Revista Brasileira de Educação do Campo Brazilian Journal of Rural Education ARTIGO/ARTICLE/ARTÍCULO DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756

Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais

Adriana Rodrigues da Silva1, Aline Weber Sulzbacher2 1 Secretaria de Estado de Educação de - SEE/MG. Escola Estadual Américo Antunes de Oliveira. Avenida da Saudade, 101, Saudade. Turmalina - MG. Brasil. 2 Universidade Federal dos Vales do e Mucuri - UFVJM. Autor para correspondência/Author for correspondence: [email protected]

RESUMO. Neste artigo, objetivamos apresentar e analisar projeto de educação do campo da Escola Família Agrícola do município de Veredinha (MG) e, a partir dele, discutir as contribuições para os sujeitos que compõem a comunidade; e contribuir para discussão sobre o papel do ensino de geografia em experiências de educação do campo. Os procedimentos metodológicos envolvem a realização de monografia de curso de especialização, incluindo pesquisa e estudo bibliográfico, análise de documentos e observação sistemática. Indicamos como contribuições a capacidade de mobilização e organização social dos agricultores e a alternância pedagógica, que reverberam nos espaços-tempos educativos e se consolidam com juventudes atuantes na região. A EFAV contribui na produção de territórios de resistência, com significativas mudanças na dinâmica regional. Concluímos apontando que a EFAV foi criada para garantir acesso ao ensino médio e técnico para jovens do campo, mas avançou em uma proposta pedagógica e política que atende aos interesses dos sujeitos do campo. Para isso, envolveu mobilização popular e também articulação de diferentes organizações sociais. A escola, em si, mobilizou processos educativos e políticos que movimentaram e conscientizaram as comunidades e agricultores.

Palavras-chave: Educação do Campo, Pedagogia da Alternância, Juventudes, Ensino de Geografia.

RBEC Tocantinópolis/Brasil v. 5 e5756 10.20873/uft.rbec.e5756 2020 ISSN: 2525-4863

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Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais...

Agricultural Family School: reflections about contributions to rural communities

ABSTRACT. In this article, we aim to analyze the field education project of the Escola Família Agrícola in the city of Veredinha (MG) and, from it, discuss the contributions to the subjects that make up the community; and, to contribute to the discussion about the role of geography teaching in rural education projects. The methodological procedures involve the realization of a specialization course monograph, including research and bibliographical study, document analysis and systematic observation. We indicate as contributions the capacity of mobilization and social organization of the farmers and the pedagogical alternation, which reverberate in the educational spaces and are consolidated with young people active in the region. EFAV contributes to the production of territories of resistance, with significant changes in regional dynamics. We conclude by pointing out that the EFAV was created to guarantee access to secondary and technical education for young people in the countryside, but it has advanced in a pedagogical and political proposal that meets the interests of the subjects in the countryside. To this end, it involved popular mobilization and also the articulation of different social organizations. The school itself mobilized educational and political processes that mobilized and raised awareness among communities and farmers.

Keywords: Countryside Education, Pedagogy of Alternation, Youth, Geography Education.

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2 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais...

Escuela Familia Agrícola: reflexiones sobre las contribuciones para comunidades rurales

RESUMEN. En este artículo, se pretende presentar y analizar el proyecto de educación de campo de la Escuela Familiar Agropecuaria del municipio de Veredinha (MG) y, a partir de él, discutir los aportes a las temáticas que conforman la comunidad; y contribuir a la discusión sobre el papel de la enseñanza de la geografía en las experiencias de educación de campo. Los procedimientos metodológicos implican la realización de monografías de cursos de especialización, incluyendo la investigación y el estudio bibliográfico, el análisis de documentos y la observación sistemática. Señalamos como aportes la capacidad de movilización y organización social de los agricultores y la alternancia pedagógica, que reverberan en los espacios educativos y se consolidan con los jóvenes activos en la región. El EFAV contribuye a la producción de territorios de resistencia, con cambios significativos en la dinámica regional. Concluimos señalando que la EFAV fue creada para garantizar el acceso a la educación secundaria y técnica de los jóvenes del campo, pero ha avanzado en una propuesta pedagógica y política que responde a los intereses de los sujetos del campo. Para ello, supuso la movilización popular y también la articulación de diferentes organizaciones sociales. La propia escuela movilizó procesos educativos y políticos que movilizaron y sensibilizaron a las comunidades y a los agricultores.

Palabras clave: Educación del Campo, Pedagogía de la Alternancia, Juventud, Enseñanza de la Geografía.

