NAYARA PAGANINI TOSCANO

CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA E ACÚSTICA DE POPULAÇÕES DE (ANURA, ): IMPLICAÇÕES TAXONÔMICAS.

CAMPINAS 2015

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Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Biologia Gustavo Lebre de Marco - CRB 8/7977

Toscano, Nayara Paganini, 1989- T639c TosCaracterização morfológica e acústica de populações de Ischnocnema (Anura, Brachycephalidae) : implicações taxonômicas / Nayara Paganini Toscano. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

TosOrientador: Ariovaldo Antonio Giaretta. TosDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia.

Tos1. Anfíbio - Classificação. 2. Anura. 3. bioacústica. 4. Diversidade de espécies. I. Giaretta, Ariovaldo Antonio. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Biologia. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Morphological and acoustic characterization of populations of Ischnocnema (Anura, Brachycephalidae) : taxonomic implications Palavras-chave em inglês: - Classification Anura bioacoustic Species diversity Área de concentração: Biodiversidade Titulação: Mestra em Biologia Animal Banca examinadora: Ariovaldo Antonio Giaretta [Orientador] Luis Felipe de Toledo Ramos Pereira Célio Fernando Baptista Haddad Data de defesa: 19-06-2015 Programa de Pós-Graduação: Biologia Animal

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RESUMO

Os anuros atualmente somam cerca de 6450 espécies, dentre as quais aproximadamente 988 ocorrem no Brasil, sendo este o país que apresenta a maior diversidade de espécies, com 534 espécies endêmicas e é o quarto país com o maior número de espécies ameaçadas. Dados morfológicos e acústicos são complementares à taxonomia e sistemática do grupo e, portanto, nos gera suporte para aumentar nosso conhecimento sobre a biodiversidade. A família Brachycephalidae é uma das quatro do clado terrarana e atualmente subdivide-se em dois gêneros: Brachycephalus e Ischnocnema. O gênero Ischnocnema é composto por cerca de 30 espécies, as quais se distribuem na porção central e sul do Brasil, norte da Argentina e possivelmente no Paraguai e subdividem-se em quatro grupos: o de I. guentheri, de I. lactea, de I. parva e de I. verrucosa. A diagnose dos grupos de Ischnocnema é ainda confusa, com grupos possuindo espécies com características muito variáveis, necessitando uma melhor caracterização morfológica. As vocalizações de espécies deste gênero são pouco conhecidas, com aproximadamente 42% das espécies com cantos de anúncio descritos. Neste projeto avaliamos a posição taxonômica de duas populações de Ischnocnema as quais se localizam 1) na Chapada dos Veadeiros, município de Alto Paraíso de Goiás, Goiás e 2) no Parque Estadual da Serra do Itapetinga, município de Atibaia, São Paulo. Além disso, aumentamos a base de dados acústicos e morfológicos de Ischnocnema penaxavantinho e dados acústicos de I. juipoca para fins comparativos e melhoramos a caracterização de I. penaxavantinho. Nossos resultados indicaram a existência de duas novas espécies as quais precisam ser formalmente descritas.

Palavras-Chave: Brachycephalidae, Ischnocnema, bioacústica, espécies crípticas.

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ABSTRACT

Anurans nowadays reached about 6450 species, among them approximately 988 occur in Brazil and it’s the country with the biggest diversity of species, with 534 endemic species and is the fourth country with the biggest number of threatened species. Morphological and acoustic data are complementary to and systematic of this group and support us raise our knowledgement about . The Brachycephalidae family is one of the four families of terrarana clade and it is currently subdivided in two genus: Brachycephalus and Ischnocnema. Ischnocnema genus contains about 30 species, distributed at central and southern portions of Brazil, north of Argentina and possibly in Paraguay and subdivided in four groups: of I. guentheri, of I. lactea, of I. parva and of I. verrucosa. Ischnocnema groups diagnose is still confusing, with groups having species with very variables characteristics, in need of a better morphological characterization. These species vocal calls are poorly know, being the described advertisement calls present in approximately 42% of species from this genus. In this project we evaluated the taxonomic position of two potentially new populations of Ischnocnema, located in 1) at Chapada dos Veadeiros, Alto Paraíso de Goiás municipality, Goiás state and 2) at Parque Estadual da Serra do Itapetinga, Atibaia municipality, São Paulo state. Furthermore, we have increased the acoustic and morphological database of Ischnocnema penaxavantinho and acoustic data of I. juipoca for comparative purposes and have improved the characterization of I. penaxavantinho. Our results indicated the existence of two new species which need to be formally described.

Key-words: Brachycephalidae, Ischnocnema, bioacoustic, criptical species.

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SUMÁRIO

RESUMO ...... vii

ABSTRACT ...... ix

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...... xix

LISTA DE TABELAS ...... xxi

1. INTRODUÇÃO ...... 01

1.1. Introdução Geral ...... 01

1.2. Caracterização do grupo problema - populações e espécies de Ischnocnema (Anura,

Brachycephalidae) ...... 03

2. JUSTIFICATIVA ...... 05

3. OBJETIVOS ...... 06

4. MATERIAL E MÉTODOS ...... 06

4.1. Material ...... 06

4.2. Métodos de Coleta e Análises Morfométrica e Acústica ...... 06

5. RESULTADOS ...... 10

5.1. Avaliação da posição taxonômica de uma população de Ischnocnema proximamente relacionada à I. penaxavantinho e I. juipoca ...... 10

5.2. Posição taxonômica de uma população de Ischnocnema pertencente ao grupo I. lactea...... 31

6. DISCUSSÃO ...... 42

6.1. O grupo de e a Anurofauna da Chapada dos Veadeiros...... 42

6.2. Considerações adicionais sobre a espécie Ischnocnema sp. (Atibaia) e o Parque Florestal do Itapetinga...... 43

7. CONCLUSÃO ...... 44

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...... 45

APÊNDICES ...... 52

Apêndice 1 – Arquivos sonoros que representam a base de dados acústicos do projeto ...... 52

Apêndice 2 – Arquivos sonoros analisados pertencentes a outras coleções ...... 53

Apêndice 3 – Detalhamento dos espécimes examinados ...... 54

Apêndice 4 – Detalhamento dos dados de coleta dos arquivos sonoros figurados ...... 55

Apêndice 5 – Script usado para a geração de figuras sonoras no pacote R ...... 55

Apêndice 6 – Script utilizado para as análises no pacote R ...... 56

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Dedico este trabalho aos meus pais, que apoiaram a minha escolha de realizar uma pós- graduação.

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Agradecimentos

Agradeço primeiramente ao meu orientador, Prof. Dr. Ariovaldo A. Giaretta, pela paciência em compartilhar seu conhecimento e por confiar uma parte de sua base de dados a mim. Minha visão sobre taxonomia evoluiu muito com este trabalho. Ao Instituto de Biologia e à Pós-graduação em Biologia Animal. Aos professores deste Instituto, em particular àqueles que contribuíram com sugestões no trabalho ao participarem das etapas de qualificação, pré-banca e banca: Profa. Dra. Luciana Bolsoni, Profa. Dra. Michela Borges, Prof. Dr. André Freitas, Dr. Lucas Forti, Prof. Dr. Célio Haddad, Dra. Bianca Berneck, Dra. Thaís Condez e em especial ao Prof. Dr. Luís Felipe de Toledo, por também nos ter gentilmente cedido o espaço de seu laboratório. Ao ZUEC e à Karina Rebelo por disponibilizarem material para consulta e uso do espaço. Ao Museu Nacional e a Fonoteca por cederem algumas gravações de suas respectivas coleções. À Capes, pela bolsa concedida. Ao Laboratório de Cornell pela licença de uso do programa Raven Pro. Ao ICMBio pela licença de coleta. Aos amigos do Laboratório de Taxonomia, Ecologia Comportamental e Sistemática de Anuros (Lissamphibia) Neotropicais, da Universidade Federal de Uberlândia, pelo auxílio nas gravações e coletas, pelo compartilhamento de materiais relevantes ao nosso estudo, em particular aos amigos Felipe Andrade e Isabelle Haga que compartilharam comigo, além de conhecimento, também os desafios da pós-graduação, e ao Thiago Kashi, pela disponibilidade e atenção prestadas desde a minha entrada no lab. Aos amigos de Campinas, Renan, Nany, Gui, Welli, Mari, Rafa, Carlos, Ive, Marcela, em especial à minha ‘mana’ Helô que me acolheu em Campinas, me apresentou a tanta gente linda e tornou minha estadia nesta cidade melhor do que eu esperava. Aos amigos de Rio Claro, Mão, Fii, Momo, Lu, pelo acolhimento, pelas visitas, em especial à minha “irmã gema” Pedrita, pelo abrigo. Às também amigas de graduação, Mariana Nery e Ju Padilha, com as quais tive o prazer de dividir o tempo, espaço e inquietudes desta pós-graduação. Aos amigos de Mococa, Caio, Linneu, Thiaguim, minhas abigans do coração Tássia, Paula, Andi, Pri, Glau, Fê, Helô e Gabi por sempre me motivarem e fazerem questão de

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diminuir as distâncias espaciais. Ao amigo Lucio Melo, pelas madrugadas gastas em edições de imagens, pelo carinho e por adicionar mais poesia aos meus dias. Por fim agradeço à minha família que é meu porto seguro. Meus pais por sempre me apoiarem e me darem o seu melhor; minha irmã Camila pela companhia nas atividades cotidianas e por dividir comigo sua visão de mundo diferente da minha; meu irmão Rafael por me ensinar a ter foco e determinação e a sempre almejar objetivos maiores; ao meu cunhado Marcelo pelas incontáveis caronas (e incontáveis cafezinhos também!), às vezes antecipando seu horário de saída e alterando sua rota para poder me deixar na Unicamp; ao meu sobrinho Iago por dividir comigo sua sabedoria infantil e despretensiosa, sua empolgação por pequenas coisas e praticar inglês comigo (rs!); ao meu pit Bhaskar, pelo seu carinho e amor incondicional. Gratidão a todos! Tenham a certeza de que contribuíram para o meu crescimento profissional e pessoal!

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“O SAPO Buda no bueiro, assim imagino o sapo, o silêncio é de barqueiro e o jeito é de sapato.

Nada de guerreiro neste filósofo agachado, mas Chaplin de traseiro ou eu por mim achado.”

