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VALORIZAÇÃO DA PENÍNSULA DO

LEONARDO SEMEDO COELHO

Relatório Final de Projecto para obtenção do Grau de Mestre em

ARQUITECTURA

Orientador: João Pedro Falcão de Campos

Juri:

Presidente: João Rosa Vieira Caldas Vogal: João Pedro Barros Falcão de Campos Vogal: Francisco Manuel Caldeira Pinto Teixeira Bastos

Outubro 2017

Ao Arquitecto e Professor João Pedro Falcão de Campos, pela disponibilidade em orientar-me na minha tese e pela oportunidade de trabalho que me ofereceu no seu escritório.

Ao arquitecto e Professor Ricardo Bak Gordon pelo convite em colaborar com o seu escritório antes da minha partida para Erasmus.em Itália.

Ao Arquitecto e professor Paolo Iotti, pelo convite de colaboração com o seu escritório num concurso de arquitectura para a Suíça, durante o meu Erasmus.

Aos professores do Instituto Superior Técnico e da Universidade de Ferrara na estruturação das minhas bases profissionais.

Aos meus colegas de curso pelo estimulo.

À Maria Beatriz de Vilhena e Veiga Correia, pelo estimulo e apoio durante o meu percurso no Mestrado em Arquitectura.

Ao meu irmão Alexandre Semedo e à Orsola Spada pelo apoio prestado.

À minha família pelo apoio, dedicação e crença nas minhas capacidades, ao longo da minha vida.

Um sentido Obrigado.

Resumo

O relatório aqui desenvolvido surge no âmbito da disciplina de Projecto Final II, pertencente ao último semestre do Mestrado em Arquitectura do Instituto Superior Técnico, e pretende apresentar-se como uma síntese, descrição e justificação das decisões tomadas no decorrer de todo o processo de elaboração do projecto final.

O projecto concerne à elaboração de um projecto urbano de valorização da península do Seixal, situado no concelho do Seixal, distrito de Setúbal, na Área Metropolitana de Lisboa.

O projecto desenvolveu-se tendo como base de partida o Plano de Pormenor elaborado para o local pelo Atelier Risco, procurando desenvolver um projecto realista e sensível à actual situação.

Iniciou-se o desenvolvimento do projecto com a investigação de trabalhos de referência na área. Assim em adição ao estudo do PDM e do plano de pormenor acima referido. O processo foi sensível ao Plano de Pormenor realizado para o Parque das Nações elaborado no contexto da Expo’98, pelo escritório Risco; o trabalho de investigação científica a nível urbano realizado pelo atelier Herzog & Meuron, Switzerland: An Urban Portrait; o Plano de Pormenor do Parque Hospitalar Oriental elaborado pelo escritório Falcão de Campos, Arquitecto; assim como os estudos elaborados por João Pedro Costa referentes ao Bairro de Alvalade, em Lisboa.

O projecto prossegue até a formalização arquitectónica por forma a concretizar significativamente o projecto urbano no que refere as tipologias habitacionais propostas para a área; enquadrando a tipologia urbana num quadro socioeconómico positivo, acreditando no fortalecimento da classe média portuguesa.

Abstract

This report, developed within the discipline of Project II, belonging to the last semester of the Architectural course at Instituto Superior Técnico, aims to present itself as a synthesis, description and justification of all the decisions taken during the entire process, until the materialization of the final project.

The development of the project includes an urban reflection on the Seixal peninsula, a territory located in the Municipality of Seixal, in the district of Setubal, in the Metropolitan Area. The research is based on the Municipality´s Urban Plan for the region and on an urban plan develop by the architectural studio “Risco”, searching to reach a realistic and sensible proposal to the site, in the present conditions.

In addition to the contemplation of the urban projects above referred, works of reference on the field, such as the urban plan to Parque das Nações in Lisbon, developed on the context of Expo’98, by “Risco”, the urban scientific research Switzerland: An Urban Portrait by “Herzog & Meuron”, and the urban plan Parque Hospitalar Oriental, by Falcão de Campos, Arquitecto, were taken into consideration.

The development of the urban project was based on the urban analysis of the site, that occurred along side of the decision-making process. The project was finalized by the development of housing, reaching thus the architectural scale, until the constructive details.

Índice

0. Introdução

0.1 Enquadramento no Plano de Estudos 1

0.2 Tema 1

0.3 Metodologia 1

0.4 Organização do Relatório 3

1. Enquadramento Teórico

1.1 A Cidade Contemporânea, Neo-Urbanismo e os 4

Subúrbios

2. Caracterização da Área de Intervenção

0.1 Evolução Urbana 6 0.2 Levantamento Fotográfico: com datação 12 0.3 Levantamento Fotográfico: actualidade 14 0.4 Enquadramento Regional 15 0.5 Enquadramento Territorial 16 0.6 População 18 0.7 Caracterização Morfológica 22 0.8 Sistema Hídrico e Orgânico 23 0.9 Usos do Solo e Espaço Público 24 0.10 Edificado e Vias 26 0.11 Nº de Pisos 27 0.12 Usos 28

3. Proposta

3.1 Estratégia Geral 29

3.2 Estrutura Edificada e Estrutura Verde 32

3.3 Estrutura Viária 33

3.4 Zona Ribeirinha 35

3.5 Zona II 38

3.6 Zona III 40

3.7 Fotografias da maqueta 42

4. Habitação Colectiva

4.1 Contexto Urbano 45

4.2 Desenhos Gerais 46

4.3 Desenhos Construtivos 47

4.4 Detalhes Construtivos 48

4.5 Renders 49

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0.0-Introdução

0.1-Enquadramento no Plano de Estudos

O relatório aqui desenvolvido surge no âmbito da disciplina de Projecto Final II, pertencente ao último semestre do Mestrado em Arquitectura do Instituto Superior Técnico, e pretende apresentar- se como uma síntese, descrição e justificação das decisões tomadas no decorrer de todo o processo de elaboração do projecto final de curso.

0.2-Tema

O projecto concerne à elaboração de um projecto urbano de valorização da península do Seixal, situado no concelho do Seixal, distrito de Setúbal, na Área Metropolitana de Lisboa. Passando- se seguidamente à escala da arquitectura, até ao detalhe construtivo, através do desenvolvimento de habitação colectiva.

0.3-Metedologia

O processo procurou desenvolver reciprocamente uma interação entre o processo de análise, síntese e acto projectual. A abordagem analítica informou-se nos casos de estudos que serviram de referência ao desenvolvimento do projecto. Procedeu-se primeiramente ao estudo do PDM, e em seguida o Plano de Pormenor do escritório Risco para o Seixal. Outros casos de estudo, como o Plano de Pormenor do Parque Hospitalar por Falcão de Campos, arquitecto; assim como o projecto urbano para o parque das neções demonstram-se fundamentais tanto no desenrolar das análises desenvolvidas como na elaboração do projecto final.

