Piraí do Sul Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos P R E F E I T U R A M U N I C I P A L Paço Municipal Ramis Gabriel Cury

CNPJ 77.001.329/0001-00

ESTUDO TÉCNICO PARA CRIAÇÃO DO PARQUE

NATURAL MUNICIPAL DÁRIO ROLIM DE MOURA

Piraí do Sul,

Junho de 2019

SÚMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

1. INTRODUÇÃO: ...... 6

2. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS: ...... 7

3. DESIGNAÇÃO E DEFINIÇÕES BÁSICAS: ...... 10

3.1. DESIGNAÇÃO: ...... 10

3.2. DEFINIÇÃO DE PARQUE: ...... 11

3.2.1. CLASSIFICAÇÃO LEGAL: ...... 11

4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DARIO ROLIM DE MOURA: ...... 12

4.1. PANORAMA GERAL: ...... 12

4.2. BREVE HISTÓRICO: ...... 13

5. SINOPSE DA ÁREA DA UNIDADE E DO ENTORNO: ...... 14

5.1. LIMITES PROPOSTOS, SUPERFÍCIE E SITUAÇÃO FUNDIÁRIA: ...... 14

5.2. ZONA DE AMORTECIMENTO: ...... 15

5.3. PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL: ...... 16

5.4. USO DOS RECURSOS NATURAIS PELA POPULAÇÃO E PRINCIPAIS AMEAÇAS: ...... 16

5.5. ATRATIVOS E POTENCIALIDADES DE USO PÚBLICO: ...... 17

5.6. COMUNIDADES DO ENTORNO: ...... 17

5.7. DESCRIÇÃO MEIO FÍSICO E BIÓTICO: ...... 18

5.7.1. CLIMA: ...... 18

5.7.2. GEOLOGIA E TIPO DE SOLO: ...... 19

5.7.3. GEOMORFOLOGIA: ...... 19

5.7.4. RECURSOS HÍDRICOS: ...... 21

5.7.5. FLORA E FAUNA: ...... 22

6. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE: ...... 24

7. DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO: ...... 26

7.1. NATUREZA ADMINISTRATIVA: ...... 26

7.2. OBJETIVOS DA UNIDADE: ...... 26

7.3. CONSELHO CONSULTIVO: ...... 27

7.4. INFRAESTRUTURA:...... 27

7.5. VISITAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ...... 28

7.5.1. VISITAÇÃO: ...... 28

7.5.2. INTERPRETAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: ...... 28

7.6. MANEJO DO ECOSSISTEMA: ...... 29

7.7. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO: ...... 29

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS: ...... 30

9. REFERENCIAS: ...... 31

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Localização do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura...... 08

Figura 02: Localização do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura dentro do perímetro urbano...... 10

Figura 03: Zona de Amortecimento – projeção de 150m de distância a partir do limite do perímetro...... 16

Figura 04: Aspectos da geomorfologia e da declividade da área (Fonte: Mapa Suporte Natural – PDM/2006)...... 20

Figura 05: Modelo de elevação do terreno com base no SRTM/2000 e altimetria com curvas mestras equidistância de 5m...... 21

ii LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Distância das cidades...... 09

Tabela 02: Objetivos da Unidade...... 27

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APRESENTAÇÃO

O presente Estudo aqui apresentado tem por objetivo submeter à sociedade, através de Consulta Pública e ampla divulgação, a proposta de criação de Unidade de Conservação Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura, localizado na margem da PR 151 – Trevo de acesso pela Av. Nossa Senhora das Brotas. A proposta de criação do Parque decorre da aquisição da área pela Lei Municipal n.º 1.942 de 10/07/2013 e das adequações solicitadas pela IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis devido à averbação de Plano de Manejo contida na matrícula 2629 do CRI da Comarca de Piraí do Sul.

Utilizou-se como referência para a elaboração dos estudos, o “Roteiro para Criação de Unidades de Conservação Municipais” publicado pela Secretaria de Biodiversidade, Departamento de Áreas Protegidas (MMA, 2019), entre outras publicações de referência e a legislação Federal e Estadual e Municipal pertinente. O estudo também visa atender o disposto no art. 22, § 2º da Lei Federal n.º 9.985 de 18/07/2000.

A área em questão é um remanescente de vegetação da Mata Atlântica, circundado pela malha urbana e limitado a leste pela rodovia PR 151. Embora a fisionomia original deva ser alterada para que a mesma sirva como espaço de lazer, dotando o local com trilhas, açude, entre outras infraestruturas que vierem a ser propostas, esse remanescente de vegetação na área urbana é importante do ponto de vista ecológico, devendo ser utilizada na conservação dos recursos florestais. Por se tratar de um ecossistema modificado por ações antrópicas, que sofrem ameaças, como o efeito de borda, extinção local, invasão biológica de exóticas e acúmulo de lixo que comprometem a autossustentabilidade do local, a preservação da área torna-se relevante para realização de pesquisas e do desenvolvimento de práticas de manejo para que seu uso pela população seja viável e que os recursos florestais sejam preservados, além de que o único espaço de área verde para lazer da população que hoje exista seja o Parque das Brotas que pertence à Mitra Diocesana.

O presente documento apresenta as justificativas para criação de uma unidade de conservação para proteção da área averbada na matrícula acima citada, 3 conforme o compromisso assumido pelo Município de Piraí do Sul e o IBAMA publicado no Diário Oficial da União de 16/08/2018, contendo a caracterização do meio físico e biótico. Além da relevância ambiental da nova Unidade de Conservação, procurou-se ressaltar a importância da criação do novo Parque para a população da cidade, bem como as medidas de proteção e gestão da área até a aprovação do Plano de Manejo da nova Unidade de Conservação.

