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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS GEOGRÁFICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA RAIMUNDO INÁCIO DA SILVA FILHO A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA MICRORREGIÃO DO VALE DO AÇU: desafios e perspectivas do consórcio regional de saneamento básico Recife 2019 RAIMUNDO INÁCIO DA SILVA FILHO A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA MICRORREGIÃO DO VALE DO AÇU: desafios e perspectivas do consórcio regional de saneamento básico Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco como requisito à obtenção do título de Doutor em Geografia. Área de Concentração: Dinâmicas regionais e socioespaciais contemporâneas. Orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos de Barros Corrêa (UFPE) Coorientador: Prof. Dr. Francisco Fransualdo de Azevedo (UFRN) Recife 2019 Catalogação na fonte Bibliotecária Maria do Carmo de Paiva, CRB4-1291 S586g Silva Filho, Raimundo Inácio da A gestão dos resíduos sólidos na microrregião do Vale do Açu : desafios e perspectivas do consórcio regional de saneamento básico / Raimundo Inácio da Silva Filho. – 2019. 308 f. : il.; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos de Barros Corrêa. Coorientador: Prof. Dr. Francisco Fransualdo de Azevedo. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em Geografia, Recife, 2019. Inclui referências, apêndices e anexo. 1. Geografia. 2. Meio ambiente. 3. Gestão integrada de resíduos sólidos – Rio Grande do Norte. 4. Saneamento. 5. Consórcios. I. Corrêa, Antônio Carlos de Barros (Orientador). II. Azevedo, Francisco Fransualdo de (Coorientador). III. Título. 910 CDD (22. ed.) UFPE (BCFCH2019-126) RAIMUNDO INÁCIO DA SILVA FILHO A GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NA MICRORREGIÃO DO VALE DO AÇU: desafios e perspectivas do consórcio regional de saneamento básico Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial a obtenção do título de doutor em Geografia. Aprovada em: 22/04/2019 BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Antonio Carlos de Barros Corrêa (Orientador − Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco Prof. Dr. Osvaldo Girão da Silva (Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco Prof. Dr. Paulo Rogério de Freitas Silva (Examinador Externo) Universidade Federal de Alagoas Prof. Dr. Bruno de Azevêdo Cavalcanti Tavares (Examinador Externo) Universidade Federal de Pernambuco Prof. Dr. Alcindo José de Sá (Examinador Interno) Universidade Federal de Pernambuco Aos meus pais Raimundo Ignácio da Silva e Corina Medeiros da Silva (in memoriam). AGRADECIMENTOS Hoje é um dia de agradecimento. [...]. Vai fazer-nos bem, a cada um de nós, tirar um pouco de tempo para pensar em quantas coisas boas recebi do Senhor, este ano, e agradecer. E se houve provações, dificuldades, devemos agradecer também, porque nos ajudou a superar esse momento. (AGÊNCIA ECCLESIA, 2017). A Deus, pela vida e disposição em superar obstáculos; À Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), pela oportunidade; Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFPE; Aos servidores Eduardo Veras (UFPE/PPGEO) e Almir Castro (UERN/PROPEG), pela dedicação e apoio aos discentes (mestrandos e doutorandos) em processo de capacitação; Ao departamento de Geografia (UERN/Campus de Assú) e aos colegas professores, pelo apoio; Aos amigos Laercio Oliveira, Joacir Rufino, Maurício Miranda, Elisângelo Fernandes, Antônio Loureiro, Voclene Bezerra e Regis Flávio, pelas contribuições; À geógrafa Jocilene Dantas, pela parceria na produção cartográfica deste trabalho; Aos gestores da SEMARH, da FEMURN e do Consórcio Regional de Saneamento Básico do Vale do Açu pelas informações; Aos ex-prefeitos, prefeitos em exercício e secretários dos municípios da microrregião do Vale do Açu pelas colaborações; Aos professores Osvaldo Girão (UFPE), Paulo Freitas (UFAL), Bruno de Azevedo (UFPE) e Alcindo Sá (UFPE) pelas críticas e sugestões; Aos professores Antônio Carlos (UFPE) e Fransualdo Azevedo (UFRN), pelas orientações; Ao meu filho Víctor Antunes e à minha esposa Fátima Pereira pela compreensão e ajuda; Por fim, desejo externar os meus agradecimentos a todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para que esta pesquisa fosse realizada. Numa sociedade líquido-moderna, a indústria de remoção do lixo assume posições de destaque na economia da vida líquida. A sobrevivência dessa sociedade e o bem-estar de seus membros dependem da rapidez com que os produtos são enviados aos depósitos de lixo e da velocidade e eficiência da remoção dos detritos. (BAUMAN, 2009, p. 9). RESUMO Os resíduos sólidos têm se revelado como um dos graves problemas urbanos na atualidade para os quais se