Universidade de S˜aoPaulo Instituto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericas Departamento de Astronomia

Marcos Tadeu dos Santos

Determina¸c˜aodas ´orbitase massas de exoplanetas

S˜aoPaulo 2011

Marcos Tadeu dos Santos

Determina¸c˜aodas ´orbitase massas de exoplanetas

Tese apresentada ao Departamento de Astronomia do Insti- tuto de Astronomia, Geof´ısicae CiˆenciasAtmosf´ericasda Universidade de S˜aoPaulo como parte dos requisitos para a obten¸c˜aodo t´ıtulode Doutor em Ciˆencias.

Area´ de Concentra¸c˜ao:Astronomia Orientador(a): Prof.(a) Dr.(a) Sylvio Ferraz-Mello

S˜aoPaulo 2011

Ao sr. Ricieri Bergamasco, meu avˆo- em mem´oria

Agradecimentos

A` minha fam´ılia,pelo apoio incondicional; Ao prof. Sylvio Ferraz-Mello, a quem sempre serei muito grato pela orienta¸c˜ao,pelas oportunidades que me proporcionou e principalmente pela paciˆenciaque teve comigo neste periodo; Agrade¸co´aprof. Tatiana Michtchenko, co-orientadora, pelas d´uvidassanadas, sug- est˜oese cr´ıticas. Meu muito obrigado tamb´emao prof. Cristian Beaug´epor ter me acolhido em C´ordoba,a paciˆenciae a orienta¸c˜aoque deu origem ao cap´ıtulo 4; Ao grande prof. Tadashi Yokoyama, sempre amigo, incentivador e conselheiro; Aos amigos de sala: Adrian, Alan, Eduardo, Gleidson e V´ıtor.Agrade¸coa convivˆencia, as conversas, risadas e discuss˜oes. Aos amigos do time de Mecˆanica Celeste de C´ordoba:Cristian Giuppone, Jorge Correa e Martin Leiva. A` Daniela dos Santos, a quem devo a revis˜ao de texto. Agrade¸cotamb´emao prof. Nelson Callegari Jr. A secretaria do depto. de Astronomia e da se¸c˜aode p´os-gradua¸cao,e ao corpo t´ecnico de inform´aticado Depto. de Astronomia, em especial ao Marco e ao Lu´ıs, que muito sol´ıcitos,sempre resolveram prontamente os problemas computacionais que tive. Por fim, `aFAPESP, pelo apoio financeiro, sob o processo no: 06/52984-0 e ´aCapes, pelo subs´ıdiologo no in´ıciodeste projeto.

Esta tese/disserta¸c˜aofoi escrita em LATEX com a classe IAGTESE, para teses e disserta¸c˜oesdo IAG.

“O correr da vida embrulha tudo, a vida ´eassim: esquenta, esfria, aperta e da´ıafrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente ´ecoragem. ”

Jo˜aoGuimar˜aesRosa - Grande Sert˜ao:Veredas

“Take care, my Lord, replied Sancho Panza; what we see down there are not giants, but windmills”

Miguel de Cervantes - Don Quijote

Resumo

Nos ´ultimosanos, a descoberta de planetas em outras estrelas, os chamados sistemas extrassolares ou ´arios,tem demandado um grande custo intelectual e financeiro. Em decorrˆenciao estudo de exoplanetas ´euma das ´areasda Astronomia que mais tem crescido: grandes esfor¸cosest˜aosendo feitos para melhorias nas condi¸c˜oesde observa¸c˜oes, sat´elitess˜aoenviados ao espa¸cocom este objetivo e, cada vez mais, grupos ao redor do mundo tˆemse dedicado ao assunto. O interesse por estes sistemas ocorre por serem muito peculiares e desafiarem as teorias hoje conhecidas e que funcionam razoavelmente bem para nosso sistema solar. Portanto, este trabalho se faz pertinente, pois qualquer estudo, seja ele pela busca de vida, seja algum estudo dinˆamico, etc., exige o bom conhecimento dos parˆametrosdestes planetas. Apresentamos um estudo das formas mais utilizadas para a determina¸c˜aodos elementos orbitais destes sistemas: a t´ecnicade velocidade radial (VR) e a de trˆansito. Para o m´etodo de VR apresentamos sua modelagem, a aplica¸c˜aoem alguns sistemas de inte- resse (CoRoT-7 e HD202206) e, tamb´em,para verificar a confiabilidade dos resultados, a utilizamos em dados gerados de forma artificial, o que nos leva ao questionamento dos valores hoje dispon´ıveis na literatura. Introduzimos, no apˆendiceC, a t´ecnicade trˆansito, a qual modelamos como em Kopal (1979). Trata-se de uma formula¸c˜aogeral e v´alida para qualquer tipo de eclipse e a utilizamos para o sistema OGLE-TR113, cujos resultados apresentam concordˆanciasatisfat´oriacom aqueles publicados.

Abstract

In the last , the discovery of planets in others , the called extra-solar or exo- planetary systems, has demanded a great intellectual and financial cost. Consequently, the estudy of is one of the areas of Astronomy with more development: great effort has been done to improvements in the observational conditions, satellites are launching to espace with this objective and groups around the world have been dedicated to this subject. The interest in these systems occurs because they are very peculiar and challenging the theories well-kown today, and that work fairly well for our solar system. Therefore, this work is relevant, since any study, about search life, about dynamic or any others, requier an accurate knowledge of the orbital parameter of this planets. We present here a study of the most popular forms of determination of the orbital elements of these systems: the (RV) method and transit. For the radial velocity method we modeled and applied it in the some interesting cases (CoRoT-7 and Hd202206) and in order to check its reliabity we used it in artificial data, and the result drive us to doubt the values, today, available in the literature. About the transit, we modelled as Kopal (1979), it is a general formulation, and valid for any type of eclipse; and we used it in the OGLE-TR113 system, whose results are, satisfactorily, in agreement with that published.

Lista de Figuras

2.1 Esquematiza¸c˜aodo sistema de coordenadas (X, Y, Z) em que vale a equa¸c˜ao (2.1), o eixo Z ´eperpendicular ao plano (X, Y)...... 37 2.2 Geometria dos sistemas de coordenadas que representa a passagem do sis-

tema (XC.M.,YC.M.,ZC.M.), com origem no centro de massa e plano (XC.M.,YC.M.)

coincidente com o plano orbital; para (Xf ,Yf ,Zf ), cujo eixo Zf representa a linha de visada do observador...... 38 2.3 Esquematiza¸c˜aodo funcionamento do algoritmo simplex. Figura extra´ıda de Press et al. (1992)...... 46

2.4 Histograma de c1 e c2 calculados a partir de amostras de dados puramente

ruidosas com σr = 5. Tomamos 10000 amostras com 500 pontos em cada uma delas...... 52

2 2 2.5 Histograma de I = c1 + c2. Calculados com os mesmos dados da figura (2.1) 53 2.6 Em (A), temos 50 medidas geradas artificialmente com per´ıodo de 10 dias e amplitude de 5. Em (B), o espectro destas medidas onde destacamos em cada linha horizontal a probabilidade de tal amplitude ser alcan¸cadapara quando os dados forem puramente ruidosos...... 54 2.7 Em (A), “scramble” para os dados da figura (2.6-A); em vermelho, o es- pectro dos dados originais; e em preto, os espectros de cada uma das 1000 ordena¸c˜oesque efetuamos. Em (B), um histograma dos valores alcan¸cados por S na frequˆenciade 0.1d−1 em cada um dos conjuntos criados, onde pode- mos fazer uma compara¸c˜aocom a amplitude obtida com os dados originais S = 0.7364...... 55 2.8 Espectro das velocidades radiais de HD50554. A probabilidade do pico maior ser gerado, por ru´ıdos,´epraticamente zero, da ordem de 10−7% . . 56 2.9 Curva de velocidade radial tra¸cadaa partir da solu¸c˜ao(2.6-1) juntamente com os res´ıduosadvindos deste ajuste...... 57 2.10 Espectro dos res´ıduosda figura (2.9). O histograma da direita representa os 10000 “scramble” que fizemos a partir dos res´ıduos...... 58 2.11 Sistema HD12661, ajuste com um corpo de per´ıodo ≈ 264 dias. Observa- mos a curva gerada juntamente com as medidas. Nos res´ıduos deste ajuste podemos verificar uma clara rela¸c˜aoperi´odica,que pode ser comprovada pelo espectro, que revela um per´ıodo de aproximadamente 1500 dias . . . 60 2.12 Curva de velocidade Radial calculada a partir da solu¸c˜ao(2.6-5). Apre- sentamos tamb´emos res´ıduose seu respectivo espectro onde verificamos a inexistˆenciade outros per´ıodos...... 61

3.1 Velocidades radiais que encontramos ap´oso processo de recupera¸c˜aodos dados descrito no ApˆendiceA...... 66 3.2 Espectro dos dados apresentados na figura (3.1) onde salientamos o per´ıodo de 258.3 dias...... 66 3.3 O gr´aficoacima representa a curva de velocidade radial gerada a partir da solu¸c˜ao(3.2-1). Abaixo temos os res´ıduosdeste ajuste bem como o espectro, onde observamos haver um segundo per´ıodo de aproximadamente 1300 dias. 68 3.4 Figuras geradas a partir da solu¸c˜ao (3.2-2)...... 69 3.5 Valores encontrados atrav´esdo processo de BMC. Cada ponto deste gr´afico representa uma evolu¸c˜aodo algoritmo por 10000 intera¸c˜oescalculadas atrav´es de chutes distintos no espa¸code parˆametrose com valores Q ≤ 300 . . . . . 72 3.6 Continua¸c˜aodo gr´afico(3.5). Apresentamos aqui os elementos angulares. 73 3.7 Elementos orbitais em fun¸c˜aodo n´umerode medidas...... 75 3.8 (wrms) de cada um dos ajustes apresentados no gr´afico(3.7)...... 76 3.9 Jacknife de Ferraz-Mello, exclu´ımosconjuntos aleat´oriosde 10 observa¸c˜oes. 77 3.10 Continua¸c˜aodo gr´afico(3.10)...... 78 3.11 Resampling para o Sistema HD202206...... 79 3.12 Integra¸c˜aoda solu¸c˜ao(3.5-1), verificamos instabilidade em menos de 20000 anos...... 81 3.13 Integra¸c˜aoda solu¸c˜oesproposta por Correia et al. (2005)...... 82 3.14 Mapa dinˆamicodo sistema HD202206, calculado a partir das condi¸c˜oes(3.5- 1). Em (A) temos o mapa espectral, j´aem (B) o mapa da excentricidade m´axima...... 83 3.15 Resultado da integra¸c˜aocom condi¸c˜oesas condi¸c˜oesiniciais (3.5-2). . . . . 84 3.16 Zoom do comportamento dos elementos angulares e ˆanguloscr´ıticos da figura (3.15)...... 84 3.17 Sistema de referˆenciaque utilizamos para a minimiza¸c˜aono plano do c´eu.. 85

4.1 Exemplo de curva de velocidade radial gerada...... 90 4.2 Elementos orbitais obtidos para cada conjunto sint´eticode dados...... 91 P 2 2 4.3 Histograma dos resultados Q = j(Oj − Cj) /σj das minimiza¸c˜oespara os valores K/σ que utilizamos...... 92

4.4 Histograma para os elementos orbitais em que K/σr = 1. Como a escala do histograma n˜ao´efavor´avel, em (D) e (E) temos o diagrama M vs. a em que podemos observar melhor a dispers˜aodestes elementos. O gr´afico(E) ´e apenas um zoom na escala de (D)...... 93 4.5 Para cada minimiza¸c˜aocalculamos a dispers˜aodos dados em torno de seu

valor m´edio, QM , cujos resultados est˜aoapresentados no histograma em vermelho. Comparamos com o valor de Q advindo do ajuste da f´ormula de VR, histobrama preto...... 94

4.6 Os pontos em vermelho representam os valores (QVR,QM ) que calculamos para cada amostra sint´etica. As regi˜oesclaras ao fundo correspondem aos dados para os quais n˜ao´epossivel concluir uma rela¸c˜aofuncional (VR(t)) entre as medidas. Ao contr´ario,a regi˜aoescura ´eonde detectar´ıamos a existencia de algum planeta, pois seria poss´ıvel determinar uma rela¸c˜ao funcional a partir das observa¸c˜oes. A ´areaem azul trata-se de um corte onde, hipoteticamente, a m´ediados dados seria um ajuste melhor que a fun¸c˜aoVR, situa¸c˜aosem significado f´ısico...... 94 4.7 Histograma das solu˜oes(4.4) em que exclu´ımosos ajustes sem relevˆancia.. 95 4.8 Libra¸c˜aodo ˆanguloressonante e de ∆$ ...... 96 4.9 Curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oespropostas...... 97 4.10 Curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oespropostas, mas variamos apenas a raz˜aodas massas...... 97 4.11 Em (A), ajuste com um planeta para o sistema HD50554 e, em (B), in- cluimos a procura de um segundo planeta em ressonˆancia2:1 com o primeiro. 99 4.12 Curva vermelha - Velocidade radial gerada com o truncamento da s´erieem ordem 4. Azul - curva exata...... 100

4.13 Per´ıodos resultantes do ajuste. Eixo vertical ´e P1 e o horizontal P2. . . . . 101

4.14 Em (A), curva azul, tomamos os parˆametros: K1 = 31.560m/s,K2 = o 35.001m/s,e1 = 0.285,e2 = 0.477,P1 = 357.54d,P2 = 181.888,ω1 = 353.801 ,ω2 = o o o 10.199 , `1 = 353.859 , `2 = 349.216 e Vo = 0.034m/s. Em (B) K1 =

63.208m/s,K2 = 47.001m/s,e1 = 0.511,e2 = 0.763,P1 = 366.513d,P2 = o o o o 365.578d,ω1 = 1.021 ,ω2 = 7.724 , `1 = 359.302 , `2 = 177.617 e Vo = 0.033m/s. Tanto em (A) quanto em (B), a curva vermelha representa as condi¸c˜oesiniciais propostas...... 102 4.15 Em vermelho as excentricidades do conjunto 2 e, em preto, as do 1. . . . . 103 4.16 Histograma das solu¸c˜oesdo conjunto 1. Para relembrar, os valores iniciais

propostos s˜ao: e1 = 0.1271 e e2 = 0.3923, que est˜aorepresentados pelas

linhas verticais em vermelho. O valor m´ediodos histogramas s˜ao he1i = 0.25

e he2i = 0.42, superiores aos inicialmente propostos...... 103 4.17 Em vermelho o conjunto 2 e, em preto, o conjunto 1. A estrela verde

representa os valores K1 = 38.972m/s e K2 = 28.684m/s ...... 104 4.18 Qualidade de cada um dos ajustes, em (A) temos o termo Σ(O − C)2/σ2. Em (B), o wrms das solu¸c˜oesdo tipo 1 e, em (C), as solu¸c˜oesdo conjunto 2. 104 4.19 Em (A) o ru´ıdodos dados ´e5m/s, em (B), de 7m/s; e de 9m/s, em (C). Cada ponto representa as solu¸c˜oesobtidas em amostras sint´eticasde 100 medidas cada uma e espa¸camento regular de 5 dias. Neste gr´aficoexclu´ımos

as solu¸c˜oes P1/P2 ≈ 1. Em vermelho temos a condi¸c˜aoinicial proposta. . 106 4.20 Em preto: condi¸c˜oesiniciais propostas. Vermelho: hK1i = 40.144m/s,

he1i = 0.386, hP1i = 182.588d, hK2i = 29.131m/s, he2i = 0.1512 e hP2i =

364.934. Azul: hK1i = 39.836m/s, he1i = 0.3861, hP1i = 182.546d, hK2i =

28.921m/s, he2i = 0.1875 e hP2i = 365.421. Por fim, em verde: hK1i =

40.463m/s, he1i = 0.392, hP1i = 183.1437d, hK2i = 30.477m/s, he2i =

0.2329 e hP2i = 363.68. Em todos os casos tomamos ω1 = `1 = ω2 = `2 = 0. 107 4.21 O mesmo da figura (4.19) onde a cor verde representa as solu¸c˜oesem que

ambos os ˆangulos,∆$ e 2λ1 − λ2 − $1, libram. Em azul eles circulam e, em preto, s˜ao´orbitasinst´aveis...... 108

4.22 Resultados obtidos para σ = 7. Em verde temos: K1 = 41.394m/s, e1 =

0.369, P1 = 181.224, ω1 = 6.274, `1 = −0.063; K2 = 27.763m/s, e2 = 0.01,

P2 = 378.023, ω2 = 4.232, `2 = 0.231. Em vermelho: K1 = 47.033m/s,

e1 = 0.320, P1 = 181.322, ω1 = 6.249, `1 = −0.015; K2 = 29.509m/s, e2 =

0.191, P2 = 358.817, ω2 = 3.027, `2 = 9.447. Em preto: K1 = 37.696m/s,

e1 = 0.405, P1 = 180.979, ω1 = 6.235, `1 = −0.043; K2 = 28.391m/s,

e2 = 0.189, P2 = 363.478, ω2 = 6.080, `2 = 6.378. Azul: K1 = 36.288m/s,

e1 = 0.459, P1 = 181.771, ω1 = 6.625, `1 = 6.118; K2 = 31.922m/s,

e2 = 0.318, P2 = 364.420, ω2 = 6.800, `2 = 5.719...... 109 4.23 Resultado da integra¸c˜aodas condi¸c˜oes(1.4-A)...... 111 4.24 Exemplo de curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oes(1.4-A) . . . 111 4.25 An´alogaa figura (4.20) com as condi¸c˜oes(1.4-A) ...... 112 4.26 Histogramas das excentricidades. A linha vertical vermelha representa o valor inicial proposto...... 113 4.27 Histogramas de ∆$ e ∆`. A linha vertical vermelha representa o valor inicial proposto...... 114 4.28 Resultados para as condi¸c˜oes(4.4-B) em que σ = 5m/s...... 115 4.29 An´alogo`afigura (4.26), mas eliminamos os ajustes irrelevantes...... 116

4.30 Restri¸c˜aoda figura anterior para os resultado em que P1 ≈ 365 e P2 ≈ [365 − 700]d...... 116 4.31 Curva verde: K1 = 113.474m/s, e1 = 0.303, P1 = 366.228d, ω1 = 6.233rad,`1 =

6.233rad; K2 = 35.243m/s, e2 = 0.776, P2 = 497.517d, ω2 = 6.261rad,`2 =

10.271rad e Vo = −1.979m/s. Curva azul: K1 = 114.556m/s, e1 = 0.298,

P1 = 366.486d, ω1 = 6.195rad,`1 = 6.360rad; K2 = 37.330m/s, e2 = 0.795,

P2 = 682.910d, ω2 = 6.168rad,`2 = 4.609rad e Vo = −4.960m/s. Ver-

melha: K1 = 115.336m/s, e1 = 0.313, P1 = 363.828d, ω1 = −0.076rad,`1 =

6.325rad; K2 = 35.800m/s, e2 = 0.716, P2 = 371.697d, ω2 = 6.188rad,`2 =

9.504rad e Vo = −0.717m/s. Por fim, a curva preta representa as condi¸c˜oes iniciais propostas...... 117 4.32 Resultados das condi¸c˜oes(1.4-B) que reproduzem de maneira aproximada os per´ıodos iniciais propostos ...... 118

4.33 Curva vermelha: K1 = 19.568m/s, e1 = 0.094, P1 = 121.238d, ω1 =

6.236rad,`1 = 3.218rad; K2 = 115.565m/s, e2 = 0.490, P2 = 363.740d,

ω2 = 6.263rad,`2 = 6.285rad. Curva azul: K1 = 21.534m/s, e1 = 0.580,

P1 = 243.498d, ω1 = 6.465rad,`1 = 1.529rad; K2 = 107.486m/s, e2 = 0.361,

P2 = 356.733d, ω2 = 0.078rad,`2 = 6.158rad e Vo = −0.106m/s. Curva

verde: K1 = 36.997m/s, e1 = 0.442, P1 = 182.872d, ω1 = 0.081rad,`1 =

0.023rad; K2 = 88.793m/s, e2 = 0.1426, P2 = 364.985d, ω2 = 6.432rad,`2 =

6.136rad e Vo = −0.237m/s...... 118 4.34 Histograma das solu¸c˜oesdo conjunto IV...... 119 4.35 Elementos angulares dos elementos do conjunto IV...... 120 4.36 Comportamento dinˆamicodo conjunto IV, gr´aficoan´alogoas figuras (4.20) e (4.23)...... 120 4.37 Gr´aficoextra´ıdode Reiners (2009). Em (A), h´aa grande explos˜ao,vista em maiores detalhes logo na primeira noite de observa¸c˜aoe ´emarcada por

uma forte emiss˜aona linha Hα. Em (B), os c´ırculoscinzas representam a

luminosidade normalizada Hα, enquanto os demais s´ımbolos, a amplitude de velocidade radial alcan¸cada...... 122 4.38 Gr´aficoextra´ıdode Saar e Donahue (1997) representando as curvas de n´ıvel da equa¸c˜ao(4.4)...... 124 4.39 Gr´aficoextra´ıdode Desort et al. (2007). Em (A), a localiza¸c˜aoda mancha na superf´ıcieda estrela e, em (B), a amplitude de varia¸c˜aoda velocidade radial causada por ela...... 125

5.1 Reprodu¸c˜aodo gr´afico8 do artigo de Queloz et al. (2009)...... 130 5.2 Em (A), o espectro com todas as velocidades radiais medidas. Em (B), somente as medidas no intervalo 845 < t < 875...... 131 5.3 Em preto, elimina¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao.Em cinza, o mesmo espectro da figura (5.2-B)...... 132 5.4 Gr´aficosgerados pela solu¸c˜ao5.2-1. Observamos a curva de velocidade radial gerada, juntamente com as medidas e os res´ıduosdeste primeiro ajuste. No espectro destes res´ıduosh´aum pico em 0.849d, que trata-se do per´ıodo de CoRoT-7b, o planeta de trˆansito...... 133 5.5 An´alogaa figura 5, por´emcom os dados da solu¸c˜ao5.2-2...... 134 5.6 Res´ıduose espectro dos mesmos gerados atrav´esda solu¸c˜ao(5.1-3). . . . . 135 5.7 “Scramble” dos res´ıduosque vemos na figura (5.6). Nesta figura temos 100 espectros, de cada uma das ordena¸c˜oesque fizemos, representados pelos pontos pretos. A curva branca ´eo e espectro j´aapresentado em (5.6). . . 136 5.8 Curva de velocidade radial, res´ıduose espectro da solu¸c˜ao(5.1-4). . . . . 137 5.9 Valores medidos das velocidades radiais, salientamos as janelas em que n˜ao h´aobserva¸c˜oes...... 138 5.10 Gr´aficos referentes `assolu¸c˜oes(5.3-1) ...... 139 5.11 Curva de velocidade radial gerada pela solu¸c˜ao(5.3-2). Apresentamos tamb´em os res´ıduose espectro, onde encontramos um pico em ≈ 9 dias ...... 140 5.12 Gr´aficos da solu¸c˜ao(5.3-3)...... 141 5.13 Gr´aficos da solu¸c˜ao(5.3-4), ...... 142 5.14 Espectro dos res´ıduosda figura (5.3-4)...... 142 5.15 Espectro dos res´ıduosda figura (5.3-5)...... 143 5.16 Gr´aficodas velocidades radiais obtidas com o filtro que descrevemos. . . . 145 5.17 Dados digitalizados (azul) juntamente com a nossa filtragem (vermelho). . 145 5.18 Em vermelho: velocidades radiais. Preto: Dados filtrados...... 146 5.19 Espectros das velocidades radiais filtradas. Em (A), a linha vertical ver- melha representa o per´ıodo do planeta de trˆansito.Em (B), destacamos os per´ıodos de cada uma das amplitudes significativas...... 147 5.20 Em preto: espectro dos dados digitalizados que foram apresentados na figura (5.17), j´aem vermelho eliminamos dos mesmos o per´ıodo de 3.7 dias. . . . 147 5.21 Em (A), temos a curva gerada e as medidas do ajuste. Em (B) temos o detalhe de ambos no intervalo 845 < t < 875. Em (C) temos os res´ıduosdo ajuste e em (D) seu espectro...... 148 5.22 Gr´aficodo scramble da solu¸c˜ao(5.4-1). Em (A), espectro das 100 ordena¸c˜oes que promovemos nos res´ıduose, em (B), a amplitude m´aximaatinigida por cada um deles. A linha horizontal representa o valor m´aximoalcan¸cadono espectro (2.12)...... 149 5.23 Curvas geradas com a solu¸c˜ao(5.4-2), em (A) a curva de velocidades radiais juntamente com as medidas filtradas. Em (B) os res´ıduos,em (C) o espectro e em (D), o “scramble” dos res´ıduos...... 150 5.24 Espectro das velocidade radiais filtradas de Queloz et al.(2009) no intervalo 845 < t < 875. A linha vertical representa o per´ıodo do planeta de trˆansito. 151 5.25 Velocidades radiais res´ıduose espectro da solu¸c˜ao(5.5-1)...... 152 5.26 Velocidades radiais filtradas juntamente com a curva, res´ıduose espectro gerados pela solu¸c˜ao(2.3-2)...... 153 5.27 Procedimento autoconsistente, com trˆesharmˆonicose tempo de coerˆencia de 21 dias ...... 155 5.28 Procedimento autoconsistente, com trˆesharmˆonicose diversos tempos de coerˆencia...... 155 5.29 Procedimento autoconsistente com 3 harmˆonicos. O c´odigode cores ´eo mesmo de (5.28). Em (A), os s´ımbolos s˜ao: ⊕ a solu¸c˜ao(5.2-4), calculada a partir das t´ecnicascl´assicade Fourier com os dados no intervalo 845-875. O quadrado a solu¸c˜ao(5.3-5), resultado tamb´emobtido por an´alisede Fourier utilizando todas as observa¸c˜oes. A cruz representa (5.5-2) obtida com os dados filtrados e limitados temporalmente e o triˆanguloa solu¸c˜aode Queloz (2009). Em (B), temos a longitude dos planetas em t = 847.5968...... 156 5.30 Modelagem dada pelo filtro para a atividade e a parte atribuida aos planetas. Em (A), a atividade modelada e as velocidades radiais medidas. Em (B), a velociade radial filtrada, devido aos planetas...... 157 5.31 Em (A), peridograma da atividade modelada pelo algoritmo autoconsis- tente. A curva cinza representa o espectro das velocidades radiais obser- vadas. Em (B), o espectro das velocidades radiais filtradas da atividade. . 157 5.32 Zoom de (5.21-B) nos per´ıodos de 3.7 e 0.85 dias. Em cinza, temos o espectro das velocidades radiais observadas...... 158 5.33 Velocidades Radiais filtradas calculada a partir da m´ediados valores repre- sentados na figura (5.30) e respectivo espectro...... 159 5.34 Res´ıduosgerados pela solu¸c˜ao(5.6-1) e respectivo espectro...... 160 5.35 Resultado do algoritmo autoconsistente com o quarto harmˆonico. Esta figura ´ean´aloga`afigura (5.29). O asterisco representa uma solu¸c˜aoque

tomamos com tc = 21, mas quadruplicando o n´umerode itera¸c˜oesde nossos algoritmos, para observamos a consistˆenciada regi˜aode convergˆencia. As linhas pontilhadas em cinza representam os limitadores da regi˜ao de con- vergˆenciapara trˆesharmˆonicos...... 161 5.36 Em (A), a atividade para cada um dos tempos de coerˆencia. Em (B), a velocidade radial filtrada da atividade...... 162

5.37 Em (A), o espectro da atividade para cada tc. As linhas verticais repre- sentam os harmˆonicos.Em (B) e (C), o espectro do sinal dos planetas em 3.7 e 0.85 dias. A curva cinza representa o espectro da velocidade radial observadas...... 162 5.38 Valores M´ediosda figura (5.36-A) juntamente com seu espectro. A curva cinza ´ea repeti¸c˜ao(5.33)...... 163 5.39 Em (A) os pontos pretos representam os res´ıduos da solu¸c˜ao(5.6-2) em rela¸c˜aoaos dados da figura (5.38-A). Nesta mesma figura os pontos em vermelho s˜aoos res´ıduosj´aapresentados na figura (5.34). Em (5.39-B) h´a o espectro da ambos os res´ıduosde (5.38-A)...... 164 5.40 As estrelas em vermelho representam os res´ıduosproduzidos pela solu¸c˜ao (5.6-2) em rela¸c˜aoaos dados (5.33-A). Enquanto que em azul temos os res´ıduosproduzidos pela solu¸c˜ao(5.6-1) em rela¸c˜aoaos dados (5.38-A). . . 165 5.41 Os c´ırculosrepresentam as solu¸c˜oesapresentadas no gr´afico(5.35); as es- trelas as do gr´afico(5.29). As cruzes s˜aoas solu¸c˜oesobtidas com quatro harmˆonicose todas as medidas dispon´ıveis, enquanto que, os quadrados, o resultado equivalente com trˆes harmˆonicos...... 166 5.42 Filtro com seis harmˆonicos e tempo de coerˆenciade 5.5 dias ...... 167 5.43 Filtro com seis harmˆonicos e tempo de coerˆenciade 10.5 dias...... 167 5.44 Espectro das velocidade radiais (preto) e das bvs (vermelho)...... 168

A.1 P´agina753 de Correia et al. (2005)...... 181 A.2 Figura 2, p´agina753 de Correia et al. (2005)...... 182

PN B.1 Histograma de C = j=1 xj cos ω(tj − τ), para K\σr = 3, calculado para uma frequˆenciafixa. O valor de K utlizado foi de 41m/s...... 193 PN B.2 Histograma de C = j=1 xj cos ω(tj − τ), para K\σr = 4 e tomamos K = 41m/s...... 193

B.3 Histograma de P para K\σr = 4. O valor de K utlizado foi de 41m/s.O eixo x representa a potˆenciaP, a curva azul a fun¸c˜aoGaussiana e a vermelha a f´ormula que deduzimos...... 199

B.4 Idem `afigura (6.3), mas aqui temos σr = 2...... 199 B.5 Aproxima¸c˜aoda f´ormula (B.44) em um conjunto de velocidades radiais. . . 202 B.6 Periodograma χ2. Para cada frequˆencia no intervalo [0-0.5] ajustamos a equa¸c˜ao(6.38) e nesta figura mostramos a qualidade de cada ajuste. Salien- tamos o per´ıodo de cinco dias e seus harmˆonicos...... 203 B.7 Periodograma χ2 para dados puramente ruidosos, ajustamos sete harmˆonicos.203 B.8 Histograma do espectro (B.7)...... 204 B.9 Em preto, periodograma com espectro de potˆenciascalculado com os mes- mos dados da figura (B.6). Em vermelho, temos o mesmo, mas para dados

ruidosos σr = 5 m/s sem qualquer correla¸c˜aoperi´odica. Utilizamos trˆes harmˆonicos...... 205 B.10 Histograma para cada um dos coeficientes de Fourier de um periodograma com 200 medidas puramente ruidosas. A m´ediade cada um dos fatores deve

2 ser zero e a variˆanciapode ser aproximada por 2σr /N...... 206 B.11 Periodograma Z, utilizando dois harmˆonicos. Encontramos para os dados per´ıodicos o valor de cinco dias. Apresentamos tamb´emo periodograma dos dados puramente ruidosos juntamente com seu histograma. Para os ru´ıdos utilizamos sete harmˆonicos...... 212 B.12 Idem ao gr´afico6.11, mas aqui empregamos β...... 215

C.1 Geometria que utilizamos para resolu¸c˜aoda equa¸c˜ao(C.6) ...... 220

C.2 Representa¸c˜aoda estrela e planeta como discos circulares de raios r1 e r2 respectivamente. As fun¸c˜oes f(x, y) e g(ξ, η) representam a distribui¸c˜aodo brilho na superf´ıciede ambos os corpos...... 223 C.3 Representa¸c˜aoda oculta¸c˜aoentre ambos os discos. A integral (C.14) est´a definida somente na ´areaem destaque da figura...... 224 C.4 Luminosidade do sistema OGLE-TR113. Nestas medidas, temos trˆescon- juntos distintos e bem separados temporalmente: Conjunto I (2452320 ≤ t ≤ 2452440), II (2452620 ≤ t ≤ 2452700) e III (2453020 ≤ t ≤ 2453080). . 235 C.5 Neste gr´afico temos cada um dos conjuntos mostrados individualmente. Percebemos as diminui¸c˜oessucessivas da luminosidade e que esta ocorre em per´ıodos de 1.4 dias, ou de um n´umerointeiro deste valor...... 236 C.6 Em (A) representamos a distˆanciaentre os centros da estrela e do planeta. O valor ´ezero quando a fase ´ezero (ou 2π). Em (B), temos o parˆametroc, que ´ezero em duas ocasi˜oes,indicando duas conjun¸c˜oes,que representamos no gr´aficoem vermelho e verde. O mesmo c´odigode cores utilizamos em (C) onde os pontos em verde representam a conjun¸c˜aoem π e por isso n˜ao percebemos a altera¸c˜aona luminosidade medida, ao contr´ariodo que ocorre nas medidas em vermelho, representando a conjun¸c˜aoem zero...... 237 C.7 Em (A): Luminosidade em fun¸c˜aoda fase orbital. O gr´afico(B) ´ean´alogo a (A), mas apresentamos somente as medidas onde n˜aoocorre trˆansito. . . 238 C.8 Distribui¸c˜aodas medidas apresentadas no gr´aficoC.7(B). O valor m´edio´e de 14.4235 e o desvio padr˜ao´ede 4.91.10−4...... 238 C.9 Em vermelho, a curva de luz modelada na se¸c˜ao(C.3) juntamente com as medidas feitas...... 239

C.10 Coeficientes u1 e u2 para uma estrela com log g = 4.5, [F e/H] = 0.0 e

vt = 2km/s ...... 241

C.11 Pontos extra´ıdosdo modelo de Kurucz, de onde obtemos u1 = 0.7117 e

u2 = 0.0921...... 241 Lista de Tabelas

3.1 Tabela 1.1 ...... 86

B.1 Tabela 3.1 ...... 201 B.2 Tabela 3.2 ...... 215

C.1 Tabela 4.1 ...... 234 C.2 Tabela 4.2 ...... 239 C.3 Tabela 4.3 ...... 242

Sum´ario

1. Introdu¸c˜ao ...... 31

2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial ...... 35 2.1 Introdu¸c˜ao...... 35 2.2 O Ajsute Kepleriano ...... 36 2.3 O Ajuste dinˆamico ...... 41 2.4 O M´etodo de M´ınimosQuadrados e Algoritmos ...... 42 2.4.1 Algoritmos ...... 44 2.5 DCDFT ...... 49 2.6 Aplica¸c˜oes...... 55 2.6.1 HD50554 ...... 55 2.6.2 HD12661 ...... 59 2.7 Conclus˜ao ...... 62

3. O sistema HD202206 ...... 65 3.1 Introdu¸c˜ao...... 65 3.2 Ajuste Kepleriano ...... 66 3.3 Os intervalos de confian¸ca:Biased Monte Carlo ...... 70 3.4 Jacknife ...... 74 3.4.1 Jacknife de Beaug´e et al. (2007) ...... 74 3.4.2 Jacknife de Ferraz-Mello ...... 76 3.5 Resampling ...... 78 3.6 Ajuste Dinˆamico ...... 80 3.7 Estabilidade das solu¸c˜oes ...... 81 3.8 Inclina¸c˜oes...... 85 3.8.1 Plano tangente ao c´eu ...... 85 3.9 Conclus˜oes...... 86

4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais ...... 89 4.1 Introdu¸c˜ao...... 89 4.2 Sistema: Estrela + Um Planeta ...... 90 4.3 Sistema: Estrela + dois planetas ...... 95 4.3.1 As minimiza¸c˜oespropriamente ditas ...... 100 4.4 Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas ...... 110 4.5 Influˆenciada Atividade Estelar nas Velocidade Radiais ...... 121 4.6 Conclus˜ao ...... 126

5. O Sistema CoRoT 7 ...... 129 5.1 Introdu¸c˜ao...... 129 5.2 An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875 . . . . . 131 5.3 An´alisedas Velocidades Radiais: Todas as observa¸c˜oes...... 138 5.4 An´alisedos dados filtrados, usando todas as observa¸c˜oes...... 144 5.5 An´alisedos dados filtrados no intervalo 845 < t < 875 ...... 151 5.6 Filtro Autoconsistente ...... 153 5.6.1 Filtro Autoconsistente: terceiro harmˆonico ...... 154 5.7 Procedimento Autoconsistente: Quarto Harmˆonico ...... 160 5.8 Sexto harmˆonico ...... 166 5.9 As linhas bisectoras ...... 167 5.10 Conclus˜ao ...... 169

6. Conclus˜ao ...... 171

7. Bibliografia ...... 173 Apˆendice 179

A. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficospublicados ...... 181

B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas ...... 189 B.1 Introdu¸c˜ao...... 189 B.2 Defini¸c˜ao...... 189 B.3 Distribui¸c˜aode P ...... 192 B.4 Periodogramas emp´ıricos ...... 201

C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos .... 217 C.1 Introdu¸c˜ao...... 217 C.2 Modelagem da Curva de luz: Primeira aproxima¸c˜ao ...... 218 C.3 F´ormula Geral ...... 222 C.4 Aplica¸c˜ao ...... 233 C.4.1 Sistema OGLE-TR113 ...... 234 C.4.2 Determina¸c˜aodos coeficientes de escurecimento de borda (CED’s) . 240 C.5 Conclus˜ao ...... 242

Cap´ıtulo 1

Introdu¸c˜ao

“Existem in´umeros s´ois,in´umeras terras que orbitam estes s´ois...criaturas vivas habitam estes mundos.”

(Giordano Bruno, De l’infinito universo e mondi, 1584)

A hip´oteseda existˆenciade outros “mundos” em outras estrelas possui uma hist´oria fascinante que remonta h´av´arioss´eculos. Fil´osofosgregos, como Dem´ocrito,Epicuro e Leucipo, em 400 a.C., conjecturavam sobre planetas como a Terra circundando outras estrelas e habitados por outras formas de vida. Mesmo na Gr´ecia,essas ideias foram muito combatidas por Plat˜aoe por Arist´oteles, cujas teorias, durante a Idade M´edia,foram adotadas pela cultura ocidental. Esta contenda custou a vida de Giordano Bruno e causou muitos problemas a Galileu Galilei, que consideramos como quem deu o primeiro passo para a comprova¸c˜aodas teorias dos antigos fil´osofosgregos, com a inven¸c˜aodo telesc´opio, em 1609. A detec¸c˜aode companheiros em estrelas foi iniciada em 1844 por Bessel, que descobriu Sirius B por interm´ediodas irregularidades que esta causa no movimento de Sirius A. Ainda assim, para a descoberta de planetas extrassolares, um longo caminho deveria ser percorrido: Sirius B possui uma massa aproximada a do Sol, de tal forma que a perturba¸c˜ao em sua companheira estelar pˆodeser medida, ao contr´arioda causada por um planeta, que ´ede pequena magnitude e necessitaria de instrumentos extremamente precisos para sua inferˆencia. Para se detectar um planeta fora de nosso sistema solar, o efeito seletivo seria bem grande, devendo ser uma estrela especial, pr´oximaa n´os,para que seu movimento pr´oprio pudesse ser medido com precis˜aoe tamb´empequena, para que fosse afetada de forma 32 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao significativa pelo hipot´eticoplaneta. Justamente com este objetivo, o astrˆonomoholandˆes Peter van de Kamp estudou estrelas pr´oximasao sistema solar, percebendo pequenas anomalias nos movimentos pr´opriosde 61 do Cisne, de 21185 Lalande e da estrela de Barnard. Esta ´ultima, por sua proximidade, possui movimento conhecido com precis˜ao e van de Kamp concluiu haver um planeta como J´upiter orbitando-a. Entretanto, as medi¸c˜oesfeitas estavam pr´oximas ao limiar dos aparelhos dispon´ıveis da ´epoca e ainda hoje este caso carece de confirma¸c˜ao. Aproximadamente 50 anos depois, em in´ıcioda d´ecada de 1990, os primeiros planetas foram descobertos, empregando uma metodologia diferente, a partir da an´alisedo espectro estelar. Descobriu-se que algumas estrelas est˜aosujeitas ao efeito Doppler vari´avel e a explica¸c˜aodada a este fenˆomeno´eo movimento da estrela causado possivelmente por um corpo que a orbita, o que faz com que a estrela se desloque ao redor do centro de massa do sistema, ocasionando os desvios no espectro. A velocidade deste deslocamento possui uma componente medida a partir do efeito Doppler, que ´ea proje¸c˜aoda velocidade total na linha de visada do observador, ou seja, a dire¸c˜aoradial da esfera celeste, da´ıadv´ema origem do nome, m´etodo das velocidades radiais. Assim, com esta velocidade medida, ´e poss´ıvel deduzir os elementos orbitais do poss´ıvel companheiro estelar. Em 1989, ocorreram os dois primeiros casos de destaque: HD114762 e γ Cephei. O primeiro trata-se de um planeta super maci¸co,de aproximadamente 11.02MJ e per´ıodo

≈ 84 dias. J´ao segundo ´euma bin´aria,cuja estrela central possui massa de 1.14M e seu companheiro 0.5M com per´ıodo ≈ 2.5 anos. Somente anos depois estes casos foram confirmados e, portanto, n˜aos˜aoconsiderados como primeiras descobertas. Esta primazia ´edividida entre Aleksander Wolszczan e Michel Mayor & Didier Queloz. Wolszczan, em 1993, detectou dois planetas ao redor do pulsar PSR 1257+12, enquanto que Mayor & Queloz, em outubro de 1995, anunciaram o planeta 51Pegasi-b, o primeiro em uma estrela da sequˆenciaprincipal, com per´ıodo de 349.3 dias e massa m´ınima de 0.472MJ . J´ao primeiro sistema m´ultiplo, com 3 planetas, surgiu somente em 1999, νAndrˆomeda,e os corpos, na ocasi˜aoda descoberta, possu´ıam per´ıodos de 4.6, 241.23 e 1290.1 dias, um sistema portanto hier´arquico,em que a perturba¸c˜aoentre os corpos ´epequena. A partir destas descobertas iniciais, o n´umerode exoplanetas encontrados cresceu rapi- Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao 33 damente e os principais cat´alogos 1 dispon´ıveis contabilizaram, em dezembro de 2010, 506 planetas descobertos pelas seguintes t´ecnicas:

• Velocidade Radial: ´eo principal meio de detec¸c˜ao.Mais de 80% dos corpos descober- tos o foram por interm´ediodesta t´ecnica. E´ utilizada tamb´emcomo confirma¸c˜ao para as demais metodologias e baseia-se na medi¸c˜aoda componente radial da velocidade de movimento da estrela ao redor do centro de massa do sistema planeta+estrela.

• Trˆansito:Tem crescido bastante devido aos programas CoRoT e OGLE que medem varia¸c˜oesna luz observada da estrela causadas por eclipses de corpos orbitando-a.

