OIMPÉRIO DO QUADRINHO - " JAPONES

HQ BRASIL . ADÃO ITUí�RUSGARAI� Lone Wolf

OS MESTRES o samurai de WILL EISNER Goseki MOEBIUS Kojima ROBERT CRUMB

OS EUROPEUS

- MAX JAIME MARTIN NEIL GAILMAI\J DAVE MCKEAN GUIDO CREPAX GIARDINO

O MENINO CALVIN

OS MALVADOS . LOBO E MARSHALL LAW

o CENTENÁRIO DA O/TA VA ARTE Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina QUADRINHOS COMPLETAM CENTENÁRIO EM �996, ZERO JÁ ESTAMOS COMEMORANDO muita gente desconheça, o Brasil, daily strips (tiras diárias, em preto e branco), Biografias através do ítalo-brasileiro Angelo Agos­ passando pelas sunday pages (suplementos domi­ ilegais do Emboratini é um dos países onde primeiro se ma­ nicais a cores), os álbuns e as modernas seqüên­ nifestou o que agora chamamos a oitava arte, cias seriadas (as graphic-novels), muita coisa Rock'n Roll os quadrinhos. Com o personagem Zé Caipora aconteceu com este irrequieto novo meio de co­ Melho, publicado em 1884 na sua Revista Ilustrada, municação. Depois de muitos super-heróis e anti­ A coleção Rock'n'Roll, Co­ se inscreve entre os do de sua vertente da editora norte-ameri­ Peça G,áfica Agostini precursores qua­ heróis, underground (o comix), rnics, drinho mundial ao lado do suiço Rodolphe Tõpt­ o quadrinho contemporâneo experiments desde cana Revolutionary Comics já do alemão Wilhelm Busch ou o os anos 60 o sabor introduzindo o erotis­ I, II, 1/1 e IV fer, francês Ch­ adulto, lançou biografias quadriniza­ Guns'u'Roses Sex Set Unive,sitá,io ristophe que no século passado exerciam as mo que a moralista sociedade dos anos SO impe­ das dos , Co­ MaioBB "narrativas figuradas": ilustrações que sempre dia de circular. Há muito tempo quadrinho dei­ Pistolls, ACIDC, Living Bon Jovi e outros. Setemb,o 89, 90, 91 vinham acompanhadas de legendas. Não havia xou de ser passatempo exclusivamente infantil. lour, Agora sido criada a imagem do balão, com as fa/� a coleção ataca de Faith No E desse ao ou das teó­ parte ststus, conquistado longo de More e Anthrax, todas do Curso pensamentos personagens e, por isso, biogra­ Jornal-laboratório décadas tomou forma em novembro de ricos e estudiosos considersm este período como 89, quan­ fias não-autorizadas. Um dos de Jornalismo da Universi­ do onze convidados Lucca In­ a dos De ma­ especialistas pelo conta a da ban­ Federal de Santa Cata­ pré-história quadrinhos. qualquer gibis trajetória dade contri, o mais salão de neira, estava implantado um novo meio, uma respeitado quadrinhos da 2 Live Crew, censurada em rina do mundo, demarcaram como desencs­ nova forma de e uma nova grande vários lugares nos EUA por concluída em 10 de comunicação arte, Edição deador da história dos o menino que viria a se transformar na mais consumida quadrinhos, seu conteúdo "obsceno". As março de 1992 careca Yellow Kid criado Richard Felton no por biografias mais importantes da Javier Come, pla!,eta. Colaboração: Outcault para ser publicado no New York Jour­ são Beatles e Pink José Antônio Silva coleção (textos), nal. Os 11 especialistas decidiram que 1896 assi­ Floyd Experiences. Cláudio Maria Jo­ as Tognolli , As inovações como os balões, tiras isoladas, nala o início a e, portanto, que daqui quatro Os gibis saem todo mês e po- sé Lessa as seriadas e o advento da cor anos os (fotos) edições surgiriam quadrinhos, comics, bande-desinée ou -dem ser encontrados na livra­ Jornalistas no final do século com a acirrada Copy-writers: passado disputa comix completam seu centenário. Satisfeitos com ria Devir-Rua. Augusto de To­ Scotto, Ri­ mais de dois barões da professores.Luis por leitores, imprensa o furo nacional, colocamos em suas mãos uma ledo, 83, Tel. 278-0384, Acli­ cardo Barreto Pulitzer e William Ran­ novsiorquins, Joseph edição especial do Zero sobre esta notável arte. São Paulo (J.L) Adriana Hearst mação, Diagramação: dolph (que inspirou Cidadão Kane, de Alguns mestres, novos talentos, tendências. os Cor­ Orson Era o de um Martorano, Angelita Welles). prenúncio poderoso principais prêmios e um material sobre o quase Fernanda de rea, Medeiros, império editorial que movimenta milhões de desconhecido quadrinho japonês fazem parte Marli Márcia Re­ em todo o Henicka, exemplares, publicados quase mundo, desse número que, se não saiu próximo da Bienal Argentinos Telles centenas de e gina de autores personsgens, que tem de Quadrinhos, realizada em novembro de 91 retratam a e Profes­ seu concreto no Edição supervisão: exemplo mais mangá japonês, no Rio, sai com quatro anos de antecedência sor Ricardo Barreto onde as milhões de (MTb tiragens alcançam exempla­ do centenário, que comemoramos desde agora. Dama Negra 2708-RS) res. E não estamos falando do desconhecido, mas Emer­ Editores assistentes: vivo, quadrinho chinês. Assim, das pioneiras OEd/to, A editora L&PM lançou no son Gasperin, Frank Maia segundo semestre de 91 o ál­ Edição: Adriano Fiamonci­ bum Billie Holliday, de José ni, Ana Paula Luckman, Munõs (desenho) e Carlos Andrea Tridapalli, Andres­ Sampayo (roteiro). Este é o úl­ sa Fabris, Antonio Gustavo DIREITO A TER NASCIMENTO timo trabalho da principal du­ Claudine D'Ávila, Nunes, pla latino-americana de qua­ Cleia Schmitz, Danielle Du­ drinhos contemporâneos e o rieux, -Ewaldo Willerding no Brasil. Javie, Come , de Zona B4 em diferentes ao do primeiro lançado I van Jean países europeus longo Neto, Flores, O álbum é uma espécie de século XIX, e com base nela se produziu, Raupp, Jefferson Dias, luz da investiguçéo histórica, biografia da cantora norte-a­ João Janaina de ao final desse e nos grá­ Santos, , sabe-se que os quadrinhos fo­ período suplementos mericana considerada a Dama Oliveira, Jocelma Santana, ficos da imprensa dos Estados Unidos da fala 'A ram produto de uma ampla Negra do Jazz. A história e Laine Valgas, Linete Mar­ América, uma deilnitivs' fusão de textos um evoluçéo no uso conjunto de textos e imagens de jornalista nova-iorqui­ tins, Maria Paula Pereira, uma nove escreve um so­ como meio de de caráter imagens que implantou linguagem no, que artigo Mônica gráficas expressão Marques Casara, nsrrstive, a linguagem dos quadrinhos. bre os 30 anos da morte da can­ Renata de nsrrstivo. Silva, Avellar, tora, sem jamais ter ouvido fa­ Simone Vladimir Esta particular brilho Oprimeiro exemplo histórico dessa fusão, Pereira, evoluçêo adquiriu lar dela. A partir daí, entram Wach­ de forma direta e Brandão, Walfried enquanto produto rápida, em cena as memórias de Billie, holz a do novo meio esteve origem expressivo, num visual que carrega nas tin­ e Fotografia: Cristina Gallo, msterielizedopela fusão de textos desenhos tas e na violência. Os autores Ivan Flores,' Victor Carlson da Richard Felton Outcault que foi batizado citam muito o racismo e cons­ Laboratório fotográfico: como The Yellow Kid and His New Phono­ troem uma personagem melo­ Cristina Ivan Gallo, Flores, graph, que foi publicada no The American dromática apelando para o cli­ Bian­ Nelson Correia, Nilva Humorist, do diário The New chê "cantora negra, drogada e Pedro Victor suplemento co, Melo, . Iork Journal, em 25 de outubro de 1896. prostituída" Carlson e Bi­ Para Munos Sampayo , Textos: Cláudia Renata de Em conseqüência, consideramos esta data llie Holliday é, antes de tudo, Oliveira, Cristina Galfo, como significativa da origem dos quadrinhos uma oportunidade para fala­ Emerson Gasperin, Fabia­ em sua formulação definitiva e, por isso, rem do tema mais constante no Melato, Frank Maia, do nascimento da história dos quadrinhos, em seus trabalhos: os margi­ Ivaldo Brasil Jr., Josiane nais destruídos EUA. A com o qual, o centenário deste meio de ex­ pelos Kátia Klock, Marques brasileira saiu Laps, pressão e comunicação fica fixado automati­ edição prejudi­ Casara, Nilva Bianco cada na tradução, que foi feita csmente na data de 25 de outubro de 1996". Montagem: Marinho- a partir da edição francesa e Esta ter sido a fórmula. Vários senti­ Acabamento e impressão: poderia não da original. Imprefar Mas o importante reside em que o cente­ dos foram trocados e até a tipo­ Redação: Curso de Jornalis­ nário dá aos quadrinhos uma gr.ande oportu­ grafia de alguns balões foi alte­ mo rada. (UFSC-CCE-COM), nidade -. Trindade, CEP 88045, Flo­ Os outros trabalhos da dupla Não a percamos. Que os quadrinhos não SC estão nos principais gibis que rianópolis, a Telefones: (0482) 31-9215, percam. surgiram nos últimos 15 anos, Os merecem esta data. 31-9490 quadrinhos da Frigidaire italiana à Rawl dar aos o é dos Telefax: (0482) 34-4969 Devemos quadrinhos que nova-iorquina passando pela Telex: (0482) 34-4969 quadrinhos: seu direito a ter nascimento e Escape, da Inglaterra, EI Ví­ Distribuição gratuita seu direito a celebrar seus próximos cem bora, da Espanha e a Fierro I 2 Circulação dirigida anos de vida. Argentina. (J.L.) Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Quadrinho nasceu careca