A sugestão técnica, acatada pelo Governo Municipal e aqui descrita, é implantar uma unidade de conservação na categoria Parque Natural Municipal, o qual tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, conforme previsão do Sistema Nacional das Unidades de Conservação.

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RESUMO EXECUTIVO

O Município de Piraí do Sul, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, pretende implantar uma unidade de conservação municipal objetivando primordialmente a proteção da biodiversidade, a recreação, a pesquisa, a interpretação e a educação ambiental.

O empreendimento público proposto será denominado Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura, abrangendo 13,03 ha contendo vegetação secundária em estágio médio de regeneração e apesar de conter espécies exóticas, apresenta boa cobertura florestal com diversidade de espécies e sub-bosque estruturado. No Estado do Paraná, o ecossistema Floresta Ombrófila Mista (Bioma Mata Atlântica), encontra-se altamente ameaçado por atividades antrópicas como agricultura, pecuária e urbanização. Mantendo-se esta tendência de pressão, corre-se o risco de artificializar demasiadamente a paisagem, liquidando cenários de extrema beleza e potencializar a extinção de espécies como o Pinheiro do Paraná.

A criação e implantação do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura alinha- se aos compromissos internacionais do Brasil de proteger o ambiente, conforme metas estabelecidas pela ONU. Neste sentido, a proteção das espécies de fauna e flora nativas da região dos Campos Gerais do Paraná poderá ser feita, de forma efetiva, com a preservação de parcelas significativas de seus ambientes naturais, sobretudo, preservando remanescentes da Mata de Araucárias em ambiente urbano para que os cidadãos possam conceber a importância desse ecossistema e de sua preservação.

A área proposta para o parque encontra-se protegida por diversos dispositivos legais, ressaltando-se a Lei Estadual 4.425 de 11 de janeiro de 1995 (Lei Florestal do Estado do Paraná), Lei Federal 11.428, de 22 de dezembro de 2006 (Lei da Mata Atlântica), a Lei Federal 12.651, de 25 de maio de 2012 (Novo Código Florestal), a Lei Federal n° 5.197, de 3 de janeiro de 1967 (Lei de Proteção a Fauna), e a Lei Federal 9.985, de 18 de julho de 2000 (Sistema Nacional de Unidade de Conservação).

O principal instrumento da implantação do Parque Natural Municipal é o Plano de Manejo, que será elaborado com a participação da população, faculdades, 5 empresas, associações civis e ONGs que atuam localmente, no prazo de dois anos a partir da criação da unidade.

Constata-se, portanto, que o Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura trará grandes benefícios para o município de Piraí do Sul, somando-se a outros empreendimentos em implantação, diversificando o mercado de trabalho, pois após a criação do Parque poderão ser implantadas as empresas na área industrial dentro do imóvel.

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EQUIPE TÉCNICA

Eng. Civil Alaor Ferreira Mainardes Júnior

Eng. ª Agrônoma MSc. Luciana Costa

Eng.ª Agrônoma Viviane Maria Ribas de Souza

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1. INTRODUÇÃO:

Em 2019, o Prefeito de Piraí do Sul Exmo. Sr. José Carlos Sandrini apresentou à Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos a necessidade de criar a unidade de conservação para cumprir o acordo do Termo de Compromisso firmado junto ao IBAMA pela gestão anterior, de modo que o imóvel público adquirido em 2013 venha a exercer a função pelo qual foi adquirido e que assim, os terrenos destinados às indústrias enfim possam abrigar empresas e gerar renda e emprego aos municípes.

Neste contexto, os técnicos da Prefeitura Municipal, servidores da Secretaria de Infraestrutura e da Secretaria de Agricultura e Abastecimento com intuito de orientação dos estudos se reuniram para a elaboração dos Estudos Técnicos necessários da fase inicial de criação da Unidade de Conservação.

Utilizou-se como referência para a elaboração dos estudos, o “Roteiro para Criação de Unidades de Conservação Municipais” publicado pela Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (2019), entre outras publicações de referência e a legislação Federal e Estadual e Municipal pertinente.

O presente documento atende ainda o § 2º do art. 22 da Lei Federal 9985 de 18 de julho de 2000, que estabelece que “a criação de uma unidade de conservação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permita identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade”.

O presente documento consolida a proposta do Governo Municipal para criação do parque, pois o estudo além das medidas transitórias de gestão, propõe a discussão de iniciativas inovadoras de gestão do novo Parque, que possam garantir uma adequada implantação, a sua gestão sustentável ao longo do tempo e incentivar a ampla participação da sociedade civil de Piraí do Sul nesse processo.

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2. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS:

O Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura está localizado integralmente dentro do município de Piraí do Sul, especificamente na região nordeste da área urbana. Está situado no lado direito da confluência da Av. Nossa Senhora das Brotas com a PR 151 – Rodovia Senador Flávio Carvalho Guimarães, trevo de Acesso das Brotas sentido Santuário.

Figura 01: Localização do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura

Mesorregião geográfica: Piraí do Sul faz parte da mesorregião geográfica Centro- Oriental do Estado do Paraná, e dentro da mesorregião, faz parte da microrregião de , mas com direcionamento das polarizações em direção sul para Castro e .

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Confrontações: O município de Piraí faz divisa, ao sul, com o município de Castro, de onde foi desmembrado no final do século XIX, ainda na vigência do Império do Brasil. A leste, confronta-se, por poucos quilômetros, com Doutor Ulisses e, ainda, com Jaguariaíva. Ao Norte faz divisa com Arapoti e a oeste, com os municípios de e de Tibagi.

