa época alguns proprietários decidiram fechar suas propriedades, e os faxinais foram aos poucos se extinguindo na região, inclusive o de Água Branca. Posteriormente, com o advento da industrialização no Brasil, depois de 1950, a terra passou a ganhar novo sentido. Com o surgimento das grandes lavouras, principalmente aquelas ligadas à soja, a terra foi adquirindo outro valor - um valor monetário, ligado ao lucro; o que acabou desestruturando a organização das comunidades em torno do Sistema Faxinal. Por muitos anos a sociedade guamiranguense evoluiu. Mesmo com desenvolvimento relativamente lento, sua população trabalhou muito para viver. A transformação da agricultura ocorreu não somente com a agricultura moderna, mas também na produção agrícola da agricultura familiar por meio do fumo. De acordo com Bobato (2013 apud Silveira 2011, p. 04),

A territorialização da fumicultura na microrregião possui uma estreita relação com o processo histórico e geográfico de consolidação e organização do seu todo territorial, pois a estrutura fundiária resultante do processo de colonização do território microrregional configurou pequenas propriedades que passaram a praticar um modo de produção baseado no trabalho familiar.

Para relatar sobre o surgimento da agricultura patronal será mostrada a história de um agricultor descendente de italianos, natural de Santa Catarina. De lá passou a morar em Toledo, e em 1977 migrou para Guamiranga. Naquele ano as terras baratas da região atraíram a família para a localidade de Manduri. Nessa época vendiam-se cinco alqueires em Toledo e com o dinheiro correspondente comprava-se quatro vezes mais terras em Guamiranga. Embora tivesse uma vida estável no Oeste, era uma aposta promissora. O objetivo inicial era plantar soja nos terrenos planos. Mas perceberam que em Guamiranga as terras de cultura estavam nas áreas de serras, enquanto os terrenos planos eram usados como potreiros. Os agricultores trocavam dois alqueires de terras planas por um na serra. O agricultor chega e vê que o município de Guamiranga estava atrasado em relação a Toledo, cuja agricultura já era mecanizada. Os agricultores locais desconheciam a soja, optando pelas pequenas roças de milho e feijão. Nos relatos coletados, afirma-se que em 1978 um agricultor podia garantir sustento colhendo doze sacos de feijão numa safra, pois dinheiro de um saco de 60 quilos de feijão era suficiente para sustentar a família, visto que grande parte da alimentação dessa família vinha da própria terra. O plantio nas serras estendeu-se até a década de 1990. Dali em diante houve uma mudança radical, com a derrubada das matas nas áreas de faxinal. Os produtores rurais perceberam que não era mais rentável plantar roças pequenas de feijão e milho. O agricultor recém-chegado não plantava feijão. Segundo ele, era necessário um grande esforço braçal para obter sucesso nessa cultura. Apesar da economia estagnada, ele gostou do modo de vida local. A pecuária era ―caseira‖, cada família criando umas poucas vacas para o consumo de leite, porcos e cabritos como fornecedores de carne, além de frangos e outros animais. O propósito do recente imigrante era de produzir com máquinas era uma iniciativa inovadora no final da década de 1970. Ao contrário dos outros lavradores, eles preferiram não plantar nas serras. Nessa época havia somente dois fumicultores. Atualmente, são poucos os produtores rurais não trabalham com tabaco. A maioria viu na cultura do fumo uma alternativa de bons lucros. Já, na década de 1990 houve levantamentos pela EMATER – PR a fim de organizar os agricultores em associações. Nesta ocasião o município se encontrava na 396ª posição do IDH do Paraná. Basicamente rural, porém muito pobre. Havia 6.200 habitantes e 6.600 equinos, por outro lado somente 26 tratores e somente duas colhedeiras em todo o município. O trabalho era basicamente braçal e tração animal. Na segunda metade do século XX os gaúchos migraram em busca de terras mais baratas. Esse novo migrante trouxe a intensão de plantar maiores extensões de terras e isso gerou sua concentração e o êxodo rural. Os agricultores que insistiram em ficar com damelhoradas pecuária corteetécnicas de leiteir fumo. de estufas desde de tempos realidade os para lenha da necessidade da causa de cultivados inundáv planícies Pode de permanentes cultivos de áreas consideráveis também Há feijão. sua em apresenta se 2012 Imbituva, possuem XX século do meados terras, poucas suas