A compreensão da cidade é um processo complexo e não linear, não podendo esta ser considerada através de uma única ideia sintetizadora. Torna-se por isso oportuno a formulação de um percurso de análise de compreensão da cidade ou de uma parte desta. As análises descritas em baixo

2 são apresentadas com um sentido cronológico; e apesar de este existir em determinados momentos e em determinadas análises, o processo de análise e de projectação desenvolveu-se paralelamente, ocorrendo trocas mutuas entre o processo de análise e o processo de decisão.

Primeiramente tornou-se necessário o estabelecimento de um limite, definindo assim uma área de estudo. A área-estudo pode considerar-se como uma área definida por um conjunto de características que a definem, em confronto com outras distintas da sua envolvente. Neste caso foi fundamental para a definição da área estudo a coesão territorial, assim como o processo evolutivo da mesma, como se compreenderá mais à frente.

A análise aqui desenvolvida inicia-se com o estudo das diferentes plantas territoriais de diferentes tempos. Isto pressupõe um trabalho exaustivo de recolha de toda a cartografia histórica disponível existente em diversos tipos de instituições1. A cartografia histórica permite-nos verificar por um lado as persistências construídas, por outro observar quais os seus eixos de desenvolvimento contribuindo para uma maior compreensão dos seus factos e motivações, os diferentes momentos de crescimento e diferenciação e finalmente para a construção da sua memória. Para tal procedeu-se à elaboração dos mapas do edificado e das vias dos referentes anos: 1904, 1916, 1940, 1961, 1993 e 2016. Para a contribuição na identificação do locus desta porção de território e da sua memória; ao levantamento e estudo dos principais eventos históricos que conduziram ao seu processo evolutivo, deu-se o levantamento fotográfico histórico disponível, através de arquivos assim como de sítios na internet.

Fazendo o Seixal parte do sistema urbano Área Metropolitana de Lisboa tornou-se fundamental uma pequena revisão deste enquadramento, seja ao nível territorial e administrativo; assim como ao nível dos transportes e nível populacional; compreendendo assim os diferentes níveis de interdependências e interações entre os diversos microssistemas. Os estudos populacionais encontram-se altamente validados em continuidade à reflexão que tem vindo a ser feita relativamente à extensão da linha de metro de superfície até ao Barreiro, não se esgotando contudo nesta variável.

Aos estudos geográficos seguiram-se os estudos de todo o sistema construído actual, sejam construções edificadas ou vias. O estudo geográfico baseou-se na elaboração de uma carta morfológica; e no estudo do sistema Hídrico e do sistema Orgânico, ambos elaborados através de cartas do PDM. Para a compreensão do actual sistema construído elaborou-se: A carta do sistema edificado, a carta do sistema viário, A carta do tipo de ocupação do solo, a carta do sistema de espaço público, a carta no número de pisos e a carta do tipo de usos.

1 Arquivo Militar da Cordoaria, Arquivo Municipal do Seixal, Biblioteca Nacional, Instituto Geoespacial do Exercito, Museo Naval, Torre do Tombo, etc.

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0.4-Organização do Relatório

O Relatório encontra-se dividido em seis capítulos. A (0) Introdução consiste da descrição e enquadramento do próprio relatório, seguindo-se do (1) Enquadramento Teórico que contextualiza teoricamente o quadro de actuação ao nível processual como projectual. O terceiro capítulo (2) Caracterização da Área de Intervenção trata todas as análises e caracterizações elaboradas para compreender a área de estudo. O quarto capítulo refere-se à apresentação do (3) Projecto Urbano Final. O último capítulo apresenta o (4) Projecto de Arquitectura até ao detalhe construtivo, referente ao desenvolvimento de habitação colectiva. (5) A conclusão conclude o relatório,

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1.0-Enquadramento Teórico

1.1-A Cidade Contemporânea e os Subúrbios

François Ascher caracteriza a modernização como um processo originado pela individualização, racionalização e diferenciação social:

“A primeira modernidade é aquela que originou a cidade clássica, procedendo as cidades medievais; ruas estreitas e sinuosas, becos e hortas, são substituídos por avenidas, passeios, praças e jardins urbanos; as ruas diferenciam-se funcionalmente e socialmente, as cidades expandem-se, o movimento ganha importância”.

A segunda revolução urbana dá-se com a revolução industrial, e caracteriza-se pelo crescimento exponencial da população com consequente expansão territorial acelerado das cidades2, assim como o empobrecimento da população urbana. Surge o conceito de urbanismo moderno, que crê na especialização como meio de desenvolvimento, concretizado através do zonamento monofuncional. Construíram-se novas cidades e tornou-se necessário adaptar partes e/ou algumas das cidades às novas exigências; conduzindo à construção de grandes vias de comunicação, de gares, armazéns, fábricas, de redes de esgotos, águas, electricidade, de informação, etc. Ganha novamente importância a mobilidade e os transportes, fundamental para a expansão dos territórios urbanos em direcção à periferia, com a extinção dos anteriores limites urbanos. Verifica-se um aumento da diferenciação social através da existência de bairros residenciais para as camadas mais favorecidas nas cidades e subúrbios residenciais para os operários e a população menos favorecida, conhecidos como territórios sub-urbanos ou periferias.

As periferias ou os subúrbios transportam uma ideia de fragmentação do espaço urbano em oposição à cidade compacta e de limites bem definidos, Álvaro Domingues descreve o processo, “A cidade compacta, de limites precisos, estilhaça-se num conjunto de fragmentos distintos onde os efeitos de coesão, de continuidade e de legibilidade urbanística, dão lugar a formações territoriais urbanas complexas, territorialmente descontínuas e ocupando territórios cada vez maiores”. Os subúrbios são caracteristicamente residenciais e estabelecem uma relação de dependência e subordinação para com o centro do sistema urbano a que pertencem, não permitindo a consideração da periferia como massa crítica. Apresentando na sua origem um crescimento tendencialmente espontâneo, através de sucessivas adições, com escala e perfil funcional diverso, exibindo uma forma urbana pouco estruturada2.