(Getúlio Cardozo, 1996)

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Lista de ilustrações

Fig. 1 – Machos adultos em vida de duas das espécies de Ischnocnema estudadas. À esquerda I. penaxavantinho (Uberlândia, MG) e à direita Ischnocnema sp. (Veadeiros, GO). Escala aproximadamente igual a 5 mm ...... 14

Fig. 2 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) do espécime referencial principal (AAG 3330) de Ischnocnema sp. da Chapada dos Veadeiros, GO. CRC = 17,3 m ...... 15

Fig. 3 – Espécime referencial principal (AAG 3330) de Ischnocnema sp. da Chapada dos Veadeiros, GO. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar esquerda e D – Face palmar esquerda ...... 16

Fig. 4 – Boxplot das variáveis de maior importância (significativamente diferentes, p < 0,05) na discriminação entre as populações considerando os dados de morfometria. Os círculos representam outliers ...... 19

Fig. 5 – Gráfico de densidade do eixo I da Analise de Discriminante (“dapc”) sobre os dados de morfometria. Azul – Ischnocnema penaxavantinho, Vermelho – indivíduos da população da Chapada dos Veadeiros ...... 20

Fig. 6 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) dos cantos de anúncio das três populações de Ischnocnema do grupo de I. verrucosa estudadas. A – I. juipoca, B – I. penaxavantinho e C – Ischnocnema sp. (Veadeiros) ...... 22

Fig. 7 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) mostrando a microestrutura dos dois últimos pulsos dos cantos de anúncio das três populações de Ischnocnema do grupo de I. verrucosa estudadas. A – I. juipoca, Campinas/SP, ar 23°C; B – I. penaxavantinho, Uberlândia/MG, ar 22°C e C – Ischnocnema sp. (Veadeiros), Chapada dos Veadeiros/GO, ar 21°C ...... 23

Fig. 8 – Boxplot das variáveis de maior importância (significativamente diferentes, p < 0,05) na discriminação entre as espécies considerando-se os dados acústicos. Os círculos representam outliers ...... 25

Fig. 9 – Gráfico dos dois primeiros eixos da Função Discriminante (“dapc”) sobre oito componentes principais considerando-se os dados acústicos ...... 26

Fig. 10 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) de um topótipo macho adulto de Ischnocnema penaxavantinho AAG 1890. CRC = 17,8 mm ...... 29

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Fig. 11 – Topótipo de Ischnocnema penaxavantinho Macho AAG 1890. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar esquerda e D – Face palmar direita ...... 30

Fig. 12 – Vista dorsal (acima) e ventral (abaixo) de machos adultos de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. Da esquerda para a direita: AAG 1858, CRC = 16,3 mm; AAG 1859, CRC = 14,77 mm e AAG 1860, CRC = 14,48 mm ...... 34

Fig. 13 – Machos adultos em vida de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. De cima para baixo: AAG 1858, CRC = 16,3 mm; AAG 1859, CRC = 14,77 mm e AAG 1860, CRC = 14,48 mm ...... 35

Fig. 14 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) do espécime referencial principal (AAG 1858) de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. CRC = 16,3 mm ...... 36

Fig. 15 – Espécime referencial principal (AAG 1858) de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar direita e D – Face palmar direita ...... 37

Fig. 16 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) de um canto de anúncio de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. A – Ampliação da primeira parte do canto (contorno em azul) e B – Ampliação da segunda parte do canto (contorno em vermelho). Espécime voucher AAG 1858...... 39

Fig. 17 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) dos cantos de anúncio das espécies de Ischnocnema que ocorrem no Parque do Itapetinga, Atibaia/SP. A – I. juipoca, B – I. henselii e C – I. parva ...... 41

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Morfometria (em mm) de machos adultos de duas das populações de Ischnocnema estudadas (Média ± desvio padrão, amplitude entre parênteses). n = número de indivíduos amostrados. Veadeiros = Chapada dos Veadeiros (GO) ...... 18

Tabela 2 – Variáveis acústicas analisadas das três populações relacionadas. Valores de média ± desvio padrão e amplitude entre parênteses ...... 27

Tabela 3 - Medidas de indivíduos adultos da população de Ischnocnema sp. (Atibaia) (Média ± desvio padrão, amplitude entre parênteses). n = número de indivíduos amostrados ...... 38

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução Geral

Os Anura estão distribuídos em todos os continentes, exceto na Antártida, em muitas ilhas oceânicas e em latitudes extremas (Frost, 2014). Os anuros conhecidos atualmente somam cerca de 6450 espécies (Frost, 2014), dentre as quais aproximadamente 988 ocorrem no Brasil (Segalla et al., 2014), sendo este o país que apresenta a maior diversidade de espécies (IUCN, 2008; Amphibia Web, 2015), com 534 delas endêmicas, e é o quarto país com o maior número de espécies ameaçadas (IUCN, 2008). A taxonomia, ciência em que os grupos naturais são identificados, descritos, nomeados e classificados (Kaiser et al., 2013) é o alicerce das pesquisas em Biodiversidade. A morfologia é um critério tradicionalmente usado na descrição de espécies (de Queiroz, 2007), através de características como padrões de coloração e morfometria (Targino & Carvalho-e-Silva, 2008; Targino et al., 2009; Canedo et al., 2012), porém, ela pode ser limitante, principalmente em alguns grupos com forma muito conservada, resultando na chamada diversidade críptica (espécies muito parecidas morfologicamente), em que as espécies só podem ser diferenciadas a partir de outras bases de dados, tais como acústicos, moleculares e comportamentais (Bickford et al., 2007). Entre os anuros, a principal forma de comunicação é a acústica, com a maioria das espécies dispondo de estruturas vocais bem desenvolvidas (e.g. saco vocal) capazes de produzir/modular sons que servem a diferentes funções (Duellman & Trueb, 1986; Narins et al., 2007). Levando-se em conta o contexto social de emissão do canto, as espécies podem apresentar um amplo repertório vocal (Toledo et al., 2014), os quais são importantes para que se entenda seu comportamento. Os sinais acústicos mais comumente usados na comunicação dos anuros são atualmente divididos em três categorias, de acordo com o contexto social em que são emitidos: canto reprodutivo, agressivo e defensivo (Toledo et al., 2014). O canto de anúncio é o mais estudado e insere-se na categoria de canto reprodutivo (Toledo et al., 2014), sendo o principal sinal emitido pelos machos durante a estação reprodutiva, com a função de atrair fêmeas coespecíficas receptivas (Duellman & Trueb, 1986; Wells, 2007) e também de alertar outros machos com relação à sua posição, considerado um mecanismo primário de isolamento reprodutivo (Narins et al., 2007; Wells, 2007). Na categoria de canto agressivo o canto territorial é o mais conhecido, e é emitido quando um macho está defendendo um recurso (e.g. 2 local de oviposição, alimento) (Toledo et al., 2014). No caso de cantos defensivos o anuro emite o sinal com a função principal de afugentar o predador e fazer com que ele desista do ataque (Toledo & Haddad, 2009). Muitos dados sobre o canto são apresentados dentro de trabalhos taxonômicos (e.g. espécies novas) (Giaretta et al., 2007; Heyer & Giaretta, 2009; Giaretta & Martins, 2009; Magrini & Giaretta, 2010) e, principalmente os cantos de anúncio, são um elemento importante na determinação de espécies crípticas. Animais que possuem comunicação não visual (e.g. sinais acústicos ou químicos) não necessariamente precisam se diferenciar em suas características morfológicas, sendo mais comum nesses tipos de animais a descoberta de espécies crípticas (Bickford et al., 2007). Atualmente, a necessidade de uma abordagem integrativa em taxonomia (sensu Dayrat, 2005) tem sido enfatizada, e muitas vezes ela é essencial para trazer à tona a diversidade real de determinados grupos. Trabalhos taxonômicos integrativos recentes em anuros (e.g. Glaw et al., 2010; Caminer & Ron, 2014) têm mostrado uma alta diversidade críptica de espécies, e a utilização de bases de dados adicionais à morfologia tem gerado um aumento no número de espécies descritas na atualidade. Nesse contexto, a taxonomia integrativa aparece com o desafio de incorporar os desenvolvimentos conceituais e metodológicos (como por exemplo, dados moleculares recentes), com o objetivo de melhorar a descoberta e descrição de espécies, e também fazer com este processo seja menos demorado e mais preciso (Padial et al., 2010). Conhecer a composição biológica dos ecossistemas é importante para a sua conservação. Vários biomas que abrigam grande biodiversidade e espécies endêmicas tem sua vegetação drasticamente alterada devido a atividades humanas (Morellato & Haddad, 2000), o que gera a perda do habitat e, consequentemente, seu declínios populacionais ou até sua extinções (Myers et al., 2000), podendo as espécies terem se extinguido mesmo antes de serem descobertas (Haddad & Prado, 2005). Dentre os vertebrados terrestres, os anuros são considerados o grupo cujas espécies estão sob a maior ameaça de extinção nas próximas décadas (Wells, 2007). Para se ter uma ideia deste cenário, Stuart et al. (2004) reportou que 43% das espécies de anfíbios está sofrendo alguma forma de declínio populacional, com cerca de 33% das espécies estando globalmente ameaçadas e que 122 espécies já se encontram possivelmente extintas. Além disso, segundo estes autores, a maioria das perdas seria recente, tendo ocorrido a partir dos anos 1980.

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No presente trabalho avaliamos a posição taxonômica de duas populações de Anura do gênero Ischnocnema que potencialmente são novas para a ciência, as quais se localizam 1) na Chapada dos Veadeiros, município de Alto Paraíso de Goiás, Goiás e 2) no Parque Estadual da Serra do Itapetinga, município de Atibaia, São Paulo. Nossa base de dados contempla essencialmente morfologia e canto.

1.2. Caracterização do grupo problema - populações e espécies de Ischnocnema (Anura, Brachycephalidae)

Baseados em dados de sequência de ADN e dados morfológicos Frost et al. (2006) propuseram novas relações filogenéticas para todos os anfíbios e um dos resultados foi a realocação de 17 gêneros de Eleutherodactylinae para a família Brachycephalidae. A maioria das espécies de Eleutherodactylidae do sudeste do Brasil, com exceção de Haddadus binotatus e H. plicifier, foi incluída no gênero Ischnocnema Reinhardt & Lütken, 1862 (Heinicke et al., 2007). A família Brachycephalidae é uma das quatro famílias do clado Terrarana, caracterizado pela distribuição restrita aos Neotrópicos e pela reprodução terrestre e desenvolvimento direto (Hedges et al., 2008). Atualmente essa família subdivide-se em dois gêneros: Brachycephalus e Ischnocnema (Hedges et al., 2008). Como presentemente definido, o gênero Ischnocnema é composto por cerca de 30 espécies, as quais se distribuem na porção central e sul do Brasil, norte da Argentina e possivelmente no Paraguai (Frost, 2014). O nome do gênero é derivado do grego ‘ischnos’, significando delgado e ‘kneme’, significando panturrilha (Hedges et al., 2008), porém, esse nome não faz de fato alusão de algo distintivo do táxon. As espécies do gênero Ischnocnema atualmente subdividem-se em quatro grupos: o de I. guentheri (Steindachner, 1864), I. lactea (Miranda-Ribeiro, 1923), I. parva (Girard, 1853) e I. verrucosa (Reinhardt & Lütken, 1862) (Canedo & Haddad, 2012; Padial et al., 2014). O grupo de I. ramagii (Hedges et al., 2008) foi retirado da família Brachycephalidae, passando a pertencer à família Craugastoridae, e as espécies pertencentes a este grupo (I. paulodutrai e I. ramagii) passaram a pertencer ao gênero Pristimantis (Canedo & Haddad, 2012). Outra espécie também foi realocada no gênero Pristimantis, I. vinhai (grupo I. guentheri) e I. bilineata foi realocada dentro da sub-família Holoadeninae, como “” bilineatus (insertae sedis) (Canedo & Haddad, 2012).