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50000 45.404 45000

40000

35000 Feijão (em grão) 30000 Fumo (em folha)

25000 22.063 Milho (em grão) 19.630 Soja (em grão)

20000

15000

10.550

7.033

10000 6.800

6.280

5.126

3.188

2.887 2.717

5000 1.970

1.500

1.444

1.213 840 0 ÁREA COLHIDA PRODUÇÃO (t) RENDIMENTO VALOR (ha) MÉDIO (kg/ha) (R$1.000,00)

GRÁFICO 2: GUAMIRANGA - ÁREA COLHIDA, PRODUÇÃO, RENDIMENTO MÉDIO E VALOR DA PRODUÇÃO AGRÍCOLA PELO TIPO DE CULTURA TEMPORÁRIA – 2016. fonte: Emater, 2016.

Sabe-se também dos números de máquinas atuais: 400 tratores de pneu e um grande aparato de implementos agrícolas. Muitos dos agricultores com módulos pequenos de terra puderam comprar suas máquinas mas ainda sofrem pois, quando não se enquadram no ritmo de mercado acabam tendo que vender suas terras e ir para as cidades. Se comparar o agricultor proprietário de pouca terra e o grande proprietário, nota- se que o pequeno tem suas condições de acesso aos recursos tecnológicos ainda limitados. Outros fatores como nível de formação técnica, apoio financeiro, regularidade de documentos de terras, enfim a situação dos agricultores de pequeno porte se encontra ainda traumática. Segundo Buainain (2003) para ser competitivo e sobreviver, é preciso adotar um ―pacote‖ tecnológico que exige elevados investimentos, bem como possuir uma área mínima relativamente grande ou ocupar um nicho de mercado, sobretudo pela integração ao complexo agroalimentar.