2 in Ascer, François; Novos Princípios do Urbanísmo, 2001

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A cidade contemporânea constituída pela sociedade do hipertexto, procede a terceira revolução urbana moderna3. Esta encontra-se marcada pelos processos de metrapolização e/ou metapolização. François Ascher descreve o processo, definindo que este se apoia no desenvolvimento dos meios de transporte, dos meios de armazenamento dos bens, das informações, das pessoas e da tecnologia. Através da valorização dos meios de transporte e das diversas redes, assegura-se a eficácia dos diferentes microssistemas urbanos, desenvolvendo-se sistemas multicentrais, denominadas metrópoles. Este modelo de gestão, com o reforço dos transportes, manifesta-se numa maior diversidade urbana, conjugando territórios distintos e situações urbanas complexas. As periferias ganham um valor potencial anteriormente desconhecido. O neo- urbanismo é confrontado com uma sociedade cada vez mais diferenciada na sua composição, valorizando-se a variedade tipológica, dos ambientes arquitetónicos e urbanos, tornando possíveis mudanças ao nível da escala metropolitana, numa sociedade cada vez mais móvel, através de uma maior autonomia em relação às condicionantes espaciais e temporais. A sociedade contemporânea é ainda caracterizada por Ascher essencialmente por processos de individualização, reflexivos e de diferenciação. Os laços sociais estabelecidos são numerosos, variados, mediatizados, directos, frágeis e especializados. Apresentam territórios sociais abertos, múltiplos, em mudança, de escala variável, podendo estes ser reais ou virtuais; e apresentando uma morfologia socio-territorial reticular. Uma sociedade autorregulatória onde a principal actividade económica é a cognitiva; é caracterizada pela velocidade, complexidade, incerteza e flexibilidade. O neo-urbanismo segundo Ascher, é por isso caracterizado por: (1) uma modernização reflexiva, na qual a análise não procede apenas a estratégia de desenvolvimento urbano, mas sim, acompanha todo o processo; o conhecimento interage reciprocamente com o projecto, transformando-se também este num meio de criação de conhecimento; (2) a realização de projectos coerentes com a actuação de diversos actores de diversas especialidades, assim como dos habitantes e os utilizadores; valorizando-se o processo ao plano, privilegiando a negociação entre todos os actores implicados; (3) um urbanismo reactivo e flexível às dinâmicas da sociedade; (4) um urbanismo de redundâncias, (5) estilisticamente aberto, (6) multissensorial e (7) sustentável. É um urbanismo que valoriza os espaços centrais, sejam eles os antigos núcleos históricos, ou os novos centros de negócios ou aqueles abandonados pelas industrias, fazendo do espaço público o seu principal motor de urbanização. Privilegia também a realização de grandes eventos e de grandes intervenções urbanas, como foi o exemplo da Expo 1998 em Lisboa, originando o Parque das Nacções.”

3 in Ascer, François; Novos Princípios do Urbanísmo, 2001

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2.0 Caracterização da Área de Intervenção

2.1 - Evolução Urbana e Cartografia Histórica

A Região do actual Concelho do Seixal já era habitada na pré-Historia, sendo ocupada mais tarde pelos Romanos, dando-se posteriormente noticia de ocupação Árabe por volta de 1147. O Seixal e a sua baía estiveram desde sempre associados à construção marítima, onde era abundante a lenha, dando origem ao surgimento da vila piscatória do Seixal, assim como a e a . Constituíam pequenos aglomerados urbanos definidos através de um traçado irregular e tortuoso, resolvendo as dificuldades da implantação das mesmas. O centro gravítico destas é estabelecido através das suas Igrejas e da sua praça central, por onde passam as principais vias. O Seixal especificamente, constituía contudo, no século XV, ainda um pequeno “lugarejo” da Arrentela, habitada por pescadores e construtores navais. O Seixal ganha expressão em inícios do Século XVIII, contanto já com 400 habitantes e desenvolvendo várias quintas, cerca de sete dezenas, existindo ainda várias delas hoje em dia. O grande terramoto destruiu quase todas as construções nas zonas ribeirinhas, sendo reerguida em 1776 a Igreja Matriz da Vila do Seixal; foram também destruídos todos os moinhos de maré, estando 12 deles reconstruídos três anos depois.

Com a revolução Industrial e com o aparecimento da máquina a vapor começam a aparecer novas Indústrias e a transformarem-se outras, alteração que marcará indelevelmente o território. A primeira grande Industria na região foi a de lanifícios, fundando-se em 1855 a Fábrica de Lanifícios da Arrentela. Em 1862 existem já no Seixal, a Fábrica de Produtos Químicos, a Fábrica do Sabão e a Fábrica de sola. Em 1888 estabelece-se a Fábrica Breyner, assim como a fundação da Fábrica de Vidros da Amora. Em 1906 dá-se a fixação da firma Mundet no concelho.

No mapa de 1904 observa-se a presença dos aglomerados urbanos de media/alta densidade com edifícios maioritariamente entre 1-2 pisos, definidos pela Vila do Seixal e pela Vila da Arrentela, as construções em torno da Avenida José António Rodrigues e Aristides da Costa que definem a coluna vertebral da futura Vila de Paio Pires; verifica-se também a presença a sul da Fábrica de Lanifícios da Arrentela, na Torre da Marinha.

Até 1916 o território não sofre alterações de grande escala, marcado sobretudo pela edificação da Fábrica de Cortiça da Mundet e pela alteração da linha de costa, esboçando-se aquilo que seria uma ligação ferroviária entre o Barreiro e o Seixal, assim como a tentativa de ligação entre a vila do Seixal e a ponta dos Corvos.

Em 1923 é inaugurada a ponde ferroviária que liga o Seixal ao Barreiro e que funcionará até 1969, depois da colisão de um navio com a estrutura da ponte, não sendo novamente recuperada.

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Até 1940 não se verificam grandes alterações territoriais, sublinhando apenas a edificação de algumas fábricas assim como pequenas alterações à linha de costa.

Entre 1940 a 1960 as alterações começam a ser mais significativas, com o crescimento urbano das diferentes povoações através de um urbanismo de quarteirões e ruas, na Torre da Marinha, Arrentela, Paio Pires e especialmente o território do Seixal, através de um traçado mais regular. Verifica-se igualmente o impacto territorial das diferentes industrias.

Em 1954 é criada a Siderurgia Nacional, entrando em funcionamento no ano de 1961, afirmando assim a tradição Industrial do Concelho do Seixal. Territorialmente terá um grande impacto com o aterro a que deu origem, podendo apenas visualizar-se no mapa de 1993.

Em 1966 dá-se a construção da Ponte sobre o tejo, e posteriormente da autoestrada até ao Fogueteiro, que conduzirá a um exponencial crescimento urbano e populacional do Concelho do Seixal. No mapa de 1993 pode observar-se o impacto que as referidas construções tiveram sobre o território do Concelho. O tipo de construção é maioritariamente de corpos livres, no qual os espaços verdes ganham uma particular relevância. Entre 1993 e 2016 observa-se alguma densificação territorial.

O crescimento Territorial do Seixal desenvolve-se através de três paradigmas diferentes: inicialmente marcado pelas actividades rurais e ribeirinhas através de quintas e estaleiros navais; com a revolução Industrial dá-se a tradição Industrial que marca fortemente o concelho não dando origem à estabelecida cidade industrial, mas contribuindo para a implantação sobre o território de construções com escala territorial considerável, e finalmente como subúrbio residencial, associado à uma grande expansão e densificação urbana. Fazem parte da sua memória: a construção naval, a faina fluvial, os moinhos de maré, a agricultura, uma zona de quintas e pinhais, a Industria e lugar de subúrbio residencial.

