Macroinvertebrados Terrestres
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
TRABALHOS EM BIOLOGIA DO ALQUEVA Programa de Monitorização do Património Natural _______________________________________________________________ MACROINVERTEBRADOS TERRESTRES Relatório Final Equipa Diogo Figueiredo Otília Sardinha Amália Espiridião Rui Raimundo Manuel Cândido ______________________________________________________________________ ÉVORA Dezembro de 2004 1. Introdução De acordo com o programa de trabalhos e com o contrato estabelecido, a equipa dos Macroinvertebrados terrestres teve como objectivo assinalar a presença e, no caso de se verificar, fazer o mapeamento geo-referenciado de locais e abundância relativa das seguintes espécies de insectos: Papilio machaon hispanicus (Lepidoptera; Paplilionidae), Euphydryas aurini (Lepidoptera; Nymphalidae), Prosepinus proserpina (Lepidoptera; Sphingidae), Thymelicus acteon (Lepidoptera; Hesperiidae); Dicranura iberica (Lepidoptera; Notondontidae), Cerambyx cerdo (Coleoptera; Cerambycidae), Coenagrion mercuriale (Odonata; Coenagrionidae), Oxygastra curtisii (Odonata; Corduliidae). O estudo decorreu nos anos 1999, 2000 e 2003, genericamente na Zona de Influência do futuro Regolfo de Alqueva e Pedrógão, concretamente na área conjunta das 11 cartas militares 1:25 000 (nºs 441, 452, 463, 474, 481, 482,483, 490, 492 e 501) que interceptam os seis concelhos do regolfo (Alandroal, Moura, Mourão, Portel, Reguengos de Monsaraz e Vidigueira). Como foi referido, este estudo incide sobre 8 espécies de insectos, nenhuma delas com localização confirmada na área de Alqueva e Pedrogão. Sobre estas espécies sabe-se que: Cerambyx cerdo Linnaeus 1758 (Coleoptera; Cerambycidae) O C. cerdo não é uma espécie endémica da Europa. Com uma distribuição por todo o Oeste da Região Paleártica, acompanhando a distribuição dos Quercus; encontra-se actualmente extinto em muitas zonas da sua área de distribuição potencial. Na Europa foi recentemente referenciado na Áustria, França, Alemanha, Grécia, Itália, Suécia, Espanha e Portugal. É um dos maiores Cerambicídeos da Europa; trata-se de uma espécie classificada como saproxílica ou seja, “uma parte do seu ciclo, depende de madeira morta ou de outros organismos saproxílicos, ou de cogumelos arborícolas”. O actual maneio dos montados de azinho, em que a partir do momento em que uma azinheira seja considerada “morta” pelo serviços florestais, pode ser cortada e transformada em “lenha”, tem contribuído fortemente para a diminuição das populações dos insectos saproxílicos e afectado seriamente as populações de C. cerdo. Coenagrion mercuriale (Charpentier, 1840) (Odonata; Coenagrionidae) C. mercuriale, em conjunto com outras duas espécies do mesmo género, C. scitulum e C. caerulescens, pelas sua semelhantes em termos morfológicos e pela mesma distribuição geográfica; constituem um “grupo de espécies mediterrânicas”. C. mercuriale, não é uma espécie endémica da Europa, estando também presente no Norte de África. Na Europa, é referida para Áustria, Bélgica, França, Reino Unido, Itália, Luxemburgo, Holanda, Polónia, Roménia. Eslovénia, Suíça, Espanha e Portugal. No âmbito do projecto PRAXIS XXI actualmente em curso “Biodiversidade em Corredores Ripícolas”, temos realizado inventariações de Odonatos em vários sítios da Bacia Hidrográfica do Guadiana e espécie ainda não foi localizada. Esta espécie localiza-se em rios e riachos, frequentemente com corrente moderada; apresenta a tendência para apresentar populações mais numerosas em substratos calcários. O período de voo estende-se desde o princípio de Maio até meados de Setembro. Oxygastra curtisii (Dale, 1834) (Odonata; Corduliidae) É uma espécie endémica da Europa ; é definida por alguns autores como sendo a “mediterranean faunal element” e por outros como “atlantic-mediterranean element”. Ocorre no Sudoeste da Europa; existem referências para Bélgica, França, Alemanha, Itália, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Reino Unido, Espanha e Portugal. Em Portugal e Espanha é pouco abundante, todavia encontra-se citada para o norte, centro e sul da Península Ibérica. No âmbito do projecto PRAXIS XXI actualmente em curso “Biodiversidade em Corredores Ripícolas”, temos realizado inventariações de Odonatos em vários sítios da Bacia Hidrográfica do Guadiana e esta espécie ainda não foi localizada. As larvas de O. curtissi, ao contrário das outras espécies da família Corduliidae, excepto Macromia splendens, requerem água corrente para o seu desenvolvimento. Os seus habitats são rios com água corrente e com abundante vegetação ripícola; pode ainda encontrar-se em canais de corrente lenta e em zonas pantanosas (na forma de indivíduos isolados). As larvas vivem escondidas no limo e na areia, esperando pela passagem da presa; os adultos voam desde Maio até Setembro. Papilio