CONGRESSO NACIONAL

ANAIS DO SENADO FEDERAL

ATAS DAS SESSÕES 215 E 216 DA 1ª SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 54ª LEGISLATURA

VOLUME 35 Nº 87 25 A 28 DE NOVEMBRO

SENADO FEDERAL SECRETARIA ESPECIAL DE EDITORAÇÃO E PUBLICAÇÕES SUBSECRETARIA DE ANAIS. BRASÍLIA – BRASIL 2011 VOLUMES NÃO PUBLICADOS DOS ANAIS DO SENADO FEDERAL

1919, 1920, 1927 a 1930, 1936, 1937, 1949 a 1952, 1963, 1964 e 1966.

Anais do Senado / Senado Federal, Subsecretaria de Anais. – 1823-. Brasília, Senado Federal, Subsecretaria de Anais, 1823- v. ; 27 cm. Quinzenal.

Volumes anteriores a 1977 publicados sob numerações próprias, com periodicidade irregular. Editado pela Diretoria de Anais e Documentos Parlamentares no período de 1950-1955; pela Diretoria de Publicações no período de maio de 1956 a 1972 e pela Subsecretaria de Anais a partir de 1972.

Variações do título: Annaes do Senado do Império do , 1826-1889. Annaes do Senado Federal, 1890-1935. Anais do Senado Federal, 1946-

1. Poder legislativo – Anais. I. Brasil. Congresso. Senado Federal, Subsecretaria de Anais.

CDD 341.2531 CDU 328(81)(093.2)

Senado Federal Subsecretaria de Anais - SSANS Via N 2, Unidade de Apoio I. CEP - 70165-900 – Brasília – DF – Brasil.

SENADO FEDERAL

COMISSÃO DIRETORA (2011-2012)

PRESIDENTE Senador JOSÉ SARNEY (PMDB-AP) 1ª VICE-PRESIDENTE Senadora MARTA SUPLICY (PT-SP) 2º VICE-PRESIDENTE Senador WALDEMIR MOKA (PMDB-MS) 1º SECRETÁRIO Senador CICERO LUCENA (PSDB-PB) 2º SECRETÁRIO Senador JOÃO RIBEIRO (PR-TO) 3º SECRETÁRIO Senador JOÃO VICENTE CLAUDINO (PTB-PI) 4º SECRETÁRIO Senador CIRO NOGUEIRA (PP-PI)

SUPLENTES DE SECRETÁRIO

1º Senador GILVAM BORGES (PMDB-AP) 2º Senador JOÃO DURVAL (PDT-BA) 3ª Senadora (DEM-SE) 4ª Senadora VANESSA GRAZZIOTIN (PC do B-AM) COMPOSIÇÃO DO SENADO FEDERAL NA 54ª LEGISLATURA (por Unidade da Federação)

Bahia Amazonas Bloco-PDT - João Durval* Bloco-PMDB - Pedro Simon* PR - Alfredo Nascimento* Bloco-PSB - Lídice da Mata** Bloco-PP - Ana Amélia** Bloco-PMDB - ** Bloco-PT - Walter Pinheiro** Bloco-PT - ** Bloco-PC DO B - Vanessa Grazziotin** Ceará Paraná Bloco-PP - Francisco Dornelles* Bloco-PC DO B - Inácio Arruda* Bloco-PSDB - * Bloco-PT - Lindbergh Farias** Bloco-PMDB - Eunício Oliveira** Bloco-PMDB - Roberto Requião** Bloco-PRB - Marcelo Crivella** Bloco-PT - José Pimentel** Bloco-PMDB - Sérgio Souza** (S) Maranhão Paraíba PTB - Epitácio Cafeteira* Bloco-PSDB - Cícero Lucena* Bloco-PT - Anibal Diniz* (S) Bloco-DEM - Clovis Fecury** (S) Bloco-PSDB - Cássio Cunha Lima** Bloco-PT - Jorge Viana** Bloco-PMDB - Lobão Filho** (S) Bloco-PMDB - Vital do Rêgo** PSD - Sérgio Petecão** Pará Espírito Santo do Sul Bloco-PSDB - Mário Couto* Bloco-PT - Ana Rita* (S) PR - Antonio Russo* (S) Bloco-PSDB - Flexa Ribeiro** PR - Magno Malta** Bloco-PT - Delcídio do Amaral** PSOL - Marinor Brito** Bloco-PMDB - Ricardo Ferraço** Bloco-PMDB - Waldemir Moka** Piauí Distrito Federal Bloco-PMDB - * PTB - João Vicente Claudino* PTB - Gim Argello* (S) PTB - Armando Monteiro** Bloco-PP - Ciro Nogueira** Bloco-PDT - Cristovam Buarque** Bloco-PT - ** Bloco-PT - Wellington Dias** Bloco-PSB - Rodrigo Rollemberg** São Paulo Rondônia Bloco-PT - Eduardo Suplicy* Bloco-PMDB - Garibaldi Alves* (S) Bloco-PDT - * Bloco-PSDB - Aloysio Nunes Ferreira** Bloco-DEM - José Agripino** Bloco-PP - Ivo Cassol** Bloco-PT - Marta Suplicy** Bloco-PV - Paulo Davim** (S) Bloco-PMDB - Valdir Raupp** PR - Clésio Andrade* (S) Bloco-PMDB - Casildo Maldaner* (S) PSD - Kátia Abreu* Bloco-PSDB - Aécio Neves** Bloco-PMDB - Luiz Henrique** PR - João Ribeiro** Bloco-PDT - Zeze Perrella** (S) Bloco-PSDB - Paulo Bauer** PR - Vicentinho Alves** Goiás Amapá Bloco-PSDB - Cyro Miranda* (S) PTB - Fernando Collor* Bloco-PMDB - José Sarney* Bloco-DEM - Demóstenes Torres** Bloco-PP - Benedito de Lira** Bloco-PSB - João Capiberibe** Bloco-PSDB - Lúcia Vânia** Bloco-PMDB - ** PSOL - ** Mato Grosso Bloco-DEM - * Bloco-DEM - Maria do Carmo Alves* PTB - Mozarildo Cavalcanti* PR - Blairo Maggi** Bloco-PSB - Antonio Carlos Valadares** Bloco-PT - Angela Portela** Bloco-PDT - Pedro Taques** Bloco-PSC - Eduardo Amorim** Bloco-PMDB - Romero Jucá**

Mandatos *: Período 2007/2015 **: Período 2011/2019 ÍNDICE TEMÁTICO

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ARTIGO DE IMPRENSA Aparte ao senador Vital do Rêgo. Senador Francisco Dornelles...... 316 Registro da matéria intitulada “Outro feudo, outro escândalo”, publicada pelo jornal O Estado DESENVOLVIMENTO REGIONAL de S. Paulo, edição de 8 de novembro de 2011. Senador Cyro Miranda...... 125 Defesa da construção de estaleiro no Municí- Registro da matéria intitulada “As provas pe- pio de Coruripe, no Estado de Alagoas, fundamental didas”, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, para geração de desenvolvimento, emprego e renda edição de 21 de outubro de 2011. Senador Cícero para os alagoanos. Senador Renan Calheiros...... 67 Lucena...... 126 Satisfação com a apresentação, pela Receita Registro da matéria intitulada “O Ministro tem Federal, do relatório favorável à criação da Zona de de sair”, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Processamento de Exportação (ZPE) no Estado do edição de 18 de outubro de 2011. Senador Flexa Acre. Senador Anibal Diniz...... 84 Ribeiro...... 128 Aparte ao senador Anibal Diniz. Senador Registro da matéria intitulada “Na TV, PSDB Mozarildo Cavalcanti...... 86 defende gestão FHC e explora a ‘volta’ da inflação”, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, edição de DIREITOS HUMANOS 14 de outubro de 2011. Senadora Lúcia Vânia...... 129 Registro do artigo intitulado “A volta da alian- Apelo ao Governo Federal, através do Mi- ça inflacionária”, publicado pelo jornal O Estado de nistério da Justiça e do Ministério das Relações S.Paulo, edição de 2 de outubro de 2011. Senador Exteriores, para que adote providências para a so- Alvaro Dias...... 129 lução da grave situação em que se encontram os Registro da matéria intitulada “FHC sugere refugiados haitianos no Estado do Acre. Senador lema ‘Yes, we care’ a tucanos”, publicada pelo jor- Jorge Viana...... 279 nal Folha de S.Paulo, edição de 8 de novembro de 2011. Senador Aloysio Nunes Ferreira...... 131 DROGA Registro da entrevista intitula “Eu estarei pron- to, seja Lula ou Dilma”, publicada pelo jornal O Es- Preocupação com o aumento do consumo tado de S. Paulo, edição de 9 de outubro de 2011. de drogas, em especial o crack, em municípios Senador Mário Couto...... 132 brasileiros e com os seus reflexos no sistema de saúde pública do País, conforme dados do levan- ATUAÇÃO PARLAMENTAR tamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios e pela Organização Mundial de Saú- Exposição das emendas apresentadas por de (OMS). Defesa da vinculação de políticas de Sua Excelência ao Projeto de Lei Orçamentária saúde e segurança pública e ações sociais para para o ano de 2012. Senador Eduardo Suplicy. .... 304 o combate e prevenção ao consumo e tráfico de Comentário sobre o empenho da Comissão drogas. Senador Renan Calheiros...... 67 de Orçamento para elaborar uma proposta orça- Aparte ao senador Renan Calheiros. Senador mentária para o País. Senador Vital do Rêgo...... 314 Mozarildo Cavalcanti...... 69 II

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ECONOMIA NACIONAL HOMENAGEM

Destaque para o crescimento do número de Registro do transcurso dos 23 anos de vi- empregos formais criados no Brasil durante o go- gência da Constituição brasileira, oportunidade em verno da presidente Dilma Rousseff. Elogios às que faz referencia ao trabalho de Sua Excelência medidas que o Congresso Nacional vem tomando, e outros constituintes para garantir os direitos dos principalmente o Senado Federal, junto ao governo trabalhadores. Senador Paulo Paim...... 74 para estimular a economia nacional. Senador José Aparte ao senador Paulo Paim. Senador Pimentel...... 298 Mozarildo Cavalcanti...... 78 Registro do transcurso em 25 de novembro, GOVERNO ESTADUAL do Dia Internacional Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, bem como apoio a todas as mulheres Elogios ao empenho do governo do Estado do vítimas da violência. Senadora Angela Portela. .... 135 Acre para estimular o desenvolvimento sustentável Registro do Dia Internacional de Enfrenta- da região e ao grande trabalho para a implantação mento à Violência contra a Mulher, oportunidade da Zona de Processamento de Exportação (ZPE). em que defende o reforço dos instrumentos para Senador Anibal Diniz...... 84 combater a violência doméstica e familiar, como a Avaliação do sucesso da política do governo Lei Maria da Penha. Senadora Ana Rita...... 236 do Estado da , de atração de investimentos Elogios à XXI Conferência Nacional dos Ad- e instalação da base de geração de energia eólica vogados do Brasil (OAB), realizada na capital do para continuar estimulando o crescimento e a diver- Estado do Paraná, que teve como premissa a de- sidade da atividade econômica da região. Senador mocracia no País. Senador Alvaro Dias...... 251 Walter Pinheiro...... 234 Congratulações à iniciativa da editora Abril e Expectativa com o julgamento pelo Tribunal às empresas que foram destacadas pelas revistas Superior Eleitoral, no dia 29 de novembro de 2011, Você S/A e Exame no guia “As melhores empresas da ratificação ou não, da cassação do governador para você trabalhar”, em especial a Cooperativa de do Estado de Roraima, José de Anchieta Júnior, Credito do Centro Sul Rondoniense, situada no Mu- que usou de mecanismos para fraudar a eleição. nicípio de Pimenta Bueno, no Estado de Rondônia. Senador Mozarildo Cavalcanti...... 246 Senador Ivo Cassol...... 310