• Microlentes: Tamb´emh´auma cons´orcio dedicado ao assunto, OGLE, e trata-se da detec¸c˜aoatrav´esde lentes gravitacionais.

• Astrometria: Como descrevemos, foi o m´etodo utilizado por Bessel e Van de Kamp. Vale-se das varia¸c˜oesno movimento pr´oprio da estrela.

• Timming: Usado para detec¸c˜aoem pulsares. Aproveita-se do fato de os pulsares emitirem, com extrema precis˜ao,sinais em intervalos regulares, tamb´emconhecidos como pulsos. A detec¸c˜ao´eposs´ıvel pelas varia¸c˜oesno tempo de chegada destes pulsos.

• Imagem direta: Consiste na detec˜aoda imagem de um planeta atrav´esda reflex˜ao da luz estelar. Todavia, ´ede dif´ıcilaplica¸c˜ao,pois exige uma tecnologia que consiga medir a luz refletida.

Cada um destes m´etodos apresenta suas vantagens e desvantagens, mas a tendˆencia futura ´eque o n´umerode exoplanetas continue aumentando n˜aos´opela existˆenciade miss˜oesespec´ıficasdedicadas ao assunto, como OGLE, CoRoT, Kepler, etc., mas, tamb´em, pela melhoria das t´ecnicaselencadas; hoje, por exemplo, o telesc´opio HARPS ´ecapaz de medir varia¸c˜oesde velocidade radial de at´e1 m/s. Por interm´ediodas metodologias mencionadas infere-se uma grande diversidade para os parˆametrosplanet´ariosfugindo dos padr˜oesde nosso sistema solar: h´asistemas muito

1 Website do Observatoire de Paris-Meudon-Nancay: http://exoplanet.eu/ e Website do Calif´orniaand Carnegie Planet Search: http://exoplanets.org/ 34 Cap´ıtulo1. Introdu¸c˜ao ex´oticos,alguns extremamente excˆentricos, como HD20782b e HD80606b, com e ≥ 0.9, e outros com semieixos muito pequenos; o menor tabelado at´eo momento ´eCoRoT-3b, uma an˜amarrom, com massa igual a 21.66MJ e a = 0.057UA. Como tais sistemas desafiam as teorias dinˆamicasexistentes, dedicamos este trabalho ao estudo da determina¸c˜aode seus elementos orbitais, na tentativa de se entender melhor como estes foram obtidos e contestar/aceitar os valores tabelados, concentrando-nos especialmente nas metodologias de velocidade radial (VR) e trˆansito,as quais julgamos as principais atualmente. No cap´ıtulo2 descrevemos em linhas gerais a t´ecnicade VR, evidenciando suas limita¸c˜oes e desenvolvendo as ferramentas necess´ariasque ser˜aoutlizadas ao longo deste trabalho. No cap´ıtulo3, apresentamos uma aplica¸c˜aoa um sistema espec´ıfico,o HD202206, bastante interessante, pois h´aum corpo maci¸co,de ≈ 17MJ e um outro externo de ≈ 2.4MJ , am- bos se encontrando nas proximidades da ressonˆancia5:1. O cap´ıtulo4 traz a aplica¸c˜ao em VR fict´ıciasem que geramos as observa¸c˜oescom condi¸c˜oesconhecidas e, a seguir, atrav´es destas medidas pr´e-fabricadasdeterminamos os elementos orbitais, comparando-os com as condi¸coes iniciais propostas. Dedicamos o cap´ıtulo5 ao caso de CoRoT-7, um sistema bastante peculiar devido a natureza de sua estrela, muito ativa e que dificulta a dedu¸c˜ao dos elementos dos planetas que a orbitam, principalmente por estes possu´ırempequenas massas. Quanto aos apˆendices,em A destacamos a forma de obten¸c˜aodas medidas de velocidades radiais que utilizamos em sistemas cujas observa¸c˜oesn˜aoest˜aoem disponi- bilidade p´ublica. No apˆendiceB tra¸camosalgumas considera¸c˜oessobre a estat´ısticados periodogramas, tema utilizado para distinguirmos sinais ruidosos daqueles que s˜aogenuina- mente peri´odicos. E, por fim, no apˆendiceC, destacamos a modelagem da detec¸c˜aopor meio das curvas de luz e, como exemplo de caso, apresentamos o sistema OGLE-TR113. Cap´ıtulo 2

Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

2.1 Introdu¸c˜ao

Este primeiro cap´ıtulodestina-se `ainvestiga¸c˜aoe ao desenvolvimento das principais ferramentas relacionadas ao assunto e que ser˜aoutilizadas ao longo deste trabalho. Primeiramente, deduziremos a f´ormula anal´ıticapara as velocidades radiais (VR) em fun¸c˜aodos parˆametrosorbitais do planeta. E´ pelo ajuste desta f´ormula que se deter- minam os elementos orbitais, encontrando, por meio de m´ınimosquadrados, os melhores parˆametrosplanet´ariospara o qual a curva anal´ıticadescreve os valores medidos. A esta primeira aproxima¸c˜aochamamos de ajuste Kepleriano, pois despreza a intera¸c˜aom´utua entre poss´ıveis companheiros adicionais que porventura existam no sistema. Mostraremos que uma outra maneira de se fazer o ajuste ´ea partir da integra¸c˜aodireta das equa¸c˜oes de movimento, que chamamos de ajuste dinˆamico. Trata-se de uma aproxima¸c˜aomais precisa, por´emseu ˆonus computacional ´eelevado. Neste ´ultimo,de sua aplia¸c˜aono caso planar, veremos que os valores em si dos parˆametros n˜aodiferem de forma muito significa- tiva daqueles deduzidos pelo ajuste Kepleriano, uma vez que as medidas de VR dispon´ıveis ainda est˜aoem um pequeno intervalo de tempo, tal que podemos desprezar as intera¸c˜oes m´utuas.O utilizaremos de forma mais efetiva no cap´ıtulo2 em uma tentativa de calcular- mos as inclina¸c˜oespara o sistema HD202206. Visto que as medidas de VR est˜ao`amercˆede fatores externos, como distribui¸c˜aoirre- gular etc., uma das grandes dificuldades enfrentadas ´ea determina¸c˜aodo per´ıodo da curva VR vs t. Utilizamos, ent˜ao,a DCDFT (date compensated discrete Fourier Transform), 36 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial desenvolvida em Ferraz-Mello (1981), que ´euma ferramenta para calcular a transformada de Fourier em dados de espa¸camento irregular. A respeito do m´etodo de m´ınimosquadrados, haja vista a impossibilidade de se obter f´ormulas anal´ıticaspara os elementos orbitais, passamos `asua resolu¸c˜aonum´erica,assim apresentamos uma breve descri¸c˜aodos algoritmos mais utilizados na literatura dedicados a este fim e os aplicamos a alguns sistemas conhecidos apenas para calibra¸c˜aoe compara¸c˜ao dos resultados com aqueles tabelados. Este cap´ıtuloest´adividido da segunte maneira: Na se¸c˜ao2.2 apresentamos a dedu¸c˜ao da f´ormula de VR, em fun¸c˜aodos elementos orbitais do planeta. Na se¸c˜ao2.3 comentamos sobre o ajuste dinˆamico, enquanto que em 2.4 descrevemos os m´etodos que utilizamos para tratar dos m´ınimosquadrados, descrevendo em linhas gerais os principais algoritmos utilizados. A se¸c˜ao2.5 traz o formalismo para estimarmos os per´ıodo da curva V R vs. t. E, por fim, na se¸c˜ao(2.6) apresentamos a aplica¸c˜aode toda a metodologia descrita nas se¸c˜oesanteriores.

2.2 O Ajsute Kepleriano

Deduziremos nesta se¸c˜aoa velocidade da estrela devida `apresen¸cade algum corpo orbitando-a, mais especificamente, encontraremos a express˜aoanal´ıtica em termos dos elementos orbitais do planeta, para a componente radial da velocidade da estrela em rela¸c˜ao ao centro de massa. Em um sistema de coordenadas com origem na estrela, ilustrado na figura (2.1), o plano (X, Y) ´eo plano orbital, e o eixo Z ´enormal a este plano. O eixo X localiza-se na dire¸c˜aodo pericentro e o vetor posi¸c˜aodo planeta ´edado por (em que f ´ea

→ anomalia verdadeira e r = r ):

→ → → r = r cos f i +r sin f j (2.1) Se¸c˜ao2.2. O Ajsute Kepleriano 37

Figura 2.1: Esquematiza¸c˜aodo sistema de coordenadas (X, Y, Z) em que vale a equa¸c˜ao (2.1), o eixo Z ´eperpendicular ao plano (X, Y).

Derivando a equa¸c˜ao(2.1) em rela¸c˜aoa t e lembrando que:

a(1 − e2) r = 1 + e cos f df 2πa2 √ = 1 − e2 dt P r2 encontramos:

→ 2πa h → →i v = − √ sin f i −(e + cos f) j (2.2) P 1 − e2 em que a ´eo semieixo maior, P o per´ıodo e e a excentricidade. A equa¸c˜ao (2.2) ´eo vetor velocidade do planeta em rela¸c˜ao`aestrela, j´aa velocidade da estrela em rela¸c˜aoao centro de massa pode ser deduzida facilmente e resulta na express˜ao:

→ m 2πa h → →i v = √ sin f i −(e + cos f) j (2.3) ME + m P 1 − e2

Onde m ´ea massa do planeta e ME a da estrela. Por fim, o ´ultimopasso ´eescrever a equa¸c˜ao(2.3) no sistema de referˆenciaadequado, ou seja, no sistema (Xf ,Yf ,Zf ) ilustrado na figura (2.2), em que o eixo Zf ´ea linha de visada do observador, e ´ea velocidade projetada neste eixo que representa a componente mensur´avel, chamada de velocidade radial. 38 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

Figura 2.2: Geometria dos sistemas de coordenadas que representa a passagem do sistema

(XC.M.,YC.M.,ZC.M.), com origem no centro de massa e plano (XC.M.,YC.M.) coincidente com

o plano orbital; para (Xf ,Yf ,Zf ), cujo eixo Zf representa a linha de visada do observador.

Lembrando de que estamos no sistema (XC.M.,YC.M.,ZC.M.), para o qual a velocidade da estrela ´e(2.3), que em termos das componentes fica:

. XC.M.= K sin f

. Y C.M.= −K(e + cos f) (2.4)

. ZC.M.= 0

Onde:

m 2πa K = √ (2.5) ME + m P 1 − e2

A passagem de (XC.M.,YC.M.,ZC.M.) para (Xf ,Yf ,Zf ) possui um sistema intermedi´ario, que est´ailustrado em (2.2) por (Xo,Yo,Zo), diferindo daquele solid´arioao centro de massa apenas por uma transla¸c˜ao. Sendo Vox e Voy as componentes da velocidade do centro de massa em rela¸c˜ao`a(Xo,Yo,Zo), as equa¸c˜oes(2.4) nestes sistema podem ser escritas como: Se¸c˜ao2.2. O Ajsute Kepleriano 39

. Xo= Vox + K sin f

. Y o= Voy − K(e + cos f) (2.6)

. Zo= 0

Por fim, agora bastam duas rota¸c˜oes,uma no sentido hor´ario,feita em torno do eixo

Zo, que far´acoincidir os eixos Xo e Xf e outra, de um ˆangulo i ao redor de Xf . A matriz destas rota¸c˜oes´e:

  cos ω − sin ω 0      sin ω cos i cos ω cos i sin i   − sin ω sin i − cos ω sin i cos i

Aplicando a matriz especificada, encontramos para a componente Z da velocidade no sistema (Xf ,Yf ,Zf ) a seguinte equa¸c˜ao:

Vz = Vo − K sin f sin ω sin i + K(e + cos f) cos ω sin i (2.7)

Onde, por abrevia¸c˜ao,colocamos Vo como sendo a velocidade radial do centro de massa advinda dos termos Vox e Yoy. Rearrajando a equa¸c˜ao(2.8), encontramos:

Vz = Vo + K [cos(f + ω) + e cos ω] (2.8)

A amplitude K ´edada por:

m sin i 2πa K = √ (2.9) ME + m P 1 − e2

Notemos que em muitas ocasi˜oespodemos fazer o termo ME + m ≈ ME e a equa¸c˜ao(2.9) fica: 40 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

m sin i 2πa Vz = Vo + √ [cos(f + ω) + e cos ω] (2.10) ME P 1 − e2

Portanto, a equa¸c˜ao(2.11), dependente dos elementos orbitais planet´arios, representa a componente radial da velocidade da estrela que ´emensur´avel. Por m´ınimosquadrados, descrito na se¸c˜ao(2.4), encontramos os melhores elementos orbitais que ajustam a equa¸c˜ao(2.11) `asmedidas e chamamos esta tarefa de ajuste Ke- pleriano. A velocidade Vz ´efun¸c˜aode m, ME, a, P , e, ω, i, f e Vo e, por rela¸c˜oes bem conhecidas, podemos eliminar algumas das dependˆencias destes parˆametros.A primeira ´e que consideramos a massa da estrela conhecida, pois pode ser determinada por modelos astrof´ısicos.Por outro lado, pela terceira lei de Kepler, somos capazes de escrever o per´ıodo P em fun¸c˜aode a e vice-versa e, assim, eliminarmos tamb´emde (2.11) a dependˆenciade uma destas vari´aveis. Em contrapartida, o ˆangulo f ´efun¸c˜aode e, P , t e de `, este ´ultimo´ea anomalia m´edia,

2π dada por `(ti) = P (ti −τ), em que τ ´eo tempo de passagem pelo perih´elio.A dependˆencia de f em rela¸c˜aoa estes termos pode ser escrita por meio da equa¸c˜aode Kepler ou, ainda, das expans˜oesel´ıpticasde Brouwer & Clemence (1961). Uma das limita¸c˜oesda t´ecnicade velocidade radial ´ea indetermina¸c˜aoda inclina¸c˜ao i do plano orbital. Isto ocorre porque se mede apenas uma componente da velocidade, aquela projetada na linha de visada, a Zf da figura (2.2), portanto, falta a informa¸c˜aoa respeito das demais. Assim, n˜aoh´amaneria de deduzirmos a orienta¸c˜aode um vetor no espa¸co se possuirmos apenas uma componente do mesmo, ou seja, n˜aoh´arela¸c˜oesadicionais que nos possibilitem escrever i em termos dos demais parˆametrosorbitais. Em virtude deste empencilho, determinamos o fator (mseni) e n˜aocada um dos elementos massa e inclina¸c˜ao de forma independente; assim quando nos referirmos `amassa fica subentendido que esta ´ecalculada sob a condi¸c˜ao i = 90o e expomos, portanto, a massa m´ınimaque o planeta pode ter, j´aque, como veremos futuramente na se¸c˜ao(3.7), para i 6= 90o esta pode assumir valores superiores.

Portanto, a equa¸c˜ao Vz, em (2.11), ´efun¸c˜aode mseni, P , e, ω, τ e Vo, ou seja, existem seis vari´aveis a se encontrar. Em muitas ocasi˜oes,como ` pode ser escrito tamb´emcomo Se¸c˜ao2.3. O Ajuste dinˆamico 41

2π ` − `o = P ti, informamos o valor de `o, que ´ea anomalia m´edia`a´epoca da primeira observa¸c˜ao,ao inv´esde τ, mas ambos s˜aoequivalentes. Em sistemas m´ultiplosconsideramos:

n X (m sin i)j 2πaj Vz = Vo + q [cos(fj + ωj) + ej cos ωj] (2.11) ME 2 j=1 Pj 1 − ej o ´ındice j = 1...n representa o n´umerode planetas existentes e teremos 5n + 1 vari´aveis a encontrar. A utiliza¸c˜aoda equa¸c˜ao(2.12) despreza a intera¸c˜aoentre os corpos do sistema, mas uma modelagem mais adequada, que chamamos de ajuste dinˆamico,contempla este fato e ser´aexposta na se¸c˜ao(2.3). Todavia, na se¸c˜ao(2.6) e, tamb´em,no cap´ıtulo3, veremos que em geral, a equa¸c˜ao(2.12) nos conduz a resultados t˜aosatisfat´oriosquanto aqueles dados atrav´esda modelagem dinˆamica.

2.3 O Ajuste dinˆamico

Para o ajuste dinˆamicoutilizamos o integrador Radau15 (Everhart, 1984) e integramos diretamente as equa¸c˜oesde movimento dos planetas ao redor da estrela central, dadas por:

  → → → → →¨ 2 ri n ri − rp rp ri = −k (ME + mi) − Σ  +  (2.12) 3 p=1p6=i  → → 3 → 3  |ri| ri − rp rp

Onde: ri ≡ (xi, yi, zi), ME a massa da estrela e i ´eo ´ındiceque codifica os corpos orbitando a estrela. O sistema de referˆenciaadotado ´etal que o plano (x, y) coincide com o plano tangente ao c´eue o eixo Z ´ea dire¸c˜aoda linha de visada (Ferraz-Mello et al. (2005)). As coordenadas da estrela, em rela¸c˜aoao centro de massa, s˜ao:

n → → −Σi=1mi r i r ECM = n (2.13) ME + Σi=1mi

→ → n −Σi=1mi V i V ECM = n (2.14) ME + Σi=1mi

O ajuste continuar´asendo feito via m´etodo de m´ınimosquadrados, com exce¸c˜aode que 42 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial agora os valores calculados para a velocidade radial ser˜aodados pela componente Z da equa¸c˜ao(2.14).

2.4 O M´etodo de M´ınimosQuadrados e Algoritmos

O m´etodo de m´ınimos quadrados (MMQ) visa encontrar o menor valor poss´ıvel para a equa¸c˜ao:

N 2 X (Oi − VRi) Q = (2.15) σ2 i=1 i

2 Onde Oi e σi s˜aoas observa¸c˜oese suas respectivas variˆancias, VRi s˜aoos valores da velocidade radial, calculados a partir dos elementos orbitais, de acordo com a equa¸c˜ao (2.11) ou (2.14). Ou seja, devemos encontrar os melhores parˆametrosplanet´ariosque

2 ajustem o valor VR calculado com `asobserva¸c˜oes. A vari´avel Q possui distribui¸c˜ao χν, com ν = N − M, e, portanto, seu valor esperado e sua variˆancias˜ao:

E(Q) = N − M

2 σQ = 2(N − M) (2.16)

Onde N-M tamb´em´echamado de n´umerode graus de liberdade (ν), sendo N o n´umero de medidas e M o de parˆametrosajustados. Ent˜ao,um ajuste ideal fornece para Q valores no intervalo: (N − M) ± p2(N − M).

Alguns trabalhos, eventualmente, trazem para a qualidade do ajuste o fator Qν, im- 2 propriamente chamado χν, e que trata-se de Q, dado de acordo com a equa¸c˜ao(2.15), normalizado pelo n´umerode graus de liberdade N-M. A variˆanciae valor esperado deste novo parˆametro, Qν, podem ser calculados pelas seguintes equa¸c˜oes:

E(Qν) = 1 2 σ2 = (2.17) Qν (N − M) Se¸c˜ao 2.4. O M´etodo de M´ınimosQuadrados e Algoritmos 43

Veremos que na pr´aticaas equa¸c˜oes(2.16) dificilmente se verificam. Isto ocorre pois o ru´ıdonominal dado `asmedidas e infromado a n´ospor σi, muitas vezes n˜ao´eo real. Em geral, cada observa¸c˜aopossui um valor para σi, que muitas vezes pode estar mal estimado, devido a diversos fatores, sendo o principal deles o efeito da atividade estelar, chamado na literatura de “jitter” . Por esta raz˜ao,al´emde Q, h´atamb´emo parˆametro wrms, que pode ser calculado a partir de (2.15). Coloquemos a equa¸c˜aocitada sob a forma:

N 1 X Q = w (O − VR )2 (2.18) ν N − M i i i i=1

1 O fator wi, calculado por wi = 2 , ´echamado de “peso”. Ou seja, uma observa¸c˜aocom σi 2 valor de σi pequeno, ter´aum peso maior na an´alise,contribuindo mais para o c´alculode

Q. Em outras palavras, como geralmente cada observa¸c˜aopossui um valor de σi diferente, consideramos medidas com σ2 pequenos mais importantes na an´alisedo que outras com valores elevados. A atribui¸c˜aode “pesos” `asmedidas pode ser feita de forma normalizada. Seja W o peso m´ediode todas as observa¸c˜oes:

N 1 X 1 W = (2.19) N σ2 i=1 i

Podemos ent˜aoescrever cada wi em fun¸c˜aode W , na forma:

1/σ2 1/σ2 w = i = i (2.20) i 1 PN 1 W i=1 2 N σi

Assim, encontramos a equa¸c˜ao(2.21):

N 2 S X (Oi − VRi) (wrms)2 = N − M σ2 i=1 i N 1 X 1 S−1 = W = (2.21) N σ2 i=1 i

A equa¸c˜ao(2.21), a menos do fator de normaliza¸c˜ao,´ea mesma contida em Beaug´e et al. 44 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

(2008), aqui optamos por nomalizar pelo termo N-M para uma corre¸c˜aode vi´es.Notemos que wrms dado pela equa¸c˜ao(2.21) possui dimens˜aode m/s e representa uma estimativa m´ediapara os ru´ıdoscontidos nos dados. Se todas as observa¸c˜oespossuirem o mesmo

2 2 2 2 peso, ou seja, σi = σR para i = 1, .., N, o valor esperado de (wrms) ´eo pr´oprio σR dos dados e a variˆanciado mesmo pode ser calculada a partir de (2.21) e resultar´aem:

q 2 2 σ[(wrms)2] = N−M E [(wrms) ].

2.4.1 Algoritmos

Vista a impossibilidade de se obter express˜oesanal´ıticasdos elementos orbitais a partir da equa¸c˜ao(2.16), o processo deve ser feito numericamente. Existem diversos m´etodos num´ericosdestinados a este fim, mas utilizaremos o simplex e o algoritmo gen´etico(usando o c´odigoconhecido como pikaia).

2.4.1-1 Algoritmo Simplex

O algoritmo simplex foi proposto por Nelder & Mead (1965) e minimiza uma fun¸c˜aode N vari´aveis. Aplicaremos a vers˜aodescrita em Press et al. (1992). O m´etodo ´ebastante popular e de f´acilimplementa¸c˜ao,pois baseia-se apenas em conceitos geom´etricos. Dada uma fun¸c˜aode N vari´aveis, o algoritmo define uma figura geom´etrica,chamada de simplex de N+1 v´ertices. Estes v´erticess˜ao“chutes” iniciais dados nos quais a fun¸c˜ao´e calculada e posteriormente eles s˜aoordenados de acordo com o valor da fun¸c˜aoem cada um. Aquele cujo valor da fun¸c˜ao´eo menor entre todos ´eo qualificado como o melhor v´ertice, posto que se adimite ser uma aproxima¸c˜ao mais adequada para o m´ınimoque os demais. A partir de ent˜ao,o simplex deforma-se seguindo regras preestabelecidas, expandindo-se, contraindo-se, etc. em v´ariasdire¸c˜oesno espa¸code parˆametros `aprocura dos valores que minimizam Q da equa¸c˜ao(2.15). Para exemplificarmos melhor estas regras e entendermos o funcionamento geral do programa, seja uma fun¸c˜aode trˆesvari´aveis f(x, y, z) e procuremos os valores de x, y, z para os quais a fun¸c˜ao f seja m´ınima. O simplex ser´a,ent˜ao,um tetraedro, ilustrado na

figura 1, definido a partir de quatro v´ertices: V1, V2, V3 e V4. As diretrizes que o programa assume em sequˆencias˜ao:

1. E´ feito o c´alculode f(x, y, z) em cada um dos v´ertices e ´efeita uma ordena¸c˜aodestes Se¸c˜ao 2.4. O M´etodo de M´ınimosQuadrados e Algoritmos 45

pontos em rela¸c˜ao ao valor da fun¸c˜aoneles. Seja por exemplo: f(V2) < f(V1) <

f(V4) < f(V3). Portanto, a melhor aproxima¸c˜aoque possu´ımospara o m´ınimo,que

chamaremos de M, ´e V2; em contrapartida, a pior, P, nesta situa¸c˜ao´e V3. Devemos ent˜aosubstituir P por algum outro valor mais adequado.

2. O primeiro procedimento para a substitui¸c˜aode P ´etestar o v´erticerefletido. A figura 1 ilustra o simplex original e (1a) a reflex˜aode P. Ou seja, a procura pelo m´ınimo desejado ´efeita na dire¸c˜aooposta `ado pior v´ertice. Sendo P 0 o v´ertice refletido e se o valor da fun¸c˜aonele for adequado temos que f(P 0) < f(P ), se isto ocorrer passa-se ao item 3, onde ´etestado o qu˜aomelhor ´e P 0 em rela¸c˜aoaos demais v´ertices.

3. P 0 pode produzir um resultado melhor at´emesmo que M. Se isto ocorrer, significa que o item 2 foi bem sucedido, ou seja o simplex se deformou na dire¸c˜aoadequada. Aqui, uma expans˜aopor um fator 2 ´efeita deste excelente v´ertice,ilustrada na figura (1b). Em resumo, a reflex˜aofoi feita na dire¸c˜aodesejada, entretanto esta expans˜ao ´efeita para verificarmos se existe al´emdo v´erticerefletido uma aproxima¸c˜aomelhor para os almejados valores para a minimiza¸c˜ao.

4. Se o resultado P 0 ´emelhor somente que P, ent˜aonossa melhor solu¸c˜aoainda ´eM. E os valores desejados se encontram nas proximidades de M, portanto procura-se por um ponto intermedi´ario,diminuindo a “altura” do tetraedro, como est´ailustrado em (1c), e ainda a melhor aproxima¸c˜ao para o m´ınimoque possuimos ´eM, que j´afoi encontrada no item 1.

5. Caso nenhuma das passagens descirtas anteriormente sejam eficazes, o melhor valor que possuimos continua sendo M, ´efeita uma m´ultiplacontra¸c˜ao,figura (1d), re- duzindo o volume do tetraedro e, consequentemente, diminuindo o intervalo de procura para o m´ınimo.

Lembrando que em cada uma destas etapas ´efeita a reordena¸c˜aodos v´ertices, os qualificando novamente qual deles ´ea melhor e a pior aproxima¸c˜aopara o m´ınimo. As passagens 1-5 s˜aorepetidas at´eque o crit´eriode parada seja alcan¸cado;isto pode suceder quando a distˆanciaentre os v´ertices´emenor que um determinado fator, por exemplo 10−12, ou por um n´umero preestabelecido de repeti¸c˜oesdos itens descritos. 46 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

Como precau¸c˜aopara fugirmos de m´ınimos locais, utilizaremos o ardil de reinicial- iza¸c˜oessucessivas, que ser´adescrito na se¸c˜ao(2.6), mas basicamente consiste em aplicarmos os procedimentos descritos repetidas vezes para diferentes conjuntos de v´erticesescolhidos de forma aleat´oria.

Figura 2.3: Esquematiza¸c˜aodo funcionamento do algoritmo simplex. Figura extra´ıdade Press et al. (1992).

2.4.1-2 Algoritmo Gen´etico

Implementamos o programa Pikaia 1.2 (Charbonneau (1995), (2002)) que procura por m´aximos/m´ınimos de fun¸c˜oesbaseando-se nas premissas de evolu¸c˜aoe adaptabilidade formuladas por Charles Darwin, em 1859. Se¸c˜ao 2.4. O M´etodo de M´ınimosQuadrados e Algoritmos 47

Para exemplificarmos, seja uma fun¸c˜aode duas vari´aveis, F (x, y). Empregamos este simples caso para explicarmos qualitativamente os procedimentos tomados, mas, na ver- dade, quando o aplicarmos em nosso problema, utilizaremos uma fun¸c˜aode 5n+1 vari´aveis. Com o conhecimento de F (x, y), o programa gera uma quantidade de pontos, aleat´orios, cada um chamado de indiv´ıduoe o conjunto deles de popula¸c˜ao.A fun¸c˜aoF ´ecalculada para cada indiv´ıduo,definindo assim sua adaptabilidade em que os melhores s˜aoos que possuem o valor de F mais conveniente (m´ınimosou m´aximos). Cada individuo ´ecaracterizado por genes - mostraremos a seguir como ser˜aoinferidos - a partir deles, dois indiv´ıduosescolhidos aleatoriamente trocam “material gen´etico” re- produzindo outros dois indiv´ıduos. Desta maneira, uma nova popula¸c˜ao´ecriada, e seus elementos, ou melhor indiv´ıduos,s˜aonovamente organizados de acordo com sua adapta- bilidade. Espera-se, assim, que ap´osgera¸c˜oessucessivas existam somente aqueles mais adaptados, ou seja, com o valor de F (x, y) mais conveniente. Os processos de reprodu¸c˜aopreestabelecidos s˜ao:

1. Crossover: quando dois indiv´ıduostrocam material gen´etico;

2. Muta¸c˜ao:uma mudan¸cainduzida na sequˆenciado “gene”.

A compreens˜aose torna mais f´acilse assumirmos valores num´ericos,seja dois indiv´ıduos escolhidos aleatoriamente:

• (x, y)1 = (0.34567890; 0.23456789)

• (x, y)2 = (0.87654321; 0.65432198)

Define-se os genes para cada um destes:

• gene1 = 3456789023456789

• gene2 = 8765432165432198

Esses dois genes definir˜aodois novos indiv´ıduoscomo segue:

• Crossover: o algoritmo gera dois n´umerosaleat´oriosN[1-16] para indicar em que sequˆenciado gene o material gen´eticoser´atrocado, seja, por exemplo, N=7 e 3. 48 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

gene1 = 345678[902]3456789

Para o segundo, por exemplo N = 12

gene2 = 87654321654[321]98

Ap´osa troca teremos:

0 gene1 = 345678[321]3456789 0 gene2 = 87654321654[902]98

• Muta¸c˜ao:o algoritmo gera dois n´umerosaleat´orios: k[1 − 16] e h[0 − 9]

Por exemplo: k = 9 e h = 5

0 gene1 = 345678321[3]456789 0 gene1 = 345678321[5]456789

Seja para o segundo, k = 14 e h = 6

0 gene2 = 87654321654902[9]8 0 gene2 = 87654321654902[6]8

Por fim, ´efeita a decodifica¸c˜ao,reconstituindo novamente os dois indiv´ıduos:

0 0 gene1 = 3456783215456789 → (x, y)1 = (0.34567832; 0.15456789)

0 0 gene2 = 8765432165490268 → (x, y)2 = (0.87654321; 0.65490268)

Assim, teremos dois novos indiv´ıduos:

0 (x, y)1 = (0.34567832; 0.15456789)

0 (x, y)2 = (0.87654321; 0.65490268)

cuja adaptabilidade depende do valor da fun¸c˜aoaplicada a eles. De uma popula¸c˜aode, por exemplo, 100 indiv´ıduos,´egerada uma nova, com outros 100, sendo 99 deles criados a Se¸c˜ao2.5. DCDFT 49 partir dos m´etodos descritos juntamente com o indiv´ıduomais bem adaptado da gera¸c˜ao anterior, que sempre ser´amantido, pois ditar´ao rumo dos descendentes posteriores, at´e que o m´ınimoseja encontrado. Este artif´ıcio,segundo as teorias de Darwin, ´echamado de elitismo. Uma observa¸c˜aoque merece destaque diz respeito ao crit´eriode parada, afinal devemos nos perguntar quando o m´ınimoser´aencontrado. Adiantamos que este fundamento ´eum tanto vago, pois assume que ´eo n´umerode gera¸c˜oescriadas. Logo, para obtermos uma solu¸c˜ao,devemos partir para tentativas e testarmos v´ariosn´umeros de gera¸c˜oes. Assim como o simplex, tamb´emutilizamos o subterf´ugiode reinicializa¸c˜oes.

2.5 DCDFT

Como mencionamos anteriormente, devido a m´adistribui¸c˜aotemporal dos dados, uma das dificuldades enfrentadas ´ea determina¸c˜aodo per´ıodo da curva (V R, t). Trata-se de um problema comum em Astronomia visto que as medi¸c˜oesest˜aosujeitas a fatores externos, o principal deles sendo o fato de a estrela n˜aoser vis´ıvel durante todo o ano, devido ao movimento da Terra. Para contornarmos esta situa¸c˜ao,aplicamos a t´ecnicade DCDFT (date compensated discrete Fourier transform), que ´ea transformada de Fourier para pon- tos com espa¸camento irregular, permitindo-nos, assim, deduzir a melhor frequˆenciapara o conjunto de pontos. Seguimos o formalismo de Ferraz-Mello (1981), onde o objetivo ´e escrever o conjunto de N pontos medidos (t, f) em termos de uma base de fun¸c˜oes,a saber:

Ho(t) = 1

H1(t) = cos(2πωt) (2.22)

H2(t) = sen(2πωt)

Assim, escreveremos o sinal f(t), como, F (ω) dado por:

F = (f, Ho)Ho + (f, H1)H1 + (f, H1)H1 (2.23)

N K 2 Onde (f, Hk) = Σi=1fiHk(ω, ti) e definimos o espectro como S = Σk=1 |(f, Hk)| , em que k determina todos os elementos da base. Assim, varrendo um intervalo de frequˆencias e calculando para cada o parˆametroS, veremos que este atinje seu maior valor quando 50 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial a frequˆencia teste for igual a frequencia real dos dados. O problema ´eque para dados de espa¸camento irregular a base (2.1) n˜ao´emais ortogonal, e, portanto, ortogonaliza¸c˜oes sucessivas devem ser feitas a cada frequˆenciade teste. Assim, teremos uma nova base, esta sim ortogonal e dada por:

ho(t) = aoHo

h1(t) = a1H1 − a1(ho,H1) (2.24)

h2(t) = a2H2 − a2ho(ho,H2) − a2h1(h1,H2)

e os elementos ao, a1 e a2 possuem a forma:

−2 ao = N

−2 2 2 a1 = (H1,H1) − ao(Ho,H1) (2.25)

−2 2 2 2 2 4 2 2 2 a2 = (H2,H1) − ao(Ho,H2) − a1(H1,H2) − aoa1(Ho,H1) (Ho,H2) +

2 2 2a1ao(Ho,H1)(Ho,H2)(H1,H2).

Os coeficientes de regress˜aoser˜ao:

co = (f, ho)

c1 = (f, h1) (2.26)

c2 = (f, h2).

PN Ressaltamos que redefinimos f de modo tal que: i=1 fi = 0, ou seja, subtra´ımosde cada ponto a m´ediatotal e isto acarreta co = 0. Com estas redefini¸c˜oespodemos escrever:

f = coho + c1h1 + c2h2 (2.27)

Entretanto, o problema n˜aoest´aresolvido, como f ´eresultado de medi¸c˜oesest´asujeito a erros e, para uma melhor aproxima¸c˜ao,podemos ponderar as f´ormulas anteriores com cada um dos erros σi, passando a ter as seguintes modifica¸c˜oes: Se¸c˜ao2.5. DCDFT 51

N −2 X ao = wi i=1 N N −2 X 2 2 X 2 a1 = wi cos γi − ao( wi cos γi) (2.28) i=1 i=1 N N −2 X 2 X 2 a2 = wi sin γi − ao( wi sin γi) − i=1 i=1 N N N 2 X X X 2 a1[ wi cos γi sin γi − ao( wi cos γi)( wi sin γi)] i=1 i=1 i=1

2 em que tomamos γi = 2πωti e wi = 1/σi . Os coeficientes c’s ficar˜aoagora:

N X c1(ω) = a1 wifi cos γi i=1 N N X X c2(ω) = a2 wifi sin γi − a1a2c1[ wi sin γi cos γi− (2.29) i=1 i=1 N N 2 X X ao( wi sin γi)( wi cos γi)] i=1 i=1

2 2 O espectro ser´adefinido a partir de ent˜aocomo I(ω) = c1 + c2, que porventura pode ser normalizado pelo fator Q = (f, f) e teremos assim: S(ω) = I(ω)/Q. Programamos estas f´ormulas e a aplicamos em algumas situa¸c˜oes,como ser´avisto em se¸c˜oesmais adiante. Como seria esperado, a amplitude mais significativa do espectro ocorre para a frequˆenciaque procur´avamos. Contudo, notaremos que em determinadas situa¸c˜oeshaver´aoutras frequˆencias tamb´emimportantes, que, na maioria das vezes, ´edif´ıcil descobrir suas causas, poder˜ao tratar-se de harmˆonicosda frequˆenciaprincipal, outras podem ser causadas por ru´ıdossem correla¸c˜aoperi´odicaentre si e outras, at´emesmo de corpos adicionais existentes. Para descobrirmos novos companheiros, adotaremos a seguinte diretriz: do conjunto de medidas calculamos sua DCDFT e, depois do ajuste da velocidade radial, analisaremos a periodicidade dos res´ıduos,se houver algum per´ıodo digno de destaque o atribu´ımosa mais algum corpo presente. Caso isto ocorra, refazemos o ajuste, mas agora adequadamente, 52 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial com dois corpos e seguimos com este procedimento de analisar o espectro dos residuos at´e os reduzirmos a ru´ıdos. E´ interessante destacarmos o comportamento da fun¸c˜ao S(ω) para o caso em que os dados sejam ru´ıdos sem correla¸c˜ao. Para esta finalidade, geramos uma s´eriede dados sint´eticos,puramente ruidosos, com σr conhecido e calculamos seu espectro. Na figura abaixo, apresentamos o histograma dos termos c1 e c2, em que verificamos que ambos possuem distribui¸c˜aoGaussiana, e, se forem calculados de acordo com (2.8), ou seja, ponderados pelo fator wi, teremos:

hc1i = hc2i = 0.0

2 2 σc1 = σc2 = 1.0 (2.30)

Figura 2.4: Histograma de c1 e c2 calculados a partir de amostras de dados puramente

ruidosas com σr = 5. Tomamos 10000 amostras com 500 pontos em cada uma delas.

Para compara¸c˜aocom os valores advindos da teoria, calculamos numericamente o valor m´edioe variˆanciado exemplo acima e encontramos:

−3 hc1i = 3.6810

−3 hc2i = 4.1910

2 σc1 = 1.014

2 σc2 = 1.009 Se¸c˜ao2.5. DCDFT 53

2 Por outro lado, I, ou seja, S sem a normaliza¸c˜aodo fator Q, segue a distribui¸c˜ao χ2 que possui valor m´edioe variˆanciaiguais a:

hIi = 2

2 σI = 2 hIi (2.31)

Abaixo, apresentamos o histograma de I, calculado com os mesmos valores de c1 e c2 que originaram a figura (2.4). Informamos tamb´emos valores de m´ediae variˆanciacalculados

2 numericamente para compara¸c˜aocom as equa¸c˜oes(2.28): hIi = 2.024 e σI = 4.14.

2 2 Figura 2.5: Histograma de I = c1 + c2. Calculados com os mesmos dados da figura (2.1)

Com a distribui¸c˜aopara I conhecida, podemos obter um crit´eriopara diferenciar sinais peri´odicosde ru´ıdos.Para exemplificar, geramos 50 medidas com uma senoide amostrada com espa¸camento irregular, com per´ıodo de 10 dias, amplitude de K=5m/s e ru´ıdos de

σr = 2.5m/s. Os pontos e espectro est˜aodados na figura (2.6-A). A figura (2.6-B) ´eo espectro dos dados apresentados em (A). As linhas horizontais s˜aoprobabilidades calculadas atrav´esda distribui¸c˜aocumulativa de χ2, e representam a probabilidade de que uma combina¸c˜aode ru´ıdosalcance determinada amplitude. Assim temos que, para o per´ıodo de 10 dias, com S ≈ 0.72, a probabilidade para que ru´ıdossem correla¸c˜aoatinjam tal valor ´ede 1.3 × 10−4%. 54 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

Figura 2.6: Em (A), temos 50 medidas geradas artificialmente com per´ıodo de 10 dias e amplitude de 5. Em (B), o espectro destas medidas onde destacamos em cada linha horizon- tal a probabilidade de tal amplitude ser alcan¸cadapara quando os dados forem puramente ruidosos.

Outra maneira de estimarmos estas probabilidades ´eatrav´esda t´ecnicachamada de

“scramble”, em que tomamos os dados (ti,VRi, σi) e, mantendo a coluna ti fixa, ordenamos

VRi, σi de forma aleat´oria.O intuito ´e“quebrar” uma poss´ıvel rela¸c˜aofuncional entre os pontos e gerar dados ruidosos a partir do conjunto original de medidas. Para cada uma das ordena¸c˜oesfeitas calculamos seu espectro com a ideia de verificar se a amplitude que ´ealcan¸cadapelos dados originais tamb´emo ´epelos dados reordenados. Na figura (2.7), tomamos o mesmo conjunto de dados da figura (2.6-A) e aplicamos este procedimento. Em (2.7-A), temos superpostos os espectros para cada uma das 1000 reordena¸c˜oesque promovemos e, em (2.7-B), um histograma das amplitudes especificamente na frequencia de f = 0.1d−1. As linhas verticais tra¸cadasem (2.7-A) servem como comparativo `asrespectivas prob- abilidades calculadas em (2.6-B). A linha tra¸cadaem S = 0.3, por exemplo, indica que aproximadamente 40 (4%) dos mil espectros que calculamos alcan¸cama amplitude es- pecificada. Se compararmos com os resultados da figura 2.6 verificamos uma razo´avel concordˆancia,uma vez que encontramos um valor da ordem de 3.5%. Se¸c˜ao 2.6. Aplica¸c˜oes 55

Figura 2.7: Em (A), “scramble” para os dados da figura (2.6-A); em vermelho, o espectro dos dados originais; e em preto, os espectros de cada uma das 1000 ordena¸c˜oesque efetuamos. Em (B), um histograma dos valores alcan¸cadospor S na frequˆenciade 0.1d−1 em cada um dos conjuntos criados, onde podemos fazer uma compara¸c˜aocom a amplitude obtida com os dados originais S = 0.7364.

2.6 Aplica¸c˜oes

Aplicamos os m´etodos descritos a fim de testarmos os programas e hip´otesesmen- cionadas. Escolhemos dois sistemas: HD50554, cuja estrela central possui M = 1.05M e 1 HD12661, estrela com massa igual a de 1.11M (Butler et al.. 2006) . As medidas para estes sistemas, e alguns outros, que deram origem ao cat´alogode Butler et al. (2006) est˜ao dispon´ıveis em http://iopscience.iop.org/0004-637X/646/1/505/datafile1.txt cujo ´ultimo acesso que fizemos foi em 13 de dezembro de 2010.

