Universidade Federal De São Carlos Centro De Educação E Ciências Humanas Programa De Pós-Graduação Em Antropologia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA Um cotidiano ritualizado: a temporalidade militar em perspectiva etnográfica Alexandre Colli de Souza SÃO CARLOS 2008 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS CENTRO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA Alexandre Colli de Souza Um cotidiano ritualizado: a temporalidade militar em perspectiva etnográfica Prof. Dr. Piero de Camargo Leirner Orientador Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Federal de São Carlos, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Antropologia. Orientador: Prof. Dr. Piero de Camargo Leirner SÃO CARLOS 2008 Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar Souza, Alexandre Colli de. S729cr Um cotidiano ritualizado : a temporalidade militar em perspectiva etnográfica / Alexandre Colli de Souza. -- São Carlos : UFSCar, 2015. 188 f. Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São Carlos, 2008. 1. Antropologia. 2. Estado. 3. Ritual. 4. Forças Armadas. 5. Hierarquia. I. Título. CDD: 301 (20a) AGRADECIMENTOS De início, à FAPESP, pelo financiamento da pesquisa. Ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFSCAR, especialmente os professores Luiz Henrique Toledo e Marina Cardoso, presentes em minha formação desde a graduação e ao Prof. Dr. Jorge Mattar Villela pelas orientações no exame de qualificação. Ao orientador e amigo, Prof. Piero Leirner, pela generosidade em todos os momentos desse processo. Aos amigos da turma do mestrado: Antonio Guerreiro Junior, Marina Novo, Vitor Kebbe, Patrícia Begnami, Juliana Batista Reis, Claudia Winterstein, Rafael Montan Torres, Lerisson Nascimento, Robson Raimundo Pereira e Marcelo Fetz. Aos inestimáveis irmãos da República Barravento: Paulo Ramos, Leandro Targa, Kléber Felício, Caê Costa, Danilo “Braga” Sousa Pinto, Jonathan Trevisan, João Veridiano Franco Neto, Victor “Codorna” Amaral Costa. Aos amigos: Murilo Sloth, Rafael “Pekeno”, Raquel Auxiliadora, Daniel Pícaro, Danilo Morais, João Ricardo “Dom Quixote” e Lívia Midori. Ás amigas de tema, pelo intercâmbio de dicas e informações: Aline Atássio, Cristina Rodrigues da Silva, Lauriani Albertini e Danilo “Braga”. De maneira especial, à fundamental ajuda nessa pesquisa proporcionada por João Veridiano Franco Neto, Leandro Garcez Targa e Lauriani Albertini. Finalmente, aos meus pais, irmãos, cunhadas, sobrinhas, tios, primos e afilhados, pelo suporte permanente e incondicional. De alguma forma todos estiveram presentes nesse processo. Muito Obrigado. “De Formião, filósofo elegante, Vereis como Aníbal escarnecia, Quando das artes bélicas, diante Dele, com larga voz tratava e lia, A disciplina militar prestante Não se aprende, Senhor, na fantasia, Sonhando, imaginando ou estudando, Senão vendo, tratando e pelejando” (Luís de Camões, Os Lusíadas, Canto Décimo, Soneto 153) “Se quisermos entender as normas éticas de uma sociedade, é a estética que devemos estudar.” (Edmund Leach, Sistemas Políticos da Alta Birmânia) Resumo Esta dissertação pensa a temporalidade entre os militares por meio de uma perspectiva etnográfica. Os trabalhos pioneiros de antropólogos com militares no Brasil buscaram na perspectiva etnográfica o entendimento dos militares e escaparam da perspectiva dominante desse tema até então, que era a relação das instituições militares com a política. Esse olhar “de dentro” mostrou outras perspectivas da sociabilidade militar, como uma visão própria dos militares enquanto grupo distinto do resto dos cidadãos, portadores de um conjunto características inerentes e exclusivas, bem como uma cosmologia em que a hierarquia opera como classificador lógico de todas as relações. Esses trabalhos levantaram sugestões que procuro explorar aqui, sobretudo com relação à temporalidade militar e sua interseção com debate antropológico dos rituais. Dentro da produção teórica da antropologia, a temática do ritual constitui-se como um campo polifônico, produzindo uma série de debates e concepções distintas entre si mas sempre associadas com as oposições também clássicas e fundantes do pensamento antropológico (indivíduo/sociedade, empirismo/racionalismo). No cotejamento desses dois campos, inicialmente se observou uma série de dados que levavam a pensar que a temporalidade militar era vivida e pensada num esquema de entendimento em que o tempo e as ações não poderiam simplesmente ser classificados pela dicotomia que opõe os momentos rituais e uma rotina que seria menos prescrita. A observação de noticiários militares, dos manuais, regulamentos e boletins indicavam que todos os momentos da vida militar eram marcados por uma série de prescrições, como códigos de conduta a