GOVERNO FEDERAL HOMENAGEM PÓSTUMA

Críticas ao interesse do governo na prorro- Homenagem de pesar pelo falecimento da ati- gação da Desvinculação de Recursos da União vista das causas humanitárias, sociais e ambientais, (DRU). Senador Alvaro Dias...... 64 Danielle Miterrand, viúva do ex-presidente francês Congratulações e apoio a iniciativa do gover- François Miterrand. Senador Jorge Viana...... 279 no brasileiro de proibir o uso de cigarros, charutos Homenagem de pesar pelo falecimento do em ambientes fechados. Ao mesmo tempo, cobra coordenador do Movimento dos Sem-Terra (MST) ações para a erradicação do analfabetismo, do tra- em , Doutor Egídio Brunetto. balho infantil, da exploração sexual de menores, da Senador Delcídio do Amaral...... 305 corrupção e outras formas de ineficiência social existentes no Brasil. Senador Cristovam Buarque. 89 LEGISLAÇÃO PENAL Elogios às políticas públicas do governo da presidente Dilma Rousseff de defesa e proteção da Defesa da proposta de alteração do Código mulher, em especial, no combate à feminização da de Processo Penal, aprovada no Senado Federal, pobreza. Destaque para o lançamento da amplia- em dezembro de 2010. Senador Vicentinho Alves. 247 ção da Central de Atendimento à Mulher, o “Ligue 180”, destinado às mulheres vítimas de violência LEGISLAÇÃO TRABALHISTA que residem em outros países. Senador Ana Rita. 236 Denúncia de irregularidades praticadas Defesa dos direitos e interesses dos brasilei- pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi e pelo mi- ros que trabalham em representações diplomáticas nistro das Cidades, Mário Negromonte. Senador e consulares estrangeiras, sediadas no Brasil, que Alvaro Dias...... 251 não cumprem as relações trabalhistas, conforme III

Pág. Pág. denúncia do Sindicato Nacional dos Servidores do Cobrança de uma política de fronteira que estimu- Ministério das Relações Exteriores (Sinditamaraty). le o desenvolvimento econômico e social nos estados Senador Paulo Paim...... 74 fronteiriços do Brasil. Senador Delcídio do Amaral...... 305

PARECER POLÍTICA DE TRANSPORTES

Parecer nº 1.312, de 2011 (da Comissão de Apelo ao governo federal para que sejam Constituição, Justiça e ), sobre o Projeto de realizadas melhorias nas rodovias do Estado da Lei do Senado nº 615, de 2007, do senador Marcelo Bahia. Senador João Durval...... 53 Crivella, que altera a Lei nº 9.029, de 13 de abril de Denúncia de irregularidades, por parte do go- 1975, para proibir o uso de informações constantes verno do Estado de Roraima, na gestão dos recursos dos cadastros das agências de proteção ao crédito e públicos destinados às rodovias federais e estaduais afins, para efeitos admissionais ou de permanência da região, defendendo que o governo federal assuma a da relação jurídica de trabalho e dá outras providên- execução das obras. Senador Mozarildo Cavalcanti. .. 70 cias (tramitando em conjunto com o Projeto de Lei do Considerações sobre o relatório da Agência Senado nº 283, de 2008). Senador Eduardo Suplicy. 93 Nacional de Aviação Civil (Anac), do ano de 2010, Parecer nº 1.313, de 2011 (da Comissão de recebido no gabinete de Sua Excelência, que con- Assuntos Sociais), sobre o Projeto de Lei do Senado firma o importante papel da empresa na fixação nº 615, de 2007, do senador Marcelo Crivella, que de normas referentes à prestação de serviços e altera a Lei nº 9.029, de 13 de abril de 1975, para à assistência material aos usuários do transporte proibir o uso de informações constantes dos cadas- aéreo. Senador Romero Jucá...... 125 tros das agências de proteção ao crédito e afins, para Comentários e elogios à pesquisa da Confe- efeitos admissionais ou de permanência da relação deração Nacional dos Transportes (CNT), que avalia jurídica de trabalho e dá outras providências (trami- a situação das rodovias brasileiras. Apelo às auto- tando em conjunto com o Projeto de Lei do Senado ridades de transporte do governo federal para que nº 283, de 2008). Senador Cícero Lucena...... 99 se empenhem na duplicação da malha rodoviária Parecer nº 1.314, de 2011 (da Comissão de do País, como forma de reduzir os acidentes de Relações Exteriores e Defesa Nacional), sobre o trânsito, como o ocorrido na BR-364, que provocou Requerimento nº 1.376, de 2011, do senador Fle- a morte de 9 pessoas. Senador Valdir Raupp...... 300 xa Ribeiro, que requer autorização para ausentar- Denúncia da falta de gestão e do precário fun- -se do País, no período de 1º a 3 de dezembro de cionamento da Empresa Brasileira de Infraestrutura 2011, para participar, qualidade de presidente do Aeroportuária (Infraero) nos aeroportos brasileiros. Grupo Brasileiro do Parlatino e vice-presidente do Cumprimentos ao ministro dos Transportes pela exo- Parlamento Latino-Americano, da reunião da junta neração do superintendente do Departamento Nacio- diretiva, que ocorrerá no Panamá e comunica que nal de Trânsito (DNIT), no Estado de Rondônia, José estará ausente do País nos dias 1º a 6 de dezem- Ribamar Oliveira, acusado de irregularidades nas bro de 2011. Senadora Ana Amélia...... 223 obras executadas na região. Senador Ivo Cassol. .... 310

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO POLÍTICA DO MEIO AMBIENTE

Defesa da necessidade de investimento em Considerações sobre o debate e os avanços infraestrutura como forma de impulsionar o desen- acordados no Senado Federal para a aprovação, na volvimento do País. Elogios ao empenho do governo Comissão de Meio Ambiente, do novo Código Flo- no sentido de acelerar os processos necessários restal Brasileiro. Senador Rodrigo Rollemberg. ... 54 à consolidação de uma infraestrutura adequada as Aparte ao senador Rodrigo Rollemberg. necessidades nacionais. Senador Antonio Russo. 274 Senador Blairo Maggi...... 56 Comentário sobre a entrevista do diretor do Satisfação pela participação de Sua Excelên- Instituto de Políticas Sociais do Instituto de Pes- cia do debate no Senado Federal para a aprovação quisa Econômica Aplicada (IPEA), Jorge Abrahão, do novo Código Florestal Brasileiro. Defesa de in- na qual explica como o investimento em educação vestimento do governo na recuperação da Empresa pode contribuir de forma essencial para o desen- Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) e volvimento econômico e social do País. Senador no estímulo da tecnologia e biotecnologia no País. Paulo Paim...... 288 Senador Blairo Maggi...... 57 IV

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Aparte ao senador Blairo Maggi. Senador América do Sul (Intersul), que busca identificar uma Rodrigo Rollemberg...... 58 política macroeconômica estimuladora dos países Agradecimentos a todos que contribuíram da América do Sul. Senador Roberto Requião...... 276 para a produção e aprovação do novo texto do Có- Considerações sobre o “Consenso do Rio”, digo Florestal. Senador Romero Jucá...... 60 documento de autoria do Instituto de Estudos Es- Esclarecimentos sobre o novo Código Florestal tratégicos para a Integração da América do Sul (In- aprovado na Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização tersul), que propõe ideias gerais para uma política e Controle do Senado Federal. Defesa de empenho macroeconômica estimuladora do desenvolvimento dos governos federal e estadual para a implementa- dos países da América do Sul. Apresentação de ção da nova legislação. Senador Jorge Viana...... 61 projeto de lei com o objetivo de conceder incentivos Apresentação de emenda de autoria de Sua aos países emergentes. Senador Paulo Paim...... 288 Excelência, que propõe ao novo Código Florestal a redução da reserva legal no Estado de Rondônia, POLÍTICA FISCAL atendendo uma solicitação da senadora Angela Portela. Senador Anibal Diniz...... 84 Reflexão acerca do Projeto de Resolução Satisfação pela aprovação do código florestal do Senado nº 72, de 2011, que reduz a zero a pelas comissões permanentes do Senado Federal. alíquota interestadual dos produtos importados, Senadora Angela Portela...... 135 restringindo a autonomia dos estados, mantendo Expectativa da aprovação do relatório do Có- apenas o monopólio do governo federal. Defesa digo Florestal no plenário do Senado Federal. Voto de ampliação do debate sobre a matéria. Senador de solidariedade e elogio ao trabalho do relator, Ricardo Ferraço...... 317 senador Jorge Viana. Senador Anibal Diniz...... 244 Aparte ao senador Anibal Diniz. Senador POLÍTICA INDIGENISTA Mozarildo Cavalcanti...... 245 Aparte ao senador Anibal Diniz. Senadora Cobrança de ação mediadora, por parte do Ana Amélia...... 245 ministro da Justiça, para a pacificação dos conflitos Agradecimentos a todos que contribuíram entre tribos indígenas e comunidades quilombolas para a inclusão, no novo Código Florestal, da ne- no processo de demarcação das terras indígenas cessidade de atender os estados da Região Norte, no Brasil, especialmente no Estado do Rio Grande da Região Amazônica, que possuem grandes áreas do Sul. Senadora Ana Amélia...... 232 de preservação ambiental, permitindo a redução da Preocupação com os conflitos entre produ- reserva legal. Senadora Angela Portela...... 249 tores rurais e etnias indígenas no Estado do Mato Aparte a senadora Angela Portela. Senador Grosso do Sul. Defesa de empenho do governo, José Pimentel...... 249 em especial o ministro da Justiça, para solucionar Elogios a todos os envolvidos na elaboração os conflitos indígenas na fronteira do estado com do novo Código Florestal, que é de grande importân- o Paraguai. Senador Delcídio do Amaral...... 305 cia para o futuro da produção no campo brasileiro Aparte ao senador Delcídio do Amaral. e para a preservação ambiental. Senador Antonio Senador Ivo Cassol...... 307 Russo...... 274 Expectativa com a aprovação do Código Flo- POLÍTICA PARTIDÁRIA restal no Senado Federal. Senador Delcídio do Amaral...... 305 Registro do debate que está ocorrendo no Par- Expectativa com o debate para a aprovação tido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Código Florestal no plenário do Senado Federal. para apreciar itens e compromissos partidários com Senador Ivo Cassol...... 310 o povo brasileiro. Senador Romero Jucá...... 241

POLÍTICA EXTERNA PREVIDÊNCIA SOCIAL

Antecipação do pronunciamento que Sua Reiteração da necessidade de o governo se Excelência fará na reabertura do Parlamento do responsabilizar e solucionar a situação dos aposen- Mercado Comum do Sul (Parlasul), no Uruguai. tados do Fundo de Pensão do Instituto de Seguri- Apresentação do documento proposto pelo Insti- dade Social (Aerus), que se encontram em greve tuto de Estudos Estratégicos para a Integração da de fome. Senador Paulo Paim...... 288 V