2.6.1 HD50554

Possu´ımos51 medidas feitas de janeiro de 1998 at´ejaneiro de 2006, nos observat´oriosde Lick (San Jos´e,Calif´ornia/USA)e Keck (Mauna Kea, Hawaii). De uma an´alisepreliminar das medidas, podemos esperar um planeta bastante maci¸co,pois as velocidades radiais variam no intervalo ≈ [−100; 100]m/s, e de longo per´ıodo. Como primeiro passo, apresentamos o gr´afico(2.8), onde calculamos a DCDFT das velocidades radiais com o intuito de termos uma primeira aproxima¸c˜aodo per´ıodo que

1 Em http : //exoplanet.eu, os valores para as massas da estrela s˜aoligeiramente diferentes. Como estamos comparando com os resultados de Buttler et al. (2006) utilizamos os mesmos valores que este autor. 56 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial devemos obter pelo ajuste.

Figura 2.8: Espectro das velocidades radiais de HD50554. A probabilidade do pico maior ser gerado, por ru´ıdos,´epraticamente zero, da ordem de 10−7%

O periodograma nos mostra haver um per´ıodo de 1200 dias. Como segunda etapa, efetuamos o ajuste propriamente dito. Utilizaremos primeiramente o ajuste Kepleriano, com o algoritmo Simplex, em que iniciamos a an´alisesupondo haver apenas um plan- eta, a eventual introdu¸c˜aode um segundo corpo depender´ados res´ıduosdesta primeira aproxima¸c˜ao.

J´aque possu´ımosseis vari´aveis a serem determinadas, a saber: K, P, e, `, ω e Vo, o processo envolvendo o Simplex envolver´asete v´erticesque ser˜aoescolhidos aleatoriamente nos intervalos: K = [50; 150]m/s, P = [1000; 1500]d, ` = ω = [0o; 360o], e = [0; 0.9] e Vo = [Vm − 100; Vm + 100], onde Vm ´ea m´ediadas medidas. Esses intervalos foram definidos de acordo com o que julgamos esperar do ajuste, como mencionamos. Para fugirmos de m´ınimosn˜aosignificativos promovemos no programa, reinicializa¸c˜oes sucessivas; ou seja, escolhemos sete v´erticese aplicamos o processo de minimiza¸c˜aoa partir deles, guardando os valores encontrados. Sorteamos outros sete e interamos novamente, comparando o novo resultado com aquele que obtivemos anteriormente, preservando o melhor deles. Como h´adois crit´eriosde parada para cada reincializa¸c˜ao,o n´umerode intera¸c˜oese a distˆanciaentre os v´ertices, utilizamos ambos, ou seja, o m´ınimo´eencontrado ap´osa distˆanciaentre os v´erticesser menor que 10−12 ou o algoritmo alcan¸car50000 intera¸c˜oes,dependendo do que for obtido primeiro. Assim, das mil reinicializa¸c˜oesque Se¸c˜ao 2.6. Aplica¸c˜oes 57 efetuamos, o melhor resultado alcan¸cadofoi:

• Solu¸c˜ao(2.6-1)

o o K1 = 107.173m/s, ω1 = 5.580 , e1 = 0.497,P1 = 1232.50d, `1 = 59.75 , τ = 10627.24421,

a1 = 2.286UA, M1 = 5.067MJ

Vo = 33.068m/s Σ(O − C)2/σ2 = 86.34 wrms = 6.77m/s

Onde `1 ´ea anomalia m´ediaem t = 10831.804919. Os gr´aficosgerados pelo resultado (2.6-1) podem ser vistos na figura (2.9), em que podemos comparar a curva de VR obtida com as medidas, bem como analisar os res´ıduosdo ajuste efetuado.

Figura 2.9: Curva de velocidade radial tra¸cadaa partir da solu¸c˜ao(2.6-1) juntamente com os res´ıduosadvindos deste ajuste.

Analisando os res´ıduos da solu¸c˜ao(2.6-1) por DCDFT, percebemos que a do pico mais alto ´ede S = 0.311 para uma frequˆencia de 0.0337d−1, este espectro pode ser visto a seguir, na figura (2.10). 58 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

Figura 2.10: Espectro dos res´ıduosda figura (2.9). O histograma da direita representa os 10000 “scramble” que fizemos a partir dos res´ıduos.

Aplicamos a t´ecnica de “scramble” e obtemos o histograma que aparece na figura (2.10), em que apresentamos as amplitudes alcan¸cadaspara a frequˆencia de 0.0337d−1 para cada uma das 10000 reordena¸c˜oesque efetuamos. Percebemos que a probablilidade de encontrarmos esse pico em uma s´eriegerada por ru´ıdos´esignificativa ≈ 8%, portanto, n˜aopodemos afirmar a existˆenciade um outro per´ıodo nos dados. A seguir, usamos o algoritmo simplex com o ajuste dinˆamico. Para isso utilizamos o mesmo procedimento que descrevemos na se¸c˜ao(2.3). Entretanto o custo computacional nos obrigou a tomar para a quantidade de intera¸c˜oesum n´umeromais modesto, calculamos 500 reinicializa¸c˜oesde 5000 intera¸c˜oescada uma delas. Encontramos com estes novos c´alculosos resultados (2.6-2):

• Solu¸c˜ao(2.6-2)

o o K1 = 104.598m/s, ω1 = 5.768 , e1 = 0.490,P1 = 1225.52d, `1 = 59.258 , τ = 10630.07757

a1 = 2.278UA, M1 = 4.958MJ

Vo = 34.241m/s Σ(O − C)2/σ2 = 84.46 wrms = 6.69m/s

Para concluir, testamos o ajuste kepleriano com o algoritmo gen´etico. Tomamos 100 “indiv´ıduos” e testamos um n´umerovari´avel de gera¸c˜oes. Os resultados obtidos, ap´os 10000 intera¸c˜oes,s˜ao: Se¸c˜ao 2.6. Aplica¸c˜oes 59

• Solu¸c˜ao(2.6-3)

o o K1 = 100.58m/s, ω1 = 5.77 , e1 = 0.490,P1 = 1225.52d, `1 = 58.44 , τ = 10632.84

a1 = 2.283UA, M1 = 4.77MJ

Vo = 33.142m/s Σ(O − C)2/σ2 = 84.5 wrms = 6.70m/s

Testamos tamb´em20000 e 50000 intera¸c˜oese os resultados foram equivalentes. Para este sistema, os valores publicados na literatura s˜ao:

• Solu¸c˜ao(2.6-4): Buttler et al. (2006)

o o K1 = 91.5m/s, ω1 = 7.4 , e1 = 0.444,P1 = 1224d, `1 = 54.648 , τ = 10646, a1 = 2.28UA,

M1 = 4.46MJ

p 2 χν = 1.1 rms = 12.m/s

Consideramos os resultados que obtivemos satisfat´orios.A maior diferen¸caobservada entre eles e os de Buttler et al. (2006) diz respeito `aamplitude, mas os valores obtidos s˜aodiscut´ıveis. Basta notarmos, na figura (2.9), que n˜aoh´apontos medidos pr´oximosao valor m´aximo da velocidade radial para bem determin´a-lo.Julgamos, tamb´em,n˜aohaver muito sentido comparar os fatores de qualidade do ajuste pois n˜aosabemos se os valores

2 de rms e χν de Buttler et al. (2006) s˜aocalculados da maneira que descrevemos na se¸c˜ao (2.4).

2.6.2 HD12661

Deste sistema h´a108 medidas entre janeiro de 1998 e janeiro de 2003. Aqui, para o ajuste kepleriano, utilizaremos uma combina¸c˜aodos dois programas, aplicaremos primeira- mente o algoritmo gen´eticoe o resultado deste ser´ausado como um dos v´erticesdo simplex, sendo os demais escolhidos aleatoriamente, assim o procedimento de reinicializa¸c˜oesser´a mantido. Salvo men¸c˜aocontr´aria,doravante utilizaremos este como procedimento padr˜ao para os c´alculos. 60 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

De uma primeira an´alise,o c´alculodo espectro das velocidades radiais indicam haver um per´ıodo de ≈ 264.22 dias, e o ajuste, com apenas um corpo, pode ser visto na figura (2.11), onde verificamos haver ainda nos res´ıduosum per´ıodo de 1500 dias. Posteriormente, com a ajuda do scramble, observamos ser imposs´ıvel tratar-se de um pico gerado pelo acaso, fato que nos obriga a um ajuste com dois corpos. Da considera¸c˜aode dois planetas neste sistema, encontramos:

Figura 2.11: Sistema HD12661, ajuste com um corpo de per´ıodo ≈ 264 dias. Observamos a curva gerada juntamente com as medidas. Nos res´ıduosdeste ajuste podemos verificar uma clara rela¸c˜aoperi´odica,que pode ser comprovada pelo espectro, que revela um per´ıodo de aproximadamente 1500 dias

• Solu¸c˜ao(2.6-5):

o o K1 = 74.7510m/s, ω1 = 297.32 , e1 = 0.3593,P1 = 262.6370d, `1 = 126.64 ,

τ1 = 10739.21852, a1 = 0.831UA, M1 = 2.356MJ o o K2 = 29.7337m/s, ω2 = 285.98 , e2 = 0.08,P2 = 1720.4577d, `2 = 87.30 ,

τ2 = 10414.39739, a2 = 2.9195UA, M2 = 1.8762MJ

Vo = −6.3167m/s Σ(O − C)2/σ2 = 202.6 Se¸c˜ao 2.6. Aplica¸c˜oes 61

wrms = 4.94m/s

Os gr´aficoscom os valores de (2.6-5) podem ser vistos na figura (2.12)

Figura 2.12: Curva de velocidade Radial calculada a partir da solu¸c˜ao(2.6-5). Apresenta- mos tamb´emos res´ıduose seu respectivo espectro onde verificamos a inexistˆenciade outros per´ıodos.

Ainda para este sistema, usando o ajuste dinˆamicoobtemos a solu¸c˜ao(2.6-6), nesta ocasi˜ao durante o processo foi imposto, para ambos os corpos, a condi¸c˜aoinicial i = 90o, sendo as demais escolhidas randomicamente, segundo o protocolo padr˜aoque descrevemos anteriormente.

• Solu¸c˜ao(2.6-6)

o o K1 = 73.164m/s, ω1 = 297.65 , e1 = 0.358, P1 = 257.25d, `1 = 125.95 , τ1 = 10741.60661,

a1 = 0.821UA, M1 = 2.292MJ o o K2 = 29.070m/s, ω2 = 31.59 , e2 = 0.021, P2 = 1674.18d, `2 = 86.479 , τ2 = 10429.43779,

a2 = 2.857UA, M2 = 1.82MJ 2 2 Vo = 4.997m/s Σ(O − C) /σ = 183.31 wrms = 4.7m/s 62 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial

Ressaltamos aqui que, devido ao custo computacional, utilizamos apenas o simplex com o mesmo procedimento relatado para HD50554. Verificamos que o c´alculoKepleriano se mostra t˜aobom quanto o ajuste dinˆamico. Os resultados deste sistema dispon´ıveis em outros trabalhos s˜ao:

• Solu¸c˜ao(2.6-6): Buttler et al. (2006)

o o K1 = 74.9m/s, ω1 = 296.0 , e1 = 0.361, P1 = 262.53d, `1 = 126.91 , τ1 = 10214.,

a1 = 0.83UA, M1 = 2.34MJ o o K2 = 29.27m/s, ω2 = 38. , e2 = 0.017, P2 = 1679.d, `2 = 81.61 , τ2 = 12130.,

a2 = 2.86UA, M2 = 1.83MJ

p 2 χν = 1.1 rms = 7.8m/s

2.7 Conclus˜ao

Neste cap´ıtulointrodut´oriodesenvolvemos as t´ecnicasque s˜aousadas para determina¸c˜ao dos elementos orbitais. Definimos os ajustes dinˆamicoe Kepleriano, baseados no m´etodo de m´ınimos quadrados (MMQ). Verificamos que ambas as modelagens fornecem para os parˆametrosresultados equivalentes. Portanto, o c´alculoKepleriano, por sua rapidez, mostra-se como uma excelente aproxima¸c˜ao, mesmo para sistemas com mais de um corpo. Isto ocorre devido aos curtos intervalos de observa¸c˜ao,que, nos exemplos que exploramos, s˜aode sete e cinco anos. Para o MMQ, que deve ser calculado numericamente, utilizamos os algoritmos simplex de Nelder e Mead (1965) e gen´etico(com o c´odigoPikaia), de Charbonneau (1995; 2002). Embora n˜aohaja uma forma padr˜aode utiliz´a-los,adotaremos a mesma metodologia que utilizamos em HD50554 e HD12661: os ajustes s˜aoguiados pelo espectro dos dados, `a medida que formos encontrando per´ıodos nos dados vamos incorporando mais inc´ognitas aos ajustes. Para especifica¸c˜aodos per´ıodos utilizamos a t´ecnicade DCDFT. Consideramos tamb´emimportante os crit´eriosestabelecidos para diferenciarmos sinais de ru´ıdos,que ´e

2 feito a partir do “scramble” ou por interm´edioda distribui¸c˜ao χν. Os resultados das aplica¸c˜oesque realizamos foram comparados aos de Buttler et al. (2006), que, supostamente, foram obtidos com as mesmas medidas. Para HD12661, veri- Se¸c˜ao 2.7. Conclus˜ao 63

ficamos que os resultados s˜aoequivalentes. Em contrapartida, para HD50554, a diferen¸ca mais importante diz respeito `aamplitude e, consequentemente, `amassa; o valor tabelado ´ede ≈ 91 m/s e encontramos valores no intervalo 100 − 107 m/s. Esta diferen¸can˜ao deve ser motivo para preocupa¸c˜aoe, como citamos, pode ser fruto da m´adistribui¸c˜aodos dados. N˜aoh´amedidas para deduzirmos o valor m´axmode VR. A` parte este problema, consideramos os resultados obtidos semelhantes ´aqueles tabelados. Salientamos que neste primeiro cap´ıtulon˜aonos preocupamos com o c´alculodos erros dos elementos orbitais que deduzimos. A descri¸c˜aode como obtˆe-losest´adada na se¸c˜ao (3.2) e (3.3) do pr´oximocap´ıtulo. 64 Cap´ıtulo2. Determina¸c˜aodos elementos orbitais pela t´ecnicade velocidade radial Cap´ıtulo 3

O sistema HD202206

3.1 Introdu¸c˜ao

O sistema planet´arioHD202206 tem especial importˆanciapela grande massa de seus componentes. O maior dos dois companheiros planet´ariosn˜ao´eum planeta, mas sim uma an˜amarrom. Essas massas fazem que grandes sejam as intera¸c˜oesgravitacionais entre os planetas e traz a perspectiva de determin´a-las, pelas perturba¸c˜oesembutidas nas velocidades radiais, resolvendo a indetermina¸c˜aonas massas. Neste cap´ıtulotemos uma nova an´alisedas observa¸c˜oesexistentes com aux´ıliode modelos mais adequados a sistemas com grandes massas planet´arias,que consideram as perturba¸c˜oesm´utuas.Trata- se da fitagem dinˆamicaque descrevemos no cap´ıtulo anterior. Os resultados mostram que os dois companheiros se movem em planos distintos e que o menor deles pode ter uma massa muito superior `aquelaadmitida atualmente. O problema maior deste sistema ´eque todas as ´orbitasat´ehoje propostas, sejam coplanares, sejam tridimensionais, s˜ao fortemente inst´aveis, evoluindo para um evento catastr´oficoem geral em menos de 10000 anos. Essa instabilidade pode ter diversas origens, mas, em regra ´eatribu´ıdaaos erros devidos `asobserva¸c˜oesexistentes. Em geral, esses estudos mostraram a inexistˆenciade grandes dom´ıniosdo espa¸code fase em altas excentricidades, onde o sistema pode existir, e permitem explicar os eventos catastr´oficosobservados nas simula¸c˜oespela proximidade da ressonˆancia 5:1, entre os per´ıodos dos dois companheiros planet´arios,e da poss´ıvel grande inclina¸c˜aom´utuadas ´orbitas. 66 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

3.2 Ajuste Kepleriano

Para obten¸c˜aodas medidas de velocidades radiais, utilizamos a metodologia descrita no Apˆendice-A,visto que n˜aoencontramos em parte alguma os dados dispon´ıveis para an´alise. Do processo descrito, deduzimos as medidas que ilustramos na figura (3.1), abaixo:

Figura 3.1: Velocidades radiais que encontramos ap´oso processo de recupera¸c˜aodos dados descrito no ApˆendiceA.

Como primeiro procedimento, temos a figura (3.2), onde calculamos o espectro das medidas para termos alguma no¸c˜aoda periodicidade das mesmas.

Figura 3.2: Espectro dos dados apresentados na figura (3.1) onde salientamos o per´ıodo de 258.3 dias. Se¸c˜ao3.2. Ajuste Kepleriano 67

Uma nota a ser feita sobre o espectro (3.2) diz respeito `asignificˆanciaestat´ısticada amplitude dos picos. De uma r´apidaestimativa, calculamos que, caso os dados da figura (3.1) sejam ru´ıdos,a probabilidade de que estes atinjam uma amplitude t˜aosignificativa quanto a que encontramos, S = 0.9, ´ede praticamente zero (da ordem de 10−8), ent˜ao, comprovadamente, o per´ıodo ´ereal. Portanto, a partir da figura (3.2) verificamos a existˆenciade um planeta cujo per´ıodo ´e de aproximadamente 258.3 dias. Ajustamos assim a f´ormula de velocidade radial deduzida no cap´ıtuloanterior. Quanto a este processo, cabe uma reessalva: embora tenhamos uma ideia do valor do per´ıodo atrav´esde (3.2), este parˆametron˜aofoi considerado fixo. Foi, como os outros, encontrado durante o processo de minimiza¸c˜ao.Utilizamos a combina¸c˜ao do algoritmo gen´eticocom o simplex, com 100 mil intera¸c˜oesno primeiro e 500 “chutes” de 10000 intera¸c˜oespara o segundo. A solu¸c˜aoalcan¸cadaest´ailustrada em (3.2-1):

• Solu¸c˜ao(3.2-1)

o o K1 = 575.66m/s, ω1 = 156.985 , e1 = 0.43400,P1 = 255.73d, `1 = 353.55 ,

a1 = 0.8261UA, M1 = 17.77MJ

Vo = 2.489m/s Σ(O − C)2/σ2 = 1422.475 wrms = 23.645m/s

Nessa solu¸c˜ao, `1 representa a anomalia m´ediaem t = 51402.6626. Isto equivale ao tempo de passagem pelo pericentro τ = 51151.51083(JD − 2400000).

Chamamos a aten¸c˜aopara o valor de massa m´ınimaencontrado, ≈ 17MJ . Se consi- deramos que uma an˜amarrom ´eum corpo com massa superior a 13 massas de J´upiter,este n˜ao´emais classificado como planeta. H´atamb´em,o agravante devido `aindetermina¸c˜ao das inclina¸c˜oes. Quando futuramente as inclina¸cˆoesforem encontradas, este valor para a massa apresentado pode ser muito superior. A da estrela central possui 1.15M . Os gr´aficos gerados pela solu¸c˜ao(3.2-1) s˜aovistos na figura (3.3). Verificamos que ´e n´ıtidauma rela¸c˜aoper´ıodica entre os ru´ıdos,fato que ´econfirmado por um novo espectro, apontando para um valor de 1300 dias. A probabilidade, calculada a partir da distribui¸c˜ao

2 −8 χν, de que ru´ıdosatinjam amplitude t˜aosignificativa ´eainda pequena P ≈ 6.10 68 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Figura 3.3: O gr´aficoacima representa a curva de velocidade radial gerada a partir da solu¸c˜ao (3.2-1). Abaixo temos os res´ıduosdeste ajuste bem como o espectro, onde observamos haver um segundo per´ıodo de aproximadamente 1300 dias.

A figura (3.3) nos mostra haver um segundo planeta, externo, de per´ıodo ≈ 1300 dias. Agregando na an´aliseeste segundo corpo, econtramos a solu¸c˜ao(3.2-2):

• Solu¸c˜ao(3.2-2)

o K1 = 564.7678m/s, ω1 = 161.1272 , e1 = 0.4330,P1 = 256.1998d, o `1 = 353.899 ,a1 = 0.8271UA, M1 = 17.459MJ e τ1 = 51150.80479 o K2 = 42.6957m/s, ω2 = 101.963 , e2 = 0.2822,P2 = 1295.552d, o `2 = 54.156 ,a2 = 2.4367UA, M2 = 2.4111MJ e τ2 = 51207.7688

Vo = −6.26288m/s Σ(O − C)2/σ2 = 218.77 wrms = 9.2m/s

Os gr´aficosgerados pela solu¸c˜ao(3.2-2), que podem ser vistos na figura (3.4), n˜ao permitem concluir a existˆenciade um terceiro planeta. Como vemos, os res´ıduos s˜ao, Se¸c˜ao3.2. Ajuste Kepleriano 69 aparentemente, ru´ıdossem correla¸c˜aoentre si, fato que pode ser comprovado pelo peri- odograma dos mesmos.

Figura 3.4: Figuras geradas a partir da solu¸c˜ao(3.2-2).

Verificamos atrav´esdo scramble dos res´ıduos, como j´amencionamos, a impossibilidade de encontrarmos um terceiro corpo neste sistema. Os resultados correspondentes que encontramos na literatura s˜ao(Correia et al. 2005):

• Solu¸c˜ao(3.2-3) - Correia et al. (2005)

o K1 = 564.83m/s, ω1 = 161.10 , e1 = 0.433,P1 = 256.20d,

τ1 = 52175.6,a1 = 0.8271UA,M1 = 17.461MJ o K2 = 42.71m/s, ω2 = 101.83 , e2 = 0.284,P2 = 1296.8d, τ2 = 51206.4,a2 = 2.4383UA,

M2 = 2.411MJ 70 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Vo = 14.721km/s

Como percebemos, os valores concordam de maneira muito boa com os nossos e acred- itamos que isto corrobora nosso processo de recupera¸c˜aodas medidas. Informamos que testamos v´ariosvalores para o n´umerode itera¸c˜oesem nossos algoritmos (chegando at´e 106) e, em todas as situa¸c˜oes,encontramos aproximadamente os mesmos resultados in- formados. Usamos a palavra aproximadamente, devido ao fato de que o sinal do segundo corpo ´ebastante inferior ao do primeiro; enquanto um produz varia¸c˜oesde 500-600 m/s na estrela, a do outro ´eapenas ≈ 50m/s, o que dificulta uma inferˆenciarobusta de seus parˆametrosorbitais. Para finalizar esta se¸c˜ao,citamos anteriormente a indetermina¸c˜aodas massas, cujos valores est˜aoatrelados a inclina¸c˜aodo plano orbital. Os resultados que apresentamos at´e o momento est˜aosob a condi¸c˜ao i = 90o. Do ponto de vista da an´alisedos dados n˜ao h´adiferen¸case considerarmos por exemplo, i = 270o. Os valores apresentados na solu¸c˜ao (3.2-4) foram calculados mantendo o corpo interno em i = 90o e o externo em i = 270o.

• Solu¸c˜ao(3.2-4)

o o K1 = 564.639m/s, ω1 = 161.128 , e1 = 0.433,P1 = 256.202d, `1 = 353.899 ,

τ1 = 51150.8026, a1 = 0.8271UA, M1 = 17.453MJ o o K2 = 42.094m/s, ω2 = 283.178 , e2 = 0.2642,P2 = 1299.215d, `2 = 53.835 ,

τ2 = 51208.32866, a2 = 2.442UA, M2 = 2.408MJ

Vo = −4.664m/s Σ(O − C)2/σ2 = 219.0692 wrms = 9.28m/s

Encontramos um ajuste equivalente, com exce¸c˜aodo parˆametroangular ω2 que, como j´aesper´avamos, difere de um fator de π se comparado com aquele da solu¸c˜ao(3.2-2).

3.3 Os intervalos de confian¸ca:Biased Monte Carlo

Para avaliarmos o intervalo de confian¸cados elementos apresentados em (3.2-2), uti- lizamos a metodologia BMC (Biased Monte Carlo) usada por Ferraz-Mello et al. (2005), onde o intuito n˜ao´eencontrar o m´ınimoexato, mas, sim, um perfil do mesmo, explorando Se¸c˜ao3.3. Os intervalos de confian¸ca: Biased Monte Carlo 71 o espa¸code parˆametrosnas vizinhan¸casdos valores que encontramos na solu¸c˜ao(3.2-2). Dessa forma, podemos ter a no¸c˜aode qual dos parˆametrosest´abem ou mal inferido, assim como, encontrar poss´ıveis m´ınimoslocais. Tomamos agora 10000 itera¸c˜oespara o algoritmo gen´eticoe 1000 chutes com 5000 it- era¸c˜oesem cada um deles para o algortimo simplex. Esperamos que, com um n´umero baixo de itera¸c˜oes,possamos explorar melhor o espa¸code parˆametros inicializando o programa com v´arioschutes distintos. Deste processo, guardamos todos os resultados em que encon- tramos Q = P(O − C)2/σ2 ≤ 300, ou seja, wrms ≤ 10.8. Os valores sob estas condi¸c˜oes est˜aono gr´afico(3.5), em que notamos, primeiramente, que os elementos do planeta interno s˜aomuito bem determinados. Isto de certa forma, j´aera esperado, por causa da magni- tude da oscila¸c˜aoque tal corpo causa na estrela central. Notamos tamb´ema inexistˆencia de m´ınimos locais que poderiam nos conduzir a indetermina¸c˜oesnos resultados. J´apara o segundo corpo, o externo, para e2, por exemplo, h´avalores encontrados nos intervalos ≈ [0.25 − 035] que possuem aproximadamente o mesmo Q, ou seja, valores sensivelmente diferentes de excentricidade podem nos levar a ajustes equivalentes. De certa forma isto tamb´emocorre para os demais elementos. Enfim, para o corpo interno, encontramos valores em intervalos bastante estreitos, excentricidades, por exemplo, est˜aoentre 0.431 e 0.433, os per´ıodos tamb´ems˜aomuito bem determinados, com precis˜aode horas, fato que n˜aoocorre para o companheiro externo. 72 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Figura 3.5: Valores encontrados atrav´esdo processo de BMC. Cada ponto deste gr´afico representa uma evolu¸c˜aodo algoritmo por 10000 intera¸c˜oescalculadas atrav´esde chutes distintos no espa¸co de parˆametrose com valores Q ≤ 300 .

Na figura (3.6) temos os elementos angulares ω1,ω2, `1 e `2. Se¸c˜ao3.3. Os intervalos de confian¸ca: Biased Monte Carlo 73

Figura 3.6: Continua¸c˜aodo gr´afico(3.5). Apresentamos aqui os elementos angulares.

Os pontos presentes nas figuras (3.5) e (3.6) n˜aorepresentam a melhor solu¸c˜ao,mas sim valores que encontramos ao dar em nosso algoritmo, chutes aleat´oriosque evoluem, ap´os10 mil itera¸c˜oespara a vizinhan¸cado m´ınimoque encontramos. Assim, podemos ter uma ideia de como ´eo espa¸code parˆametrosna vizinhan¸ca da solu¸c˜ao(3.2-2) e tamb´em tirar algumas conclus˜oesa respeito de seu intervalo de confian¸ca.Os gr´aficos(3.5) e (3.6) foram obtidos guardando todos os valores em que Q ≤ 300, ou seja, (wrms) ≤ 10.8m/s. Podemos diminuir este limite que foi escolhido de forma arbitr´aria.A melhor solu¸c˜ao que possuimos, (3.2-2), possui Q = 218.77. Se nos restringirmos somente `aquelesvalores em que Q ≤ 218.8 + p2(N − M), tomamos somente os pontos nos quais Q ≤ 232.5, que equivale a wrms ≤ 9.6 m/s. Encontramos com este crit´erio: K1 = [564 − 567]m/s, ω1 = o o [161.0 − 161.2] , e1 = [0.432 − 0.433], P1 = [256.19 − 256.21]d e `1 = [353.8 − 353.9] , que, como citamos, s˜aointervalos bastante pequenos. Em contrapartida, para o planeta externo

o temos: K2 = [40 − 45]m/s, ω2 = [93 − 107] , e2 = [0.22 − 0.36], P2 = [1269 − 1303.04]d e o `2 = [56 − 46] . 74 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

3.4 Jacknife

O nome Jacknife, para um m´etodo estat´ıstico, foi utilizado primeiramente em Que- nouille (1956) na sua t´ecnicade redu¸c˜aode vi´es,n˜aoa tratamos neste trabalho por ser um m´etodo muito custoso computacionalmente, sendo imposs´ıvel explor´a-loem toda sua extens˜ao. Todavia, h´am´etodos semelhantes sob este mesmo t´ıtulo,como o utilizado em Beuag´e et al. (2007) para HD82943, ou aquele de Ferraz-Mello, que se vale de fitagens por amostras aleat´orias, todos esses procedimentos ser˜aodescritos nas subse¸c˜oesseguintes.

3.4.1 Jacknife de Beaug´e et al. (2007)

Esta t´ecnica´emais comumente aplicada com a finalidade de observarmos a robustez dos resultados encontrados. Foi aplicado em Beaug´e et al. (2007) para o sistema HD82943 e consiste em calcular os elementos orbitais como fun¸c˜aodo n´umerode observa¸c˜oes.Para este fim, reduzimos o n´umerode medidas, eliminando uma a uma as observa¸c˜oes em ordem cronol´ogicainversa e para cada novo conjunto aplicamos o processo de ajuste inferindo os parˆametrosorbitais para ambos os corpos do sistema. Os resultados est˜ao apresentados na figura (3.7), onde percebemos que os elementos do planeta interno s˜ao,aparentemente, robustos, pois variam pouco com o n´umerode medidas, por isso seus gr´aficoss˜aobastante est´aveis. Este resultado era at´ecerto ponto esperado devido `amagnitude da varia¸c˜aoque este corpo causa na estrela. Ao contr´ario,para o corpo interno, notamos que seus resultados parecem se estabilizar apenas a partir da nonag´esimamedida, com exce¸c˜aode sua excentricidade que ainda assim pode atingir valores t˜aoaltos quanto 0.8. Desta forma, conclu´ımos que os valores para este sistema ainda est˜aosujeitos a mudan¸casna propor¸c˜aoque medi¸c˜oesfuturas sejam feitas. Outro fator que entendemos ser interessante ´ea raz˜aodos per´ıodos, os valores que encontramos colocam o sistema nas proximidades da ressonˆancia5:1 de movimentos m´edios.Todavia, esta conclus˜aon˜aopoderia ter sido obtida antes da nonag´essimamedida. Para finalizar, apresentamos, em (3.8) a qualidade de cada um dos ajustes do gr´afico (3.7). Se¸c˜ao 3.4. Jacknife 75

Figura 3.7: Elementos orbitais em fun¸c˜aodo n´umero de medidas. 76 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Figura 3.8: (wrms) de cada um dos ajustes apresentados no gr´afico (3.7).

3.4.2 Jacknife de Ferraz-Mello

Consiste em, a partir do total de 105 observa¸c˜oes,gerarmos subconjuntos aleat´oriosde medidas. Para este fim, tomamos primeiramente um conjunto de 10 medidas, escolhidas aleatoriamente das 105 existentes. Exclu´ımos,destas, as 10 observa¸c˜oes,gerando, portanto, um subconjunto com 95 dados que utilizamos para a determina¸c˜aodos elementos orbitais. Encontrado-os, escolhemos novamente outro subconjunto de 10 medidas, tamb´emao acaso, gerando um outro conjunto, para o qual tamb´emdeterminamos os elementos orbitais. Aplicando este processo repetidas vezes, encontramos os resultados mostrados na figura (3.9). Se¸c˜ao 3.4. Jacknife 77

Figura 3.9: Jacknife de Ferraz-Mello, exclu´ımosconjuntos aleat´oriosde 10 observa¸c˜oes.

Os elementos restantes `1, `2 e Vo s˜aoapresentados na figura (3.10). Observamos haver 78 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206 uma certa concordˆanciacom os intervalos que inferimos da figura (3.6), embora haja uma diferen¸caconceitual entre os m´etodos: todos os pontos apresentados nos gr´afico(3.9) e (3.10) representam o m´ınimo para cada conjunto de dados que contruimos. Enquanto que na se¸c˜aoanterior trabalhamos apenas com o conjunto de 105 medidas e verificamos o espa¸code parˆametros nas proximidades do m´ınimoencontrado. Atrav´esdesta metodologia encontramos os seguintes intervalos de confian¸ca: K1 = [562 − 568], K2 = [39 − 49], ω1 = o o [161 − 161.7] , ω2 = [75 − 115] , e1 = [0.428 − 0.436], e2 = [0.22 − 0.4], P1 = [256.1 − 256.3] e P2 = [1250 − 1350], que, s˜aovalores com wrms ≤ 10m/s.

Figura 3.10: Continua¸c˜aodo gr´afico(3.10).

3.5 Resampling

Esta t´ecnica,assim como o Jacknife da se¸c˜ao(1.4.3), ´eutilizada para se determinar o intervalo de confian¸cados elementos encontrados. O prop´ositodesta ferramenta ´egerar conjuntos sint´eticosde dados onde as medidas s˜aotomadas de acordo com as observa¸c˜oes oficiais (ti,Vi, σi) adicionadas a um ru´ıdogaussiano de desvio σi. A ideia ´eque cada um dos conjuntos obtidos seja t˜aoprov´avel quanto o conjunto original. Para cada um destes dados Se¸c˜ao3.5. Resampling 79

“artificiais” determinamos os melhores elementos orbitais poss´ıveis, que est˜aoapresentados na figura (3.11).

Figura 3.11: Resampling para o Sistema HD202206.

Portanto, para o corpo interno, notamos novamente que seus parˆametross˜aobem definidos, pois os intervalos de confian¸cas˜aobastante estreitos. J´apara o corpo externo

o temos K2 = [40 − 50]m/s, ω2 = [80 − 120] , e2 = [0.16 − 045], P2 = [1240 − 1360]d e, por 80 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

o fim, `2 = [40 − 75] , que s˜aosemelhantes `aquelesdas figuras (3.5) e (3.6).

3.6 Ajuste Dinˆamico

Como as massas dos corpos envolvidos s˜aosignificativas, analisamos nesta se¸c˜aose as perturba¸c˜oesentre eles afeta de alguma maneira o processo de ajuste. Para este obje- tivo, utilizamos o m´etodo descrito no cap´ıtuloanterior, com o integrador RA15(Everhart 1984), para computar as ´orbitasdos corpos. Por ser um processo mais preciso, esperamos uma natural melhora no processo de ajuste. Para integra¸c˜aodas equa¸c˜oes de movimento consideramos os corpos planares, ambos com i = 90o e o resultado ´e:

• Solu¸c˜ao(3.5-1)

o a1 = 0.83957UA, ω1 = 161.215, e1 = 0.43407, `1 = −6.646 ,M1 = 17.6023MJ

a2 = 2.72456UA, ω2 = 101.371, e2 = 0.2968, `2 = 56.980,M2 = 2.4452MJ

Vo = 14.7205km/s Σ(O − C)2/σ2 = 203.6821 wrms = 8.94m/s

O processo de fitagem kepleriana exige um tempo computacional elevado pois somos obrigados a integrar cada uma das ´orbitas durante o ajuste. Por esta raz˜aoutilizamos ape- nas o algoritmo simplex, com chutes dados em valores pr´oximos`aquelesque encontramos nas se¸c˜oes anteriores. A solu¸c˜ao(3.5-2) ´ean´aloga`aanterior, com exce¸c˜aode que a calculamos para a condi¸c˜ao i = 270o, apenas para o corpo externo; enquanto o interno foi mantido i = 90o. Assim, encontramos:

• Solu¸c˜ao(3.5-2)

o a1 = 0.8377071UA, ω1 = 341.2147, e1 = 0.434064, `1 = 353.3552 ,M1 = 17.90606MJ o a2 = 2.7453366UA, ω2 = 281.2115, e2 = 0.29703, `2 = 57.003 ,M2 = 2.48775MJ

Vo = 14.7205555km/s Σ(O − C)2/σ2 = 203.72635 wrms = 8.94m/s Se¸c˜ao3.7. Estabilidade das solu¸c˜oes 81

As solu¸c˜oes(3.5-1) e (3.5-2) s˜aoequivalentes, apenas os argumentos do pericentro diferem de π.

3.7 Estabilidade das solu¸c˜oes

Sabendo que a estrela em quest˜aopossui uma massa de 1.15 massas solares, usamos algumas das solu¸c˜oesque encontramos em integra¸c˜oes num´ericasa fim de verificar a esta- bilidade das configura¸ca˜oesencontradas. Na figurao (3.12), apresentamos a evolu¸c˜aodos elementos da solu¸c˜ao(3.5-1), a melhor que obtivemos via ajuste dinˆamico. Utilizamos o integrador Radau-15 (Everhart,1984), com sa´ıdasa cada 10 anos, e notamos que o sistema evolui para um evento catastr´oficoem aproximadamente 20000 anos. Portanto, as solu¸c˜oes propostas s˜aoinst´aveis, ocorrˆenciaque ´efrequente com todas as que obitvemos at´eesta se¸c˜ao.

Figura 3.12: Integra¸c˜aoda solu¸c˜ao(3.5-1), verificamos instabilidade em menos de 20000 anos.

J´aos resultados (3.2-3) de Correia et al. (2005) tamb´ems˜aoinst´aveis, como verficamos na figura (3.13): 82 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Figura 3.13: Integra¸c˜aoda solu¸c˜oesproposta por Correia et al. (2005).

Vista a dificuldade em encontrarmos configura¸c˜oesconfi´aveis para este sistema, estu- damos a estabilidade na regi˜aodo m´ınimoencontrado atrav´esdo c´alculodo mapa dinˆamico. Para este fim, consideramos a solu¸c˜ao(3.5-1) e fixamos os elementos encontrados do plan- eta interno, bem como os do externo, com exce¸c˜ao de a2 e e2. Destes ´ultimos,constru´ımos uma grade de condi¸c˜oesdefinidas como: a2 = [2.0 − 3.0], ∆a2 = 0.01UA e e2 = [0.0 − 0.5],

∆e2 = 0.01, que nos rendeu uma resolu¸c˜aode 101 x 51 pontos. Cada ponto da malha foi uti- lizado como condi¸c˜aoinicial para uma integra¸c˜aode 106 anos, ao fim da qual, calculamos a transformada de Fourier do elemento a2. Caracterizamos a estabilidade/instabilidade pelo n´umerode picos significativos no espectro deste elemento. Assumimos que uma solu¸c˜ao cujo espectro possua 10 picos, por exemplo, ´emais est´avel do que uma outra com 100. Sendo N o n´umerode picos do espectro, a figura (3.14-A), apresenta log(N) para cada um dos pontos da grade. Apresentamos tamb´emo mapa de excentricidade m´axima, figura (3.14-B), que repre- senta o valor m´aximoatingido pela excentricidade ao longo de toda a integra¸c˜ao. Nestes c´alculos, se uma condi¸c˜aoinicial tomada evolui para um evento catastr´ofico adotamos, arbitrariamente, que log(N) = 8 e tamb´em emax = 1.0. Se¸c˜ao3.7. Estabilidade das solu¸c˜oes 83

Figura 3.14: Mapa dinˆamicodo sistema HD202206, calculado a partir das condi¸c˜oes(3.5-1). Em (A) temos o mapa espectral, j´aem (B) o mapa da excentricidade m´axima.

Percebemos grande semelhan¸caentre as figuras (3.14-A) e (3.14-B), nelas as regi˜oes escuras s˜aolocais de estabilidade, onde o sistema sobrevive por pelo menos 1 milh˜aode anos, elas representam as ressonˆanciasde movimentos m´edios4:1 e 5:1, como destacado no gr´afico. A estrela em vermelho reprsenta a solu¸c˜ao(5.3-2). Portanto, conclu´ımos que o sistema s´opode existir em um intervalo bastante estreito para a2 ≈ [2.6 − 2.75] e e2 ≈ [0.08 − 0.25]. Gozdziewski (2006) tamb´emcalcula o mesmo gr´aficoe seus resultados s˜aoequivalentes aos nossos. Embora do ponto de vista dos ajustes pouco importa se tomamos i = 90o ou i = 270o, nossa insistˆencia em calcularmos tamb´empara esta ´ultimacondi¸c˜aofoi para verificar se esta apresenta alguma diferen¸cado ponto de vista dinˆamico.Assim, na figura (3.15), apre- sentamos a integra¸c˜aodas solu¸c˜oes(3.5-2). Os resultados encontrados classificam o sistema como secular, como em Cunha (2010) e estes gr´aficos evocam o cuidado extremo que de- vemos tomar, visto que pequenas mudan¸cascomo estas, provocam altera¸c˜oessignificativas no panorama dinˆamico. Para uma melhor visualiza¸c˜aodo comportamento dos ˆangulos cr´ıticos,apresentamos no gr´afico(3.16), uma integra¸c˜aofeita em um pequeno per´ıodo e com sa´ıdasmuito curtas, apenas com o intuito de observar os per´ıodos de oscila¸c˜ao. 84 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

Figura 3.15: Resultado da integra¸c˜aocom condi¸c˜oesas condi¸c˜oesiniciais (3.5-2).

Figura 3.16: Zoom do comportamento dos elementos angulares e ˆanguloscr´ıticosda figura (3.15). Se¸c˜ao3.8. Inclina¸c˜oes 85

3.8 Inclina¸c˜oes

Um dos problemas referentes `at´ecnicade velocidades radiais ´eque ela n˜aodetermina a inclina¸c˜aodos planetas. Isto restringe bastante o entendimento dos sistemas rec´em- descobertos visto que seu estudo fica limitado ao caso planar e ao de massas m´ınimas. Nesta se¸c˜ao,determinamos as inclina¸c˜oesposs´ıveis para o sistema HD202206. Fizemos isto utilizando o plano tangente ao c´eucomo referˆenciae aumentando o n´umero de parˆametros a serem determinados, passaremos a ter tamb´emas duas inclina¸c˜oes i1, i2 e a diferen¸cade nodos ∆Ω.

3.8.1 Plano tangente ao c´eu

O estudo deve ser feito via ajuste dinˆamico,que foi utilizado em se¸c˜oesanteriores. Nelas o emprego foi feito para verifica¸c˜aode seu funcionamento e compara¸c˜aode resultados; aqui, ao contr´ario,este uso ´efeito de forma mais efetiva. Abordamos o problema aumentando o n´umero de parˆametrosa ser determinados, de 11 para 14. Como referˆencia, o plano tangente ao c´eu,o eixo Z, na dire¸c˜aoda linha de visada, e o eixo X, coincidindo com o nodo ascendente do planeta 1. A figura (3.17) ilustra melhor o sistema de referˆencia utilizado.

Figura 3.17: Sistema de referˆenciaque utilizamos para a minimiza¸c˜aono plano do c´eu. 86 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206

A` parte do fato dos planetas n˜aoserem tratados como coplanares, o procedimento ´e em tudo semelhante ao ajuste dinˆamicodescrito anteriormente. Utilizamos o integrador Radau-15 e abaixo, na tabela (3.1), apresentamos os resultados encontrados.

Tabela 3.1 - Inclina¸c˜oespara o sistema HD202206.