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O grupo de I. guentheri é composto por I. epipeda (Heyer, 1984), I. erythromera (Heyer, 1984), I. gualteri (Lutz, 1974), I. guentheri (Steindachner, 1864), I. henselii (Peters, 1870), I. hoehnei (Lutz, 1958), I. izecksohni (Caramaschi & Kisteumacher, 1989), I. nasuta (Lutz, 1925), I. octavioi (Bokermann, 1965), I. oea (Heyer, 1984) e I. venancioi (Lutz, 1958). Caracteriza-se por abrigar espécies com corpo moderadamente delgado com longas pernas, sendo o comprimento da tíbia normalmente maior que 60% do comprimento rostro-cloacal (Hedges et al., 2008), com focinho acuminado em vista dorsal e membrana timpânica diferenciada (Hedges et al., 2008). O grupo de I. lactea é composto por I gehrti (Miranda-Ribeiro, 1926), I. holti (Cochran, 1948), I. concolor Targino, Costa & Carvalho-e-Silva, 2009, I. lactea (Miranda-Ribeiro, 1923), I. manezinho (Garcia, 1996), I. nigriventris (Lutz, 1925), I. paranaensis (Langone & Segalla, 1996), I. randorum (Heyer, 1985), I. sambaqui (Castanho & Haddad, 2000), I. spanios (Heyer, 1985), I. melanopygia Targino, Costa & Carvalho-e-Silva, 2009 e I. vizottoi Martins & Haddad, 2010. Abriga espécies com pernas mais curtas indiferenciadas em termos de comprimento, geralmente a tíbia medindo menos que 50% do comprimento rostro-cloacal (Hedges et al., 2008). Focinho sub-acuminado em vista dorsal (Hedges et al., 2008). Os discos dos dedos são esferoides e notavelmente maiores que os discos das espécies de outros grupos, exceto para I. bolbodactyla e I. abdita, que pertenciam a este grupo e agora pertencem ao grupo I. verrucosa (Canedo & Haddad, 2012). O grupo de I. parva é composto por I. parva (Girard, 1853), I. pusilla (Bokermann, 1967) e I. nanahallux Brusquetti, Thomé, Canedo, Condez & Haddad, 2013. Espécies de corpo robusto e pernas curtas, com a tíbia sendo menor do que 50% do comprimento rostro-cloacal (Hedges et al., 2008). O focinho é arredondado em vista dorsal (Hedges et al., 2008). Os discos dos dedos das mãos são esféricos em forma de gota (Canedo & Haddad, 2012). O grupo de I. verrucosa é composto por I. abdita Canedo & Pimenta, 2010, I. bolbodactyla (Lutz, 1925), I. juipoca (Sazima & Cardoso, 1978), I. karst Canedo, Targino, Leite & Haddad, 2012, I. penaxavantinho Giaretta, Toffoli & Oliveira, 2007, I. surda Canedo, Pimenta, Leite & Caramaschi, 2010 e I. verrucosa (Reinhardt & Lütken, 1862). Caracterizada pelo dorso verrucoso, possuem focinho sub-acuminado em vista dorsal (Hedges et al., 2008). Contudo, a diagnose dos grupos e espécies de Ischnocnema é ainda confusa, com grupos possuindo espécies com características muito variáveis, sendo necessária uma melhor caracterização morfológica e da variação intraespecífica. Por exemplo, nas análises de Canedo

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& Haddad, 2010, I. manezinho e I. sambaqui não se agrupam com outras espécies do grupo I. lactea, formando um clado a parte de todas as espécies conhecidas. Ainda neste grupo I. gehrti e I. paranaensis também não se relacionam com as demais espécies. Por outro lado há espécies muito similares, que podem até serem consideradas sinônimas, como I. izecksohni e I. nasuta (Taucce et al., 2012). As vocalizações de espécies deste gênero são ainda pouco conhecidas, com aproximadamente 42% das espécies com cantos de anúncio descritos (Sazima & Cardoso, 1978; Heyer, 1984; Heyer, 1990; Pombal & Cruz, 1999; Castanho & Haddad, 2000; Giaretta et al., 2007; Oliveira et al., 2008; Conte et al., 2010; Martins & Haddad, 2010; Pombal, 2010; Taucce et al., 2012; Berneck et al., 2013; Hepp & Canedo, 2013) e 12% de espécies com cantos caracterizados como agressivos publicados (Kwet & Solé, 2005; Berneck et al. 2013; Hepp & Canedo, 2013).

2. JUSTIFICATIVA

Preliminarmente observamos que os espécimes da população da Chapada dos Veadeiros se parecem mais com e I. penaxavantinho porém, ambas espécies não são reconhecidas para uma localidade tão ao norte, havendo apenas um breve registro de uma espécie do grupo (I. juipoca) para Goiás (Bastos & Pombal, 2001; Morais et al. 2012). Mais consensualmente, Ischnocnema juipoca tem uma distribuição conhecida para a Serra da Mantiqueira e para a Serra do Espinhaço (Frost, 2014) e I. penaxavantinho para a região do Triângulo Mineiro (Giaretta et al., 2007). A população de Atibaia (referida como I. cf. spanios em Giaretta & Facure, 2008) parece ser mais de perto relacionada com I. randorum e I. spanios, ambas conhecidas apenas das localidades tipo (IUCN, 2008; Frost, 2014), no município de Boracéia/SP, Mata Atlântica, no entanto, nenhuma destas espécies é conhecida para a Serra da Mantiqueira. Aqui avaliamos a posição taxonômica dessas duas populações (da Chapada dos Veadeiros, GO e de Atibaia, SP) com a perspectiva de que estas podem representar um aumento significativo da distribuição de espécies conhecidas ou mesmo representarem espécies novas.

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3. OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a posição taxonômica de duas populações de Ischnocnema (Ischnocnema sp. (Veadeiros) e Ischnocnema sp. (Atibaia)), primariamente com base em morfologia e cantos, e oportunamente nominá-las caso representem espécies novas. Para fins comparativos, reavaliamos dados de morfologia e canto de I. penaxavantinho e de canto de I. juipoca com base em novos dados (morfologia e canto) coletados.

4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. MATERIAL

Espécimes e cantos das populações problema foram coletados e gravados na Chapada dos Veadeiros, município de Alto Paraíso de Goiás, GO, e no Parque Florestal do Itapetinga, município de Atibaia, SP. Dados inéditos de canto de outras três espécies (Ischnocnema penaxavantinho, I. juipoca, I. bolbodactyla) também foram analisados. A principal base de dados acústicos consultada foi a da coleção de Anuros da Universidade Federal de Uberlândia (AAG-UFU); arquivos sonoros analisados nos Apêndices 1 e 2. Os espécimes examinados pertencem à coleção de Anuros da Universidade Federal de Uberlândia (AAG-UFU) e à coleção do Museu de Zoologia da Unicamp (ZUEC) e estão detalhados no Apêndice 3.

4.2. MÉTODOS

Os espécimes das populações problema foram coletados em campo e foram mortos com xilocaína 5%, fixados com formol 10% e armazenados em álcool 70%. Foram coletadas amostras de tecidos para análises genéticas, porém, destas ainda não foi possível se obter sequencias de ADN.

Morfometria

Medidas corporais foram tomadas com o paquímetro digital (0,01 mm) Mitutoyo, modelo CD-6" CX ou com ocular micrométrica sob estereomicroscópio Zeiss modelo KL2500 LCD. Os machos foram identificados por terem sido coletados cantando e/ou pela presença de fendas vocais e/ou sacos vocais externos.

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Foram tomadas as seguintes medidas (em mm), de acordo com Lynch & Duellman (1997): Comprimento Rostro-Cloacal (CRC), Comprimento da Cabeça (CC), Largura da Cabeça (LCA), Diâmetro do Olho (DO), Distância Internasal (DI), Distância entre os Olhos e as Narinas (DON), Diâmetro do Tímpano (DT), Comprimento da Mão (CM), Largura máxima do Terceiro Disco do Dedo da Mão (L3D), Largura Máxima do Quarto Disco do Dedo do Pé (L4D), Comprimento da Tíbia (CT), Comprimento do Fêmur (CF), Comprimento dos Pés (CP). Para Ischnocnema sp. (Veadeiros) e I. penaxavantinho medimos também o comprimento da cabeça considerando-se a distância do Focinho até a borda posterior do Tímpano (CCTímp). O formato do focinho em vistas dorsal e lateral e o padrão dos tubérculos seguem Heyer et al. (1990) e referências ao saco vocal seguem Cei (1980). A coloração em vida foi baseada em fotografia de alta resolução de seis indivíduos da população de Veadeiros e de três indivíduos da população de Atibaia, e a coloração em preservativo foi baseada nos espécimes tombados. Para fins comparativos foram tomadas as mesmas medidas de 14 topótipos machos de Ischnocnema penaxavantinho. Em relação a I. juipoca, foi medido o CRC de sete machos adultos.

Dados acústicos

Para o registro dos cantos foram utilizados os gravadores digitais Marantz PMD 670 (microfone Sennheiser ME67), Marantz PMD 671 (Sennheiser ME67) e MicroTrack II (Sennheiser ME66), ajustados para 44.100 Hz e 16 bit. As variáveis analisadas para a descrição das vocalizações, que seguem essencialmente Duellman & Trueb (1986) e Gerhardt & Ruber (2002), foram: Duração do Canto, Intervalo entre Cantos, Pico de Frequência Dominante, Frequência Máxima, Frequência Mínima, Amplitude da Frequência, Número de Cantos por Minuto, Número de Pulsos por Canto, Número de Pulsos por Segundo, Duração dos Pulsos, Intervalo entre Pulsos e Tempo de Elevação de Amplitude (“Rising Time” de Cocroft & Ryan, 1995, Taucce et al., 2012 e Hepp & Canedo, 2013). O Pico de Frequência Dominante, Frequência Máxima, Frequência Mínima e Amplitude da Frequência foram medidos no início e no final do canto, usando-se o segundo ou terceiro pulso e o penúltimo e último pulso de cada canto. Parâmetros temporais foram medidos considerando-se tanto o oscilograma quanto o audioespectrograma.

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Para a análise dos dados acústicos utilizamos o programa Raven Pro v. 1.5 (Bioacoustics Research Program, 2014), padronizando as análises na janela Hanning, com sobreposição de 80%, 256 pontos de resolução (FFT), brilho de 60% e contraste de 70%. Os arquivos foram filtrados em 1100 Hz antes de iniciar as análises, para reduzir alguns ruídos de fundo. Para a geração de figuras sonoras (audioespectogramas e oscilogramas) utilizamos o Seewave v. 2.6 (Sueur et al. 2011) pacote do programa R (R Development Core Team, 2014). Os arquivos sonoros utilizados para gerar as figuras estão detalhados no Apêndice 4 e o script utilizado no Apêndice 5. Para efeito de comparação, utilizamos nossas gravações de Ischnocnema bolbodactyla (12 cantos de 2 indivíduos de I. bolbodactyla, gravados de Ubatuba, SP) por apresentaram diferenças em relação as de Pombal Jr. & Cruz (1999).

Análises estatísticas

Considerando-se o conjunto de dados (multivariados) morfométricos e acústicos buscamos por discriminação entre populações/espécies pela aplicação de duas funções: 1) “randomForest” (pacote randomForest (Liaw & Wiener, 2002)) e 2) “dapc” (pacote adegenet (Jombart, 2008; Jombart et al., 2010)). O algoritmo RF constrói muitas (e. g., 500) árvores de classificação usando reamostragens (bootstrap) dos dados (cada partição usando os melhores preditores escolhidos aleatoriamente naquele nó) então gerando classificadores e agregando os resultados em votos por classes (Liaw & Wiener, 2002). As análises do RF (não paramétricas) geram também uma estimativa de distância entre objetos sobre a qual pode ser aplicada uma analise multidimensional não métrica (MDS; Jaworska & Chupetlovska-Anastasova, 2009) e cujos resultados podem ser apresentados em gráficos pela função “proximity.plot” (pacote rfPermute (Archer, 2014)). A Análise Discriminante clássica (DA) depende de normalidade multivariada (Pohar et al., 2004) e de haver um número maior de objetos do que variáveis. O pressuposto da normalidade multivariada foi testado por meio da função "mardiaTest", pacote MVN (Korkmaz et al., 2014). A aplicação da DA sobre uns poucos eixos (preservando-se cerca de 95% da variância) de uma Análise de Componentes Principais, como executado pela função “dapc”, sobre a matriz de dados melhora o desequilíbrio entre objetos e variáveis (Jombart et al., 2010). Apesar de algumas vezes haver falta de normalidade nos dados, os resultados de ambas as análises discriminantes são apresentados (“dapc” em texto e figura e “randomForest”

9 só em texto) para fins de avaliação da congruência entre métodos e robustez da discriminação. Os pacotes relacionados direta ou indiretamente a aplicação de ambas as funções discriminantes são da plataforma R. Variáveis morfométricas e acústicas indicadas como importantes na discriminação de espécies pelo “dapc” e “randomForest” foram testadas para a significância estatística das diferenças pelo teste “Exact Wilcoxon Mann Whitney Rank Sum”, função “wilcox_test”, do pacote “coin” (Hothorn et al., 2008) no R. Como estes testes foram feitos entre pares de espécies, o nível de significância (“p”) foi ajustado considerando-se o número de pares através do método de “Holm” (função “p.adjust” do R). Os valores das variáveis com potencial discriminatório entre espécies são apresentadas em boxplots (função “plot” no R) (Figs. 4 e 8), os quais representam a distribuição de um conjunto de dados em termos de mediana, quartil inferior, quartil superior, máximo e mínimo e eventuais valores discrepantes (outliers). Os outliers se definem como valores acima ou abaixo de três vezes o intervalo interquartil e aparecem no gráfico como círculos alem dos máximos e mínimos. O script utilizado para as análises estatísticas no R está no Apêndice 6.

