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ADRIANA BRUM “MULHERES QUE LUTAM”: AS NARRATIVAS DE JUDOCAS BRASILEIRAS E A CONTRIBUIÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DA MODALIDADE GRADUAÇÃO EM FÍSICA EDUCAÇÃO GRADUAÇÃO - UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ FEDERAL UNIVERSIDADE SETORBIOLÓGICAS DE CIÊNCIAS PROGRAMA DE PÓS CURITIBA 2016 ADRIANA BRUM “MULHERES QUE LUTAM”: AS NARRATIVAS DE JUDOCAS BRASILEIRAS E A CONTRIBUIÇÃO NA CONSTRUÇÃO DA MEMÓRIA DA MODALIDADE Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do Título de Mestre em Educação Física do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, do Setor de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Orientador: ANDRÉ MENDES CAPRARO Universidade Federal do Paraná Sistema de Bibliotecas Brum, Adriana “Mulheres que lutam”: as narrativas de judocas brasileiras e a contribuição na construção da memória da modalidade./ Adriana Brum. – Curitiba, 2016. 209 f.: il. ; 30cm. Orientador: André Mendes Capraro Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Educação Física. 1. Judô. 2. Artes marciais. 3. História oral. I. Título II. Capraro, André Mendes. III Universidade Federal do Paraná. Setor de Ciências Biológicas. Programa de Pós-Graduação em Educação Física CDD (20. ed.) 796.8152 Dedico este trabalho a todas mulheres judocas que tornaram este estudo possível: Amélia, Danielle, Edinanci, Eliane, Iara, Jemima, Kátia, Léa, Marilaine, Miriam, Mônica, Priscila, Rosângela, Rosicleia, Seloi, Silvia, Solange e Soraia. AGRADECIMENTOS Mais de dez anos depois de ter vestido o quimono pela última vez, finalmente entendo porque se diz que o judô é o esporte individual mais coletivo que existe. Arrisco dizer que, ao mesmo tempo, é o esporte coletivo mais individual que há. Pesquisar sobre a modalidade que pratiquei por quase duas décadas em um projeto de quase três anos me levam a tal entendimento. Este trabalho foi compilado por mim, mas é resultado de muita colaboração. Como no judô: quem vence a luta só o faz porque teve seus colegas de treinamento para crescer. Mas, mesmo com todo o suporte externo, a partir do hajime (comando para o início do combate), depende apenas do judoca executar tudo o que aprendeu. Senti-me assim na reta final da produção desta dissertação: a solidão do judoca que enfrenta seu adversário foi a mesma ao ter de tomar decisões que definiram o texto a seguir. Mesmo nesse momento, sei que não faltou apoio, tanto que a lista de agradecimentos inevitável e felizmente, é longa. No topo, agradeço a Deus, que mesmo com minha pouca fé insiste em me acompanhar e me proteger. A meus pais, Hamilton e Vera, que me dedicam todo amor e cuidado e eu retribuo tão pifiamente. Pela minha tradicional incapacidade de verbalizar o tamanho do meu amor, registro-o nestas linhas e agradeço por (mais uma vez) me apoiarem incondicionalmente em uma empreitada que, por vezes, pareceu não ter sentido algum. Sou grata ao meu orientador, professor André Mendes Capraro, por acreditar neste projeto e todo o suporte, principalmente nos momentos mais necessários. A todas as judocas que me receberam, em suas casas, locais de trabalho, dojô (locais de prática do judô), praças de alimentação e cafés e confiaram suas histórias à minha curiosidade. Este trabalho é inteiramente dedicado a cada uma delas: Amélia, Danielle, Edinanci, Elaine, Iara, Jemima, Kátia, Lea, Marilaine, Miriam, Mônica, Rosicleia, Selo, Solange, Soraia, obrigada! Agradeço à Capes: sem o financiamento com a bolsa de estudos, o projeto não sairia do papel.Também tenho a felicidade de poder contar com professores com os quais acredito ter apontamentos valiosos. Prof. Dr. Wanderley Marchi Jr e prof.ª Drª Saray Giovana dos Santos, agradeço por terem aceito compor a banca examinadora. É um projeto que optou buscar a voz de mulheres. E muitas delas, mesmo sem nunca ter vestido um quimono, me prepararam para este desafio: à Daniela Alencar Passos, amiga e parceira de dúvidas durante o mestrado. Sem ela, muita coisa não teria sido possível ou tão saboroso. Soraya Lopes da Silva, essa Lola em mim, amiga-irmã de ótimos conselhos, pousos em São Paulo e melhores sucos. Tainá Thies, a amiga que acompanhou cada êxito, frustração, inquietação e ponderação deste projeto. Marília Campos, amiga-irmã, Regiane Koswoski, Silmara Vedoveli, Erica Ignácio da Costa, Bianca Miarka, amigas do tatame que levo para a vida toda. Luciana Aparecida de Paula, por todo o encorajamento e cuidado em minha estadia em São Paulo. À Amélia Domingues, que mais que uma entrevistada, foi uma segunda mãe durante minha graduação em Jornalismo. À Fabiane Lima, pelos belos infográficos desta dissertação. À Lívia Lakomy, amiga que tornou as discussões sobre esse projeto serem tão mais interessantes. Simone Tinti, Analu Solewski, Rakelly Caliari e Maria da Glória Galembeck, obrigada pelas estadias e bons encontros durante minhas viagens. Essa lista também tem homens essenciais, como meus irmãos. Ao Cesar Daniel Brum, de longe o maior entusiasta ao fato de eu ser judoca e o culpado, para que, aos 8 anos, eu pisasse pela primeira vez em um tatame (mesmo que minha