Planeta 1 Planeta 2

a(UA) 0.832 2.631 e 0.432 0.363 ω(o) 161.121 98.587 i(o) 48.988 62.229 `(o) 353.657 54.329

M(MJ ) 29.458 2.862 ∆Ω(o) 77.559

Vo(km/s) 14.721 χ2 204.20 wrms(m/s) 8.95

Notamos que n˜aoh´amudan¸casignificativa em nenhum dos elementos, com exce¸c˜ao das massas que, como esperado, aumentaram de forma importante. Como aumentamos o n´umerode vari´aveis a serem determinadas, seria natural esperarmos uma melhora nos ajustes, seja em χ2 ou em wrms, entretanto, nem isto observamos, e, portanto, ilustramos que as medidas de VR n˜aopossuem informa¸c˜aosuficiente para deduzirmos i1 e i2.

3.9 Conclus˜oes

Este cap´ıtuloversou sobre nossa primeira grande aplica¸c˜aodas t´ecnicasque descreve- mos no cap´ıtulo2. A principal dificuldade que encontramos foi a obten¸c˜aodas medidas, por esta raz˜aoestudamos um processo pelo qual podemos obtˆe-lasde forma indireta, que est´adescrito no apˆendiceA. Esta etapa se fez necess´ariae ser´a´utilsempre que nos de- pararmos com a dificuldade de conseguirmos as medidas reais. Infelizmente, n˜aotemos ideia de como o processo descrito pode influenciar nos resultados finais. Por outro lado, os valores que obtivemos concordam de forma muito boa com aqueles dispon´ıveis na lite- ratura. Conclu´ımos,portanto, que a melhor solu¸c˜ao,que al´emde boa do ponto de vista Se¸c˜ao 3.9. Conclus˜oes 87 estat´ıstico,alia estabilidade dinˆamica´eaquela dada em (3.5-2), em que o corpo externo se encontra em i = 270o e o interno em i = 90o. Outro empecilho encontrados nos estudos deste cap´ıtulo foi o c´alculodos intervalos de confian¸ca,j´aque os m´etodos tradicionais a partir do c´alculoda matriz de covariˆancia, tornaram-se dif´ıceise obtivemos resultados insatisfat´orios,esta raz˜aonos obrigou a utilizar metodologias alternativas, baseadas em t´ecnicasde Monte Carlo, apresentadas na se¸c˜ao (2.3) e (2.4). Sobre as inclina¸c˜oes,exploramos duas formas diferentes de encontr´a-lase, ainda, evidenciaram a limita¸c˜aoda t´ecnica. 88 Cap´ıtulo3. O sistema HD202206 Cap´ıtulo 4

Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

4.1 Introdu¸c˜ao

Dedicamos este cap´ıtuloao estudo da confiabilidade dos resultados obtidos por veloci- dades radiais. Para isto, primeiramente, elencamos alguns cuidados que devemos tomar durante o processo de minimiza¸c˜ao,como truncamentos da s´erieetc. Posteriormente, par- timos de condi¸c˜oesiniciais conhecidas, gerando, a partir delas, medidas artificiais com diferentes n´ıveis de ru´ıdoe efetuamos, ent˜ao,o ajuste de solu¸c˜oesaos dados sint´eticos. Nosso objetivo com isto ´e,pelo menos, observar quais dos elementos orbitais s˜aobem determinados e quais n˜aoo s˜ao,comparando os valores obtidos com as condi¸c˜oesiniciais propostas. Iniciamos este processo com um sistema simples de uma estrela cuja massa ´e 1.1M e um planeta com per´ıodo de 100 dias e massa igual `ade J´upiter.Aplicamos este mesmo procedimento tamb´emem um sistema um pouco mais complexo: estrela e dois planetas, sendo que estes ´ultimos se encontram em condi¸c˜oesressonantes. Pretendemos deduzir com que seguran¸ca podemos afirmar se um sistema est´aou n˜aoem ressonˆancia. De forma te´orica,estudamos tamb´emalguns trabalhos que fazem estimativas sobre o quanto a atividade estelar pode influenciar na pesquisa de exoplanetas. Apesar de se tratarem de trabalhos puramente num´ericos e fenomenol´ogicos,acreditamos esta ser uma quest˜aopertinente, pois o tipo de estrela pode, aparentemente, ser um efeito seletivo, uma vez que a maioria a maioria dos sistemas conhecidos s˜aoem estrelas do tipo F,G e K, que possuem caracter´ıticasem comum, como sua baixa atividade, por exemplo. Por outro lado, se analisarmos os cat´alogosdispon´ıveis, veremos a quase inexistˆenciade planetas ao 90 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais redor de estrelas do tipo M 1 que s˜aobastante ativas e que existem em maior n´umero.

4.2 Sistema: Estrela + Um Planeta

S˜aoestas as condi¸c˜oes inciais que tomamos:

• Massa da estrela: 1.1 M

• Planeta:

P=100 dias (a=0.435)

e=0.0

M = 1.0MJ

K = 41.1m/s

ω e ` escolhidos aleatoriamente [0o − 360o]

Um exemplo de curva produzida com as condi¸c˜oesacima em que ω = ` = 0o ´edada pela figura (4.1)

Figura 4.1: Exemplo de curva de velocidade radial gerada.

1 Na verdade h´a13 planetas ao redor de 9 an˜asM (Reiners (2009)). Se¸c˜ao4.2. Sistema: Estrela + Um Planeta 91

Em cada curva gerada inserimos ru´ıdos,Gaussianos e tais que: σ = K/3,K/4etc. Con- sideramos da ordem de 800/900 amostras com 60 pontos cada uma delas. O espa¸camento foi tomado regular de cinco dias e para a minimiza¸c˜aoutilizamos apenas o algoritmo gen´eticocom 40.000 intera¸c˜oes. Apresentamos, como resultado deste primeiro empreendimento, a figura (4.2):

Figura 4.2: Elementos orbitais obtidos para cada conjunto sint´eticode dados.

A figura (4.2) mostra que o semieixo (consequentemente o per´ıodo) e a massa s˜ao parˆametrosbem definidos, ao contr´arioda excentricidade que apresenta um forte enviesa- mento. 92 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Um cuidado que devemos tomar nestes ajustes ´eque corremos o risco de que os ru´ıdos se sobreponham ao sinal ou at´emesmo que o n´umerode itera¸c˜oesdo algoritmo seja in- suficiente, fazendo com que o resultado n˜aoconvirja para o seu valor m´ınimo. Para nos ajudar neste tipo de problema apresentamos na figura (4.3), os histogramas do termo Σ(O − C)2/σ2 que representa a qualidade de cada um dos ajustes feitos.

P 2 2 Figura 4.3: Histograma dos resultados Q = j(Oj − Cj) /σj das minimiza¸c˜oespara os valores K/σ que utilizamos.

P 2 2 O valor esperado de Q = j(Oj − Cj) /σj ´eN-M, onde N ´eo n´umero de medidas e M o de vari´aveis ajustadas, Oj os dados sint´eticose Cj os valores calculados pelo ajuste. Com as diretrizes que seguimos aqui, esperamos que os histogramas (4.3) estejam centrados em aproximadamente 54, e isto de fato ocorre, mostrando-nos, portanto, que as minimiza¸c˜oes apresentadas em (4.2) s˜aosignificativas. Repetimos o procedimento para um n´ıvel de ru´ıdobastante elevado, K/σ = 1, que se trata de um caso cr´ıticoem que dificilmente poder´ıamosafirmar com seguran¸caa existˆenciado planeta. Como resultado para estas simula¸c˜oesapresentamos a figura (4.4), que ´ean´aloga a (4.2) e possui 1.000 amostras com 60 pontos em cada uma delas. Se¸c˜ao4.2. Sistema: Estrela + Um Planeta 93

Figura 4.4: Histograma para os elementos orbitais em que K/σr = 1. Como a escala do histograma n˜ao´efavor´avel, em (D) e (E) temos o diagrama M vs. a em que podemos observar melhor a dispers˜aodestes elementos. O gr´afico(E) ´eapenas um zoom na escala de (D).

Devemos ter certa cautela ao analisar a figura (4.4). Muitos dos ajustes representados nela n˜aos˜aobons resultados. Para cada amostra sint´eticaque construimos, calculamos P 2 2 o valor de Q atrav´esda f´ormula de VR; ou seja, QVR = i(Oi − Ci) /σi , onde Ci ´eo valor calculado atrav´esda f´ormula anal´ıtica dada pela equa¸c˜ao(2.8). Calculamos tamb´em P 2 2 a dispers˜aodas medidas em rela¸c˜aoa seu valor m´edio, QM = i(Oi − M) /σi , onde M ´e o valor num´ericoda m´ediados dados que geramos. A inten¸c˜ao´ecomparar os dois valores de Q a fim de decidirmos se o ajuste da fun¸c˜aoem rela¸c˜aoas medidas ´erelevante. Assim, pela figura (4.5), verificamos que n˜aopodemos simplesmente considerar bons resultados aqueles em que QVR ´eigual ao n´umerode graus de liberade. Na ocasi˜aoque fizemos isto, n˜aohavia a sobreposi¸c˜aodos histogramas que observamos agora. Portanto, para separarmos os bons dos maus ajustes, necessitamos de uma an´aliseum pouco mais sofisticada, por esta raz˜aoaplicamos o teste F que visa comparar estatisticamente os dois valores de Q que estamos tratando, desta an´alise,geramos o gr´afico(4.6). 94 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.5: Para cada minimiza¸c˜aocalculamos a dispers˜aodos dados em torno de seu valor

m´edio, QM , cujos resultados est˜aoapresentados no histograma em vermelho. Comparamos com o valor de Q advindo do ajuste da f´ormula de VR, histobrama preto.

Figura 4.6: Os pontos em vermelho representam os valores (QVR,QM ) que calculamos para cada amostra sint´etica.As regi˜oesclaras ao fundo correspondem aos dados para os quais n˜ao ´epossivel concluir uma rela¸c˜aofuncional (VR(t)) entre as medidas. Ao contr´ario,a regi˜ao escura ´eonde detectar´ıamosa existencia de algum planeta, pois seria poss´ıvel determinar uma rela¸c˜aofuncional a partir das observa¸c˜oes. A ´areaem azul trata-se de um corte onde, hipoteticamente, a m´ediados dados seria um ajuste melhor que a fun¸c˜aoVR, situa¸c˜aosem significado f´ısico. Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 95

O gr´afico(4.6) deve ser lido da seguinte maneira: os pontos em vermelho representam os valores (QVR,QM ) que calculamos para cada amostra sint´etica. O c´odigode cores ao fundo mostra as probabilidades, calculadas a partir do teste F, que representam a melhora efetiva no ajuste ao considerarmos que as medidas possuem uma rela¸c˜aofuncional dada pela f´ormula da velocidade radial. Nesta situa¸c˜aoseria poss´ıvel a detec¸c˜aodo corpo orbitando a estrela. Percebemos, portanto de (4.6), que, em muitos resultados, o ajuste da curva de Vr n˜ao oferece melhora significativa e o planeta n˜aoseria, tecnicamente, detectado nas medi¸c˜oes. Excluindo da figura (4.4) os ajustes em que a probabilidade dada na figura (4.6) ´e ≤ 0.1, ficaremos com 326 amostras que est˜aorepresentadas na figura (4.7).

Figura 4.7: Histograma das solu˜oes(4.4) em que exclu´ımosos ajustes sem relevˆancia.

Para finalizar esta se¸c˜ao,conclu´ımosque, enquanto os demais elementos orbitais s˜ao bem determinados, a excentricidade se mostra bastante sens´ıvel, uma vez que, na m´edia dos histogramas (4.2), ela ficou em torno de 0.05, apesar dos dados serem gerados impondo- se e = 0. Este vi´esera at´ecerto ponto esperado, uma vez que tomamos excentricidade inicial igual a zero e n˜aopoder´ıamosesperar uma distribui¸c˜aosim´etricapara este elemento. Todavia, consideramos a dispers˜aobastante importante, que demonstra que esta superes- tima¸c˜ao´ereal e ocorre tamb´empara valores iniciais diferentes de zero, como veremos na se¸c˜aoseguinte e como j´ademonstrado em Shen e Turner (2008).

4.3 Sistema: Estrela + dois planetas

Aumentamos a complexidade do sistema: uma estrela com massa igual a do Sol e dois planetas com as seguintes condi¸c˜oes: 96 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

-Condi¸c˜oes(4.3-A)

• a1 = 0.6299 , a2 = 1.0UA

• e1 = 0.3923 , e2 = 0.1271

• M1 = 1.0MJ , M2 = 1.0MJ

• K1 = 38.972m/s , K2 = 28.684m/s

o • ω1 = `1 = ω2 = `2 = 0

• P1 = 182.5d e P2 = 365.1d

• Inserimos nos dados um ru´ıdoGaussiano de σ = 6.5m/s

A integra¸c˜aodessas condi¸c˜oesiniciais ´eapresentada na figura (4.8) e nela percebemos a libra¸c˜aodo ˆangulo θ = 2λ1 − λ2 − $1 e tamb´emde ∆$. J´aum exemplo de curva de velocidade radial gerada por estas condi¸c˜oes´edado na figura (4.9).

Figura 4.8: Libra¸c˜aodo ˆanguloressonante e de ∆$ .

Antes de iniciarmos o processo de minimiza¸c˜aopropriamente dito, devemos tomar certas cautelas com alguns poss´ıveis fenˆomenosque podem nos levar a resultados errˆoneos. Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 97

Figura 4.9: Curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oespropostas.

Figura 4.10: Curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oespropostas, mas variamos apenas a raz˜aodas massas. 98 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

O primeiro deles est´adiretamente ligado `araz˜aode massa entre os corpos interno e externo. Podemos ver, pela figura (4.10), que, quando as massas s˜aoequivalentes, a curva de velocidade radial apresenta nitidamente duas amplitudes bem percept´ıveis: uma delas atingindo valores pr´oximosa 80 m/s e a outra valores ≈ 30 m/s, o fato ´eque duas amplitudes t˜aod´ısparess˜ao um ind´ıciode que h´adois corpos no sistema. Entretanto, dificuldades s˜aoencontradas se a raz˜aoentre as massas n˜aofor favor´avel; consideramos este fator bem ilustrado na figura (4.10), onde gradativamente diminu´ımosa massa do corpo externo e, percebemos que, somando-se a isso os ru´ıdose o espa¸camento irregular, quando Mext ≈ 0.4MJ verificamos dificuldades em encontrar o ind´ıcio de dois corpos.

Quando as massas s˜aotais que Minterno = 1MJ e Mexterno = 0.1MJ observamos apenas uma amplitude, de per´ıdo0.5 ano, que exije uma an´alisemais cuidadosa se quisermos concluir a existˆenciade dois corpos no sistema. Uma consequˆenciadeste fato que narramos ´eum fenˆomenoj´aalertado em Anglada- Escud´e(2009) e que ocorre preferencialmente em casos ressonantes. O fato ´eque poder´a haver uma superestimativa da excentricidade do corpo 1, se o segundo planeta n˜aofor de- tectado. Isto pode ser visto facilmente: seja a f´ormula da velocidade radial de uma estrela devido a dois planetas, representados pelos ´ındices1 e 2, dada por:

Vr = K1 cos[f1 + ω1] + K1e1 cos ω1 + K2 cos[f2 + ω2] + K2e2 cos ω2 (4.1)

Onde K1 e K2 s˜aoas semiamplitudes; f1 e f2, as anomalias verdadeiras; ω1 e ω2, as longi- tudes do pericentro; e, finalmente, e1 e e2, as respectivas excentricidades. A equa¸c˜ao(4.1), escrita em termos das anomalias m´edias `1 e `2 e expandida em ordem 2, toma a seguinte forma:

2 Vr = K1 cos[n1(t − τ1) + ω1] + K1e1 cos 2[n1(t − τ1) + ω1] + K2 cos[n2(t − τ2) + ω2] + ϑ(e1, e2) (4.2)

Se n2 = 2n1, a equa¸c˜ao(4.2) fica da seguinte forma:

Vr = K1 cos[n1(t − τ1) + ω1] + K1e1 cos 2[n1(t − τ1) + ω1] + K2 cos[2n1(t − τ2) + ω2] (4.3) Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 99

Analisando a equa¸c˜ao(4.3), notamos que o termo K1e1 ´eformalmente igual ao termo K2.

Ent˜ao,se o segundo planeta n˜aofor detectado, o termo K1e1 ser´asuperestimado, pois sobre ele recai tamb´emo sinal do corpo 2. Este fato, na pr´atica,´ecorriqueiro pois ´e fato recorrente que quando um novo planeta ´eanunciado, as excentricidades dos corpos conhecidos anteriormente diminuem consideravelmente. Como exemplo, na figura (4.11), apresentamos o sistema HD50554, onde inserimos um segundo corpo no sistema, este de per´ıodo na raz˜ao2:1 com o planeta j´aexistente e confirmamos um leve decr´escimo da excentricidade do planeta conhecido.

Figura 4.11: Em (A), ajuste com um planeta para o sistema HD50554 e, em (B), incluimos a procura de um segundo planeta em ressonˆancia2:1 com o primeiro.

As condi¸c˜oesencontradas para (4.11-A) s˜ao:

o o • K1 = 99.9m/s , e1 = 0.470,ω1 = 4.860 , P1 = 1229.0d, `1 = 59.004 , Vo = −15.203m/s e P(O − C)2/σ2 = 73.545

As solu¸c˜oes (4.11-B) s˜ao:

o o • K1 = 88.4m/s , e1 = 0.440,ω1 = 16.204 , P1 = 1209.0d, `1 = 41.013

o o • K2 = 7.04m/s , e2 = 0.591,ω1 = 217.667 , P1 = 604.5d, `1 = 6.675 , Vo = −13.058m/s e P(O − C)2/σ2 = 72.253

Por fim, uma ´ultimacautela que devemos tomar ´ea respeito da expans˜aoda f´ormula de velociade radial. Principalmente para excentricidades altas podemos enxergar per´ıodos 100 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais esp´uriosna curva de VR, devido aos res´ıduos advindos do truncamento da s´erie. Um exemplo disto est´adado na figura (4.12), onde desenhamos a mesma curva de VR, uma delas calculada de forma exata e outra expandida at´equarta ordem nas excentricidades. Doravante, usaremos sempre a solu¸c˜aoexata, resolvendo numericamente a equa¸c˜aode Kepler.

Figura 4.12: Curva vermelha - Velocidade radial gerada com o truncamento da s´erieem ordem 4. Azul - curva exata.

4.3.1 As minimiza¸c˜oespropriamente ditas

Com essas ressalvas feitas, passamos, enfim, ao processo de determina¸c˜aoda solu¸c˜aoa partir dos dados gerados com as condi¸c˜oes que mencionamos. Os detalhes de cada uma delas s˜ao:

• 800 amostras com 50 pontos cada ;

• Espa¸camento regular de cinco dias;

• σ = 6.5m/s;

• 40000 intera¸c˜oese 100 “chutes” para o Algoritmo gen´etico + 200 amostras com 10000 intera¸c˜oescom o Simplex.

Apresentamos primeiramente os per´ıodos encontrados presentes na figura (4.13). Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 101

Figura 4.13: Per´ıodos resultantes do ajuste. Eixo vertical ´e P1 e o horizontal P2.

A figura (4.13) nos chamou bastante a aten¸c˜ao,pois notamos um fenˆomenointeressante: h´adois conjuntos de solu¸c˜oesbastante distintos, o conjunto 1 que reproduz aproximada- mente os per´ıodos iniciais propostos (P1 ≈ 180d e P2 ≈ 365d) e o conjunto 2, no qual

P1 ≈ P2 ≈ 365d, apontando para uma ressonˆancia1:1. Para analisarmos a coerˆenciadestas solu¸c˜oes,tomamos um exemplo, escolhido ao acaso, de cada uma delas e tra¸camossua velocidade radial. As curvas geradas podem ser vistas em (4.14-A) e (B), demonstrando que ambas reproduzem de forma satisfat´oria a curva original, dada em vermelho. Portanto, os gr´aficos(4.14-A) e (B) mostram que tanto a solu¸c˜aodo conjunto 1 quanto as do conjunto 2 s˜aoaceit´aveis, e isto pode se tornar um s´erioproblema, ao nos depararmos com este dilema em situa¸c˜oespr´aticas.O m´etodo de ajuste n˜aonos fornece informa¸c˜oes para sabermos quais as frequˆenciasreais dos dados. 102 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.14: Em (A), curva azul, tomamos os parˆametros: K1 = 31.560m/s,K2 = o o 35.001m/s,e1 = 0.285,e2 = 0.477,P1 = 357.54d,P2 = 181.888,ω1 = 353.801 ,ω2 = 10.199 , o o `1 = 353.859 , `2 = 349.216 e Vo = 0.034m/s. Em (B) K1 = 63.208m/s,K2 = o o 47.001m/s,e1 = 0.511,e2 = 0.763,P1 = 366.513d,P2 = 365.578d,ω1 = 1.021 ,ω2 = 7.724 , o o `1 = 359.302 , `2 = 177.617 e Vo = 0.033m/s. Tanto em (A) quanto em (B), a curva vermelha representa as condi¸c˜oesiniciais propostas.

As condi¸c˜oesdo conjunto 2 apresentam, ainda, as seguintes particularidades:

1. ∆$ ≈ 0o (as solu¸c˜oesdo conjunto 1 s˜ao ≈ 0 ou 2π);

2. 0.4 ≤ e ≤ 0.8;

3. ∆` ≈ 0o ( ≈ 0 ou 2π para o conjunto 1);

Quanto aos demais elementos, podemos ver as excentricidades nos gr´aficos(4.15) e (4.16). No primeiro deles, os pontos vermelhos representam o conjunto 2, enquanto que em preto, os resultados do conjunto 1. Em (4.15), temos o histograma apenas dos pontos do conjunto 1, e, percebemos o mesmo vi´esj´aencontrado anteriormente, as m´ediass˜ao he1i = 0.25 e he2i = 0.42. Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 103

Figura 4.15: Em vermelho as excentricidades do conjunto 2 e, em preto, as do 1.

Por fim, na figura (4.17) apresentamos as semiamplitudes das velocidades radiais para cada um dos grupos de solu¸c˜oesencontradas.

Figura 4.16: Histograma das solu¸c˜oesdo conjunto 1. Para relembrar, os valores iniciais

propostos s˜ao: e1 = 0.1271 e e2 = 0.3923, que est˜aorepresentados pelas linhas verticais

em vermelho. O valor m´ediodos histogramas s˜ao he1i = 0.25 e he2i = 0.42, superiores aos inicialmente propostos.

De (4.16) e (4.17), precebemos que tanto as excentricidades quanto as amplitudes s˜ao bastante superiores `aquelasinicialmente propostas. Disto, conclu´ımosque a confus˜aoentre os per´ıodos dos conjuntos 1 e 2 eventualmente podem ser causadas por uma diferen¸cade 104 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais fase. Finalmente na figura (4.18), exprimimos a qualidade dos ajustes feitos, demonstrando que todas as solu¸c˜oesencontradas s˜aorelevantes. Os argumentos para descartarmos uma em detrimento de outra deve vir ou da procura de algum ind´ıciona an´alisedos periodogra- mas dos dados que a geraram ou, ainda, de argumentos dinˆamicos.

Figura 4.17: Em vermelho o conjunto 2 e, em preto, o conjunto 1. A estrela verde representa

os valores K1 = 38.972m/s e K2 = 28.684m/s

Figura 4.18: Qualidade de cada um dos ajustes, em (A) temos o termo Σ(O − C)2/σ2. Em (B), o wrms das solu¸c˜oesdo tipo 1 e, em (C), as solu¸c˜oesdo conjunto 2.

Os resultados apresentados at´eo momento nos mostra que, considerando somente as solu¸c˜oescom per´ıodos ≈ 180 e ≈ 365, h´auma tendˆenciade superestimarmos a excentrici- dades do par no sistema. Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 105

Para corroborar com esta conclus˜ao,exploramos as mesmas condi¸c˜oesexpostas com n´ıveis diferentes de ru´ıdos,contemplamos tamb´emas situa¸c˜oesem que σ = 5, 7 e 9 m/s. Al´emdos ru´ıdos,outra diferen¸ca´eque, tomaremos 500 amostras com 100 medidas em cada uma delas, alteramos ainda os parˆametrosde nossos programas, de 40000, passaremos a usar 100000 intera¸c˜oesno algoritmo gen´eticoe implementamos tamb´emo algoritmo simplex, da mesma forma como nos cap´ıtulosanteriores. Nestas situa¸c˜oes,nos deparamos com os mesmos conjuntos de per´ıodos que encontramos na figura (4.13) e, como tais, apresentam as mesmas caracter´ısticasque j´adescrevemos. Portanto, nos gr´aficos(4.19), excluimos as solu¸c˜oescujos per´ıodos s˜aotais que P1/P2 ≈ 1. Julgamos necess´arioinformar tamb´emo n´umerode pontos em cada uma das figuras do gr´afico(4.19): Em (A), para σ = 5 m/s temos 327 pontos, enquanto nos demais temos 325 para σ = 7 e 323 para σ = 9m/s. Ou seja, das 500 amostra consideradas, da ordem de 35% foram descartadas. Os crit´eriospara estas exclus˜oesforam os mesmos que utilizamos na se¸c˜ao(4.2), utilizando o teste F, que est´ailustrado mais precisamente na figura (4.6).

2 A diferen¸ca´eque calculamos agora 3 valores para Q: atrav´esda m´edia, QM ; o segundo pelo ajuste de apenas um corpo Q1c e o terceiro, considerando dois corpos no sistema, Q2c.

Comparamos primeiramente QM com Q1c e por fim Q1c e Q2c, e excluimos aqueles em que a semelhan¸cados valores de Q ´emaior que 5%. Das 500 amostras, da ordem de 2% foram excluidas por este crit´erio,as restantes foram causadas pela ocorrˆenciade P1/P2 ≈ 1. Na figura (4.19) cada ponto representa um m´ınimoque encontramos para cada conjunto sint´eticode dados, ap´os100000 itera¸c˜oes. O ponto em vermelho representa a condi¸c˜ao inicial proposta. E percebemos que a dispers˜aodas excentricidades, por exemplo, ´etanto maior quanto ´eo ru´ıdoque os dados possuem. Como vemos, nossos resultados s˜aodiferentes das condi¸c˜oespropostas. O valor m´edio dos elementos da figura (4.19) s˜ao:

1. σ = 5m/s : hK1i = 40.144m/sd, he1i = 0.386, hP1i = 182.588d, hK2i = 29.131m/s,

he2i = 0.1512 ,hP2i = 364.934d

2. σ = 7m/s : hK1i = 39.836m/s, he1i = 0.3861, hP1i = 182.546d, hK2i = 28.921m/s,

he2i = 0.1875 e hP2i = 365.421d

3. σ = 9m/s : hK1i = 40.563m/s, he1i = 0.392, hP1i = 183.1437d, hK2i = 30.477m/s, 106 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

he2i = 0.2329 e hP2i = 363.68d

Figura 4.19: Em (A) o ru´ıdodos dados ´e5m/s, em (B), de 7m/s; e de 9m/s, em (C). Cada ponto representa as solu¸c˜oes obtidas em amostras sint´eticasde 100 medidas cada uma e

espa¸camento regular de 5 dias. Neste gr´aficoexclu´ımosas solu¸c˜oes P1/P2 ≈ 1. Em vermelho temos a condi¸c˜aoinicial proposta.

Os valores (M1,M2), calculados a partir dos valores m´edios,informados acima, respec- tivamente, s˜ao:(1.033; 1.012), (1.025; 0.977) e (1.042; 1.041). Comparando os valores m´edios,veremos primeiramente uma tendˆenciaem superestim´a- los, alguns de forma bastante acentudada, como ´eo caso de e2. Todavia, entendemos ser mais interessante observar a dispers˜aodos pontos em cada um dos casos e veremos que esta ´emaior dependendo do ru´ıdo inserido, como seria esperado. Notamos assim que, ape- sar de he1i reproduzir, at´ede forma satisfat´oria,o valor conhecido, isto pode ser um fato Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 107 acidental, uma vez que este elemento pode assumir valores d´ısparesno intervalo [0.2−0.6].

J´ao valor de he2i ´enitidamente superior, atingindo at´e,para σ = 9, aproximadamente o dobro do valor inicial; a dispers˜aopara este elemento tamb´em´egrande [0 − 0.6]. Por fim, nas amplitudes temos diferen¸casde at´e1.8 m/s, que podem superestimar as massas, parˆametroimportante para a dinˆamicado sistema. Para finalizarmos esta se¸c˜ao,analisamos o comportamento dinˆamicodas solu¸c˜oesque encontramos. Nosso intuito ´everificar se as libra¸c˜oesem (4.8) s˜aopreservadas. Primeira- mente, integramos os valores m´ediosque calculamos anteriormente e apresentamos o re- sultado desta tarefa no gr´afico(4.20). Vemos que os ˆangulos de interesse libram, embora n˜aocom a mesma amplitude e per´ıodo da figura (4.8)

Figura 4.20: Em preto: condi¸c˜oesiniciais propostas. Vermelho: hK1i = 40.144m/s, he1i =

0.386, hP1i = 182.588d, hK2i = 29.131m/s, he2i = 0.1512 e hP2i = 364.934. Azul: hK1i =

39.836m/s, he1i = 0.3861, hP1i = 182.546d, hK2i = 28.921m/s, he2i = 0.1875 e hP2i =

365.421. Por fim, em verde: hK1i = 40.463m/s, he1i = 0.392, hP1i = 183.1437d, hK2i =

30.477m/s, he2i = 0.2329 e hP2i = 363.68. Em todos os casos tomamos ω1 = `1 = ω2 = `2 = 0.

As integra¸c˜oesque deram origem a figura (4.20) foram feita por 10000 anos com sa´ıdas a cada 5 anos utilizando o integrador Radau15. Repetimos estas integra¸c˜oespara cada uma das condi¸c˜oesencontradas, assim, recon- stru´ımosa figura (4.19) com modifica¸c˜oesque a partir de agora, chamaremos de figura (4.21), em que o c´odigode cores representa um comportamento dinˆamicodiferente. Salien- tamos que em (4.20) tomamos arbitrariamente ω1 = `1 = ω2 = `2 = 0; j´aem (4.21) estes elementos assumiram seus valores nominais, advindos da minimiza¸c˜ao. 108 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.21: O mesmo da figura (4.19) onde a cor verde representa as solu¸c˜oes em que

ambos os ˆangulos,∆$ e 2λ1 − λ2 − $1, libram. Em azul eles circulam e, em preto, s˜ao ´orbitasinst´aveis.

Na figura (4.21), as solu¸c˜oesem preto representam ´orbitasinst´aveis, em verde temos as solu¸c˜oesem que ambos os ˆangulosest˜aoem estado de libra¸c˜aoe, em azul, vemos que eles circulam. O n´umerode condi¸c˜oeslibrando, circulando e inst´aveis dependem do valor do ru´ıdoinserido, em (A), para σ = 5, estes n´umeross˜ao,para circula¸c˜ao92, inst´aveis 30 e 205 em libra¸c˜ao. Em (B), dos 325 resultados, 107 destes circulam enquanto 80 s˜ao inst´aveis e, em (C), as condi¸c˜oesem que os angulos circulam s˜aoem n´umero100 e 130 n˜ao sobrevivem aos 10000 anos de integra¸c˜ao.Concluimos assim que as libra¸c˜oes dependem dos ru´ıdosinseridos basta observamos como a nuvem de pontos verdes, referentes a libra¸c˜ao, diminui gradativamente `amedida que aumentam os ru´ıdosnos dados. Consideramos um Se¸c˜ao 4.3. Sistema: Estrela + dois planetas 109 exemplar de cada uma das solu¸c˜oesdo gr´afico(4.21) e as apresentamos explicitamente na figura (4.22), tomamos este cuidado para demonstrar que al´emde solu¸c˜aooscilando em 0, como em (4.8), encontramos tamb´emlibra¸c˜oesem π.

Figura 4.22: Resultados obtidos para σ = 7. Em verde temos: K1 = 41.394m/s, e1 = 0.369,

P1 = 181.224, ω1 = 6.274, `1 = −0.063; K2 = 27.763m/s, e2 = 0.01, P2 = 378.023,

ω2 = 4.232, `2 = 0.231. Em vermelho: K1 = 47.033m/s, e1 = 0.320, P1 = 181.322,

ω1 = 6.249, `1 = −0.015; K2 = 29.509m/s, e2 = 0.191, P2 = 358.817, ω2 = 3.027, `2 =

9.447. Em preto: K1 = 37.696m/s, e1 = 0.405, P1 = 180.979, ω1 = 6.235, `1 = −0.043;

K2 = 28.391m/s, e2 = 0.189, P2 = 363.478, ω2 = 6.080, `2 = 6.378. Azul: K1 = 36.288m/s,

e1 = 0.459, P1 = 181.771, ω1 = 6.625, `1 = 6.118; K2 = 31.922m/s, e2 = 0.318, P2 = 364.420,

ω2 = 6.800, `2 = 5.719.

Nesta ´ultimasitua¸c˜aoque estudamos, os resultados que obtivemos cujos per´ıodos s˜ao aproximadamente iguais tamb´emse apresentaram inst´aveis. Isto pode at´enos servir de crit´eriose nos depararmos com este tipo de problema na pr´atica, mas, como as solu¸c˜oes,1:1 e 2:1, s˜aoigualmente prov´aveis, n˜aodevemos excluir da an´alisenenhuma das possibilidades.

Por fim, observamos que, principalmente nos diagramas e1 vs. e2, que para σ = 5m/s h´auma nuvem de pontos em libra¸c˜aobastante n´ıtida. Todavia, a densidade desta vai 110 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais diminuindo a medida que os ru´ıdos aumentam. Para σ = 9m/s observamos apenas alguns casos pontuais de libra¸c˜ao.

4.4 Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas

Nesta se¸c˜aorepetimos os procedimentos da anterior, entretanto modificamos as condi¸c˜oes iniciais, que agora s˜ao: Condi¸c˜oes(4.4-A):

• a1 = 0.6299 , a2 = 1.0031UA;

• e1 = 0.1105 , e2 = 0.3840;

• M1 = 1.0MJ , M2 = 0.333MJ ;

• K1 = 36.069m/s , K2 = 10.14964m/s;

o o • ω1 = 115.9 , ω2 = 0 ;

o o • `1 = 310 , `2 = 65.30 ;

• P1 = 182.5d e P2 = 365.9d.

Como anteriormente, tomamos 500 amostras, cada uma com 100 medidas, e os parˆametros dos algoritmos foram os mesmos que na se¸c˜aoanterior. As condi¸c˜oesapresentadas sob o nome (4.4-A) tamb´ems˜aoACR, mas de natureza diferente. Aqui ela ´eassim´etrica,como vemos na figura (4.23): Se¸c˜ao 4.4. Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas 111

Figura 4.23: Resultado da integra¸c˜aodas condi¸c˜oes(1.4-A).

Para estas condi¸c˜oes,corremos o risco alertado na figura (4.10), vejamos uma curva de velocidade radial gerada, a seguir, na figura (4.24).

Figura 4.24: Exemplo de curva de velocidade radial gerada pelas condi¸c˜oes(1.4-A)

A figura (4.24) foi gerada com as condi¸c˜oes(1.4-A), sem ruidos. A partir dela, prevemos dificuldades em deduzir dois per´ıodos em gr´aficos como este. A amplitude de VR causada pelo corpo externo na estrela ´ede apenas 10m/s e, portanto, altos n´ıveis de ru´ıdocausar˜ao situa¸c˜oescr´ıticaspara a determina¸c˜aodeste segundo corpo. A seguir, na figura (4.25), apresentamos os resultados desse experimento, onde o c´odigo de cores ´eo mesmo que o utilizado na figura (4.21), da se¸c˜aoanterior. Nesta figura, 112 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais j´afizemos a sele¸c˜aodos resultados atrav´esdo teste F, da maneira como mencionamos anteriormente e tamb´emas ocorrˆenciasem que P1/P2 ≈ 1, isto, reduz em mais de 50% as amostras consideradas.

Figura 4.25: An´alogaa figura (4.20) com as condi¸c˜oes(1.4-A)

Os gr´aficos(4.25) apresentam em m´edia230 pontos, ou seja, o n´umerode ocorrˆencias indesejadas foi superior a 50%, como j´aesper´avamos. Destas, as condi¸c˜oesinst´aveis s˜ao 70 − 80%, como ´edado a seguir a seguir:

• Em (A): 44 libradores, 28 circulam e 177 inst´aveis;

• Em (B): 18 libram, 24 circulam e 194 s˜aoinst´aveis;

• Em (C): 17 libram , 30 circulam e 170 inst´aveis.

Para uma melhor visualiza¸c˜aoe compararmos melhor os resultados apresentamos o histograma das excentricidade, que pode ser visto em (4.26). Se¸c˜ao 4.4. Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas 113

Figura 4.26: Histogramas das excentricidades. A linha vertical vermelha representa o valor inicial proposto.

A figura (4.26) nos ajuda a ver que os valores, principalmente e2, s˜aosuperestimados e este vi´es´emaior, quanto maior ´eo ru´ıdoinserido. Por fim, na figura (4.27), verificamos que h´auma reprodu¸c˜aorazo´avel dos os elementos angulares. 114 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.27: Histogramas de ∆$ e ∆`. A linha vertical vermelha representa o valor inicial proposto.

Testamos tamb´emas condi¸c˜oes (4.4-B), que representam um ACR (0, 0):

Condi¸c˜oes(4.4-B)

• a1 = 0.6298 , a2 = 1.0UA;

• e1 = 0.41375 , e2 = 0.0946; Se¸c˜ao 4.4. Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas 115

• M1 = 1.0MJ , M2 = 3.0MJ ;

• K1 = 39.375m/s , K2 = 85.840m/s;

o o • ω1 = 0.0 , ω2 = 0 ;

o o • `1 = 0 , `2 = 0.0 ;

• P1 = 182.4d e P2 = 364.7d.

Este tamb´emfoi um caso delicado, situa¸c˜aoque pode ser vista no gr´afico(4.28) em que representamos todas as 500 amostras consideradas para σ = 5m/s. Exploramos so- mente este valor de ru´ıdo,mas consideramos este exemplo importante, pois nos traz uma miscelˆaneade per´ıodos muito grande. Em (4.28-A), temos o diagrama de per´ıodos onde observamos uma grande variedade de valores poss´ıveis: P1 est´adistribu´ıdono intervalo

[360, 3500] ao passo que P2 em [5, 1000]. Em (B), h´aas excentricidades. Resultado curioso, pois encontramos agrupamentos bem distintos que destacamos na figura como conjuntos I, II, III e IV.

Figura 4.28: Resultados para as condi¸c˜oes(4.4-B) em que σ = 5m/s.

Como nos casos anteriores, efetuamos uma limpeza no gr´afico(4.28), considerando somente os casos em que P rob(F ) ≤ 5%, e assim reconstru´ımoso gr´aficoanterior, que apresentamos agora como a figura (4.29). 116 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.29: An´alogo`afigura (4.26), mas eliminamos os ajustes irrelevantes.

Notamos uma substancial redu¸c˜aono n´umerode elementos. Temos agora 360 pontos. Mas a divis˜aoentre os quatro grupos persiste. Quanto aos per´ıodos, notamos que a grande nuvem de pontos que se estendia at´evalores superiores a 3000 dias foi eliminada. Resta-nos agora um agrupamento em P2 ≈ 365d e P1 ≈ [365−700]d. Demonstramos individualmente estes per´ıodos no gr´afico(4.29), que trata-se apenas de um zoom na escala e percebmos ent˜aoque os valores que encontramos s˜ao: P2 ≈ [350 − 368]d e P1 ≈ [365 − 700]d

Figura 4.30: Restri¸c˜aoda figura anterior para os resultado em que P1 ≈ 365 e P2 ≈ [365 − 700]d.

As excentricidades que formam o conjunto I e III, como vemos por (4.30), s˜aointegral- mente aquelas com per´ıodos P1 ≈ 365 e P2 ≈ [365−700]d. Como j´afizemos anteriormente, Se¸c˜ao 4.4. Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas 117 vamos comparar as curvas de velocidades radiais geradas pelos resultados do grupo I e III com as dos dados originais.

Figura 4.31: Curva verde: K1 = 113.474m/s, e1 = 0.303, P1 = 366.228d, ω1 = 6.233rad,`1 =

6.233rad; K2 = 35.243m/s, e2 = 0.776, P2 = 497.517d, ω2 = 6.261rad,`2 = 10.271rad e Vo =

−1.979m/s. Curva azul: K1 = 114.556m/s, e1 = 0.298, P1 = 366.486d, ω1 = 6.195rad,`1 =

6.360rad; K2 = 37.330m/s, e2 = 0.795, P2 = 682.910d, ω2 = 6.168rad,`2 = 4.609rad e Vo =

−4.960m/s. Vermelha: K1 = 115.336m/s, e1 = 0.313, P1 = 363.828d, ω1 = −0.076rad,`1 =

6.325rad; K2 = 35.800m/s, e2 = 0.716, P2 = 371.697d, ω2 = 6.188rad,`2 = 9.504rad e

Vo = −0.717m/s. Por fim, a curva preta representa as condi¸c˜oesiniciais propostas.

Portanto, de (4.31), percebemos que as curvas s˜aoequivalentes e podem nos levar a resultados enganosos. Dando prosseguimento a esta se¸c˜ao,passaremos `aan´alisedos outros per´ıodos que foram vistos na figura (4.31), restringindo-nos agora, ao intervalo 100 ≥ P2 ≤ 300 dias e 300 ≥ P2 ≤ 400, que podemos ver em (4.32), a seguir. Notamos trˆesnuvens de pontos bem caracter´ısticasque representam raz˜oesde per´ıodos distintas. Dos 360 pontos de (4.29), temos agora t˜aosomente 171 pontos, ou seja, menos da metade dos dados. 118 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.32: Resultados das condi¸c˜oes(1.4-B) que reproduzem de maneira aproximada os per´ıodos iniciais propostos

Do diagrama (4.32), notamos dois remanescentes do conjunto III, que est˜aorelacionados aos per´ıodos cuja raz˜ao´e1.5, j´aas excentricidades em II s˜aoexclusivamente da condi¸c˜ao

P1/P2 ≈ 3. Ambos os conjuntos, II e III, tamb´emreproduzem de forma satisfat´oriaas condi¸c˜oes(4.4-B), como verifica-se na figura (4.33).

Figura 4.33: Curva vermelha: K1 = 19.568m/s, e1 = 0.094, P1 = 121.238d, ω1 =

6.236rad,`1 = 3.218rad; K2 = 115.565m/s, e2 = 0.490, P2 = 363.740d, ω2 = 6.263rad,`2 =

6.285rad. Curva azul: K1 = 21.534m/s, e1 = 0.580, P1 = 243.498d, ω1 = 6.465rad,`1 =

1.529rad; K2 = 107.486m/s, e2 = 0.361, P2 = 356.733d, ω2 = 0.078rad,`2 = 6.158rad

e Vo = −0.106m/s. Curva verde: K1 = 36.997m/s, e1 = 0.442, P1 = 182.872d,

ω1 = 0.081rad,`1 = 0.023rad; K2 = 88.793m/s, e2 = 0.1426, P2 = 364.985d, ω2 =

6.432rad,`2 = 6.136rad e Vo = −0.237m/s. Se¸c˜ao 4.4. Sistema: Estrela + dois planetas - Diferentes raz˜oesdas massas 119

Para os elementos angulares, informamos que:

• P1/P2 ≈ 3: ∆$ ≈ 0(2π) e ∆` ≈ π;

• P1/P2 ≈ 1.5: ∆$ ≈ 0(2π) e ∆` ≈ π/2.