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5. RESULTADOS

5.1. Avaliação da posição taxonômica de uma população de Ischnocnema relacionada à I. penaxavantinho e I. juipoca

Caracterização da população de Veadeiros, GO Ischnocnema sp. (Veadeiros) (Figs. 2 e 3)

Espécime referencial principal (candidato a holótipo) - AAG 3330, macho adulto (Fig. 2); coletado em 28 de novembro de 2013, Fazenda São Bento, Chapada dos Veadeiros (14°10′S; 47°30′ O, cerca de 1200m de altitude), Município de Alto Paraíso de Goiás, estado de Goiás, Brasil. Coletado por Ariovaldo A. Giaretta e Cyro S. Bernardes.

Outros espécimes referenciais (candidatos a parátipos) - Sete machos adultos. AAG 07760778, AAG 1640, AAG 33213322 e AAG 3329. AAG 0776-0778 coletados em 1319/11/2011 por Ariovaldo A. Giaretta e Kátia G. Facure; AAG 1640 coletado em 2012 por Ariovaldo A. Giaretta; AAG 33213322 coletados em 27/11/2013 e AAG 3329 coletado em 28/11/2013 junto com o espécime referencial principal, por Ariovaldo A. Giaretta e Cyro S. Bernardes. Todos coletados na mesma localidade do espécime referencial principal.

Diagnose - A diagnose da espécie se dá por um conjunto de caracteres: 1) Machos de corpo pequeno (CRC 15,519 mm); 2) Focinho sub-acuminado em vista dorsal (Fig. 3B); 3) Pele dorsal lisa com numerosos tubérculos lisos dispersos (Fig. 3); 4) Linha glandular que vai da região internasal até à cloaca (Fig. 2); 5) Tubérculo aumentado e simétrico na região pós- comissural (Fig. 3B); 6) Canto de anúncio pulsado ascendente do início para o fim do canto, duração do canto entre 0,36 e 0,65 segundos, contendo em média 11 pulsos, e pico de frequência dominante entre 3187 e 3787 Hz (Fig. 6C).

Comparações com outras espécies - Ischnocnema sp. (Veadeiros) se distingue das espécies do grupo de I. guentheri pelo menor tamanho do corpo e pela proporção da tíbia em relação ao CRC (tíbia maior que 60% do CRC no grupo I. guentheri e 52% em Ischnocnema sp. (Veadeiros)); das do grupo de I. lactea pelo padrão dos discos dos dedos (esferoides no grupo I.

11 lactea e indiferenciado em Ischnocnema sp. (Veadeiros)), das do grupo de I. parva pelo formato do focinho em vista dorsal (arredondado no grupo de I. parva e sub-acuminado em Ischnocnema sp. (Veadeiros)) e pelo formato dos discos dos dedos (formato de gota no grupo I. parva e indiferenciado em Ischnocnema sp. (Veadeiros)). Ischnocnema sp. (Veadeiros) é incluída em I. verrucosa por apresentar pele verrucosa dorsalmente e focinho sub-acuminado em vista dorsal. Distingue-se de I. penaxavantinho e I. juipoca pelas características do canto (I. penaxavantinho tem maior duração do canto e maior número de pulsos por canto do que Ischnocnema sp. (Veadeiros) e I. juipoca tem uma menor duração do canto e menor quantidade de pulsos por canto – detalhes na Tabela 2) e também pelo tamanho do corpo (I. juipoca tem o CRC maior e I. penaxavantinho tem o CRC menor do que Ischnocnema sp. (Veadeiros) – Tabela 1); de I. verrucosa por ela ter o dorso densamente mais tuberculado e ter íris avermelhada em vida (Ischnocnema sp. (Veadeiros) tem o dorso menos tuberculado em relação à I. verrucosa e apresenta íris de coloração amarronzada em vida – Fig. 1); de I. bolbodactyla pela coloração em vida (I. bolbodactyla possui coloração laranja intenso na região inguinal), pelo padrão dos discos dos dedos (I. bolbodactyla possui discos maiores e cordiformes) e também pelas características do canto (I. bolbodactyla apresenta canto composto por duas notas, iguais entre si, as quais apresentam 2 pulsos por nota e Ischnocnema sp. (Veadeiros) apresenta uma média de 11,5 pulsos por canto); de I. abdita pelo padrão dos discos dos dedos (cordiformes e expandido em I. abdita e indiferenciado em Ischnocnema sp. (Veadeiros)) e pelas margens superior e inferior da íris (coloração vermelha em vida em I. abdita); de I. karst, pelo dorso moderadamente tuberculado (I. karst possui uma marca em forma de W na região dorsal, na altura do ombro, com vértices posteriores apontando para trás, tendo um tubérculo em cada vértice posterior) e pela presença de glândula translúcida aparentando almofadas nupciais (ausente em Ischnocnema sp. (Veadeiros)) e de I. surda pelo tímpano e anel timpânico indistinto externamente (distinto em Ischnocnema sp. (Veadeiros)) e pela presença de uma glândula branca distinta, aparentando almofadas nupciais (ausente em Ischnocnema sp. (Veadeiros)).

Descrição do espécime referencial principal (AAG 3330; Figs. 2 e 3) - Macho adulto com 17,3 mm CRC; comprimento da cabeça igual a largura; focinho arredondado em perfil (Fig. 3A) e sub-acuminado em vista dorsal (Fig. 3B); narinas mais próximas da ponta do focinho do que do olho; canthus rostralis arredondado; região loreal ligeiramente côncava; pálpebra superior

12 com 3 a 4 tubérculos proeminentes não alinhados; borda da pálpebra lisa; pupila elíptica; dobra supratimpânica definida, indo da borda posterior do olho até não muito além da borda posterior do tímpano; membrana timpânica e anel timpânico distintos; tímpano circular; diâmetro do tímpano aproximadamente metade do diâmetro do olho; tubérculo aumentado e simétrico na região pós-comissural; coanas ovais, não escondidas pela plataforma palatal do arco maxilar; dentes vomerianos pouco evidentes (só perceptíveis ao tato), em duas séries separadas entre si e em posição oblíqua com o vértice apontando para trás; língua mais comprida do que larga, com a borda posterior livre; fendas vocais presentes; saco vocal único desenvolvido, subgular, reconhecível externamente por pregas na região gular, escurecido, com a pigmentação indo até a região entre os braços; pele ventral sutilmente verrucosa, com tubérculos esbranquiçados; pele dorsal lisa com numerosos tubérculos lisos dispersos, apresenta uma linha glandular que vai da região internasal até à cloaca; face dorsal dos membros (braços e pernas) lisa como o dorso, sem tubérculos; tubérculos metacarpais internos e externos ovais, sendo o interno metade do tamanho dos externos (Fig. 3D); até quatro tubérculos palmares supranumerários; tubérculos subarticulares palmares arredondados; comprimento relativo dos dedos quando adpressos 1~2~4<3; pontas dos dedos sem sulcos ventrais ou dorsais; tubérculos metatarsais internos e externos arredondados, sendo o interno o dobro do tamanho do externo (Fig. 3C); tubérculos supranumerários plantares na base dos artelhos 2, 3 e 4; tubérculos sub-articulares dos artelhos arredondados, sub-cônicos; artelhos sem franjas; comprimento relativo dos artelhos quando adpressos 1<2~5<3<4; pontas dos artelhos sem sulcos ventrais ou dorsais; ausência de apêndice calcâneo; região cloacal de aspecto indiferenciado em relação ao dorso; flancos de aspecto mais semelhante ao dorso; crista braquial diferenciada; margens externas dos antebraços e tarsos, lisas. Artefato: perna direita lacerada pela extração de tecido muscular.

Medidas do espécime referencial principal - Medidas (mm) e proporções (%) em relação ao CRC (17,3) são: CC 6,5 (37,6); CCTímp 6,8 (39,3); LCA 6,5 (37,6); DO 2,3 (13,3); DI 1,5 (8,7); DON 2,0 (11,6); DT 1,1 (6,3); CM 5,0 (28,9); CF 8,0 (46,2); CT 9,0 (52,0); CP 9,5 (54,9); L3D 0,5 (2,9); L4D 0,5 (2,9). Variações de medidas considerando-se os outros espécimes referenciais na Tabela 1.

Coloração em vida - A parte dorsal vai de marrom escuro a marrom claro. Alguns espécimes possuem manchas avermelhadas nas pontas dos dedos e regiões inguinal e axilar. Outros

13 possuem manchas esverdeadas nas regiões inguinal e maxilar e outros ainda apresentam manchas de coloração marrom claro nessas regiões. A íris é marrom-esverdeado.

Coloração em preservativo - Em preservativo, superfície dorsal cinza escuro e superfície ventral clara com a região do saco vocal escurecida.

Variação - Os outros espécimes coletados de modo geral se parecem com o holótipo. Os indivíduos AAG 0778 e AAG 3329 apresentam uma mancha esbranquiçada no dorso. Os indivíduos AAG 0776, 0778 e 1640 apresentam um desenho na parte central do dorso que se assemelha a um losango.

Distribuição – Conhecidos somente para a localidade tipo, na Chapada dos Veadeiros, município de Alto Paraíso de Goiás, centro-oeste do Brasil. Dado o local de ocorrência, há a necessidade de reavaliar a identidade específica dos espécimes de Silvânia (GO) (Bastos & Pombal, 2001) citados como Ischnocnema juipoca.

História Natural – Os espécimes foram ouvidos e coletados dentro, na borda e fora (até 50 m) da mata. A mata no local é composta por árvores de ate 15 metros de altura e tem o extrato de serrapilheira bem definido. Em área aberta cantam em vegetação graminosa densa que cresce sobre solos encharcados (mal-drenados) do tipo Veredas (presença da palmeira buriti, Mauritia flexuosa) ou entre vegetação graminosa que cresce sobre superfícies rochosas com escoamento superficial de água. Os machos cantam no chão ou empoleirados a alturas de até 30 cm do solo. Foram coletados entre novembro e janeiro, o que corresponde a estação chuvosa. Foram ouvidos entre 15h e 22 horas.

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Fig. 1 – Machos adultos em vida de duas das espécies de Ischnocnema estudadas. À esquerda I. penaxavantinho (Uberlândia, MG) e à direita Ischnocnema sp. (Veadeiros, GO). Escala aproximadamente igual a 5 mm.

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Fig. 2 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) do espécime referencial principal (AAG 3330) de Ischnocnema sp. da Chapada dos Veadeiros, (candidato a holótipo). CRC = 17,3 mm. 16

Fig. 3 Espécime referencial principal (AAG 3330) de Ischnocnema sp. da Chapada dos Veadeiros. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar esquerda e D – Face palmar esquerda. 17

As medidas de Ischnocnema penaxavantinho e de Ischnocnema sp. (Veadeiros) são apresentadas na Tabela 1. Para I. juipoca a diferença em tamanho (CRC, Média = 19,48 mm, desvio padrão = 0,61, N= 7 indivíduos machos adultos) é expressiva e diagnóstica em relação a essas duas outras espécies. O teste de Mardia indicou que os dados de morfometria apresentam normalidade multivariada (p < 0,05). As funções dapc (Fig. 5) e randomForest sobre os dados morfológicos essencialmente discriminaram as populações de Uberlândia e Veadeiros, com apenas um ou dois casos de classificação em grupos diferentes do de origem (RF) ou com menor suporte (dapc); em ambos os casos os espécimes mal-classificados representam outliers para as variáveis discriminatórias. No RF um indivíduo de I. penaxavantinho aparece como mais semelhante a Ischnocnema sp. (Veadeiros) e dois indivíduos de Veadeiros como mais semelhantes a I. penaxavantinho. No dapc, todos os indivíduos de I. penaxavantinho foram classificados como do grupo original com probabilidade de 100%; 19 de 20 indivíduos de Veadeiros foram classificados como do grupo original com probabilidade maior que 95%, um indivíduo de Veadeiros ficou com 65%. As variáveis morfométricas de maior importância para a discriminação entre as espécies, indicadas pelo dapc e RF, foram: Comprimento Rostro-cloacal (CRC), Largura da Cabeça (LCA), Largura máxima do Terceiro Disco do Dedo da Mão (L3D), Comprimento da Tíbia (CT) (Fig. 4). A aplicação da função “wilcox_test” para estas variáveis gerou os seguintes valores de p, todos significativos: CRC, p = 0,01; LCA, p < 0,01; L3D, p < 0,01 e CT, p < 0,01.