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Figura 2- Edificado 1916* Figura 1- Edificado 1904*

Figura 3- Edificado 1940* Figura 4- Edificado 1961*

*Os mapas da cartografia histórica aqui apresentados foram realizados em conjunto com Alexandre Semedo.

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Figura 5- Edificado 1993* Figura 6- Edificado 2016*

*Os mapas da cartografia histórica aqui apresentados foram realizados em conjunto com Alexandre Semedo.

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Figura 7- Vias 1904* Figura 8- Vias 1916*

Figura 9- Vias 1940* Figura 10- Vias 1961*

*Os mapas da cartografia histórica aqui apresentados foram realizados em conjunto com Alexandre Semedo.

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Figura 11- Vias 1993* Figura 12- Vias 2016*

*Os mapas da cartografia histórica aqui apresentados foram realizados em conjunto com Alexandre Semedo.

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2.2 - Levantamento Fotográfico Histórico

Figura 13- Seixal 1943*1

Figura 14- Seixal 1950's*1 Figura 15- Seixal 1950's*1

Figura 16- Seixal 1960's*1 Figura 17- Seixal 1960's*1

*1 Fotografias recolhidas do site: https://www.facebook.com/groups/Sxl.memoriasfotograficas/

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Figura 18- Seixal 1960's*1 Figura 19- Seixal 1960's*1

Figura 20- Seixal 1962*1 Figura 21- Seixal 1962*1

Figura 22- Seixal 1960's*1 Figura 23- Seixal 1962*1

*1Fotografias recolhidas do site: https://www.facebook.com/groups/Sxl.memoriasfotograficas/

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2.4-Levantamento Fotográfico: actualidade

Figura 24- Seixa 2016l com Lisboa ao fundo

Figura 25- Seixal 2016

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2.5-Enquadramento Regional e Urbano

O concelho do Seixal encontra-se incluído no sistema urbano Arco Metropolitano de Lisboa, sendo este de vital importância como um dos principais motores na modernização e no desenvolvimento inteligente, sustentável e integrativo do país no mundo globalizado. Este sistema monocêntrico, polarizado pela cidade de Lisboa encontra-se estruturado através de um conjunto de centralidades complementares que contribuem para a forte capacidade de atração interna e externa do sistema, das quais se destaca o subsistema urbano Arco Ribeirinho Sul (região na qual se encontra integrada a cidade do Seixal). Apresentando a cidade de Lisboa uma dimensão fortemente polarizadora na macrorregião, pela sua dimensão ao nível da oferta residêncial, emprego, comercio e serviços, muito suportado nas infraestruturas de transporte. Lisboa apresenta, pela sua história, posição geográfica, potêncial económico e ciêntifico, uma clara dimensão, projecção e ambição global4. Constata-se no entanto a fragilidade da maior parte dos concelhos da região, que dando resposta às necessidades básicas quotidianas fundamentais a uma escala local, apresentam expressivas debilidades. Torna-se por isso fundamental reforçar, consolidar e requalificar os principais núcleos urbanos da Região, contrariando a emergência de novas frentes de expansão e as tendências de dispersão que se manifestam no território e que são incoerentes com os princípios de sustentabilidade ambiental, social e económica. Os movimentos pendulares na Área Metropolitana de Lisboa, demonstram uma forte relação estabelecida entre esta e os diferentes núcleos da macroregião, evidênciando inclusivamente, ao longo das últimas décadas, um aumentou significativo da importância relactiva nas relações entre os diferentes concelhos metropolitanos. A consolidação do sistema de mobilidade e transportes é considerado fundamental para o desenvolvimento das potencialidades do concelho e da Região

Figura 26- Enquadramento Regional e Urbano

4 Ribeiro, José Manuel Félix; Uma Metrópole para o Atlântico; Lisboa; 2015

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2.6-Enquadramento Territorial e Administrativo

Figura 27- Enquadramento Territorial e Administrativo

O Município do Seixal é constituído pela União de da Arrentela, Seixal e , Amora, e Fernão Ferro; e por duas cidades: Seixal e Amora. Encontra-se localizado na Península de Setúbal, na margem esquerda do estuário do Tejo, limitado a este pelo município do Barreiro, a sul pelo município de , e a oeste por ; faz parte da Área Metropolitana de Lisboa, encontrando-se a 10 Km a sul da capital Lisboa, 29 Km de Setúbal, 14 Km de Almada, e 17 Km do Barreiro, a 2Km a quando a existência da ponte Seixal-Barreiro.

Com 95,50 Km2, é em termos de área, 12º maior Município da AML, representando 3,17% desse território. O Município do Seixal goza geograficamente de grande centralidade no Arco Ribeirinho Sul (Almada, Seixal e Barreiro), na península de Setúbal e na Área Metropolitana de Lisboa; sendo esta posição reforçada pelo investimento recente na mobilidade e acessibilidade através da qualificação da rede viária, ferroviária e fluvial; conduzindo à valorização do seu potêncial humano e empresarial.

Paradoxalmente, a cidade que lhe dá nome, e a sua , não gozam das mesmas valências; a sua condição geográfica de península, a sua reduzida área, as menores condições de acessibilidade, conduziram a uma certa condição de isolamento da cidade do Seixal relactivamente à posição central que ocupa territorialmente na Área Metropolitana de Lisboa, contrariada pelo recente investimento no novo terminal fluvial. Diacronicamente apresenta-se relevante por valores contrastantes do seu contexto próximo: simbólico, histórico, patrimonial, paisagístico, arquitectónico, posição geográfica favorável relactivamente à baía do Seixal e ao estuário do Tejo.

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Com 30,02Km2 de área, a União de Freguesias da Arrentela, Seixal e Aldeia de Paio Pires, é a maior freguesia do concelho, representando 32,43% do território municipal. A cidade do Seixal com 3,86Km2, representa 4,04% do território do Município.

O Município apresenta maioritariamente clima ameno, apresentando-se húmido durante o Inverso, com maior expressividade na zona ribeirinha e a zona norte da península, pela exposição ao Mar da Palha.

Área Metropolitana de Lisboa

Concelho do Seixal

Figura 28- Enquadramento Territorial e Administrativo

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2.7-Enquadramento Populacional

2.7.1-População Residente na Área Metropolitana de Lisboa

Figura 29- População Residente*2

A Área Metropolitana de Lisboa, é um sistema urbano polarizado pela cidade de Lisboa, apresentando uma população residente de 547.733 habitantes em 2011, representando 19,4% da população desta metrópole.