machaon hispanicus Linnaeus 1758 (Lepidoptera; Papilionidae) É a maior borboleta diurna da Península Ibérica; bastante conspícua, a subespécie hispanicus encontra-se amplamente distribuída por toda a Península Ibérica; preferencialmente em colinas suaves cobertas de vegetação, sobre as quais voa, frequentemente planando; liba flores de Umbelíferas e Rutáceas. No Sul da Europa e Norte de África apresenta duas ou três gerações: 1ª geração (início do voo em Abril- Maio); 2ª geração (início do voo em Julho-Agosto). Na Extremadura espanhola apresenta três gerações (García-Villanueva et al., 1997), prolongando-se o período de voo até Setembro. Pode ser observada em qualquer tipo de biótopo, sendo mais abundante nos azinhais. A lagarta tem como plantas hospedeiras: Ruta graveolans (Ruda, propriamente dita), R. angustifolia, R. montana, Foeniculum vulgare, F. officinale, F. piperitum, Daucus carota, Pimpinella saxifrages, Carum carvi e outras Umbelíferas, incluindo algumas do género Meum. Euphydryas aurinia Rottemburg 1775 (Lepidoptera; Nymphalidae) Amplamente distribuída na Península Ibérica; os habitats são bastante variados, mas sempre húmidos e cobertos de vegetação. Encontra-se referida para Portugal apenas nas seguintes regiões: Algarve (serra de Monchique), Estremadura (Arrábida, Sintra- Cascais), Beira-Baixa e Minho) (Bustilho & Rubio, 1974), mas o seu estatuto é mal conhecido. Os imagos libam uma grande variedade de flores, como por ex.: Ranunculus, Cirsium, Centaurea, Globularia, Anthemis, não se considerando a fonte de néctar um factor limitante para a sobrevivência populacional. As lagartas, vivem agrupadas, incluindo o período invernal, numa espécie de “ninho” construído junto à planta hospedeira. Estão identificadas como plantas hospedeiras: Dipsacáceas (Escabiosas): Scabiosa atropurpurea, S. columbaria, Succia pratensis, Succia sp.; Escrofulariáceas: Digitalis purpurea, D. lutea, Veronica sp. (jardim), Labiadas: Teucrium fruticans, T. angustifolia, T. aureum, T. chamaedrys; Poligonaceas: Plantago subulata (latem), P. media, P. major, P. albicans, P. lanceolata, Caprifoliáceas: Lonicera periclymenum, L. implexa Proserpinus proserpina (Pallas, 1772) (Lepidoptera; Sphingidae) Esta espécie de Esfingideo é normalmente nocturna; mais raramente diurna. Trata-se de uma espécie bastante localizada e pouco abundante. Encontra-se presente na Península Ibérica, Europa Central e Meridional e Marrocos. É referida para Portugal a sua ocorrência em poucas áreas isoladas, onde não está incluída a área de Alqueva- Pedrogão. Apresenta duas gerações anuais: a 1ª geração desde Maio a Junho; a 2ª geração, entre Agosto e Setembro. São referidas como principais plantas hospedeiras das larvas: Epilobium rosmarinifolium, Epilobium hirsutum, Epilobium angustifolium, Oenothera biennis, Lythrum salicaria (Salicaria) O imago alimenta-se principalmente de Lamiaceae (Ajuga reptans, Origanum vulgare, Salvia pratensis, Lavandula spica), Boraginaceae (Echium vulgare), Caprifoliaceae (Lonicera caprifolium) ou Caryophyllaceae ( Dianthus carthusianorum, Dianthus caesius, Silene inflata, Silene nutans, Saponaria officinalis). Thymelicus acteon (Rottemburg, 1775) (Lepidoptera; Hesperiidae) Período de voo de Maio a Julho, numa única geração. Na Extremadura espanhola encontra-se amplamente distribuída com colónias numerosas, podendo ser observada nas orlas das zonas cultivadas, valetas e clareiras de bosques (GARCÍA- VILLANUEVA et al, 1997). Em Portugal, após dois anos de levantamento de dados e monitorização no âmbito do Projecto PAMAF 8151 actualmente em curso: “Identificação e Monitorização de Indicadores de Biodiversidade em Montados de Sobro e Azinho ao Nível da Unidade de Gestão” esta espécie foi localizada em vários pontos de amostragem no Alentejo. São referidas como principais plantas hospedeiras das lagartas: Agropyrum repens, Bromus spp., Brachypodium pinnatum, Holcus lanatus, H. mollis e Festuca arundinacea. Dicranura (Cerura) iberica (Linnaeus) (Lepidoptera; Notondontidae) Trata-se de um taxon cuja sistemática tem levantado algumas questões, quer ao nível do género, quer ao nível da espécie; segundo alguns autores este taxon corresponde à subespécie: Cerura vinula iberica e, segundo outros trata-se de espécies distintas C. vinula e C. iberica. A sua inclusão no género Dicranura também é bastante discutida. Independentemente destas questões de Sistemática, esta espécie apresenta uma distribuição Ibérica e ilhas Baleares, embora nunca tenha sido referida a sua ocorrência em Portugal. O voo prolonga-se pelos meses de Março a Junho e o seu habitat favorável são as galerias ripícolas com choupos e salgueiros, que são as suas principais plantas hospedeiras. As lagartas são verdes com duas linhas brancas dorsais; apresentam um apêndice caudal bífido; têm como principais plantas-hospedeiras,