Por fim, passaremos `aan´alisedos dados do grupo IV, aqueles em que os per´ıodos s˜ao aproximadamente iguais aos da condi¸c˜ao(4.4-B), e apresentamos o histograma (4.34) de cada uma das vari´aveis envolvidas no processo. Da quantidade incial de 500 amostras, temos restante, t˜aosomente, 159 para a an´alisefinal.

Figura 4.34: Histograma das solu¸c˜oesdo conjunto IV. 120 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Como vemos, notamos uma predisposi¸c˜aoem considerarmos os parˆametrosmaiores do que realmente s˜ao,neste caso tanto a excentricidade quanto a amplitude do corpo externo s˜ao,em geral, superiores ao valor inicial conhecido. Como complemento `afigura anterior, apresentamos a figura (4.35) em que temos a distribui¸c˜aodos valores de ∆$ e ∆` que encontramos.

Figura 4.35: Elementos angulares dos elementos do conjunto IV.

Para finalizar este caso, constru´ımos,como anteriormente, o diagrama dinˆamico,para verificar se as solu¸c˜oesACR s˜aoverificadas.

Figura 4.36: Comportamento dinˆamicodo conjunto IV, gr´aficoan´alogoas figuras (4.20) e (4.23).

Percebemos uma nuvem de pontos bem definida, representando a libra¸c˜ao.Devido aos Se¸c˜ao4.5. Influˆenciada Atividade Estelar nas Velocidade Radiais 121 custos computacionais elevados, n˜aoexploramos, para esta raz˜aode massas, as situa¸c˜oes em que σ = 7 e 9 m/s, mas esperamos que estes apresentem o mesmo comportamento anterior: `amedida que os ru´ıdosaumentam os pontos em verde v˜aoficando cada vez mais raros, dificultando a classifica¸c˜aodo sistema como ressonante. Al´emde um maior n´umero de ocorrˆenciasde solu¸c˜oesindesejadas, ou seja, raz˜oesde per´ıodos diferentes daquelas inicialmente propostas.

4.5 Influˆenciada Atividade Estelar nas Velocidade Radiais

Al´emdos itens que citamos na se¸c˜aoanterior, outra precau¸c˜aoque devemos tomar ´e saber que nem toda varia¸c˜aoda velocidade radial observada pode ser atribu´ıdaa planetas. Como citamos, a maioria dos sistemas conhecidos est˜aoem estrelas do tipo F, G e K que s˜ao,em geral, estrelas menos ativas. Por outro lado, observa-se a quase inexistˆenciade planetas descobertos em estrelas do tipo M, que possuem alta atividade magn´etica e s˜ao a maioria das estrelas observadas. Ent˜ao,´enatural nos questionarmos as influˆenciasdas atividades estelares, uma vez que um bom entendimento disto pode ampliar significativa- mente o n´umerode planetas catalogados, ajudando na detec¸c˜aode sistemas em estrelas ativas. Pesquisamos na literatura estudos que comprovam influˆenciasde explos˜oese manchas e procuramos por t´ecnicaspara as diferenciarmos das causadas por planetas. Os trabalhos neste campo s˜aopuramente num´ericose fenomenol´ogicos,por esta raz˜aoapenas apresen- tamos os principais resultados dispon´ıveis. A primeira referˆencia que citamos ´eReiners (2009). O autor apresenta a an´alisede trˆes noites de observa¸c˜aoda estrela CN-Leo (Wolf 359). Esta ´edo tipo M, com uma massa bem menor que a do Sol (0.09M ) . Em uma das noites, vˆe-seum aumento significativo da velocidade radial observada, que reproduzimos na figura (4.37). 122 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais

Figura 4.37: Gr´aficoextra´ıdode Reiners (2009). Em (A), h´aa grande explos˜ao,vista em maiores detalhes logo na primeira noite de observa¸c˜aoe ´emarcada por uma forte emiss˜aona

linha Hα. Em (B), os c´ırculoscinzas representam a luminosidade normalizada Hα, enquanto os demais s´ımbolos, a amplitude de velocidade radial alcan¸cada.

Em (4.37-A) temos o primeiro grande sobressalto, logo no in´ıciodas observa¸c˜oes.Na segunda noite, devido as m´ascondi¸c˜oesclim´aticasn˜aoh´amuitas medidas dispon´ıveis, e, por fim, na terceira, h´auma s´eriede pequenos sobressaltos que podem ser visualmente no- tados. J´aem (4.37-B) est´arepresentado no eixo da esquerda a velocidade radial, enquanto Se¸c˜ao4.5. Influˆenciada Atividade Estelar nas Velocidade Radiais 123

no da direita a escala de luminosidade Hα. Embora n˜aoseja vis´ıvel, o autor afirma haver varia¸c˜oesde at´e600m/s durante a primeira noite. Julgamos estes gr´aficosinteressantes por entender tratar-se de uma boa ilustra¸c˜aodo fenˆomenode jitter. Como j´amencionamos em cap´ıtulosanteriores, o jitter trata-se da influˆenciada atividade estelar nas medidas de VR. Verificamos que as oscila¸c˜oestrazem `asmedidas erros adicionais, que fogem ao controle do observador devido sua imprevis- ibilidade. Nestes gr´aficos,excetuando a explos˜aona primeira noite a atividade causam ruidos estimados em σ = 8m/s pode ru´ıdos,na terceira noite, este valor h´a´ediferente e de 10m/s. Assim, o trabalho de Reiners (2009) procura obter correla¸c˜oesentre as velocidades ra- diais e as linhas espectrais, nos ajudando a entender melhor a influˆenciada atividade na amplitude de velocidade radial. O autor conclui que explos˜oes,como a observada, n˜aocom- promentem a pesquisa por exoplanetas, pois estas possuem uma assinatura caracter´ıstica: s˜aoclaramente distingu´ıveis, bem como a correla¸c˜aoentre Hα. Outro trabalho importante, que nos fornecer´aresultados que quantificam de forma expl´ıcitaa amplitude de VR causada por manchas, ´eo de Saar e Donahue (1997). Nesse estudo, os autores calculam as perturba¸c˜oescausadas por manchas em estrelas do tipo G, que dependem da ´areada mancha considerada,fs, em % da ´areatotal do disco, que pode variar de 0% para estrelas velhas e inativas at´e6%, como ´eo caso de HD129333, o Sol, por exemplo, possui fs = 0.15%. Esta amplitude depende ainda da localiza¸c˜aoda mancha, bem como de sua temperatura e a da estrela. Os autores, em processos computacionais, simularam uma estrela do tipo solar (T=5750 K) com ´areapara a mancha fs = [0 − 2]% e temperatura para esta de 0K localizada no equador da estrela. Deduz-se ent˜aouma equa¸c˜aoemp´ıricadada por:

0.9 As ≈ 6.5fs vsini (4.4)

Onde As ´ea amplitude de VR causada pela mancha com as especifica¸c˜oesque men- cionamos, possui unidades de m/s. O fator fs e ´edado em porcentagem. O termo vsini representa a velociade de rota¸c˜aoda estrela projetada na linha de visada. Apresenta-se no gr´afico(4.38) as curvas de n´ıvel da equa¸c˜ao(4.4) em fun¸c˜aoda ´areada mancha e da 124 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais velocidade de rota¸c˜aoda estrela, esta do tipo G, com temperatura de 5750K, enquanto que a mancha possui 0K.

Figura 4.38: Gr´aficoextra´ıdode Saar e Donahue (1997) representando as curvas de n´ıvel da equa¸c˜ao(4.4).

Pela figura (4.38), vemos que para o Sol, por exemplo, com vsini ≈ 2km/s, uma mancha, para causar a mesma amplitude de velocidade radial que J´upitercausa, deve possuir um fs de aproximadamente 1.1%. Como outros exemplos, podemos citar tamb´em

HD129333, com fs = 6% e vsini = 15 − 17km/s que pode ter varia¸c˜oesde at´e200 m/s.

H´atamb´emo caso de VB64 ou 9 Ceti com ≈ 0.8giga − anos e amplitude As = 30/50m/s. Por fim, um trabalho mais completo ´eo de Desort et al. (2007). Nele podemos en- contrar as mesmas simula¸c˜oesde Saar e Donahue, mas explorando melhor o espa¸code parˆametros. Levando-se em considera¸c˜ao,por exemplo, a localiza¸c˜aoda mancha, a res- olu¸c˜aodos aparelhos utilizados, etc. Uma simula¸c˜aocontida nesse trabalho ´ea de uma

o mancha de latitude 60 graus, fs = 1.02, vsini = 7km/s(com i = 30 ), em uma estrela do tipo G2V(T=5800K), tal ´emostrada na figura (4.39), cuja amplitude em VR pode ser Se¸c˜ao4.5. Influˆenciada Atividade Estelar nas Velocidade Radiais 125

confundida com um planeta de per´ıodo 3.7 dias e aproximadamente 0.51MJ . Para esta mesma estrela, uma mancha equatorial produz uma amplitude dada por (4.5).

1.1 As ≈ 16fs(vsini) (4.5)

Figura 4.39: Gr´aficoextra´ıdode Desort et al. (2007). Em (A), a localiza¸c˜aoda mancha na superf´ıcieda estrela e, em (B), a amplitude de varia¸c˜aoda velocidade radial causada por ela.

A an´aloga`aequa¸c˜ao(4.5), para uma estrela do tipo F, nas mesmas condi¸c˜oes,´e:

1.1 As ≈ 15.4fs(vsini) (4.6)

E, por fim, para uma do tipo K temos:

1.1 As ≈ 18.3fs(vsini) (4.7)

A diferen¸caentre as equa¸c˜oes(4.5) e (4.4) deve-se a parˆametros diferentes levados em considera¸c˜aonas simula¸c˜oes,como temperatura, condi¸c˜oesde aparelhagem, etc. Portanto, com estas equa¸c˜oes,podemos quantificar, ao menos grosseiramente, as contamina¸c˜oesde- vidas a manchas e explos˜oes. Por´emisto resolve apenas parcialmente o problema, pois necessitamos decidir se o que ´emedido ´ecausado por atividade ou se ´ealgum planeta no sistema. O que sabemos ´eque estas manchas s˜aoinst´aveis ao longo do tempo e causam um deslocamento Doppler assim´etricono espectro, ao contr´ariodas perturba¸c˜oesgeradas 126 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais por planetas. Uma das formas de se medir esta assimetria ´epor meio das linhas bisectoras, que s˜aomuito usadas na literatura e que tamb´emutlizaremos, especialmente no cap´ıtulo 5 dedicado ao Sistema CoRoT 7.

4.6 Conclus˜ao

Este cap´ıtulosalientou algumas das dificuldades que enfrentamos para se calcular os elementos orbitais. Iniciou-se com o intuito de adquirirmos uma certa seguran¸canos valores encontrados, na tentativa de verificarmos quais dos elementos orbitais s˜aoobtidos com maior confiabilidade. Na primeira parte deste cap´ıtuloconsideramos um sistema simples constitu´ıdode uma estrela e um planeta com massa igual `ade J´upitere semieixo igual a 0.435UA. Os re- sultados obtidos, para diferentes ru´ıdos,mostraram que, enquanto a massa e o semieixo s˜aobem determinados, h´auma forte tendˆenciaem superestimarmos a excentricidade do planeta em quest˜ao.Posteriormente, verificamos que este vi´esj´ahavia sido verificado por Shen e Turner (2008) e por esta raz˜aodecidimos aumentar a complexidade do sistema em estudo: tomamos trˆesconjuntos de condi¸c˜oesem ACR. Partimos assim de ´orbitascom dinˆamicaconhecida, atrav´esdas quais geramos medidas para as velocidades radiais. Do ajuste destas observa¸c˜oessint´eticasverificamos se o com- portamento dinˆamicodo sistema ´emantido, simplesmente comparando os resultados dos mesmos `ascondi¸c˜oesinicialmente propostas. Ficou claro que os resultados, obtidos com as t´ecnicasusuais, n˜aoreproduzem de forma satisfat´oriaas ´orbitasusadas na constru¸c˜ao do modelo. Basta lembrarmos as diferentes raz˜oesde per´ıodos que encontramos e tamb´em a dispers˜aonos diagramas K1 vs. K2, P1 vs. P2 e e1 vs. e2. Entretanto, considerando somente os resultados cujos per´ıodos reproduzem os originais, ainda encontramos dificul- dades, a correta identifica¸c˜aodo resultado como ressonante, depende do ru´ıdoinserido, quando este ´egrande, n˜ao´eposs´ıvel encontrar ´orbitasressonantes em libra¸c˜ao.Os argu- mentos para afirmarmos isto est˜aonos gr´aficos(4.21), por exemplo, onde observamos que a nuvem de pontos referentes `alibra¸c˜ao´ebem definida para σ = 5m/s, por´em,sua densi- dade diminui, ou seja as libra¸c˜oesse tornam cada vez mais dif´ıceisde serem encontradas, `amedida que tomamos σ = 7 e 9m/s. A situa¸c˜aofica ainda mais cr´ıticapara a segunda condi¸c˜aoque consideramos, m1/m2 = 3. Se¸c˜ao 4.6. Conclus˜ao 127

Outro resultado que julgamos curioso foi que diferentes raz˜oesde per´ıodos, que represen- tariam diferentes ressonˆancias,de diferentes ordens, podem reproduzir velocidades radiais equivalentes. Este foi o caso dos conjuntos que encontramos com P1 ≈ P2 ≈ 365 que pode- ria nos levar a procura de alguma solu¸c˜aocoorbital e tamb´em P1/P2 ≈ 3 e P1/P2 ≈ 1.5, que tratam-se de solu¸c˜oesposs´ıveis e que n˜aodevem ser excluidas das an´alises Por fim, estudamos tamb´em,apenas de forma te´orica,a influˆenciada atividade estelar nas velocidades radiais. E´ dado o cˆomputode forma emp´ırica, equa¸c˜oes(4.4), (4.5) e (4.7), para a amplitude de velocidade radial causada por manchas de diversos tamanhos em diferentes localiza¸c˜oesna superf´ıcieestelar. O efeito das manchas ´eproblem´atico:Elas s˜aomuito inst´aveis em tamanho, localiza¸c˜ao etc., por isto podem, segundo Reiners (2000), serem facilmente detectadas. Entretanto, veremos que isto, porventura, at´epode ocorrer, mas n˜ao´eposs´ıvel separar facilmente, nas medidas da velocidade radial, as contribui¸c˜oesadvindas da presen¸cade manchas daquelas dos hipot´eticosplanetas. No cap´ıtuloseguinte, veremos este tipo de problema ao tratarmos do Sistema CoRoT-7 e podemos observar que esta situa¸c˜ao ´emuito mais dram´aticado que aquela relatada na literatura. 128 Cap´ıtulo4. Confiabilidade da Determina¸c˜aoOrbital por Velocidades Radiais Cap´ıtulo 5

O Sistema CoRoT 7

5.1 Introdu¸c˜ao

Apresentamos neste cap´ıtuloa an´alisede CoRoT-7, um sistema bastante peculiar, por se tratar de planetas com massas compar´aveis `ada Terra e uma estrela bastante ativa. A miss˜aoCoRoT j´aobteve ˆexitosanteriores, como exemplo citamos a descoberta de CoRoT-2b, um planeta orbitando uma estrela do tipo G, com per´ıodo de 1.7 dias (Alonso et al. 2008). Outros que podemos mencionar s˜aoCoRoT-1b (Barge et al. 2009) e CoRoT-3b (Deleuil et al. 2008). Nestas descobertas, tem se mostrado uma constante a determina¸c˜ao de pelo menos um dos corpos ser feita por t´ecnicasde trˆansito.Somente ap´osa descoberta efetuam-se medi¸c˜oesde velocidades radiais para uma confirma¸c˜aodefinitiva.

Um destes sistemas ´eCoRoT-7, uma estrela do tipo G9V e massa 0.93M , que possui um planeta, chamado CoRoT-7b, descoberto por trˆansitoe de curto per´ıodo (≈ 0.85d). Entretanto, uma an´alisedas velocidades radiais mostrou a existˆenciatamb´emde um se- gundo planeta com per´ıodo de ≈ 3.7 dias. H´aconsenso na existˆenciadeste segundo corpo, mas, existe ainda uma grande con- trov´ersiaa respeito dos melhores elementos orbitais para ambos. Isto ocorre justamente por haver forte atividade estelar que influi na amplitude e periodicidade da velocidade radial: a rota¸c˜aoda estrela, por exemplo, ´epercebida nas medi¸c˜oes. Outro fator que contribui para esta disc´ordia´ea m´adistribui¸c˜aodos dados, principalmente no intervalo t = 775 − 845(JD − 2452000), que nos obrigou a restringir o intervalo de an´alisepara 845 ≤ t ≤ 875, em que as observa¸c˜oesforam feitas de forma mais cont´ınua e em muitas ocasi˜oes h´amais de uma observa¸c˜ao por noite. Essa limita¸c˜aotemporal ´eimportante, pois reduz o n´umerode medidas de 109 para 52, mas ´econveniente se quisermos atenuar o efeito 130 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7 de alias e, j´aque pesquisamos por um per´ıodo menor que um dia sideral, necessitamos de observa¸c˜oest˜aocont´ınuas quanto poss´ıvel. Outro fator que nos motivou a esta limita¸c˜ao foi a regularidade da atividade: no periodo de dias mencionado as medidas est˜aodisper- sas em um intervalo pouco superior a um per´ıodo da rota¸c˜ao estelar, mas nele podemos verificar os valores m´aximose m´ınimosalcan¸cadospela velocidade radial devido a ativi- dade. Portanto, analisamos na se¸c˜ao(5.2) os dados limitados em sua escala temporal e ´e justamente desta an´aliseque julgamos obter os resultados mais confi´aveis. Nas se¸c˜oesseguintes, estudamos uma tentativa de eliminarmos dos dados os efeitos de atividade estelar, da maneira proposta por Queloz (2009). No gr´afico8, do trabalho apresentado por esse autor, temos, em 8(a), as velocidades radiais, e, em 8(b), as medidas nas quais o efeito da rota¸c˜aoda estrela foi eliminado. Reproduzimos aqui, na figura (5.1), o gr´aficoreferido. O processo proposto suprime qualquer per´ıodo maior que cinco dias. E´ atrav´esdele que Queloz argumenta encontrar os valores para as massas que hoje s˜ao difundidos na literatura. Repetimos o mesmo procedimento, contudo, os resultados que alcan¸camosn˜aos˜aoconsistentes e ´edif´ıcilcompreender como os valores publicados para este sistema foram obtidos.

Figura 5.1: Reprodu¸c˜aodo gr´afico8 do artigo de Queloz et al. (2009). Se¸c˜ao5.2. An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875 131

Apresentamos, ainda, uma breve an´alisedas linhas bisectoras, comprovando que, muito provavelmente, a amplitude, cujo per´ıodo ´ede 3.7 dias, representa um planeta. Sobrevem, ainda, um per´ıodo de ≈ 9 dias, que ´etamb´embastante polˆemico,alguns autores afirmam se tratar de um terceiro corpo, contudo devemos ser prudentes em tal afirma¸c˜ao,e esperarmos medidas adicionais, pois veremos que este per´ıodo est´aassociado ao per´ıodo de rota¸c˜ao estelar.

5.2 An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875

Antes de analisarmos os dados livres dos efeitos da atividade estelar, estudaremos as velocidades radiais, como estas foram medidas, sem nenhuma filtragem.

Figura 5.2: Em (A), o espectro com todas as velocidades radiais medidas. Em (B), somente as medidas no intervalo 845 < t < 875.

Primeiramente, fizemos o espectro dos dados no intervalo citado, mostrado na figura (5.2-B), nela verificamos que h´aquatro per´ıodos significativos em que o principal deles, de 20.6 dias, ´eatribu´ıdo`arota¸c˜aoda estrela. Notamos que, quando consideramos todas as observa¸c˜oes,a rota¸c˜aosofre um pequeno acr´escimopassando a valer ≈ 23 dias, visto em (5.2-A). O segundo per´ıodo que surge na figura ´ede 3.7 dias, que consideraremos advindo de um planeta, os outros destacados s˜aode 9.1 e 6.4 dias, que, aparentemente, s˜ao“side-bands” do per´ıodo de rota¸c˜ao,provocado pela amostragem e tamanho pequeno do intervalo de medi¸c˜oes.Para corroborar isto, vemos que estes ´ultimosest˜aofortemente correlacionados com o per´ıodo de 20.57 dias, percebemos este fato, efetuando uma simples filtragem onde eliminamos de (5.2-B) a rota¸c˜aoda estrela. O resultado deste procedimento 132 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7 est´ana figura (5.3), em que, de significativo, vemos apenas o per´ıodo de 3.61 dias. Os sinais de 9.1 e 6.4 dias desaparecem juntamente com a rota¸c˜ao.

Figura 5.3: Em preto, elimina¸c˜aodo per´ıodo de rota¸c˜ao. Em cinza, o mesmo espectro da figura (5.2-B).

Fato curioso ´eque em (5.2-B) o per´ıodo ´ede 3.7d, enquanto que em (5.3) este se ap- resenta como 3.61d. Creditamos esta diferen¸ca`ainfluˆenciado per´ıodo de rota¸c˜ao,pois h´aum harmˆonicode alta ordem nas proximidades de 3.7d. Portanto, a figura nos leva a um ajuste prim´ariocom duas senoides, uma que modela a rota¸c˜aoe outra, com 3.7 dias, referente ao planeta. Medimos a qualidade do ajuste pela vari´avel wrms, j´aexposta no cap´ıtulo2, se¸c˜ao(2.4); cuja f´ormula ´edada abaixo, por (5.1) e (5.2):

2 S X (V r − yi) (wrms)2 = (5.1) N − M σ2 1 X 1 S−1 = (5.2) N σ2

Nas equa¸c˜oes(5.1) e (5.2) V r representa as velocidades calculadas e yi as medidas, feitas com precis˜aodada por σ. N trata-se do n´umerode medidas enquanto que M o de parˆametrosajustados. Salvo men¸c˜aocontr´aria,utilizamos o algoritmo gen´etico+simplex, e, a respeito da indetermina¸c˜aodas inclina¸c˜oes,fixamos i = 900. H´araz˜oesdinˆamicaspara acreditarmos que ambos os corpos possuem excentricidades iguais a zero, por esta raz˜ao, Se¸c˜ao5.2. An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875 133 em nossos algoritmos, sempre “for¸camos” e = 0 e ω = 0o, ent˜ao,o resultado de nossa primeira minimiza¸c˜ao´ea solu¸c˜ao(5.2-1), cuja representa¸c˜aogr´aficaest´ana figura (5.4).

• Solu¸c˜ao(5.2-1)

o K1 = 12.3080m/s, P1 = 20.34d, `1 = 193.374 o K2 = 5.5121m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.58d, `2 = 3.9591 , M2 = 12.563M⊕

Vo = 2.296m/s P(O − C)2/σ2 = 331.8 wrms = 4.7m/s

Figura 5.4: Gr´aficosgerados pela solu¸c˜ao5.2-1. Observamos a curva de velocidade radial gerada, juntamente com as medidas e os res´ıduosdeste primeiro ajuste. No espectro destes res´ıduosh´aum pico em 0.849d, que trata-se do per´ıodo de CoRoT-7b, o planeta de trˆansito.

Atrav´esdo “scramble” verificamos que o pico no espectro da figura (5.4) ´esignificativo. Portanto, ´enecess´arioum ajuste com trˆessenoides, uma delas com per´ıodo de 0.85 dias, 134 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7 que ´eo planeta encontrado por trˆansito.O resultado deste processo ´e:

• Solu¸c˜ao(5.2-2)

o K1 = 12.8070m/s, P1 = 20.38d, `1 = 191.013 o K2 = 6.022m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.64d, `2 = 19.69913 , M2 = 13.79M⊕ o K3 = 4.4114m/s, ω3 = 0.000, e3 = 0.000,P3 = 0.851d, `2 = 317.820 , M3 = 6.228M⊕

Vo = 2.44m/s P(O − C)2/σ2 = 172.20 wrms = 3.49m/s

A an´alisedos res´ıduosdeste ajuste ´emostrado no gr´afico(5.5).

Figura 5.5: An´alogaa figura 5, por´emcom os dados da solu¸c˜ao5.2-2.

Na figura (5.5) encontramos um per´ıodo de 11 dias com amplitude de S(f) ≈ 0.35, que acreditamos tratar-se de um harmˆonico do per´ıodo de rota¸c˜ao.Fizemos novamente o Se¸c˜ao5.2. An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875 135 ajuste, agregando o per´ıodo de 11 dias, pois, al´em deste possuir uma amplitude importante, consideramos o wrms da solu¸c˜ao5.1-2 ainda elevado. Cabe esclarecermos aqui que, n˜ao s´onesta ocasi˜ao,mas em todas as outras, quando afirmamos que tratamos um per´ıodo a mais no ajuste, n˜aoestamos o considerando fixo em nosso algoritmo. Por exemplo, quando planejamos incorporar a senoide de 11 dias, procuramos os melhores valores para sua am- plitude no intervalo [0 − 100] m/s e, para o per´ıodo, pesquisamos no intervalo de [5 − 15] dias, e para as fases, [0 − 360]o. J´aos dados da solu¸c˜aoanterior tamb´em s˜aodeterminados juntamente, n˜ao´epor que o conhecemos, sabemos que ele existe que iremos consider´a-lo fixo, s˜ao,tamb´em,determinados, juntamente com esta nova sen´oide incorporada. E deste processo encontramos o seguinte resultado:

• Solu¸c˜ao(5.2-3)

o K1 = 15.026m/s, P1 = 21.125d, `1 = 198.220 o K2 = 6.049m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.667d, `2 = 27.652 , M2 = 13.83M⊕ o K3 = 4.9945m/s, ω3 = 0.000, e3 = 0.000,P3 = 0.8531d, `3 = 328.167 , M3 = 7.05M⊕ o K4 = 4.2007m/s, P4 = 11.36d, `4 = 323.062

Vo = 1.849m/s P(O − C)2/σ2 = 78.1256 wrms = 2.4m/s

Desenhamos no gr´afico(5.6) as solu¸c˜oes(5.1-3).

Figura 5.6: Res´ıduose espectro dos mesmos gerados atrav´esda solu¸c˜ao(5.1-3). 136 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

O espectro de (5.6) traz um per´ıodo de 4.87 dias, com amplitude de ≈ 0.2. Devemos agora nos preocupar se esta amplitude ´esignificativa, ou seja, se ru´ıdossem correla¸c˜ao s˜aocapazes de produzir uma amplitude t˜aosignificativa quanto. Para isto, utilizamos novamente a t´ecnica “scramble” e na figura (5.7) apresentamos cada um dos 100 conjuntos que processamos.

Figura 5.7: “Scramble” dos res´ıduosque vemos na figura (5.6). Nesta figura temos 100 espectros, de cada uma das ordena¸c˜oesque fizemos, representados pelos pontos pretos. A curva branca ´eo e espectro j´aapresentado em (5.6).

A figura (5.7) mostra-nos que ru´ıdospodem atingir valores t˜aosignificativos quanto ≈ 0.2, que ´eo que vemos para o per´ıodo de 4.87 dias. A vista disto, podemos parar os ajuste na solu¸c˜ao(5.2-3) e elegˆe-lacomo a melhor que conseguimos nesta se¸c˜ao.Contudo, se ainda considerarmos o per´ıodo de 4.87 dias, ajustando, assim, cinco senoides aos dados, o resultado ´e:

• Solu¸c˜ao(5.2-4)

o K1 = 15.0265m/s, P1 = 21.125d, `1 = 198.22 o K2 = 6.028m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.6993d, `2 = 37.821 , M2 = 13.888M⊕ o K3 = 2.7598m/s, P3 = 5.0886d, `3 = 80.50 o K4 = 3.845m/s, P4 = 11.744d, `4 = 335.81 o K5 = 6.0352m/s, ω5 = 0.000, e5 = 0.000,P5 = 0.849d, `5 = 306.532 , M5 = 8.513M⊕ Se¸c˜ao5.2. An´alisepreliminar: Velocidades radiais no intervalo 845 < t < 875 137

Vo = 1.849m/s P(O − C)2/σ2 = 53.559 wrms = 2.10m/s

A solu¸c˜ao (5.2-4) fornece-nos as curvas (5.8).

Figura 5.8: Curva de velocidade radial, res´ıduose espectro da solu¸c˜ao (5.1-4).

O“scramble” na figura (5.7) nos mostrou que a amplitude do per´ıodo de 4.87 (≈ 5) dias pode ser atingida por ru´ıdos. Mesmo assim insistimos em inclu´ı-lo na an´alise para verificarmos sua importˆanciaem rela¸c˜aoaos dados e verificamos uma melhora nos ajustes. O wrms passa a ser agora 2.1 m/s. Todavia, concluiremos que esta melhora ´e apenas aparente. O teste F nos d´auma semelhan¸caentre os valores wrms2 superior a 5%, que ´eo limiar que adotamos no cap´ıtulo4 deste trabalho. Como compara¸c˜ao,se aplicarmos o mesmo teste ao passarmos da solu¸c˜ao(5.2-2) para (5.2-3), encontraremos para a semelhan¸caentre os dados o valor de 1.2%. Portanto, a solu¸c˜aomais consistente que obtivemos nesta se¸c˜ao´ea (5.2-3), que nos fornece para as massas os valores de 7.05 e 13.8 para CoRoT-7b e c, respectivamente. Os intervalos de confian¸cada referida solu¸c˜ao, calculados por Biased Monte Carlo (BMC) em que consideramos somente os casos nos quais 138 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

q 2 2 wrms ≤ 2.4 ± N−M E[(wrms )] ≈ 3 m/s, s˜ao: K1 = [14.0 − 15.6], P1 = [20.8 − 21.8],

`1 = [180 − 216], K2 = [4.0 − 7.2], P2 = [3.66 − 3.73], `2 = [10.0 − 40.0]. Finalmente, para o corpo interno temos, K3 = [4.4 − 5.6], P3 = [0.848 − 0.852], `3 = [300 − 353]. J´aas massas, para o corpo interno encontramos valores no intervalo [6.4 − 9.1]MT , e, para CoRoT-7c temos [10.5 − 16.4]MT .

5.3 An´alisedas Velocidades Radiais: Todas as observa¸c˜oes.

Refizemos as mesmas an´alisesda se¸c˜aoanterior, mas consideramos todas as observa¸c˜oes feitas, ou seja, as 109 medidas entre t = [775 − 884]. Reproduzimos aqui a curva de velocidade radial, a mesma que apresentamos na figura (5.1), mas chamamos a aten¸c˜ao para os per´ıodos sem observa¸c˜ao: h´aquatro grandes janelas, sendo a maior delas de 18 dias e, a menor, de 6.

Figura 5.9: Valores medidos das velocidades radiais, salientamos as janelas em que n˜aoh´a observa¸c˜oes.

O gr´afico (5.2) nos guia a um primeiro ajuste com uma senoide cujo per´ıodo ´ede ≈ 23 dias. O resultado ´e:

• Solu¸c˜ao(5.3-1)

o K1 = 9.8544m/s,P1 = 23.0463d, `1 = 177.073

Vo = 1.0747m/s P(O − C)2/σ2 = 1873.866 wrms = 7.53m/s Se¸c˜ao5.3. An´alisedas Velocidades Radiais: Todas as observa¸c˜oes. 139

As figuras referentes a este resultado est˜aodadas em (5.10), onde observamos o surg- imento do per´ıodo de 3.7 dias e a perseveran¸cado per´ıodo de 9 dias, ao contr´arioda se¸c˜aoanterior, ocasi˜aoem que ele desapareceu juntamente com a rota¸c˜ao,e por esta raz˜aoo atribu´ımosa algum harmˆonicoou a uma “side-band”. Pode ser fruto tamb´emdo espa¸camento irregular dos dados e das janelas sem observa¸c˜oes. Outro fator que salien- tamos ´ea irregularidade do termo associado `arota¸c˜ao. Na se¸c˜aoanterior, esta possu´ıa amplitude da ordem de 15m/s, aqui a encontramos como ≈ 9.8m/s, o que ocorre com certa frequˆencia ao longo desta se¸c˜ao.

Figura 5.10: Gr´aficosreferentes `assolu¸c˜oes(5.3-1)

Agregando este ´ultimoper´ıodo, indicado pelo espectro da figura (5.10), encontramos novamente os seguintes resultados:

• Solu¸c˜ao(5.3-2)

o K1 = 9.8430m/s, P1 = 23.045d, `1 = 176.397 o K2 = 4.9160m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.6920d, `2 = 237.926 , M2 = 11.31M⊕

Vo = 1.1447m/s P(O − C)2/σ2 = 1460.886 wrms = 6.75m/s 140 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Os gr´aficosreferentes a esta solu¸c˜aos˜aodados na figura (5.11).

Figura 5.11: Curva de velocidade radial gerada pela solu¸c˜ao(5.3-2). Apresentamos tamb´em os res´ıduose espectro, onde encontramos um pico em ≈ 9 dias

Finalmente, na figura (5.11), encontramos o polˆemicoper´ıodo de 9 dias. Passando agora a ajustar trˆessenoides aos dados, uma delas possuindo per´ıodo de ≈ 9 dias, chegamos os resultados (5.3-3):

• Solu¸c˜ao(5.3-3)

o K1 = 8.8601m/s, P1 = 23.2035d, `1 = 185.97 o K2 = 4.9100m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.6896dd, `2 = 234.036 , M = 11.302M⊕ o K3 = 5.2681m/s, P3 = 8.9901dd, `3 = 82.844

Vo = 0.672195m/s P(O − C)2/σ2 = 1055.291 wrms = 5.83m/s

Os res´ıduosgerados pela solu¸c˜ao(5.3-3) est˜aoapresentados na figura (5.12). Se¸c˜ao5.3. An´alisedas Velocidades Radiais: Todas as observa¸c˜oes. 141

Figura 5.12: Gr´aficosda solu¸c˜ao(5.3-3).

Reunindo na an´aliseeste per´ıodo de ≈ 11 dias, que atribuimos ao segundo harmˆonico da rota¸c˜ao,encontramos a solu¸c˜ao(5.3-4).

• Solu¸c˜ao(5.3-4)

o K1 = 9.7362m/s, P1 = 23.3951d, `1 = 192.72 o K2 = 5.1354m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.6956dd, `2 = 247.970 , M = 11.823M⊕ o K3 = 7.5819m/s, P3 = 9.0043dd, `3 = 84.50 o K4 = 5.4538m/s, P4 = 10.5307dd, `4 = 15.115

Vo = 0.1249m/s P(O − C)2/σ2 = 666.88 wrms = 4.70m/s

Se analisarmos os res´ıduos deste ajuste, figura (5.13), finalmente encontramos um per´ıodo de 5.9 dias. 142 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.13: Gr´aficosda solu¸c˜ao(5.3-4),

O per´ıodo encontrado na figura (5.13) atribu´ımosser alias do per´ıodo orbital do planeta em trˆansito,como percebido ao estendermos a escala de frequˆenciaa valores superiores a 1, vide figura (5.14).

Figura 5.14: Espectro dos res´ıduos da figura (5.3-4).

Na sequˆenciainclu´ımos o per´ıodo de ≈ 0.85 aos ajustes, considerando assim cinco senoides e os resultados est˜aoapresentados em (5.2-4):

• Solu¸c˜ao(5.3-5)

o K1 = 9.7355m/s, P1 = 23.3488d, `1 = 192.727 Se¸c˜ao5.3. An´alisedas Velocidades Radiais: Todas as observa¸c˜oes. 143

o K2 = 5.5588m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 3.6979dd, `2 = 252.124 , M = 12.806M⊕ o K3 = 6.9531m/s, P3 = 9.0307dd, `3 = 13.158 o K4 = 5.0906m/s, P4 = 10.4997dd, `4 = 11.855 o K5 = 3.6453m/s, ω5 = 0.000, e5 = 0.000,P5 = 0.8542dd, `5 = 333.748 , M = 5.15M⊕

Vo = 1.8527m/s P(O − C)2/σ2 = 464.2613 wrms = 3.98m/s

A figura (5.15) mostra-nos que as amplitudes restantes s˜aotodas insignificantes, fato verificado com “scramble” dos dados, e comprovamos que se insistirmos em tomar mais um per´ıodo no ajuste, veremos que este n˜aoincorpora nenhuma melhora significativa no wrms da solu¸c˜ao(5.3-5), indicando que os res´ıduoss˜ao apenas ru´ıdos.Elegemos assim a solu¸c˜ao (5.3-5) como a melhor que podemos obter para esta se¸c˜ao e os intervalos de confian¸ca, calculados com os mesmos crit´eriosda se¸c˜aoanterior s˜ao: K1 = [8 − 12], P1 = [20 − 24],

`1 = [160 − 215]; K2 = [4 − 6.7], P2 = [3.45 − 3.77], `2 = [220 − 275]; K3 = [5.8 − 7.3],

P3 = [8.5 − 9.5], `3 = [3.0 − 23.0]. E tamb´em K4 = [4 − 6], P4 = [9.8 − 12.0], `4 = [2 − 20], por fim, K5 = [3 − 4.2], P5 = [0.840 − 0.856], `5 = [300 − 360]

Figura 5.15: Espectro dos res´ıduos da figura (5.3-5). 144 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

5.4 An´alisedos dados filtrados, usando todas as observa¸c˜oes.

Trabalhamos aqui no tratamento de Queloz (2009) dado `asmedidas, nele o autor aplica um filtro no qual elimina dos dados o per´ıodo de rota¸c˜ao(Prot) e seus harmˆonicos

(Prot/2,Prot/3). Como nas se¸c˜oesprecedentes, iremos tratar os dados de duas maneiras, a primeira delas com as 106 medidas em toda a sua extens˜aotemporal. O processo consiste basicamente definir, a partir de N medidas, N janelas de observa¸c˜oese estimar em cada uma delas a atividade estelar. O processo iterativo ´eo seguinte:

1. Tomamos um ponto da s´erie,que chamamos de ponto principal (pc), este ´e:(ypc, tpc, σpc).

2. Definimos uma janela, em que consideramos todas as medidas que est˜ao no intervalo

tpc − 10d < tpc < tpc + 10d. Ao intervalo que fixa o tamanho da janela, aqui tomado

de 20 dias, chamamos de tempo de coerˆencia(tc).

3. Ajustamos `ajanela especificada no item 2 a soma de trˆessenoides, com per´ıodos 23.64, 23.64/2 e 23.64/3 dias, fixos durante o processo de minimiza¸c˜ao.Calculamos assim a amplitude e fase para os per´ıodos de rota¸c˜aoe seus harmˆonicos.

4. Consideramos outro pc e repetimos o procedimento

5. Ao final do processo, a atividade ´eestimada mediando-se, para cada observa¸c˜ao,os valores encontrados em cada uma das N janelas construidas.

Assim, geramos um arquivo final contendo os res´ıduos(ypc − Atividade), que, em teo- ria, deve-se somente aos sinais planet´arios. Na figura (5.16), apresentamos o resultado deste procedimento, que corresponde `afigura (8b) de Queloz (2009), reproduzida aqui apresentada em (5.1). Se¸c˜ao 5.4. An´alise dos dados filtrados, usando todas as observa¸c˜oes. 145

Figura 5.16: Gr´aficodas velocidades radiais obtidas com o filtro que descrevemos.

Nas an´alisesdesta se¸c˜aoos resultados foram obtidos a partir da recontru¸c˜ao das veloci- dades a partir da figura (8b) de Queloz (2010). Na figura (5.17) confrontamos os dados obtidos atrav´esdo filtro descrito com os recontistuidos. 1

Figura 5.17: Dados digitalizados (azul) juntamente com a nossa filtragem (vermelho).

1 Mesmo processo utilizado em HD202206. 146 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Na figura (5.18) apresentamos dois periodogramas superpostos. O primeiro ´edas ve- locidades radiais, que j´aapresentamos em (5.2-A), e o outro dos dados filtrados que dig- italizamos. Notamos, que a filtragem eliminou todos os per´ıodos maiores que cinco dias, inclusive a alias do per´ıodo 0.85d. Em (5.19) repetimos partes da figura (5.18), com o objetivo de enfatizarmos alguns aspectos: em (A), estendemos a escala de frequˆencias a valores superiores a um, para vermos como se comporta o espectro na proximidade do per´ıodo de 0.85d. Em (5.19-B), indentificam-se as frequˆencias mais significativas que nos restam e que s˜ao3.96d (0.25d−1), 3.698 (0.2704d−1) e 3.5 (0.2857d−1) dias; identificamos estes per´ıodos como sendo “side-bands” do per´ıodo de 3.7 dias.

Figura 5.18: Em vermelho: velocidades radiais. Preto: Dados filtrados.

O gr´afico(5.20) foi constru´ıdocom o intuito de explicarmos a rela¸c˜aoentre os per´ıodos que observamos em (5.19); nele, apresentamos o espectro das velocidades radiais filtradas, juntamente com o espectro dos mesmos dados no qual eliminamos o per´ıodo de 3.7 dias. Notamos que o valor de 3.5 de fato est´arelacionado ao per´ıodo de 3.7, pois desaparece quando eliminamos este ´ultimo.Por outro lado, a persistˆenciadaquele de quatro dias nos leva a prever um ajuste de duas sen´oidesaos dados, uma delas de per´ıodo, aproximada- mente 3.7 dias e a outra de 4 dias. Se¸c˜ao 5.4. An´alise dos dados filtrados, usando todas as observa¸c˜oes. 147

Figura 5.19: Espectros das velocidades radiais filtradas. Em (A), a linha vertical vermelha representa o per´ıodo do planeta de trˆansito.Em (B), destacamos os per´ıodos de cada uma das amplitudes significativas.

Figura 5.20: Em preto: espectro dos dados digitalizados que foram apresentados na figura (5.17), j´aem vermelho eliminamos dos mesmos o per´ıodo de 3.7 dias.

Consideramos as solu¸c˜oespara este sistema. Apresentamos o resultado (5.4-1), que ´eo ajuste de apenas uma senoide cujo per´ıodo ´ede ≈ 3.7 dias. A representa¸c˜aogr´aficadesta solu¸c˜aoest´ana figura (5.21)

• Solu¸c˜ao(5.4-1)

o K1 = 3.2103m/s, P1 = 3.6933d, `1 = 241.456 , M1 = 7.23M⊕

Vo = 0.0376m/s 148 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

P(O − C)2/σ2 = 271.43 wrms = 2.87m/s

A figura (5.21) corrobora com o fato que apresentamos na figura (5.20), pois nos mostra que, mesmo ap´osa subtra¸c˜aodo sinal de 3.7, ainda h´aum per´ıodo significativo na vizin- han¸cade quatro dias, este, por sua vez, ´euma alias de 1.33 que vemos na figura (5.21-D), destacamos as duas alias deste per´ıodo bem como o aparecimento do per´ıodo de 0.85.