O município do Seixal com 158.269 habitantes residentes, é o oitavo município com maior população residente, entre os 18 da Área Metropolitana de Lisboa, representando este 5.61% do total da população; 20,31% dos habitantes da península de Setúbal e 38.5% da população total do Arco Ribeirinho Sul (Almada, Seixal e Barreiro). A antiga Freguesia do Seixal apresenta fraca expressão populacional, com 2.776 habitantes, representa 0,098% da população da Área Metropolitana, 0,63% da população do Arco Ribeirinho Sul e 1,75% dos residentes do município do Seixal. Menciona-se ainda que a freguesia do Seixal cresce entre 2001 e 2011, 10,77% , acima do crescimento apresentado pelo município do Seixal, que apresenta um crescimento populacional de 5,32%, este abaixo do crescimento apresentado pela Área Metropolitana de Lisboa de 6.01%.

*2 Informação retirada de Censos 2011

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2.7.2-População Residente no Arco Ribeirinho Sul e distribuição por grupos etários

Figura 30- População Residente Arco Ribeirinho Sul*3

O Índice de Envelhecimento mede a relação entre o número de residentes com 65 e mais anos por cada 100 residentes com menos de 15 anos, resultando na seguinte caracterização: População Jovem (menor de 40); População Ligeiramente Envelhecida (41-50); População Tendencialmente Envelhecida (51-100); População Muito Envelhecida (mais de 100).

O município do Seixal apresenta com um Índice de Envelhecimento de 94,90 uma população tendencialmente envelhecida perto da transição para as populações já muito envelhecidas, valor que se encontra abaixo do valor verificado na Área Metropolitana de Lisboa de 117.40. A antiga freguesia do Seixal, substancialmente acima, com um valor de 130.70, caracterizando-a como uma População Muito Envelhecida, favorecendo iniciativas e estratégicas de fixação de população jovem.

O Índice de Dependência medindo a relação entre a população em idade activa com a população em idade inactiva (jovens e idosos), no qual a freguesia do Seixal, com 55.00, apresenta- se acima do seu município, com 46.40 e da Área Metropolitana de Lisboa, com 50.90.

*3Informação retirada de Diagnóstico Social do Seixal 2013

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2.7.3-População Residente no Concelho do Seixal Empregada ou Estudante, segundo o local de trabalho

Figura 31- População Residente no Concelho do Seixal Empregada ou estudante, segundo local de trabalho*3

O Município do Seixal apresenta 98.894 habitantes empregados ou estudantes (62.25% da população total), dos quais 48,74% trabalham ou estudam fora do Município e 50,16% dentro; dos 50,16%, 59,04% trabalha ou estuda na freguesia onde reside, 38,34% noutra freguesia do concelho e 2,62% trabalha em casa. Na União de Freguesias verifica-se um aumento da população que trabalha ou estuda dentro do Município de Residência (56,86%), sendo que na antiga freguesia do Seixal verifica-se novamente uma redução da população que trabalha no Município com 53,70%, ainda acima do valor total do Município.

*3Informação retirada de Diagnóstico Social do Seixal 2013

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2.7.4- Meio de transporte de deslocação no Concelho do Seixal

Figura 32- Meio de transporte de deslocação no Concelho do Seixal*3

Verifica-se que no concelho, o automóvel é o meio de transporte mais utilizado (50,56%), juntamente com o comboio (15,16%) e a pé (14,94%).

Em 1998 o concelho registava o segundo maior valor na taxa de motorização da Área Metropolitana de Lisboa, contudo a ligação fluvial conseguida com a construção do terminal do Seixal, assim como a ligação ferroviária, com Lisboa, favoreceram a utilização do transporte colectivo e consequente redução do transporte individual e motorizado.

*3Informação retirada de Diagnóstico Social do Seixal 2013

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2.8-Suporte à Estrutura Ecológica

2.8.1-Sistema Morfológico

Figura 33- Estrutura Morfológica*

A carta Hipsométrica que caracteriza o sistema morfológico da zona em estudo foi realizada com intervalos de curvas de nível de 1 metros. Podemos observar que desde o nível de cota 0 se atinge o valor de cota 32 na Av. Manuel da Fonseca. Observamos em sobreposição com os mapas seguintes que o sistema urbano da zona em estudo se estrutura através de 3 corredores: a linha de água, a linha de cumeeira e a linha de vale correspondente.

*A carta Hipsométrica aqui apresentada foi elaborada em conjunto com Alexandre Semedo.

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2.8.2-Sistema Hídrico

Figura 34- Sistema Hidríco*4

2.8.3-Sistema Orgânico

Figura 35- Sistema Orgânico*4

*4 A carta com o sistema de inundações assim como o sistema de superfície orgânica, foi retirado de cartas do PDM.

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2.9-Estrutura Urbana

2.9.1-Usos do Solo*5

Figura 36- Mapa de Usos do Solo v

2.9.2-Espaço Público

Figura 37- Mapa de espaço Público

*5 A carta de Usos do solo foi elaborada em continuidade com as cartas do PDM.

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O mapa de usos retirado de uma carta do PDM, permite observar que o território em estudo é efetivamente um território urbano, pela extensão da Área de Edificação Compacta. Observa-se igualmente a forte influência territorial que a Industria tem na zona.

O mapa de espaço público que considera todas as vias com zonas de passeio disponíveis ao deslocamento de peões, assim como todas as áreas urbanas de espaço público qualificadas, permite observar a existência de poucos espaços públicos qualificados em extensão, na zona em estudo.assim como a pouca continuidade destes.

2.9.3/2.9.4-Estrutura Edificada e Estrutura Viária

O Mapa de Edificado permite observar o carácter eclético do território em estudo, pela variação tipológica existente, onde se verificam. O mapa de percurso permite avaliar a acessibilidade como uma estrutura de “vasos comunicantes”.

A análise dos dois mapas em conjunto com a Hipsómetria permite verificar o desenvolvimento urbano através de três corredores estruturantes, sendo estes a linha de cumeeira, a linha de água e a linha de vale

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2.9.3-Estrutura Edificada

Figura 38- Mapa de Edificado

2.9.4-Estrutura Viária

Figura 39- Mapa de Vias

.

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2.9.5-Númerto de Pisos do Edificado

Figura 40- Número de Pisos do Edificado*6

*6 A informação referente ao mapa de número de pisos e de usos foi retirada das cartas de análises disponibilizadas pelo atelier Risco.

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2.9.6-Usos do Edificado

Figura 41- Usos do Edificado*6

Através do mapa de Usos, concluímos que o território é composto por alguma variedade tipológica e ao nível dos usos, estando bem servida de equipamentos sociais, destacando-se o novo edifício da Câmara Municipal do Seixal, O tribunal, a Biblioteca assim como os diferentes

equipamentos escolares disponíveis, como também algum esquipamento desportivo.

