Esporte Clube Bahia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO HERBEM GRAMACHO RIBEIRO DOS SANTOS NELSON DE CARVALHO ASSIS BARROS NETO ESPORTE CLUBE BAHIA A derrocada do “clube nascido para vencer” SALVADOR 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE COMUNICAÇÃO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO HERBEM GRAMACHO RIBEIRO DOS SANTOS NELSON DE CARVALHO ASSIS BARROS NETO ESPORTE CLUBE BAHIA A derrocada do “clube nascido para vencer” SALVADOR 2007 2 HERBEM GRAMACHO RIBEIRO DOS SANTOS NELSON DE CARVALHO ASSIS BARROS NETO ESPORTE CLUBE BAHIA A derrocada do “clube nascido para vencer” Trabalho de conclusão apresentado por Herbem Gramacho e Nelson Barros Neto, sob orientação do professor Dr. Maurício Tavares, do curso de Comunicação com Habilitação em Jornalismo da Ufba. SALVADOR 2007 3 SUMÁRIO Apresentação ................................................................................................................................04 Introdução .....................................................................................................................................05 I - O Bahia já foi grande... ........................................................................................................... 08 II - ...Mas vem se apequenando ....................................................................................................11 III - Crise não vem de agora .........................................................................................................14 IV - Um dilema hamletiano ........................................................................................................17 V - Paradoxo escondido na areia ..................................................................................................23 VI - Democracia engavetada ........................................................................................................31 VII - Clientela desperdiçada .........................................................................................................42 VIII - Pretensões Barradas ............................................................................................................50 IX - Contrato oportuno .................................................................................................................54 X - Caso de polícia ...................................................................................................................... 60 XI - Pedras no caminho ................................................................................................................67 XII - Dá para comemorar? ............................................................................................................70 Depoimentos .................................................................................................................................81 Entrevista – Paulo Maracajá .........................................................................................................85 Textos complementares ................................................................................................................89 Memória ....................................................................................................................................... 94 Referências bibliográficas ...........................................................................................................108 4 APRESENTAÇÃO Fala-se bastante em unir o útil ao agradável. Pois é o que está acontecendo com a gente aqui. Situação que seria a ideal para qualquer pessoa, em qualquer atividade da sua vida, na tentativa vã de uma atribulada sociedade em buscar a tal perfeição, a realização do trabalho de conclusão de curso ora exposto unirá duas das nossas principais paixões numa cajadada só: o Esporte Clube Bahia e o jornalismo. Não que aquela esteja indo de vento em popa. Justamente pelo contrário, aliás. É que, para inquietação da dupla, a equipe de maior torcida do Norte/Nordeste brasileiro está tentando se recuperar da pior crise de suas quase 77 primaveras. Outrora gloriosa, a história tricolor começou a degringolar há exatos dez anos e, após um curto hiato de tempo (2001-2002), o calvário vem se aprofundando cada vez mais 00desde 2003, temporada em que o time participou pela última oportunidade da primeira divisão nacional, a Série A. Por alguma dessas obras e/ou coincidências do destino, o período é o mesmo em que ingressamos na querida Facom – turma 2003.1. E a dedicação ao jornalismo esportivo se mostrou flagrante desde o início da graduação. Paralelo ao curso, tentamos sempre manter o Bahia presente em nosso cotidiano. A experiência do aluno Herbem Gramacho durante cinco meses de estágio (de 1º de setembro de 2004 a 31 de janeiro de 2005) na Assessoria de Comunicação do clube e a de Nelson Barros Neto à frente do conteúdo jornalístico do sítio independente ecbahia.com.br, a partir de 2001, só comprovam os laços quase familiares com o Baêa. O contato diário com o tema, assim, foi impulsionado tanto por razões profissionais, através do estágio de ambos no A Tarde Esporte Clube – suplemento esportivo do jornal A Tarde –, quanto pela motivação pessoal destes dois torcedores que freqüentam o Estádio Octávio Mangabeira desde a aurora1 de suas vidas. E que se mostram completamente carentes ante a iminente implosão da combalida arena de Nazaré. 