primeira aula já incluísse um castigo) e que ainda casou com uma das pessoas que eu mais gostei de contar sobre o andamento do projeto, a minha cunhada, Vilma. Ao Luís Claudio Brum, com quem cada curta conversa é uma aula. Aos meus senseI (professor de judô), Miguel Acosta de Jesus (in memorian), Francisco de Souza e Adauto Domingues, com muito amor. Sou grata também aos colegas do Grupo de Estudos Sócio-Históricos sobre Esportes de Combate, Lutas e Artes Marciais da UFPR, que me apresentaram textos e perspectivas novas sobre o mundo das lutas. In memorian de Fernando Castilho Dandoro Ferreira, um colega que fez grande falta e cuja dissertação sobre o Kung-Fu apontou um nível de qualidade inspirador. Ao Tony Honorato pelas melhores conversas sobre o mundo acadêmico, mesmo que a maioria delas, à distância, e ao Fabiano Vilela, que se mostrou um grande amigo ao me dar suporte quando eu tinha todos os motivos para fraquejar. Ao Guilherme Borges da Costa, que, da França, enviou textos que foram de grande ajuda e ao Josmar Couto, pelas revistas vindas de Foz do Iguaçu e a o Valter França, assessora de imprensa da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), que respondeu prontamente a cada contato. Ao professor Alexandre Velly Nunes, pela recepção e conselhos (todos muito válidos) em Porto Alegre. Assim como ao sensei Alam Saraiva e sua esposa Rosângela, pela hospitalidade e toda ajuda em Belém. Ao Rodrigo Waki, sempre disposto a resolver as pequenas burocracias no comando da secretaria da pós. RESUMO O presente estudo analisou as narrativas de 16 judocas mulheres brasileiras com algum perfil de protagonismo no judô (como praticantes mais antigas, mais graduadas, primeiras atletas de seleção nacional, técnicas de seleção, professoras, árbitras e dirigentes da modalidade) com o intuito de verificar como se pode pensar a construção da memória coletiva do judô no Brasil. Utilizou-se a História Oral como método e a análise das narrativas foi embasada em conceitos sobre memória. Foram entrevistadas judocas praticantes a partir da década de 1970 em sete estados brasileiros, 11 cidades. As participantes foram: Amélia Domingues, Danielle Zangrando, Edinanci Silva, Eliane Pintanel, Iara Passos, Jemima Alves, Kátia Sombra, Léa Linhares, Marilaine Ferranti, Miriam Minakawa, Mônica Angelucci, Rosicleia Campos, Seloi Totti, Silvia Pinheiro, Solange Pessoa e Soraia André. Entre os temas que emergiram em comum nas narrativas, destacou-se a discriminação percebida pelas judocas ao tentarem ingressar e permanecer no judô, assim como as dificuldades financeiras e preconceitos. Verificou-se, a partir das narrativas, que a memória da participação feminina no judô brasileiro está em um contexto de disputa para a constituição de uma memória coletiva da modalidade. Foram verificados pontos da memória coletiva do judô em disputa, com enquadramentos a partir da dominação masculina e também traços de orientalismos por parte dos praticantes, ao reinterpretarem o judô sistematizado por Jigoro Kano e o praticado no Brasil. O conflito entre a manutenção de um judô “tradicional” e um judô voltado à competição também surge como temas relevantes às judocas que apontam para os conflitos da construção da memória coletiva do judô brasileiro. Notou-se, ainda uma dualidade das interpretações por parte das participantes sobre a existência de um “judô que também é praticado por mulheres” ou um “judô específico para as mulheres”. Palavras-chave: judô; história oral, memória, gênero. ABSTRACT This study analyzed the accounts of 16 Brazilian female who have shown leadership profile in the sport, such as the oldest Brazilian judocas, the highest-ranking fighters, the first national team athletes, national team coaches, instructors, referees, and officials of the sport. The analysis is conducted in order to understand how we can think the collective memory of judo in Brazil and its construction. We used Oral History as our methodology, and the analysis of the women’s accounts was based on concepts about memory. We interviewed judo practitioners who have been involved in the sport from the 1970s on, and who come from 11 cities in 7 different Brazilian states. The participants are the following: Amélia Domingues, Danielle Zangrando, Edinanci Silva, Eliane Pintanel, Iara Passos, Jemima Alves, Kátia Sombra, Léa Linhares, Marilaine Ferranti, Miriam Minakawa, Mônica Angelucci, Rosicleia Campos, Seloi Totti, Silvia Pinheiro, Solange Pessoa and Soraia André. Among the common themes that came up during the interviews, discrimination stands out both in the process of starting in the sport and remaining as an athlete, as well as financial difficulties and prejudice. It was found, from the accounts, that the memory of female participation in the Brazilian judo is subject of dispute concerning the creation of a collective memory of the sport. We observed that certain points of the collective memory of judo have been in dispute, with a male dominant perspective implied, and also traces of Orientalism brought up by practitioners, while reinterpreting the judo systematized by Jigoro Kano and the one performed in Brazil.