*6 A informação referente ao mapa de número de pisos e de usos foi retirada das cartas de análises disponibilizadas pelo atelier Risco.

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3.0-Proposta

3.1 – Estratégia Geral

O Projecto desenvolve-se através do corredor estruturante definido pela linha de cumeeira da península do Seixal, onde se propõe, em continuidade com o PDM, a passagem da linha de metro de superfície, ligando deste modo a cidade de Almada, Corroios, Amora, Arrentela, Seixal e Barreio, através da construção de uma ponte, que une o Seixal ao Barreiro. As análises acima elaboradas sobre a população, assim como, o enquadramento regional e territorial, reforçam e justificam a existência de uma linha de metro que unam as cidades supracitadas, unido assim 411.063 habitantes. Este eixo pode ser visto em planta na continuidade da Avenida Manuel da Fonseca e na secção A, que se encontra nas páginas seguintes. Pretende-se assim incrementar a importância dos transportes, e especificamente da rede de metro, potencializar a diversidade territorial existente, aumentar a eficácia do conjunto do sistema urbano metropolitano e possibilitar uma maior valorização das potencialidades oferecidas pelos diferentes locais, ou seja da multicentralidade, através de um meio de transporte colectivo e sustentável, através da redução do uso do automóvel. A ponte de ligação entre o Seixal e o Barreiro, sendo esta para peões, bicicletas, transportes motorizados, e pelo metro de superfície, permite aproximar as duas cidades que se encontram a 500 m de distância, sendo que o percurso alternativo actual de 16 km de distância. A linha de metro permite do mesmo modo desbloquear o carácter de isolamento que hoje caracteriza a zona ribeirinha a norte da península do seixal, ou seja o núcleo velho, pela pouca acessibilidade existente, e pelo carácter de periferia na península que o define.

Procurou-se em seguida proceder a uma regularização o tecido urbano, através do repensar do sistema viário, do sistema de cheios e vazios, assim como dos espaços verdes. Integrar o tecido urbano existente, mantendo-o num contexto ordenado e legível.

O projecto procurou desenvolver um sistema de vias, como um conjunto de “vasos comunicantes” coerente, contínuo e adequado às funções e ambientes existentes; seja através da arborização das vias presentes, seja com a abertura de novas; desenhando-se também um conjunto de secções tipo, que definem a tipologia das diferentes vias. As secções tipo encontram-se divididas em 6 tipos como se pode observar mais à frente. Deste modo a secção A, define a Avenida Manuel da Fonseca, permitindo a existência de passeios de ambos os lados, com a respectiva arborização, com dimensão suficiente para o desenvolvimento de esplanadas; de uma zona para a linha de metro de superfície para ambos os sentidos, vias para veículos motorizados para ambos os sentidos, estacionamento automóvel num dos lados, e ciclo-via também a este. A separação da linha de metro de superfície das vias para veículos motorizados permite uma maior fluidez no trânsito. A secção B, que define o eixo viário estabelecido pela Alameda dos Bombeiros Voluntários, consiste no posicionamento de arborização no eixo central separando deste modo os dois sentidos viários que compõe a via, isto permite valorizar um carácter mais condizente com a existência de edifícios de relevância urbana como as instalações da Câmara Municipal ou o edifício dos Bombeiros Voluntários,

30 não descurando a facilidade de deslocação dos camiões. Apesar de a secção não o apresentar a presença de estacionamento automóvel, ele existe em determinados posicionamentos a quando o alargamento da via em questão. A secção C, define a via da Av. Albano Narciso Pereira, também aqui procurou-se valorizar o carácter institucional que os dois edifícios que lhe dão forma reivindicam, a Biblioteca Municipal e as traseiras do Tribunal, assim como os novos programas propostos. A secção D caracteriza a via tipo de acesso local, sendo esta formada por um eixo central definido pela existência de dois eixos viários em sentidos opostos, com arborização, estacionamento e passeios em ambos os lados. A secção E estabelece o perfil da Avenida , na qual foi proposto um sistema de arborização central, separando novamente os dois sentidos de circulação, e um sistema de arborização a este, deixando espaço para passeios em ambos os lados que possibilitam o desenvolvimento de esplanadas. Em todo o sistema viário repensou-se o modo do estacionamento automóvel, valorizando- se o seu posicionamento em silos automóveis, novos ou existentes, o estacionamento em garagens, ou em vias de aproximação como é o caso na secção D. Existem ainda um sexto tipo de secção que não vêm apresentado em secção, que é aquele que define as vias com prioridade pedonal, existentes predominantemente no antigo núcleo velho do Seixal. A Avenida da República (zona ribeirinha), é caracterizada pela existência de dois sentidos viários, e de passeios para peões e bicicletas ao longo da linha de água, assim como a presença ao longo da mesma de espaços verdes.

Desenvolveu-se também um conjunto de espaços verdes pensados no seguimento do desenvolvimento da estrutura ecológica, capaz de criar solos capazes de absorver e reter as águas da chuva. Do mesmo modo pensou-se na capacidade de valorizar a área-estudo, através da existência de bolsas de áreas verdes qualificadas para o usufruto da população, numa óptica de valorização da proximidade. Contribui igualmente para a continuidade do espaço público qualificado. Especificamente o posicionamento das diferentes bolsas prende-se com a requalificação e/ou extensão de alguns parques já existentes, ou do aproveitamento de vazios urbanos. Assim dá- se a requalificação do parque de Dª Ana, a extensão e requalificação do parque a oeste da Biblioteca Municipal, a criação de um parque na zona a norte da zona de estudo, a sul do terminal fluvial, que permite uma transição entre a paisagem urbana e a paisagem natural. Criaram-se outros espaços verdes nos interiores dos quarteirões, valorizando um uso-fruto de espaços ao ar-livre de proximidade, criou-se também a sul da proposta um novo parque urbano, como se pode observar nas plantas apresentadas.

O posicionamento do Edificado novo procura uma maior densificação e consolidação do espaço urbano, assim como uma maior qualificação do espaço público. O posicionamento dos diferentes edifícios dá-se de tal forma, que valoriza a leitura das vias como ruas, em vez de um posicionamento liberto do sistema viário. Arquitectonicamente procurou a articulação da diversidade tipológica e ao nível dos diferentes ambientes experimentados no local, valorizando-se assim a diversidade aí existente. Em termos de programa procurou-se desenvolver a tese da mixidade programática.

A zona-estudo encontra-se sub-dividida em três zonas de actuação, como se poderá observar mais adiante no desenvolvimento da estratégia proposta, sendo estas a Zona Ribeirinha, a zona II e a zona III.