1 Referência ao célebre poema “Meus oito anos”, de Casemiro de Abreu, já que foi com essa idade que a dupla começou a criar laços afetivos com o campo da Fonte Nova, às margens do Dique do Tororó. 5 INTRODUÇÃO De “campeão dos campeões”2 a um mero retrato na parede. Sim, conseguiram transformar o Bahia em quase isso. Verdade que a equipe acaba de deixar a Série C do Campeonato Brasileiro, no último dia 25 de novembro, após empatar em 0 a 0 com o Vila Nova de Goiás. Mas, nem assim, o torcedor azul, vermelho e branco pôde comemorar. A festa já estava preparada, três trios elétricos contratados e a tradicional ida à Igreja do Bonfim planejada. Quanto tudo caminhava bem, todavia, eis que o carcomido estádio não resistiu. Um buraco de 5 x 0,78m se formou. Sete tricolores morreram. Para completar a insatisfação popular, o time levou de 4 a 2 na despedida do deficitário certame, em campo neutro, contra o Clube Recreativo Atlético Catalano (nome oficial do CRAC, 219º colocado no Ranking da CBF), e perdeu a chance de levantar o tão aguardado título. Resultado: mesmo subindo, o Bahia não soube se livrar das críticas. Pergunta-se: o que a saída da Série C, último degrau do “esporte-bretão” no País, significa para um clube bicampeão nacional (1959/88), primeiro representante destas plagas na Taça Libertadores da América e detentor da maior média de público do Brasil em 2007 (40.410 pagantes por jogo, acima da marca do Flamengo, na elite, cantada em verso e prosa pela imprensa do Eixo Rio-São Paulo)? Se estamos diante de um renascimento, é porque o Esquadrão 2 Apelido surgido após o lançamento do disco “Praga de Baiano”, em 1977, da banda Novos Baianos. De autoria do trio Zé Pretinho da Bahia, B.Silva e Raquel, a faixa sete do álbum acabou se tornando uma espécie de segundo Hino do Esporte Clube Bahia. De tão popular, terminou gravada por um grupo de Osaka, no Japão, fã desse período musical no Estado (http://br.youtube.com/watch?v=NmHXca2jNUg). No ano 2000, foi a vez de o ministro Gilberto Gil dar a sua versão para a canção no CD “Doces Bárbaros Bahia”. Os Novos Baianos, frise-se, são donos daquele que é considerado o melhor disco da história da música brasileira, segundo a Revista Rolling Stone de outubro de 2007, edição nº 13, página 109: “Acabou Chorare”, de 1972. 6 de Aço3 se encontrava no fundo do poço. Para todo o sempre, ficará manchado que vivenciou a chamada Terceira Divisão. E por duas temporadas consecutivas. Fundado no Ano Novo de 1931, uma quarta-feira, por antigos membros da Associação Atlética da Bahia e do Clube Bahiano de Tênis, na sede do Jockey Clube do Estado, o Tricolor é vítima de uma série de mazelas de sua gestão. Revoltados, mais de 30 mil foram às ruas do centro de Salvador para pedir mudanças na diretoria, no dia 24 de novembro de 2006. Em janeiro de 2007, a pressão era tanta que houve até campanha por “Público Zero” na Fonte Nova. Numa das partidas, oposicionistas chegaram a forjar o enterro simbólico dos cartolas. Em maio, torcedores protestaram, na porta do centro de treinamentos do clube, o Fazendão, no dia da reapresentação de jogadores e comissão técnica. Apesar da campanha rumo à Segundona, faixas eram colocadas com reclamações a cada jogo dentro de casa. Culpa da pior seca de conquistas da história do Esquadrão, que não ganha nada desde 2002, combinada com ausência de eleições diretas no clube, Ministério Público e Polícia Federal investigando os dirigentes e rombo financeiro – confessado – de cerca de R$ 50 milhões. Os mais humildes funcionários do Bahia passaram o Natal de 2006 sem receber salário há cinco meses. Das 56 contratações realizadas naquela temporada, apenas quatro permaneceram. E por aí vai. Além de políticos4 a exemplo do governador Jaques Wagner e do prefeito João Henrique, a desfavorável situação azul, vermelha e branca tem provocado comentários ilustres em toda a imprensa, prova de sua importância no cenário esportivo nacional, a despeito da fase 3 Expressão cunhada pelo jornalista Aristóteles Gomes, em 1947, depois que o Bahia goleou o São Paulo – o “Esquadrão da Fé” – por 7 a 2. Por isso, nada mais lógico que colocar o “Homem de Aço” para simbolizar o clube, o