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PROJETO DE LEI DA CÂMARA 2011, seja ouvida a Comissão de Assuntos Econô- micos além da comissão constante do despacho ini- Projeto de Lei da Câmara nº 122, de 2011 cial de distribuição. Senador Francisco Dornelles. 229 (nº 7.579/2011, na Casa de origem), de iniciativa Requerimento nº 1.441, de 2011, que solici- da Presidência da República, que cria cargos na ta esclarecimentos sobre os contratos celebrados carreira de diplomata, altera o Anexo I da Lei nº entre a Secretaria do Sistema Integrado de Saúde 11.440, de 29 de dezembro de 2006 e cria cargos (SSIS) do Senado Federal e organizações pres- de oficial de chancelaria...... 117 tadoras de serviços de saúde privada, gerando o custo adicional de R$ 66,1 milhões no atendimento PROJETO DE LEI DO SENADO à saúde de senadores e servidores, não obstante a existência do serviço médico do próprio Senado. Projeto de Lei do Senado nº 704, de 2011, Senador Ricardo Ferraço...... 320 que acrescenta inciso e altera parágrafo único do art. 28 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, SAÚDE para reduzir a zero as alíquotas da contribuição para o Programa de Integração Social (PIS) e para Defesa da votação imediata da regulamenta- o Programa de Formação do Patrimônio do Ser- ção da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que vidor Público (Pasep) e para a Contribuição para define recursos que cabem a cada ente da Federa- Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e ção, para a manutenção da qualidade dos serviços isenta do Imposto Sobre Produto Industrializado de saúde pública no Brasil. Senador Alvaro Dias. . 64 (IPI) a aquisição de veículos de carga para moto- Aparte ao senador Alvaro Dias. Senador ristas autônomos. Senadora Kátia Abreu...... 114 Mozarildo Cavalcanti...... 66 Projeto de Lei do Senado nº 705, de 2011, que Análise da situação da saúde pública do Bra- altera o art. 53 da Lei nº 11.343, de 23 de agosto de sil, manifestando apoio pela aprovação da regula- 2003 – Lei de Drogas -, para prever a possibilidade mentação da Emenda Constitucional nº 29, que de exercício da ação policial controlada, consistente determina a aplicação de recursos, por parte da em retardar a intervenção policial com a finalidade União Federal, Estados e Municípios, na saúde. de identificar e responsabilizar maior número de Senador Eduardo Amorim...... 302 integrantes de operação de tráfico e distribuição de substâncias entorpecentes ou obtenção de mais SEGURANÇA PÚBLICA elementos informativos acerca da atividade ilícita, independentemente de autorização judicial e oitiva Análise sobre a violência e o sistema prisional do Ministério Público. Senador Pedro Taques...... 229 brasileiro. Senador Vital do Rêgo...... 314

REQUERIMENTO SENADO FEDERAL

Requerimento nº 1.438, de 2011, que solicita Defesa de urgência na apreciação, pela seja ouvida também a Comissão de Assuntos Eco- Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, nômicos (CAE), sobre o Projeto de Lei nº 125, de do nome da ministra Rosa Weber para o Supre- 2010, tendo em vista que a proposta estabelece a mo Tribunal Federal (STF), possibilitando que o obrigação do produtor nacional ou importador de Projeto Ficha Lima possa ser votado. Senador veículos inserir em manual do proprietário relação Pedro Simon...... 87 de peças que compõem o veículo, sendo necessá- Pedido aos líderes e à Mesa Diretora para rio a avaliação dos custos da referida ação para as que seja lido, no dia 29 de novembro, o relatório empresas do setor. Senador Armando Monteiro. .. 116 final do novo Código Florestal, com vista a sua Requerimento nº 1.439, de 2011, que solicita votação no plenário do Senado Federal. Senador que sobre o Projeto de Lei do Senado Federal nº Blairo Maggi...... 295 296, de 2011, seja ouvida a Comissão de Consti- Aparte ao senador Blairo Maggi. Senador tuição, Justiça e Cidadania além da comissão cons- José Pimentel...... 296 tante do despacho inicial de distribuição. Senador Aparte ao senador Blairo Maggi. Senador Francisco Dornelles...... 228 Valdir Raupp...... 296 Requerimento nº 1.440, de 2011, que solicita Aparte ao senador Blairo Maggi. Senador que sobre o Projeto de Lei do Senado nº 296, de Mozarildo Cavalcanti...... 297

48848 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Ata da 215ª Sessão, Deliberativa Ordinária em 25 de novembro de 2011 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 54ª Legislatura