3 – INSERÇÃO NA ESCOLA

O desafio de coletar dados para fins científicos a partir das práticas didático- pedagógicas na escola não é tarefa fácil. Na medida em que as ações foram implantadas iam aparecendo respostas, mas também muitas dúvidas. Os trabalhos foram iniciados já no inicio do ano letivo de 2017 e na primeira etapa houve apresentação dos materiais didáticos e a socialização dos objetivos e ideias a serem problematizadas. No início notou-se que não haveria empecilhos para levar jovens a campo, uma vez que não é difícil motivá-los a sair da sala de aula para trabalhos diferentes. Neste caso, foi importante deixar claro que a finalidade era de reconhecer e estudar propriedades agrícolas, coletar dados e informações, junto aos proprietários, como fotos antigas e produzir novas e entrevistas a partir do celular. Na medida em que foi se esclarecendo a proposta aos alunos, houve uma interação entre eles e a socialização do conhecimento prévio foi se estabelecendo. Houve confronto de ideias e pontos de vista. Ficou claro que isso requereria mais debates organizados e valorização das ideias de cada participante. E por fim discutiu-se a possibilidade de formas alternativas de agricultura fora dos moldes capitalistas, a exemplo da agroecologia para complemento da renda familiar. Essa foi a ideia mais polêmica entre os estudantes que, em sua maioria são filhos de agricultores ligados às corporações capitalistas da indústria de tabaco ou exportadoras de soja. Lançado o debate, já nas primeiras aulas surgiram desafios do tipo: como despertar o real interesse nos alunos em fazer uma pesquisa que envolve leitura, trabalho de equipe, coleta e tabulação de dados, aprendizado e prática de aplicativos de celular com o treinamento para produção e edição de imagens e som. Nos cinco primeiros meses se desenrolaram as ações para justificar a importância das fotos, vídeos e entrevistas para construir registros da história da comunidade agrícola. Alguns alunos questionaram como isso seria possível já que o contexto das histórias dos antepassados faz parte do passado e já estão superadas e muitas situações não mais se aplicam a quase ninguém. Impasses foram revelados, como na declaração de uma aluna que diz: ―quem quer saber disso e pra que saber. Passado é passado e devemos pensar no futuro‖. Para tentar esclarecer tal questionamento não basta um argumento simples. Tendo em vista as ações do projeto a serem executadas foi solicitado confiança e esperança, afinal o desafio de estudar a geografia de parte do município estava à nossa frente. Este foi um objetivo ambicioso de tentar compreender toda a gama de relações sociais de sujeitos, tendo por ferramenta recursos das tecnologias da informação. A segunda etapa se concentrou em pesquisar e expor materiais didáticos. Uma vez que era necessário tomar conhecimento da realidade agrícola, tanto local, quanto regional e mais ampla ainda chegando a níveis globais, visto que atuam em Guamiranga, multinacionais do ramo do agronegócio. Foi necessário pesquisar quais os aplicativos de fotos seriam mais acessíveis e adequados para o trabalho didático. Foram analisados textos do livro ―Guamiranga: como tudo começou...‖, sites do IBGE, e o livro didático do segundo ano do ensino médio. Também foram expostos textos extras do projeto de implementação contendo material didático preparado durante a formação do PDE. Com a temática em vista, pensou-se na terceira etapa. Esta consistiu em organizar os alunos em grupos a fim de fazer a formação para uso dos aplicativos de produção e edição de vídeo em celular. Sabendo da soma dos estudantes envolvidos que foi de 49 para as duas turmas de segundo ano, foram divididos em 12 grupos para a execução dos trabalhos. Destes grupos 18 alunos usaram seus celulares para coleta de dados. Destes, apenas 13 estudantes dispuseram de aparelhos com capacidade para edição dos materiais coletados. Quase todos possuíam celular de uso pessoal, porem vários destes celulares não tinham capacidade de produzir boas fotos assim como áudio visual. Com trinta e duas horas para executar esse projeto em sala de aula, foi preciso organizar entrevistas e visitas de forma que desse tempo. Os alunos partiram para visitas em grupos espalhados aleatoriamente pelas comunidades rurais onde moram. Com as entrevistas revelou-se a história particular de cada uma. Dados comuns foram coletados e muitos fatos se repetiram; tais como o sofrimento no trabalho na lavoura, as ferramentas de trabalho precárias, as dificuldades com as doenças nas famílias, estudos, transportes enfim, as práticas rotineiras da vida no campo. Na quarta etapa alguns alunos reuniram-se na sala das casas de seus avós e lá ouviram e registraram as conversas, outros fizeram visitas aos vizinhos. Os relatos mais antigos como do início da povoação foram mais