YELLOW KID vid Pascal; os italianos Rinaldo Traini e Cláudio Bertieri, o 92 - ZERO ZINE ASSINALA francês Claude Moliterni, o MARÇO britânico Denis Gifford, o bra­ NASCIMENTO sileiro Álvaro de Moya, o por­ tuguês Vasco Granja e os espa­ menino careca, feio, nhóis Luiz Gasca e Javier Co­ de orelhas e grandes me, segundo a seleção efetuada usa uma Umque roupa na de primavera 1989 pelos or­ amarela de muito mau gosto, ganizadores do Lucca Incontri foi o primeiro personagem de 89. A decisão final pouco se histórias em criado quadrinhos preocupou em facilitar um con­ pela pena de um desenhista. Es­ senso rapidamente, e durante colhido por 11 especialistas reu­ três dias debateram com o pú­ nidos com a difícil missão de blico qual seria a data mais ade­ encontrar a origem desses meio quada para marcar o início dos de comunicação, Yellow Kid, comics. O ponto alto foi a polê­ criado por Richard FeIton Out­ mica criada por Denis Gifford, cault um do­ para suplemento que num arroubo nacionalista minical da novaior­ imprensa pregava a data como sendo quina em 1896, foi eleito o per­ 1867, ano de criação do perso­ sonagem que transformou anti­ nagem Ally Sloper. No final do gas ilustrações nas legendadas encontro, todos assinaram o Centenário histórias em seme­ quadrinhos documento que determinava lhantes às milhares que atual­ foi decidido ser 1896 o ano que marcaria mente pipocam em jornais e re­ o início do gênero, o que nos em vistas de todo o mundo. Lucca coloca a apenas quatro anos de O ponto crucial do debate en­ seu centenário. "Os 11 especialistas in­ tre os especialistas, realizado Para mostrar o quanto se di­ ternacionais reunidos em durante três dias em Lucca, na ferenciava a história dapré-his­ Lucca estabeleceram, por Itália, foi localizar a divisão en­ tõria dos quadrinhos, foram maioria absoluta, que tre a pré-história e a história exibidos trabalhos dos precur­ 1896 foi o ano do nasci­ dos Identificar a quadrinhos. sores dos desde o mento dos de caráter eminentemente nar­ comics, suíço quadrinhos. data que separaria os textos rativo visual. Há Rodolphe Topfler até o alemão Um ano no qual, atra­ ilustrados com muito tempo imagens, cria­ Wilhelm os Buseh, A de vés da personagem Ye­ dos leitura que historiadores de comics pretensão especialmente para os llow os com maior internacio­ que quadrinhos tenham sur­ Kid, quadrinhos, e acompanhados por desenhos prestígio nal gido na Europa antes dos Esta­ assumindo dos autênti­ defendem que a origem des­ contribuições complementares, dos Unidos foi sa forma de narrativa logo descartada, expressivas, ateriormen­ cos comics, onde textos e ima­ gráfica foi na América te data de 1896. Era en­ pois que apare­ experimentadas por gens se fundem em uma cena preciso, ceram vez no criadores de tretanto, a iniciativa de fixar, pela primeira diversos paí­ atual formato. Assim, "devemos ses, para o grande público e em es­ alcançaram peculia­ dar aos o é dos res características de lin­ cala mundial, uma data de nas­ quadrinhos que quadrinhos: seu direito de ter e resultaram no cimento dos quadrinhos para guagem nascimento e seu direito de cele­ de um novo ser celebrada com maior rele­ surgimento brar vância. seus próximos cem anos meio de comunicação. de vida", diz Javier Come, um Os autores da decisão foram dos jurados de Lucca. Lucca, 30 de outubro de 1989" . os norte-americanos Maurice Horn, Richard Marschall e Da- Marque. Casara 3 Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina A Espanha real e imunda

de todas essas re­ portagens enaltecendo as maravilhas da sede M_ARÇO 92· ZERO ZINE Antes das próximas Olimpíadas, um cara já fazia suas HQs contan­ MARTIN do o lado de Barcelona que não interessa ao turismo mundial: REVELA A ruas sujas, bares e pensões imundas, prostituição e delin­ PODRIDÃO qüência.

DO�� Jaime Martin nasceu em MUNDO 1966, no subúrbio de Hospita­ let de Llombregat, em Barce­ lona (Espanha), onde vive até hoje. Estreou em 1981 nas re­ vistas juvenis catalãs Canibal, Bichos, Pulgarcito e Humor a Tope. Seis anos depois, come­ çou a colaborar para a revista El Vtbots, desenhando rotei­ (Rock'n Roll Marna do Burning) ros de Alfredo Pons e Onliyu. E, ainda "nunca puderam me Em 89, o editor da revista, José domar porque eu nasci torto, Maria Berenguer, pediu a ele ensinaram a caminhar mas me uma HQ mais longa para sua proibiram de correr, o parque coleção Histories Completas. era o Eden e eu não pude pisar Assim foi parida Sangre de na grama, fiz amor com uma Barrio de (Sangue Bairro, pu­ mulher e tive que pagar por is­ " no blicada Brasil pelas Gran­ so ... (Hey Nene: Burning). des A venturas Animal), uma Com o aval de Sangre de história e em marginal que Bertio, Jaime Martin não pa­ muitos momentos lembra a in­ rou mais de produzir e dese­ fância rebelde de seu autor. Na nhou La Basca Que Mas Casca história, os personagens estu­ EmSangue e Flores Sobre El Asfalto, um dam no Instituto Pedraforca a de Bairro álbum dedicado a las chicas cu­ mesma escola escrota em que lembra um pouco jas histórias Cristine, Mertiiio, Jaime Martin estudou e vivem da sua vida rebelde, Marga e Meité deram as caras numa busca frenética de embalada algum por aqui pela Animal. Seu últi­ aditivos "aditivo" para as cabeças. por mo trabalho é Los Primos Del e pelo rock Embalada pelo rock espa­ Pare, uma espécie de continua­ espanhol nhol doBarrÍcada, Burning e ção de Sangre de Barrio, giran­ Rsmoncin, Sangre de Berrie do em torno das aventuras de deu o prêmio de revelação para um grupo de amigos, sempre Jaime no Martin 8° Salão de inspirada nas coisas que o ro­ Quadrinhos de Barcelona. deiam e, por isso mesmo, Além do nome da história ter cheias de realidade e humor. sido tirado de uma das músicas de Rsmoncin, o personagem Emer.o_n G••perin principal, Vicen, só ouve coi­ sas como "vou embora de casa, não posso agüentar, vou beber até arrebentar como se minha vida acabasse já, porque ama­ nhã não tenho que trarnpar (