Figura 5.21: Em (A), temos a curva gerada e as medidas do ajuste. Em (B) temos o detalhe de ambos no intervalo 845 < t < 875. Em (C) temos os res´ıduosdo ajuste e em (D) seu espectro.

Aplicamos a t´ecnicade scramble aos res´ıduos (5.21-C) e os resultados mostram que este per´ıodo ´eainda importante para os dados. Dificilmente ru´ıdos produziriam amplitudes t˜ao significativas. Se¸c˜ao 5.4. An´alise dos dados filtrados, usando todas as observa¸c˜oes. 149

Figura 5.22: Gr´aficodo scramble da solu¸c˜ao(5.4-1). Em (A), espectro das 100 ordena¸c˜oes que promovemos nos res´ıduose, em (B), a amplitude m´aximaatinigida por cada um deles. A linha horizontal representa o valor m´aximoalcan¸cadono espectro (2.12).

As figuras (5.21) e (5.22) nos estimulam ao ajuste com duas senoides. O resultado da minimiza¸c˜ao,neste caso, ´ea solu¸c˜ao(5.4-2):

• Solu¸c˜ao(5.4-2)

o K1 = 2.8435m/s, P1 = 3.679d, `1 = 207.468 o K2 = 2.1233m/s, P2 = 3.9803d, `2 = 104.904 −5 Vo = 2.10 m/s P(O − C)2/σ2 = 209.24 wrms = 2.55m/s

Como padr˜aoque adotamos, informamos ao final de cada se¸c˜aoos intervalos de con- fian¸cada solu¸c˜aoque julgamos mais adequada. Portanto, para (5.4-2), calculamos da mesma maneira que nas se¸c˜oesanteriores deste cap´ıtuloe encontramos: K1 = [2.2 − 3.1],

P1 = [3.58 − 3.75], `1 = [180 − 220] e K2 = [2.0 − 2.2], P2 = [3.8 − 4.2], `2 = [95 − 115]. Para visualiza¸c˜ao,os gr´aficosgerados a partir da solu¸c˜ao(5.4-2) podem ser visualizados na figura (5.23) 150 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.23: Curvas geradas com a solu¸c˜ao(5.4-2), em (A) a curva de velocidades radiais juntamente com as medidas filtradas. Em (B) os res´ıduos, em (C) o espectro e em (D), o “scramble” dos res´ıduos.

Lembrando que, para todos os dados, sem o filtro, encontramos um wrms de 3.98 m/s, na solu¸c˜ao(5.3-5). A figura (5.23), que representa a solu¸c˜ao(5.4-2), fornece-nos um fato interessante, que j´amencionamos anteriormente. Notamos uma modula¸c˜aode aproximadamente 52 dias, evidente em (5.23-A). O respons´avel por este fato ´ejustamente a componente de quatro dias, que ocorre devido ao batimento com o tamanho total da s´erietemporal e ocorre por haver divis˜aodesigual das janelas pr´oximosaos intervalos sem observa¸c˜oes.Em (5.23-B), h´aos res´ıduose, em (C), o espectro dos mesmos, fornecendo um per´ıodo de 0.72 dias, entretanto este est´ano mesmo n´ıvel daqueles causados por ru´ıdos, como vemos em (D). Portanto, em toda extens˜aotemporal, com o filtro de Queloz podemos concluir com seguran¸caapenas duas frequˆencias.Uma delas de ≈ 3.7d que atribuimos ao planeta e a outra de 4 dias devido ao processo de filtragem em si. Perdemos informa¸c˜ao sobre o planeta interno, cujo per´ıodo ´ede 0.85d. Como este planeta ´econhecido da observa¸c˜aode trˆansito, podemos for¸carsua inclus˜aono modelo, t´aticaque ser´ausada a partir da se¸c˜ao(5.6). Se¸c˜ao5.5. An´alisedos dados filtrados no intervalo 845 < t < 875 151

5.5 An´alisedos dados filtrados no intervalo 845 < t < 875

Nossas an´alisesnesta e nas se¸c˜oesprecedentes foram feitas na expectativa de encontrar- mos ao menos um valor parecido com `aqueles da literatura para as massas de CoRoT 7b e c. Nossa ´ultimatentativa ser´afeita nesta se¸c˜ao,ainda com os dados filtrados de Queloz et al.(2009) que digitalizamos. Repetindo o procedimento da se¸c˜aoanterior, com os 52 dados do intervalo j´acitado, apresentamos seu espectro na figura (5.24), onde est´asalientado o per´ıodo de 3.7 dias.

Figura 5.24: Espectro das velocidade radiais filtradas de Queloz et al.(2009) no intervalo 845 < t < 875. A linha vertical representa o per´ıodo do planeta de trˆansito.

Marcamos tamb´emem (5.24) uma linha vertical que representa onde estaria o per´ıodo de 0.85d. O ajuste com uma senoide de 3.7 dias resulta na solu¸c˜ao(5.5-1).

• Solu¸c˜ao(5.5-1)

o K1 = 2.8435m/s, ω1 = 0.000, e1 = 0.000,P1 = 3.754d, `1 = 167.694 , M2 = 6.582M⊕ −7 Vo = 1.310 m/s P(O − C)2/σ2 = 150.516 wrms = 3.06m/s

As solu¸c˜oesde (5.5-1) produzem o gr´afico(5.25), onde encontramos o per´ıodo de ≈ 0.85d e o per´ıodo esp´uriode quatro dias. 152 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.25: Velocidades radiais res´ıduose espectro da solu¸c˜ao(5.5-1).

Na figura (5.25) percebemos que o per´ıodo de 0.85d ´esignificativo, com amplitude da ordem de ≈ 0.27; isto ilustra a importˆancia da limita¸c˜aotemporal que tomamos. O per´ıodo de quatro dias possui amplitude ≈ 0.20. Ao ajustarmos aos dados trˆessenoides, encontramos como resultado a solu¸c˜ao(5.5-2), cujo gr´aficoest´arepresentado em (5.26).

• Solu¸c˜ao(5.5-2)

o K1 = 3.6428m/s, P1 = 3.495d, `1 = 310.314 o K2 = 1.578m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 0.8503d, `2 = 310.944 , M2 = 2.227M⊕ 0 K3 = 4.568m/s, P3 = 3.963d, `3 = 119.336 −7 Vo = 1.02710 m/s P(O − C)2/σ2 = 71.5 wrms = 2.10m/s Se¸c˜ao 5.6. Filtro Autoconsistente 153

Figura 5.26: Velocidades radiais filtradas juntamente com a curva, res´ıduose espectro gerados pela solu¸c˜ao(2.3-2).

Os picos do espectro em (5.26) tˆemaamplitude menor que 0.2. Esse valor ´efacilmente alcan¸cadopor ru´ıdos, portanto, conclu´ımos que a solu¸c˜ao(5.3-2) ´ea melhor que con- seguimos para esta se¸c˜ao,e por fim temos atrav´esde BMC que os intervalos de confian¸ca s˜ao: K1 = [3.0−4.2], P1 = [3.2−4.1], `1 = [280−320]; K2 = [1.2−2.1], P2 = [0.848−0.857],

`2 = [290 − 320] e, K3 = [4.0 − 5.3], P3 = [3.4 − 4.1], `3 = [100 − 130].

5.6 Filtro Autoconsistente

Como notamos no filtro usado por Queloz et al.(2009), perdemos informa¸c˜oesrelevantes, principalmente no que se refere ao planeta de trˆansito. Por esta raz˜ao,vamos usar uma modifica¸c˜ao.O processo interativo passa a ser agora:

1. Tomamos um “chute” inicial para amplitude e fase dos planetas, com per´ıodos fixos e iguais a 3.698 e 0.853585 dias. 154 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

2. Subtra´ımosdas medidas originais as velocidades radiais calculadas com os chutes dados. Geramos, assim, um segundo conjunto de medidas, que supostamente possui somente a atividade estelar.

3. Dos dados do item 2, aplicamos o filtro de Queloz com o objetivo de determinar a amplitude e a fase da atividade estelar. Os per´ıodos aqui, para a atividade tamb´em foram considerados fixos 23.64 dias, 23.64/2 e 23.64/3 dias.

4. Tomamos novamente os dados originais e subtra´ımosdestes a atividade encontrada no item 3. Temos aqui um terceiro conjunto de dados que, esperamos, corresponde apenas os sinais planet´arios.

5. A partir das velocidades radiais obtidas no item 4, determinamos os elementos or- bitais para os planetas. Comparamos os resultados com o “chute” inicial no item 1. Caso n˜aosejam semelhantes, tomamos o resultado aqui encontrado como um novo chute e repetimos o procedimento at´eencontrarmos a consistˆencia desejada.

A desvantagem desta metodologia ´eo tempo computacional gasto, que ´emuito elevado e torna praticamente imposs´ıvel a tarefa de explorarmos todos os parˆametros poss´ıveis do algoritmo. Para termos uma ideia, quando consideramos 3 harmˆonicos,foi necess´ario a repeti¸c˜aodos passos 1-5 cerca de 35-45 vezes. Com quatro harmˆonicos,o n´umerode inc´ognitasa serem encontradas aumenta e, ent˜ao,devemos repetir o procedimento cerca de 60 vezes. Por fim, na situa¸c˜aolimite que exploramos, com seis harmˆonicos,chegamos ao caso de 300 repeti¸c˜oes. Por esta raz˜ao,trabalhamos apenas com os dados retringidos temporalmente em 845-875.

5.6.1 Filtro Autoconsistente: terceiro harmˆonico

Abaixo, na figura (5.27), apresentamos o resultado do procedimento descrito quando fixamos o tempo de coerˆencia em 10.5 dias, juntamente com os per´ıodos de 23.64, 23.64/2 e 23.64/3 para a atividade. Como percebemos, de um chute inicial dado em (0,0) nosso algoritmo converge, ap´os35 itera¸c˜oes,para (7.306; 14.98)MT , o wrms na regi˜aode con- vergˆencia´eda ordem de 1.82m/s. Do gr´afico,notamos que os valores que encontramos s˜aopr´oximossomente daqueles que obtivemos na se¸c˜ao(5.2). Se¸c˜ao 5.6. Filtro Autoconsistente 155

Figura 5.27: Procedimento autoconsistente, com trˆesharmˆonicose tempo de coerˆenciade 21 dias

Cada uma das cadeias apresentadas em (5.28) ´eobtida com um valor diferente para o tempo de coerˆencia.

Figura 5.28: Procedimento autoconsistente, com trˆesharmˆonicose diversos tempos de coerˆencia.

Tivemos a cautela de, em (5.28), tomarmos chutes iniciais diferentes e conclu´ımosque o processo descrito qualitativamente ´eindependente do chute inicial dado. Como tamb´em, de certa forma, depende pouco do tempo de coerˆencia utilizado. Para a massa de 7b 156 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

encontramos valores nos intervalo 6.7 ≤ M7b ≤ 8.2 e, para 7c, 13.7 ≤ M7c ≤ 14.7. Em (5.29), plotamos o ´ultimoponto de cada cadeia da figura (5.28) como sendo represen- tativo da regi˜aode convergˆencia,nesta figura, podemos compar´a-loscomo os resultados previamente encontrados. Em (5.28-B) temos a fase do ajuste, que nada mais ´edo que a longitude do planeta em t = 847.596797.

Figura 5.29: Procedimento autoconsistente com 3 harmˆonicos.O c´odigo de cores ´eo mesmo de (5.28). Em (A), os s´ımbolos s˜ao: ⊕ a solu¸c˜ao(5.2-4), calculada a partir das t´ecnicas cl´assicade Fourier com os dados no intervalo 845-875. O quadrado a solu¸c˜ao(5.3-5), resultado tamb´emobtido por an´alisede Fourier utilizando todas as observa¸c˜oes.A cruz representa (5.5- 2) obtida com os dados filtrados e limitados temporalmente e o triˆanguloa solu¸c˜aode Queloz (2009). Em (B), temos a longitude dos planetas em t = 847.5968.

Apresentamos, em (5.30-A), a modelagem dada pelo filtro para atividade. Em (5.30- B) as VR filtradas para cada um dos tempos de coerˆenciaconsiderados. Desta figura, percebemos que qualitativamente a modelagem da atividade parece ser quase a mesma para os v´ariostempos de coerˆenciautilizados. Notamos algumas diferen¸caspontuais pequenas mas que s˜aosuficientes para dispersar os resultados nos intervalos ressaltados na figura (5.29). Com os dados da figura (5.30-A) podemos ter uma ideia da amplitude de cada um dos harmˆonicosconsiderados;.de uma r´apidaan´alisedos dados desta figura, estimamos que a rota¸c˜aopossui semi-amplitude de 15m/s, enquanto que, para o segundo e terceiro harmˆonicos,encontramos ≈ 4.9 m/s e 0.442 m/s. Para uma an´alisemais detalhada apresentamos a figura (5.31) que trata-se do espectro de cada uma das curvas (5.30). Se¸c˜ao 5.6. Filtro Autoconsistente 157

Figura 5.30: Modelagem dada pelo filtro para a atividade e a parte atribuida aos planetas. Em (A), a atividade modelada e as velocidades radiais medidas. Em (B), a velociade radial filtrada, devido aos planetas.

Figura 5.31: Em (A), peridograma da atividade modelada pelo algoritmo autoconsistente. A curva cinza representa o espectro das velocidades radiais observadas. Em (B), o espectro das velocidades radiais filtradas da atividade.

Assim, notamos que, para o per´ıodo de 3.7 dias o tempo de coerˆenciaparece n˜aoser 158 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7 muito importante, pois todos os resultados atingem aproximadamente as mesmas ampli- tudes. O mesmo n˜aoocorre para a amplitude referente ao per´ıodo de 5.9 dias. Na figura (5.32), apresentamos um zoom no espectro nas frequˆenciasde interesse em que podemos fazer um comparativo melhor com o espectro dado pelas velocidades radiais observadas.

Figura 5.32: Zoom de (5.21-B) nos per´ıodos de 3.7 e 0.85 dias. Em cinza, temos o espectro das velocidades radiais observadas.

De (5.32) observamos o mesmo comportamento da figura (5.31). O que destacamos de not´avel ´eque em (5.32-B) a amplitude referente a tc = 15d (curva em laranja) reproduz de forma satisfat´oriaa amplitude real das velocidades radiais. Entretanto, isto n˜aosignifica dizer que este ´eo tempo de coerˆenciaideal, pois, como salientamos, o per´ıodo de 0.85 dias ´einfluenciado pelo quarto harmˆonicoda rota¸c˜ao,que, de acordo com a solu¸c˜ao(5.1-4), deve possuir uma amplitude da ordem de 2.7 m/s. Assim, ’descontando’ da curva cinza uma amplitude de ≈ 2.7m/s o pico que era da ordem de S(f) ≈ 310 cai para ≈ 305.

Se verificarmos que estes valores para tc = 15 ´ede S(f) = 320, enquanto para tc = 17 temos S(f) = 290, conclu´ımosque o tempo de coerˆenciaideal, nesta situa¸c˜ao,seria algum valor entre 15 e 17 dias. Em (A), a diferen¸caentre as amplitudes da curva em cinza para as demais ´eda ordem de 20%, que creditamos tamb´em`arota¸c˜aoestelar j´aque o sexto harmˆonicoda rota¸c˜ao´ede 3.94 dias. Para finalizar esta se¸c˜ao,apresentamos o gr´afico(5.33) no qual mediamos os pon- tos da figura (5.30-B). Atrav´esdos dados obtidos empreendemos o mesmo processo de minimiza¸c˜aoque fizemos anteriormente, ajustando 2 sen´oidesdeterminando os per´ıodos, Se¸c˜ao 5.6. Filtro Autoconsistente 159 amplitudes e fase que s˜aoos resultados (5.6-1).

Figura 5.33: Velocidades Radiais filtradas calculada a partir da m´ediados valores represen- tados na figura (5.30) e respectivo espectro.

• Solu¸c˜ao(5.6-1)

o K1 = 6.1174m/s, ω1 = 0.000, e1 = 0.000,P1 = 3.6949d, `1 = 31.5012 , M1 = 14.08M⊕ o K2 = 5.2141m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 0.85353d, `2 = 326.007 , M2 = 7.368M⊕ Σ(O − C)2/σ2 = 44.65743

Os res´ıduose espectro dos mesmos produzidos pela solu¸c˜ao(5.6-1) em rela¸c˜aoaos dados da figura (5.33) est˜aorepresentados na figura (5.34). Observamos no espectro n˜aohaver qualquer periodicidade significativa. 160 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.34: Res´ıduosgerados pela solu¸c˜ao(5.6-1) e respectivo espectro.

5.7 Procedimento Autoconsistente: Quarto Harmˆonico

Nesta se¸c˜ao,introduzimos o quarto harmˆonicono filtro. Isto foi estimulado por trˆes fatores: o primeiro deles est´aligado ao resultado (5.2-4) onde associamos trˆesper´ıodos a atividade, incluindo um deles de ≈ 5dias; o segundo ´eque o quarto harmˆonico´eexatamente igual a 5.91 dias, muito pr´oximoa um alias do per´ıodo orbital do planeta de trˆansito.Por fim, temos o trabalho de Boisse (2011), que apesar de alegar irrelevˆanciapara o per´ıodo de

Prot/4, afirmam que este pode ainda se fazer presente em algumas raras situa¸c˜oes.Aqui o incluimos na an´alisee comparamos os resultados com aqueles obtidos anteriormente. Se¸c˜ao5.7. Procedimento Autoconsistente: Quarto Harmˆonico 161

Figura 5.35: Resultado do algoritmo autoconsistente com o quarto harmˆonico.Esta figura ´e

an´aloga`afigura (5.29). O asterisco representa uma solu¸c˜aoque tomamos com tc = 21, mas quadruplicando o n´umerode itera¸c˜oes de nossos algoritmos, para observamos a consistˆencia da regi˜aode convergˆencia. As linhas pontilhadas em cinza representam os limitadores da regi˜aode convergˆenciapara trˆesharmˆonicos.

Verificamos que, para CoRoT-7c, os valores encontrados com 3 e 4 harmˆonicoss˜ao coincidentes. Em ambas situa¸c˜oesencontramos valores no intervalo [13.7 − 14.7]M⊕. Ao contr´ario,para o planeta CoRoT-7b, enquanto que, com os trˆesharmˆonicos,encontramos o intervalo [6.7−8.2]M⊕, representado pela linha pontilhada em cinza; com os quarto, este intervalo ´e[7.9 − 9.3]M⊕. A dispers˜aodos valores ´eaproximadamente a mesma, j´aque ambos os intervalos possuem largura de 1.5M⊕. Nesta figura, tamb´emtestamos a consistˆenciadesta regi˜ao,mudando os parˆametrosde nosso algoritmo, e isto ´erepresentado pelo asterisco na figura (5.35) que ´eo uso do filtro com janela de 21 dias e 800000 intera¸c˜oes,ou seja, n´umeroquatro vezes maior do que v´ınhamosutilizando. Assim, como na se¸c˜aoanterior, apresentamos a modelagem da atividade e do sinal devido aos planetas na figura (5.36). 162 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.36: Em (A), a atividade para cada um dos tempos de coerˆencia. Em (B), a velocidade radial filtrada da atividade.

De (5.36), verificamos que os resultados s˜aoequivalentes. Em, por exemplo, t ≈ [855 − 870] ´eat´edificil distinguir os pontos de cada uma das janelas utilizadas. Portanto, fica dif´ıcilafirmarmos qual dos tc ´eo ideal.

Figura 5.37: Em (A), o espectro da atividade para cada tc. As linhas verticais representam os harmˆonicos.Em (B) e (C), o espectro do sinal dos planetas em 3.7 e 0.85 dias. A curva cinza representa o espectro da velocidade radial observadas. Se¸c˜ao5.7. Procedimento Autoconsistente: Quarto Harmˆonico 163

Como na se¸c˜aoanterior, mediamos os resultados da figura (5.36-B). O novo conjunto de medidas est´arepresentado na figura (5.38), juntamente com o seu periodograma. Nesta figura, as curvas cinza s˜aoos resultados (5.33) para compara¸c˜ao.

Figura 5.38: Valores M´ediosda figura (5.36-A) juntamente com seu espectro. A curva cinza ´ea repeti¸c˜ao(5.33).

Dos dados da figura (5.38) encontramos os seguintes valores, solu¸c˜ao(5.6-2):

• Solu¸c˜ao(5.6-2)

o K1 = 6.1353m/s, ω1 = 0.000, e1 = 0.000,P1 = 3.6961d, `1 = 32.712 , M1 = 14.123M⊕ o K2 = 5.9802m/s, ω2 = 0.000, e2 = 0.000,P2 = 0.8532d, `2 = 323.761 , M2 = 8.46M⊕ Σ(O − C)2/σ2 = 42.78938

Os resultados (5.6-2) apresentam os res´ıduosapresentados em (5.39). 164 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.39: Em (A) os pontos pretos representam os res´ıduosda solu¸c˜ao(5.6-2) em rela¸c˜ao aos dados da figura (5.38-A). Nesta mesma figura os pontos em vermelho s˜aoos res´ıduosj´a apresentados na figura (5.34). Em (5.39-B) h´ao espectro da ambos os res´ıduosde (5.38-A).

A partir da solu¸c˜ao(5.6-2) faremos um cruzamento de resultados, verificando como a solu¸c˜ao(5.6-1), obtida com trˆesharmˆonicos, se comporta em rela¸c˜aoaos dados da figura (5.38-A), estes obtidos atrav´esdo uso do quarto harmˆonico;testaremos tamb´ema situa¸c˜ao contr´aria,ou seja, a solu¸c˜ao(5.6-2) em rela¸c˜aoaos dados (5.33-A). Assim, com o gr´afico(5.40), vemos que os filtros com trˆese quatro harmˆonicoslevam a res´ıduos equivalentes. O grande problema parece realmente ser a magnitude das massas envolvidas. Flutua¸c˜oesnas amplitudes, que podem ser creditadas `aimperfei¸c˜oesem nosso algoritmo ou pelos ru´ıdos nos dados, podem acarretar diferen¸cassignificativas para as massas. Por exemplo, em CoRoT-7b, uma diferen¸cade 0.5m/s pode dar diferen¸casde

≈ 0.8MT nas massas. Por esta raz˜aoe baseados na figura (5.41), indicamos como os valores mais razo´aveis para as massas os seguintes: Se¸c˜ao5.7. Procedimento Autoconsistente: Quarto Harmˆonico 165

Figura 5.40: As estrelas em vermelho representam os res´ıduosproduzidos pela solu¸c˜ao(5.6- 2) em rela¸c˜aoaos dados (5.33-A). Enquanto que em azul temos os res´ıduosproduzidos pela solu¸c˜ao(5.6-1) em rela¸c˜aoaos dados (5.38-A).

• Massas para CoRoT 7b e 7c

Corot-7b: 7.9 ± 1.6MT

Corot-7c: 14.2 ± 0.5MT

Os valores acima est˜aorepresentados pelo triˆangulopreto em (5.41), e as barras de erros foram tra¸cadasde acordo com os intervalos que mencionamos anteriormente e, portanto, cobrem todos os valores que encontramos. Como citado, o gasto computacional para os resultados apresentados ´ebastante elevado. Esta tamb´emfoi uma das raz˜oespara aplicarmos os m´etodos descritos apenas para os dados em 845-875. Para finalizar esta se¸c˜ao,apresentamos alguns casos espec´ıficosem que utilizamos todas as medidas cujos resultados tamb´emest˜aona figura (5.41). Cabe lembrar aqui que da an´alisedos dados filtrados, com todas as 109 observa¸c˜oes,se¸c˜ao(5.4), hav´ıamosencontrado apenas o corpo externo e para sua massa calculamos o valor de 6.4MT . O sinal do corpo interno, na ocasi˜ao,foi perdido durante o processo de filtragem. Por outro lado, a aplica¸c˜ao direta das t´ecnicascl´assicasde Fourier nas velocidades radiais observadas, se¸c˜ao(5.3), encontramos 5.25MT e 12.8MT para CoRoT 7b e c respectivamente. 166 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

Figura 5.41: Os c´ırculosrepresentam as solu¸c˜oesapresentadas no gr´afico(5.35); as estrelas as do gr´afico(5.29). As cruzes s˜aoas solu¸c˜oesobtidas com quatro harmˆonicose todas as medidas dispon´ıveis, enquanto que, os quadrados, o resultado equivalente com trˆesharmˆonicos.

5.8 Sexto harmˆonico

Mencionamos a influˆenciado quarto harmˆonicono per´ıodo de 0.85 dias, pela mesma raz˜ao,naturalmente, somos impelidos a incluir na an´aliseo per´ıodo de 23.64/6 dias, que est´apr´oximodo valor de 3.7 dias, e ent˜aoverificar como isto influencia nos resultados apre- sentados. O grande empecilho para esta tarefa ´eo tempo computacional que ´eainda mais elevado que nos casos anteriores. No gr´afico(5.42), apresentamos a situa¸c˜aocom tempo de coerˆencia11 dias que nos d´auma no¸c˜aoda inviabiliade computacional encontrada. Enquanto que nas se¸c˜oesanteriores, a partir de um chute inicial em (0, 0) ating´ıamosa convergˆenciaap´os ≈ 60 intera¸c˜oes,isto n˜aoocorre nesta situa¸c˜ao, a figura (5.42) possui 300 pontos e ainda assim n˜aogarantimos que a convergˆenciafoi encontrada. Enquanto que, para CoRoT-7b, a amplitude ´erapidamente alcan¸cada,a curva se estabiliza rapidamente em torno de 6m/s, o mesmo n˜aoocorre para CoRoT-7c. Para este ´ultimoa convergˆencia´e muito lenta, ao contr´ario do que foi visto nas se¸c˜oesanteriores. Isto ocorre justamente dev- ido a influˆenciado sexto harmˆoncio,qualquer flutua¸c˜aona determina¸c˜aode sua amplitude acarretar´atamb´emdiferen¸canos valores de CoRoT-7c. Em (5.43), apresentamos o mesmo gr´aficopara um tempo de coerˆenciade 21 dias em Se¸c˜ao 5.9. As linhas bisectoras 167 que nos deparamos com o mesmo problema.

Figura 5.42: Filtro com seis harmˆonicose tempo de coerˆenciade 5.5 dias

Figura 5.43: Filtro com seis harmˆonicose tempo de coerˆenciade 10.5 dias.

5.9 As linhas bisectoras

Simula¸c˜oesde velocidade radial causadas por atividade estelar foram feitas por out- ros autores que discutimos na se¸c˜ao(4.5). Foi percebido que, ao contr´ariodos planetas, manchas podem causar curvas de velocidade radial bastante assim´etricas, como pode ser verificado, por exemplo, na figura (4.39). A forma mais utilizada na literatura para diagnosticar se varia¸c˜oesde VR s˜aocausadas 168 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7 por planetas ou se s˜aoefeitos de atividade ´eatrav´esdas linhas bisectoras (cuja sigla em inglˆes´ebvs, de bisector velocity spam). As bvs’s s˜aoas medianas das linhas espectrais de absor¸c˜aoe destas medem, de certa forma, suas assimetrias. De uma modo geral, quando os perfis de absor¸c˜aos˜aosim´etricossignifica que a estrela n˜aopossui manchas em sua superf´ıcie,tendo portanto baixa atividade, assim sendo varia¸c˜oesem VR, quando ocorrem, s˜aoatribuidas a existˆenciade planetas. Apresentamos na figura (5.45) a superposi¸c˜ao do espectro da velocidade radial com o da bvs. Esperamos encontrar no espectro das bisectoras somente “picos” causados por atividade estelar. Portanto, os “picos” observados no espectro das velocidades radiais sem an´alogosao da bvs, devem ser atribuidos aos planetas.

Figura 5.44: Espectro das velocidade radiais (preto) e das bvs (vermelho).

Percebemos que o per´ıodo mais significativo de (5.45) ´eo de 23 dias e este possui cor- respondente em ambos os espectros, ou seja, aparece tanto nas velocidades radiais quanto na bvs. Portanto, n˜aose trata de planeta. O per´ıodo de nove dias est´apresente apenas no espectro de VR e este ´eo principal argumento para que Hatzes et al. (2009) afirmarem se tratar possivelmente de um planeta. O que nos levou a n˜aofazer o mesmo foram os c´alculosda se¸c˜ao(5.2), em que tomamos os dados limitados em 845-874, aproximadamente 30 dias de observa¸c˜oesonde seria poss´ıvel detectar de maneira consistente o valor de nove dias. Todavia, n˜ao´eisto que ocorre; na se¸c˜aocitada, conclu´ımosque esta periodicidade de nove dias muito provavelmente, se trata de um batimento do per´ıodo de rota¸c˜aocom Se¸c˜ao5.10. Conclus˜ao 169 outros exitentes nas observa¸c˜oes.Note-se que quando eliminamos a rota¸c˜aodos dados, este per´ıodo de nove dias tamb´em´eeliminado. Por outro lado, as periodicidades de 3.7 dias e 5.9 dias aparecem somente nas velocidades radiais, e, tamb´em,s˜aoconsistentes como mostraram as an´alisesque efetuamos ao longo deste cap´ıtulo.

5.10 Conclus˜ao

Neste cap´ıtulo apresentamos nossa an´alisedas velocidades radiais de CoRoT-7. Tra- balhamos com os dados em toda sua extens˜aotemporal e tamb´emcom o conjunto restrito no intervalo 845-875, respectivamente nas se¸c˜oes(5.3) e (5.2), aplicando t´ecnicascl´assicas de Fourier que consistem em efetuarmos os ajustes de acordo com as indica¸c˜oesdadas pelo espectro dos dados. Assim, em (5.2), verificamos a influˆenciado quarto harmˆonicoda rota¸c˜aonas veloci- dades radiais e conclu´ımospara as massas os valores de 8.513MT e 13.88MT para CoRoT-7b e c respectivamente, resultado muito distinto daqueles da literatura. Na se¸c˜ao(5.3), repetimos o procedimento incluindo todas as medidas, e os valores para as massas passaram a ser: 5.15M⊕ e 12.806M⊕. Aqui se faz n´ıtidaa irregularidade da velocidade radial advinda da rota¸c˜ao: enquanto que, em (5.2), esta atingia amplitudes da ordem de 15m/s, em (5.3) este valor ´ede, no m´aximo,10m/s, e a isto atribuimos as diferen¸casentre os valores das se¸c˜oes(5.2) e (5.3). Encontramos tamb´emum per´ıodo de ≈ 9 dias que at´eafirmar´ıamosse tratar de um terceiro planeta, pela an´alisedas linhas bisectoras, n˜aofossem os resultados da se¸c˜ao(5.2), em que verificamos a grande correla¸c˜ao deste per´ıodo com a rota¸c˜aoestelar. Nas se¸c˜oesseguintes, (5.4) e (5.5), estudamos o filtro passa alto de Queloz, atrav´esdo qual esper´avamos a ratifica¸c˜aodos valores propostos na literatura. Verificamos que uma simples filtragem, como a reazliada em Queloz et al. (2009), acarreta em perdas relevantes de informa¸c˜ao.Basta analisarmos o gr´afico(5.24) em que foi eliminada toda a atividade estelar e tamb´emo alias em ≈ 5.9 dias referente ao sinal do planeta de per´ıodo ≈ 0.85d. Por esta raz˜ao,os valores obtidos atrav´esde tal filtro levam a subestimar as massas. Assim, insatisfeitos com os valores obtidos, propomos um procedimento para o uso do filtro que n˜aos´oelimina a atividade indesejada mas garante tamb´ema consistˆenciados valores alcan¸cados. Da aplica¸c˜aodeste filtro autoconsistente, encontramos valores nos intervalos 170 Cap´ıtulo5. O Sistema CoRoT 7

de [6.9 − 9.4]M⊕ para 7b e [13.7 − 14.7]M⊕ que s˜aoconcordantes com nossa primeira estimativa da se¸c˜ao (5.2). N˜aoconsideramos ser motivo de preocupa¸c˜aoa dispers˜aodos dados nos intervalos mencionados, basta observamos que a modelagem encontrada para os sinais planet´ariose da atividade, figuras (5.30) e (5.36), s˜aoaproximadamente iguais para os tempos de coerˆenciaconsiderados. Cap´ıtulo 6

Conclus˜ao

Neste trabalho foi apresentada uma discuss˜aoqualitativa das t´ecnicasde determina¸c˜ao das ´orbitase parˆametrosplanet´ariosa partir das medidas de velocidade radial. A qual- ificamos desta maneira por entendermos que cada sistema possui caracter´ısticapr´oprias e, justamente isto, dificulta a cria¸c˜aode um “protocolo” para determina¸c˜aodos elementos orbitais. Basta lembrarmos da aplica¸c˜aoque fizemos para o sistema HD202206 e CoRoT-7, por exemplo. No primeiro, devido a pequena massa do segundo corpo, foi necess´ario,para uma determina¸c˜aoconfi´avel, a utiliza¸c˜aodo processo de frequentes reinicializa¸c˜oes,afim de explorar melhor o espa¸co de parˆametrosa partir de chutes dados de forma aleat´oria. Deste processo, a melhor solu¸c˜aoque obtivemos, que alia consistˆenciaestat´ısticacom a estabilidade dinˆamica´ea dada pela solu¸c˜ao(3.5-2), que classifica o sistema como secu- lar, concordante com a classifica¸c˜aodada em Cunha (2010). No segundo caso, o sistema CoRoT-7, as medidas possuem forte contamina¸c˜aoda atividade estelar e os algoritmos desenvolvidos foram aplicados de forma a separar das medidas de VR os efeitos da ativi- dade e dos planetas. Apesar desta dificuldade a linha de conduta que seguimos ´ea de efetuarmos os ajustes de forma sucessiva: Calculamos primeiramente um ajuste e, posteri- ormente, analisamos seus res´ıduospor DCDFT. Desta an´alise,outros ajustes ser˜aofeitos casos entendamos necess´arioaumentar a complexidade do sistema. Mesmo com esta “receita” para dedu¸c˜aodos parˆametros,h´aainda grandes discuss˜oes envolvendo sistemas polˆemicos,como o pr´oprioCoRoT-7, que estudamos aqui, e GJ581. O primeiro, como citamos, possui como principal varia¸c˜aode VR efeitos de atividade estelar, que ´ebastante irregular ao longo das observa¸c˜oes.Isto dificulta sobremaneira a dedu¸c˜ao das massas, para os dois planetas existente neste sistema, CoRoT-7b e c. Esse sistema ´e 172 Cap´ıtulo6. Conclus˜ao interessante, pois um dos corpos, CoRoT-7b, ´eobservado por trˆansito,o que possibilita o c´alculode seu raio. Assim, uma boa determina¸c˜aode sua massa pode eleger este como o primeiro exoplaneta com medida para sua densidade. Os valores que encontramos para as massas s˜ao:7.9 ± 1.6 e 14.2 ± 0.5, para CoRoT 7b e c, respectivamente. J´ao segundo, GJ- 581, envolve uma s´eriadiscuss˜aoa respeito da diferencia¸c˜aode sinais advindos de ru´ıdos daqueles genuinamente planet´arios. Aqui n˜ao estudamos especificamente este sistema, mas esta distin¸c˜aoque nos referimos fizemos estudando a aplica¸c˜aodo espectro de Fourier (DCDFT) em dados ruidosos e deduzindo a sua distribui¸c˜ao. Outro fator que gera d´uvidasdiz respeito `asincertezas nos valores encontrados. Os m´etodos conhecidos, por interm´edio da matriz de covariˆancia,n˜aos˜aoaplic´aveis, pois, nos casos em que tentamos sua utiliza¸c˜ao,observamos tratar-se de uma matriz mal condi- cionada. Por esta raz˜aodeve-se utilizar amostras alternativas geradas com aux´ılio de processos estoc´asticos,como o jacknife e resampling, que descrevemos no cap´ıtulo3. Todavia, cada autor utiliza uma metodologia pr´opria,Beaug´e et al. (2007) e Ford (2005), por exemplo, utilizam o resampling tal qual descrevemos. Buttler et al. (2006) utilizam um subterf´ugiosemelhante, mas estimam os ru´ıdospor meio dos res´ıduosdo melhor ajuste para, posteriormente, gerar amostras alternativas inserindo nelas os ru´ıdosinferidos. Discut´ıveis tamb´ems˜aoos valores tabelados na literatura que, aparentemente, de acordo com o cap´ıtulo4, est˜aoprovavelmente superestimados. Mesmo em sistemas simples, constitu´ıdosde uma estrela e apenas um planeta, este problema ´eobservado e ´esempre poss´ıvel melhorar os valores tabelados. E´ clara tamb´ema dificuldade em afirmarmos se um sistema ´eou n˜aoressonante. Esta classifica¸c˜ao,nos casos estudados, al´emde ser forte- mente dependente dos ru´ıdosinseridos, tamb´empode ser confusa, visto que raz˜oesdistintas de per´ıodos, ou seja, diferentes ressonˆancias,podem produzir curvas de velocidade radial equivalentes. Como perspectiva para trabalhos futuros, introduzimos tamb´emo estudo das curvas de luz, descrito no apˆendiceC. Vislumbramos neste t´opicov´ariosassuntos a serem ex- plorados, como por exemplo, a pesquisa de T.T.V. (transit time variation) e T.D.V. (transit duration variation), hoje bastante estudadas e que visam procurar ind´ıciosde um outro companheiro planet´arionas curvas de luz. Contudo, apenas efetuamos a fase de implementa¸c˜aocomputacional que ser´aaplicada no futuro. Cap´ıtulo 7

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Apˆendice A

Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficos publicados

Descrevemos aqui o processo que utilizamos para a captura de medidas que usamos tanto para HD202206 como no per´ıodo inicial das pesquisas sobre o sistema CoRoT-7. Apresentamos como exemplo a figura (A.1), que representa a p´agina753 do artigo Correia et al. (2006) e trata-se de um arquivo de extens˜ao“.ps”.

Figura A.1: P´agina753 de Correia et al. (2005). 182 Apˆendice A. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficos publicados

Na figura (A.1), o gr´aficoda esquerda representa o ajuste kepleriano com apenas 1 corpo, enquanto que o da direita representa o ajuste com 2 corpos, que representamos em maiores detalhes na figura (A.2), pois ´edele, efetivamente, que extrairemos as medidas.

Figura A.2: Figura 2, p´agina753 de Correia et al. (2005).

Ao abrirmos a p´aginado arquivo “.ps”, com algum aplicativo de texto, seja Word ou Edit, teremos um arquivo de cerca de 45000 linhas, estas embora possam parecer inin- tel´ıgiveis nos permitem obter algumas informa¸coes importantes. Da an´alisecuidadosa da codifica¸c˜aodo “.ps”, na linha 1313, veremos comandos do tipo: ...... LTB 798 1828 M 31 0 V 4621 0 R -31 0 V 798 2023 M 63 0 V 4589 0 R ApˆendiceA. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficospublicados 183

-63 0 V stroke 714 2023 M [[(Helvetica) 140.0 0.0 true true (13.8)] ]-46.7 MRshow ......

Estes c´odigosse estendem at´ea linha 1410 e se tratam nada mais, nada menos, que a montagem do eixo vertical do gr´aficoda figura (A.2). Vamos analisar estes comandos linha a linha: A primeira delas, “798 1828 M ” , traz as coordenadas adotadas no plano do papel onde a letra M significa que a coordenada ´eabsoluta em rela¸c˜aoa origem (0, 0). N˜ao sabemos onde esta origem se encontra, mas isto n˜aoinflui em nossa an´alisepois adotamos como ponto de partida (198, 1828).

Estamos ent˜aoem (798, 1828), a linha seguinte ´e“31 0 V ” e ela nos diz que a partir do ponto da localiza¸c˜ao(798, 1828) ´etra¸cadoum segmento de reta horizontal de compri- mento 31, cuja unidade de comprimento ´eo pixel. Tra¸cadoeste segmento horizontal, n˜ao estamos mais em (798, 1828), mas sim em (829, 1828).

Seguindo, temos “4621 0 R” , a letra R significando que ´ecoordenada relativa, ou seja, s˜ao medidas a partir de (829, 1828) e, portanto, significa que partindo deste ponto devemos nos deslocar at´e(5450, 1828). O pr´oximocomando “-31 0 V ” nos informa que ´enovamente desenhado um segmento de comprimento 31, inciando em (5450, 1828) e terminando em (5419, 1828). Estes pequenos segmentos horizontais tra¸cados´eque formam a escala verti- cal do gr´afico,estas que descrevemos neste par´agrafocorrespondem ´avelocidade de 13.9 km/s, que vemos em maiores detalhes na figura (A2).

Portanto, a velocidade de 13.9 km/s equivale a ordenada 1828, de maneira an´aloga,con- cluimos que 13.8 km/s ´ea ordenada absoluta 2023, e, estendendo este racioc´ıniopodemos montar facilmente toda a escala vertical, aquela referente as velocidades radiais. A abcissa 184 Apˆendice A. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficos publicados destes pontos ´e798 e fixa a posi¸c˜aodo eixo no gr´afico.

Por outro lado, a escala horizontal, referente aos momentos em que as observa¸c˜oesforam feitas, ´edada entre as linhas 21763 e 21880, como segue abaixo: ...... 798 420 M 0 31 V 0 1200R 0 -31 V 1009 420M 0 31 V 0 1200 R 0 -31 V 1221 420M 0 31V 0 1200R 0 -31V 1432 420M 0 63V 0 1168R 0 -63 V stroke 1432 280 M [[(Helvetica) 140.0 0.0 true true (51500)] ]-46.7 MCshow ......

Como j´acitado, as coordenadas assinaladas com a letra M s˜aoabsolutas, ent˜aoesta- mos inicialmente na localiza¸c˜ao(798,420). A partir deste in´ıcio´etra¸cadoum segmento de reta vertical de tamanho 31, que nos conduz ao ponto (798,451). Na linha subse- ApˆendiceA. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficospublicados 185 quente, o comando indica que “caminhamos” (0,1200) em rela¸c˜aoao ponto que est´avamos, chegamos ent˜aoem (798,1651) onde ´edesenhado um tra¸covertical de comprimento 31, paramos ent˜aoem (1620,798). Portanto, podemos concluir que a abcissa 798 equivale a t = 51200(JD − 2400000). Seguindo o racioc´ıonio, a linha subsequente nos coloca em (1009,420) ´edesenhado um segmento de reta vertical de comprimento 31, que nos faz chegar ao ponto (1009,451). Este ´ultimo,a abcissa 1009, se refere a t = 51300(JD − 2400000). Se procedermos desta maneira podemos reconstruir, tamb´em,todo o eixo horizontal, determinando, com precis˜ao de algumas horas, todos os momentos das observa¸c˜oes. A escala dos res´ıduos´eobtida de forma an´alogae ´edada a partir da linha 43622. J´a os pontos, propriamente ditos, da figura (A2) s˜aomostrados a partir da linha 21575, da seguinte forma: ... 1227 2400 CircleF 1227 2406 CircleF ... Os res´ıduosest˜aoinformados a partir da linha 22919, dados por: ... 1227 487 CircleF 1227 521 CircleF 1258 750 CircleF ... J´aque conhecemos as escalas e temos seus pontos, podemos por simples interpola¸c˜aoen- contrar os valores efetivamente digitalizados na constru¸c˜aodos gr´aficos,que s˜ao: t(JD-2400000) VR(km/s) 51402.8805 13.9931 51402.8805 13.9962 ......