buscam soluções urgentes. Em diversos países do continente europeu esta responsabilidade já vem sendo assumida há décadas. No Brasil, o enfrentamento oficial dessa questão só ocorreu recentemente quando o governo federal sancionou a Lei 12.305/2010 que dispõe sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010. Apesar dos aspectos positivos constantes nesta lei, a maioria dos municípios brasileiros não tem avançado neste tema, conforme destacam CEMPRE (2019; 2018a; 2018b), SELUR (2017) e ABRELPE (2015). A falta de gestão e de destinação adequada para os resíduos sólidos urbanos (RSU’s) são apontadas por diversos especialistas dessa área como desafios a serem superados. Para tanto, uma das alternativas encontrada tem sido a criação de consórcios intermunicipais. No estado do Rio Grande do Norte, seguindo a orientação nacional, o governo estadual instituiu em 2010 o Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Rio Grande do Norte (PEGIRS/RN) e o ordenamento geográfico dos 167 municípios que passaram a integrar os Consórcios Regionais de Saneamento Básico: Seridó (25), Alto Oeste (44), Mato Grande (39), Agreste (26), Vale do Açu (24), Mossoró (01) e Região Metropolitana de Natal (08). Coube à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), a contratação de uma empresa de consultoria para a construção dos Planos Intermunicipais de Resíduos Sólidos (PIRS) e elaboração de propostas de regionalização. A Região de Assú, que compreende o Consórcio Regional de Saneamento Básico do Vale do Açu, foi escolhida como nosso objeto de estudo. Desde a sua criação este Consórcio não conseguiu sair do papel. A presente pesquisa investigou os obstáculos que dificultam a sua operacionalização, sob a óptica dos gestores (ex-prefeitos, prefeitos em exercício e secretários) dos nove (09) municípios que integram geograficamente a microrregião do Vale do Açu, do secretário da SEMARH e dos presidentes da FEMURN e do Consórcio Regional de Saneamento Básico do Vale do Açu, e constatou que a situação econômica vivenciada pelos municípios, aliado ao desestímulo dos prefeitos por falta de apoio financeiro, a distância das cidades para a sede do aterro sanitário e o atual formato geográfico dos municípios são obstáculos basilares que impedem a sua operacionalização. Para a maioria dos entrevistados, sem os aportes financeiros advindos dos governos estadual e federal, dificilmente este Consórcio funcionará. Embora a proposta apresentada pelo governo estadual tenha a aprovação de todos os municípios integrantes, a forma verticalizada como o processo foi conduzido, apesar da realização de estudos técnicos, seminários e oficinas temáticas, não foi suficiente para suscitar confiança nos gestores municipais do ponto de vista da sustentabilidade do empreendimento e da erradicação dos lixões. Por tudo isso, inferimos que a regionalização dos consórcios intermunicipais no RN é uma alternativa viável na busca de sanar o problema causado pela disposição irregular de resíduos sólidos na microrregião geográfica do Vale do Açu e demais municípios do Estado potiguar. Entretanto, como estratégia de solução, sugerimos que essa discussão seja ampliada para outros segmentos da sociedade como forma de mitigar os riscos reais da degradação do meio ambiente e da poluição do ar, da água, do solo e da eminente ameaça à saúde pública e deterioração da condição social e humana. Por fim, concluímos que se a sociedade não assumir efetivamente a responsabilidade de guiar esse processo dificilmente avançaremos nesse tema, uma vez que não se constata clareza de competências nos órgãos governamentais para que a PNRS seja implantada nos municípios. Palavras-chave: Vale do Açu. Resíduos sólidos. PNRS. Consórcio intermunicipal. ABSTRACT Solid waste has proved to be one of the most serious urban problems in the world today, for which urgent solutions are sought. In several countries of the European continent, responsibility has been assumed for decades. In Brazil, the official confrontation of this issue occurred only recently when the federal government sanctioned Law 12,305 / 2010 on the National Solid Waste Policy (PNRS) in 2010. Despite the positive aspects of this law, most Brazilian municipalities have not advanced (2019, 2018a, 2018b), SELUR (2017) and ABRELPE (2015). The lack of adequate management and disposal for urban solid waste (RSU's) are pointed out by several specialists in this area as challenges to be overcome. However, one of the alternatives has been the creation of intermunicipal consortia. In Rio Grande do Norte State, following the national orientation, the state government instituted in 2010 the State Plan for the Integrated Management of Solid Waste of Rio Grande do Norte (PEGIRS / RN) and the geographical