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Tabela 1 - Morfometria (em mm) de machos adultos de duas das populações de Ischnocnema estudadas (Média ± desvio padrão, amplitude entre parênteses). n= número de indivíduos amostrados. Veadeiros = Chapada dos Veadeiros (GO).

I. penaxavantinho Ischnocnema sp. (Veadeiros) Variáveis (n=14 topótipos) (n=8) Comprimento Rostro-cloacal 15,6 ± 1,4 (14,08-18,21) 17,6 ± 1,1 (15,5-19) Comprimento da Cabeça 6,1 ± 0,5 (5,5-7) 6,1 ± 0,2 (6-6,5) Comprimento da Cabeça do Focinho 6,3 ± 0,5 (5,8-7,1) 6,7 ± 0,4 (6,1-7,4) até a borda posterior do Tímpano Largura da Cabeça 6,1 ± 0,5 (5,3-7) 6,8 ± 0,4 (6-7,5) Diâmetro do Olho 2,1 ± 0,2 (1,8-2,5) 2,1 ± 0,2 (2-2,3) Distância Internasal 1,5 ± 0,03 (1,5-1,6) 1,6 ± 0,1 (1,5-1,8) Distância Olho-Narina 1,4 ± 0,3 (0,9-1,8) 1,8 ± 0,2 (1,5-2) Diâmetro do Tímpano 0,9 ± 0,1 (0,7-1,1) 1 ± 0,1 (0,7-1,2) Comprimento da Mão 4,4 ± 0,4 (4-5) 4,8 ± 0,3 (4-5) Comprimento da Tíbia 7,9 ± 0,6 (7-9) 8,9 ± 0,2 (8-9) Comprimento do Fêmur 7,9 ± 0,8 (6,5-9,5) 8,4 ± 0,7 (7-9) Comprimento do Pé 8,5 ± 0,6 (7,7-9,5) 8,9 ± 0,4 (7,9-9,5) Largura máxima do 3º Disco da Mão 0,4 ± 0 0,5 ± 0 (0,4-0,5) Largura máxima do 4º Disco do Pé 0,5 ± 0,04 (0,4-0,5) 0,5 ± 0

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Fig. 4 – Boxplot das variáveis de maior importância (significativamente diferentes, p < 0,05) na discriminação entre as populações considerando os dados de morfometria. Os círculos representam outliers.

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Fig. 5 – Gráfico de densidade do eixo I da Analise de Discriminante (“dapc”) sobre os dados de morfometria. Azul - Ischnocnema penaxavantinho, Vermelho - indivíduos da população da Chapada dos Veadeiros.

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Vocalização: Medidas na Tabela 2, Figs. 6C e 7C. O canto de anúncio de Ischnocnema sp. (Veadeiros) é emitido em intervalos irregulares de 6,1 e 132,8 s (16,8 ± 13,3), média 6,5 cantos/min.; tem duração entre 0,36 e 0,65 s (0,48 ± 0,1); tem entre 9 e 14 pulsos (11 ± 1,2), com taxa de 20,4 a 27 pulsos por segundo (22,9 ± 1,8). No início do canto cada pulso tem duração de 2,8 a 8,1 ms (5 ± 1,5) e intervalo entre pulsos de 27,4 a 41,9 (34,8 ± 3,2) ms; no final do canto os pulsos tem uma maior duração de 5,2 a 30,3 ms (15,3 ± 7,6) e intervalo entre pulsos de 28,4 a 58,4 ms (43 ± 8,2). No início do canto o pico de frequência dominante variou de 2906 a 3375 Hz (3200,8 ± 131,4), com frequência mínima de 2045,3 a 2972,2 (2413,4 ± 251,9) Hz e máxima de 3707,2 a 4625,2 Hz (4122,9 ± 274,4). No final do canto o pico de frequência dominante variou de 3187 a 3787 Hz (3200,8 ± 131,4), com frequência mínima de 2073 a 2734,1 Hz (2441,7±237,1) e máxima de 4571 a 5450 Hz (4883,5 ± 222,4). A porcentagem do canto necessária para que o pulso atinja sua amplitude máxima variou entre 53,6 e 85,7 % (73,3 ± 9,6). Os resultados das análises dos cantos de I. juipoca (Fig. 6A), I. penaxavantinho (Fig. 6B) também estão na Tabela 2. São cantos pulsados, emitidos em intervalos irregulares de tempo e os pulsos apresentam ascendência na frequência e duração do início para o fim do canto (Fig. 6). A microestrutura dos pulsos finais está na Figura 7. Com relação à duração do canto e à quantidade de pulsos por canto (Fig. 6) I. juipoca possui valores médios menores (0,46 s e 8,9), I. penaxavantinho valores maiores (0,67 s e 16,1) e a população de Veadeiros valores intermediários (0,48 s e 11).

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Fig. 6 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) dos cantos de anúncio das três populações de Ischnocnema do grupo de I. verrucosa estudadas. A – I. juipoca, Campinas/SP, ar 23°C; B – I. penaxavantinho, Uberlândia/MG, ar 22°C e C – Ischnocnema sp. (Veadeiros), Chapada dos Veadeiros/GO, ar 21°C.

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Fig. 7 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) mostrando a microestrutura dos dois últimos pulsos dos cantos de anúncio das três populações de Ischnocnema do grupo de I. verrucosa estudadas. A – I. juipoca, Campinas/SP, ar 23°C; B – I. penaxavantinho, Uberlândia/MG, ar 22°C e C – Ischnocnema sp. (Veadeiros), Chapada dos Veadeiros/GO, ar 21°C.

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O teste de Mardia indicou que os dados acústicos não tiveram normalidade multivariada (p > 0,10). Ambas as funções, dapc e randomForest para os dados acústicos essencialmente discriminaram as populações de Veadeiros, I. penaxavantinho e I. juipoca, com alguns poucos pontos de intersecção coincidentes com espécimes classificados como discrepantes dentro de seu próprio grupo. Em uma das funções discriminantes (dapc - Fig. 9) todos os indivíduos foram classificados como do grupo original com probabilidade maior que 95%. Na outra (randomForest) as três populações aparecem com um indivíduo pertencendo à uma população diferente da original, um indivíduo de I. juipoca aparece como mais semelhante a Ischnocnema sp. (Veadeiros), um indivíduo de Ischnocnema sp. (Veadeiros) aparece como mais semelhante a I. penaxavantinho e um indivíduo de I. penaxavantinho aparece como mais semelhante a Ischnocnema sp. (Veadeiros). As variáveis acústicas de maior importância para a discriminação entre as espécies, indicadas pelo dapc e RF, foram: Duração do Canto, Pulsos por Canto, Tempo de Elevação de Amplitude e Pico de Frequência Dominante no início do canto (Fig. 8). O teste de wilcoxon (“wilcox_test”) foi significante (p < 0,05) para Duração do Canto entre Veadeiros e I. penaxavantinho, Pulsos por Canto entre todas as comparações, Tempo de Elevação de Amplitude (exceto para Veadeiros e I. juipoca, p = 0,56) e Pico de Frequência Dominante no início do canto (exceto para Veadeiros e I. penaxavantinho, p = 0,21).

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Fig. 8 – Boxplot das variáveis de maior importância (significativamente diferentes, p < 0,05) na discriminação entre as espécies considerando-se os dados acústicos. Os círculos representam outliers.

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Fig. 9 – Gráfico dos dois primeiros eixos da Função Discriminante (“dapc”) sobre oito componentes principais considerando-se os dados acústicos.

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Tabela 2 – Variáveis acústicas analisadas das três populações relacionadas. Valores de média ± desvio padrão e amplitude entre parênteses.

Ischnocnema sp. (Veadeiros) Ischnocnema penaxavantinho Ischnocnema juipoca

(20 indivíduos, 107 cantos analisados) (17 indivíduos, 105 cantos analisados) (10 indivíduos, 35 cantos analisados)

Duração do canto (s) 0,48±0,1 (0,36˗0,65) 0,67±0,1 (0,56˗0,78) 0,46±01 (0,36˗0,59) Intervalo entre cantos (s) 16,8±13,3 (6,1˗132,8) 17,2±8,4 (5,63˗34,4) 9,8±3,8 (3,74˗19,1) Cantos/minute 6,5±2,8 (1,7˗11,91) 6,55±2,8 (3,01˗13,48) 11,2±3,5 (5,06-13,91) Pulsos/canto 11±1,2 (9˗14) 16,1±1,6 (13,2˗18,7) 8,9±1 (8-11,4) Pulsos/segundo 22,9±1,8 (20,4˗27) 23,4±1,6 (21,5˗27,2) 19±2,2 (15-21) Duração dos pulsos no início (ms) 5±1,5 (2,8-8,1) 3,6±0,9 (2,4-5,8) 3,6±0,9 (2,4-5,4) Intervalo entre pulsos no início (ms) 34,8±3,2 (27,4-41,9) 34,5±3,1 (30,5-40,8) 46,8±6 (40,7-57,3) Duração dos pulsos no final (ms) 15,3±7,6 (5,2-30,3) 7,6±2,1 (3,6-13,4) 8,9±3,7 (4,1-15,7) Intervalo entre pulsos no final (ms) 43±8,2 (28,4-58,4) 44,7±4,3 (39,4-53,2) 53,5±7 (47,2-70,3) Frequência mínima no início (Hz) 2413,4±251,9 (2045,3˗2972,2) 2536,4±194,7 (2318,8˗3060,3) 2009±129,1 (1835,1˗2270,9) Frequência máxima no início (Hz) 4122,9±274,4 (3707,2-4625,2) 4256,8±348,2 (3810,1-4929,9) 3588,4±187,4 (3258,3-3861,4) Pico da frequência no início (Hz) 3200,8±131,4 (2906,2˗3375) 3290,3±215,4 (3000˗3830,3) 2664,8±151,2 (2411,7˗2756,2) Frequência mínima no final (Hz) 2441,7±237,1 (2073˗2734,1) 2484,2±227,6 (2207,4˗3001,1) 2151,4±169,4 (1835,1˗2270,9) Frequência máxima no final (Hz) 4883,5±222,4 (4571-5450) 5180,9±378,5 (4563,2-5985,7) 4409,8±327,4 (3853,7-4868,8) Pico da frequência no final (Hz) 3576±167,6 (3187,5˗3787,5) 3602,3±204,4 (3328,1˗3991,1) 3185,1±102,3 (3066,3˗3437,5) Tempo de elevação de amplitude (%) 73,3±9,6 (53,6-85,7) 84,7±4,9 (76,5-95,2) 74,7±12,3 (62,5-91,1) Variação da temperatura do ar (ºC) 22,7±1,6 (20-25) 28,8±2,1 (19-28) 22±2,3 (17-24,6)

28 Considerações sobre Ischnocnema penaxavantinho

Apresentamos pranchas contendo imagens de um espécime recém-coletado (Figs. 1011), as quais complementam a descrição original e permitem a visualização de maiores detalhes. O holótipo da espécie, ZUEC 13639, adquiriu com o tempo em preservativo uma coloração amarela, diferente dos parátipos coletados na mesma data e localidade. Os parátipos adquiriram coloração acinzentada e apresentam listras ainda visíveis na superfície dorsal dos membros anteriores e posteriores. Os espécimes coletados mais recentemente encaixam-se com a descrição original, com algumas variações. O indivíduo AAG 0945 possui a pupila circular e apresenta tubérculo pós- comissural não proeminente. Os indivíduos AAG 3604, 3611 e 3612 também apresentam pupila circular. Dentes vomerianos no AAG 3604 são quase indistintos (só perceptíveis ao tato). As medidas na Tabela 2 incluem os espécimes usados para a descrição original e os recentemente coletados. A maioria dos espécimes apresentam listras na face como exemplificado na Figura 11A.