Rodovias: Piraí do Sul é servida por uma rodovia principal – a PR-151, cujo traçado original remonta ao Século XVIII, quando constituía o Caminho das Tropas – que faz parte do Anel de Integração, circuito rodoviário com conservação e melhoria atribuído à iniciativa privada em 1997. Para o sul segue em direção a Castro, Carambeí e Ponta Grossa enquanto para norte, em direção a Jaguariaíva. Através dessa rodovia ocorrem às principais trocas econômicas entre Piraí do Sul e o restante do país, quer em direção ao sul (em busca da capital e do porto de Paranaguá), quer em direção ao norte (Norte Pioneiro e São Paulo). Outra estrada rodagem de interesse regional que é a PR-090 (Rodovia do Cerne), cujo ramal noroeste (em direção a Ventania e, daí, ao Norte Pioneiro) está totalmente pavimentado. O ramal da PR-090 em direção sudeste, que parte de , mantém importância histórica (foi a primeira ligação entre o Sul e Norte paranaense, em meados do Século XX), mas reduzida importância econômica, por não ter revestimento. A PR-239 (entre Ventania e Arapoti) tangencia o território municipal piraiense ao norte.

Tabela 01: Distância das cidades.

Cidade Distância Observações (km) Curitiba 184 Via Ponta Grossa 242 Via PR 090 e BR 369 São Paulo 448 Ponta Grossa 70 Via Castro Fonte: SETR/DER, Mapa Rodoviário do Estado do Paraná, 1998 e Google Maps

Pedágio: O município de Piraí do Sul não é sede de nenhuma praça de pedágio do sistema da PR-151. No entanto, a 10 km da entrada da cidade de Jaguariaíva (Km 224), encontra-se a instalação de cobrança da empresa concessionária, o mesmo ocorrendo a 5 km ao norte de Carambeí (Km 304). Em face da integração 10 econômica de Piraí do Sul com as comunidades sitas ao sul, o valor das tarifas pagas nessa praça constitui desvantagem para o intercâmbio de mercadorias e serviços dentro da microrregião.

Figura 02: Localização do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura dentro do perímetro urbano.

3. DESIGNAÇÃO E DEFINIÇÕES BÁSICAS:

3.1. DESIGNAÇÃO:

A denominação adotada é Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura, foi dada em homenagem a um ilustre cidadão piraiense, antigo proprietário do local. Dário Rolim de Moura foi líder político, comerciante, fazendeiro, militar, ocupou inúmeros cargos na justiça e registro oficiais da então Vila de Pirahy. Envolvido com 11 todas as atividades da então Vila de Pirahy como político, empreendedor, comerciante e industrial, nas suas inúmeras propriedades rurais era preservacionista, mantendo extensas áreas com cobertura florestal, sendo que uma dessas áreas rurais era o local adquirido para implantação do Parque, local que conservou e cuidou da preservação florestal e dos mananciais ali existentes.

3.2. DEFINIÇÃO DE PARQUE:

Os parques constituem unidades de conservação, terrestres e/ou aquáticas, normalmente extensas, destinadas à proteção de áreas representativas de ecossistemas, podendo também ser áreas dotadas de atributos naturais ou paisagísticos notáveis, sítios geológicos de grande interesse científico, educacional, recreativo ou turístico, cuja finalidade é resguardar atributos excepcionais da natureza, conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais com a utilização para objetivos científicos, educacionais e recreativos. Assim, os parques são áreas destinadas para fins de conservação, pesquisa e turismo. Podem ser criados no âmbito nacional, estadual ou municipal, em terras de seu domínio, ou que devem ser desapropriadas para esse fim. São criados por ato do poder público e tem como funções:

 Preservar a natureza e oferecer oportunidades de visitação, aprendizagem, interpretação, educação, pesquisa, recreação, inspiração, relaxamento e atividades espirituais ambientalmente compatíveis, assim como incrementar o turismo;  Prover serviços ambientais como água limpa, redução da erosão, amenização do clima;  Local onde é proibida a exploração de recursos naturais (solos, recursos minerais, águas, animais selvagens, madeira, plantas ornamentais)  Um bem de uso comum do povo (artigo 99 da Lei n.º 10.406 de 10.01.2002 - Código Civil);  Uma propriedade e um patrimônio público inalienável;  Administrado com base em Plano de Manejo, leis e regulamentos gerais, bem como por manuais de procedimentos elaborados pelo órgão central.

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3.2.1. CLASSIFICAÇÃO LEGAL:

Parque é classificado como uma categoria de unidade de conservação de proteção integral pela Lei Federal n.º 9.985 de 18/07/00, conhecida como “Lei do SNUC” (Sistema Nacional de Unidades de Conservação).

De acordo com a Lei do SNUC (art. 11), um Parque:

Art. 11. O Parque Nacional tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.

§ 1o O Parque Nacional é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

4. O PARQUE NATURAL MUNICIPAL DARIO ROLIM DE MOURA:

4.1. PANORAMA GERAL:

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É dever da coletividade e do Poder Público de preservar o meio ambiente para as presentes e futuras gerações (Artigo 225 da Constituição Federal). Diante disso a Constituição Federal (Artigo 182 e 186) estabelece que toda e qualquer propriedade deve cumprir sua função social, no caso urbano, quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor e rural, entre outros requisitos, quando preserva o meio ambiente.

No Brasil, desde o início da criação de áreas protegidas, seu objetivo maior tem sido o de manter os recursos naturais em seu estado original, para usufruto das gerações atuais e futuras, além de promover o desenvolvimento sustentável, conforme a Lei do SNUC (2000).