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Introdução

Enquanto uma experiência de hegemônico de desenvolvimento para o educação do campo, a Escola Família campo brasileiro. Agrícola (EFA), em suas diferentes Neste artigo, temos por objetivo experiências e unidades, adota a analisar e discutir sobre as contribuições da metodologia da pedagogia da alternância Escola Família Agrícola de Veredinha que tem por princípio uma organização (EFAV) para os sujeitos que compõem a escolar que alterna entre o tempo escolar e comunidade escolar (monitores, o tempo de comunidade. Esta matriz estudantes, familiares, funcionários etc.). metodológica fortalece a educação do De forma complementar, objetiva-se campo, pois consiste em incorporar também contribuir para discussão sobre o conhecimentos teóricos e práticos, gerais e papel do ensino de geografia em técnicos, relacionados com a realidade do experiências de educação do campo, como campo. Assim, segue uma dinâmica que o é o caso da EFAV. As questões, reflexões estudante, no tempo comunidade, convive e análises aqui apresentadas têm por base na realidade familiar e comunitária, e pesquisa realizada e reflexões de compartilha os saberes com a escola monografia de conclusão de curso de durante o tempo escolar, produzindo Especialização em Ensino de Geografia significados e reflexões que servirão para (ENGEO), vinculado à Universidade transformar a sua realidade de origem, com Federal dos Vales do Jequitinhonha e conhecimento adquirido em novas práticas Mucuri (UFVJM). A pesquisa foi técnicas e políticas. Essa é a proposta de desenvolvida sob uma abordagem formação integral da EFA para ações de qualitativa, fazendo uso, basicamente, de reflexão sobre a sociedade e a vida instrumentos e técnicas de base analítico- cotidiana, a partir dos sujeitos do campo. descritiva, com caráter documental, Por sua vez, o ensino de geografia estudo de campo com observação contribui de forma substantiva na formação sistemática – que incluiu registros em de cidadãos, sujeitos do campo, mas, para diário de campo (utilizados ao longo do tal, é preciso estar comprometido com um texto para contribuir na discussão) projeto de educação do campo que e pesquisa de referencial bibliográfico. compreende os processos, escalas e Dentre os documentos consultados, estão mediações que envolvem a construção de os registros do “I Seminário dos V anos da territórios de resistência ao modelo Escola Família Agrícola de Veredinha”

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4 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... realizado pela escola com a comunidade princípios da educação do campo, dentre escolar (incluindo egressos e familiares de elas a: estudantes). ... implementação de gestão A fim de atender aos objetivos, o democrática das instituições artigo está estruturado em duas sessões escolares, por meio do controle social, sobretudo da qualidade da principais, além da introdução e conclusão, educação oferecida, mediante a efetiva participação das comunidades sendo a primeira sobre a experiência da e dos movimentos sociais e sindicais EFAV, sujeitos e contribuições e a segunda do campo na definição do modelo de organização pedagógica e de gestão. sessão versará sobre os instrumentos da (SEE/MG, 2015, p. 09). pedagogia da alternância com articulações Inicialmente formada por no ensino de geografia. representantes de instituições parceiras e A experiência e os sujeitos agricultores familiares envolvidos pelo

Centro de Agricultura Alternativa Vicente A Escola Família Agrícola de Nica (CAV), em 2003 foi constituída Veredinha está localizada na comunidade Associação Comunitária de rural de Gameleira, município de Desenvolvimento Educacional e Veredinha, no alto do Vale Jequitinhonha Agropecuária de o Veredinha (Minas Gerais). O município apresenta, ao (ACODEFAVi), responsável pela total, 28 comunidades rurais sendo a manutenção e gestão da EFAV. Depois de agricultura a principal atividade 09 anos de articulação e muita luta, a econômica, muito embora em declínio escola inicia suas atividades em 2011 com após a década de 1970 com a progressiva duas turmas de jovens estudantes, consolidação da silvicultura de eucalipto. ofertando o Ensino Médio integrado ao A EFAV foi resultado da articulação, Curso de Técnico em Agropecuária, com a na escala municipal e regional, de metodologia da Pedagógica da Alternância, diferentes entidades e movimentos sociais em regime quinzenal, alternando tempo ligados à luta camponesa, em especial, escola e tempo comunidade. engajados na formação da juventude rural Nas palavras de Gimonet (2007), a e da necessidade de qualificar processos pedagogia da alternância tem uma produtivos, sociais e políticos das dimensão multidimensional e complexa, comunidades rurais. Nesse sentido, o pois envolve relações no processo projeto da escola família agrícola segue os educativo que cria e recria, com a partilha do saber. Inspira, desta forma, uma