J´apara os res´ıduosencontramos: t(JD-2400000) O-C(km/s) 186 Apˆendice A. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficos publicados

51402.8805 0.023 51402.8805 0.025 ......

Assim podemos montar a tabela final: t(JD-2400000) VR(km/s) σ(km/s) 51402.8805 13.9931 0.00901 51402.8805 13.9962 0.00901 51417.5408 13.9137 0.00502 ......

Entretanto, n˜aopodemos considerar a tabela acima como a definitiva, pois nela h´a algumas incoerˆencias,principalmente em rela¸c˜aoa coluna t. Sabemos que as observa¸c˜oes foram feitas em La Silla-Chile, que est´ano fuso GMT − 4h. Ao convertermos a coluna t para dia e hora local, observaremos que existem valores do tempo que correspondem a dia claro, o que obviamente n˜aoretrata a realidade. Este problema surge da resolu¸c˜aousada pelo arquivo .ps, de forma que a largura do pixel utilizado, na escala de t possui cerca de 10 horas. Para corrigirmos este equ´ıvoco, assumimos que as observa¸c˜oesforam realizadas no exato momento da passagem da estrela pelo meridiano de La Silla. Conhecendo a ascen¸c˜ao reta e a declina¸c˜aoda estrela, que s˜ao:21h14m57.7693 e -20h47m21.154, repectivamente,e, com uma tabela de horas siderais, calculamos as passagens meridianas para cada uma das 105 observa¸c˜oes.Ainda assim, em alguns poucos casos a passagem meridiana ocorreu em dia claro. Nestes casos, assumimos que as medi¸c˜oesforam feitas pr´oximasao nascer ou ao ocaso da estrela, dependendo de qual for poss´ıvel. Ent˜aoa tabela com as corre¸c˜oescitadas ´e: t(JD-2400000) VR(km/s) σ(km/s) 51402.66259 13.9931 0.00901 51402.66259 13.9962 0.00901 51417.61275 13.9137 0.00502 ...... ApˆendiceA. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficospublicados 187

Como ´ultimopasso, ajustamos a coluna VR(km/s) pois nossa assertiva de que as me- didas sejam feitas na passagem meridiana ´earbitr´aria,n˜aotemos garantias de que isto ocorra. Isto nos induz a corre¸c˜oesnas velocidades para compensar estes poss´ıveis desvios. O gr´afico(2) de Correia et al. (2005) que ilustramos em (A2) foi obtido pela aproxima¸c˜ao kepleriana com 2 corpos. J´aque possuimos os res´ıduosdos mesmos, e sabemos as ´orbitas que foram usadas para obtˆe-los, reavaliamos as velocidades da seguinte maneira:

Vr = Vr(calculado na passagem meridiana e dados da tabela 2 de Correia et al.(2005))+Residuos(tamb´emdigitalziados da figura A2)

Sendo assim, encontramos a tabela final: t(JD-2400000) VR(km/s) σ(km/s) 51402.66259 13.995 0.009 51402.66259 13.999 0.009 51417.61275 13.914 0.005 ......

Assim, com esta ´ultimatabela encontramos o que julgamos serem as melhores medidas que podemos extrair do gr´afico.Atrav´esdesta ´ultimatabela obtivemos os c´alculospara o sistema HD202206. O m´etodo que descrevemos, tamb´emfoi inicialmente utilizado para o sistema CoRoT-7. Posteriormente recebemos as medidas reais da equipe de espectroscopia da miss˜aoCoRoT e abandonamos os constru´ıdosa partir do arquivo ’.ps’ . A compara¸c˜aodos dois conjuntos mostram excelente acordo, mas os dados reconstru´ıdossempre deixam margem a incertezas e portanto, o m´etodo descrito aqui, s´odeve ser usado em casos extremos em que os dados n˜aos˜aocolocados `adisponibilidade p´ublicapelas equipes de observa¸c˜ao. 188 Apˆendice A. Reconstru¸c˜aode medidas a partir dos gr´aficos publicados Apˆendice B

Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

B.1 Introdu¸c˜ao

Apresentamos nesta apˆendicealgumas considera¸c˜oessobre o comportamento estat´ıstico dos periodogramas. Deduzimos sua distribui¸c˜ao,bem como apresentamos combina¸c˜oes arbitr´ariasdos elementos da base, periodograms F e β, que tamb´empodem ser utilizados para procura de per´ıodos e que possuem estat´ısticabem definida.

B.2 Defini¸c˜ao

Um periodograma ´euma fun¸c˜aodos per´ıodos e ´edefinido na literatura de v´arias maneiras, que podem diferir entre si por seus fatores de normaliza¸c˜aoe pelo conjunto de dados a que se aplica. Para um conjunto com N dados, a defini¸c˜aomais simples e exata para dados equiespa¸cadas´e:

P = C2 + S2 (B.1)

Onde:

N X C = xj cos(ωtj) (B.2) j=1

e 190 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

N X S = xj sin(ωtj) (B.3) j=1

As observa¸c˜oess˜ao x = {xj/j = 1, ..., N}, com amplitude K e ru´ıdo σr. A equa¸c˜ao (B.1) ´echamada na literatura de periodograma cl´assicoe pode ser avaliado para qualquer frequˆencia. J´apara dados com espa¸camento irregular, esta defini¸c˜aon˜ao´emais v´alida, pois, com a m´adistribui¸c˜aotemporal, n˜aopodemos garantir a ortogonalidade dos termos sen(ωt) e cos(ωt). Em outras palavras, nesta situa¸c˜ao,em geral, teremos:

N X sin(ωtj) cos(ωtj) 6= 0 (B.4) j=1

Deeming e Lomb contornam este problema ao definir as equa¸c˜oes(B.1), (B.2) e (B.3) da seguinte maneira:

1 C2 S2 P = { + } (B.5) 2 A B

Onde:

N X C = xj cos ω(tj − τ) j=1 N X S = xj sin ω(tj − τ) (B.6) j=1

J´aos termos A e B s˜aodados pelas f´ormulas:

N X 2 A = xj cos ω(tj − τ) j=1 N X 2 B = xj sin ω(tj − τ) (B.7) j=1

O parˆametro τ, garante a ortogonalidade, e ´ecalculado a partir da seguinte condi¸c˜ao: Se¸c˜aoB.2. Defini¸c˜ao 191

N X cos ω(tj − τ) sin ω(tj − τ) = 0 (B.8) j=1

E isto resulta em:

PN 1 sin ω(tj − τ) τ = arctan{ j=1 } (B.9) 2ω PN j=1 cos ω(tj − τ)

Por fim, a divis˜aode cada um dos termos da equa¸c˜ao(B.5) pelos fatores A e B ´eequivalente a normaliza¸c˜aodo periodograma pelo n´umerode pontos, j´aque, para uma quantidade su- ficiente de medidas, teremos:

1 C2 S2 P = { + } 2 A B 1 C2 S2 = { + } 2 P 1+cos ω(tj −τ) P 1+sin ω(tj −τ) 2 2 1 C2 S2 = { + } 2 N N 2 2 1 = {C2 + S2} N

Trataremos de encontrar a distribui¸c˜aoda vari´avel P, supondo ser conhecido σr. Com P calculado de acordo com (B.1) e chegaremos ao resultado apresentado por Groth (1975) e Horne-Baliunas (1982). Utilizaremos uma defini¸c˜aosimples de periodograma, mas que engloba o parˆametro τ e, naturalmente, chegaremos a defini¸c˜aode Deeming e Lomb. Con- cluiremos que h´araz˜oesestat´ısticas para os fatores de normaliza¸c˜aoque esses autores uti- lizam. Estudamos tamb´emos trabalhos de Czerny (1996, 1998) que prop˜oedistribui¸c˜oes alternativas para P, baseadas em combina¸c˜oesemp´ıricasdos termos C2 e S2. 192 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

B.3 Distribui¸c˜aode P

Partiremos da defini¸c˜ao:

N N X 2 X 2 P = { xj cos ω(tj − τ)} + { xj sin ω(tj − τ)} (B.10) j=1 j=1

2 Se o sinal xj for ru´ıdoGaussiano, chamado tamb´emde “white noise”, com variˆancia σr , PN PN os termos C = j=1 xj cos ω(tj − τ) e S = j=1 xj sin ω(tj − τ) s˜aoindependentes e com distribui¸c˜aogaussiana de m´ediazero. Por outro lado, se al´emdos ru´ıdoshouver alguma componente per´ıodica, os termos C e S continuar˜aoGaussianos, mas, nesta situa¸c˜ao,a m´ediaestar´adeslocada para o valor de Ps, que ´ea amplitude do sinal se n˜aohouvesse ru´ıdoalgum (ou seja, σr = 0). Para iniciarmos a dedu¸c˜ao,basta sabermos que C e S, como j´acitamos, s˜aoGaussianos, e se houver uma quantidade suficiente de medidas, podemos aproximar as m´ediase variˆanciaspor:

KN hCi = hSi = 2 r Nσ2 σ = σ = r (B.11) C S 2

Onde N ´eo n´umerode pontos e K a amplitude do sinal. Apresentamos nas figuras (B.1) e (B.2) o histograma do termo C com a finalidade de demonstrar que as aproxima¸c˜oesque propomos s˜aov´alidas. As figuras (B.1) e (B.2) foram geradas da seguinte forma: tomamos como amplitude

K = 41.1m/s e per´ıodo de 100 dias. Os ru´ıdosforam gaussianos tais que: K\σr = 3 e 4 e consideramos 5.000 amostras com 150 pontos cada uma delas. Al´emdestes gr´aficos apresentados, fizemos tamb´emtestes com quantidades maiores e menores de medidas, 100, 250, 500 e 1.000 que tamb´emapresentaram boa concordˆanciamas n˜aoos colocaremos aqui por economia de espa¸co. Se¸c˜aoB.3. Distribui¸c˜aode P 193

PN Figura B.1: Histograma de C = j=1 xj cos ω(tj − τ), para K\σr = 3, calculado para uma frequˆenciafixa. O valor de K utlizado foi de 41m/s.

PN Figura B.2: Histograma de C = j=1 xj cos ω(tj − τ), para K\σr = 4 e tomamos K = 41m/s.

Tanto na figura (B.1) quanto na (B.2) plotamos somente o histograma da vari´avel C e neles a curva em vermelho representa a fun¸c˜ao:

1 (C − hCi)2 p(C) = exp{− } (B.12) p 2 2σ2 2πσC C Para real¸carainda mais a concordˆancia entre as curvas, informamos os valores calcu- lados pelas f´ormulas: de acordo com a equa¸c˜ao(B.11), para a figura (B.1), temos que

σC = 118.69 e hCi = 3082.25, os valores calculados diretamente do histograma s˜ao: 194 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

σC = 117.39 e hCi = 3083.94. J´apara a figura (B.2), temos: σC = 88.98 e hCi = 3082.5, pela f´ormula e σC = 88.0576 e hCi = 3083.439, pelo histograma. Sendo uma boa hip´otese considerar C e S gaussianos, podemos encontrar a distribui¸c˜aode P, para isto, devemos en- contrar primeiramente a fun¸c˜aocaracter´ısticapara C2 e S2. Partimos, ent˜ao,da equa¸c˜ao

2 (B.12) que ´ea distribui¸c˜aonormal N(hCi, σC ) e calculamos, para C , a fun¸c˜aocarac- ter´ıstica:

∞  2  2 1 Z (C − hCi) E(eikC ) = exp − + ikC2 dC (B.13) p 2 2σ2 2πσC −∞ C

Com alguma manipula¸c˜aoalg´ebrica,a express˜ao(B.13) pode ser escrita como (B.14):

n hCi2 o exp 2 ∞      2 2σ Z 1 2hCi E(eikC ) = C exp −C2 − ik + C dC (B.14) p 2 2σ2 2σ2 2πσC −∞ C C

Para resolu¸c˜aode (B.14), recorremos `af´ormula 1 da tabela (B.1), fixando os parˆametros

2 1 hCi p = 2 − ik e q = 2 , chegaremos ent˜ao`aseguinte express˜ao: 2σC σC

n hCi2 o ( ) √ exp 2 2 2 2 2σ hCi /σ π E(eikC ) = C exp C (B.15) p 2 1 q 1 2πσ 4( 2 − ik) C σC 2 − ik 2σC

Ap´osas devidas simplifica¸c˜oes,a equa¸c˜ao(B.15) fica da seguinte forma:

 2  2 1 ikhCi φ(k) = E(eikC ) = exp (B.16) p 2 1 − 2σ2 ik 1 − 2σC ik C

A fun¸c˜aocaracter´ıstica para S2, dada em (B.17), segue as mesmas diretrizes e ´ecomple- tamente an´alogaa (6.16).

 2  2 1 ikhSi φ(k) = E(eikS ) = exp (B.17) p 2 1 − 2σ2 ik 1 − 2σSik S

Portanto, com o aux´ıliode (B.16) e (B.17), podemos calcular a distribui¸c˜aode P. Seja: Se¸c˜aoB.3. Distribui¸c˜aode P 195

n X  2 2 Ps = hCim + hSim (B.18) m=1

Como definimos anteriormente, (B.18) ´eo valor da amplitude m´aximado periodograma, devido somente ao sinal, se n˜aohouvesse ru´ıdosnos dados. O ´ındicesuperior da somat´oria ´e n e refere-se ao n´umerode per´ıodos que existe neste sinal. A fun¸c˜aocaracter´ıstca de P ´e,segundo (B.16) e (B.17):

( )n " n # 1 ik X φ(k) = exp {hCi2 + hSi2 } p 2 1 − 2σ2 ik m m 1 − 2σP ik P m=1

( )n 1  ikP  φ(k) = exp s (B.19) p 2 1 − 2σ2 ik 1 − 2σP ik P

N˜aodevemos esquecer que σP = σC = σS. A distribui¸c˜aode probabilidade de P resulta da invers˜aoda fun¸c˜aocaracter´ıstica,ou seja:

  Z ∞   1 2 −n ikPs pn(P ; Ps) = (1 − 2σP ik) exp 2 − ikP dk (B.20) 2π −∞ 1 − 2σP ik

Agora seguiremos com algumas manipula¸c˜oespara resolver a integral acima, se fizermos z Ps 1/2 2 i P = 1 − 2σP ik, rescrevemos (B.20) como:

   (n−1)/2    n−1 Z ∞    1/2   1 P P + Ps i −n 1 (PPs) pn(P ; Ps) = 2 exp − 2 z exp −i z − 2 dz 2σP Ps 2σP 2πi −∞ z 2σP (B.21)

Resolvemos a equa¸c˜ao(B.21) utilizando a f´ormula (3) da tabela (B.1). Fixando os parˆametros

1/2 x (PPs) −ν = n−1 e = 2 , o termo entre chaves da equa¸c˜ao(B.21) fica da seguinte maneira: 2 2σP

 i2  Z ∞   1 x zν−1 exp −i z − dz (B.22) 2πi −∞ z 2

A integral acima ´eigual a: 196 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

 1/2  (PPs) Iν(x) = In−1 2 σP

Assim teremos:

   (n−1)/2    1/2  1 P P + Ps (PPs) pn(P ; Ps) = 2 exp − 2 In−1 2 (B.23) 2σP Ps 2σP σP

A express˜ao(B.22) ´etabelada e chamada de distribui¸c˜aon˜aocentral de χ2 e com ela demonstramos a distribui¸c˜aopara o periodograma de Lomb-Scargle. Esta express˜ao´ea mesma contida em Horne e Baliunas (1982) e Groth (1975). Fixaremos n = 1, ou seja, de acordo com a somat´oria(B.18), h´asomente um per´ıodo nos dados, ent˜ao(B.22) fica:

     1/2  1 P + Ps (PPs) p1(P ; Ps) = 2 exp − 2 Io 2 2σP 2σP σP     ∞ k 1 P + Ps X 1 (PPs) p (P ; P ) = exp − (B.24) 1 s 2σ2 2σ2 k!k! 22kσ4k P P k=0 P

Ainda, para n = 1 iremos calcular a m´ediae variˆanciade P:

Z ∞     ∞ k 1 P + Ps X 1 (PPs) hP i = exp − dP 2σ2 2σ2 k!k! 22kσ4k −∞ P P k=0 P     ∞ k Z ∞   1 P + Ps X 1 (Ps) P hP i = exp − P k+1 exp − dP 2σ2 2σ2 k!k! 22kσ4k 2σ2 P P k=0 P −∞ P

P Uma sutil mudan¸ca: u = 2 , implica em: 2σP

    ∞ k Z ∞ 1 P + Ps X 1 (Ps) hP i = exp − uk+1exp{−u}2σ2 du (B.25) 2σ2 2σ2 k!k! 22kσ4k P P P k=0 P −∞

E utilizando em (B.24) a equa¸c˜ao(4) da tabela (B.1) teremos:

∞  k 2 (−P /2σ2 ) X 1 Ps hP i = 2σ e s P (k + 1)! (B.26) P k!k! 2σ2 k=0 P Se¸c˜aoB.3. Distribui¸c˜aode P 197

2 Apenas para economia de nota¸c˜ao,utilizaremos x = Ps/2σP e, ent˜ao, teremos:

∞ ∞ X 1 X 1 hP i = 2σ2 e−x xk(k + 1)! = 2σ2 e−x xk(k + 1) P k!k! P k! k=0 k=0 ( ∞ ∞ ) X xk X xk hP i = 2σ2 e−x x + (B.27) P k! k! k=0 k=0

Na equa¸c˜ao(B.26), utilizaremos a f´ormula (6) da tabela (B.1) e, portanto, o valor esperado de P ´e:

2 hP i = (2σP ) {x + 1} hP i 2 = x + 1 2σP hP i Ps 2 = 2 + 1 (B.28) 2σP 2σP

Omitiremos aqui os c´alculos,mas a variˆanciasegue as mesmas diretrizes e seu valor pode ser representado pela f´ormula:

  P 2Ps var 2 = 2 + 1 (B.29) 2σP 2σP

Compilando os resultados que encontramos at´eo momento, temos, para a distribui¸c˜aode P, seu valor esperado e variˆancia,as seguintes equa¸c˜oes,para n=1:

    ∞ k 1 P + Ps X 1 (PPs) p (P ; P ) = exp − (B.30) 1 s 2σ2 2σ2 k!k! 22kσ4k P P k=0 P hP i Ps 2 = 2 + 1 (B.31) 2σP 2σP   P 2Ps var 2 = 2 + 1 (B.32) 2σP 2σP

2 2 Nσr Lembremos que σP = 2 , ent˜ao,em termos de σr as equa¸c˜oes(B.29), (B.30) e (B.31) 198 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

ficam da seguinte maneira:

    ∞  k 1 P Ps X 1 P Ps p (P ; P ) = exp − + (B.33) 1 s Nσ2 Nσ2 Nσ2 k!k! Nσ2 Nσ2 r r r k=0 r r

hP i Ps 2 = 2 + 1 (B.34) Nσr Nσr   P 2Ps var 2 = 2 + 1 (B.35) Nσr Nσr

Prestemos aten¸c˜aono fato de que, nestas ´ultimasequa¸c˜oes,os termos P ou Ps sempre 2 surgem divididos por N e pelo fator σr . Assim, podemos entender melhor a defini¸c˜aode

Lomb e a normaliza¸c˜aopor σr proposta por Horne e Baliunas (1982). Normalizando o periodograma (B.1) por N e σr as equa¸c˜oes(B.32) a (B.34) podem ser reescritas como (B.35) a (B.37):

∞  1  X 1 p (P ; P ) = exp [−P − P ] (PP )k (B.36) 1 s Nσ2 s k!k! s r k=0

hP i = Ps + 1 (B.37)

var[P ] = 2Ps + 1 (B.38)

Com estas equa¸c˜oes,fechamos a dedu¸c˜ao,a seguir apresentaremos as figuras (B.3) e (B.4), em que vemos alguns histogramas que mostram boa concordˆanciaentre os valores simu- lados por Monte-Carlo e as f´ormulas deduzidas. Plotamos nestes gr´aficos5.000 amostras com 60 pontos cada uma, as demais condi¸c˜oesforam as mesmas das figuras (B.1) e (B.2). Estes resultados nos mostram boa concordˆancia,a fun¸c˜aogaussiana tamb´empoderia rep- resentar bem o histograma, mas acreditamos que isto ocorre em virtude dos parˆametros que utilizamos. Se¸c˜aoB.3. Distribui¸c˜aode P 199

Figura B.3: Histograma de P para K\σr = 4. O valor de K utlizado foi de 41m/s.O eixo x representa a potˆenciaP, a curva azul a fun¸c˜aoGaussiana e a vermelha a f´ormula que deduzimos.

Figura B.4: Idem `afigura (6.3), mas aqui temos σr = 2.

Portanto partimos de P = C2 + S2 em que C e S possuem distribui¸c˜aogaussiana. Ent˜aodemonstramos que P, calculado pela soma do quadrado de vari´aveis de distribui¸c˜ao guassiana, possui distribui¸c˜ao χ2. Note que esta ´ea mesma defini¸c˜aopara o periodograma 200 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

2 2 de Ferraz-Mello (1982), cujo espectro ´edado por c1 +c2 em que tanto c1 quanto c2 tamb´em possuem distribui¸c˜aoGuassina. Se calculados com os fatores de normaliza¸c˜aoadequados,

2 ou seja, σr o valor m´edioe a variˆancia para c1 e c2 s˜ao:

hc1i = hc2i = 0 (B.39)

2 2 σc1 = σc1 = 1 (B.40)

E portanto, encontramos:

hP i = 2 (B.41)

2 σP = 4 (B.42)

Que s˜aoas mesmas equa¸c˜oes(2.28), encontradas no cap´ıtulo2 atrav´esde amostras sint´eticas de dados. Assim inferimos para o periodograma de Ferraz-Mello (1982) tamb´emuma dis- tribui¸c˜ao χ2. Retornando `aequa¸c˜ao(B.35), ´einteressante tamb´emdeduzirmos a distribui¸c˜aocumulativa para p1, que se calcula da seguinte maneira:

Z ∞    1/2  2 P + Ps (PPs) Π1 = 2σP exp − 2 Io 2 dP P 2σP 2σP   ∞ k Z ∞   Ps X 1 P P Π = 2σ2 exp − s exp − P kdP 1 P 2σ2 k!k! 2σ2 2σ2 P k=0 P P P

Recorrendo `af´ormula (6) da tabela (B.1), encontramos como solu¸c˜aofinal:

  ∞ k  −k−1   Ps X 1 P 1 P Π = 2σ2 exp − s Γ k + 1, (B.43) 1 P 2σ2 k!k! 22kσ4k 2σ2 2σ2 P k=0 P P P

Consideramos importante um bom entendimento da estat´ıstica que envolve periodogramas, com esta ferramenta podemos ter melhores crit´eriospara determinar se uma amplitude Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 201 observada no espectro pode ser dada por ru´ıdosou se ´egenuinamente um sinal peri´odico. Entretanto, um problema que nos deparamos nesta dedu¸c˜ao´eque os c´alculosforam feitos com o conhecimento pr´eviodo valor de σr, para aplica¸c˜oesreais isto n˜aoacontece e ´edif´ıcil encontrarmos uma boa estimativa para σr, o que torna dif´ıciluma correta normaliza¸c˜ao do periodograma. Em virtude deste problema, empreendemos o estudo de Schwarzenberg- Czerny (1996) e (1998), ambos est˜aodetalhados na se¸c˜aoseguinte.

Tabela B.1 - F´ormulas utilizadas ao longo do apˆendiceB3

Gradshteyn et al. 2007

2 √ 1 R ∞ exp{−p2x2 ± qx}dx = exp[ q ] π −∞ 4p2 p 1 H x 1 −ν−1 2 2πi exp{ 2 (t − t )t }dt = Jν (x) −ν 1 H ix 1 −ν−1 −ν 3 i 2πi exp{ 2 (t − t )t }dt = i Jν (x) = Iν R ∞ k+1 4 −∞ u exp{−u}du = Γ(k + 2) = (k + 1)! x N xk 5 e = Σk=0 k! j 6 R ∞ exp(−µx)xndx = e−µuΣn n! u = µ−n−1Γ(n + 1, µu) u j=0 j! un−j+1 [u > 0; Re(µ) > 0; n = 0, 1, 2, 3, ...]

B.4 Periodogramas emp´ıricos

O periodograma de Lomb-Scargle utiliza-se da proje¸c˜aodo sinal na base ortogonal (senω(t − τ); cosω(t − τ)). Sem nos preocuparmos, por enquanto, com o espa¸camento dos dados e a ortogonalidade de fun¸c˜oes,podemos procurar por periodogramas alternativos, cuja estat´ısticaseja bem definida e independente de σr. Podemos, por exemplo, generalizar e estender a base de forma a contemplar tamb´emos harmˆonicosda frequˆencia ω. Ao fazer isto, estamos, na verdade, escrevendo nosso conjunto de pontos em uma s´eriede Fourier, dada por:

∞ X ao + [ancos(nωt) + bnsen(nωt)] (B.44) k=0 202 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

Figura B.5: Aproxima¸c˜aoda f´ormula (B.44) em um conjunto de velocidades radiais.

Para exemplificar, geramos um conjunto de 200 velocidades radiais com a amplitude

o de 10 m/s, per´ıodo de 20 dias, excentricidade 0.3, ω = l = 0 e σr = 5 m/s. Estas medi- das artificiais est˜aoapresentadas no gr´afico(B.5) pelos pontos pretos. A curva cont´ınua representa a equa¸c˜ao(B.44) com trˆesharmˆonicos,cujos coeficientes foram calculados por:

N X an = xj cos(jωt) k=0 N X bn = xj sin(jωt) (B.45) k=0

Assim, uma alternativa ´eutilizar a s´erie de Fourier para a determina¸c˜aode per´ıodos. Podemos, por exemplo, utlizar algum algoritmo de minimiza¸c˜aopara ajustar (B.44) aos dados que possu´ımos. Tal processo consiste de uma varredura de frequˆenciasem um determinado intervalo e, para cada uma delas, promovermos a minimiza¸c˜ao,ajustando a equa¸c˜ao(B.44), com o objetivo de encontrar os coeficientes de Fourier. Com este m´etodo, passar´ıamosa utilizar como periodograma a vari´avel χ2. Exemplificamos no gr´afico(B.6) estas ideias para o mesmo conjunto de dados que deram origem `afigura (B.5). Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 203

Figura B.6: Periodograma χ2. Para cada frequˆenciano intervalo [0-0.5] ajustamos a equa¸c˜ao (6.38) e nesta figura mostramos a qualidade de cada ajuste. Salientamos o per´ıodo de cinco dias e seus harmˆonicos.

A vantagem de utilizarmos χ2 ´eque esta vari´avel possui estat´ıstica bem definida. Um outro exemplo que apresentamos est´ana figura (B.7), onde tomamos o mesmo pe- riodograma para 200 dados puramente ruidosos, com σr = 5 m/s.

Figura B.7: Periodograma χ2 para dados puramente ruidosos, ajustamos sete harmˆonicos.

Este tipo de periodograma, apresentado nas figuras (B.6) e (B.7), talvez seja o mais confi´avel e ´etamb´emv´alidopara dados com espa¸camento irregular. O valor esperado na 204 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

figura (B.7) deve ser igual ao n´umerode graus de liberdade do sistema, que para o caso ´e de aproximadamente 186, e isto ´eo que realmente observamos. Apresentamos tamb´emo gr´afico(B.8) em que temos o histograma da figura (B.7) juntamente com a curva anal´ıtica da distribui¸c˜aode χ2.

Figura B.8: Histograma do espectro (B.7).

A desfavor desta t´ecnicapesa o gasto computacional, visto que devemos fazer v´arias minimiza¸c˜oes. Para economia de tempo, podemos definir o espectro de potˆenciascomo P 2 2 S = {an + bn}, com cada coeficiente de acordo com a f´ormula (B.45). Este tipo de artif´ıcio funciona, mas, de acordo com a defini¸c˜aoda s´erieque utilizamos na equa¸c˜ao (B.5), s´opode ser aplicado para espa¸camentos regulares, como mostra a figura (B.9). Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 205

Figura B.9: Em preto, periodograma com espectro de potˆenciascalculado com os mesmos

dados da figura (B.6). Em vermelho, temos o mesmo, mas para dados ruidosos σr = 5 m/s sem qualquer correla¸c˜aoperi´odica.Utilizamos trˆesharmˆonicos.

Se por um lado a utiliza¸c˜aodo espectro de potˆencias´emais ´agilque o de χ2, por outro, sofre da dependˆenciadofator σr. Para ilustrar isto, apresentamos o gr´afico(B.10) no qual representamos os histogramas de cada um dos coeficientes que geraram o periodograma dos dados ruidosos da figura (B.9), cada um dos coeficientes possui distribui¸c˜ao gaussiana, mas, como vemos, s˜aodependentes de σr.

Como citamos, esbarramos no problema do conhecimento de σr. Em virtude disto, se quisermos utilizar como periodograma o espectro de potˆencias, neste ponto nos deparamos com o trabalho de Czerny (1996), no qual o autor prop˜oecombina¸c˜oesarbitr´ariasdas proje¸c˜oesdo sinal na base, suposta ortogonal. Primeiramente, chamemos de ξk a proje¸c˜ao dos dados nesta base, no caso de Lomb-Scargle, por exemplo, ter´ıamos ξk = (cos ω(t − τ); sin ω(t − τ)) .

Entretanto, ξk n˜ao´esuficiente para descrevermos corretamente os dados x. Uma vez 2 2 2 que teremos |X| = |ξk| + |ξ⊥| , ou seja, necessitamos do conhecimento da base comple- 2 2 mentar ξ⊥, que deve ser tal que: |ξ⊥| = σr , somente assim os dados est˜aocorretamente representados.

2 2 Por outro lado, os termos | ξk | e | ξ⊥ | s˜aoindependentes e cada um poussui dis- 2 2 2 tribui¸c˜ao χ , como demonstrado na se¸c˜aoanterior. O que faremos aqui ´etratar σr =| ξ⊥ | 2 2 como uma vari´avel aleat´oriae utilizaremos combina¸c˜oesarbitr´ariasde | ξk | e | ξ⊥ | como 206 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

Figura B.10: Histograma para cada um dos coeficientes de Fourier de um periodograma com 200 medidas puramente ruidosas. A m´ediade cada um dos fatores deve ser zero e a variˆancia 2 pode ser aproximada por 2σr /N.

periodograma, cujas distribui¸c˜oesdeduziremos aqui. Uma das combina¸c˜oesposs´ıveis ´ea vari´avel Z, estudada primeiramente por Fisher (1924), definida por:

 2  1 | ξk | /nk Z = ln 2 (B.46) 2 | ξ⊥ | /n⊥

Onde nk e n⊥ s˜aoos graus de liberdade. Para uma nota¸c˜aomais ´agil,poremos: x1 = ξk, 2 n1 = nk, x2 = ξ⊥ e n2 = n⊥. Sabemos que x1 e x2 seguem uma distribui¸c˜ao χ , dada:

n /2 (1/2) 1 n1 −1 h x i p(x ) = x 2 exp − 1 (B.47) 1 n1 1 Γ( 2 ) 2 Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 207

Por quest˜oesde comodidade dividiremos a equa¸c˜ao(B.47) em duas partes independentes:

1 x  1 x  Z = ln 1 − ln 2 2 n1 2 n2 1 x  A = ln 1 2 n1 1 x  B = − ln 2 (B.48) 2 n2

A partir de (B.48), vamos primeiramente calcular a distribui¸c˜aopara A e B separada- mente. De acordo com a lei fundamental das probabilidades, a distribui¸c˜aopara A pode ser calculada da seguinte maneira:

dx p(A) = p(x ) 1 1 dA  n1/2 n  (1/2) 1 −1 h x i dx p(A) = x 2 exp − 1 1 (B.49) n1 1 Γ( 2 ) 2 dA

Teremos que:

n1/2 2n n n1 o p(A) = 1 [exp(2A)]n1/2 exp − e2A (B.50) n1/2 n1 2 Γ( 2 ) 2

A fun¸c˜aocaracter´ıstica,j´acalculada na se¸c˜aoanterior, para A, ´e:

Z ∞ E(eikA) = p(A) exp {ikA} dA −∞ Z ∞ n1/2 ikA 2n1 2A n1 + ik n n1 2Ao E(e ) = (e ) 2 2 exp − e dA (B.51) n1/2 n1 −∞ 2 Γ( 2 ) 2

Se fixarmos u = e2A, ficamos com:

Z ∞ n1/2 ikA 2n1 n1 + ik n n1 o 1 E(e ) = (u) 2 2 exp − u du n1/2 n1 −∞ 2 Γ( 2 ) 2 2u n1/2 Z ∞ ikA 2n1 n1 + ik −1 n n1 o E(e ) = u 2 2 exp − u du (B.52) n1/2 n1 2 Γ( 2 ) −∞ 2 208 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

Segundo f´ormula 1 da tabela (B.2), a equa¸c˜ao (B.52) fica da seguinte maneira:

2nn1/2 1 n ik  E(eikA) = 1 Γ 1 + (B.53) n1/2 n1 n1 n1/2+ik 2 Γ( 2 ) ( 2 ) 2 2

Ent˜ao,para os termos A e B da equa¸c˜ao(6.48), encontramos:

2nn1/2 n n o p(A) = 1 [exp(2A)]n1/2 exp − 1 e2A (B.54) n1/2 n1 2 Γ( 2 ) 2 2nn2/2 n n o p(B) = − 2 [exp(−2B)]n2/2 exp − 2 e−2B (B.55) n2/2 n2 2 Γ( 2 ) 2 2nn1/2 1 n ik  E(eikA) = 1 Γ 1 + (B.56) n1/2 n1 n1 n1/2+ik 2 Γ( 2 ) ( 2 ) 2 2 nn2/2 1 n ik  E(eikB) = − 2 Γ 2 − (B.57) n2/2 n2 n2 n2/2+ik 2 Γ( 2 ) ( 2 ) 2 2

Do conhecimento da fun¸c˜aocaracter´ısitcade A e B, podemos calcular a mesma para Z, que ser´aa multiplica¸c˜aode (B.56) e (B.57).

Z = A + B

E(eikZ ) = E(eik(A+B)) = E(eikA)E(eikB) n ik/2 Γ( n1 + ik )Γ( n2 − ik ) E(eikZ ) = 2 2 2 2 2 (B.58) n1 n2 n1 Γ( 2 )Γ( 2 )

Assim, a equa¸c˜ao(B.58) representa a fun¸c˜aocaracter´ısticapara Z e, como esta determina somente uma distribui¸c˜aode probabilidades, podemos fazer o caminho de volta e encon- trar, por fim, p(Z). Esta ´ultimaetapa est´ailustrada em (6.59):

∞ ik/2 ikZΓ( n1 + ik )Γ( n2 − ik ) 1 Z n  e 2 2 2 2 p(Z) = 2 dk n1 n2 2π −∞ n1 Γ( 2 )Γ( 2 ) (B.59) Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 209

1 Z ∞ ik  n   n ik  p(Z) = exp ln 2 − 2Z Γ 1 + × n1 n2 2πΓ( 2 )Γ( 2 ) −∞ 2 n1 2 2

n ik  Γ 2 − dk (B.60) 2 2

ik n2 n1+n2 Em (6.59), se impormos que u = 2 − 2 e β = 2 , a equa¸c˜aofica da seguinte maneira agora:

( " # ) 1 n n2/2 p(Z) = exp ln 2 − n z × n1 n2 2 2πiΓ( 2 )Γ( 2 ) n1

− n2 +i∞ u Z 2   n   exp ln 2 − 2z Γ(β + u)Γ(−u)du (B.61) n2 n1 − 2 −i∞

Se ainda, fizermos que s = u, γ = −n2/2, t = exp {ln(n2/n1) − 2z}, teremos que a solu¸c˜ao de (B.61), de acordo com (2) da tabela (B.2), fica da seguinte maneira:

2 n n  n n2/2 n n1/2 p(Z) = − Γ 1 2 2 1 × n1 n2  2 2 n n Γ( 2 )Γ 2 1 2

− n1+n2   n   2 1 + exp ln( 1 ) exp{−2z} (B.62) n2

Assim, depois das devidas simplifica¸c˜oes, chegamos na seguinte distribui¸c˜ao:

n /2 n /2 n 1 n 2 en1Z p(Z) = 2 1 2 (B.63) n1 n2 2z (n1+n2)/2 B( 2 , 2 ) (n1e + n2)

Portanto, para a vari´avel Z deduzimos (B.63) como sua distribui¸c˜aode probabilidades, mas ´eimportante encontrarmos tamb´emsua m´ediae variˆancia. Estes c´alculoss˜aomais 210 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas complexos, pois envolvem expans˜oesda fun¸c˜aogeradora de momentos, dada por:

n Γ( n2−t )Γ( n1−t ) M(t) = ( 2 )t/2 2 2 (B.64) n1 n2 n1 Γ( 2 )Γ( 2 )

A fun¸c˜ao(B.64), na verdadde, ´ean´aloga `afun¸c˜aogeratriz que utilizamos anteriormente. Por defini¸c˜ao, M(t) ´eo valor esperado do termo etx, onde x possui distribui¸c˜ao f(x). De acordo com a defini¸c˜ao:

Z ∞ M(t) = E(etx) = etxf(x)dx (B.65) −∞

Se lembrarmos da s´eriede Taylor para a exponencial, a express˜aoacima pode ser posta na forma:

Z ∞ Z ∞ M(t) = 1 + t xf(x)dx + t2 x2f(x)dx + ... (B.66) −∞ −∞

E´ ´utiltomarmos o logaritmo de M(t), juntamente com a seguinte aproxima¸c˜aoln[1 + x] =

x2 x3 x − 2 3 + ..., teremos:

" # Z ∞ t2 Z ∞ Z ∞ 2 ln(M(t)) = t xf(x)dx + x2f(x)dx − xf(x)dx + ϑ(3)(B.67) −∞ 2 −∞ −∞

Notemos que o primeiro termo desta expans˜ao ´eo valor esperado e o segundo, a express˜ao entre colchetes, ´ea variˆanciade x. Portanto, somos levados a expandir o lado direito da equa¸c˜ao(B.65) e igualarmos termo a termo com (B.67). O logaritmo da equa¸c˜ao(B.65) ´e:

t h n n i n + t n − t ln(M(t)) = ln 2 − ln 1 + ln Γ 1 + ln Γ 2 − 2 2 2 2 2

n  n  ln 1 − ln 2 (B.68) 2 2 Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 211

De Abramovitz e Stegun (1971) temos:

n1  n1 n1  1 n1  n1 1 1 8 ln Γ ≈ ln − ln − + ln(2π) + − 3 + ... 2 2 2 2 2 2 2 6n1 360n1 n2  n2 n2  1 n2  n2 1 1 8 ln Γ ≈ ln − ln − + ln(2π) + − 3 + ... 2 2 2 2 2 2 2 6n2 360n2

    n1 − t 1 n1 n1 1 n1 n1 1 1 ln Γ ≈ ln(2π) + ln − ln − + − 3 + ... 2 2 2 2 2 2 2 6n1 45n1

    1 1 n1 1 2 1 1 1 +t − + ln − + ... + t 2 + 3 + ... + ϑ(3) 2n1 2 2 6n1 2n1 4n1 6n1

    n2 − t 1 n2 n2 1 n2 n2 1 1 ln Γ ≈ ln(2π) + ln − ln − + − 3 + ... 2 2 2 2 2 2 2 6n2 45n2

    1 1 n2 1 2 1 1 1 +t − + ln − + ... + t 2 + 3 + ... + ϑ(3) (B.69) 2n2 2 2 6n2 2n2 4n2 6n2

Logo, substituindo (B.69) em (B.68) e igualando a (B.67), tiramos:

1  1 1  1  1 1  Media = − − 2 − 2 + ... (B.70) 2 n2 n1 6 n2 n1 1  1 1  1  1 1  1  1 1  V ariancia = + + 2 − 2 + 3 + 3 + ... (B.71) 2 n2 n1 2 n2 n1 3 n1 n2

Enfim, apresentamos na figura (B.11) os periodogramas da vari´avel Z aplicado aos mesmos dados sint´eticose ru´ıdosque deram origem `afigura (B.9). 212 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

Figura B.11: Periodograma Z, utilizando dois harmˆonicos. Encontramos para os dados per´ıodicos o valor de cinco dias. Apresentamos tamb´em o periodograma dos dados puramente ruidosos juntamente com seu histograma. Para os ru´ıdosutilizamos sete harmˆonicos.

A vari´avel Z foi estudada por Fischer em 1924, mas ficou difundida a utiliza¸c˜aoda vari´avel F, definida como a partir da exponencial de Z:

x /n F = e2Z = 1 1 x2/n2

J´aque temos o conhecimento de p(Z), fica f´acildeduzirmos a distribui¸c˜aopara F, e en- contramos a seguinte express˜ao: Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 213

dZ p(F ) = p(Z) dF (B.72) n n1/2 n2/2 1 −1 n n F 2 p(F ) = 1 2 (B.73) B( n1 , n2 ) n1+n2 2 2 (n1F + n2) 2

O valor m´edioe variˆanciade F s˜ao:

n hF i = 2 (B.74) n2 − 2 2 2n2(n1 + n2 − 2) var[F ] = 2 (B.75) n1(n2 − 2) (n2 − 4)

Assim, podemos utilizar tamb´ema vari´avel F como periodograma, j´aque possui estat´ıstica bem conhecida. Outra combina¸c˜aoposs´ıvel, que tamb´empode nos servir como peri- odograma, ´e:

x β = 1 (B.76) x1 + x2

Lembrando que x1 = ξk, n1 = nk, x2 = ξ⊥, n2 = n⊥ e que 0 6 β 6 1. Podemos encontrar a distribui¸c˜aode β a partir, por exemplo, da equa¸c˜ao(B.73). Seja a rela¸c˜aoentre β e F dada abaixo:

n F β = 1 n2 + n1F dF n2 βn2n1 = + 2 dβ n1 − n1β [n1 − n1β]

Pela lei fundamental das probabilidades, tiramos que:

1 n1 −1 n2 −1 p(β) = β 2 (1 − β) 2 (B.77) n1 n2 B( 2 , 2 ) 214 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas

A m´edia´edada por:

Z 1 1 n1 n2 −1 hβi = β 2 (1 − β) 2 dβ (B.78) n1 n2 B( 2 , 2 ) 0

Se utilizarmos a tabela (B.2), aplicando a f´ormula (3), encontraremos:

1  n n  1  n /2  n n  hβi = B 1 + 1 , 2 = 1 B 1 , 2 n1 n2 n1 n2 B( 2 , 2 ) 2 2 B( 2 , 2 ) n1/2 + n2/2 2 2 n hβi = 1 (B.79) n1 + n2

A variˆanciasegue as mesmas diretrizes e pode ser encontrada tamb´emcom o aux´ılode (3) da tabela (B.2). O resultado ´e:

(n /2)(n /2) var[β] = 1 2 (B.80) n1 n2 2 n1 n2 ( 2 + 2 ) ( 2 + 2 + 1)

Apresentamos na figura (B.12) um exemplo de periodograma β aplicado a um sinal per´ıodico e a um ru´ıdo.Mostramos, tamb´em,o histograma deste espectro ruidoso. Se¸c˜ao B.4. Periodogramas emp´ıricos 215

Figura B.12: Idem ao gr´afico6.11, mas aqui empregamos β.