Parques urbanos têm sua importância relacionada principalmente com o lazer e a melhoria da qualidade de vida dos habitantes nas cidades, mas também com um papel ambiental (melhoria das condições de umidade e temperatura nos centros urbanos, diminuição da poluição sonora, entre outros) e ecológico (corredores de passagem para a fauna, ligando diferentes áreas verdes; local de alimentação, reprodução e refúgio para a fauna urbana e migratória, entre outros). É importante diferenciarmos os parques urbanos que a população geralmente tem em mente de categoria “Parque” Unidade de Conservação que é uma unidade de proteção integral, sendo somente admitido o uso indireto dos recursos naturais. Com esta definição devemos deixar claro que o Parque Natural será uma UC e não um parque urbano com espaços verdes localizados em áreas urbanizadas de uso público, cujo intuito é de propiciar recreação e lazer aos seus visitantes, que oferecem também serviços culturais, como museus, casas de espetáculo e centros culturais e educativos ou estão frequentemente ligados a atividades esportivas, com suas quadras, campos, ciclovias etc.

4.2. BREVE HISTÓRICO:

O Município de Piraí do Sul decretou a área como de utilidade pública conforme Decreto n.º 147/2013 e procedeu a desapropriação amigável conforme a Lei Municipal n.º 1.942 de 10/07/2013, com a finalidade de expansão da área 14 industrial do município e para fins urbanísticos e de preservação do meio ambiente e seu uso sustentável.

Devido a restrições averbadas na área junto ao IBAMA, somente em setembro de 2014 a área veio a ter acompanhamento da equipe técnica, pleiteando a mudança de limites no Plano de Manejo averbado, para que assim houvesse a destinação do local à finalidade pela qual foi adquirida. Devido a limitações imposta pela legislação ambiental, a área averbada como Plano de Manejo teve sua destinação mudada para uso de Parque (UC de Proteção Integral) e após processo de comprovação de ganho ambiental com permuta de área para efetivação do desmembramento de lotes industriais em outubro de 2016, o Município obteve o aceite do IBAMA para efetivar as modificações e dar prosseguimento nos processos de criação do Parque e de desmembramentos de lotes industriais.

Assim sendo, em maio de 2019 houve a demanda técnica por parte da administração atual para efetivar as cláusulas constantes no Termo de Compromisso firmado entre o Município de Piraí do Sul e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA (DOU n.º 158 de 16/08/2018). E conforme a legislação, este Estudo inicia o processo para criação do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura.

5. SINOPSE DA ÁREA DA UNIDADE E DO ENTORNO:

5.1. LIMITES PROPOSTOS, SUPERFÍCIE E SITUAÇÃO FUNDIÁRIA:

A área compreendida pelo Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura resultou da aquisição de um imóvel pela administração municipal, gestão 2013 – 2016, com o propósito de instalação de Parque e de Distrito Industrial, conforme já relatado no texto deste Estudo.

Levando em consideração as diretrizes que incidem sobre o processo de criação de uma nova unidade de conservação, os objetivos exigidos pelo IBAMA e as condições observadas na área adquirida, foi concluído que a categoria de 15 unidade de conservação de preservação integral adequada seria do tipo Parque Natural Municipal.

Segundo a Lei 9.985/2000, a categoria escolhida tem como objetivo a preservação dos ecossistemas naturais relevantes do município, a realização de pesquisas científicas, a recuperação de áreas degradadas, o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental e de recreação em contato com a natureza. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no Plano de Manejo da unidade, às normas estabelecidas pelo órgão responsável por sua administração, e àquelas previstas em regulamento.

O limite proposto para a unidade se estende por uma porção do imóvel da matrícula 2629 com área total de 17,3309 ha, sendo que foi extraída uma área central para instalação do Distrito Industrial (4,30 ha). O restante da área destinada ao Parque compreende uma superfície com total de 13,0309 ha.

A definição preliminar dos limites da unidade proposta seguiu os seguintes critérios:

 Incluir o máximo possível de áreas com cobertura florestal original (matas nativas) ainda preservada, acatando as recomendações do IBAMA no que se referia à inclusão de áreas de APP;  Manter a integridade dos fragmentos florestais associados;  Excluir as áreas com possibilidade de uso no loteamento industrial;  Respeitar a legislação ambiental para delimitação da área.

O Anexo I contém o Mapa da unidade enquanto o Anexo II apresenta o memorial descritivo dos limites.

5.2. ZONA DE AMORTECIMENTO:

Zona de Amortecimento é definida segundo o Art. 2º, inciso XVIII, da Lei 9.985/2000 (SNUC), como sendo o entorno de uma Unidade de Conservação, onde 16 as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a Unidade.

O limite da Zona de Amortecimento do Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura é de 150m (cento e cinquenta metros) em projeção horizontal a partir do limite do seu perímetro, excluindo as áreas já consolidadas do Bairro Três Santas. A zona de amortecimento foi definida a partir da análise dos divisores de água e bacia de drenagem do local.

Figura 03: Zona de Amortecimento – projeção de 150m de distância a partir do limite do perímetro.

5.3. PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL:

A área estudada para criação do Parque é de mata nativa bastante degradada e não abriga patrimônio histórico cultural. 17

5.4. USO DOS RECURSOS NATURAIS PELA POPULAÇÃO E PRINCIPAIS AMEAÇAS:

O Parque sofre pressão do entorno densamente ocupado pela malha urbana. A falta de cercamento na área facilita o acesso da população que colhe os frutos, sementes e madeira de árvores, até mesmo de árvores ameaçadas de extinção conforme listagem do Ministério do Meio Ambiente. A fauna local corre perigo de desaparecer antes mesmo de ser catalogada.