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5 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... orientação metodológica para as mobilização social, a atuação de experiências das escolas do campo: organizações com trabalho sério e respeitado pelos sujeitos do campo e a ... a escola pode ser um lugar privilegiado de formação, de pedagogia da alternância são elementos conhecimento e cultura, valores e fundamentais nessa trajetória e em seus identidades das crianças, adolescentes, jovens e adultos. Não resultados. Por fim, coloca em questão para fechar-lhes horizontes, mas para abri-los ao mundo desde o campo, ou também a situação vivida pelas escolas desde o chão em que pisam. Desde convencionais, que vivenciam o desafio do suas vivências, sua identidade, valores e culturas, abrir-se ao que há afastamento da família no processo de mais humano e avançado no educativo escolar. mundo. (Arroyo, Caldart & Molina, 2009, p. 14). É presente nas discussões o

sentimento de construção histórico da Embora sendo um lugar privilegiado, associação e a memória das inúmeras a escola comprometida em abrir horizontes dificuldades encontradas para a criação da enfrenta desafios. No caso da EFAV, o EFAV. Ao mesmo tempo, são muitas mais significativo é a manutenção da demandas apresentadas, destacando-se o autonomia política, administrativa e transporte para atender os estudantes em pedagógica, pois depende de políticas visitas de estudos e melhoria e ampliação estruturantes que garantem as condições de da infraestrutura escolar. De modo geral, a funcionamento, de parcerias e projetos que avaliação apontada nos relatos é que o contribuem na contínua qualificação da “objetivo foi alcançado, porque está experiência, e de repasse orçamentário formando os alunos, os nossos filhos na baseado em Leis Municipais, Estaduais e realidade do campo, foi isso que a gente Federal – nem sempre honrados pela esperava” (R2ii, 2016). Conforme o gestão pública. Em contraponto, o fato da regimento escolar no artigo 11 da Seção II, gestão escolar na EFAV ter por base em que trata das propostas da Associação, princípios associativos, em diálogo e com um dos objetivos da instituição é: permanente avaliação por parte das famílias camponesas e da ACODEFAV, Proporcionar ao jovem rural do contribui para que a superação dos desafios Município de Veredinha e do Vale do Jequitinhonha uma formação integral seja construída coletivamente, a partir de através da Pedagogia da Alternância: períodos letivos presenciais na escola iniciativas de instituições e que passam e períodos letivos vivenciados no sobretudo pela luta por direitos, por acesso meio socioprofissional, possibilitando o vínculo da escola ao recurso destinado à educação pública. A

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com a família, comunidade e trabalho propriedades familiares têm acesso a uma (Regimento da EFAV, 2010, p. 06). pequena área de terra (abaixo do módulo A partir da análise dos registros da fiscal indicado) ou estão degradadas ou, observação sistemática fica evidente que a ainda, tem diminuído a disponibilidade e escola foi criada com o intuito de fortalecer acesso à água. Neste sentido, a escola a agricultura familiar e, para além de também cumpre papel social e político de atender esse objetivo, avança contribuindo compreensão de que a realidade é produto para a discussão sobre as dificuldades social, das disputas no território e da vividas nas propriedades, nas importância de mobilização e articulação comunidades, como por exemplo, o acesso entre agricultores e comunidades para a terra, à água, a questão da sucessão demanda de políticas públicas, crédito e familiar, a geração de renda, o manejo outros investimentos que contribuam para produtivo (solo, animais, plantas) visando a qualidade de vida no campo. As sustentabilidade ambiental, o acesso à dificuldades vividas pelas famílias dos mercados justos etc. Segundo assessor do estudantes indicam desafios também para a CAV, principal parceiro da escola, que realização de atividades pedagógicas como recebe estudantes egressos, os jovens os projetos profissionais que são formados “têm demonstrado uma elaborados no último ano de formação. capacidade de amadurecimento e Os monitores da escola vivenciam aprendizagem” e, ainda destaca: diariamente a realidade da EFAV ao coordenar as atividades teóricas e práticas, Os jovens já estão retornando para relacionando-as com os planos de estudos suas propriedades com mais capacidade, estão continuando os e as disciplinas para o processo formativo. estudos, e sendo inserido no mercado de trabalho, inclusive em Os monitores são mediadores, com organizações que lidam no próprio formação no ensino superior, e atuam no meio rural com a agricultura familiar. Então, mais que isso o envolvimento processo formativo, gestão e organização e engajamento das famílias, parceiros, enfim (R1, 2016). de toda estrutura escolar. De modo geral, a partir da observação sistemática A Escola Família Agrícola de constatamos que tem compromisso e Veredinha cumpre seu papel de formação, seriedade com a proposta pedagógica e inclusive para compreender processos política, e ressaltam o papel da escola no histórico-geográficos que produziram fortalecimento da juventude, com educação desigualdades no acesso a terra e a de qualidade e conectada com a cultura educação. Há casos de estudantes cujas