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Punkilândia

tem muita . ZERO ZINE • MARÇO 92 sacanagem LÁ, PETER PAN VIRA ANTI-HEROI

Capdevilla nas­ ceu há 35 anos em Bar­ Francescocelona, na Espanha. Max, seu pseudônimo, criou Peter Pank, seu personagem universal no mundo das HQs. A história é uma versão anár­ quica do famosso livro Peter Pan, de James Barrie, tempe­ rada com altas dosagens de sa­ canagem e presepadas entre punks, hippies, sackers e nin­ ONDE VOCÊ fômanas, algumas das tribos que habitam o cenário a ilha ENCONTRA da Punkilândia. as siamesas worth; gêmeas Transgressivo, Peter Punk não poupa os moralistas. ESPANHÓiS Max começou a publicar Daisye Violeta; Susan, a atriz Suas aventuras sexuais não têm limites e a seus quadrinhos aos 17 anos, maisquente do pornô mundial; imaginação de Max não reprime as fantasias Depois dos norte-ameri­ na revista underground espa­ a aristocrata russa Irina Ale­ canos, os álbuns e gibis da nhola El Rollo Mascarado. Em xandrovina e a misteriosa Ma­ Espanha são os que mais criou o racaibo saíram 1977, primeiro perso­ por aqui pela chegam ao Brasil. Este é um nagem, Gustavo, que estreou revista Animal e deixaram fenômeno recente que re­ somente dois anos depois na muitos leitores desiludidos flete o estouro dos quadri­ nhos tiveram revista El Víbora. O persona­ com o mulherio ... espnhóis, que uma evolução gem virou um símbolo da mo­ Peter Pank saiu do desenho de surpreenden­ te nos anos 80. Atualmente, vimentação freak-anarco­ um punk arquivado e seu nome são os mais importantes da teve o seu assim, numa ecológica (???) que pintou por acaso, Europa, superando a Itália na no final da conversa de auge Espanha praia. O cenário e a França. década de 70. Com a populari­ ideal para suas aventuras sur­ No Brasil, são duas as im­ zação, Gustavo se tornou ban­ giu depois que Max assistiu ao portadoras que trazem estes a Ciências Hu­ deira de movimentos radicais filme Peter Pan. Hoje, é publi­ quadrinhos: manas (Rua 7 de Abril, 264, babacas, que o adotaram como cado na Espanha, Dinamarca, loja B2, Região Central) e símbolo. Resultado: Max sim­ Suécia, Brasil e outros França, a Letraviva (Av. Rebouças, plesmente acabou com o per­ países. Nada mau para este fã 2080, tel 883 - 3279, Pinhei­ sonagem. de Robert Crumb que queria ros, Zona Oeste). As duas Depois de provar os dois la­ ser artista e desistiu das artes 'localizadas em São Paulo, é claro. dos da fama com Gustavo, plásticas porque descobriu que A Letraviva foi a pioneira Max inventa a série 5 Mujeres a HQ atinge mais pessoas. E em quadrinhos espanhóis e e mostra como elas podem ser é um caminho mais imediato. traz principalmente os ál­ malvadas. Raquel, uma ninfe­ buns revistas das editoras ta de 16 anos é a reencarnação Eurocomic (Metal Hur1ant) da maravilhosa Rita Hay- Emerson G.sperin e Norma (Cimoc e Cairo) A Ciências Humanas traz o material da Toutain (Toten e Zona 84 - na foto), La Cu­ pula (E1 Víbora) e álbuns da Complot. Nas duas livrarias é possí­ vel encontrar não só quadri­ nhos espanhóis, mas tam­ bém norte-americanos, franceses, italianos e até brasileiros (como a obra de Zéfiro, que foi publicada em álbum de luxo pela mes­ ma editora da revista (E1 Ví­ bora). As edições espanho­ las são com freqüências me­ _' lhores que as originais. Uma curiosidade: as cole­ ções com as obras comple­ tas dos americanos Richard Corben e Robert Crump, foram publicadas antes na Espanha do que nos EUA, sentiu? (J.L). 5 Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina '. ',,:, MARÇO. 92 - ZERO ZINE- i"

Um monstro naminha sopa CAL VIN: GENIAL FUSÃO DE FANTASIA E REALIDADE

termos de arte, jogar com duas -realidades ao Emmesmo tempo - a di­ mensão do mundo exterior e

a da subjetividade interior -, sem perder o pique e muito cuidadosamente elaborada sibilidade. O clima criado por o dia do garoto - extremamente menos a graça (graça sofistica­ desses ingredientes pode criar' ele só perde seu encantamen­ solitário - é recheado de da, diga-se de passagem) não um grau de encantamento que to, para cair na pesada realida­ nuances psicológicas, filosófi­ é para qualquer um. Aliás, no revela a genialidade". de, extra-sonhos, quando en­ cas, poéticas e sociológicas. planeta dos quadrinhos, são Genialidade é uma palavra tram em cena os adultos. Wat­ Nada disso, entretanto, traz bastante raros os desenhistas forte, talvez exagerada no ca­ terson, como um mágico, abo­ "ruído" prejudicial às caóticas que, nas tiras para jornal, arris­ so. Mas não está muito longe le a fronteira entre real e imagi­ tiras de Calvin, regidas pelo cam deixar de lado a narrativa disso o resultado concreto das nário, concretude e delírio, mais puro senso de humor. linear e apostam (quase) tudo instituições, do raciocínio do li­ aventura e contidiano. na subjetividade. Ainda por ci­ rismo, da ironia (e também da Um parêntese: pensando-se O contraponto no mundo ma com um bem resolvido e crueldade infantil) que Watter­ sobre a _profundidade e rnaturi­ profundamente pessoal do gu­ cômico desenho. son sintetizou em seu trabalho. dade de muitas colocações rei­ ri, paradoxalmente, é forneci­ Pois o norte-americano Bill Seu protagonista, o menino tas por Calvin, não é fora de do por seu companheiro inse­ Watterson faz tudo isso e mui­ Calvin - filho único de pais jo­ propósito traçar uma breve parável, o tigre de pelúcia. to mais na saga infantil e coti­ vens, tipo classe média - vive analogia entre ele e Mafalda, Porque é precisamente Haral­ diana do endiabrado Calvin, a maior parte do tempo "exila­ a garotinha inquieta criada pe­ da, o tigre de pelúcia, que faz junto com seu amigo de pelú­ do" num universo de fantasia. lo argentino Quina. Ambos o papel de consciência viva, de cia, o tigre Haroldo. Como já Como aliás costumam fazer as têm em comum a crítica do "grilo falante" do destempera­ notou o escritor Pat Oliphant, crianças. "mundo lá fora", do universo do e impulsivo garoto de cabe­ percebe-se nas historietas de Só que o roterista e dese­ dos adultos. Mas é interessante lo arrepiado. Haroldo fala com Calvin "o sentimento de que nhista dessas tiras sabe dosar perceber que com toda sua in­ a voz do bom senso, sem pater­ as palavras podem realçar a ar­ os dois momentos (o do mundo teligência e intuição, Calvin­ nalismo ou tom repressor. te, e a arte pode fazer o mesmo exterior e o do mundo interior Watterson é sempre, intrínseca Apenas dá um "toque" - quase pela escrita, e que uma mistura de Calvin) com invejável sen- e profundamente, norte-ame­ sempre com fina ironia - de ir­ ricana. mão mais velho e mais expe­ riente, que no entanto também Quer dizer, vive num país ra­ não dispensa uma bela traves­ zoavelmente civilizado, com sura. uma qualidade de vida invejá­ vel (do ponto de vista da maio­ Os pais, a professora, a ami­ ria dos cidadãos do Terceiro guinha de Calvin somente pas­ Mundo), e portanto pouco sa­ sam pelo universo particular e be, ou se interessa, a respeito denso do guri, com a missão ambiente viciado da do política especial de lembrar-lhe que e da economia. Já a Mafalda­ fantasia também tem limites. Quino em momento algum es­ Mas, como Calvin nos compro­ quece que é argentina, latino­ va, quadrinho por quadrinho, americana, habitante do he­ tira após tira, os limites não fo­ misfério pobre do planeta. ram 'feitos para ele. E evidente­ Portanto, seus questionamen­ mente, somos nós - a legião tos - por mais filosóficos, mo­ mundial de fãs da historieta rais e até metafísicos que sejam (no Brasil, publicada por vá­ - nunca deixam de lado a pro­ rios jornais e em livros da Edi­ blemática social, .que atropela tora Cedibra) - que mais ga­ a todos nós, terceiro-mundis­ nhamos com isso. tas. José Antonio Silva

Tigre de Pelúcia - Voite­ José AntOnio Silva é e mos a Calvin. Suas historietas jornalista escritor, autor de Tiques & Taques (poesia, 1985, não cedem espaço para a hipo­ São Paulo) e A tmpresséo da Cultura'(en­ crisia. Os pais do menino, volta saios jornallsticos, 1990: Ed. Sulina, Porto Alegre). Atualmente é editor do jornal Ver­ e meia, querem assassiná-ia são dos do Sindicato dos Jor­ . Jornalistas, 6 por tantas que ele apronta. E nalistas do RGS. Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina The Spirit inovou as HQ A ARTE DO CINEMA NO PAPEL ZERO ZINE • MARÇO 92