A conversão de áreas naturais em área habitacional também pode afetar a estrutura do solo, através de movimentações e aberturas de ruas, ausência de drenagem pluvial, calçamento e da intensificação de processos erosivos ou redução da capacidade de armazenamento de água. Os recursos hídricos também podem ser afetados através do assoreamento do leito do córrego devido aos sedimentos, bem como, através da contaminação de águas superficiais e subterrâneas com esgoto clandestino.

5.5. ATRATIVOS E POTENCIALIDADES DE USO PÚBLICO:

O Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura apresenta diversos atrativos e potencialidades de uso público como a contemplação da paisagem, caminhadas, observação de espécies da fauna e flora local, atividades de educação ambiental, fotografia, trilhas ecológicas, recreação infantil e academia ao ar livre

As instituições de ensino também poderão promover atividades com o objetivo de ensinar nos alunos o protagonismo e o cuidado com o meio ambiente. As atividades questões ambientais específicas (biodiversidade, clima, sustentabilidade), também poderão ser oferecidas para públicos de diferentes faixas etárias, com metodologia adaptada para o público alvo. Por meio de oficinas e atividades lúdicas, os interessados terão a oportunidade de desfrutar do contato com a natureza ao mesmo tempo em que serão estimulados a praticarem ações para a melhoria do meio ambiente.

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5.6. COMUNIDADES DO ENTORNO:

O entorno do parque é caracterizado por dois tipos de ocupação limitados pelo PR 151. A oeste do mesmo há toda a malha urbana, e depois da PR 151 (com a qual faz confrontação) estão empreendimentos industriais, posto de combustível e área de agropecuária.

Com relação aos aspectos ambientais, a área possui grau de antropização elevado. As áreas do entorno imediato na malha urbana ainda mantêm o uso do solo atual como pastagem, uso que vem ocorrendo há décadas, perdendo lentamente estas características. Dada a proximidade com a área urbana, a malha viária existente e a ocupação com habitações a partir de 1998 do Bairro Três Santas (na extremidade da zona de expansão urbana) todo o entorno vem perdendo as características agropastoris e se modificando em área residencial, de forma gradual e sem infraestrutura adequada. Essa característica é a que causa maior pressão na área do Parque, devendo a ocupação desse entorno ocorrer de forma mais ordenada e que cause menor impacto ambiental ao Parque e a própria cidade.

Também, confrontando com o Parque e dentro dos limites atribuídos à zona de amortecimento, existem empreendimentos industriais, oficinas mecânicas, que devem ser monitoradas quanto suas atividades pela potencialidade de dano ano meio ambiente.

Também, há ocupações irregulares e há lançamentos de esgoto no Rio Piraizinho nos limites da zona de amortecimento, sendo essa área incluída por estes mesmos motivos para ser recuperada.

5.7. DESCRIÇÃO MEIO FÍSICO E BIÓTICO:

5.7.1. CLIMA:

O clima Cfb mesotérmico segundo Köppen, (temperatura média no mês mais frio abaixo dos 18º C), úmido e superúmido, sem estação seca definida, com verões frescos (temperatura média no mês mais quente abaixo dos 22º C) e média superior 19 a 10º C em onze meses por ano. Há ocorrência de geadas ao menos 5 vezes ao ano.

Quanto à pluviosidade, o município apresenta média anual entre 1.400 mm e 1.600 mm, com coeficiente de variação entre 20 e 25%. A umidade relativa do ar varia em média de 70% a 75%, com a parte norte do município possuindo um coeficiente de evapotranspiração superior ao da parte sul, caracterizada pelas extensas várzeas do Rio Piraí-Mirim, Piraí e Iapó. O vento dominante na região é o sudeste-noroeste e o nordeste-sudoeste, com ampla variação.

5.7.2. GEOLOGIA E TIPO DE SOLO:

A área urbana de Piraí do Sul está assentada sobre rochas sedimentares do Grupo Castro (Associação Piraí do Sul), numa região de topografia irregular, onde são comuns terrenos com gradientes topográficos muito acentuados (que ultrapassam 17%), e áreas planas ou deprimidas, sujeitas à inundação. Devido à natureza sedimentar desses terrenos, bem como à atuação de processos intempéricos, o manto de alteração pode atingir vários metros de profundidade, podendo oferecer riscos relacionados a escorregamentos ou a estabilidade de taludes, principalmente quando da execução de cortes para construções ou para implantação de ruas e estradas. Devido a topografia do local bem como as limitações legais, no processo de escolha das áreas destinadas ao uso de loteamento industrial resultou na atual conformação dos limites do Parque.

A Formação do Grupo Castro apresenta coberturas sedimentares proterozóicas, não ou muito pouco dobradas e metamorfizadas. A área de estudo está situada sobre as rochas associadas a conglomerados, arenitos, siltitos e lamitos do Grupo Castro.

Quanto a classificação de solos, segundo mapa do MAPA EMBRAPA SOLOS e EMBRAPA FLORESTAS (EMBRAPA, 2002) os solos da área podem ser classificados como NXd – Associação de NITOSSOLO HÁPLICO latossólico, relevo ondulado + CAMBISSOLO HÁPLICO típico, Tb, relevo forte ondulado, ambos distróficos, textura argilosa, fase floresta subtropical. 20

5.7.3. GEOMORFOLOGIA:

A análise da hipsometria municipal, ou seja, dos padrões de altitude e formas do relevo do território, denota a riqueza de suporte físico que caracteriza o município de Piraí do Sul.