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7 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... camponesa. A dinâmica da vida escolar, dependências e a trabalhar as que incluí processos de avaliação interdependências...”. Esse processo individual e coletivos, tem indicado a formativo estimula aos jovens estarem necessidade de aprofundar os continuamente frente aos desafios e conhecimentos relacionados de modo a perspectivas, a se tornarem lideranças incentivar a agricultura familiar, atuantes em seu contexto social. valorizando também os diferentes perfis e O monitor com experiência de 14 comunidades que são representados a partir anos como professor relatou que a EFAV dos jovens que chegam à escola. desde 2013 apresentou uma educação Na EFAV, os estudantes têm perfil diferente, que “adota uma pedagogia da de adolescentes (ensino médio e técnico) alternância com alguns princípios da residentes em comunidades rurais – e agricultura familiar, evitando assim o alguns casos são oriundos do espaço êxodo rural aqui no Vale do urbano, de municípios do Vale do Jequitinhonha” (R6, 2016). Nessas Jequitinhonha, que possibilita um encontro palavras, a Pedagogia da Alternância de jovens que partilham de culturas, valoriza o saber popular e práticas valores e identidades. Assim, no registro alternativas econômicas para o campo, de falas dos jovens, a EFAV proporciona o promovendo o intercâmbio para a acesso ao ensino com “uma proposta convivência com o semiárido, educando diferenciada de uma formação em com consciência ecológica. alternância, que visa uma formação Ao avaliar a proposta da educação do contextualizada de acordo com a realidade campo da EFAV, a mãe de uma estudante e convivência dos jovens”; ou, ainda, aponta: “Meu filho formou numa área que comprometida com a formação cidadã: se identifica com o campo que ele “para além de uma formação social, trabalha” (R8, 2016), e a partir da política, técnica, o jovem forma para o formação na escola ter condições para trabalho e para viver, posicionar e entender permanecer no campo, com dignidade e o contexto da sociedade” (R4, 2016). qualidade de vida. Assim, Segundo Gimonet (1999, p. 125) o progressivamente, se consolida um estudante que tem oportunidade de formar- processo amplo, de base territorial, com se em alternância se “torna autônomo jovens do campo formados e atuantes na porque o processo convida a dominar a si região – em diferentes setores, seja no próprio, a interagir, a assumir as campo ou na cidade. A EFAV também

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8 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... produz uma territorialidade marcada pelo características, saio da escola e coloco em reconhecimento, pelo sentimento de prática na quinzena casa” (R11, 2016). pertencimento dos estudantes e das Outro estudante, egresso em 2013, que famílias pela experiência formativa vivida. trabalha atualmente com extensão técnica Essa identidade produz significativas nos diz: mudanças na dinâmica regional, sobretudo Se eu estou no campo até hoje, não a partir dos territórios da vida. exatamente no campo, mas Assim, é justamente na alternância trabalhando para o campo, devo a escola que permitiu ter outro ponto que se experimenta o enraizamento, seja de vista da nossa região, do nosso lugar e a dar valor no meio onde formativo dos estudantes, seja da relação vivemos, trabalho para melhorar de retroalimentação entre escola e onde vivemos. ... nasci no campo, minhas raízes são do campo e comunidades rurais. Os instrumentos acredito muito nesse campo (R15, 2016). pedagógicos são fundamentais nesse processo, como nos disse uma mãe: “é tipo Desta forma, os jovens, como uma convivência com a escola e a casa, profissionais, aplicam seus conhecimentos observo as atividades e acompanho o na propriedade da família, a partir de caderno e assino para afirmar, sempre com valores como os cuidados ecológicos no parceria na escola” (R9, 2016). A mãe processo produtivo, incluindo manejo dos ressaltou a presença marcante nas reuniões solos, a preservação das fontes de água escolares. O caderno de acompanhamento, etc.: é um instrumento pedagógico da pedagogia da alternância, funciona como registro A produção agroecológica é um dos princípios da Escola Família diário, aonde o estudante anota todas as Agrícola de Veredinha que é ter uma prática agrícola em equilíbrio com a atividades que realiza na sessão casa e na natureza, preservando o meio sessão escola, funciona como meio de ambiente e os seus recursos naturais. Um dos sonhos colocado pelo sócio comunicação entre a escola e a família. fundador da ACODEFAV era ter Por sua vez, para os jovens em jovens “educados para realizar projetos para a região e suas formação, como estudantes em trânsito propriedades preservando as terras, a água e a natureza por inteiro” (R20, para a vida profissional, vivenciar a escola 2016). por meio da alternância “faz-nos ser jovens críticos, entender muitas coisas, pelo fato Portanto, a EFAV já indica um de não viver no campo, não sabia que tinha legado com contribuições regionais seja na tanta diversidade e suas próprias formação de juventudes (e com elas, suas famílias e comunidades), seja na produção