Presidência do Sr. Waldemir Moka, Paulo Paim e Aníbal Diniz (Inicia-se a sessão às 09 horas e 1 mi- É o seguinte o registro de Compareci- nuto e encerra-se às 12 horas e 51 minutos.) mento: 2 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48849 O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Ofício nº 263/2011/AJU RS) – Há número regimental, declaro aberta a sessão. Brasília, 10 de novembro de 2011 Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos trabalhos. Assunto: Projeto de Lei nº 3.443/08 (PLS 209/2003) O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – – Alteração da Lei nº 9.613/98. RS) – O Senado Federal recebeu os seguintes Avisos Senhor Presidente, de Ministros de Estado: Com a satisfação em cumprimentá-lo, encami- nho a V. Exa manifestação do Conselho Pleno desta – Nº 409, de 22 de novembro de 2011, do Ministro Entidade acerca do Projeto de Lei nº 3.443/08 (que se de Estado da Fazenda, em resposta ao Reque- originou do PLS nº 209/2003), que propõe alteração rimento nº 1.147, de 2011, de informações, do na Lei nº 9.613/98 objetivando ampliar mecanismos Senador Vital do Rêgo; de controle de operações e serviços prestados por – Nº 2.568, de 23 de novembro de 2011, do Ministro pessoas físicas e jurídicas. de Estado da Justiça, em resposta ao Requeri- A propósito, levo a V. Exa a preocupação da ad- mento nº 1.105, de 2011, de informações, da vocacia brasileira sobre a proposta de alteração legis- Senadora Vanessa Grazziotin. lativa em comento, notadamente pela quebra de sigilo que guarnece o múnus da advocacia, nos termos do As informações foram encaminhadas, em cópia, art. 133 da Carta da República e da legislação espe- aos Requerentes. cífica (Lei nº 8.906/94). Os requerimentos vão ao Arquivo. Assim, solicito sejam envidados esforços por essa O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Casa Legislativa para fins de proposição de Emenda RS) – O Senado Federal recebeu o Ofício nº 124, de de Redação com o escopo de preservar, no âmbito da 23 de novembro de 2011, do Ministro de Estado do tramitação do PL em referência, a legislação especí- Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em fica, sugerindo a seguinte redação: resposta ao Requerimento nº 1.104, de 2011, de in- ‘Art. 9º – Sujeitam-se às obrigações re- formações, da Senadora Vanessa Grazziotin; feridas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e As informações foram encaminhadas, em cópia, jurídicas que tenham, em caráter permanente à Requerente. ou eventual, como atividade principal ou aces- O requerimento vai ao Arquivo. sória, cumulativamente ou não, ressalvado o O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) sigilo tratado em legislação específica.’ – A Presidência recebeu o Ofício nº 263, de 2011, na Diante do exposto e certo de contar com a atenção origem, do Presidente da Ordem dos Advogados do dessa Casa sobre a preocupação da advocacia, des- Brasil, referente ao Substitutivo da Câmara dos Depu- peço-me e renovo protestos de estima e consideração tados ao Projeto de Lei do Senado nº 209, de 2003. Atenciosamente, – Ophir Cavalcante Junior, É o seguinte o Ofício: Presidente. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 3 48850 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 4 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48851 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 5 48852 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 6 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48853 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 7 48854 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 8 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48855 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 9 48856 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 10 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48857 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 11 48858 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 12 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48859 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 13 48860 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 14 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48861 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 15 48862 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 16 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48863 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 17 48864 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 18 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48865 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 19 48866 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 20 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48867 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 21 48868 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 22 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48869 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 23 48870 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 24 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48871 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 25 48872 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 26 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48873 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 27 48874 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 28 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48875 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 29 48876 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 30 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48877 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 31 48878 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 32 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48879 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 33 48880 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 34 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48881 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 35 48882 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 36 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48883 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 37 48884 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 38 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48885 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 39 48886 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 40 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48887 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 41 48888 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 42 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48889 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 43 48890 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 44 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48891 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 45 48892 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 46 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48893 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 47 48894 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 48 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48895 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 49 48896 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 50 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48897 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 51 48898 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 52 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48899 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 53 48900 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Em junho deste ano, em almoço com a Presidenta RS) – O Ofício vai à publicação. Dilma Rousseff, fiz chegar às mãos de Sua Excelên- A matéria vai à Comissão de Assuntos Econômi- cia, por meio de um de seus mais próximos colabo- cos para juntada ao processado pertinente. radores, o Ministro Gilberto Carvalho, a necessidade O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) dessas obras para o povo da Bahia. Em setembro, – A Presidência recebeu o Aviso nº 1.715, de 2011, na encaminhei ofício reiterando, mais uma vez, o pedido, origem, do Tribunal de Contas da União, comunicando e agora novamente o faço desta tribuna. E o faço, Sr. o recebimento do autógrafo da Resolução nº 17, de Presidente, não apenas em meu nome, mas de todo 2011, do Senado Federal, autuado naquele Tribunal o povo da Bahia. como processo nº TC – 035.214/2011-2, e o seu envio A duplicação do Anel do Contorno de Feira de ao setor competente para as providências cabíveis. Santana representa um verdadeiro clamor de nossa É o seguinte o Aviso: população. Isso porque Feira é o segundo maior Municí- pio do Estado, com aproximadamente 600 mil habitan- Aviso nº 1.715 – GP/TCU tes. Constitui um grande polo industrial e farmacêutico, Brasília, 21 de novembro de 2011 localizado no Centro Industrial de Subaé, onde estão instaladas empresas de porte, como Nestlé, Pirelli, Senhor Presidente, Kaiser e Siemens, além diversas outras. Ao cumprimentá-lo cordialmente, registro o rece- A Avenida do Contorno de Feira foi originalmente bimento do Ofício nº 2.052 (SF), de 16-11-2011, por projetada para facilitar o trânsito de veículos que que- meio do qual Vossa Excelência encaminha a este Tribu- riam atravessar a cidade sem precisarem passar pela nal “autógrafo da Resolução nº 17, de 2011 (SF), que região central. Porém, hoje em dia, com o crescimento ‘Autoriza o Município de Hortolândia – SP, a contratar industrial e a conurbação que vem ocorrendo, a Ave- operação de crédito externo, com garantia da União, nida passou a delimitar a região histórica da cidade e com a Cooperação Andina de Fomento (CAF), no valor sustenta um volume de tráfego incompatível com sua de até US$22.132.000.00 (vinte e dois milhões, cento finalidade, o que tem trazido não apenas prejuízos e trinta e dois mil dólares norte-americanos)’, e a re- econômicos, mas também ceifado vidas. comendação para que o Tribunal de Contas da União A quantidade de pessoas que têm morrido no proceda ao acompanhamento da aplicação dos recur- trânsito é muito expressiva: entre o Clube de Campo sos decorrentes da operação de crédito autorizada”. Cajueiro e Cidade Nova, por exemplo, um trajeto de A propósito, informo a Vossa Excelência que o pouco mais de 10 quilómetros, acontecem 55 aciden- referido expediente, autuado no TCU como processo tes por quilômetro, ao ano, de acordo com dados da nº TC-035214/2011-2, foi remetido à Secretaria-Geral Polícia Rodoviária Federal. Essa tragédia diária não de Controle Externo (Segecex) desta Casa, para ado- pode mais continuar! ção das providências pertinentes. Portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Atenciosamente, – Benjamin Zymler, Presidente. duplicação do Anel do Contorno de Feira vem atender O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – à necessidade de promovermos a requalificação viária RS) – O Aviso nº 1.715, de 2011, foi juntado ao pro- da Princesa do Sertão, a segunda maior cidade baia- cessado da respectiva Resolução. na, e também de seu entorno. Trata-se de uma obra O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – fundamental para o desenvolvimento do Estado, tendo RS) – Há oradores inscritos. em vista sua localização estratégica no que tange à Primeiro orador inscrito, Senador João Durval, movimentação comercial e à logística para o interior. PDT da Bahia. Sei que Sua Excelência, a Presidente Dilma, nutre Convidamos V. Exª a usar a tribuna. um carinho especial pelo povo do Nordeste, sobretu- O SR. JOÃO DURVAL (Bloco/PDT – BA. Pronun- do pelo povo da Bahia. É por isso que, mais uma vez, cia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. apelo à sensibilidade de Sua Excelência, a primeira Presidente, Srªs e Srs. Senadores, desde que assumi mulher a comandar os destinos do Brasil, para que meu mandato nesta Casa, venho lutando, com todas também olhe com carinho para a Princesa do Sertão, as minhas forças, para que seja duplicado o trecho para que o Anel do Contorno de Feira possa ser igual- norte do Anel do Contorno de Feira de Santana, e que mente contemplado pelas obras do PAC 2. sejam realizadas obras para melhorar as condições de Aliás, o PAC 2 é algo extraordinário! Até junho tráfego da BR-324, entre Salvador e Feira de Santana, deste ano, já haviam sido investidos R$86,4 bilhões e da BR-116, no trecho que vai de Feira de Santana em obras por todo o País. No total, estão previstos para até a fronteira com Minas Gerais. serem aplicados cerca de R$955 bilhões, entre 2011 54 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48901 e 2014, em seis diferentes eixos: transportes; energia; Cumpre destacar aqui, Sr. Presidente, que es- Cidade Melhor; Comunidade Cidadã; Minha Casa, Mi- sas rodovias apresentam características diferentes. nha Vida; e Água e Luz para Todos. Enquanto a BR-324 registra uma predominância dos De todos esses, o eixo transportes talvez seja o automóveis sobre os veículos comerciais (à razão de mais fundamental. Hoje, o desafio logístico do Brasil 70% para 30%), na BR-116 essa proporção se inver- é continental e, para enfrentá-lo, precisamos de recur- te, prevalecendo o trânsito de caminhões. Portanto, se sos que viabilizem a modernização de nossa matriz a BR-324 interliga as pessoas e as vidas do povo da de transportes para que ela seja menos poluente e Bahia, é na BR-116 que está o progresso, por onde capaz de reduzir os custos logísticos. Nesse sentido, fluem as riquezas do Estado, permitindo a ligação com melhorar a condição da BR-324 e da BR-116 é verda- o Sul e Sudeste. deiramente fundamental. O pior é que a situação de precariedade que en- A BR-324 desempenha a importante função de frentamos em ambas as rodovias tende a se