De acordo com o Atlas Geomorfológico do Paraná (MINEROPAR, 2006) a região está incluída no Planalto de Castro situada no Primeiro Planalto Paranaense, apresenta dissecação média. Em relação ao relevo, apresenta um gradiente de 400 metros com altitudes variando entre 920 (mínima) e 1.320 (máxima) m. s. n. m. As formas predominantes são topos alongados e aplainados, vertentes convexo-côncavas e vales abertos de fundo chato. A direção geral da morfologia é NW/SE, modelada em rocha do Complexo Granítico Cunhaporanga.

A geomorfologia da região em questão pode ser descrita como: Planalto dissecado - apresenta-se em formas de manchas de maior energia no relevo, de dissecação mais intensa. O relevo é apresentado em formas de colinas alongadas com desníveis acentuados para os vales dos rios. Por vezes os topos são planos com rupturas.

De acordo com a declividade e a geomorfologia temos a seguinte conformação da área.

Figura 04: Aspectos da geomorfologia e da declividade da área (Fonte: Mapa Suporte Natural – PDM/2006)

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Figura 05: Modelo de elevação do terreno com base no SRTM (2000) e altimetria com curvas mestras equidistância de 5m.

5.7.4. RECURSOS HÍDRICOS:

A cidade de Piraí do Sul encontra-se totalmente inserida na Bacia do Rio Piraí, curso d´água que lhe limita o quadro urbano na porção noroeste. O Rio Piraizinho, afluente da margem direita do Rio Piraí, é o principal curso d´água da área urbana, com sua bacia hidrográfica contendo toda a região da Ronda, da cidade velha e de boa parte da região da Avenida David Federmann.

A área do Parque está localizada na bacia do Rio Tibagi, na sub-bacia do Rio Piraí. A divisa a oeste da poligonal é feita por um córrego sem denominação, com área de Preservação Permanente bastante impactada e por vezes até inexistente.

Em tempos antigos havia uma captação de água que abastecia um açude dentro dos limites da área vegetada e que está desativado desde os anos de 2003 em diante, conforme inferência por imagem de radar.

As Áreas de Preservação Permanente (APPs) totalizam 4,20 ha em projeção horizontal de 30m da margem do córrego. Estas delimitações seguem os parâmetros definidos pelo Código Florestal (Lei 12.651 de 25 de maio de 2012) para cursos hídricos de até 10 metros de largura.

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5.7.5. FLORA E FAUNA:

A cobertura vegetal da área do Parque encontra-se seriamente impactada, e diga-se que se há remanescente foi devido às restrições de seu uso impostas pelo IBAMA devido ao Plano de Manejo. Tendo em vista, que o local foi adquirido para duplo propósito, opostos entre si, preservação ambiental e instalação de algumas indústrias de pequeno a médio porte, somente coube a parte técnica adequar a demanda das gestões, anterior e a atual, para dar finalidade ao imóvel. O fragmento de mata, ainda que pequeno, representa o que foi a cobertura florestal do Estado do Paraná

O Parque Natural Municipal Dário Rolim de Moura está inserido dentro dos domínios do bioma Mata Atlântica (IBGE, 2004). A vegetação original da região era formada em sua maior parte pela Floresta de Araucária ou Floresta Ombrófila Mista, a qual mostra um estrato emergente formado exclusivamente pelo Pinheiro-do- Paraná (Araucaria angustifolia) que em função dos seus aspectos morfológicos (copa, folhagem, tronco, etc.) imprime a característica da paisagem regional. Após esta imponente espécie, observam-se os estratos arbóreo superior, arbóreo inferior e o arbustivo-herbáceo, que pode se apresentar denso ou bastante ralo (KLEIN, 1979), O estrato epifítico apresenta invariavelmente pteridófitas, pequenas orquídeas, cactos, bromélias, gesneriáceas, aráceas e piperáceas.

Na fitofisionomia atual dos Campos Gerais, os elementos florestais se apresentam, com frequência, como manchas de matas, quase circulares, denominadas capões, como matas de galeria, ou como Bosques Mistos, especialmente em encostas ou diques de diabásio. Bosques e capões isolados possuem menor riqueza e diversidade específica do que áreas florestadas maiores e contínuas.

Dentro da área de distribuição da Floresta Ombrófila Mista, ocorrem áreas de campos limpos – a Estepe Gramíneo-Lenhosa. Os campos limpos secos são encontrados nas áreas bem drenadas, ocupando posições de interflúvios e encostas menos dissecadas. Estão associados principalmente a cambissolos arenosos e de textura média, a podzólicos e a litólicos. Espécies seletivas e muito sensíveis quanto à variação de propriedades dos solos fazem com que se formem agrupamentos vegetais típicos nas diversas zonas (KLEIN; HATSCHBACH, 1971). 23

Em todo o seu redor, o fragmento de mata limita-se por áreas urbanizadas ou fortemente antropizadas, de modo que se encontra praticamente desconectado dos demais fragmentos da região. Situado dentro da propriedade e no meio da mesma, há uma área de campo (pastagem plantada), que será destinada à instalação de indústrias e há fragmentos florestais distintos na porção laterais oeste, norte e sul, com características florestais e estágios também distintos que foram incorporados na proposta de criação do Parque.

Na área de Preservação Permanente de um córrego podemos observar a vegetação em estágio de capoeira ou estágio médio de regeneração, com a presença de Branquilho (Sebastiana klotzschiana), bugreiro (Lithraea molleoides), cambuí-do-brejo (Myrciaria tenella), vacum (Alophyllus edulis) e a presença de moitas espinhosas de maricá (Acacia sp.).