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9 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... de ambientes e processos produtivos formativo, destacamos aqui o plano de inspirados em novos paradigmas, como é o estudo e instrumentos complementares. da Agroecologia. A experiência da escola O Plano de Estudo (PEiv) é indica contribuições para o fortalecimento organizado por etapas, envolvendo a dos territórios da vida, para o alternância entre a sessão escolar e a sessão reconhecimento das territorialidades das comunidade: “O PE é feito de questões comunidades – suas identidades, histórias e elaboradas em conjunto, a partir de um cultura, e seus modos de vida. Além disso, diálogo entre alunos e monitores, tendo por a escola é um lugar para esses jovens, base a realidade objetiva do jovem. Trata- famílias e comunidades, pois há se de pesquisa participativa, realizada no sentimento de pertencimento, identidade, meio sócioprofissional, sistematizada e reconhecimento e de compromisso com o ampliada na escola” (EFAV - PPP, 2010). campo – seja em projetos, seja em A proposta do PE se dá pela assessorias, seja como agricultores etc. organização dos eixos do Plano de Formação com o meio e a vida do Ensino de geografia: articulando estudante, e associados para serem conhecimentos e experiências desenvolvidos ao longo de três anos, A Pedagogia da Alternância possui através da pedagogia da alternância com quatro pilares (Associação Local, uma aprendizagem contínua numa Alternância, Formação Integral e descontinuidade de atividades e de espaço Desenvolvimento do Meio), e tem como e tempos entre a escola, a família e a base o Plano de Formação (PFiii), comunidade. Segundo o Plano de organizado por alguns instrumentos Formação da EFAV (2010), os eixos pedagógicos (Plano de Estudos, Colocação consistem em: em Comum, Caderno de  Primeiro: Convivência Acompanhamento, Caderno da Realidade, familiar e comunitária; Visita às Famílias, Visita de Estudos, experiência do trabalho, Tutoria...) que são realizados com a com: observação, análise e participação de estudantes, monitores, descrição da realidade parceiros, família e comunidade com o (Saber empírico). intuito de gerar oportunidades para o  Segundo: Na escola - centro jovem permanecer no campo. Com o de formação é colocação em objetivo de discutir esse processo comum da reflexão de cada

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estudante, a partir da parceiros. Após definição do problema, ele pesquisa do plano de passa a ser considerado o alvo de pesquisa estudo, com: do PE. Nesse sentido o objeto de estudo a problematização, ser investigado tem o problema como formalização - principal direção com o intuito de conceitualização - análise - fortalecer a interação entre a comunidade e aprofundamento e a escola. sistematização do O planejamento do ensino de conhecimento popular com Geografia está dentro desta organização, os conhecimentos escolares interdisciplinar ao PE ampliando o (Saber teórico). conhecimento científico do tema. Citam-se  Terceiro: No meio os conteúdos da Geografia que amplia o sócioprofissional – familiar, conhecimento da temática “água e solo” a ao retornar para casa, junto geologia (A terra – dinâmica, estrutura, à família, o jovem fecha o forma e atividades humanas) e ciclo do processo geomorfologia (Água: aproveitamento, metodológico onde: realiza geopolítica e conservação). experiências e aplicações Incluímos as etapas de um exemplo dos estudos; confronta os de Plano de Estudo realizado na EFAV saberes teóricos e práticos, com o tema “Água e Solo na nossa região” faz novas interrogações e do primeiro eixo do plano de formação. A novas pesquisas (Saber atividade foi organizada a partir do prático). objetivo de contribuir para a formação de Os planos de estudos são distribuídos cidadãos conscientes que possam atuar na através dos eixos temáticos para direcionar realidade socioambiental de forma as etapas de formação dos estudantes, e são comprometida com o desenvolvimento bimestrais para facilitar o planejamento sustentável, para tal houve 16 horas/aulas interdisciplinar dos conteúdos das para discutir os temas da natureza, disciplinas da base comum e técnica. As sociedade e questão ambiental. A temática situações problemas vivenciadas pela discutida e desenvolvida com os estudantes escola e comunidade escolar são indicadas do 1º ano, foi com a devida orientação da em assembleia com a participação orientação da monitora de Geografia e expressiva de pais, monitores, estudantes e aplicação do plano de estudo “água e solo”