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Fig. 10 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) de um topótipo macho adulto de Ischnocnema penaxavantinho AAG 1890. CRC = 17,8 mm.

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Fig. 11 – Topótipo de Ischnocnema penaxavantinho Macho AAG 1890. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar esquerda e D – Face palmar direita.

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5.2. Posição taxonômica de uma população de Ischnocnema do grupo de I. lactea Caracterização da população de Atibaia, SP Ischnocnema sp. (Atibaia) (Figs. 1215)

Espécime referencial principal (candidato a holótipo) - AAG 1858, macho adulto (Fig. 14); coletado em 14 de outubro de 2013, Parque Florestal do Itapetinga (23º13’49”S; 46º32’07”O, cerca de 1200m de altitude), Município de Atibaia, estado de São Paulo, Brasil. Coletado por Ariovaldo A. Giaretta.

Outros espécimes referenciais (candidatos a parátipos) - Seis machos adultos AAG 18591860 (Figs. 12 e 13), AAG 35073509 e AAG 3511 e 2 fêmeas AAG 3510 e AAG 3531. AAG 3531 coletado por Ariovaldo A. Giaretta e Ricardo S. Sawaya, os demais coletados por Ariovaldo A. Giaretta. Todos coletados na mesma localidade do espécime referencial principal.

Diagnose - A diagnose da espécie se dá por um conjunto de caracteres: 1) Machos de corpo pequeno (CRC 14,516,3 mm); 2) Discos dos dedos 3 e 4 da mão e 2, 3 e 4 do pé expandidos e cordiformes; 3) Presença de dentes vomerianos, não-oblíquos, paralelos entre si; 4) Linha glandular dorsal, interrompida em alguns pontos, que vai da região internasal até à cloaca ; 5) Dois tipos de canto. Canto “A” pulsado ascendente, contendo entre 22 e 34 pulsos por segundo, pico de frequência dominante variando entre 3094 e 3445 Hz e uma segunda parte “B” do canto composta por pulsos que se assemelham ao som de ‘pic’ (Fig. 16).

Comparações com outras espécies - Ischnocnema sp. (Atibaia) se distingue das espécies do grupo de I. guentheri pelo menor tamanho do corpo e da proporção da tíbia em relação ao CRC (tíbia maior que 60% do CRC no grupo de I. guentheri e 46% em Ischnocnema sp. (Atibaia)); das do grupo de I. verrucosa pelo padrão dos discos dos dedos (não expandidos no grupo de I. verrucosa - com exceção de I. bolbodactyla e I. abdita - e expandidos em Ischnocnema sp. (Atibaia)), do grupo de I. parva pelo formato do focinho em vista dorsal (arredondado no grupo de I. parva e sub-acuminado em Ischnocnema sp. (Atibaia)) e pelo formato dos discos dos dedos (formato de gota no grupo de I. parva e expandido em Ischnocnema sp. (Atibaia)). Ischnocnema sp. (Atibaia) é incluída em I. lactea por apresentar corpo com CRC moderado e pernas menores,

32 focinho subacuminado em vista dorsal e discos dos dedos expandidos. Assim como I. spanios, I. holti e I. concolor, Ischnocnema sp. (Atibaia) possui dentes vomerianos. Distingue-se de I. randorum, I. nigriventris, I. manezinho, I. sambaqui e I. vizottoi pela estrutura do canto de anúncio (I. randorum tem uma frequência dominante maior e uma menor quantidade de pulsos por canto, I. nigriventris tem maior duração do canto e o pico de frequência mais baixo, I. manezinho e I. sambaqui possuem menor quantidade de pulsos, maior duração do canto e frequência dominante mais baixa; I. vizottoi tem maior duração do pulso e frequência dominante mais alta); de I. spanios pelo tímpano indistinto (Ischnocnema sp. (Atibaia) tem tímpano distinto); de I. holti pela presença de excreções nupciais (Ischnocnema sp. (Atibaia) não tem); de I. paranaensis pelo tímpano indistinto (tímpano distinto em Ischnocnema sp. (Atibaia)); de I. lactea e I. vizottoi pela coloração da íris em vida (violácea em I. lactea, amarela em I. vizottoi e marrom claro em Ischnocnema sp. (Atibaia)); de I. melanopygia pela faixa preta no tarso, pés e região cloacal (regiões não escurecidas em Ischnocnema sp. (Atibaia)); de I. concolor pelo tamanho um pouco maior (machos de I. concolor de 1518,4 mm CRC e machos de Ischnocnema sp. (Atibaia) de 14,4816,3 mm CRC) e pela coloração do dorso em vida (verde oliva em I. concolor e marrom escuro em Ischnocnema sp. (Atibaia)).

Descrição do espécime referencial principal (AAG 1858; Figs. 1415) - Macho adulto com 16,3 mm CRC; cabeça mais larga do que longa (33%); focinho sub-acuminado em vista dorsal (Fig. 15B), arredondado em vista lateral (Fig. 15A); narinas mais próximas da ponta do focinho do que do olho; canthus rostralis arredondado; região loreal ligeiramente côncava; pálpebra superior com 3 a 4 tubérculos proeminentes não alinhados; borda da pálpebra lisa, não diferenciada; pupila elíptica; membrana supratimpânica definida; membrana timpânica e anel timpânico distintos; tímpano circular; diâmetro do tímpano 50% do diâmetro do olho; dobra de pele aumentada atrás do tímpano; coana bem separada uma da outra, oval; dentes vomerianos presentes, não-oblíquos, paralelos entre si; língua mais comprida do que larga, com a borda posterior livre; fendas vocais presentes; saco vocal único desenvolvido, subgular; pele da parte ventral lisa, com tubérculos esbranquiçados; pele dorsal lisa com numerosos tubérculos lisos dispersos, alguns mais proeminentes, apresenta uma linha glandular interrompida em alguns pontos, que vai da região internasal até à cloaca; pele dos membros (braços e pernas) lisa como o dorso, sem tubérculos; borda externa do braço e tarso sem cristas; tubérculos metacarpais

33 internos e externos ovais, sendo o externo ligeiramente maior do que o interno (Fig. 15D); até 3 tubérculos supranumerários; tubérculos subarticulares arredondados; comprimento relativo dos dedos das mãos 1<2<4<3, dedo 1 extremamente pequeno; pontas dos dedos 3 e 4 dilatadas, disco cordiforme (Fig. 15D); tubérculos metatarsais internos e externos ovais (sensu Cei, 1980), sendo o interno um pouco menos que o dobro do tamanho do externo (Fig. 15C); ausência de tubérculos supranumerários plantares na base dos artelhos dos pés; tubérculos sub-articulares dos artelhos dos pés arredondados; artelhos dos pés sem franjas; comprimento relativo dos artelhos dos pés 1<2<5<3<4; pontas dos artelhos 2, 3 e 4 dilatadas, disco cordiforme; região cloacal de aspecto indiferenciado em relação ao dorso; flancos de aspecto mais semelhante ao dorso; presença de tubérculo calcâneo. Artefato: perna direita lacerada pela extração de tecido muscular.

Medidas do espécime referencial principal - Medidas (mm) e proporções (%) em relação ao CRC (16,3) são: CC 5,5 (33,7); LCA 6,0 (36,8); DO 2,0 (12,3); DI 1,5 (9,2); DON 1,5 (9,2); DT 1,0 (6,1); CM 4,2 (25,8); CF 7,0 (42,9); CT 7,5 (46,0); CP 7,2 (44,2); L3D 0,8 (4,9); L4D 0,8 (4,9). Variações de medidas considerando-se os outros espécimes referenciais na Tabela 3.

Coloração em vida (Fig. 13) - Nota-se que a espécie apresenta coloração dorsal marrom com manchas de um marrom claro que variam em seus padrões. Ventralmente apresenta tubérculos esbranquiçados. O disco dos dedos é amarelo-alaranjado. A íris é um marrom claro.

Coloração em preservativo (Fig. 12) - Adquire coloração dorsal de marrom escuro a marrom claro ou acinzentado; parte ventral clara e o disco dos dedos perde a coloração. Os espécimes recentemente coletados adquiriram coloração acinzentada diferente dos demais.

Distribuição - Esta nova espécie é conhecida somente para a localidade tipo, no Parque Florestal do Itapetinga, município de Atibaia, SP.

História Natural - Os machos cantam da borda da mata para fora a distancias de até 20 m da borda e se posicionam em sítios de vocalização a até um metro de altura. A temporada de vocalização ocorre entre outubro e fevereiro, que corresponde à estação chuvosa, e ficam ativos entre normalmente 15 e 20h, porém em momentos de chuva podem cantar mesmo no meio do dia.

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Variação - Além da variação da coloração em preservativo e variações das medidas, os espécimes apresentam variações nos padrões de coloração e manchas pelo corpo. Os indivíduos AAG 3509 e 3511 apresentam a pele ventral de coloração marrom escura com manchas por todo o ventre. Os indivíduos AAG 3507 e 3508 apresentam coloração ventral parda, mais clara, tendo o AAG 3507 manchas marrom escura ventralmente. Os indivíduos AAG 1859, 1860 (Fig. 12) e 3508 apresentam uma mancha branca que se destaca do resto do dorso. Os membros anteriores e posteriores apresentam listras ou manchas, sem um padrão.

Fig. 12 – Vista dorsal e ventral de machos adultos de Ischnocnema sp. (Atibaia). Da esquerda para a direita AAG 1858, CRC = 16,3 mm; AAG 1859, CRC = 14,77 mm e AAG 1860, CRC = 14,48 mm.

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Fig. 13 – Machos adultos em vida de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. De cima para baixo AAG 1858, CRC = 16,3 mm; AAG 1859, CRC = 14,77 mm e AAG 1860, CRC = 14,48 mm.

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Fig. 14 – Vista dorsal (esquerda) e ventral (direita) do espécime referencial principal (AAG 1858) de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. CRC = 16,3 mm.

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Fig. 15 - Espécime referencial principal (AAG 1858) de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. A – Vista lateral e B – Vista dorsal da cabeça; C – Face plantar direita e D – Face palmar direita Ischnocnema sp. de Atibaia, SP.

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Foram medidos 9 indivíduos da população de Atibaia, SP (Fig. 13), sendo 7 machos e 2 fêmeas (Tabela 3).

Tabela 3 - Medidas de indivíduos adultos da população de Ischnocnema sp. (Atibaia) (Média ± desvio padrão, amplitude entre parênteses). n= número de indivíduos amostrados.