difíceis. As famílias Pontarolo, Bobato, Moleta tiveram mais relatos desse tipo, já que participaram do povoamento. Houve um resgate da velha conversa em família, a roda de chimarrão, as recordações, a interatividade entre jovens e idosos. Neste momento, observou-se algo contraditório. O uso do celular, que é hoje símbolo de individualismo e comunicação indireta entre as pessoas, agora estava em meio aos olhares diretos entre entrevistadores e entrevistados numa comunicação mais autêntica. As pessoas que vivem a mais de sessenta anos no município revelaram uma sociedade relativamente rica em informações no que diz respeito à sua história. Foram entrevistadas 15 pessoas pelos estudantes. Estes entrevistados eram moradores das redondezas da sede do município. Todos tiveram vínculo com a agricultura familiar mesmo hoje morando na área urbana. A simplicidade e lealdade nas palavras foi fato marcante. Por isso os dados são considerados confiáveis. Alguns entrevistados se entregaram mais aos assuntos e puderam discorrer melhor sobre seus passados e o passado da comunidade. Nos casos das entrevistas as respostas começavam a fluir espontaneamente e os alunos puderam deixar a história ser contada dessa forma sem interrupções, assim as impressões iam ficando mais interessantes. Na quinta etapa foram organizados os materiais coletados, os alunos se reuniram para escolher as fotos, vídeos, entrevistas e inseri-los nos aplicativos tendo que entrar em consenso e acordos. Conversaram e selecionaram os mais pertinentes materiais. Neste caso, foi notada a dificuldade dos alunos em lidar com as tecnologias quanto à qualidade de funcionamento, pois mesmo os aparelhos mais sofisticados apresentaram problemas de acesso à internet, como lentidão, poder de armazenamento e processamento dos vídeos e fotos gravados e finalmente editados. Algumas famílias mais tradicionais tiveram suas histórias contadas em livro. Este foi o caso da família Cagiano. O cruzamento de informações desses registros locais ajudou a consolidar a veracidade de algumas das histórias contadas pelas personalidades entrevistadas. Todos os entrevistados apresentaram fotos antigas em álbuns marcados pelo tempo e enriqueceram mais ainda os relatos. Falaram em seus depoimentos sobre a vida que tiveram e as relações com o cultivo, criação, processamento de comida artesanal, utensílios e as ferramentas usadas no passado. Na quarta etapa, com o trabalho de campo foram narradas dificuldades vividas, como a falta de apoio do governo para obter apoio técnico, financiamento, abertura e manutenção de estradas, políticas de preços ao produtor, ajuda para legalização de documentos de terras etc. No início houve lenta e pouca interferência do governo para ajudar na agricultura e o povo desenvolveu relações mais amplas com tropeiros. Até 1960 a terra era cultivada com a utilização da foice, machado, fogo, cavalo, boi, arado e enxada. No entanto, o trabalho braçal não se estendia às grandes extensões de terras. Era difícil retirar dali o sustento, porém o imigrante europeu sabia que ela era importante, pois ocupou a sonhada terra e ali passou a viver. Estes sujeitos construíram muito a partir de seus sonhos, seus moinhos, paióis, cercados de faxinais, instalaram um pequeno comércio local. A agroindústria iniciou nas mãos de lavradores muito antes da emancipação do município — na transformação da erva nos barbaquás, dos cereais nos moinhos e farinheiras, do barro nas cerâmicas e do fumo nas estufas. Mas as práticas corriqueiras das colônias ainda são correntes no cotidiano de muitas famílias e também em seu linguajar. Falou-se em plantações, carpidas, roçadas, cavalos, carroças e outros. Se comparado às primeiras vilas e cidades, era irrisório o movimento do comércio, no entanto este era importante. A terra passou a ser mais valorizada, esta era negociada mais e mais, muitos vendiam ao imigrante mais ambicioso. Para alguns moradores mais simples aquela terra onde nasceram e cresceram caçando, pescando, coletando, colhendo, e vivendo em determinada harmonia com a natureza, não era vista como um mero objeto de valor comercial, eles tinham amor por ela e os frutos que podiam adquirir. Cada mensagem ouvida abria mais possibilidades para comparações e estímulo para busca em pesquisas de internet. Na medida em que as pessoas executavam o trabalho, ficava possível notar as diferenças entre os sistemas nas relações do mesmo. Alguns alunos expuseram suas realidades agrícolas e relataram o trabalho com tratores e colhedeiras - então rapidamente tiraram suas conclusões. O sistema de trabalho nas propriedades pôde ser compreendido por meio da observação das histórias individuais. Assim, o relato da vida no campo dessa época deixa vislumbrar a forma de trabalho, as relações sociais e cooperação. Segundo o agricultor Paulo Homiak.