Vilãs sensuais e aberturas criativas, fazem de Spirit um cult da HQ

cinema e a literatura formaram um belo ca­ O sal nas mãos do mestre Will Eisner. Com 50 anos de lá­ pis e papel, ele é chamado de "poeta dos quadrinhos" ou quem sabe "Orson Welles da HQ". Dono de uma inovadora técnica expressionista e de ricas narrações, o criador do 'cult-he­ ro', The Spirit tornou-se uma figura importante e influente na história dos quadrinhos. Durante a febre dos super­ heróis surge Spirit em 1940. Ele DOISLIVROS esconde seu olhar atrás de uma máscara e seu belo corpo mus­ ABORDAM culoso em autênticos ternos da VIDAE OBRA época. Bonito e salvador da pá­ tria ele luta contra seus inimi­ Em julho do ano passado, gos, na maioria das vezes mu­ Will Eisner recebeu o Tro­ lheres. São lindas, sedutoras e A ligação da seqüência perfeita féu HQ-MIX de Melhor dos leva a a Obra Teórica de com apaixonadas pela coragem e pe­ quadros imaginar 1990, lo lado carente do herói. Spirit fusão e a superposição mágica o livro A Arte Seqüencial. Nele o autor suas também tem uma noiva, neces­ do cinema. O tom irônico e expõe idéias, teorias e conselhos sidade comum desses podero­ amargo, influenciados por Go­ sobre a como e as vi­ prática de sos, que de maneira de­ gol Tchecov, narrativas alguma contar histórias em veriam mostrar sua "virilidade suais e expressões muito fortes quadri­ nhos. O livro é resultado do e masculinidade". nos rostos das personagens são curso sobre Arte Mas é muito diferente características marcantes de Seqüencial Spirit que Eisner lecionou por dos heróis com Eisner. super-poderes muitos anos na Escola de Com o início da mágicos. Eisner queria também Segunda Artes Visuais de Nova Ior­ entrar na mas Guerra Will Eisner onda, estava à Mundial, que, e é destinado a estu­ de desenhar histó­ procura de uma personagem parou suas. dantes, profissionais e pro­ rias e a lutar contra que não tivesse tanta força e que começou fessores de artes gráficas. vivesse além da lei. "Então ima­ o nazismo, ajudando os aliados Mas não é só. ginei Denny Colt, um detetive, com seu trabalho. Depois de 25 No final de 1991 foi lança­ que é dado como morto e enter­ anos de abstinência, volta com da nos Estados Unidos sua O livro cha­ rado. Na realidade, ele mora toda força. Sentiu que a busca autobiografia. ma-se To Heart Oi num cemitério, mas sai de lá to­ das histórias em quadrinhos pe­ The Storm e traz, nas suas 208 dos os dias para combater o cri­ los adultos havia aumentado " a vida e páginas, do desenhis­ me ... muito já estava na hora de ta desde a emigração de sua A marca registrada de Will retratar a melancólica realidade família para os EUA no iní­ Eisner a ficar ele conheceu. Foi então passou conhecida que que cio do século. com Spirit, uma espécie de he­ surgiram a partir de 1978 Um rói de romance policial noir, Contrato com Deus, Ansia de bem ao estilo dos anos 40. Foi Viver, OEdifício e a série Citys. � a partir daí que Eisner mostrou Nessas histórias o velho guru, suas novas técnicas, uma delas hoje com 74 anos, conta a vida das a de passar a tela do cinema pa­ pessoas que são facilmente ra o Como se fosse encontradas nas ruas: margi­ Ultimo vôo papel. story de Shnobble board pronto para ser filmado: nais, miseráveis, neuróticos e sonhadores. Uma das o cenário rico em sombra e luz; Figuras do sub­ personagens "Não chore por Shnob­ e o som é tão trabalhado que dá mundo que viveram o triste melancólicas de Eisner é bJe ... Melhor chorar pela de e crise quase para escutar, os enqua­ período depressão Gerhard ShnobbJe, urn humanidade inteira ... econômica com a da dramentos ousados para HQ, quebra h umilde guarda-no­ Porque nenhuma pessoa Bolsa nos anos 30. As histórias ora big close-up, ora grandes turno, que quando crian­ naquela multidão que de Eisner se nos planos; o travelling, os planos passam cortiços ça sabia voar. Até que olhava, nenhum deles e e situam a da e os tudo no­ guetos nostalgia um subjetivos cortes, dia apanhou dos pais notou ou sequer suspei­ vo na dos cidade, com suas situações psi­ linguagem quadri�hos. que proibiram o menino tou que naquele dia Ge­ cológicas e valores sociais. Tu­ de imitar os pássaros. rhard ShnobbJe tinha do o que ele presenciou. Anos depois assaltaram o voado", conclui Eisner. Criado nos bairros pobres de prédio em trabalha­ Já Álvaro de Nova Iorgue, já com oito anos que Moya, va e o chefe lhe mandou autor de Shazam e de idade nscava as calçadas com pes­ rua. sua mania de desenhar. Com 15 pra Revoltado, re­ quisador de HQ, apro­ solveu a anos foi vender jornais pelas mostrar todo veita-se do ditado e colo­ mundo do ruas, onde fazia o papel de mero que era capaz. Humanismo nos enredos ca nele suas palavras: Foi o espectador do mundo que gira­ para alto do edifício "Não choremos por Will va em sua volta. Foi nessa época e de lá saiu voando. No Sbnobble achava que os Wisner, melhor chorar que Will Eisner começou a for­ alto do prédio também olhares eram para ele e pela humanidade inteira, mular as histórias mais tar­ acontecia a de que luta de Spirit repente foi atingido pois ninguém notou que de colocaria no e o papel que contra os assaltantes e lá por um,a bala dirigida a naqueles anos, um gênio transformou em um mestre. de baixo a multidão Spirit. E atingido em ple­ tinha escrito e desenhado e; acompanhava o tiroteio. no vôo. The Spirit.:

Katis Klock . � 7 Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina ,.., OS MESTRES A EXPLOSAO TUDO COMEÇOU EM 46, OQUADRINHO SUCESSO Osamu Tezuka, TRANSFORMOU " O Deus dos Quadrinhos japoneses, precursos EM FILME da HQ no Japão desenhista de mangá JAPONES desfruta de uma posi­ O ção privilegiada no Ja­ pão. Como a concorrência com autores estrangeiros é quase nula, o desenhista pode fazer o MAIOR MERCADO DO MUNDO no mangá seu único meio de sobrevivência. E comum ele - PRODUZ COM CENTENAS DE ser alvo de autógrafos, entre­ EDIÇOES vistas e outras conseqüências PÁGINAS E TIRAGENS DE MILHOES da fama, O pioneiro da moderna HQ é Tesuka japonesa Osamu , DE EXEMPLARES, VALORIZAM SEUS nascido em Osaka em 1926. Sua estréia foi em 1946, com ARTISTAS: GRINGOS NAO ENTRAM O Diário de Ma Chan, publi­ cado na revista infantil Maini­ chi Shogakusei Shinnun. É o TEXTOS. FABIANO MELATO autor do primeito desenho ani­ mado japonês, Tetsuwan Ato­ mu (Atomo Poderoso), de é São Paulo. Mas o dividir em As histó­ Há todos os O todas capítulos. mangás para shojo mangá aglutina 1963, mais tarde rebatizado de senta e faixas lazer as características japonês apressa­ rias dos clichês gostos etárias, de para - pouco fogem conquis­ Astroboy sucesso nos Esta­ no a ou em tar o do metrô, abre ocidcnrâis , ou centos de didáticos. As médio feminino. Não seja, crianças público dos Unidos. Além de desenhis­ Outlanders, de Johli Manabe mochila e tira um livro ler. fadas, histórias românticas, idade escolar lêem Suas histórias são escritas para shogaku, por ta, Tesuka é médico e físico, A edição é em papel jornal, ou eróticas, A que enfoca vários assuntos co­ mulheres e, pelo menos nesse policiais grande o que possibilita um toque' de vas, 1(87). com umas quinhentas páginas. os mo matemática, história e lín­ tipo de publicação, o machis­ popularidade que mangás realidade em todas as suas his­ Há ainda Mei: a ninfeta psi­ Quando terminar de ler, o su­ está no fato que gua vernácula. Direcionando a mo japonês cai por terra, conquistaram tórias de ficção científica. cótica criada por Kazuka Kudo jeito jogará o livro fora. Tudo cada de suas histó­ esse público, o sbogsku reser­ As histórias de um shojo personagem Contudo, o primeiro dese­ e , uma versão Pelo a um va coloridas e são citando bem. preço pagou rias é elo entre o algumas páginas mangá românticas, a se que público nhista consagrar no Oci­ oriental do mito de super-he­ de metrô, ele e seu Esses em couché com amores e passagem pode próprio imaginário. papel sempre impossíveis separa­ dente foi Katsuhiro atamo, rói. 2/0 Nights (Yukinobu Ho­ comprar outro em têm hu­ artigos e de inte­ ções dolorosas, embaladas por mangá qual­ personagens reações publicidade autor de Akira. Em 1987, Oto­ shino), um mangá de ficção quer ou num distri­ manas: amam, choram, resse infantil. urn happy end de canto de fa­ quiosque mo realizou um longa-metra­ científica que parece feito sob buidor automático. odeiam, lutam e sofrem. O lei­ Para os adolescentes, existe das. Mas há uma crescente va­ gem de animação com seu prin­ medida para o mercado inter­ é o de história tor usa essas histórias como a o shojo mangá, com cerca de do suicídio as Mangá tipo lorização para cipal personagem. Resultado: nacional. Crying Freeman, de em se válvula de de seu dia­ 45 títulos diferentes. Os heroínas solitárias do quadrinhos que produz, escape princi­ mangá Akira, o filme, possibilitou a Kazuo Koike, mix de sadorna­ e o no são o Nak a vai lixo a-dia. pais Ribbon, ayvo­ feminino. Quando situação seu man­ I¢ para Japão. edição de respectivo soquismo e violência em doses um consumo Bessatsu e Bes­ um hara-kiri dá E de A semanal dos man­ shi, Maagareto - típico objeto tiragem aperta, rápido gá (1.800 páginas no original) inéditas 'para um com satsu .todos mangá movimenta 60 editoras e a milhões de Shoje-Furendo , a solução, com garan­ na e que gás chega alguns lágrimas Europa Estados Unidos. paralelos apenas com a produ­ milhões de anuais. os com mensal acima tidas entre as leitoras. exemplares exemplares, ultrapassando circulação No Brasil, a história está sendo ção ultra-underground. Enfim, lê - ou do de um milhão de exemplares. O direcionado aos Qualquer japonês já principais jornais regionais- mangá publicada em fascículos pela se você ser um neó­ - pretende leu - desde eles Mas não é o de re­ - shonen re­ , que Japão. tipo garotos mangá Editora Globo e o filme es­ fito em HQs japonesas, dê uma na década de o vista se coleciona. Seu vo­ o modelo editorial de seu surgiram 50, que pete treou recentemente em circui­ vasculhada nas importadoras. momento em o arra­ o ser similar feminino: que país lume impede de estocado algumas pá­ to comercial. Todos esses títulos foram tra­ sado caminhava nos minúsculos em couché com ar­ pela guerra, apartamentos ginas papel Akira é o grande êJ6to edito­ duzidos para o inglês ou espa­ para o Primeiro Mundo. japoneses. Ao término da lei­ tigos e publicidade próprios ao rial-financeiro de Katsuhiro nhol. seu os cinco Para isso, a rígida sociedade tura, o mangá vai para o .lixo público. Em 1980, atamo. Ele foi o responsável No Brasil, só foram lançados teve ceder aos in­ shan en líderes de mer­ japonesa que ou é vendido como papel ve­ mangás DICA pela invasão nipônica das Akira e Lone Wolf. - vestimentos estrangeiros, prin­ lho. cado Shonen, Champion, HQs, recuperando a imagem cipalmente dos Estados Uni­ As personagens e histórias Shonen Jump, Shan en Maga­ desgastada de monstros gigan­ dos, que estavam interessados mais lidas no Ocidente têm zine, Shonen Sunday e Shonen tescos e desenhos animados