agravar, interligar o entroncamento rodoviário em Feira de San- Senhoras e Senhores Senadores, se nada for feito de tana a Salvador, tornando-a uma das principais rodo- imediato. Isso porque a taxa média de crescimento vias do Estado da Bahia. Contudo, essa é uma rodovia anual do tráfego, projetada até 2021, está estimada que vem enfrentando diversos problemas, que têm se para aproximadamente 2,5%, para os veículos leves, agravado com as chuvas, problemas, Sr. Presidente, e 3,5% para os veículos pesados, tanto na BR-324, como o excesso de buracos e irregularidades da co- quanto na BR-116. Então, imaginem o caos a que po- bertura asfáltica, que causam inúmeros transtornos à deremos chegar. É algo que realmente não população baiana. Em virtude das péssimas condições adiar, Senhor Presidente! em que se encontra essa rodovia, os acidentes e os O povo da Bahia tem vocação para o progres- engarrafamentos são frequentes. Nos feriados, chega- so. É um povo hospitaleiro e trabalhador, que deseja -se ao absurdo de se gastar até quatro horas para ir continuar contribuindo, sempre mais e mais, para o de Salvador à Feira de Santana, um trajeto que leva crescimento do Brasil. Mas olhem com carinho para pouco mais de uma hora. essas reivindicações. Esta é a revolta do povo baiano: a Via Bahia, em- Já finalizando, Sr. Presidente, eu gostaria, se presa que ganhou a concessão da BR-324, foi bastante possível, que V. Exª encaminhasse uma cópia deste ágil para instalar as cabines de pedágio, mas não tem pronunciamento à Presidenta Dilma, cuja sensibilidade, tido a mesma agilidade para fazer as obras necessárias tenho certeza, não faltará ao povo da Bahia! à melhoria da rodovia, para colocá-la nas condições Muito obrigado, Sr. Presidente. que o povo baiano merece e exige! Era o que tinha a dizer. Quero, desse modo, nesta oportunidade, apelar à O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – ANTT para que determine o imediato início das obras RS) – Muito bem, Senador João Durval. de recuperação da BR-324. Vamos seguir a lista de oradores: Senador Cris- Outra rodovia fundamental para a Bahia é a BR- tovam Buarque, Senador Fernando Collor, Senador 116, no trecho entre Feira de Santana até a divisa com José Pimentel, Senador Geovani Borges, Senador Minas Gerais. A BR-116, Sr. Presidente, é a principal Rodrigo Rollemberg. rodovia do Brasil. Ela tem inicio em Fortaleza, no Ce- Senador Rodrigo Rollemberg com a palavra. ará, e termina em Jaguarão, no Rio Grande do Sul, O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB fronteira com o Uruguai, numa extensão total de 4.385 – DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do quilômetros. Na Bahia, ela interliga dois importantes orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu não Municípios, Feira de Santana e Vitória da Conquista, poderia deixar, na condição de Presidente da Comissão e faz a ligação do Estado com Minas Gerais, ao sul, e de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscali- Pernambuco, ao norte. zação e Controle do Senado (CMA), de assumir esta Essa é uma rodovia em pista única, onde dois tribuna na manhã de hoje para fazer alguns registros, terços do seu pavimento são de qualidade inferior ao alguns agradecimentos e uma avaliação do processo mínimo desejável, com sinalização precária e ausên- iniciado nesta Casa, no começo desta Legislatura, cia de barreiras de proteção. Além disso, trata-se de de debate do novo Código Florestal Brasileiro, que uma rodovia que possui diversas pontes e viadutos, foi aprovado, ontem, na Comissão de Meio Ambiente. a maioria construída entre os anos de 1950 e 1965 Quando o texto do Código Florestal Brasileiro e que, por esse motivo, carece de adequação para o aprovado pela Câmara chegou ao Senado, a imprensa peso e a dimensão dos caminhões que por ali trafe- perguntou se teríamos condições de votá-lo ainda neste gam nos dias atuais. ano, já que o texto do Código Florestal tinha vindo da NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 55 48902 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Câmara num ambiente de muito radicalismo – o Códi- Eu não poderia deixar de registrar, sabendo que go foi muito criticado –, e eu disse que trabalharíamos não registrarei todos, alguns avanços que foram cons- o tempo todo pelo diálogo e pela construção de uma truídos nesse entendimento no Senado Federal. alternativa e que o tempo seria o tempo do entendi- Primeiro, do ponto de vista da técnica legislativa, mento. Eu disse, é claro, que faríamos todo o esforço no texto da Câmara, havia muitos problemas. Emendas para construir esse entendimento ainda ao longo des- aprovadas de última hora guardavam contradições com te ano, porque sabíamos que milhares de produtores outros dispositivos da legislação, o que fazia crer, para rurais, milhares de pessoas que vivem no meio rural muitos, que o texto que veio da Câmara promovia anis- brasileiro e a própria sociedade brasileira reconheciam tia a desmatadores. No Senado, foram incorporadas a necessidade de alteração do Código Florestal e exi- sugestões de juristas. Quero registrar a participação, giam a sua revisão pelo Congresso Nacional. nesse debate, de alguns juristas que trouxeram gran- Desde o início, entendi que deveríamos superar des contribuições, como o Ministro Herman Benjamin, a falsa dicotomia, a falsa oposição entre o desenvol- o Ministro Nelson Jobim, o Professor Paulo Affonso vimento da agricultura e a preservação do meio am- Leme Machado, o Procurador Mário Ghisi. biente. Pelo contrário, os tempos modernos e o avanço O texto foi dividido em disposições permanentes das novas tecnologias mostram que, necessariamente, e em disposições transitórias, que são apenas aquelas daqui para frente, agricultura, meio ambiente, ciência, que tratam de regularizar o passivo, as questões ante- tecnologia e inovação devem andar sempre juntos. riores, que precisavam ser enfrentadas e regularizadas. Em função disso, propus, desde o início, que a O novo texto, aprovado pelas quatro Comissões, Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comu- também deixou claro que a possibilidade de interven- nicação e Informática, a Comissão de Agricultura e ção em Área de Preservação Permanente (APP) estará Reforma Agrária e a Comissão de Meio Ambiente tra- absolutamente restrita, daqui para frente, a atividades de baixo impacto, a atividades de interesse social e a balhassem juntas na construção desse entendimento, atividades de utilidade pública. E, para se dar seguran- passando a matéria, antes, é claro, pela Comissão de ça jurídica ao texto, já se define, de forma clara, o que Constituição, Justiça e Cidadania. é baixo impacto ambiental, o que é utilidade pública, Quero aqui registrar o papel dos três Presidentes o que é interesse social. – o da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, Deixa-se claro também que quaisquer futuras Senador Eunício Oliveira; o da Comissão de Agricul- intervenções ou supressões de vegetação nativa em tura e Reforma Agrária, Senador Acir Gurgacz; e o da Áreas de Preservação Permanente, fora das situações Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comuni- previstas na lei, não serão regularizadas jamais. Define- cação e Informática, Senador Eduardo Braga – pela -se também a recomposição de Áreas de Preservação contribuição que deram a esse debate. Permanente nas margens de rios e nas margens das Cumprimento todos os Senadores que se envol- nascentes, garantindo um raio mínimo, no caso das veram nesse debate e, de forma especial, cumprimento nascentes, de trinta metros. os Relatores, Senadores Jorge Viana e Luiz Henrique, E há outro grande avanço em relação ao texto pessoas da mais alta capacidade, dois ex-Governado- aprovado na Câmara, que trazia uma contradição entre res, homens experientes, de diálogo, que demonstra- o art. 8º, fruto da Emenda nº 164, e outro artigo que pre- ram, ao longo desse trabalho, toda a sua capacidade. via a recomposição de apenas quinze metros para rios Destaco também a participação efetiva, diária, de de até dez metros de largura. Pela proposta aprovada vários Senadores, três deles presentes neste plenário, no Senado, na Comissão de Meio Ambiente, todos os Senadores Aloysio Nunes, Blairo Maggi e Waldemir rios de até dez metros de largura terão de ter uma re- Moka, que tiveram papel fundamental na construção composição mínima de quinze metros. A partir de dez desse diálogo. metros de largura, terão de recompor o equivalente, E quero registrar que, quando passarem as pai- em Áreas de Preservação Permanente, à metade da xões, após a aprovação do texto pelo Plenário do Se- largura do rio, não podendo ser menos do que trinta nado Federal, quando todos tiverem a oportunidade de metros e mais do que cem metros, para propriedades fazer uma leitura clara, tranquila e profunda do texto, rurais de até quatro módulos fiscais. Isso garante que, todos perceberão que o texto é fruto de equilíbrio. Nesse em um rio, por exemplo, de quinze metros de largura, a processo, foram afastados os radicais, e foi construído recuperação será de trinta metros de Área de Preser- um texto equilibrado, de entendimento, que reflete a vação Permanente. Para as propriedades de mais de opinião do Congresso Nacional brasileiro e a opinião quatro módulos fiscais, a quantidade mínima de recu- média dos brasileiros. peração é essa. Mas, na verdade, terão de recompor 56 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48903 mais, podendo, pela determinação dos Conselhos Es- de bens de origem agropecuária ou florestal produzidos taduais do Meio Ambiente, recuperar um pouco menos em países que não observem normas e padrões de do que o determinado já na lei, desde que respeitados proteção do meio ambiente compatíveis com os esta- esses mínimos a que acabei de me referir. belecidos pela legislação brasileira. Orgulho-me, Sena- Definiu-se também o prazo de inscrição no Ca- dor Aloysio Nunes, de ter sido o autor dessa emenda. dastro Ambiental Rural, que é o prazo de um ano, Peço ao Presidente só mais dois minutos, para prorrogável apenas por mais um ano. No projeto vindo eu poder concluir, Senador Moka. da Câmara, isso não estava definido e poderia ficar Eu não poderia, neste momento, deixar de fazer absolutamente sem definição, o que traria um preju- esses registros, o registro dos avanços obtidos no Se- ízo imenso e poderia dar margem à ideia de anistia. nado, neste ambiente de diálogo, neste ambiente de As medidas de compensação previstas na lei para entendimento em relação à revisão do Código Florestal, fins de regularização da reserva legal não poderão ser cumprimentando todos os Senadores que participaram utilizadas como forma de viabilizar a conversão de no- dessa construção. vas áreas para uso alternativo do solo. O Sr. Blairo Maggi (PR – MT) – Senador Rol- Há impossibilidade de fracionamento futuro de lemberg, permita-me V. Exª um aparte? imóvel rural para se beneficiar de regras que dispen- O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB sam as propriedades de até quatro módulos fiscais da – DF) – Concedo o aparte ao Senador Blairo Maggi. recomposição de reserva legal. Há exigência de recom- O Sr. Blairo Maggi (PR – MT) – Quero cumpri- posição da reserva legal em até cinco anos, contados mentar V. Exª pelo pronunciamento e, especialmente da data da supressão, sem prejuízo das sanções ad- – se der tempo, eu falarei da tribuna depois –, pela ministrativas e penais cabíveis, no caso de áreas des- condução dos trabalhos de ontem e dos trabalhos matadas ilegalmente a partir de 22 de julho de 2008. dos últimos sete meses em que esse projeto esteve Os mangues, em toda a sua extensão, e as vere- na Casa. V. Exª e os Relatores tiveram a oportunida- das passam a ser considerados Áreas de Preservação de de coordenar esses trabalhos e de chegar aonde Permanente. Há o estabelecimento de marco temporal chegamos no dia de ontem. Depois de longo debate, para a prática de... depois de ouvir muitas entidades, muitas pessoas, com paciência, os Relatores conseguiram trazer para o tex- (Interrupção de som.) to, tenho certeza, a grande maioria dos anseios das O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB pessoas e construir aquilo que podemos chamar de um – DF) – Há inclusão das áreas verdes nas cidades, Código quase de consenso. Quero cumprimentar V. Exª garantindo um mínimo, nos novos empreendimentos pelo trabalho, especialmente por essa emenda que V. imobiliários, de 20m2 de área verde por habitante. Exª colocou no texto e que aplaudimos e aprovamos, Há definição do conceito de faixa de passagem porque ela dá uma sinalização, Senador Rodrigo Rol- de inundação, trazida pelo Professor Carlos Nobre, lemberg, para o resto do mundo de que o Brasil não para proteger a ocupação nas cidades, garantindo está preocupado somente com suas coisas internas na segurança para as pessoas que moram nas cidades. área ambiental. Essa emenda sinaliza que, num futuro Há concessão de crédito agrícola para institui- não muito distante, espero, possamos caminhar para ções financeiras oficiais, que ficarão condicionadas à dentro da Organização Mundial do Comércio (OMC) e inscrição da propriedade no Cadastro Ambiental Rural lá colocar não só as regras comerciais que são postas e à comprovação de sua regularidade. hoje, mas também as regras ambientais existentes no Há construção de instrumentos econômicos, au- Brasil. É claro que não vamos exigir as mesmas con- torizando o Executivo a instruir programa de apoio e dições do Brasil, porque, igual ao Brasil, ninguém é. incentivo à preservação e recuperação de meio am- Nenhum país do mundo pode se dar ao luxo de ser biente. Há mudança de mentalidade de não se limitar um dos maiores produtores de alimento – com certeza, apenas aos instrumentos de comando e controle, mas será o maior produtor de alimentos do mundo – e ter a também aos instrumentos