31

Figura 42- Estratégia Geral

32

3.1.1-Estrutura Edificada

Figura 43- Estrutura Edificada

3.1.2-Estrutura Verde

Figura 44- Estrutura Verde

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3.1.2-Estrutura Viária

Via tipo A Via Tipo B Via tipo C Via tipo D Via tipo E

Figura 45- Estrutura Viária

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Corte A

Corte B

Corte C

Corte D

Corte E

Figura 46- Estrutura Viária, cortes tipo 35

3.2 – Zona Ribeirinha

A zona ribeirinha apresenta uma descontinuidade urbana entre o núcleo velho do Seixal e o terminal fluvial. O desenho da linha de água nesta zona é de extrema relevância, definindo por um lado a relação directa que a cidade estabelece com a baía, e por outro pelo valor paisagístico que pode adquirir. Propõe-se uma pequena marina que permita, por um lado, a valorização das actividades náuticas de recreio, bem como a salvaguarda do leito da baía; e por outro lado, em termos arquitectónicos, a transição de escala entre o património da antiga vila do Seixal e as novas prédios que definem a Avenida Vasco da Gama. A opção de uma marina de pequenas dimensões prende-se também com a tese de valorização de pequenos portos ao longo do Arco Ribeirinho Sul, ou seja um pequena marina na Amora, outra do Seixal, outra no Barreiro, etc. O desenho da linha de água, procura igualmente uma racionalização desta, valorizando-se igualmente, a existência de pequenas praias fluviais ao longo da costa. Valorizou-se a continuidade dos percursos pedonais ao longo da baía. Foi tido em consideração a partilha da linha de água com uma zona de parque e simultaneamente com uma zona urbana.

Em termos arquitectónicos propõem-se também a edificação de duas praças, a primeira contigua à praça Luís de Camões, como valorização do espaço urbano público da vila do Seixal; e uma segunda no enfiamento da Avenida Vasco da Gama. A nova praça pertencente ao núcleo velho, é definida por edifícios de dois pisos (igualando o módulo que lhe dá origem) de habitações para estudantes, com piso térreo de comércio, sendo esta uma estratégia rejuvenescimento da população da antiga vila. Esta é quadrangular e a relação estabelecida entre a praça e a baía é filtrada por um conjunto de árvores; prevendo-se aqui a ocorrência de pequenos eventos, como por exemplo pequenos concertos ao ar-livre, cinema ao ar livre, teatro ao ar livre, etc. A segunda praça, é quadrada e de menor dimensão e encontra-se no enfiamento da boca de abertura da marina assim como da avenida da Avenida Vasco da Gama. Esta praça, marcada pela existência de uma estátua, existe essencialmente como uma “pausa” urbana, um “ponto final” ao enfiamento acima referido, funcionando também como um ponto de fruição à paisagem Lisboeta.

Por forma a remover os carros do antigo núcleo, valorizando-se o deslocamento pedonal, propõe-se a existência de dois silos automóveis nas diferentes entradas da vila. Um a sudoeste e outro a sudeste da vila.

A estratégia define ainda a presença de habitação colectiva por forma a densificar e estabelecer continuidades urbanas hoje inexistentes.

A proposta afirma o desenvolvimento urbano que o núcleo velho demonstra de oeste para este, apresentando uma transição de uma estrutura mais irregular e tortuosa para uma estrutura mais cartesiana.

Propõe-se também a reabilitação do Parque Dª Ana, repensando os seus acessos à antiga vila. O projecto prevê um novo parque urbano a oeste, considerando-se de vital importância, seja para o sistema orgânico da proposta, seja para o sistema paisagístico, funcionando como transição entre a

36 urbanidade e o espaço natural. Sugere-se a construção de dois equipamentos desportivos náuticos, um através do restauro da estrutura do antigo terminal fluvial, na vila do Seixal; e outro a este, a sul do novo terminal, junto ao novo parque. Aceitaram-se igualmente a oeste os edifícios já propostos para edificação de habitação colectiva, assim como novos lotes para habitação unifamiliar.

O metro passa por esta zona, como explicado em cima, para a libertar do seu isolamento latente; definindo-se como paragens, uma no final da Avenida Vasco da Gama, e outra no terminal fluvial. Procedeu-se também à arborização do parque de estacionamento do terminal fluvial, como sombra de resguardo aos carros, mas ao mesmo tempo como intervenção paisagística.

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Estacionamento

Habitação Colectiva

Parque

Equipamento Desportivo Náutico

Habitação Colectiva

Praça com estátua I

Habitação Colectiva

Marina

Estacionamento

Habitações para estudantes com piso térreo de Comércio

Praça II

Equipamento Desportivo Náutico

Parque Dª Ana

Estacionamento

Figura 47- Estratégia Zona Ribeirinha

Figura 48- Estratégia Zona Ribeirinha , corte

Marina Praça

Habitação Colectiva Habitação Colectiva Habitação para estudantes com piso

Praça térreo de comércio

38

3.3 – Zona II

A zona II, é caraterizada pela presença de estruturas contruídas de escala assinalável; assim temos em consideração o edifício da Biblioteca Municipal, o Tribunal, um equipamento desportivo desqualificado, e as instalações da Câmara Municipal do Seixal. A estratégia aqui prendeu-se primeiramente com o estabelecimento de eixos viários que permitam a continuidade com a envolvente próxima. Aqui a proposta é marcada pela valorização e extensão da Av. Albano Narciso Pereira, a qual é estruturante de toda esta zona, bem como uma sua perpendicular, a Avenida dos Bombeiros Voluntários. Propôs-se a presença de edifícios de escritórios, com piso térreo de comércio na rua onde se encontram a Biblioteca e o tribunal. Estes edifícios pretendem acentuar o carácter de utilização diurno que acabará por marcar esta zona da Avenida, não procurando no entanto competir arquitectónicamente com os dois edifícios existentes. Na mesma rua propõe-se um novo equipamento desportivo em substituição do anterior. Esta via caracteriza-se, nesta zona, por uma extensa arborização como se pode observar no corte C, valorizando assim o carácter da mesma. Na extensão desta via para sul, estabelecem-se primeiramente edifícios de habitação colectiva com piso térreo de comércio e, seguidamente, edifícios de habitação colectiva com espaços verdes de consideráveis dimensões entre eles. Também aqui foi fundamental a regularização do traçado urbano. Na frente do Tribunal pretende-se um espaço verde aberto, com arborização acentuando o desenho do período ao qual é característico o referente edifício. Localizam-se igualmente na frente do tribunal e em continuidade da Av. Manuel da Fonseca uma das paragens do metro de superfície. É de referir ainda a importância do parque definido a oeste da zona da Biblioteca.