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11 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... juntamente com outros professores de importância de planejá-lo o máximo Matemática e Agricultura. possível, de modo que ele não se O tema do Plano de Estudo na base transforme numa ‘excursão recreativa’ comum torna-se fonte de ampliação do sobre o território, e possa ser um momento conhecimento com reflexão, a mais no processo problematização e interferência sobre a ensino/aprendizagem/produção do realidade, através do ensino da Geografiav. conhecimento (Marcos, 2006). E na formação técnica, os estudantes têm a Para as visitas de estudo, a oportunidade de conhecer ações voltadas preparação inicia com debates para mapear para o uso racional e manejo do solo e dos quais as ideias ou representações dos recursos naturais da água, promover estudantes sobre o tema. Para cada práticas agropecuárias em que esses situação, elege-se uma mediação, conhecimentos possam contribuir para a exercitando diferentes habilidades para produção e geração de renda com apresentação (por meio de desenhos, resiliências aos ambientes. É nessa cartazes, recortes etc.) ao grupo, com caminhada que se criam aberturas para intuito de apresentar um pouco da leitura do mundo, problematização e realidade da comunidade e como ela é debate, ou em consonância com Fernandes compreendida. A partir dos diferentes (2008, p. 141): “Nosso pensamento é contextos apresentados, analisa-se o tema defender o direito que uma população tem em escala local, regional e nacional. de pensar o mundo a partir do lugar que Como apresentado por Freire (1998, vive, ou seja, da terra em que pisa, melhor p. 34) ao despertar nos estudantes a ainda a partir de sua realidade”. curiosidade e criticidade “não há para mim, Para garantir essa articulação com o na diferença e na ‘distância’ entre a vivido, além das atividades do tempo ingenuidade e a criticidade, entre o saber comunidade, é fundamental a realização de de pura experiência feito e o que resulta visitas de estudo (trabalhos de campo). dos procedimentos metodicamente Enquanto recurso didático, o trabalho de rigorosos, uma ruptura, mas uma campo é o momento em que podemos superação”. Assim, a visita de estudo é visualizar tudo o que foi discutido em sala uma etapa do Plano de Estudo que têm de aula, em que teoria se torna realidade, como principal objetivo proporcionar um se ‘materializa’ diante dos olhos aprofundamento sobre o tema estudado e estarrecidos dos estudantes, daí a

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12 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... suas relações com a realidade. Segundo o Um ensino de geografia que se pretende integrador deve levar em Projeto Político Pedagógico da Escola: conta essa complexidade da realidade do campo brasileiro, articulando em ... é um momento de conhecer, sua dinâmica as particularidades e perceber contradições, confirmar especificidades do lugar, sem hipóteses, estabelecer intercâmbios, desconsiderar as interconexões das superar dúvidas. São acompanhas escalas, ou seja, compreender o lugar pelos monitores, que têm a função de é, antes de tudo, pensá-lo como uma preparar esse momento orientando na totalidade constituída por espaços e escolha do local, estabelecendo tempos locais e globais (David, 2010, contatos, discutindo questões de p. 44). maior ênfase, viabilizando plenárias e estimulando o aluno a se apropriar Para o desenvolvimento da temática daquilo que o local/instituição pode fornecer como contribuinte para o ambiente para o trabalho de campo é seu crescimento pessoal e profissional (EFAV - PPP, 2010). necessário planejar, de modo a identificar o conhecimento prévio do aluno. Segundo A visita de estudo com temática do Souza et al. (2008), “por meio do trabalho plano de estudo “água e solo” foi realizada de campo é possível desenvolver as na barragem de Irapé construído para habilidades de observar, descrever, funcionamento de usina hidrelétrica no Rio interpretar fenômenos naturais e Jequitinhonha. A construção dessa socioespaciais nos estudantes, e inferir na barragem impactou significativamente a boa formação de profissionais ...”. A região, gerando um imensurável passivo atividade foi desenvolvida de forma ambiental e social, expropriando e interdisciplinar, com envolvimento das deslocando cerca de 50 comunidades rurais disciplinas de Zootecnia (prática, manuseio que dependiam da dinâmica hídrica do rio e produção da aquicultura), Matemática para suas atividades produtivas e modo de (conteúdos de estatística aplicada e vida. Também foi visitada experiência de financeira para administração da produção criação de peixes em tanques redes, no e comercialização) e de Geografia. distrito de Madassaia, município de Leme Por fim, após a visita de estudos é do Prado. Esta realidade, da construção de realizada uma colocação em comum, uma barragem com finalidade seguida da elaboração de uma síntese hidroelétrica, coloca em questão as geral. Com base no tema “Água e Solo” contradições de projetos para o campo foram indicadas as políticas públicas de brasileiro, os interesses e disputas que se captação e armazenamento da água, com operam nas relações do local ao global: os programas do governo federal P1 + 2 e 1 Milharão de Cisternas, assessorados pelo