A vegetação da porção norte da propriedade, localizada junto à Av. Nossa Senhora das Brotas pode ser descrita como secundária em estágio médio a avançado de regeneração de acordo com as informações obtidas com o estudo da vegetação, baseado na Resolução CONAMA nº 02/94, convalidada pela Resolução CONAMA 388/07. Esta área, representativa no Plano de Manejo averbado na matrícula, em 1988, foi descrita como área de matas. Há área com a presença de um a dois estratos com a presença de espécies facultativas, com a presença de poucas epífitas (estágio médio). Também ocorrem manchas de estágio avançado onde a vegetação apresenta fisionomia arbórea com dossel fechado e uniforme, com a ocorrência de araucárias. Ocorrem espécies emergentes, dossel com copas superiores, horizontalmente amplas, sobre os estratos arbustivos e herbáceos, e a presença de trepadeiras lenhosas. Outros aspectos ecológicos que indicam o avançado estágio sucessional são a grande diversidade de espécies arbóreo/arbustivas e o baixo número de indivíduos adultos com ramificações baixas, indicando crescimento vertical e baixo grau de perturbação em longa data. No entanto, no local onde havia um açude, hoje desativado, há presença de gramíneas e de espécies exóticas como Pinus spp. e Eucalipto.

As espécies arbóreas do fragmento de vegetação em estágio médio e avançado são: Aroreira vermelha (Schinus terebenthefolius), bugreiro (Lithaea milheiaidis), pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) espécie ameaçada de extinção, carobinha (Jacaranda micrantha), guabiroba (Campomanesia 24 xanthocarpa), canjarana (Cabralea canjarana), Pimenteira (Capsicodendron dinisii), entre outras.

Em relação à fauna não foram realizados levantamentos das espécies que ocorrem no local do Parque.

De acordo com o Plano Diretor, o município de Piraí do Sul encontra-se numa região de tensão ecológica e conta com a ocorrência de dois ecótonos entre, Mata Atlântica e Mata com Araucária e entre Campos e Mata Pluvial Subtropical. Tal situação proporciona ao município uma fauna bastante diversa. No município verifica-se a ocorrência de 21 famílias de mamíferos, sendo que destas, 9 apresentam uma ou mais espécies ameaçadas de extinção devido à perda de seus habitats naturais, que são substituídos por campos de pecuária e monoculturas. Também são encontradas 4 famílias de anuros e cerca de 52 famílias de aves.

6. JUSTIFICATIVA PARA CRIAÇÃO DA UNIDADE:

Segue uma apreciação sucinta das justificativas que embasam a decisão de se criar um Parque público para proteção definitiva dos últimos remanescente dos ecossistemas de Mata Atlântica, especialmente por ser um dos únicos remanescentes dentro da área urbana. a) Status Internacional como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica b) Importância Ecológica c) Prioridade Nacional para Conservação da Biodiversidade d) Importância geológica e) Ausência de aptidão agropecuária e para fins habitacionais no local f) Incremento do turismo; g) Aumento de receitas municipais 25

A criação do Parque acarretará um aumento do ICMS arrecadado pelo município (ICMS Ecológico), conforme a Lei nº 5.100 de 04 de outubro de 2007 e o Decreto nº 41.101 de 27 de dezembro de 2007. l) Proteção legal

A proteção da área encontra abrigo nas seguintes determinações legais:

 Lei Federal 11.428, de 22 de dezembro de 2006:

A Lei 11.428/2006 dispõe sobre a conservação, a proteção, a regeneração e a utilização do Bioma Mata Atlântica, patrimônio nacional, e inclui entre seus ecossistemas associados à vegetação de restinga.

O artigo 11 decreta o veto ao corte e à supressão de vegetação primária ou nos estágios avançado e médio de regeneração do Bioma Mata Atlântica quando a vegetação:

a) abrigar espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivência dessas espécies;

b) exercer a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão;

c) formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração;

d) proteger o entorno das unidades de conservação; ou

e) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA;

O art. 12 estabelece que os novos empreendimentos que impliquem o corte ou a supressão de vegetação do Bioma Mata Atlântica deverão ser implantados preferencialmente em áreas já substancialmente alteradas ou degradadas.

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O art. 17 assinala que o corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária nos estágios médio ou avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica, autorizados por esta Lei, ficam condicionados à compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na mesma microbacia hidrográfica, e, nos casos previstos nos arts. 30 e 31, ambos desta Lei, em áreas localizadas no mesmo Município ou região metropolitana.

 Código Florestal e Áreas de Preservação Permanente:

Torna-se imprescindível, na contextualização jurídico ambiental do parque, a leitura da Lei 12.651, de 25 de maio de 2012, que instituiu o Código Florestal, disciplinando em seus artigos 4° os locais definidos como “Área de Preservação Permanente”, ou seja, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, conforme as áreas somadas de APP junto com o Plano de Manejo.

7. DIRETRIZES PARA IMPLANTAÇÃO:

7.1. NATUREZA ADMINISTRATIVA:

A unidade constituirá uma unidade administrativa do Poder Executivo do Município de Piraí do Sul - PR, sob responsabilidade da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

7.2. OBJETIVOS DA UNIDADE:

São objetivos da unidade: 27

Tabela 02: Objetivos da unidade.

A unidade vai contribuir significativamente para a proteção e Proteção dos recuperação do ecossistema da Mata de Araucárias dentro do Ecossistemas ambiente urbano. A unidade vai contribuir para preservação do habitat de espécies Proteção e Recuperação animais que vivem no local e sofrem pressão pelo crescimento do Habitat urbano sem planejamento. A unidade oferecerá espaços onde o público poderá aproveitar Recreação melhor os benefícios da natureza e das atividades ao ar livre em ambiente saudável, limpo e organizado. A unidade cria e oferece oportunidades para explorar e apreciar o Apreciação patrimônio natural do município. A unidade contará com sinalização e atividades variadas com Educação finalidade de educação ambiental e para valorização e conservação do patrimônio público.