- numa potência capitalista pouca penetração nesse rnerca­ King venderam juntos nove inócuos. oriental para contrabalançar do, Snoopy, Mickey Mouse e milhões de exemplares. Mangá, O poder dos VIRA LIVRO Em Akira, Tóquio (ou me­ com a China e URSS. Foi a outros são conhecidos pelos ja­ Só que o que é romântico quadrinhosjaponeses TESE lhor, Nco-Tokyo) lemhra Los em e se­ de falar da ocidentalização do Japão, que poneses como artigos de mer­ um, torna-se violência antes , Angeles devastada pelo pro­ fala do E teve seu ritmo metódico en­ chandising, estampados em ca­ xo no outro. O realismo do arte, país. E GANHA PRÊMIO gresso, criada por Ridley Scott uma relação muito charcado por uma ânsia de fu­ dernos, bolsas e mangá masculino é explorado em Blade Runner. Nesse cená­ envelopes. estreita gir da tradiçãõ. Apartamentos Quando transpostos para tiras com precisão cinematográfica NO SALÃO DE LUCCA rio convivem e brigam delin­ funcionais e "modernos" fo­ diárias, �sses personagens não pelos desenhistas, que colocam qüentes juvenis, junkiest poli­ ram o da em suas histórias tudo o e ocupando lugar arqui­ conseguem empatia suficiente que ciais crianças paranorrnais , e raro numa como e Sonia Bibe co­ tetura típica sendo ocupados para conquistar o público japo­ é sociedade estiver interessá­ professora Luy­ uma das quais atende pelo por engenhocas eletrodomésti­ nês - a leitura de quadrinhos a japonesa. Apenas os pêlos do em se aprofundar ten viveu no Japão entre 84 e dinome Akira. Lone Wolf & cas. O mercado editorial vive estrangeiros fica restrita a inte­ pubianos são proibidos por lei no universo do mangá 90. Lecionou cultura brasileira Cub foi outro mangá que ad­ e na uma explosão e os quadrinhos, lectuais e aos próprios dese­ nesses desenhos. A explicação: Quem. deve ler Mangá: O Po­ língua portuguesa Univer­ quiriu projeção na Amefica e fugindo paradoxalmente do nhistas de mangás. o Japão põe um limite em tudo, der dos Quadrinhos Japoneses sidade de Estudos Estrangei­ Europa. Seu autor, Goseki padrão americano desde os O mangá difere muito do até mesmo no mundo explícito (Editora Estação Liberdade, ros de Osaka e Tóquio, além Kojima, aposta nos ingredien­ de introduzir o curso de Cultu- . anos 20, firma-se com o man­ quadrinho ocidental, a come­ do shonen mangá. 19(1), de Sonia Bibe Luyten, tes clássicos do gênero: predo­ a ra através da HQ mínio de sobre o tex­ g<Í. çar pelo volume de páginas e O livro, originalmente, tese Comparada imagens tem - o de na Universidade de Tsukuba. boa histórica O mangá uma periodi­ tipo de papel que o faz ficar que garantiu título douto­ to, ambientação Sonia é' autora também de O cidade semanal, mas alguns mais parecido com uma lista te­ rado em Comunicação (ECN e violência e sadismo por todas Aventura na América do Sul a ser o Que é Histórias em Quadri­ as O estilo realista de chegam editados bimes­ lefônica do que com um gibi. USP), ganhou prêmio Roma­ páginas. no Salão nhos tralmente. Ele tem no mínimo en­ no Calisi de In­ (Editora Brasileira, 1(85) influenciou • A propria palavra mangá 1990, Kojima explicita­ ZERO ZINE MARÇO 92 em e História em Quadrinhos, mente Frank na 200 paginas papel jornal, globa não só quadrinhos mas ternacional de Lucca (Itália), Miller criação Leitura Crítica Pauli­ impressas numa única cor, va­ também a revista crítica de como o melhor ensaio sobre (Edições de Ronin e no remake que o riando do roxo ao O en­ cartum e até nas, 1984), Confira. desenhista americano fez de preto. HQ, , caricatura quadrinhos. redo ser ou se Para escrevê-los, a Batman Cavaleiro das Tte- pode completo desenho animado. Mai, de Ryoichi Ikegami jornalista (O Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Pau puro com

MARÇO 92 - ZERO ZINE feios, sujos e malvados

COMIX RENASCE era do bom-rnocismo Law, Lobo não precisa de foi enterrada de vez. qualquer desculpa para matar. COM LOBOE A Recentemente, a Abril Mata por puro prazer. Olhos Jovem e a Globo deram aos vermelhõs, orelhas pontudas, MARSHALL LA W leitores radicais tudo o que eles cabelos eriçados e um gancho pediram ao diabo: dois novos de açougueiro enrolado no anti-heróis que deveriam estar braço, Lobo se acha o máximo. tomando choques em celas de Ele mora em algum lugar da segurança máxima. Mas estão galáxia com seus golfinhos es­ soltos por aí. Marshal Law e paciais, as únicas criaturas que . Lobo são brutamontes que ama. Lobo é capaz de matar adoram ver o sangue esguichar por eles. Mas isso não significa dos corpos de suas vítimas. grande coisa. Na minisssérie publicada pe­ Marshal Law vive no ana de la Globo, o assassino é desig­ 2020 em San uma cida­ Futuro, nado pela legião (Rede de de de escombros da que surgiu Operações Interestrelares Ex­ velha San devastada Francisco, tra-Governamentais Licencia­ um terremoto em 2006. por das) para escoltar uma velhi­ Uniforme botas preto, quepe, nha a salvo pela galáxia. Fácil? de um arame cowboy, farpado Não para o Lobo. A srta. Tribb enrolado no e armas à braço foi sua professora no primário, ele é um mão, caçador pago é a única sobrevivente de Czar­ secreta dizi­ pela polícia para nia, planeta natal que ele des­ mar as de gangues super-heróis truiu por não agüentar a felici­ infestam San Futuro. Eles que dade e harmonia que de lá se são cria­ párias originalmente desprendiam. Além disso, a dos em laboratório com­ para velhinha é autora de uma bio­ bater na Guerra da Zona, uma HARVEY grafia não-autorizada que des­ dos Es­ campanha imperialista moraliza o matador, e, como AWARDS: OS tados Unidos na América Cen­ se não bastasse, não pára de tral. TOP DOS EUA criticar seus maus modos e er­ ros Para ela Durante as seis edições que gramaticais. que de encher o seu saco, Lo­ Série: Eightball de Da­ compõem a série publicada pe­ pare bo corta suas Se fosse niel Clowes la Abril, Marsna-I Law exter­ pernas. mais cortaria a lín­ Enredo: Eightball de Da­ mina algumas dezenas de su­ inteligente, niel Clowes per-heróis, caça o Hibernante, gua. e Roteirista: o pior de todos eles, e de que­ são os autores da série em bra ainda desafia o poderoso qua­ (Sandman) tro Desenhista: Steve Rude Espírito Público, uma espécie edições publicadas original­ mente pela DC Comics em (Os melhores do mundo) de super-homem que encarna 1990. O traço é do artis­ Roteirista/desenhista: Pe­ os ideiais de conquista norte-a­ pesado ta inglês Simon Bisley, pela ter Bagge (Hate) mericanos. Esta análise corro­ vez publicado no Bra­ Humor: Sérgio Aragones siva do universo ianque foi fei­ primeira sil. O resultado é uma porrada (Groo, Mad) ta por dois ingleses, Pat Mills bem dada na boca do estôma­ Antologia: Raw (argumento) e Kevin O'Nill go. Se o seu irmãozinho é um Novel: I para a Graphic Why (arte) homicida Hate Saturn de Ba­ em 1988. Roteiro, arte e textos potencial, -compre , Kyle mas esconda. ker são excelentes, e a impressão Arte-finalista: AI· Wi­ é em papel couchê. lliamson (Fafhrd and the Ao contrário de Marshal Nil"a Bianco Grey Mouser) Letrista: Daniel Clowes (Eightball) Colorista: Steve Oliff no Brasil (Akira) o premiado Eighlball é inédito Nova série: Hate de Pet­