O dia da maiança era também dia de festa. Preparava-se um banquete com frango caipira ao molho, polenta, virado de feijão bem temperado e engraxado com banha de porco, carnes, arroz crioulo, saladas do quintal, vinho, e aquela branquinha pura de alambique, que ajudava a tirar o pó da garganta e aquecia os peões para o trabalho.

Percebeu-se que, desde o início do século XX, em geral os agricultores ficavam expostos à especulação de vendedores ―picaretas‖, um tipo de comerciante atravessador que comprava o feijão, a cebola, a erva-mate, os porcos, enfim seus produtos agrícolas a preços injustos e exploratórios. Desta forma pôde-se dizer que o espaço agrário foi formado, transformado e emoldado de acordo com os interesses econômicos de alguns comerciantes de produtos e terras agrícolas. Na segunda metade do século XX, entraram algumas empresas capitalistas do ramo fumageiro, como a Souza Cruz. Alguns dos trabalhos foram relatados nas associações de pequenos agricultores. Estas foram organizadas no início do ano 2000 direcionadas para o aperfeiçoamento técnico produtivo. A importância de organização em grupos sociais a fim de ficarem mais fortes perante o mercado de venda de seus produtos foi boa, mas as associações se tornaram grupos sociais para participar das festividades do evento de gincana dos agricultores. E ao mesmo tempo ligados fortemente à produção de fumo. Também foi relatado sobre a feira do agricultor como alternativa, a qual foi criada para vender produtos agrícolas obtidos de forma agroecológica. Os agricultores entrevistados disseram sobre as dificuldades de se manter no ramo, já que a competição com o comércio do supermercado local é muito desigual e as garantias de comercialização de seus produtos são incertas. Quando questionados se poderiam criar uma organização livre da indústria de tabaco, rapidamente argumentam que não. Contam que já houve tentativas principalmente por parte da Emater – PR para criar oportunidades alternativas como a produção de casulos do bicho da seda, fruticultura, hortaliças, leite, agroindústria, mas todos tiveram um ciclo curto e passageiro. Referente essa abordagem da temática agrícola ficou evidente, na expressão dos alunos e alunas, uma reação diversificada; uns indiferentes, outros esboçaram suas dúvidas, mas houve aqueles que questionaram a importância da história das pessoas para construir o futuro e ainda outros que estabeleceram comparações da vida relatada antigamente com o cotidiano atual dos guamiranguenses.

Houve também aqueles que ficaram indiferentes ao assunto e simplesmente ouviram sem se manifestar. Mas a maioria se apresenta incomodada com as condições sócio econômicas da população, se mostram pessimistas e afirmam não haver boas possibilidades para as novas gerações empreenderem negócios ou prosperarem na agricultura por falta de espaço, oportunidades de recursos e formação e assim ficarem no município. No entanto, os alunos reconhecem a importância do trabalho dos povos que construíram durante a história do município, um legado de valores e bens patrimoniais. Houve vários questionamentos por parte dos estudantes e um deles foi referente aos relatos sobre as trilhagens dos cereais colhidos. A percepção dos alunos ficou melhor quando observaram os instrumentos usados para fazer isso nos tempos coloniais. No caso ―o chipe‖ foi um dos primeiros instrumentos relatados. A seguir seguem alguns trechos dos agricultores Paulo Homiak e Vitor Marconato Homiak:

A safra era preparada com muito zelo, contando com a força dos braços. Depois de plantada, rezava-se para Deus preservá-la contra as geadas e o granizo. Quando estava no ponto para colher, apressava-se a salvá-la das chuvas. Para facilitar o trabalho, juntavam-se os vizinhos e parentes em mutirão. Havia solidariedade nas reunidas da vizinhança. Todos gostavam de ajudar. Fosse pelo gosto do trabalho em grupo, fosse pela certeza de que receberiam o mesmo auxílio alguns dias depois.