econômicos que incenti- maioria do seu território preservado do jeito que está vem a preservação, que garantam crédito e melhor aqui. V. Exª foi muito feliz ao apresentar essa emenda. qualidade para aquelas atividades mais adequadas Quero, mais uma vez, cumprimentá-lo e dizer que a ao meio ambiente. sinalização para o resto do mundo é importante, e o Há um capítulo específico para a agricultura fa- Brasil pode começar a fazer isso pelos nossos vizinhos. miliar, dando-lhe tratamento diferenciado e dando au- Temos vizinhos que exportam produtos de origem ani- torização para que a Câmara de Comércio Exterior mal e de origem vegetal para o Brasil e que não têm (Camex) adote medidas de restrição às importações as preocupações que temos, que não têm os cuidados NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 57 48904 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 que temos. Inclusive, eles arrastam produtores do Brasil O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT. Pronuncia o para outros lugares, porque as facilidades são maiores seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Pre- nessas regiões. Portanto, é uma sinalização de que, sidente, meu caro amigo Moka; Srs. Senadores, Srªs se no futuro eles não seguirem aquilo que foi coloca- Senadoras, ocupo a tribuna nesta manhã de sexta- do no nosso Código e realçado por V. Exª, poderemos -feira para falar um pouco também sobre nosso Có- também criar condições, como eu já disse, dentro da digo Florestal, nossa luta nesses últimos meses aqui OMC, para dizer: “Queremos que sejam atendidas to- no Congresso Nacional – primeiro, lá na Câmara e, das as regras comerciais e também as regras sociais agora, aqui no Senado Federal. E dizer da satisfação e, principalmente, as ambientais”. Temos a oportuni- de ter participado desse debate, não só por ter apren- dade de pedir aquilo que os outros não podem exigir. dido mais, ter compreendido mais todas as questões Parabéns a V. Exª pela condução do trabalho e, mais relacionadas à produção – como ela se comporta nos uma vez, principalmente, pela emenda que dá à Camex seus mais diversos biomas no Brasil e como os produ- a oportunidade de começar a exigir isso e, muitas ve- tores são responsáveis por essas áreas –, mas também zes, impedir que entrem no Brasil produtos produzidos de entender um pouco mais o sentimento e entender de forma errada ambientalmente. Parabéns, Senador! como aqueles que não militam na agricultura, na pe- O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB – cuária, no campo enxergam o mundo. Isso nos deu a DF) – Muito obrigado. oportunidade, então, de compreender um pouco mais. Rapidamente, para concluir, Senador Blairo Mag- Além disso, Senador Moka, eu que nunca partici- gi, quero dizer que é muito difícil construir um texto de pei do Legislativo... Aliás, nunca é uma palavra um pou- entendimento em um País tão complexo como o Brasil, co pesada. Passei aqui por este Senado em 1998/1999, com diversidade de biomas, com diversidade histórica coisa parecida, quando era suplente de nosso queri- de ocupação desses biomas, mas trabalhamos nesse do e saudoso Senador Jonas Pinheiro, a quem quero ambiente de diálogo para construir esse entendimen- fazer uma homenagem aqui neste plenário, porque, to. Vamos receber críticas especialmente dos radicais já naquela época, o Senador Jonas brigava para que dos dois lados, dos ambientalistas mais radicais, dos pudéssemos ter um Código Florestal bem mais bem ruralistas mais radicais, exatamente porque o texto definido, com regras claras, para que os produtores produz o equilíbrio. Mas é importante dizer que mui- não tivessem as demandas jurídicas que nós tivemos. tos que estão criticando o estão fazendo porque não Lembrando o Senador Jonas Pinheiro, recordo queriam resolver, porque queriam manter o impasse, que passei por aqui. Então, foi a única experiência le- para, com isso, continuar levantando uma bandeira. gislativa que tive em toda minha vida. Fui governador Quero aqui registrar uma frase do Ministro Nel- por dois mandatos no meu Estado de Mato Grosso, son Jobim, Senador Waldemir Moka. V. Exª teve um mas, aqui no Senado, é a primeira vez, Senador Ro- papel fundamental na construção desse diálogo, sem- drigo Rollemberg. pre com posições muito firmes, mas sempre buscando Faço questão de dizer isso, porque, com esse o diálogo. O Ministro Nelson Jobim disse que muitos Código Florestal, que me ensina muitas coisas na utilizarão isso como discurso para não resolver a situ- área ambiental e na área de produção, aprendi a me ação, para ter uma bandeira, para fazer proselitismo; movimentar um pouco aqui dentro do Senado. Dizia a outros assumirão suas responsabilidades – e precisam V. Exª, no dia de ontem, que principalmente esta se- assumir essas responsabilidades –, para enfrentar os mana foi de grande aprendizado. Para quem nunca foi problemas e resolver a questão. Foi o que nós fizemos. legislador, tudo é novidade: como são as discussões; Tivemos a coragem de nos debruçar e aprofundar so- como é a participação; quem se apresenta para dis- bre o tema, de construir um ambiente de diálogo, um cussão; como são feitos os destaques, como se faz entendimento que considero um entendimento pelo isso ou como se faz aquilo. Brasil, e tenho a certeza de que o Senado aprovará, Uma coisa é certa, e aprendi aqui nesta semana por grande maioria, esse texto. que o trabalho e a responsabilidade diante de cada lei não é alguém que determina para nós. Não é alguém Durante o discurso do Sr. Rodrigo Rol- que diz: “Senador Moka, você fará isso e aquilo”. Claro lemberg, o Sr. Paulo Paim deixa a cadeira da que os relatores são escolhidos, e eles são os respon- Presidência, que é ocupada pelo Sr. Waldemir sáveis, como os presidentes das comissões. Mas, no dia Moka, 2º Vice-Presidente. a dia, os outros Senadores, os outros parlamentares, O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ é que devem apresentar-se para o trabalho, porque a PMDB – MS) – Com a palavra o Senador Blairo Maggi. carga de trabalho aqui no Senado é feita por nós mes- 58 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48905 mos. Se quisermos trabalhar mais, trabalharemos mais, ambiental. E, no final do segundo governo, V. Exª pas- porque nos apresentamos. Senão, não faremos isso. sou a ser reconhecido, então, pelas organizações não Mas esta semana, como eu dizia, foi de extrema governamentais, como a pessoa que conseguiu aliar a importância para a agricultura e para mim também. grande produção agrícola à defesa do meio ambiente. Fico muito feliz de ter participado efetivamente deste E foi um momento importante dos trabalhos a diligência processo, de ver como as coisas funcionam e como feita pela Comissão com seis Senadores: três ligados, conseguimos avanços importantes. carimbados como representantes do setor produtivo – o Ontem na nossa Comissão, Senador Rodrigo Senador Moka, V. Exª e o Senador Jayme Campos – e Rollemberg – e o Senador Moka foi o nosso mediador três Senadores ligados mais à questão ambiental, como no dia de ontem –, em muitas oportunidades, parecia eu, o Senador Jorge Viana e o Senador Pedro Taques. que nós, entre colegas, chegaríamos a um impasse, Tivemos a oportunidade de conhecer a recuperação, que não conseguiríamos resolver aquele problema o trabalho de preservação e de recuperação de áreas sem ir a voto e criar fissuras nesse processo, quando a de preservação permanente feitas na propriedade de determinação do grupo que se envolveu nisso sempre V. Exª, inclusive comandadas por uma organização não foi: “Vamos construir algo de consenso, vamos cons- governamental respeitada internacionalmente, que é o truir algo bom para a sociedade e que não nos divida”. Ipam, um instituto de pesquisa da Amazônia. O Ipam Agora, vamos chegar no plenário – espero que ali fazia pesquisas não apenas sobre como recompor na semana que vem, no máximo na outra semana – e áreas de preservação permanente, algumas com res- fazer aqui a discussão do Código Florestal dentro do tauração passiva, outras com plantação de espécies espírito da liberdade de cada um colocar seus pontos nativas associadas à restauração passiva, mas tam- de vista, mas também de buscar o entendimento e bém pesquisas para entender o impacto do fogo nas fazer com que o Código Florestal brasileiro seja aqui- florestas, naquela área de transição entre Cerrado e lo que nós, nas comissões, entendemos junto com a Floresta Amazônica. Impressionaram-me muito aque- sociedade e construímos. las pesquisas feitas sobre o efeito do fogo. Isso tudo O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco/PSB – DF) – permitiu um diálogo sem preconceitos, e tenho certe- Senador Blairo Maggi. za de que V. Exªs se sensibilizaram com muitos dos O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Concedo argumentos apresentados pelos demais Senadores e um aparte ao Senador Rodrigo Rollemberg com mui- que também permitiram a outros Senadores conhe- to prazer. cer a realidade da questão agrícola no nosso País. O Sr. Rodrigo Rollemberg (Bloco/PSB – DF) – O que eu acho importante, Senador Moka – e V. Exª Senador Blairo Maggi, quero cumprimentar V. Exª. En- teve um papel muito importante na construção desse tre os ganhos pessoais desse debate sobre o Código diálogo –, é que eu sempre disse que o ambiente de Florestal, foram as relações de amizade, as relações entendimento permitiria que nós construíssemos uma políticas, as relações de conhecimento construídas agenda pós-Código Florestal e que é muito importante nessa oportunidade. Eu não conhecia V. Exª – apenas uma agenda estratégica para o Brasil. Isso vai definir de televisão, como ex-governador, como grande pro- a dependência que o Brasil tem das sementes, que dutor rural que é. Desde o início, percebi que V. Exª, hoje são dominadas por poucas e poderosas corpo- com sua experiência, talvez seja a pessoa nesta Casa rações internacionais; a dependência que o Brasil que tenha tido a experiência mais dura nesse proces- tem dos insumos agrícolas, sobretudo dos de fórmu- so e, portanto, a capacidade de prestar colaboração la com nitrogênio, fósforo e potássio; a necessidade maior. V. Exª contou isso com muita franqueza na nos- de, daqui para a frente, agricultura, meio ambiente e sa Comissão, que, no seu primeiro governo, foi muito ciência, tecnologia e inovação serem inseparáveis. É criticado em função dessa questão do desmatamento, esse novo modelo de agricultura, é essa sustentabi- por organizações não governamentais internacionais. lidade na agricultura nacional que vai fazer com que, Isso expôs muito, inclusive, o Estado. E V. Exª, a par- nos próximos anos, Senador Blairo, o Brasil seja, efe- tir de determinado momento, em vez de partir para o tivamente, o maior produtor de alimentos do mundo, confronto, de partir para o diálogo com essas organi- o maior produtor de agroenergia do mundo, mas que zações não governamentais, entendeu que as críticas seja também a grande potência em biodiversidade do que lhe faziam naquele momento não eram uma crítica mundo, sabendo utilizar, com inteligência a sua biodi- apenas ao Governador Blairo Maggi, mas ao setor pro- versidade, com sustentabilidade, para melhorar a vida dutivo do Estado de Mato Grosso. E V. Exª convocou do nosso povo. Portanto, esse clima de entendimento o setor produtivo do Estado de Mato Grosso para que vai permitir isto também, Senador Moka, que possa- adotasse novos procedimentos em relação à questão mos construir uma agenda pós-Código Florestal, uma NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 59 48906 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 agenda pelo Brasil. Parabéns Senador Blairo Maggi com Senador, com Deputado, algum recurso para to- pela participação expressiva de V. Exª nesses debates. car a Embrapa. Nós não estamos falando de milhões; O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Obrigado, nós estamos falando de bilhões de reais que o País Senador Rodrigo Rollemberg. Agradeço as suas con- terá que destinar à empresa pública Embrapa, para siderações e faço minhas as suas palavras no meu que ela faça frente às grandes empresas multinacio- discurso. De fato, o meu aprendizado, quando esti- nais. Não sou contra elas, mas o Brasil precisa estar ve à frente do Governo do Estado de Mato Grosso, na sua plenitude quando falamos em independência, proporcionou-me maior discernimento das questões e a independência é de tecnologia e de biotecnologia. globais ambientais e de produção. Portanto, esse é um assunto que nós vamos se- Nós vamos, agora, depois do Código Florestal, guir lá na frente, e tenho certeza de que vamos encon- seguir no caminho que V. Exª colocou aqui. Fazíamos trar aqui, Senador Moka, grandes parceiros com quem essa discussão com alguns Senadores na semana sentar. Precisamos fazer com que as três comissões passada e a fizemos quando da visita a Mato Grosso, – Comissão de Agricultura, de Meio Ambiente, de Ci- quando colocamos exatamente o que o senhor está ência e Tecnologia – façam um grande debate nacional colocando aqui agora: que não adianta nada o Brasil para convencer o Governo, mas, principalmente, con- ser o maior produtor de alimentos do mundo, liderar vencer a sociedade de que nós temos de olhar para a essa área, pois ele não lidera nas questões da infor- pesquisa. Pode ser ela pública ou privada. mação e da pesquisa também, e nem dos recursos O Governo brasileiro, por exemplo, privilegiou, naturais, os quais não temos para continuar fazendo nos últimos anos, a ajuda de formar grandes blocos o que fizemos. econômicos e comprar coisas fora do Brasil. Por que Então, logo após a aprovação do Código aqui, não podemos pensar na mesma direção? Temos em- nós vamos ter de nos de debruçar sobre este assun- presas nacionais que trabalham na área de biotecnolo- to, e o faremos, com certeza, porque é um tema