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CAV nas comunidades rurais de Chapada Posso dizer que a Geografia traz um do Norte, , Turmalina e conhecimento, como por exemplo, o Veredinha. Além deste, as atividades do território, que não é simplesmente um espaço geográfico e um pedaço CAV ganham destaque, pois incluem de chão (propriedade rural). Território é identidade, ou seja, é a iniciativas como os projetos de proteção, cultura de um povo, os recuperação e preservação do meio conhecimentos que são passados de geração em geração, não existem ambiente. Na colocação em comum, nenhum povo que não conheça o território onde se habita (R20, 2016). também foram indicadas situações- problema, como a prática da queimada Pode-se observar, a partir da análise para limpeza da propriedade, o documental que a escola, enquanto uma desmatamento, a necessidade de correção experiência de educação do campo com dos solos com matéria orgânica – o que base na pedagogia da alternância, tem desafia a pensar o manejo do contribuído para a formação das agroecossistema (não apenas do solo, ou da juventudes (do campo e da cidade) com planta). Nestes momentos, a discussão envolvimento das famílias, comunidades, também gera partilha de experiências. organizações da sociedade civil etc. A A disciplina de geografia cumpre seu análise do contexto histórico e pedagógico papel ao articular o ensino/aprendizado demonstra que, embora seja uma das com o PE, levando em consideração as poucas propostas de educação campo, problemáticas apresentadas na síntese geral voltadas ao desenvolvimento integral do e as implicações dos estudantes. No jovem e o seu meio, consegue promover tocante ao ensino de Geografia, uma das significativas mudanças na vida das estudantes relata que: famílias, dos jovens e das comunidades e ou organizações em que estes atuam. A Geografia traz o conhecimento sobre o clima, a vegetação, a E o ensino da geografia não tem topografia do terreno e o relevo, tudo isso ajuda no jeito de plantar, como ficado de lado na formação de melhor moramos no semiárido. Ela contribui entendimento do território e da vida no em diversas situações a partir do conhecimento, fora questão campo. A interdisciplinaridade proposta ambiental, contribui socialmente para sermos cidadãos críticos (R25, 2016). pelo PE contribui com geografia para ampliar a pesquisa, e efetivar o contato Nesse sentido, o ensino se destaca com o objeto de estudo. Como esclarece nas palavras do estudante egresso em 2014 Freire (1998, p. 32) “Não há ensino sem que ainda reside no campo. pesquisa e pesquisa sem ensino ... Pesquiso

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14 Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais... para conhecer o que ainda não conheço e apontamentos de estudantes, egressos, comunicar ou anunciar a novidade”. monitores, famílias e assessores de Considerando os recursos e atividades organizações parceiras. propostas, implica uma postura Portanto, a experiência da EFAV não interdisciplinar e construtivista para o pode ser restrita à escola ou ao ambiente conhecimento. escolar. É uma experiência que versa sobre Percebe-se a contribuição do uso desafios e a capacidade de mobilização integrado do trabalho de campo e estudos popular, de articulação política entre do meio, que são relevantes à compreensão diferentes organizações sociais (ONGs, das relações entre ambiente e sociedade, e Sindicatos, Associações, Movimentos para o exercício da cidadania. Sociais etc.) e de superação das diferenças a partir da construção de um projeto de Considerações vida, de um sonho: uma escola que acolha