- ter Bagge A Graphic Novel Eightball, atende no banheiro de um ci- man (com Sandman) e a dupla Uma curiosidade: os quadri­ Revelação: Julie Doucet criação de Daniel Clowes, foi nema e um homem que tem Moebius e Jean-Michel Char­ nhos premiados pela Harvey Edição: Complete Little a grande premiada do Harvey rabos de lagostim no lugar de lier (com Blueberry, o melhor Awards não batem com os pre­ Nemo in Slumberland de olhos. nos feridos norte-a­ Awards, principal prêmio gibi estrangeiro publicado. pelo público (Fantagraphics Books) quadrinhos nos EUA. O gibi A graphic novel Why I Hate EUA). mericana. O semanário Comic Gibi Estrangeiro: Blue­ ganhou três Harveys, entre Saturn, do desenhista Kyle Ba­ Os .melhores quadrinhos Buyers Guide publicou uma berry de Moebius e Jean­ eles o de melhor série e melhor ker (da minissérie Justiça Li­ premiados no Harvey Awards lista dos gibis mais vendidos Michel Charlier enredo. da) foi considerado o melhor são inéditos no Brasil. Nin­ nos EUA. Segundo ele, a re­ Republicação: Complete Eightball tem um desenho no gênero. O gibi fala de uma guém sabe quando Eightball, vista de quadrinhos mais lida Crumb Comics (Fanta­ simples, realista e um enredo mulher que é irmã de uma fa- Why I Hate Saturn e Hate (de nos EUA é a Mad, com uma

se auto-a­ nática Peter . graphics Books) alucinante. O gibi . por astrologia. Bagge) chegarão aqui média mensal de 681,726 Trabalho Jornalístico ou nuncia "uma orgia de malda­ Continuam inéditos também exemplares vendidos. Na se­ The Co� e dos no ano Historiográfico: de, vingança, desespero per­ Entre os premiados que já muitos premiados güência vern Uncanny X-Man mies Journal (Fantagra­ versão sexual". O primeiro nú­ foram lançados no Brasil estão passado. Entre eles os traba­ (com 415.961) e Amazing �pi­ phies Books) mero da série conta a história o desenhista Steve Rude (com lhos do roteirista Gilbert Her­ dec-Men com (334.893) Tira: Calvin de Bill Wat- de um homem obcecado por a minissérie Os Melhores do nandez e do desenhista Mark Josiane 10terson um filme, um guru indiano que Mundo), o roteirista Neil Gai- Schultz. Lap.

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina ..ZERO ZINE - MARÇO 92

o francês que assombrou a América

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um dos buiu desenhando os story­ maiores desenhistas do boards para os filmes Duna, Consideradomundo, com uma ver­ Alien, o 8?Passageiro, Os Mes­ satilidade gráfica poucas vezes tres do Tempo e Tron. O mes­ encontrada, Moebius tornou­ tre do cinema, Federico Felli­ se conhecido como "o dese­ ni, é um dos apaixonados pelo nhista das mil faces". Real­ trabalho de Moebius e o consi­ Moebius ou Jean a versatilidade mente Jean Giraud sempre as­ dera completo demais. Fellini Giraud, é uma só: o célebre sumiu vários estilos. Em 1963 diz que os dois não poderiam Jerry Cornelius (alto) com seus álbuns de faroeste da trabalhar juntos porque acaba­ incursões Tenente ria se sentindo ocioso. pela coleção Blueberry ficção-científica ou abordava um estilo realista e Em 1978 junto com o cineas­ pelo raroeste, com o ta chileno Jodo­ assinava Giraud. Dez anos de­ Alejandro Tenente Blueberry. Moebius o pois com O Desvio, assumiu rowsky, produziu (abaixo) álbum Os Olhos do Gato consi­ um gênero fantástico. Com Pe­ derado uma visual sadelo Branco em 75, a obra obra-prima de Moebius foi classificada co­ gue pode ser comparada a um numa mo "novo realismo". filme. A história começa grande cidade abandonada e Jean Giraud, francês nasci­ -ern ruínas, quando um homem do em 1,938, aos 16 anos entrou olha de uma janela no topo de uma torre e solta uma para a Ecole des Arts Apliqués águia. em Paris" e aos 18 começou a Uma aventura fantástica quase colaborar em diversos periódi­ sem palavras mas com imagens cos onde realizou suas primei­ inesquecíveis. Moebius conheceu ras histórias em quadrinhos. Stan Nos anos 60 desenha álbuns de Lee, importante roterista de história em em faroeste e a partir de 1973 co­ quadrinhos, 1988. Os dois conversaram e meça alucinadas histórias de decidiram fazer uma es­ fan tasia e ficção-científica. edição Surge então O Homem é pecial do Surfista Prateado, Bom? As A venturas de John obra de Stan. A'revista provou Watercolor e O Excitado Lou­ a importância do quadrinho co onde Moebius assume seu adulto no Brasil e teve uma ti­ novo estilo empregando muita ragem inicial de 100 mil exem­ hachura sombras e pontilha­ plares. Duas razões foram atri­ dos, oposto ao traço flexível e buídas ao grande sucesso. A vigoroso de Giraud. primeira é a superpopularida­ de do Surfista, um herói ro­ Moebius foi um dos criado­ mântico para o século 19 e mui­ to brasileiros. res da revista Metal Hurlant, apreciado pelos A razão é óbvia: a em 1975, que mais tarde deu segunda par­ origem à Heavy Metal ameri­ ceria de Moebius e Lee só po­ deria trazer um resultado feliz. cana. Um dos capítulos dessa revista traz a história de "O Jean Giraud é um dos dese­ nhistas mais do Major Fatal" que foi conside­ premiados mundo. Já medalhas e rado o maior dos personagens ganhou de do desenhista. A história é ou­ prêmios "melhor desenhis­ ta" em vários às vezes sada e inteligente, se passa países, seus álbuns assinados num clima futurista e narra as por por Giraud ou Gir ou aventuras do Major Grubert por aquele] assinados Moebius. Seus em seu mundo insólito, divi­ por trabalhos mais recentes são as dido em várias dimensões. Es­ séries O Incal com rotei­ se personagem surgiu por aca­ Negro ro de e so, foram publicadas duas pá­ Alejandro Jodorowsky Os Mundos de Edena. ginas dessa aventura e Moe­ bius foi obrigado a continuá-la. No cinema, Moebius contri- Cláudia d. O/i".i,a 11

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina · MAR.ÇO 92 - ZERO ZINE

o estilo sombrio de Neil Gailman para Sandman (ao lado) se apóia nas magníficas capas de Dave McKean. Abaixo, capa da inédita Cages

Sonhos e pesadelos com mestre Sandman

( ) o Mestre dos personagem hibernou durante man em Orq-uídea Negra, o in­ �}! I � .�. � . I Sonhos, sopra uma areia longos 132 anos, até ser desco­ glês Dave Mckean (Asilo Ark­ berto Sandman,mágica nos olhos das pes­ por Neil Gaiman, em han). soas 1967. para fazê-Ias dormir e pro­ Nessa época, Sandman Sandman mistura terror, fanta­ C"�,l porcionar-lhes sonhos ou pesa­ era apenas um coadjuvante nos sia e super-heróis, colocando delos. Parece que a areia. atin­ gibis da Liga da Justiça, da edi­ esses três temas frente a frente giu em cheio os leitores, edito­ tora americana DC Comics. com limites tão voluveis quan­ res e crítica: seu autor, o inglês Vinte anos depois, Gaiman es­ ta os de um sonho. A frase é Arte notável de Neil tava fazendo o Gaiman, 31 anos, abraçou primeiro rascu­ linda mas você continua boian­ McKean o HarveyA wards de 91 o mais nho da série Orquídea Negra do. Tá limpo, então imagina revela importante prêmio de 'quadri­ quando propôs à filial inglesa o Lúcifer - ele mesmo, o Rei

- estilo lunático nhos nos Estados Unidos. No da DC uma adaptação de do Inferno entregando a ano passado, Gaiman levou Sandman. A resposta demorou chave do seu reino para o. Uma das razões do sucesso também três Speakeasy Rea­ dois meses e dava a ele total Sandman depois de expulsar da revista Sandman são, ders Pool (melhor gibi, episõ­ autonomia quanto à história, todos os seus di­ segu­ "hóspedes", suas desenha­ dio e roteirista), dado na In­ que mantivesse o nome zendo "você é o único monarca ramente, capas, de.s�e das lunático Dave glaterra pela revista original. de um inferno vazio". Melhor pelo inglês especiali­ Mckean. Numa banca de revis­ zada ell! crítica de HQ Spes­ ainda: corre na banca, compra Brumas - Neil Gaiman en­ tas, fica muito difícil não notar keesy, E ruim? Olha, até por gibi, bota uma sonzeira, deita tão a numa re­ a arte de usa e ... Mckean, aqui o Sandman se criou, ga­ começou pensar e lê Depois tu me conta. Só que de Sandman e via­ abusa de e ca­ nhando os prêmios de melhor formulação não vai delirar como fez o ame­ sprays, colagens netas revista e com a idéia de um cara ma­ personagem jou ricana Michael McGarvey, que esferográficas. destaque Dave Mckean ilus­ do troféu HQ Mix de 1990. gro, jovem, de cabelos e rou­ matou o seu amigo e deixou começou Como trando a revista Border­ pas pretas. referências, do lado do corpo um exemplar inglesa line. vários livros de sonhos e pesa­ do Sandman n? 19 ("Sonho de Junto com Neil Gaiman, Sandman em 1835 nu­ delos e o John fez a história Violent surgiu personagem Uma Noite de Verão") e um Cases, pin­ ma compilação de contos in­ Constantine (Hellblazer), de bilhete dizendo "o flautista foi tada em tinta aguada, óleo e fantis escrita Jamie Delano. e a série pelo dinamarquês Os desenhos fi­ pago. O Sandman traz escuri­ pastel Orquídea Negra, Hans Christian Andersen caram a autores usando tinta cargo de vários dão e sono ao mundo". Os dois, aquarela, acrílica do Patinho Feio? Adi­ e fazer as foi recru­ e e muito de carro. (lembra para capas Michael e seu amigo, eram fãs aguda spray vinha escreveu ... O tado o quem ). companheiro de Gai- de HQ e compravam de tudo, Mas o de todos che­ menos Sandman. Apesar dis­ respeito definitivamente com a so, e da revista ao lado do cor­ gou gra­ novel ASIlo es­ po, o bilhete era assinado pelo phic Arkham, Sandman. crita por , onde As ferramentas de Sandman Batman e Coringa refletem to­ da a loucura haver são o elmo, usado nas viagens que pode numa humana. O estilo através dos sonhos; a algibeira, cabeça de Dave Mckean é muito onde é guardada a areia que pare­ cido com o do americano faz as dormirem e o Bill pessoas . Sienkiewicz fez a versão rubi contendo parte de seus po- (que os do deres. Sua família são o!' Per­ para quadrinhos clássico :_ ambos se pétuos, que além dele So­ Moby Dick), já que utilizam de nho (Dream), é formada ainda técnicas semelhan­ pelo primogênito Destino tes. Só que, enquanto Sienkie­ wicz (Destiny), os gêmeos Desejo já se distanciou dos con­ ceitos das tornando-se (Desire) e Desespero (Dispair), HQs, mais um Mckean o caçula Delírio (Delirium) e ilustrador, procura manter-se fiel a certos a bela Marte (Death), que "urn dia voce encontrará e desco­ padrões básicos de diagrama­ brirá por si mesmo." O sétimo ção, como o uso de quadrinhos nas suas histórias. O último perpétuo não foi revelado, mas trabalho de Dave Mckean é a note que no original em inglês minissérie todos começam com a letra D. elogiada Cages, que ainda Como Neil Gaiman nunca dei­ não foi lançada no Bra­ sil. xa pontas soltas em seus argu­ mentos, isso ser uma 12 pode pis­ ta. Ou é só mais um sonho? Emerson G••perin