muito gia. Vamos capitalizar essas empresas e vamos dar a importante para o Brasil e que vai dar continuidade ao elas a oportunidade, inclusive – agora mesmo, na crise que estamos fazendo. da Europa, compraram algumas coisas, compraram Então, esse tema da sustentabilidade, agora não ações, associaram-se –, de sentar no board, sentar mais sob a ótica ambiental, mas sob a ótica dos insu- nos bancos das decisões dessas grandes companhias. mos, da regulação, porque a biotecnologia vem cada Então, o Brasil tem que pensar estrategicamente, vez mais forte. Quem detém o poder de fazer a semente e essa discussão estratégica nós faremos, como V. Exª não é mais o produtor, mas, sim, quem coloca dentro sugeriu, logo após o Código Florestal. Na segunda- da semente as tecnologias desenvolvidas e que está ficando com a maior parte do bolo. -feira, eu farei aqui outro pronunciamento e falarei das Mas não se trata só da questão financeira, a que conquistas que nós tivemos dentro do nosso Código V. Exª se referiu e a que eu estou me referindo neste nessa construção. momento. É a questão do conhecimento, porque quem Quero aproveitar e cumprimentar o nosso Rela- detém isso detém a patente; quem detém a patente tor, Senador Jorge Viana, pelo grande trabalho que fez detém o poder de dizer “forneço ou não”, “dou a licen- nessa Comissão. No dia de ontem, eu senti o Senador ça ou não”. Portanto, nós estamos cativos, estamos Jorge, em certos momentos, muito tenso, muito pre- presos nas mãos das multinacionais. ocupado, porque a condução daquele trabalho ou as Eu não sou contra a biotecnologia; pelo contrário, defesas do que ele pensava estavam ali naquela Mesa. sou favorável. Agora, o País, o Brasil precisa fazer a E, em alguns instantes, tentaram colocar uma pecha sua parte. E aí nós vamos ter de recuperar, Senador no Senador Jorge e no Senador Luiz Henrique, coisa Rodrigo Rollemberg, a nossa querida Embrapa, que que não serve para esse momento. Não é verdadeiro! fez com que nós saíssemos da dependência dos ali- Em momento algum, o Senador Jorge ou o Senador mentos, na década de 70, para chegar aonde chega- Luiz Henrique cederam a qualquer pressão que não mos: aos grandes superávits. fosse legítima e que não fosse altamente discutida. Foi graças à Embrapa, graças à visão do governo E o Governo, pelo seu Ministério do Meio Ambiente, do passado e principalmente do ex-Ministro Alysson acompanhou pari passu as nossas discussões durante Paulinelli, que construíram e conceberam aquele mo- todo esse tempo. delo de uma empresa de pesquisa. Senador Jorge, parabéns pelo trabalho, parabéns Então, nós vamos ter que dar à Embrapa não al- pela condução. O senhor sai de alma lavada, de ca- guns milhões de reais, – muitas vezes, o seu presiden- beça erguida, porque fez o melhor que podia ter feito te, o Pedro Arraes, passa por aqui e fica mendigando por este País. Parabéns! 60 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48907 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Preocupado com essa redação, fiz uma emenda PMDB – MS) – Com a palavra o Senador Lindbergh. a esse texto modificando o “poderá” para a definição (Pausa.) de “ficará reduzida para até 50%”. E o Senador Jorge Com a palavra o Senador Romero Jucá. Como Viana acatou a minha emenda de redação. Portanto, Líder? o texto aprovado no relatório para o art. 12, inciso II, § O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB – RR. Como 5º, ficou da seguinte forma: Líder. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do “Nos casos da alínea a do inciso I, a orador.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, pedi reserva legal ficará reduzida para até 50% a palavra para fazer um registro importante sobre a quando o Estado tiver mais que 65% do seu votação de ontem e a discussão do Código Florestal. território ocupado por unidades de conserva- Primeiro, quero registrar a forma como os Presi- ção de natureza de domínio público e terras dentes das Comissões procederam nesta Casa, con- indígenas homologadas.” duzindo de forma impecável a tramitação dos trabalhos das comissões. Assim, o Código Florestal passou na Assim, quero agradecer porque esse texto já fi- Comissão de Constituição e Justiça, com a relatoria cou aprovado. Também levantei outro ponto importante, do Senador Luiz Henrique; passou na Comissão de qual seja, uma emenda que dizia que, nos casos da Ciência e Tecnologia, sob a presidência do Senador alínea “a” do inciso I, o poder público assegurará aos Eduardo Braga; tramitou também na Comissão de Estados o direito de utilizar no mínimo 20% de seus Agricultura, sob a presidência do Senador Acir Gur- territórios para uso alternativo do solo e promoção das gacz; na Comissão de Constituição e Justiça, sob a cadeias produtivas a ser determinado pelo zoneamento presidência do Senador Eunício Oliveira; e, por fim, econômico-ecológico dos Estados e conforme propos- na Comissão de Meio Ambiente e Fiscalização, sob a ta contida no macrozoneamento ecológico econômico presidência do Senador Rodrigo Rollemberg. E, sem da Amazônia Legal (Macro ZE). dúvida, o que vimos foi um esforço coletivo da Casa, Apesar de contar com o apoio de muitos Senado- em conjunto com os relatores Luiz Henrique e Jorge res em relação à filosofia dessa proposta, verificou-se Viana, para, efetivamente, construirmos uma propos- que o Código Florestal não seria o melhor instrumento ta que pudesse avançar na proteção ambiental e, ao para absorver esse texto. Portanto, ficou resolvido na mesmo tempo, garantir os pré-requisitos mínimos para reunião que eu apresentaria uma emenda constitucio- um desenvolvimento autossustentável para que, efe- nal procurando caracterizar esse texto na Constituição, tivamente, o setor produtivo do País possa avançar e garantindo, assim, o mínimo de 20% de utilização das se modernizar. áreas para o Estado de Roraima. Portanto, garantindo Mas quero fazer um registro sobre a votação de uma condição de produção melhor para o nosso Estado. ontem no tocante ao agradecimento ao Senador Jor- Além disso, apresentei também duas emendas ge Viana. Nós levantamos, ontem, várias emendas e que procuravam dar o mesmo tratamento dos campos vários destaques que dizem respeito, especificamente, gerais ao lavrado, mas esse objetivo – ficou subenten- ao Estado de Roraima, Estado que tem grande parte dido – já estava atendido no texto. Portanto, excluir os da sua área demarcada como reserva ambiental ou campos gerais ou lavrados para efeito do uso alterna- como reservas indígenas. Por conta disso mesmo, nós tivo do solo no que diz respeito a 20% do imóvel rural procuramos construir uma proposta que garantisse o já está, em tese, atendido pelo relatório. mínimo de preservação para as áreas produtivas no Sr. Presidente, faço estes registros porque consi- nosso Estado. Discutimos também com a Ministra Iza- dero extremamente importante a aprovação do Código bella e surgiu no Ministério uma proposta em que se Florestal. A propósito, quero enaltecer, novamente, o definia, no caso de Roraima e, principalmente, do Ama- trabalho do Senador Jorge Viana e do Senador Luiz pá, que a reserva legal poderia ficar reduzida para até Henrique e dizer que, na próxima semana, deveremos 50% no caso de Estados onde houvesse mais de 65% trazer esta matéria ao plenário, onde efetivamente po- do seu território ocupado por unidades de conservação. deremos concluir esse trabalho. O texto inicialmente proposto pelo Ministério do Senador Jorge Viana, meus parabéns. Nós va- Meio Ambiente, acatado pelo Senador Jorge Viana, mos, na próxima semana, cerrar fileiras aqui para que era de que, no caso da alínea “a” no inciso I, a reser- possamos fechar este ciclo de avanços e, suprapar- va legal poderia ser reduzida para até 50% quando o tidariamente, votar o texto do Código Florestal aqui Estado tivesse mais que 65% do seu território ocupado no plenário. por unidades de conservação de natureza de domínio Era isso, Sr. Presidente. público e terras indígenas homologadas. Muito obrigado. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 61 48908 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Óbvio que isso é uma perda enorme, inclusive PMDB – MS) – Inscrito para fazer uso da palavra o para os agricultores e produtores que atuam na agro- Senador Jorge Viana. pecuária. Por que é uma perda enorme? Porque nin- O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC. Pronuncia guém produz bem se não tiver o meio ambiente como o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Pre- aliado. Quem planta, quem cria, precisa de água, de sidente Moka, caros colegas Senadores, estou muito um bom solo, de um ambiente equilibrado. Só que o contente de poder ouvir o que tenho ouvido de vários Brasil não resolvia esse problema. colegas Senadores, de todos os partidos, desde ontem. O Código Florestal de 1965 é uma lei boa, é uma Eu sou um recém-chegado a esta Casa, estou no lei que educa, é uma lei que estabelece limites, mas primeiro ano de meu mandato e de uma missão muito este novo Código segue sendo uma lei boa, uma lei difícil, que é a de suceder Marina e Tião, que honraram que educa, que estabelece limites. Nós não cedemos o nome do Acre, desta Casa e do Brasil no período em nesse aspecto. Nenhum metro foi perdido naquilo que que ficaram aqui e, junto com o Senador Anibal Diniz, já estava com a rigidez adequada, cientificamente procuro dar o meu melhor para que o Brasil possa comprovada no Código de 1965 para esse. Nós não enfrentar os problemas e os desafios que nós todos mudamos isso. estamos vivendo. Venho também com o propósito de Alguns tentam fazer uma certa confusão, o que defender o meu querido Estado do Acre. é normal, mas à letra fria do que está escrito, quando Mesmo já tendo esses dois desafios enormes, todos olharem, mesmo com as paixões, mas quando o Senado me deu, por intermédio do Senador Rodri- olharem, vão ver que nós – V. Exª é parte disso com go Rollemberg, uma missão quase impossível. Fiquei o Senador Luiz Henrique, com os demais presidentes muito agradecido a ele pelo desafio que ele me deu, das comissões – nós mantivemos todo o rigor que já foi uma decisão monocrática do nosso Presidente da acompanhava o Código Florestal de 1965. Mantive- mos tudo, absolutamente tudo. Então, onde nós flexi- Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Contro- bilizamos? Trazendo de volta a floresta perdida. Quem le, esse bom e novo amigo que tenho. Sei que essa desmatou ou quem desmatar uma única árvore e não amizade é para vida toda, Rodrigo, mas você me deu esteja licenciado, de 22 de julho de 2008 e daqui para uma missão que era uma missão impossível. frente, terá que recompor essa árvore, trazendo-a de Primeiro que a matéria já veio contaminada da volta. Não tem trela para desmatadores na proposta Câmara dos Deputados, contaminada naquilo que é do novo Código. Não tem complacência com os que próprio da Câmara dos Deputados: essa concha aber- fazem a destruição do meio ambiente. ta, que o Niemayer fez para a Casa do povo, a Câmara Então, por que tanta gente pergunta? Por conta dos Deputados, é para isso mesmo. O debate lá é duro, desses 50 milhões de hectares de floresta perdida, su- difícil, há sempre enfrentamentos. Aqui, tem debate primida ao longo dos anos. Quantos passaram pelos duro, difícil, mas, aqui, a concha é invertida, temos governos e frearam a destruição, mas tentaram trazer a oportunidade de nos entender, de nos encontrar. E as florestas de volta e não conseguiram recuperar ne- aqui, nesta Casa, recebi a melhor das acolhidas para nhuma árvore? poder ter condição de levar adiante essa matéria que O novo Código resolve esse impasse. Aí, há uma parecia impossível. diferença, sim: a obrigatoriedade de que todos tragam Ela é uma matéria que trata do passado, do pre- de volta 30 metros, sem importar se é pequeno, médio sente e do futuro. O Código Florestal não é uma matéria ou grande produtor; e nas margens dos rios, até 10 qualquer. Ela trata da propriedade privada, do uso da metros. Assim, amplia-se até 500. Mas nunca ninguém propriedade privada. Ela trata da defesa de um bem trouxe árvore de volta com esse propósito. comum de todo o povo brasileiro e do mundo, do pla- Então, já que estava tudo destruído, vamos deixar neta, que são os recursos naturais, as nossas florestas. ficar? O texto da Câmara dizia que havia certa anistia E veio acompanhando essa matéria um conten- geral irrestrita; o que está perdido, está perdido. Mas a cioso, um passivo ambiental, que varia nas contas, mas proposta do Senado diz que não! A proposta do Sena- passa de 50 milhões de hectares, Senador Rodrigo, do diz que vamos trazer boa parte desses 50 milhões mais de 50 milhões de hectares. de hectares perdidos de volta. É isso que nossa pro- Eu faço isso porque, com todo o respeito, não dá posta coloca. É isso que o trabalho do Senador Luiz para aceitar que estamos fazendo anistia. É só esclare- Henrique fez, com honradez, com amor pelo Brasil; e cer: o Brasil suprimiu, nas últimas décadas, em torno de de certa forma, eu dei a minha contribuição. 