respeito da aparência física, posturas corporais, uniformes, comportamento interno e externo ao quartel, assim como para as mais variadas situações pelas quais um militar possa passar. Os militares também têm uma série complexa de comemorações e eventos regulamentares em que as indicações da etiqueta, do protocolo e do cerimonial dão a forma de como as coisas devem ocorrer. A ideia de que esses dois campos, o do regulamento da vida comum e o da padronização dos eventos, não podiam ser tratados como campos opostos guiou a busca de dados da sociabilidade entre militares que tornasse palpável a observação dessa temporalidade específica, pouco dicotômica, que até então era um apontamento. Os resultados desse trabalho estão aqui apresentados. No capitulo inicial apresento os antecedentes que levaram ao problema dessa pesquisa, apresentando as etnografias com militares e o debate antropológico dos rituais, e ainda no final desse capítulo, inicio a descrição de minha (difícil) inserção no campo. No segundo capítulo apresento uma análise das comemorações e eventos militares e no terceiro o conjunto de prescrições que ordenam a formação e a conduta diária da vida do militar nos diversos aspectos. Finalmente, retomo a discussão a respeito dos rituais à luz da temporalidade militar e de sua solução de continuidade ou suavização para a clássica oposição entre ritual e cotidiano Palavras-chave: Antropologia, Estado, Forças Armadas, hierarquia, ritual 5 Abstract This dissertation thinks the temporality between the military through an ethnographic perspective. The pioneering works of anthropologists with armed forces in Brazil sought the understanding of the military through ethnographic perspective and escaped the dominant perspective of this issue so far: the relationship between military and politics. That look "inside" showed other perspectives of military sociability as its own vision of the military as a distinct group from the rest of citizens, a group with a set of inherent and exclusive features as well as a cosmology in which the hierarchy operates as logical classifier of all relations. These works raised suggestions I try to explore here, especially regarding the military temporality and its intersection with anthropological discussion of rituals. Within the theoretical anthropology production, ritual studies are constituted as a polyphonic field, producing a series of debates and different conceptions among themselves but always associated with the classic oppositions that founded the anthropological thought (individual / society, empiricism / rationalism ). By relating these two fields, I initially observed a series of data that led to think that the military temporality is lived and thought in understanding scheme in which time and actions could not simply be classified by the dichotomy that opposes the ritual moments and a routine (as a time less prescribed). The observation of military news, manuals, regulations, and reports indicated that all times of military life were marked by a series of regulations, codes of conduct regarding the physical appearance, body postures, uniform, internal behavior and external to the barracks, as well as for a variety of situations in which a military can pass. The military also have a complex series of celebrations and regulatory events in which directions on etiquette, protocol and ceremonial give way to how things should occur. The idea that these two fields, the regulation of the common life and the standardization of events, could not be treated as opposing ideas that guided the search for sociability data between military that become palpable the observation of that specific temporality, not dichotomous, which until then was a suggestive note. These results are presented here. In the opening chapter we present the background that led to the problem of this research, presenting ethnographies with military and anthropological discussion of rituals, and even at the end of this chapter, beginning the description of my insertion in the field. In the second chapter we present an analysis of military celebrations and events and in the third, the set of prescriptions ordering the training and the daily conduct of life of the military in many ways. Finally, I retake to discussion of the rites in the light of military temporality and its continuity solution, that smooth the classic opposition between ritual and daily life. Key words: Anthropology, State, Armed Forces, hierarchy, ritual 6 SUMÁRIO AGRADECIMENTOS ................................................................................................................... 3 Resumo ............................................................................................................................................ 5