7.3. CONSELHO CONSULTIVO:

A unidade deverá constituir um Conselho Consultivo, que deverá ser estabelecido assim que a unidade for criada, garantindo-se o assento do poder público local, sociedade civil e empresas.

7.4. INFRAESTRUTURA:

A infraestrutura da unidade será dimensionada no Plano de Manejo. Lista-se a seguir uma apreciação preliminar.

 Guarita, Pórtico e Mapa Explicativo da unidade;  Estacionamento para uso exclusivo da administração do Parque;

 Sede Administrativa com Centro de Visitantes;

 Sanitários coletivos com guarda-volumes; 28

 Reativação do açude;

 Cestas de lixo;

 Trilhas interpretativas sinalizadas ao longo do percurso;

 Limitação de acesso às áreas restritas (APP);

 Cercamento de toda a área.

7.5. VISITAÇÃO, INTERPRETAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

7.5.1. VISITAÇÃO:

A unidade pode ser planejada para atender o seguinte público-alvo:

 Moradores e estudantes da região;

 Turistas domésticos;

 Observadores de aves (birding);

 Visitantes e turistas que planejem passar apenas um dia no parque, divertindo-se com a família ou com os amigos;

 Pessoas em busca de tranquilidade;

 Pessoas em busca de práticas esportivas;

7.5.2. INTERPRETAÇÃO E EDUCAÇÃO AMBIENTAL:

Os seguintes temas sobressaem para interpretação:

 História geológica  Ecologia: clima, rochas relevo, solos, flora e fauna;  Recursos Hídricos;  História dos Índios que viviam na Região; 29

 História recente;  Ocupação histórica da região;

As atividades de educação ambiental serão realizadas diretamente com as escolas.

7.6. MANEJO DO ECOSSISTEMA:

Poderão ser implementadas as seguintes atividades de manejo como a remoção de espécies exóticas invasoras, recuperação das áreas degradadas, reflorestamento com espécies nativas, endêmicas ou raras. A administração da unidade poderá promover a recuperação das áreas de APP das propriedades particulares vizinhas. Com relação à fauna, poderá feito o repovoamento com espécies de pequeno porte.

A Administração da unidade estabelecerá parcerias com universidades visando conhecer em maior detalhe o clima, os solos, o relevo, a geologia, os rios e lagoas, a fauna e flora e a ecologia dos ecossistemas, assim como a dinâmica socioeconômica das comunidades humanas e a história da área do Parque e entorno. O conhecimento será integralmente aplicado na gestão da unidade.

Poderão ser firmados Termos de Cooperação Técnica com a Secretaria de Estado do Ambiente, Batalhão Florestal, Grupos de Escoteiros e ONGs para implantação e cogestão da unidade. Poderão ser firmadas parcerias com empresas locais.

7.7. PLANEJAMENTO E IMPLANTAÇÃO:

O principal instrumento de planejamento é o Plano de Manejo, que deverá ser elaborado com a participação das universidades, associações civis e ONGs que atuam regionalmente, principalmente através do Conselho Consultivo.

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Após a consulta pública, as seguintes atividades serão executadas:

 Revisão do Estudo à luz das propostas da Consulta Pública;  Edição da Proposta Oficial e Minuta Final do Decreto de criação, com respectivo memorial descritivo, e envio da documentação pela SEMARH ao Gabinete Civil da prefeitura;  Assinatura do Decreto de criação pelo Prefeito;  Designação do Administrador da unidade;  Elaboração do Projeto de Implantação da unidade;  Implantação de Sede Provisória recrutamento e treinamento da equipe;  Montagem do Conselho Consultivo;  Elaboração do Plano de Manejo;  Execução do Plano de Manejo.

As etapas posteriores à designação do administrador do Parque ocorrerão no ano dois após a edição da Lei de Criação da Unidade.

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9. REFERENCIAS:

Brasil. Ministério do Meio Ambiente. Roteiro para criação de unidades de conservação municipais [recurso eletrônico] / Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade, Departamento de Áreas protegidas - Brasília, DF: MMA, 2019.

EMBRAPA. Caracterização dos solos do município de Piraí do Sul – PR. Brasília, DF: EMBRAPA SOLOS, 2002. Disponível em:< https://www.embrapa.br/busca-de- publicacoes/-/publicacao/338503/caracterizacao-dos-solos-do-municipio-de-pirai-do- sul-pr>. Acesso em: 22 mai.2019.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual Técnico da Vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapa de Biomas e de Vegetação do Brasil. Brasília, DF: IBGE, 2004. Disponível em: < https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#mapa778>. Acesso em: 22 mai.2019.

IBGE, INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Mapa de Vegetação do Brasil. Brasília, DF: IBGE, 2004. Disponível em: < https://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#homepage >. Acesso em: 22 mai.2019.

KLEIN, R.M.; HATSCHBACH, G. Fitofisionomia e notas complementares sobre o mapa fitogeográfico de Quero-Quero (Paraná). Bol. Par. Geociências, Curitiba, v.28-29, p. 159-188, 1971.

PMPS. PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE PIRAI DO SUL. Piraí do Sul, 2006.

______. Roteiro para Estudo Técnico para Criação de Unidades de Conservação Municipais – Superintendência de Biodiversidade. 2009. Disponível em: . Acesso em: 20 mai.2019.