Ischnocnema sp. (Atibaia)

Machos Fêmeas Variáveis (n=7) (n=2) Comprimento Rostro-cloacal 15,5 ± 0,66 (14,48-16,3) 20,7 ± 0,07 (20,6-20,7) Comprimento da Cabeça 5,4 ± 0,24 (5-5,5) 7 ± 0 Largura da Cabeça 5,8 ± 0,25 (5,5-6) 7,2 ± 0,28 (7-7,4) Diâmetro do Olho 2,1 ± 0,11 (2-2,2) 2,4 ± 0,21 (2,2-2,5) Distância Internasal 1,6 ± 0,13 (1,5-1,8) 2 ± 0 Distância Olho-Narina 1,4 ± 0,24 (1-1,5) 2 ± 0 Diâmetro do Tímpano 1 ± 0,09 (0,9-1,2) 1,4 ± 0,49 (1-1,7) Comprimento da Mão 4,1 ± 0,14 (4-4,3) 5,5 ± 0,71 (5-6) Comprimento da Tíbia 7,4 ± 0,53 (7-8,2) 9,8 ± 0,35 (9,5-10) Comprimento do Fêmur 7,1 ± 0,19 (7-7,5) 9,5 ± 0 Comprimento do Pé 7,4 ± 0,16 (7,2-7,5) 10 ± 0,35 (9,7-10,2) Largura máxima do 3º Disco 0,7 ± 0,1 (0,6-0,9) 0,8 ± 0,28 (0,6-1) do Dedo da Mão Largura máxima do 4º Disco 0,7 ± 0,08 (0,6-0,8) 1 ± 0,21 (0,8-1,1) do Dedo do Pé

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Vocalização - O canto de anúncio desta espécie é composto por duas partes (Fig. 16), a primeira parte “A” constitui-se de um canto pulsado e é seguida por uma segunda parte “B” que se assemelha a uma série num padrão ‘pic-pic-pic...’.

Fig. 16 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) de um canto de anúncio de Ischnocnema sp. de Atibaia, SP. A – Ampliação da primeira parte do canto (contorno em azul) e B – Ampliação da segunda parte do canto (contorno em vermelho). Espécime voucher AAG 1858.

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O parte “A” do canto de Ischnocnema sp. (Atibaia) teve duração de 2 a 3 s (2,7 ± 0,48), com um intervalo de 5,5 a 13,2 s (8,1 ± 3,5) entre cantos e uma média de 8,7 ± 4,6 (2,6–13,7) cantos por minuto. O número de pulsos por canto variou de 22 a 34 (29 ± 5,4), e o número de pulsos por segundo variou de 9 a 11 (10 ± 1). A duração dos pulsos variou de 6,3 a 8,3 ms (7,3 ± 0,82) e o intervalo entre os pulsos variou de 845 a 108 ms (91,5 ± 10,8). A frequência mínima variou de 1885 a 2375 Hz (2146 ± 265) e a frequência máxima variou de 4444 a 4659 Hz (4549 ± 111). O pico de frequência dominante variou de 3094 a 3445 Hz (3341 ± 1667). A parte “B” do canto é emitida em intervalos de tempo irregulares e pode também ser emitida de maneira isolada (sem a primeira parte), com duração de 23,3 a 50,4 s (35,3 ± 13.8). O número de pulsos por canto foi bem variado, indo de 18,5 a 42 (32,4 ± 12,3) e o intervalo entre eles variou de 0,8 a 1,4 s (1,2 ± 0,3). Pulsos por segundo variou entre 0,8 e 1,3 (1,0 ± 0,3). A frequência mínima foi de 2265 a 2558 Hz (2424 ± 148) e a máxima de 4618 a 5043 Hz (4773 ± 235), sendo o pico de frequência dominante entre 3562 e 3750 Hz (3687 ± 108). Comparativamente a outras espécies do grupo de I. lactea, o canto de anúncio difere do de I. vizottoi, pois este contém pulsos com maior duração (de 38 a 72 ms) e valor médio da frequência dominante um pouco maior (3611 Hz) (Martins & Haddad, 2010). O canto de anúncio de I. randorum tem duração parecida (de 2 a 5 s) e notas com 4 a 10 pulsos que variam de intensidade, em uma taxa de 280 pulsos por segundo e a frequência dominante foi maior, variou de 3800 a 5200 Hz (Heyer, 1990). I. nigriventris apresenta de 2 a 4 notas, emitidas em intervalos irregulares, com o canto um pouco mais longo, de duração entre 1,9 a 5,6 s e o pico de frequência um pouco mais baixo, entre 2756 e 2928 Hz (Berneck et al., 2013). I. manezinho e I. sambaqui possuem menor quantidade de pulsos (de 11 a 13 e de 6 a 8 pulsos, respectivamente), com maiores durações do canto (entre 7,9 e 9,8 s e entre 5,1 e 6,3 s, respectivamente) e frequência dominante mais baixa (de 2400 a 2950 Hz e de 1800 a 2050 Hz, respectivamente) (Castanho & Haddad, 2000). No Parque Florestal do Itapetinga foram encontradas em atividade de vocalização três outras espécies do gênero: Ischnocnema juipoca, I. henselii e I. parva (Fig. 17).

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Fig. 17 – Audioespectrograma (acima) e oscilograma (abaixo) dos cantos de anúncio das espécies de Ischnocnema que ocorrem no Parque do Itapetinga, Atibaia/SP. A – I. juipoca; B – I. henselii, e C – I. parva. Detalhes dos arquivos sonoros no Apêndice 4.

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6. DISCUSSÃO

Trabalhos referentes ao gênero Ischnocnema indicam que a diversidade dentro do gênero é subestimada (Gehara et al., 2013), sugerem a possibilidade de sinonimização entre espécies (Taucce et al., 2012; Canedo & Haddad, 2012) ou ainda apontam para espécies que não se encaixam em nenhum dos grupos conhecidos (Garcia, 1996; Canedo & Haddad, 2012). Nesse sentido, são necessários maiores estudos de caráter taxonômico do gênero Ischnocnema, para uma melhor caracterização do grupo, o conhecimento da sua diversidade e para propor esforços de conservação.

6.1. O grupo de Ischnocnema verrucosa e a Anurofauna da Chapada dos Veadeiros

A distribuição reconhecida das espécies do grupo de Ischnocnema verrucosa abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Goiás. I. abdita é conhecida no estado do Espírito Santo (Canedo & Pimenta, 2010; Almeida et al., 2011), I. bolbodactyla conhecida da região litorânea do sudeste do Rio de Janeiro norte de SP (Pombal Jr. e Cruz, 1999; AAG, dados não publicados), I. juipoca conhecida na Serra da Mantiqueira, Serra do Espinhaço e município de Silvânia, GO (Sazima & Cardoso, 1978; Bastos & Pombal, 2001; Canelas & Bertoluci, 2011), I. karst para o município de Arco,MG (Canedo et al., 2012), I. penaxavantinho no Triângulo Mineiro (Giaretta et al., 2007), I. surda para a Serra do Espinhaço, do centro do estado de MG até o norte da Bahia (Canedo et al., 2010) e I. verrucosa para os estados de MG, ES e BA (Reinhardt & Lütken, 1862; Orrico, 2010; Almeida et al., 2011). Para o estado de Goiás há apenas um registro de I. juipoca (Bastos & Pombal, 2001; Morais et al. 2012). Santoro & Brandão (2014) trabalharam extensivamente na Chapada dos Veadeiros e não registraram nenhuma espécie de Ischnocnema no local. Dessa forma, a descrição da espécie da Chapada dos Veadeiros representa um registro recente de uma espécie do gênero no local e amplia a distribuição das espécies do grupo de I. verrucosa. É preciso reavaliar os espécimes coletados no município de Silvânia, GO e verificar se eles pertencem mesmo a I. juipoca ou se pertencem à espécie que aqui consideramos da Chapada dos Veadeiros. Como houve a discriminação entre a população de Veadeiros e a espécie I. penaxavantinho, a distribuição desta continua restrita ao Triângulo Mineiro (Giaretta et al., 2007).

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Algumas medidas acústicas são consideradas relevantes na comunicação dos anuros (e. g. duração do canto, frequência dominante). Outras são mais descritivas (e. g. rising time) e contribuem para a caracterização do canto, mas podem ou não serem relevantes para a comunicação (Cocroft & Ryan, 1995). Com referência às variáveis acústicas analisadas neste trabalho, o ‘Intervalo entre Cantos’ e a taxa de emissão (‘Cantos por Minuto’) não representaram boas variáveis discriminantes por serem muito variáveis. Já a ‘Duração do Pulso’, o número de ‘Pulsos por Canto’ e o ‘Pico de Frequência Dominante’ são medidas mais estáveis que caracterizam melhor o canto das espécies estudadas. A variável do canto rising time aplicada ao gênero Ischnocnema foi usada para a descrição de cantos de espécies do grupo I. guentheri, como por exemplo I. izecksohni (Taucce et al., 2012) e I. oea (Hepp & Canedo, 2013), os quais geralmente são cantos longos, com a presença de muitos pulsos. No caso dos cantos de anúncio da população de Veadeiros quando comparados aos de I. penaxavantinho esta foi uma variável importante para a discriminação entre as espécies.

6.2. Considerações adicionais sobre a espécie Ischnocnema sp. (Atibaia) e o Parque Florestal do Itapetinga A primeira parte do canto (“A”) de Ischnocnema sp. (Atibaia) é similar ao canto das espécies do gênero e a segunda parte do canto (“B”) parece ser parte do canto de anúncio e pode ter também a função territorial. No entanto, o objetivo do trabalho foi o de avaliar a posição taxonômica desta população e seriam necessários estudos de caráter comportamental para avaliar o contexto de emissão destes ‘pics’ e entender sua função (Toledo & Haddad, 2009; Toledo et al., 2014). Há ainda a necessidade de visitar outras coleções (como o Museu Nacional, coleção de zoologia da USP e coleção CFBH da Unesp Rio Claro) para uma melhor comparação dos espécimes da população de Atibaia/SP com outras espécies do grupo de I. lactea. No Parque Florestal do Itapetinga ocorrem três outras espécies do gênero (cantos de anúncio na Fig. 17), Ischnocnema juipoca, I. henselii e I. parva (Giaretta & Facure, 2008), cada uma pertencendo à um grupo diferente (grupos de I. verrucosa, de I. guentheri e de I. parva respectivamente e grupo de I. lactea considerando o registro de Ischnocnema sp. (Atibaia) deste estudo), demonstrando a diversidade de espécies do gênero no local.

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7. CONCLUSÃO

A distribuição reconhecida das espécies do grupo de Ischnocnema verrucosa abrange os estados de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Goiás. Para o estado de Goiás há apenas um registro de I. juipoca (Bastos & Pombal, 2001; Morais et al. 2012). A descrição da espécie da Chapada dos Veadeiros representa um registro recente de uma espécie do gênero no local e amplia a distribuição das espécies do grupo de I. verrucosa. É preciso reavaliar os espécimes coletados no município de Silvânia, GO. A distribuição de I. penaxavantinho continua restrita ao Triângulo Mineiro (Giaretta et al., 2007). Com referência às variáveis acústicas, ‘Intervalo entre Cantos’ e a taxa de emissão (‘Cantos por Minuto’) não representaram boas variáveis discriminantes. Já a ‘Duração do Pulso’, o número de ‘Pulsos por Canto’ e o ‘Pico de Frequência Dominante’ caracterizam melhor o canto das espécies estudadas. A variável do canto rising time foi importante para a discriminação entre as espécies. A primeira parte do canto (“A”) de Ischnocnema sp. (Atibaia) é similar ao canto das espécies do gênero e a segunda parte do canto (“B”) parece ser parte do canto de anúncio e pode ter também a função territorial. São necessários estudos de caráter comportamental para avaliar o contexto de emissão deste canto “B” e entender sua função (Toledo & Haddad, 2009; Toledo et al., 2014). Há ainda a necessidade de visitar outras coleções (como o Museu Nacional, coleção de zoologia da USP e coleção CFBH da Unesp Rio Claro) para uma melhor comparação dos espécimes da população de Atibaia/SP com outras espécies do grupo de I. lactea. Foram registradas outras três espécies do gênero Ischnocnema (cantos de anúncio na Fig. 17) no Parque Florestal do Itapetinga: Ischnocnema juipoca, I. henselii e I. parva (Giaretta & Facure, 2008). Trabalhos referentes ao gênero Ischnocnema indicam que a diversidade dentro do gênero é subestimada (Gehara et al., 2013), sugerem a possibilidade de sinonimização entre espécies (Taucce et al., 2012; Canedo & Haddad, 2012) ou ainda apontam para espécies que não se encaixam em nenhum dos grupos conhecidos (Garcia, 1996; Canedo & Haddad, 2012). Dessa forma, são necessários maiores estudos de caráter taxonômico do gênero para uma melhor caracterização do grupo, o conhecimento da sua diversidade e para propor esforços de conservação.