Nesta se¸c˜ao,portanto, apresentamos outras formas de espectro que tamb´empodem ser utilizadas para pesquisa de per´ıodo.

Tabela B.2 - F´ormulas utilizadas ao longo do par´agrafo6.3.

Gradshteyn et al. 2007

R ∞ ν−1 1 1 0 x exp{−µx}dx = µν Γ(ν) R γ+i∞ s −beta 2 γ−i∞ Γ(−s)Γ(β + s)t ds = 2πiΓ(β)(1 + t) R 1 µ−1 ν−1 −µ−ν −µ 3 0 x (1 − x) (1 + ax) dx = (1 + a) B(µ, ν) 216 Apˆendice B. Algumas notas sobre a estat´ısticados periodogramas Apˆendice C

Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

C.1 Introdu¸c˜ao

Apresentamos aqui a teoria usada para determinar os parˆametrosdos planetas por meio dos eclipses causados pelos mesmos. A motiva¸c˜aopara este estudo ´eo fato que a primeira determina¸c˜aodo Projeto CoRoT sempre ´efeita pela an´aliseda curva de luz. Por exemplo, como citamos, temos CoRoT 1b, 2b, 3b,... que foram detectados por trˆansitoe s´oposteriormente foram analisadas suas velocidades radiais. Em futuras determina¸c˜oes, esta t´ecnicacontinuar´aa ser importante e ainda existem outros projetos que a utilizam, como Kepler e OGLE. Esse m´etodo possui efeito seletivo bastante significativo pois somente planetas de per´ıodos curtos tem chance de serem encontrados. A inclina¸c˜aodo plano orbital tamb´em deve possuir um valor favor´avel. Entretanto, com os trˆansitospodemos deduzir parˆametros complementares `aquelesobtidos por velocidade radial, como o raio do planeta, por exem- plo. Seguimos a modelagem de Kopal (1979), cujas passagens expomos na se¸c˜ao(C.2) e (C.3). Segundo Gimenez (2006) esta ´ea dedu¸c˜aomais geral poss´ıvel, servindo para qual- quer tipo de eclipse seja ele central ou n˜ao,sendo que a ´unicalimita¸c˜aoimposta ´ea aprox- ima¸c˜aoda estrela e do planeta como discos circulares. As equa¸c˜oestamb´emconsideram o efeito de “limb-darkening” ( em portuguˆes“escurecimento de bordo”), fenˆomenoobser- vado em que o brilho da estrela se distribui de forma irregular ao longo de sua superf´ıcie, devido a varia¸c˜oesde temperatura e densidade. Nas equa¸c˜oesutilizadas consideramos um 218 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos polinˆomiode grau arbitr´arioregendo o fenˆomenode escurecimento de borda. Como an´alisede caso e melhor entendimento das equa¸c˜oesdeduzidas, aplicamos primeira- mente esta t´ecnicapara o sistema OGLE-TR113 e comparamos os resultados obtidos com aqueles previamente tabelados.

C.2 Modelagem da Curva de luz: Primeira aproxima¸c˜ao

Nesta se¸c˜ao,utilizaremos considera¸c˜oesgeom´etricaspara determinar a perda de luz durante um eclipse. E´ bem conhecido na literatura que a luminosidade observada de uma estrela ´edada pela seguinte equa¸c˜ao:

Z L1 = J cos γdσ (C.1) S

Onde S ´ea superf´ıcieda estrela e J a fun¸c˜aode escurecimento de borda (EB), dada por:

( n ) X k  J = H 1 − uk 1 − cos γ (C.2) k=0

Essa ´euma fun¸c˜aogeral pois engloba um grau arbitr´ariopara a fun¸c˜aode EB. O ˆangulo γ ´eo ˆanguloentre a linha de visada e a normal a superf´ıcieda estrela e o termo dσ ´ea ´area superficial da estrela. Portanto, o termo cos γdσ ´eo elemento de ´areado disco que ob- servamos, ou seja, a ´area dxdy. Substituindo (C.2) em (C.1) e n˜aoesquecendo tamb´emque:

cos γdσ = 2πrdr

γ = arcsin(r/r1) (C.3)

A equa¸c˜ao(C.1) pode ser escrita da seguinte maneira:

( N ) Z r1     X k r L1 = H 1 − uk 1 − cos arcsin rdr r1 0 k=0 ( N N ) Z r1 Z r1 Z r1    X X k r L1 = 2πH rdr − uk rdr + uk cos arcsin rdr (C.4) r1 0 k=0 0 k=0 0 Se¸c˜ao C.2. Modelagem da Curva de luz: Primeira aproxima¸c˜ao 219

O terceiro termo de (C.4), aquele que envolve a fun¸c˜aocosseno e arcseno ´eo fator mais complicado a ser resolvido, mas podemos fazer isto ao abrirmos a somat´oriaque a envolve e resolvermos a integral para cada valor de k individualmente. Fazendo isto, podemos tirar uma fun¸c˜aogeral para este termo. Resumidamente, a integral (C.4) fica da seguinte maneira:

( ) X lul L = πr2H 1 − (C.5) 1 1 l + 2 l

A express˜ao(C.5) ´ecoincidente com aquela dada em Kopal (1979) e representa a lumi- nosidade total da estrela que observamos. Passemos agora `aquantidade total de luz que deixamos de observar quando uma oculta¸c˜aoocorre. Seja a luminosidade total dada por

L = L1 −αL1 onde α ´ea fra¸c˜aode luz que deixamos de observar quando o eclipse acontece e pode ser avaliada na seguinte express˜ao:

δL R J cos γdσ α = 1 = S (C.6) L 2  P lul 1 πr1H 1 − l l+2

Os elementos que constituem essa express˜aos˜aoos mesmos que os da equa¸c˜ao(C.1). Entretanto, a superf´ıcieS agora n˜ao´emais a ´areatotal da estrela, mas sim, aquela que ´e encoberta pelo planeta, como vemos na figura (C.1). Para resolu¸c˜aoda equa¸c˜ao (C.6), utilizamos exatamente a mesma geometria da figura (C.1). Consideramos a estrela e o planeta como discos circulares, cujas equa¸c˜oesescreve-

2 2 2 2 2 2 mos, respectivamente, como: x + y = r1 e (x − δ) + y = r2. Podemos ent˜aocalcular o valor da distancia “S” que ´eo ponto de intersec¸c˜aodos dois discos e de acordo com a equa¸c˜ao(C.7), temos: 220 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Figura C.1: Geometria que utilizamos para resolu¸c˜aoda equa¸c˜ao(C.6)

r2 − r2 + δ2 S = 1 2 (C.7) 2δ

Conhecendo esses fatores, podemos nos preocupar em analisar a express˜ao δL1/L1, faremos isto em coordenadas cartesianas e consideramos tamb´em:

cos γdσ = dxdy q 2 2 2 r1 cos γ = r1 − x − y (C.8)

A fun¸c˜aode EB ´ea mesma que utilizamos anteriormente, dada pela equa¸c˜ao(C.2), e sub- stituindo (C.8) em (C.6), ap´osalgumas simplifica¸c˜oes,teremos:

( ) H Z X Z α = C dxdy + C cosk γdxdy Hπr2 o k 1 k

 "s #0 "s #k   Z r2 − x2 − y2 X Z r2 − x2 − y2  απr2 = C 1 dxdy + C 1 dxdy 1 o r2 k r2  1 k 1  Se¸c˜ao C.2. Modelagem da Curva de luz: Primeira aproxima¸c˜ao 221

( N Z ) X Ck απr2 = zkdxdy (C.9) 1 rk k=0 1

P p 2 2 2 1− k uk uk Onde : z = r1 − x − y , Co = P iui e Ck = P iui . Os limites de integra¸c˜ao 1− i i+2 1− i i+2 tiramos por meio da figura (C.1), e a integral (C.9) escrevemos portanto como:

N X α = Ckαk k=0 √ √ 2 2 2 2 Z s Z r2−(x−δ) Z r1 Z r1−x 2+k k k αkπr = √ z dxdy + √ z dxdy (C.10) 2 2 2 2 δ−r2 − r2−(x−δ) s − r1−x

Assim, resolvendo (C.10), podemos calcular a perda de luz devido ao eclipse. Entre- tanto, esta n˜ao´etarefa das mais f´aceis,uma vez que cada integral depende do ´ındicede somat´oriak e a resolu¸c˜aopode se tornar extremamente complicada. Para valores de k pares, podemos availar (C.10) sem muitos problemas, embora haja um pesado trabalho de ´algebra.A situa¸c˜aose complica enormemente para valores de k ´ımpares, ocorrendo o surgimento de fun¸c˜oesel´ıpticase αk se torna bastante dif´ıcilde ser avaliado. Para exem- plificar, tomamos k = 0, que resulta em:

 1   1  α πr2 = r2 ς − sin(2ς ) + r2 ς − sin(2ς ) (C.11) 0 1 1 2 1 2 2 2 2

h 2 2 2 i h 2 2 2 i r1−r2+δ δ −r1+r2 Onde: ς1 = arccos e ς2 = arccos . Por outro lado, para k = 1, a 2δr1 2δr2 equa¸c˜aopara α1 fica da seguinte maneira:

√ √ r r2−x2 s r2−(x−δ)2 Z 2 Z 1 q Z Z 2 q 3 2 2 2 2 2 2 α1πr = √ r1 − x − y dxdy + √ r1 − x − y dxdy 2 2 2 2 s − r1−x δ−r2 − r2−(x−δ) (C.12)

A avalia¸c˜aode (C.12) ´ebastante complicada mesmo com o uso de manipuladores alg´ebricos como Maple ou Mathematica. Para finalizar esta se¸c˜ao,tracemos alguns coment´ariosa res- peito dos c´alculos apresentados: a express˜aopara α ´edependente de r1, r2, os raios da 222 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos estrela e do planeta respectivamente, e do parˆametro δ, que ´ea distˆancia m´utuaentre o centro da estrela e do planeta. Este fator ´eimportante pois ele ´edependente dos elementos orbitais do planeta e pode ser escrito como:

 a(1 − e2) 2 δ2 = (1 − cos2θsin2i) (C.13) 1 − esin(θ − ω)

Onde a ´eo semieixo, e a excentricidade, i a inclina¸c˜ao, ω o argumento do pericentro e θ a fase orbital do planeta. O empecilho para utilizarmos os resultados desta se¸c˜ao´eprin- cipalmente a comodidade computacional. O c´alculose torna extremamente dispendioso, mesmo para simples fun¸c˜oesde ED. Na se¸c˜aoseguinte, traremos uma formula¸c˜aogeral, que tamb´emest´acontida em Kopal (1979) e que ´eusada modernamente.

C.3 F´ormula Geral

Como vimos na se¸c˜aoanterior, a express˜aopara α que deduzimos n˜ao´ea mais geral poss´ıvel, devido a dificuldades em calcularmos a equa¸c˜ao(C.10), mesmo para baixas ordens de k. Aqui tomaremos um caminho alternativo, e encontraremos uma express˜aopara α independente da fun¸c˜aode escurecimento de borda tomada. Apenas recapitulando o problema, consideramos o planeta e a estrela como discos circulares, como mostrado na figura (C.2), notemos que agora consideramos δ como um vetor, cujas componentes s˜ao(δx, δy). As fun¸c˜aof e g representam as fun¸c˜oesde escurecimento de boda para a estrela e planeta respectivamente, escrevemos a fra¸c˜aode luz perdida durante uma oculta¸c˜aocomo sendo dado pela equa¸c˜ao(C.14)

ZZ ∞ αL1 = f(x, y)g(ξ, η)dxdy (C.14) −∞ Se¸c˜ao C.3. F´ormula Geral 223

Figura C.2: Representa¸c˜aoda estrela e planeta como discos circulares de raios r1 e r2 respectivamente. As fun¸c˜oes f(x, y) e g(ξ, η) representam a distribui¸c˜aodo brilho na superf´ıcie de ambos os corpos.

A integral (C.14) ser´acalculado quando δ ≤ r1 + r2, ou seja, somente quando h´acon- jun¸c˜aoentre os discos. As fun¸c˜oes f(x, y) ´edefinida tal que:

f = 0 se |(x, y)| ≥ r1

f = Eq.(C.2) se |(x, y)| ≤ r1 (C.15)

J´apara a fun¸c˜ao g, temos:

g = 0 se |(ξ, η)| ≥ r2

g = 1 se |(ξ, η)| ≤ r2 (C.16)

A fun¸c˜aog, como definida, representa um disco opaco para o planeta. Considerando-a como uma fun¸c˜aosim´etrica,teremos que:

g(ξ, η) = g(−ξ, −η) (C.17) 224 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Assim sendo, quando h´auma conjun¸c˜ao,de acordo com a defini¸c˜aodas fun¸c˜oesf e g, a integral (C.14) ser´acalculada somente na ´areadestacada da figura (C.3). O resultado representar´aa quantidade de luz equivalente a ´areahachurada. Posteriormente, calculamos a luz total observada como L1 = L1 − αL1, como na situa¸c˜aoanterior.

Figura C.3: Representa¸c˜aoda oculta¸c˜aoentre ambos os discos. A integral (C.14) est´a definida somente na ´areaem destaque da figura.

Escrevendo g no sistema (x, y), temos:

x = ξ + δx ; y = η + δy

g(ξ, η) = g(x − δx, y − δy) (C.18)

Fazendo valer a rela¸c˜ao(C.17) temos:

g(ξ, η) = g(x − δx, y − δy) = g(δx − x, δy − y) (C.19)

A integral (C.14) fica: Se¸c˜ao C.3. F´ormula Geral 225

ZZ ∞ αL1 = f(x, y)g(x − δx, y − δy)dxdy (C.20) −∞

Resolveremos a equa¸c˜ao (C.20) atrav´esdo teorema da convolu¸c˜ao.As fun¸c˜oesf e g podem ser expressas de acordo com as equa¸c˜oes(C.21) e (C.22).

ZZ ∞ f(x, y) = F (u, v)e2πi(ux+vy)dvdu (C.21) −∞

∞ ZZ 0 0 0 0 2πi(u (δx−x)+v (δy−y)) 0 0 g(δx − x, δy − y) = G(u , v )e dv du (C.22) −∞

Substituindo (C.21) e (C.22) em (C.20) temos:

∞  ∞  ∞   ZZ ZZ 0 0 ZZ 0 0 F (u, v)G(u0, v0)e2πi(δxu +δyv )) e2πi[(u−u )x+(v−v )y]dxdy dudv du0dv0 −∞ −∞ −∞ (C.23)

A integral em x e y pode ser resolvida como abaixo:

ZZ ∞ exp {2πi(u − u0)x} exp {2πi(v − v0)x} dxdy = δ(u − u0)δ(v − v0) (C.24) −∞

Ent˜aosubstituindo (C.24) em (C.23), teremos:

∞  ∞  ZZ 0 0 ZZ G(u0, v0)e2πi(u δx+v δy) F (u, v)δ(u − u0)δ(v − v0)dudv du0dv0 (C.25) −∞ −∞

A integral entre colchetes resulta em F (u0, v0) e ficaremos portanto:

∞ ZZ 0 0 G(u0, v0)F (u0, v0)e2πi(u δx+v δy)du0dv0 (C.26) −∞ 226 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Portanto, verificamos a igualdade, que trata-se do teorema da convolu¸c˜aoentre duas fun¸c˜oes:

∞ ∞ ZZ ZZ 0 0 0 0 0 0 2πi(u δx+v δy) 0 0 f(x, y)g(δx − x, δy − y)dxdy = G(u , v )F (u , v )e du dv −∞ −∞ (C.27)

Passaremos ent˜aoao c´alculoda integral (C.20) atrav´esda rela¸c˜ao(C.27) que encon- tramos. O c´alculosdas transformadas de Fourier de f e g s˜aodados por:

ZZ ∞ F (u, v) = =[f(x, y)] = f(x, y) exp {−2πi(ux + vy)} dxdy (C.28) −∞

0 0 G(u , v ) = =[g(δx − x, δy − y)] =

ZZ ∞ e2πi(uδx+vδy) g(x, y) exp {−2πi(u0x + v0y)} dxdy = −∞

e2πi(uδx+vδy)=[g(x, y)] (C.29)

Ent˜aoa situa¸c˜aoque temos ´ea seguinte:

ZZ ∞ 0 0 =[f(x, y)]=[g(δx − x, δy − y)]du dv = −∞

ZZ ∞ 0 0 0 0 =[f(x, y)]=[g(x, y)] exp {2πi(u δx + v δy)} du dv = −∞

ZZ ∞ f(x, y)g(δx − x, δy − y)dxdy (C.30) −∞ Calculando F (u, v) temos: Se¸c˜ao C.3. F´ormula Geral 227

ZZ ∞ F (u, v) = f(x, y) exp{−2πi(xu + vy)}dxdy (C.31) −∞

√ Onde i = −1. Podemos utilizar coordenadas polares, e se f(x, y) possui simetria radial, podemos escrever:

f(x, y) = f(r)

x + iy = reiθ (C.32)

Assim a equa¸c˜aopara F (u, v) fica:

Z ∞ Z π F (u, v) = f(r) exp{−2πiqrcos(θ − φ)}rdrdθ (C.33) 0 −π

Onde: u + iv = qeiφ. E´ conveniente escrevermos a exponencial da equa¸c˜ao(C.33) em termos da fun¸c˜aode Bessel. De acordo com Arfken e Weber (2005), temos:

∞ X h π i exp{i(−2πqr)cos(θ − φ)) = J (2πqr) + 2 J (2πqr) cos 2n + θ − φ o 2n 2 n=1

∞ X h π i −2i J (2πqr) sin (2n + 1) + θ − φ (C.34) 2n+1 2 n=1

Assim, utilizando a equa¸c˜ao(C.34) para F (u, v), temos para (C.33) a seguinte forma:

∞ Z ∞ Z π X h π i F (u, v) = f(r)J (2πqr) + 2 J (2πqr) cos 2n + θ − φ o 2n 2 0 −π n=1

∞ X h π i −2i J (2πqr) sin (2n + 1) + θ − φ rdrdθ (C.35) 2n+1 2 n=1 228 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Percebemos que a integral em θ dos termos que levam as fun¸c˜oesseno e cosseno se anulam e a equa¸c˜ao(C.35) fica da seguinte maneira:

Z ∞ F (q) = 2π f(r)Jo(2πqr)rdr (C.36) 0

A equa¸c˜ao(C.36) ´econhecida como transforma¸c˜aode Hankel para a fun¸c˜ao f(r). Vamos tomar, como anteriormente, f(r) da forma mais geral poss´ıvel, ou seja:

( ) X k f(r) = Ho 1 − uk(1 − cos γ) (C.37) k

Onde u1, u2, ...un s˜aoos coeficientes de escurecimento de borda e:

pr2 − r2 cos γ = 1 (C.38) r1

Assim, a equa¸c˜ao(C.36) toma a seguinte forma:

Z ∞ X Z ∞ F (q) = 2πH rJo(2πqr)dr − 2πH uk rJo(2πqr)dr+ 0 k 0

Z ∞ X k 2πH uk cos γJo(2πqr)rdr (C.39) k 0

Segundo Gradsthteyn e Ryzhik (2007) temos tabelado:

Z ∞ 1 ν µ µ µ −µ−1 Γ( 2 + 2 + 2 ) x Jν(ax)dx = 2 a 1 ν µ (C.40) 0 Γ( 2 + 2 − 2 ) Assim, por (C.40) podemos resolver os dois primeiros termos de (C.39), estes s˜aonulos, pois teremos como resultado um denominador que envolve Γ(0), que tende a ∞. Portanto, Se¸c˜ao C.3. F´ormula Geral 229

ficaremos somente com o termo:

Z ∞ X k F (q) = 2πH uk cos γJo(2πqr)rdr (C.41) k 0

Introduzindo nesta equa¸c˜aoa express˜ao(C.38) ficaremos com:

Z ∞  2 k/2 X uk r F (q) = 2πH r1k 1 − J (2πqr)rdr (C.42) rk r2 o k 1 0 1

Ao promovermos uma mudan¸cade vari´avel do tipo u = r/r1, ficaremos com:

Z 1 X 2k/2 F (q) = 2πH uk 1 − u Jo(2πqr1u)du (C.43) k 0

Para a resolu¸c˜aode (C.43) recorremos novamente a Gradsthteyn e Ryzhik (2007) que traz tabelado:

Z 1 ν+1 2 µ µ −(µ+ν) x (1 − x ) Jν(bx)dx = 2 Γ(µ + 1)b Jν+µ+1(b) (C.44) 0

Aplicando `a(C.43) a express˜ao(C.44), chegaremos a express˜aopara F (q) que desejamos, que ´e:

ν X 2 Γ(ν)Jν(2πqr1) F (q) = L1 Ck ν (C.45) (2πqr1) k

k+2 Onde: ν = 2 . Nos preocuparemos agora com o segundo disco, aquele que representa o planeta. Este pos- sui distribui¸c˜aode brilho dada pela fun¸c˜ao(C.16). Calculamos a transformada de g(x, y), representada pela equa¸c˜aoque segue:

Z ∞ G(u, v) = g(x, y)exp {−2πi [ux + vy]} dudv (C.46) −∞ 230 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Procedendo de forma rigorosa, como fizemos quando calculamos F(u,v), encontramos:

2πr2J (2πqr ) G(u, v) = 2 1 2 = =[g(x, y)] (C.47) 2πqr2

Onde q = u2 + v2. Assim, com F e G conhecidos por (C.45) e (C.47) podemos subsitu´ı-los em (C.27) e ficaremos com a seguinte equa¸c˜ao:

−∞ ZZ 0 0 0 0 0 0 2πi(u δx+v δy) 0 0 L1α = F (u , v )G(u , v )e du dv −∞

−∞ ν 2 ZZ 0 0 X Ck2 Γ(ν)Jν(2πqr1) 2πr2J1(2πqr2) 2πi(u δx+v δy) 0 0 L1α = L1 ν e du dv (C.48) (2πqr1) 2πqr2 −∞ k

0 0 Lembrando que u = q cos ζ , v = q sin ζ e (δx, δy) = (δ cos ψ, δ sin ψ), a equa¸c˜ao(C.48) fica:

Z 2π Z −∞ ν 2 X Ck2 Γ(ν)Jν(2πqr1) 2πr2J1(2πqr2) 2πiqδ cos(ζ−ψ) L1α = L1 ν e qdqdζ (2πqr1) 2πqr2 0 −∞ k

Z −∞ ν 2 Z 2π  X Ck2 Γ(ν)Jν(2πqr1) 2πr2J1(2πqr2) 2πiqδ cos(ζ−ψ) L1α = L1 ν e dζ qdq (2πqr1) 2πqr2 −∞ k 0 (C.49)

A integral entre colchetes na express˜ao (C.49) pode ser calculada em termos das fun¸c˜oes de Bessel, como de acordo com a equa¸c˜ao(C.34) e resulta em:

Z 2π 2πiqδ cos(ζ−ψ) e dζ = 2πJo(2πqδ) (C.50) 0

Assim, substituindo (C.50) em (C.49) ficaremos com:

Z −∞ 2 X ν Jν(2πqr1) J1(2πqr2) L1α = (2πr2) L1 Ck2 Γ(ν) ν Jo(2πqδ)qdq (C.51) (2πqr1) 2πqr2 k −∞ Se¸c˜ao C.3. F´ormula Geral 231

Ressaltamos aqui que a express˜aoque encontramos, (C.51), somente ´ev´alidapara uma fun¸c˜aode transparˆenciacomo a dada em (C.16), na qual consideramos um disco opaco representando o planeta. A t´ıtulode curiosidade, podemos tamb´emconsiderar o planeta com algum brilho pr´oprio,utilizando uma express˜aodiferente para g, como a dada abaixo (C.52), por exemplo:

2 λ g = [1 − (ρ/r2) ] se ρ ≤ r2

g = 0 se ρ ≥ r2 (C.52)

Para esta situa¸c˜ao,aexpress˜aopara G se tornaria:

λ+1 2 Jλ+1(2πqr2) −2πiλu G(u, v) = 2 πr2Γ(λ + 1) λ+1 e (C.53) (2πqr2)

Nossa tarefa agora se resume a resolver a equa¸c˜ao(C.51), que ap´osalguma ´algebrapode ser posta sob a forma:

X α = Ckαk k Z ∞   2 ν J1(2πqr1) J1(2πqr2) αk = (2πr2) 2 Γ(ν) ν Jo(2πqδ)qdq (C.54) 0 (2πqrq) 2πqr2

r1+r2 Se fizermos uma mudan¸cade vari´avel tal que: y = (2πqr2), encontraremos para αk: r2

Z ∞ ν −ν αk = 2 Γ(ν)b (ay) Jν(ay)J1(by)Jo(cy)dy (C.55) 0

Onde: a = r1 , b = r2 e c = δ . Esses parˆametros s˜aotais que, para qualquer tipo r1+r2 r1+r2 r1+r2 de eclipse, teremos 0 ≤ a ≤ 1 e 0 ≤ b ≤ 1. J´acom o parˆametro c podemos calcular a dura¸c˜aoda oculta¸c˜ao,visto que 0 ≤ c ≤ 1, quando c = 1 h´ao in´ıcioda conjun¸c˜ao,quando 232 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos c = 0 ela ´em´aximae por fim c = 1 ao t´erminodo eclipse. Substitu´ımostamb´em,no termo

Jν(ay)J1(by), a identidade, conhecida como identidade de Bateman (1905):

∞ 2baν X (−1)n(ν + 2n + 2)Γ(ν + n + 2)Γ(ν + n + 1) J (by)J (ay) = × 1 ν y n!Γ(n + 2){Γ(ν + 1)}2 n=0

2 {1F2(−n, ν + n + 2, ν + 1, a)} Jν+2n+2(y) (C.56)

Podemos escrever a identidade acima em termos dos polinˆomiosG de Jacobi, ent˜ao,tere- mos:

∞ 2baν X (−1)n(ν + 2n + 2)Γ(ν + n + 2)Γ(ν + n + 1) J (by)J (ay) = × 1 ν y n!Γ(n + 2){Γ(ν + 1)}2 n=0

2 {Gn(ν + 2, ν + 1, a)} Jν+2n+2(y) (C.57)

Substituindo (C.57) em (C.55), ficaremos com:

∞ 2νΓ(ν)b X (−1)n(ν + 2n + 2)Γ(ν + n + 2) α = {G (ν + 2, ν + 1, a)}2× k Γ(ν + 1)2 n!Γ(n + 2){Γ(ν + 1)}2 n n=0

Z ∞ −ν−1 y Jν+2n+2(y)Jo(cy)dy (C.58) 0

Para resolu¸c˜aofinal de (C.58) recorremos a Abramowitz e Stegun (1972), que traz tabelado:

Z ∞ β µ+β−λ+1 −λ w Γ( 2 ) t Jµ(vt)Jβ(wt)dt = × λ β−λ+1 µ−β+λ+1 0 2 a Γ(β + 1)Γ( 2 )

ν + β − λ + 1 β − µ − λ + 1 w2  F , , β + 1, (C.59) 1 2 2 2 v2

Se utlizarmos a equa¸c˜ao(C.59) com v = 1, µ = ν + 2n + 2, β = 0, w = c, λ = ν + 1 e se Se¸c˜ao C.4. Aplica¸c˜ao 233 j´autilizarmos a identidade dada em (C.60):

2 2 ν+1 2 1F2(−ν − n − 1, n + 1, 1, c ) = (1 − c ) Gn+1(2 + ν, 1, c ) (C.60)

chegaremos na express˜aofinal, que ´e:

∞ b2(1 − c2)ν+1 X (−1)n(ν + 2n + 2)Γ(ν + n + 1) α = {G (ν + 2, ν + 1, a)}2× k νΓ(ν + 1) Γ(n + 2) n n=0

2 Gn(2 + ν, 1, c ) (C.61)

Relembrando que: ν = (k + 2)/2. Essa ´ea mesma express˜aoencontrada em Gimenez (2006) e ´econvergente para |c| ≤ 1. Os fatores a, b e c s˜aomencionados na equa¸c˜ao

(C.55). Com a equa¸c˜aopara αk, podemos escrever a equa¸c˜ao de luz para a estrela:

L = L1 − αL1 (C.62)

Onde L1 foi calculado na equa¸c˜ao(C.5) e α ´etal que: α = 0 quando n˜aoh´aoculta¸c˜ao, ou seja, para valores |c| ≥ 1. Por outro lado, quando h´atrˆansitoutilizamos:

N X α = Ckαk (C.63) k=0

Onde N ´eo grau da fun¸c˜aode escurecimento de borda utilizada e os C’s s˜aocalculados de acordo com (C.9)

C.4 Aplica¸c˜ao

Para as an´alisesque apresentamos aqui, utilizamos alugmas medidas publicadas pelo projeto OGLE que est˜aodispon´ıveis na p´aginaoficial do projeto: http://ogle.astrouw.edu.pl . 234 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

C.4.1 Sistema OGLE-TR113

Este sistema est´aresolvido e seus elementos orbitais s˜aoapresentados na tabela (C.1):

Tabela C.1 - Valores encontrados na literatura para o Sistema OGLE-TR113, publicados em obspm.eu.

Sistema OGLE-TR113

Estrela:

M∗ 0.78M

R∗ 0.77R Planeta: a 0.0229U.A. P 1.4324772dias

R 1.04RJ i 89.4o τ 3471.7782

Como primeira aproxima¸c˜aovamos supor este planeta em uma ´orbitacircular e a lei de escurecimento de borda(EB) seja linear. Cabe fazermos um esclarecimento sobre a diferen¸cade nota¸c˜aoque encontramos na literatura a respeito dos coeficientes de EB: alguns trabalhos os trazem sob o t´ıtulo(u+, u−); outros com (ua, ub). A convers˜aode uma nota¸c˜aopara outra ´ef´acile a fazemos como: (u+ = ua + ub, u− = ua − ub) e (u1 = ua + 2ub; u2 = −ub), que s˜aoos valores que utilizamos. Segundo Gimenez (2006), para este sistema, estes coeficientes s˜ao:(u+ = 0.64 ± 0.05; u− = 0.17 ± 0.05), que resulta em

(Co = 0.4693101575,C1 = 1.140684411,C2 = −0.3063552417). Apenas como teste de nosso programa e para adiquirirmos familiaridade com as equa¸c˜oes apresentadas, iremos resolver este sistema, sempre conscientes dos valores da tabela C.1 . As medidas da luminosidade para este sistema s˜aoapresentadas na figura (C.4) onde percebemos haver trˆesgrupos bastante distintos, que denotamos como conjunto (I), (II) e (III). Se¸c˜ao C.4. Aplica¸c˜ao 235

Figura C.4: Luminosidade do sistema OGLE-TR113. Nestas medidas, temos trˆesconjun- tos distintos e bem separados temporalmente: Conjunto I (2452320 ≤ t ≤ 2452440), II (2452620 ≤ t ≤ 2452700) e III (2453020 ≤ t ≤ 2453080).

Na figura seguinte, (C.5), mostramos cada um dos conjuntos individualmente, salien- tando que h´aum decr´escimosistem´aticoe peri´odicona luminosidade observada. Estes ocorrem em valores inteiros de, aproximadamente, 1.4 dias e, acreditamos, que isto est´a bem claro nas medidas do conjunto I. J´ao conjunto II apresenta poucas medidas e somente com ele n˜aopodemos tirar conclu˜oesfidedignas. Finalmente, temos o conjunto III, onde apesar de uma quantidade maior de medidas, tamb´emn˜aotiramos nenhuma conclus˜ao significativa, visto o maior espa¸camento das medidas e por isso observamos somente trˆes eclipses. A seguir, primeiramente consideramos os valores dados na tabela C.1 como conhecidos e, ent˜ao,avaliaremos cada um dos parˆametros L, θ, δ e c, que encontramos na se¸c˜aoanterior apenas para um melhor conhecimento das rela¸c˜oesdeduzidas. Por esta raz˜ao,apresentamos a figura C.6, onde temos os parˆametros δ, c e L em fun¸c˜aoda fase orbital θ. 236 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Figura C.5: Neste gr´aficotemos cada um dos conjuntos mostrados individualmente. Percebe- mos as diminui¸c˜oes sucessivas da luminosidade e que esta ocorre em per´ıodos de 1.4 dias, ou de um n´umerointeiro deste valor.

Em (C.6-A) temos a distˆanciaentre o centro do planeta e o centro da estrela, parˆametro que se comporta como o esperado: quando a fase ´e0 (ou 2π ), π a distˆanciaentre os centros ´enula. A primeira condi¸c˜aorepresenta a oculta¸c˜aoda estrela pelo planeta e a segunda a situa¸c˜aocontr´aria, quando o planeta ´eocultado pela estrela. Em (C.6-B) apresentamos o parˆametroc, este se trata de um fator muito importante, pois ´eatrav´esdele que determinamos a dura¸c˜aodo eclipse. Quando c ´eigual a 1 significa que temos o in´ıcioda oculta¸c˜ao.Este valor decresce `amedida que o eclipse evolui e atinge 1 novamente quando a oculta¸c˜aotem seu fim. Neste gr´afico,salientamos, por uma linha pontilhada, este valor limiar de c. Quando c ´emenor que 1 e a fase ´ede 0 ou 2π percebemos a diminui¸c˜aoda luminosidade observada. Ao passo que quando c ´emenor que 1 e a fase ´e de π o planeta ´eque est´asendo ocultado pela estrela. Finalmente, em (C.6-C), apresentamos os valores da luminosidade em fun¸c˜aode c. Novamente, representamos o valor limiar de c pela linha pontilhada e o c´odigode cores Se¸c˜ao C.4. Aplica¸c˜ao 237 representa as fases; nas medidas em verde, temos a conjun¸c˜ao,mas n˜aoobervamos de- crescimo em L pois a fase ´ede π, ao contr´ariodas medidas em vermelho, onde a fase ´e 0(2π).

Figura C.6: Em (A) representamos a distˆanciaentre os centros da estrela e do planeta. O valor ´ezero quando a fase ´ezero (ou 2π). Em (B), temos o parˆametroc, que ´ezero em duas ocasi˜oes,indicando duas conjun¸c˜oes,que representamos no gr´afico em vermelho e verde. O mesmo c´odigode cores utilizamos em (C) onde os pontos em verde representam a conjun¸c˜ao em π e por isso n˜aopercebemos a altera¸c˜aona luminosidade medida, ao contr´ariodo que ocorre nas medidas em vermelho, representando a conjun¸c˜aoem zero.

No gr´afico(C.7) apresentamos a luminosidade em fun¸c˜aoda fase; nele tivemos o tra- balho de separar as medidas feitas fora da regi˜aode trˆansito,que est´aapresentada na 238 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

figura (C.7-B). Fizemos isto com o intuito de analisarmos as medidas fora da regi˜aode trˆansito.

Figura C.7: Em (A): Luminosidade em fun¸c˜aoda fase orbital. O gr´afico(B) ´ean´alogoa (A), mas apresentamos somente as medidas onde n˜aoocorre trˆansito.

Figura C.8: Distribui¸c˜aodas medidas apresentadas no gr´aficoC.7(B). O valor m´edio´ede 14.4235 e o desvio padr˜ao´ede 4.91.10−4.

Analisamos posteriormente as medidas fora do trˆansito;para elas, calculamos sua dis- tribui¸c˜ao,que pode ser vista no gr´afico(C.8), onde representamos o histograma das medi- Se¸c˜ao C.4. Aplica¸c˜ao 239 das juntamente com a curva gaussiana. Consideramos boa a concordˆancia entre a gaussiana e o histograma e isto nos leva `aconclus˜aode que, fora da regi˜aode trˆansitopodemos con- siderar a luminosidade constante com o valor de L = 14.4235. Finalmente, apresentamos a figura (C.9) onde, com os valores fornecidos pela tabela (C.1), tra¸camosa curva dada analiticamente para a luminosidade, apresentada na se¸c˜aoanterior.

Figura C.9: Em vermelho, a curva de luz modelada na se¸c˜ao(C.3) juntamente com as medidas feitas.

Para finalizar esta se¸c˜ao,implementamos o algoritmo gen´eticoe aplicamos os m´etodo de m´ınimosquadrados para determinar os parˆametrosplanet´arios,com o intuito de repro- duzirmos os resultados da tabela (C.1). Os ´unicosfatores que consideramos conhecidos s˜aoos coeficientes de EB, que j´aenunciamos anteriormente, o raio e a massa da estrela, que s˜aodeterminados por outros meios. O resultado que obtivemos neste processo est´a dado na tabela C.2.

Tabela C.2 - Valores que encontramos para o Sistema OGLE-TR113.

Sistema OGLE-TR113

OGLE TR113b: a 0.0229U.A. P 1.43248dias

R 1.06RJ i 89.7o τ 2452321.49912 240 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

C.4.2 Determina¸c˜aodos coeficientes de escurecimento de borda (CED’s)

Na se¸c˜aoanterior utilizamos os coeficientes de ED’s utilizados por outros autores. Ne- cessitamos estabelecer crit´eriosnos quais podemos determinar tais parˆametros.Para este fim, estudamos alguns trabalhos dedicados ao assunto nos quais s˜aodiscutidos formas mais geraiss para fun¸c˜ao I(µ) bem como diferentes maneiras de se encontrar os CED’s. Claret (2000), por exemplo, estipula a equa¸c˜ao (C.64), que ele considera ser uma f´ormula bastante geral e precisa, embora exija o ˆonus de se encontrar 4 coeficientes a1, ..., a4.

4 I(µ) X = 1 − a (1 − µk/2) (C.64) I(1) k k=0

Seja pela equa¸c˜ao(C.64) ou qualquer outra fun¸c˜aoregendo o escurecimento de borda, determinamos os CEB’s por m´ınimosquadrados ao ajustarmos a f´ormula I(µ) aos pontos

(µi,Ii). Estes ´ultimosforam extraidos do Atlas de Kurucz, dispon´ıveis em sua p´agina pessoal, em que h´a17 valores para (µi,Ii), que dependem somente das caracter´ısticas estelares, tais como metalicidade, temperatura e etc. Baseados em medidas de espectroscopia, Konacki et al. (2004) classificam a estrela OGLE-TR113 como sendo do tipo K da sequˆenciaprincipal, com T = 4800±150K, log g =

4.5 e [F e/H] = 0.0. Estimaram tamb´empara a massa e raio os valores: 0.79 ± 0.6M e

0.78 ± 0.06R . Para esta configura¸c˜aoconstruimos o gr´afico(C.10), no qual calculamos os coeficienes u1 e u2, seguindo a lei quadr´aticapara I(µ), como dado pela equa¸c˜ao(C.65).

I(µ) = 1 − u (1 − µ) − u (1 − µ)2 (C.65) I(1) 1 2 Se¸c˜ao C.4. Aplica¸c˜ao 241

Figura C.10: Coeficientes u1 e u2 para uma estrela com log g = 4.5, [F e/H] = 0.0 e

vt = 2km/s

Do gr´afico(C.10), utilizando um algoritmo interpolador, encontramos para T = 4800K os valores de u1 = 0.668 e u2 = 0.132, que s˜aopr´oximosaos de Gimenez (2006), embora este ´ultimo n˜aoinforme referˆenciassobre os CEB’s que utiliza. Diaz (2007) classifica OGLE-TR113 como T = 4750K, log g = 4.5, [F e/H] = 0.0 e para estes parˆametrose com velocidade de microturbulˆenciade 2 km/s e comprimento de onda λ = 551 nm, que ´eo mesmo que temos na figura (C.10), constru´ımoso gr´afico(C.11), no qual os pontos representam as medidas dadas pelo modelo de Kurucz. A curva cont´ınua ´eo ajuste da equa¸c˜ao(C.65), onde encontramos u1 = 0.7117 e u2 = 0.09216, valores pr´oximosdaqueles descritos por Diaz (2007). Assim, temos a tabela (C.3) onde as barras de erros foram calculadas por Biased Monte Carlo, como no cap´ıtulo3.

Figura C.11: Pontos extra´ıdos do modelo de Kurucz, de onde obtemos u1 = 0.7117 e

u2 = 0.0921. 242 Apˆendice C. Determina¸c˜aodos elementos orbitais por meio da curva de luz: Trˆansitos

Tabela C.3 - Valores para o Sistema OGLE-TR113: Para diferentes valores de u1 e u2.

Sistema OGLE-TR113

OGLE TR113b:

u1 = 0.668 u2 = 0.132 u1 = 0.7117 u2 = 0.09216 a 0.0229 ± 0.0001UA 0.02289 ± 0.0001UA P 1.43248 ± 0.0002d 1.43248 ± 00002d

R 1.1 ± 0.3RJ 1.1 ± 0.4RJ i 89.93o ± 4o 89.86o ± 4o τ 2452321.5 ± 0.2 2452321.5 ± 0.2

C.5 Conclus˜ao

Neste apˆendiceestudamos a modelagem que nos permite a determina¸c˜aodos parˆametros planet´ariosa partir do trˆansito.Esta t´ecnica´eimportante para o estudo das curvas de luz dos planetas extrassolares. As equa¸c˜oesdeduzidas permitem determinar de forma segura os parˆametrosplanet´arios. A aplica¸c˜aofoi feita no sistema OGLE-TR113, cujas observa¸c˜oesrecentes (Adams et al. (2010)) revelam a existˆenciade T.T.V., transit time variation. Este ´eum fenˆomeno pelo qual ´ededuzida a existˆenciade um segundo corpo no sistema a partir de perturba¸c˜oes que este causa nas oculta¸c˜oesdo primeiro corpo. As equa¸c˜oesque encontramos podem ser aplicadas para inferirmos T.T.V. e seria an´alogoao ajuste dinˆamicoque empreendemos no cap´ıtulo2. Todavia, mesmo sem con- templar este fato, consideramos os resultados que obtivemos em concordˆanciacom aqueles da literatura e, portanto, a teoria estudada aqui poder´aser aplicada em outros sistemas de forma confi´avel.