Com base nos objetivos propostos, e seja solidária com os filhos dos podemos concluir indicando que a EFAV agricultores, com seus saberes e vivências, foi criada para atender a uma demanda com suas vestimentas e ferramentas, que específica: ofertar ensino médio e técnico entenda sua sede de conhecimento e os para jovens do campo que, em sua maioria, motive no caminho do estudo, da pesquisa, tinham dificuldades para acesso à escola. da análise e compreensão da realidade No entanto, ao lançar-se neste desafio, os enquanto sujeitos que podem transformar agricultores e organizações, ousaram sua realidade. avançar em uma proposta pedagógica e A escola, embebida destes processos política que atenda aos interesses dos e princípios, é um ambiente construído por sujeitos do campo. E, para tal, buscaram muitas mãos, que demonstra a força dos nas experiências e acúmulos da educação trabalhadores e trabalhadoras do campo, do campo e da pedagogia da alternância, as em sua permanente ousadia de sonhar, referências para a formulação e semear e cuidar do futuro. implementação de uma experiência Referências pedagógica e política com inserção regional. Por estes caminhos, há várias Acodefav. (2004). Estatuto Social – Associação Comunitária de contribuições da EFAV para os sujeitos Desenvolvimento Educacional, Familiar e que compõem a comunidade escolar. Agropecuário de Veredinha. Veredinha, 13 de dezembro. Apresentamos neste texto alguns

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______. (2005). Brasília: União

Nacional das Escolas Famílias Agrícolas Informações do artigo / Article Information do Brasil. Revista da Formação por

Alternância, 1(2). Recebido em : 10/08/2018 Aprovado em: 08/07/2019 Publicado em: 31/08/2020 i Received on August 10th, 2018 Após a criação do estatuto os membros Accepted on July 08th, 2019 devem ser sócios- fundadores, pais, os jovens em Published on August, 31st, 2020 formação, os pais de estudantes egressos, estudantes egressos, e as pessoas interessadas pela Contribuições no artigo: As autoras foram as formação e desenvolvimento do meio (Regimento responsáveis por todas as etapas e resultados da da ACODEFAV, 2003). pesquisa, a saber: elaboração, análise e interpretação dos dados; escrita e revisão do conteúdo do manuscrito ii Para as contribuições registradas em e; aprovação da versão final publicada. diário de campo (conversas informais, registros de Author Contributions: The author were responsible for falas em eventos etc.) será utilizada sigla R e the designing, delineating, analyzing and interpreting the numeração. Resguarda-se, assim, a identidade data, production of the manuscript, critical revision of the dos/as sujeitos envolvidos. content and approval of the final version published.

iii É por meio do Plano de Formação que se Conflitos de interesse: As autoras declararam não haver atinge os objetivos da EFA. O PF visa: Articular os nenhum conflito de interesse referente a este artigo. saberes da vida do jovem rural com os saberes Conflict of Interest: None reported. escolares do programa oficial; associar os conteúdos profissionalizantes (técnicos) e os conteúdos gerais, humanísticos; facilitar a Orcid aprendizagem dos alunos/as; acompanhar de forma Adriana Rodrigues da Silva personalizada cada jovem tanto na EFA, quanto no meio na construção do ser, do saber, da convivência http://orcid.org/0000-0003-1725-689X e da vocação profissional; ajudar na construção do Aline Weber Sulzbacher projeto de vida. (Nascimento, 2005, p. 295). http://orcid.org/0000-0003-3353-4589 iv O PE - Plano de Estudo é um instrumento da Pedagogia da Alternância que integra a vida, o Como citar este artigo / How to cite this article trabalho, a família com a EFA. Um instrumento de reflexão e problematização da realidade, que APA norteará as demais aprendizagens e Silva, A. R., & Sulzbacher, A. W. (2020). Escola Família aprofundamentos necessários, para responder às Agrícola: reflexões sobre as contribuições para comunidades rurais. Rev. Bras. Educ. Camp., 5, e5756. necessidades locais (EFAV - PPP, 2010). http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756 v Planejamento anual de Ensino da ABNT Geografia para o desenvolvimento das temáticas do SILVA, A. R.; SULZBACHER, A. W. Escola Família Agrícola: reflexões sobre as contribuições para 1º ano do Ensino Médio/Profissionalizante da comunidades rurais. Rev. Bras. Educ. Camp., Escola Família Agrícola de Veredinha, 2016. Tocantinópolis, v. 5, e5756, 2020. http://dx.doi.org/10.20873/uft.rbec.e5756

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