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APÊNDICES

Apêndice 1: Arquivos sonoros (coleção do orientador) que representam a base de dados acústicos do trabalho. Os arquivos com componentes Atibaia e Veadeiros dizem respeito à proposta central, os demais são referências para comparação. Nos nomes de arquivo os números dizem respeito a espécimes.

Ischnoc_AtibaiaSP1aAAGb.wav Ischnoc_spVeadGO6bAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP2aAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO7aAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP2bAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO7bAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP2cAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO8aAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP3aAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO8bAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP3bAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO8cAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP3cAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO8dAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP3dAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO9aAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP3eAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO9bAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP4aAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO10aAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP4bAAG_NTm671.wav Ischnoc_spVeadGO11aAAGm671.wav Ischnoc_AtibaiaSP5aIAG_AAGm670.wav Ischnoc_spVeadGO12aCSB_AAGm671.wav Ischnoc_bolbUbatubaSP1aAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO13aAAGm671.wav Ischnoc_bolbUbatubaSP1bAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO13bAAGm671.wav Ischnoc_bolbUbatubaSP2aAAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO14aAAGm671.wav Ischnoc_henseliiAtibaiaSP1aAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO14bAAGm671.wav Ischnoc_henseliiAtibaiaSP1bAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO15aAAGm671.wav Ischnoc_spPerdizMG1aAAGb.wav Ischnoc_spVeadGO16aAAGm671.wav Ischnoc_spPerdizMG1bAAGb.wav Ischnoc_spVeadGO16bAAGm671.wav Ischnoc_spPerdizMG2aAAGb.wav Ischnoc_spVeadGO16cAAGm671.wav Ischnoc_spPerdizMG3aAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO17aAAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG1aLBM_AAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO18aCBS_AAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG1bLBM_AAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO19aCBS_AAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG1cLBM_AAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO20aCBS_AAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG1dLBM_AAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO21aCBS_AAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG2aLBM_AAGmt.wav Ischnoc_spVeadGO22aCBS_AAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG3aLBM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG1aAAGm.wav Ischnoc_spCanastMG3bLBM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG2aAAGm.wav Ischnoc_spCanastMG3cLBM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG3aAAGm.wav Ischnoc_spCanastMG3dLBM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG4aAAGm.wav Ischnoc_spCanastMG4aLM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG5aAAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG5aLM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG5bAAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG5bLM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG6aAAGm671.wav Ischnoc_spCanastMG5cLM_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG6bAAGm671.wav Ischnoc_spCapitolMG1aAAG1m.wav Ischnoc_penaxUberlMG6cAAGm671.wav Ischnoc_spCipoMG1aTRC_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG6dAAGm671.wav Ischnoc_spCipoMG2aTRC_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG6eAAGm671.wav Ischnoc_spCipoMG2bTRC_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG7aAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO1aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG7bAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO1bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG8aAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO1cAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG8bAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO1dAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG8cAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO2aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG8dAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO2bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG9aAAGm.wav Ischnoc_spVeadGO2cAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG10aAAGm671.wav

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Ischnoc_spVeadGO3aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG10bAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO4aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG10cAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO4bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG10dAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO5aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG10eAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO5bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG11aAAGm671.wav Ischnoc_spVeadGO6aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG11bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG11cAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG19bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG12aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG19cAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG12bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaAtibaiaSP1aAAGb.wav Ischnoc_penaxUberlMG12cAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP1aAAGb.wav Ischnoc_penaxUberlMG13aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP2aAAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG13bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP2bAAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG13cAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP3aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG14aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP4aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG14bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP5aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG15aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP5bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG15bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP6aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG15cAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP6bAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG16aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaCampinasSP7aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG16bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG1aLEO_AAGm.wav Ischnoc_penaxUberlMG16cAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG2aAAGm.wav Ischnoc_penaxUberlMG17aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG3aLEO_AAGm.wav Ischnoc_penaxUberlMG18aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG4aTRC_AAGmt.wav Ischnoc_penaxUberlMG18bAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG5aAAGm671.wav Ischnoc_penaxUberlMG19aAAGm671.wav Ischnoc_juipocaPCaldasMG5bAAGm671.wav Ischnoc_parvaAtibaiaSP2aAAGm671

Apêndice 2 – Arquivos sonoros analisados pertencentes a outras coleções. A abreviação ‘FNJV’ corresponde a Fonoteca Neotropical Jacques Vielliard (Unicamp/SP) e ‘MNVOC’ corresponde ao Museu Nacional (UFRJ/RJ).

Tombo na coleção Espécie Localidade FNJV_0010214 Ischnocnema juipoca Cunha/ SP FNJV_0011672 Ischnocnema juipoca Poços de Caldas/MG FNJV_0011075 Ischnocnema vizottoi Campos do Jordão/SP FNJV_0011077 Ischnocnema vizottoi Campos do Jordão/SP FNJV_0011863 Ischnocnema guentheri Atibaia/SP FNJV_0011864 Ischnocnema guentheri Atibaia/SP FNJV_0012714 Ischnocnema guentheri Santo André/SP FNJV_0012715 Ischnocnema guentheri Santo André/SP FNJV_0011859 Ischnocnema sp. Itatiaia/SP FNJV_0011867 Ischnocnema parva Santo André/SP FNJV_0011869 Ischnocnema parva Atibaia/SP FNJV_0011870 Ischnocnema spanios Atibaia/SP MNVOC_043-01 Ischnocnema oea Santa Teresa/ES MNVOC_043-02 Ischnocnema oea Santa Teresa/ES MNVOC_043-03 Ischnocnema oea Santa Teresa/ES

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Apêndice 3 - Detalhamento dos espécimes examinados, com informações da localidade de cada espécie, número de tombo do indivíduo e coleção depositada.

Populações Localidades Espécimes examinados

AAG-UFU 0945, 3595, 3598 - Ischnocnema Estação Ecológica do Panga, 3602, 3604, 3605, 3609 - 3612, penaxavantinho Município de Uberlândia, MG. 3614, 3969, 3978, 3979, 4006, 4029, 4061, 4122 - 4124, 1889, 1890 ZUEC 13639 - 13649

Ischnocnema Distrito de Sousas, Campinas, SP. ZUEC 3169, 4068, 16279 juipoca Município de Atibaia, SP. ZUEC 13265, 13266 Serra do Japi, Jundiaí, SP. ZUEC 8544, 17693, 18943 Arujá, SP. ZUEC 18937 Congonhas do Campo, MG. ZUEC 10729 Serraria, Munhoz, MG. ZUEC 8280 Morro do Ferro, Poços de Caldas, ZUEC 5367, 5865 MG.

Ischnocnema cf. Estação Ecológica de Galheiros, AAG-UFU 2463, 2575, 2616 penaxavantinho Município de Perdizes, MG.

Ischnocnema sp. Chapada dos Veadeiros, AAG-UFU 0776 - 0778, 1640, (Veadeiros) Município de Alto Paraíso de 3321, 3322, 3329, 3330, 5090 Goiás, GO.

Ischnocnema sp. Parque Florestal do Itapetinga, AAG-UFU 1858 - 1860, 3507 (Atibaia) Município de Atibaia, SP. – 3511, 3531

I. bolbodactyla Município de Ubatuba, SP. AAG-UFU 4925, 4926

I. nigriventris Paranapiacaba, Município de AAG-UFU 3528 – 3530 Santo André, SP

I. guentheri Município de Maria Mendonça, AAG-UFU 0746 – 0749 RJ.

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Apêndice 4 – Detalhamento dos dados de coleta dos arquivos sonoros figurados.

Fig. 6 e 7: A–Ischnocnema juipoca, indivíduo não coletado, arquivo Ischnoc_juipocaCampinasSP3aAAGm671, 29/12/2013, 19h, Campinas/SP, ar 23°C; B–Ischnocnema penaxavantinho, indivíduo coletado, arquivo Ischnoc_penaxUberlMG8aAAGm671, 14/10/2011, 18h30, Uberlândia/MG, ar 22°C; C–Ischnocnema sp. (Veadeiros), indivíduo coletado, arquivo Ischnoc_spVeadGO8aAAGm671, 14/12/2012,16h52, Chapada dos Veadeiros/GO, ar/ água 21°C /20°C.

Fig. 16: Ischnocnema sp. (Atibaia), indivíduo coletado, arquivo Ischnoc_AtibaiaSP3bAAG_NTm671, 14/10/2013, 19h07, Atibaia/SP, ar 19,5 ºC.

Fig. 17: A – Ischnocnema juipoca, arquivo Ischnoc_juipocaAtibaiaSP1aAAGb, 29/12/2013, 19h30, ar 24,6°C; B – , arquivo Ischnoc_henseliiAtibaiaSP1aAAGm671, 14/10/2013, 20h44, ar 19°C; C – Ischnocnema parva, arquivo Ischnoc_parvaAtibaiaSP2aAAGm671, 15/11/2013,19h31, ar 18,6°C.

Apêndice 5 – Script usado para a geração de figuras sonoras no pacote R. require(seewave) require(tuneR) x<-readWave("Nome do arquivo sonoro.wav") play(x) spectro(x, wl = 512, wn = "hanning", zp = 0, ovlp = 85, fftw = FALSE, dB = "max0", dBref = NULL, plot = TRUE, grid = TRUE, osc = T, scale = TRUE, cont = FALSE, collevels = seq(-30,0,1),palette = spectro.colors, contlevels = NULL, colcont = "black", colbg = "white", colgrid = "black", colaxis = "black", collab="black", cexlab = 1.45, cexaxis = 1.45, tlab = "Time (s)", flab = "Frequency (kHz)", alab = "Amplitude", scalelab = "Amplitude\n(dB)", main=NULL, scalefontlab = 1.5, scalecexlab =1.25, axisX = TRUE, axisY = TRUE, tlim = NULL, trel = TRUE, flim = c(0,10), flimd = NULL, widths = c(6,1), heights = c(3,1), oma = rep(0,4), listen=FALSE)

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Apêndice 6 - Script utilizado para as análises no pacote R. data<-read.table("Nome do arquivo de dados.txt") fix(data) attach(data) plot(loc, variável) par(mfrow=c(2,2)) plot(loc, variável1) plot(loc, variável2) plot(loc, variável3) plot(loc, variável4) require(MVN) mvn<-data[,2:15] mardiaTest(mvn, qqplot = T) require(coin) mydata2<-data[which(data$loc=="Vead" | data$loc == "Uber"),] mydata2 <- droplevels(mydata2) wilcox_test(variável~loc, data=mydata2, distribution="exact") mydata3<-data[which(data$loc=="Vead" | data$loc == "juipoca"),] mydata3 <- droplevels(mydata3) wilcox_test(variável ~loc, data=mydata3, distribution="exact") mydata4<-data[which(data$loc=="Uber" | data$loc == "juipoca"),] mydata4 <- droplevels(mydata4) wilcox_test(variável ~loc, data=mydata4, distribution="exact") p.adjust(c(p1, p2, p3), method ="holm") require('adegenet') grupo<-data$loc names(grupo)<-rownames(data) data3<-data[,2:15] dapc1 <- dapc(data3, grupo, scale=T) dapc1$pca.eig dapc1$pca.loadings compoplot(dapc1, only.grp=NULL, subset=NULL, new.pred=NULL, col=NULL, lab=NULL, legend=TRUE, txt.leg=c("I. uber", "I. vead", “I. juip”), ncol=4, posi= "topleft", cleg=.8, bg=transp("white")) scatter(dapc1) loadingplot(dapc1$var.contr) require(randomForest) isch.rf <- randomForest(loc ~ ., data=data, importance=TRUE, proximity=TRUE) isch.rf$importance isch.rf$predict print(isch.rf) require(rfPermute) proximity.plot(isch.rf, dim.x = 1, dim.y = 2, legend.loc = NULL, grp.cols = NULL, circle.size = 4)