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Sexo, ácido e depravação

o INCRíVEL DOIDO MAIS COPIADO DO PLANETA

ZERO ZINE - 92 .' MARÇO .

já tomou ácido? Robert Crumb já. Ele Vocêe todo' pessoal flower power, que nos anos 60 habita­ vam as histórias de Fritz, the cat, um de seus principais per­ sonagens. Nenhum doidão da­ quela época merece o título de maior desenhista de quadri­ nhos undergrounds - comix. Só ele. Até hoje ele é cultuado, imitado, e principalmente, pi­ rateado em todo canto onde se fala em quadrinhos marginais. A reedição de um álbum seu é capaz de bater recorde de vendas, acreditem, até aqui no Brasil. Crumb já deu dinheiro pra muito editor malandro e de­ pois de mais de 20 anos de prancheta continua sendo um duro. Finalmente resolveu contratar um advogado para cuidar desses "detalhes" e ver se recupera algum dinheiro com direitos autorais. Robert Crumb nasceu na Fi­ Mr Natural (alto, esquerda) o ladélfia, Pensilvânia, em 30 de antiguru e Fritz the cal são duas agosto de 1943 e desde os 13 (abaixo), das mais famosas de Robert anos já fazia quadrinhos com personagens Crumb (ao lado), que não seu irmão mais velho, "que de­ abril. jugais". Robert Crumb, que já poupa nem a si mesmo no senhava melhor", e publicava Hoje em dia ele mora na fez até um álbum com o depra­ auto-retrato irônico. Gênio no jornal da escola. Mas esse França e escuta seus discos de vado Charles Bukowski (Mu­ marasmo não segurou Crumb música caipira americana em lheres), adora contar seus pe­ por muito tempo. Em 67 foi 78 rotações. Enquanto isso seu cados e admite: "Sou um fra­ para a capital do movimento traço inconfundível continua casso, um imbecil, um hippie, São Francisco, onde tu­ palhaço. espalhando seu deboche furio­ Minhas piadas não tem graça do acontecia. Lá começou a so. Para Crumb as mulheres e meu é uma coisa trabalhar numa fábrica de car­ ego repul­ são mesmo difíceis de enten­ siva". Talvez, no an­ tões e nas horas justamente postais vagas der. Conta até os 20 anos que ti-herói, esteja todo o seu su- fez Zap Comix, a primeiríssi­ não havia dado um beijinho se­ cesso. ma revista real­ underground quer. O seu último álbum, cha­ mente de abriu o ca­ F,.nkM.is peso, que ma-se Minhas Mulheres minho. Nessa ele lança­ época experi­ do no brasil mentou ácido. De suas pela -CP&M, viagens deveria se chamar "crises con- lisérgicas, saíram personagens como Mr. Natural, Mr. Snoid e, é claro, mais histórias de Fritz, the cat, que inspirou o pri­ meiro desenho animado proibi­ do para menores de IR anos. Fritz, além de se encharcar de álcool e drogas, tratava o sexo oposto � éguas, porcas, hipopótamas, coelhas, todas bem bunbudas - como meros objetos de prazer. Isso fez com que militantes do woman's lib chamassem Crumb de "porco sexista". Ele não ligou muito e Fritz, depois de muitas na�o­ radas, acabou sendo assassma­ do a facadas por uma avestrua traída. Crumb foi chamado também de racista e anti-semita, apesar de ser casado com â judia Ali­ ne Kaninski. Seus problemas com a censura ainda são fre­ qüentes e um de seus álbuns foi banido da Inglaterra em

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Graphic-novels de brasileiros

MARÇO 92 • ZERo' ZINE saem. No Brasil GRANDES E MÉDIAS EDITORAS APOSTAM, Samsara, primeira COM CAUTELA, NA HQ-BR graphic-novel Dundum melhor gibi quadrinistas brasilei­ da chamada "síndrome do pâni­ independente ros continuam recla­ co", doença que dá a sensação osmando - e com razão de perigo e morte iminentes. - do pouco espaço dado pelo Daí a função quase terapêutica

mercado editorial a seus . traba­ de seus quadrinhos, que trans­ lhos. Mesmo assim, 1991 trouxe portam o medo real para a ar­ boas novidades para eles. Além te. Transubstanciação foi o pri­ de periódicas especializadas co­ meiro comic-book da série mo Animal, Mil Perigos e Dun Graphic Dealer, que a Editora Dum (as duas últimas publican­ Dealer pretende dedicar aos do apenas material nacional), quadrinhos nacionais. fora'!1 lançados este ano quatro Em de foi a vez comic-books com artistas brasi­ agosto 91 de - leiros, alguns deles saídos dire­ Hans Ribbenttop O En­ e Fetichest - tamente da HQ underground. trincheirado, Províncias do desejo serem pu­ Samsara, publicada pela blicados. O primeiro, roteiri­ zado Luís de Editora Globo em abril, trouxe pelo dramaturgo Abreu e desenhado José consigo a carga de ser a primei­ por também colaborador ra graphic novel brasileira, Duval, revista foi provocando com isso grandes da. Níquel Náusea, editado Book Editora e OS MELHORES expectativas. A revista foi ro­ pela teirizada pelo cineasta Gui­ conta com muito humor as pe­ NACIONAIS lherme de Almeida Prado (A ripécias de Ribbentrop, um de­ sastrado soldado alemão Dama do Cine Shangai) e dese­ que tudo a os na­ GANHAM HQ MIX nhada pelo argentino radicado põe perder para zistas durante a 2� Guerra no Brasil, Hector Gómes Alí­ 24 de de 91 os melho­ Dia julho - Mundial. O melhor da revista sio desenhista de story boards res dos de 1990 re­ é o caricatural de Duval quadrinhos e da revistinha Juba & traço ' ceberam o troféu HQ MIX. Lula. A história é ambientada e expressivo. Desenhista Nacional: Laerte preciso ern Nova York e nela não há Coutinho Já Marco Nicolosi, autor de Kent nada lembre remotamente Desenhista Estrangeiro: que Fetichast, foi considerado pela Williams o Brasil. de merca­ Questões "a mais Roteirista Nacional: Laerte do. O roteiro é grande imprensa grata pretensioso, promessa do brasi­ Coutinho mas não dá conta de si mesmo quadrinho leiro nesse Roteirista Alan começo de déca­ Estrangeiro: e faz com que a trama perca-se Moore da". Nicolosi levou 13 anos pa­ em seus meandros. A arte é Desenhista Revelação: Jaca ra a obra, que tem co­ e convencional, e concluir competente o nonsense de um (Dundum) o texto bastante medíocre. As �o ,e�xo país Tira Nacional: Níquel Náusea, fictício, por onde passeiam clo­ de Fernando Gonzalez expectativas ficam frustradas. nes de Xuxa, Tom Jobim e ou­ Tira Estrangeira: Calvin. de Transubstanciação, de Lou­ _tros. Nesse país, os cinemas e Bill Watterson renço Mutarelli às Jr., chegou teatros são lacrados e a TV to­ de Mutarelli e o cômico Edição Especial: Lex Luthor, bancas em julho, trazendo um Transubstanciação Hans Ribbentrop ma o lugar do sexo na vida das de James Hudnall estilo muito próprio do autor: Novel: de Jon pessoas. Graphic Drácula, a morbidez em estado puro. Já J. Muth Nicolosi, responsável pela na introdução, o também qua­ de Humor: Piratas do da conse­ Revista drinistaFábio Zimbres art.e 7 t�xto revista, de Laerte arrepia cnar um Tietê, Coutinho " guru traço próprio, o leitor: ... você me­ Revista Mix: Animal, vários quando embora fortemente influencia­ nos esperar seu desejo primor­ autores do por e dial será a cabe­ Revista Infantil: Os Trapalhões partir própria Frank Miller (autores de Elek­ Revista de Clássicos: de ça contra um ou furar os Spirit, poste tra Este é o seu Will Eisner olhos da menininha com um :1ss�ssina). pri­ melfa album. Antes, o artista Revista Independente: Dun­ caco de vidro, ou fazer um pré­ já havia desenhado a Turma da dum, vários autores dio inteiro arder em chamas Fanzine: Nhô Guia dos Mônica e filmes publicitários. Quim, apenas com o ooder da mente e Trndie Enquanto isso, quadrinistas Quadrinhos enquanto um tempestade de Album Erótico: Little Ego, de que não tiveram a sorte de neve cobre todo o seu bairro (?) Vittorio Giardino ter seu trabalho no e você morre de rir assustando publicado Álbum Clássico: Príncipe Va­ Brasil continuam sendo reco­ Hal Foster seus vizinhos". O baixo astral lrnte, de nhecidos no exterior. É o caso Album de Humor: Que Rei Fui da história é comandado pela por exemplo, de José Roose� Eu", de Novaes personagem Thiago, "o lou­ velt, que na Suíça o Album de Aventura e co" mata o e os publicou Terror, , que amigos pai álbum La Ville, em Ficção: O Papa-Defuntos, de "libertá-los". inspirado para Albert Camus e Salvador Dali. Ray Bradbury As histórias de Mutarelli são Livro Teõrieo: Arte Roosevelt não tem nenhuma Seqüen­ repletas de legiões de mutila­ cial, de Will Eisner perspectiva de ser lançado dos, tangos e latinas. Projeto Gráfico: Chiclete com citações graças à falta de interesse A vida é invariavelmente retra­ aqui, Banana das grandes editoras do Brasil tada como a Veterano Homenageado: Flávio apenas ponte que em autores nacionais. . publicar Colin leva � morte, fim único, O de­ Grande Contribuição à HQ: senhista, velho conhecido do 14 Devir Livraria underground paulistano, sofre Nil"a Bianco

Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Sujo é trepada com porca o PORNÔ EM PRETO

E BRANCO ZERO ZINE - MARÇO 92

dão Iturrusgarai, apa­ receu no cenário dos A quadrinhos e chocou. É sarcástico, irreverente, escra­ chado e só escreve histórias su­ jas. Suas HQs causam polêmi­ ca, já foi acusado de pornográ­ fico ao desenhar um persona­ gem trepando com uma porca. Foi um sucesso. A revista Dundum, criada oomGilmar Rodrigues, trouxe em seu primeiro número a tal trepada. Deu merda. A prefei­ tura do PT de Porto Alegre descolou o papel para 1500 exemplares e a oposição caiu em cima. A publicidade foi tão grande, que todas as revistas foram vendidas em oito dias. Uma segunda tiragem de 3500 exemplares, paga do próprio bolso, também vendeu tudo ra­ pidinho. A idéia inicial de fazer um fanzine foi pro brejo, por­ que o material era muito bom. Tinham razão, a Dundum ga­ nhou em 91 o prêmio da HQ Mix de São Paulo como a me­ lhor revista independente. I De fanzine ele nunca partici­ pou, "mas o negócio é ir no peito" e considera Kamikase, um zine gaúcho, um dos me­ lhores do país. Lá pelos 19 anos começou a fazer HQs para um jornal de Cachoeira do Sul, o Jornal do Povo. A primeira pu­ blicação em revistas foi na Me­ gazine. Aos 25 anos, partici­ pou da Bienal de Quadrinhos do Rio, com a HQ Mulher Fa­ tal. Em 1990, foi o melhor na categoria cartum do Festival Internacional de Humor de Pi­ racicaba, São Paulo. À Dundum Seus personagens são "baga­ Polêmica Deixou os moralist$ de ceiras", como ele mesmo elas­ cabelo em pé e sifica. Por isso na re­ publicou Rocky e Hudson, os cowboys gays, vista francesa Fleg. "Os fran­ deram fama à Adão ceses gostam de piadinhas su- Iturrusgaraí, Acima, uma piada velha, o jas", diz. Depois de sete meses exclusiva do gaúcho e meio na voltou França, para para o ZeroZine o Brasil, porque lá pagam uma miséria e aqui é melhor. Pega breve sairão seis paginas suas trabalho de publicidade só na Circo. Escreve sobre a quando as coisas apertam. imundície humana, como o sa­ Um dupla de cowboys bi­ domasoquismo do Casal Ama­ chas-loucas, Rocky & Hudson dor. foi o passaporte de Adão para Angeli, Laerte, Jaca, Fábio a fama e está sendo publicada Zimbres e Guazelli são para na revista Mil Perigos. Já cola­ ele os melhores quadrinistas borou com a Animal e Geral­ brasileiros. Mas, o melhor dão, com roteiros para A inva­ mesmo é Vuillemin (Animal), são dos minimercados e Avião um superescroto-doentio e seqüestrado, cujos desenhos uma de suas influências mais eram do também gaúcho Jaca, fortes. "O humor escrachado outra fera premiada - desenhis­ está virando moda", por isso ta revelação 90, pela HQ Mix Adão está partindo para o hu­ - que ilustra no Jornal O Esta­ mor mais imbecil. do de São Paulo. Adão está publicando na Animal e em Cristina Gallo 15 Acervo: Biblioteca Pública de Santa Catarina Erotismo invade quadrinhos MANARA, ROTUNDO, CREPAX E GIARDINO DOMINAM ZERO ZINE • MARÇO 92

icciolina apenas confirma o calor sexual dos italia­ C nos, que começa nos ban­ quetes dionisíacos da Roma anti­ ga. Os quadrinistas Milo Manara, Vitorio Giardino, Massimo Ro­ tundo e Guido Crepax confirmam o tesão e revelam a força das HQs eróticas italianas que correm no mundo. Enredos inteligentes ape­ lam para as mais bizarras fantasias e despem teorias freudianas e re­ voluções sexuais. O que não pode­ ria ficar de fora, o machismo lati­ no, adquire certa beleza nas mãos desses mestres.

A oitava arte atinge quase todas as camadas sociais e o quadrinho erótico toma lugar do filme pornô para servir de manual sexual aos Jovens e como meio extravasador dos adultos. As vendas aumentam no mundo todo e os italianos são os mais Clic, um co­ festejados. Milo Manara e Fellini mic-book de Milo Manara (Mar­ autores de Viagem tins Fontes) já virou filme e foi B Tulum. Ao lado, a sensação em 84 na Europa. rragmento de O Homem Manara. Crepax e Rotundo for­ inyisíyel mam o trio de ouro do quadrinho erótico e psicológico italiano. To­ dos já foram publicados fartamente no Brasil. De Milo Manara já saí­ ram D perfume do invisível. Clic - A rendiç;io do Sexo (ambas pe Ia do cinema mudo .norte-arnericano Martins Fontes) e Curta metragem Louise Brooks. Foi através dela que (L & PM). Os leitores mais faná­ Crepax introduziu angulações e ticos por sexo vão se deliciar com cortes revolucionários para o con­

O perfume ... da sensual Mel que servador quadrinho europeu dos cai de boca. literalmente. no ho­ anos 70. embora o "psicologismo" mem invisível. Em outra história. da personagem e dos enredos te­ mie Ex-Libris Eroticis. O tratamen­ após os mais tesudos sonhos. Vate

Sonhar talvez ... As aventuras nham tornado-se uma marca incon­ to visual valoriza os detalhes, os tudo para ela: transas homossexuais orientais de Giuseppe Bergmam. . fundível de Crepax. Várias de suas ambientes são da art-noveau do iní­ ou não. em grupo, mas sempre com uma sensual produtora de cinema histórias foram lançadas no Brasil cio do século. Em Ex-libris Eroticis um fino humor. O peso na cons­ viaja da Inglaterra até a India. A e a mais recente é Valentina no me­ 2, Rotundo retoma enredos que ciência depois de cada sexy-dream viagem regada a sexo e delírios trô. Mas Crepax tem outras heroí­ tratam de sadomasoquísmo, pedo­ leva a safada personagem à loucura transcendentais conta com a cola­ nas como Bianca. Anita. Emma­ filia e outras raras. imaginando o que seu analista vai boração do amigo Franco Mescola, nuel/e. e adaptou a mais famosa his­ Outro expoente. embora não tão dizer daquela zona. Provavelmen­ que narra no início do livro suas tória erótica européia: A História conhecido. Vitorio Giardino foi te. que tudo não passa da melhor andanças pelo Paquistão. Nepal e se o. lançado no Brasil com sua Little das fantasias que povoam nossas ca­ India. A fantasia dos quadrinistas italia­ E�o, versão feminina do clássico beças - a sacanagem. Valentina é a super-heroína cria­ nos não poupou nem Pablo Picasso Little Nemo, criado por Richard da por Guido Crepax feita à ima­ que virou personagem de uma his­ Outcault. A morena boazuda acaba Iv.ldo Br••il Jr. gern de sua mulher Elisa e da atriz tória de Massimo Rotundo no co- caindo da cama. como Little Nemo,

Anita, de Guido Crepax (acima) e um sonbo erótico de Lillie Ego

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