Na écada de 1970 o chipe foi substituído pela trilhadeira motorizada e por fim vieram as colhedeiras automotivas. Os alunos puderam questionar sobre a substituição da mão de obra braçal pelas máquinas e assim ouviram vários argumentos dos produtores. Um deles foi a necessidade de inovar perante as mudanças no sistema produtivo que antes tinha custo mais baixo para produzir, porém rendia pouca produtividade, agora a tecnologia permite produzir bastante porem exige mais investimentos tecnológicos. Houve alunos que questionaram a importância das histórias e objetos antigos da comunidade, já que as coisas mudaram. Na verdade há um preconceito com relação a própria história que deve ser valorizada, pois foram os antepassados que evoluíram e construíram as coisas como estão hoje. Na última etapa os alunos apresentaram seus trabalhos em seminários usando computador e data show. Entrevistas, narração produzida e editada, fotos intercaladas com vídeos associada com música no contexto dos dados. Alguns vídeos foram mais elaborados outros menos. Após assistir as apresentações houve comentários e instruções de edição direcionadas aos alunos e seus respectivos trabalhos. Assim, como observar a técnica de fazer os vídeos, analisou-se as impressões deixadas pelos agricultores.

III - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudantes puderam produzir bons materiais de pesquisa através das fotografias uma vez que essa ação não requereu formação profissional ou conhecimentos apurados para tanto. Basta um pouco de conhecimento técnico sobre os aparelhos fotográficos e a percepção da paisagem iluminada a ser fotografada. Alves (2004) afirma que ―por vezes, o básico conhecimento sobre a luz e seu registro na fotografia e a familiaridade com a ferramenta (a câmera fotográfica) são os únicos requisitos para boas fotografias‖ (p. 22 ). Por meio da experiência docente com os estudantes do ensino médio foi possível observar que a produção de fotografias constitui um importante recurso didático, que pode ainda contribuir na formação de conceitos geográficos básicos e levar os estudantes a entender as relações sócio-espaciais que existiram e aquelas que ocorrem no presente; além de despertar no aluno o desejo de aprender mais com a linguagem visual. A leitura do espaço pela fotografia tornou as aulas mais interessantes e prazerosas, levando os alunos a buscarem outras fontes para aprofundar seus conhecimentos. Os trabalhos foram realizados com os adolescentes e se mostrou bem satisfatório mesmo com empecilhos técnicos, mas houve produção de conhecimento. Esses resultados foram debatidos no GTR (Grupo de Trabalho em Rede). Este faz parte das atividades do Programa PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional) e consiste na interação dos professores da rede de educação por meio da internet, e tem a finalidade de efetivar o processo de formação continuada promovido pela SEED - PR. Assim foi possível fazer a comunicação com os professores da rede pública e discutir o Plano de

Trabalho e o Material Didático do PDE. O intercâmbio com os colegas foi importante, pois vários professores puderam contribuir com as reflexões de suas respectivas escolas e assim subsidiaram a construção deste artigo. Compartilhar, discutir, buscar constantemente os saberes geográficos constitui um dos papeis dos profissionais da geografia. Como área do conhecimento comprometida em tornar o mundo compreensível, a Geografia deve envidar esforços no sentido de empreender um ensino para que o aluno, ao se apropriar do conhecimento, possa ler e interpretar criticamente o espaço, sem deixar de considerar a diversidade das temáticas geográficas e suas diferentes formas de abordagens, Mussoi (2008 p. 06). Poder avaliar os alunos e alunas se torna algo muito nobre no ramo da educação e curtir sua vibração que, presenciando o momento das apresentações dos trabalhos finais, podiam ver o resultado dos seus esforços, se torna algo muito nobre no ramo da educação. Notar naqueles que não fizeram tanto empenho para realizar as tarefas, mas assistiram o sucesso dos demais que fizeram interesse e de certa forma tornaram a motivar-se a produzir algo ainda não feito, o conhecimento, ou seja, é algo muito compensador. Ao fim das atividades, pôde-se ver que às vezes ainda vale muito a velha cadernetinha de anotações para as entrevistas e que ainda falta amadurecer as ideias quanto às tecnologias que são essenciais hoje mas que necessitam de um funcionamento sistemático para dar certo. E percebe-se na sociedade e na educação uma vontade muito grande de estar preparado e usando os recursos modernos de comunicação. As TICs funcionam num sistema integrado com muitas engrenagens articuladas. Mas nota-se que ainda falta bastante para estar preparado e colocar todas as engrenagens para se mover.

REFERENCIAS

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