39

Equipamento Desportivo

Parque

Escritórios

Habitação Colectiva com piso térreo de Comércio

Habitação Colectiva com piso térreo de Comércio

Habitações Colectiva com piso térreo de Comércio

Habitações Colectiva

Figura 49- Estratégia Zona II

Figura 50- Estratégia Zona II, Corte

Parking Tribunal Habitação Colectiva Câmara Municipal Equipamento Desportivo

Escritórios com piso de comércio 40

3.4 – Zona III

A zona III é identificada pela existência de um grande vazio e descontinuidade urbana. Na zona caracterizada pela existência de quarteirões, propôs-se a continuidade dos mesmos através de habitação colectiva com piso térreo de comércio, deixando-se o interior dos quarteirões para espaços verdes, de recreio e desportivos. A sul, propôs-se a edificação de um grande edifício de habitação colectiva com piso térreo de comércio, no alinhamento da Avenida Manuel da Fonseca, fazendo igualmente a transição desta Avenida para uma zona de parque, onde se propôs a existência de habitação colectiva em banda. Propôs-se também aqui uma paragem do metro de superfície.

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Parque Dª Ana

Equipamento Desportivo

Paragem do Metro de Superfície

Habitação Colectiva

Habitação Colectiva com piso térreo de Comércio

Habitação Colectiva com piso térreo de Comércio

Torre de Habitação Colectiva

Habitação Colectiva

Habitação Colectiva com piso térreo de Comércio

Figura 51- Estratégia Zona III

Figura 52- Estratégia Zona III, Corte

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Figura 53- Fotografia Maqueta

Figura 54- Fotografia Maqueta

43

Figura 55- Fotografia Maqueta

Figura 56- Fotografia Maqueta

44

Figura 57- Fotografia Maqueta

45

4.0-Habitação Colectiva

Figura 58 e 59- Implantação urbana e corte

46

Figura 60- Cobertura

Figura 61- Planta Piso 1 e 2

Figura 62- Planta Piso Térreo

Figura 63 e 64- Alçado Sul e Norte

47

Figura 65- Planta Construtiva com tipologia habitacional

Figura 66- Alçado Sul

Figura 67- Corte Construtivo 48

Figura 68 e 69- Pormenores Construtivos

49

Figura 70- Render exterior

Figura 71- Render Interiror

50

4.0-Conclusão

O local em estudo apresenta grande potencial pelo seu: (01) valor paisagístico, (02) grande centralidade geográfica que apresenta relactivamente aos sistemas urbanos centralizados pelas cidades de Lisboa, Almada, Barreiro, e Setúbal; e entre a serra de Sintra e Arrábida ; (03) pelo sistema construído e potencial humano ali existente; (04) pelo seu património histórico, sejam as suas antigas vilas (Seixal, Arrentela, Amora); as suas quintas, ou ainda o seu património Industrial.

A estratégia urbana assenta sobre seis ideias claras:

(01) O prolongamento do metro de superfície de Corroios até ao Barreiro, através da construção de uma ponte entre o Seixal e o Barreiro. Este prolongamento favorece a utilização do transporte público ecológico como meio de deslocação, potencializando o sistema urbano conhecido por Arco-Ribeirinho-Sul (Almada, Corroios, Amora, Seixal e Barreiro), estendendo o uso-fruto das diferentes valências oferecidas pelos diferentes locais do micro-sistema a toda a sua população (sejam estas: equipamentos públicos, comércio, espaços verdes e de lazer, trabalho, residência, cultura, desporto, e/ou paisagísticos). A ligação através de uma ponte entre o Seixal e o Barreiro, já existente no passado, torna-se fundamental para a ligação e eficiência de todo o arco urbano, de Almada ao Barreiro. A proposta de posicionamento do metro de superfície apresenta-se em continuidade com a proposta feita pelo atelier Risco, assim como aquela prevista pelo PDM, na qual a linha de metro, estruturando o território da península do Seixal, passa pela linha de cumeeira da mesma, até ao Monte de Dª Ana, ligando finalmente o Seixal ao Barreiro. (02) A estruturação de um sistema viário equilibrado em continuidade com o existente, na zona de estudo. (03) A Consolidação territorial necessária à continuidade urbana atendendo às principais descontinuidades urbanas verificadas e que foram fundamentais à definição do limite de intervenção. Esta consolidação é conseguida através de edificação com mix programático, apesar de maior preponderância da habitação colectiva; de espaços verdes e espaço público qualificado. (04) Valorização da diversidade. A proposta apresenta seja ao nível do construído, seja ao nível dos vazios, um discurso e linguagem eclético, valorizando a variedades tipológicas e dos diferentes ambientes propostos. (05) A valorização do património constituído pela antiga vila do Seixal, através de uma proposta coincidente com a do plano Risco que propõe a edificação de Silos automóveis que permitam a remoção destes da vila, valorizando a deslocação pedonal. (06) A valorização da linha de água com a proposta de uma nova frente de rio a norte da península, valorizando-se as actividades naúticas de recreio com a edificação de uma nova marina, de praias fluviais, e de equipamentos desportivos náuticos. Sendo que a linha de costa já tem sido intervencionada nos últimos anos, desde a Amora até ao Seixal.

A proposta arquitetónica dá continuidade à proposta urbana, apresentado o local como um bom local para se viver no seu contexto, acreditando no crescimento da classe média portuguesa, e apresentando-se como uma alternativa às existentes na sua proximidade, retirando proveito das potencialidades já existentes e acima referidas, e outras potencializadas pela proposta. Apresenta-se como uma proposta óptimista no panorama socio-económico, apresentando como investimento público uma extensão considerável de espaços públicos e espaços verdes, assim como na edificação de dois silos e três equipamentos desportivos, o prolongamento da linha de metro e uma ponte que une o Seixal ao Barreiro. Existindo contudo também, uma considerável parcela necessária de investimento privado na maior parte da proposta construída. Acredita na importância que a consolidação e valorização destes territórios possam desempenhar no desenvolvimento do macro-sistema nos quais se encontram inseridos.

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Anexos

Figura 1- Plano Urbano Parque das Nações

Figura 2- Plano Urbano Parque Hospitalar Oriental, Falcão de Campos, Arquitecto

Figura 3- Plano Urbano Seixal pelo "Risco"

Figura 4- Cartografia 1904

Figura 5- Catografia 1916

Figura 6- Catografia 1939

Figura 7- Catografia 1961

Figura 8- Cartografia 1993

Figura 9- Cartografia 2009

Figura 10- Pescador, Seixal

Figura 11- Jardim Seixal Figura 12- Praia do Seixal

Figura 14- Seixal Figura 13- Seixal

Figura 15- Jardim do Seixal

Figura 16- Ponte que liga Seixal ao Barreiro

Figura 17- Seixal

Figura 18- Seixal, 2016

Figura 19- Seixal, 2016

Figura 20- Seixal, 2016

Figura 21- Seixal, 2016

Figura 22- Seixal, 2016

Figura 23- Seixal, 2016