50 milhões de hectares em áreas protegidas, em áreas Estou muito agradecido pelas palavras do Se- às margens dos rios, das nascentes e das encostas. nador Jucá, do Senador Blairo, do Senador Rodrigo, 62 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48909 ontem, aqui; de todos os partidos. Senadores com os O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC) – ...pre- mais diferentes posicionamentos nesta Casa vieram ocupada com o meio ambiente. O Ministro Mendes nos cumprimentar. Mas acho que ainda há uma mis- Ribeiro, da Agricultura, foi de uma correção, de uma são a ser cumprida. colaboração, de um espírito altivo de defesa do Bra- Caro Senador Demóstenes, V. Exª ajudou a aper- sil, que, sem eles, para simbolizar os demais, nós não feiçoar o novo Código, apresentando emendas que fo- teríamos alcançado... ram incorporadas e que dão mais rigidez para a ação Então eu encerro o meu pronunciamento, mais do Ibama contra aqueles que queiram destruir nossos uma vez, agradecendo a todos aqueles que criticaram, recursos naturais, que queiram seguir como desma- que cobraram, da mesma maneira que agradeço aos tadores. Está no novo Código, coisa que não tinha no que colaboraram, aos que nos ajudaram. Não tenho antigo; e garantimos graças à contribuição de V. Exª. rancor, não tenho ressentimento. Confio no trabalho Nós tivemos emendas de vários Senadores do que nós fizemos coletivamente. Sei que a verdade PMDB e de todos os partidos. O Senador Aloysio prevalecerá e não tenho nenhum problema com uma Nunes foi um aliado importante do PSDB. Ou seja, crítica mais dura ou outra. Isso faz parte. Já fui prefei- aquela divisão que houve no debate lá na Câmara to, já fui governador. Sei superar isso. Posso até brigar não aconteceu aqui no Senado. Não houve influência com um e com outro, divergir de um e de outro, só não do Governo na condução dessa matéria. O Senador brigo com minha consciência. Moka, por exemplo, foi um dos líderes desse proces- Senador Moka, parabéns! Muito obrigado. so; liderou com a autoridade que tem e por tudo que Mais uma vez, agradeço a todos que estão sen- tem feito para que o Brasil saia desse impasse de en- do solidários comigo, com o Senador Luiz Henrique... frentamento de ambientalistas e ruralistas. O Senador (Interrupção de som.) Moka nos ajudou a melhorar o texto. E eu falava com O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC) – Espe- ele ainda há pouco, ele que preside esta sessão, que cialmente, quero agradecer àqueles que estão procu- nós podemos falar com autoridade que o texto do rando ler e saber o quanto o Brasil poderá ganhar com Senado vai trazer uma boa parte da floresta perdida o novo Código Florestal. de volta, como protetora dos nossos rios, das nossas Muito obrigado, Sr. Presidente. nascentes e como aliada daqueles que querem seguir O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ produzindo com sustentabilidade. PMDB – MS) – Eu quero só dizer ao Senador Jorge Então, Senador, eu queria encerrar dizendo que Viana que sou testemunha da determinação, da firme- esse Código Florestal tem ainda um outro desafio: ele za com que V. Exª conduziu e, mais do que isso, da só vai ser implementado, só vai valer mesmo, só vai paixão que V. Exª tem como ambientalista. Dou meu deixar de ser um faz-de-conta, se tiver um envolvimen- testemunho. São muito injustos aqueles que o criticam. to do Governo Federal, se tiver um envolvimento de V. Exª representa realmente as pessoas que defendem todos os governadores estaduais, criando uma nova o meio ambiente e que também querem contribuir para governança para a gestão ambiental e, especialmen- que o Brasil continue a produzir. Parabéns a V. Exª. te, se enxergarem o produtor como um aliado, porque O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB – RR) – Sr. a maior parte da reserva legal, das áreas que temos Presidente, pela ordem. que proteger está dentro das propriedades privadas. E O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ esse impasse de tentar tratar produtor como adversá- PMDB – MS) – Pois não. rio não traz uma única árvore de volta; isso não ajuda O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB – RR. Pela nem mesmo a combater a fome. ordem. Sem revisão do orador.) – Eu gostaria de so- Então eu acredito e espero que depois que os licitar o início da Ordem do Dia. Já são dez horas. Há Parlamentares, que este Senado, com a sua contri- entendimento dos líderes para que se comece a Ordem buição, que a Câmara votar, eu espero que haja o do Dia. Quero solicitar a V. Exª que possamos iniciar mesmo compromisso, a mesma atitude de responsa- a Ordem do Dia. bilidade que o Senado teve no trato dessa matéria, O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ espero que haja por parte do Governo Federal e dos PMDB – MS) – Pois não. governos estaduais. Senador, informa a nossa assessoria que, re- A Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira gimentalmente, precisamos de duas horas desde o foi de uma correção, de uma honestidade, sem ceder, início dos trabalhos. Não temos ainda. Se não houver sempre aquela voz... nenhum Senador que queira usar a palavra antes da (O Sr. Presidente faz soar a campainha.) Ordem do Dia, posso iniciá-la, mas, regimentalmen- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 63 48910 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 te, preciso informar a V. Exª. Consulto os Senadores 3 presentes na Casa se alguém gostaria... PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 56, DE 2007 O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR) – Votação, em turno único, do Projeto de Sr. Presidente, não sei se já chegou à Mesa, mas quero Lei da Câmara nº 56, de 2007 (nº 3.933/2004, solicitar minha inscrição para falar como Líder do PTB. na Casa de origem), que inclui a pesca indus- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ trial nas atividades vinculadas ao setor rural e PMDB – MS) – Ainda não chegou à Mesa, mas se V. dá outras providências. Exª quiser fazer uso da palavra, regimentalmente, tem Parecer sob nº 534, de 2008, da Comis- a preferência. são de Agricultura e Reforma Agrária, Relator: O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR) Senador Flexa Ribeiro, favorável, com a Emen- – Mas se apenas eu quiser falar e se houver acordo da nº 1-CRA de redação, que apresenta, com para iniciarmos a Ordem do Dia, também poderei falar voto vencido, da Senadora Marisa Serrano. após a Ordem do Dia. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ 4 PMDB – MS) – A Presidência vai fazer o seguinte: vou PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 185, DE 2004 consultar os que estão inscritos. Fica melhor. Senador (Incluído em Ordem do Dia Lindbergh Farias? Jorge Viana já falou. Senador Cristo- nos termos do Recurso nº 5, de 2008) vam Buarque? Senador Alvaro Dias, vai usar a palavra? Votação, em turno único, do Projeto de O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR) – Sr. Lei do Senado nº 185, de 2004, do Senador Presidente, sou favorável à Ordem do Dia imediata- Demóstenes Torres, que regulamenta o em- mente para liberar depois os oradores. prego de algemas em todo o território nacional. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Pareceres sob nº 920 e 921, de 2008, da PMDB – MS) – Não havendo nenhuma objeção, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidada- Presidência vai iniciar a nia, Relator ad hoc: Senador Antonio Carlos ORDEM DO DIA Valadares, 1º pronunciamento (sobre o Proje- to): favorável, nos termos do Substitutivo, que Com referência aos Itens da pauta de nºs 2, 3, oferece; 2º pronunciamento (sobre as emen- 4, 5, 7, 8 e 9, por estarem em fase de votação, são das apresentadas ao Substitutivo, em turno transferidos para a próxima sessão. suplementar, perante à Comissão): favorável, São as seguintes as matérias transferidas para na forma da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo). a próxima sessão deliberativa ordinária: 5 2 PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 33, DE 2009 Nº 225, DE 2011 – COMPLEMENTAR Votação, em primeiro turno, da Proposta (Em regime de urgência, de Emenda à Constituição nº 33, de 2009, ten- nos termos do Requerimento nº 1.408, de 2011) do como primeiro signatário o Senador Antonio Votação, em turno único, do Projeto de Lei Carlos Valadares, que acrescenta o art. 220- do Senado nº 225, de 2011 – Complementar, A à Constituição Federal, para dispor sobre a do Senador José Pimentel, que altera dispositi- exigência do diploma de curso superior de co- vos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio municação social, habilitação jornalismo, para de 2000, que estabelece normas de finanças o exercício da profissão de jornalista. públicas voltadas para a responsabilidade na Parecer, sob nº 2.414, de 2009, da Co- gestão Fiscal – Lei de Responsabilidade Fis- missão de Constituição, Justiça e Cidadania, cal, e dá outras providências. Relator: Senador Inácio Arruda, favorável, nos Pareceres sob nºs 1.276 e 1.277, de termos da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo), 2011, das Comissões: que oferece. – de Constituição, Justiça e Cidadania, Relator: Senador Eunício Oliveira, favorável, 7 com a Emenda nº 1-CCJ, que apresenta; e REQUERIMENTO Nº 1.108, DE 2007 – de Assuntos Econômicos, Relator ad Votação, em turno único, do Requeri- hoc: Senador Benedito de Lira, favorável ao mento nº 1.108, de 2007, do Senador Cristo- Projeto e à Emenda nº 1 – CCJ. vam Buarque e outros Senhores Senadores, 64 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48911 solicitando a criação de Comissão Temporária A matéria constará da Ordem do Dia, durante Externa, composta pelos Senadores do Distrito cinco sessões deliberativas ordinárias, em fase de Federal, Goiás e Minas Gerais, para, no prazo discussão, em primeiro turno, quando poderão ser ofe- de cento e vinte dias, promover amplo debate recidas emendas assinadas por um terço, no mínimo, e propor medidas concretas para o combate à da composição do Senado, nos termos do disposto no violência no Distrito Federal e Entorno. art. 358 do Regimento Interno. Transcorre hoje a terceira sessão de discussão. 8 Em discussão a proposta. REQUERIMENTO Nº 932, DE 2011 Consulto o Plenário se algum Senador quer dis- (Incluído em Ordem do Dia cutir. (Pausa.) nos termos do art. 222, § 2º, do Regimento Interno) Não havendo quem queria discutir, está encer- Votação, em turno único, do Requerimen- rada a discussão. to nº 932, de 2011, de iniciativa da Comissão A matéria constará da Ordem do Dia da próxima de Relações Exteriores e Defesa Nacional, sessão deliberativa para prosseguimento da discussão. solicitando voto de solidariedade ao Excelen- Não havendo mais matérias a tratar, está encer- tíssimo Senhor Comandante do Exército, Ge- rada a Ordem do Dia. neral Enzo Martins Peri, em virtude de matéria É a seguinte a matéria remanescente transferida veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, na para a próxima sessão deliberativa ordinária: edição de 31 de julho deste ano. 1 9 SUBSTITUTIVO DA CÂMARA REQUERIMENTO Nº 947, DE 2011 AO PROJETO DE LEI DO SENADO (Incluído em Ordem do Dia Nº 121, DE 2007 – COMPLEMENTAR nos termos do art. 222, § 2º, do Regimento Interno) (Em regime de urgência, Votação, em turno único, do Requeri- nos termos do Requerimento nº 1.314, de 2011) mento nº 947, de 2011, da Senadora Vanessa Substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei Grazziotin, solicitando voto de congratulações do Senado nº 121, de 2007-Complementar (nº e aplausos pelos 93 anos do ex-Presidente da 306/2008, naquela Casa), de iniciativa do Se- África do Sul e Nobel da Paz – Nelson Man- nador Tião Viana, que regulamenta o § 3º do dela, comemorado no dia 18 de julho de 2011. art. 198 da Constituição Federal, para dispor Parecer favorável, sob nº 920, de 2011, sobre os valores mínimos a serem aplicados da Comissão de Relações Exteriores e Defe- anualmente pela União, Estados, Distrito Fede- sa Nacional, Relator ad hoc: Senador Eduar- ral e Municípios em ações e serviços públicos do Suplicy. de saúde; institui contribuição social destina- O SR PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ das à saúde; estabelece os critérios de rateio PMDB – MS) – Item 6: dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e contro- PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO le das despesas com saúde nas três esferas Nº 87, DE 2011 do Governo; revoga dispositivos das Leis nºs Terceira sessão de discussão, em pri- 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de meiro turno, da Proposta de Emenda à Cons- 27 de julho de 1993; e dá outras providências. tituição nº 87, de 2011, tendo como primeiro O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ signatário o Senador Romero Jucá, que altera PMDB – MS) – Vamos continuar a sequência de ora- o art. 76 do Ato das Disposições Constitucio- dores inscritos. nais Transitórias. (DRU) Com a palavra, o Senador Alvaro Dias. Parecer favorável, sob nº 1.254, de 2011, Informo ainda que, transcorrida a Ordem do Dia, da Comissão de Constituição, Justiça e Ci- cada orador, regimentalmente, terá vinte minutos para dadania, Relator: Senador Renan Calheiros, o uso da tribuna. com votos contrários dos Senadores Aloysio V. Exª tem a palavra, Senador Alvaro Dias. Nunes Ferreira, Demóstenes Torres, Alvaro O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR. Pro- Dias e Pedro Taques e, em separado, do Se- nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – nador Randolfe Rodrigues. Muito obrigado, Senador Moka, Presidente da sessão. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 65 48912 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Srªs e Srs. Senadores, o que se debate neste mo- tema federativo com suas distorções flagrantes, que mento no Senado Federal é a possibilidade de votação submetem Estados e Municípios a uma condição de imediata da regulamentação da Emenda nº 29, que diz desfavorecimento, em relação à União, na partilha de respeito à definição dos recursos que cabem a cada responsabilidades, porque desde a Constituinte de Ente da Federação para a manutenção de um serviço 88 os encargos foram transferidos. Encargos signifi- de saúde pública de qualidade no País. É essencial cativos foram transferidos da União para os Estados para a população especialmente menos favorecida. e Municípios e, na contrapartida, não se transferiram É repetitivo, mas nós temos que olhar e refletir os recursos para atender essas novas demandas de aqui de forma incansável o drama vivido pela população despesas. E nós não fazemos as reformas. O presiden- pobre do Brasil, os assalariados brasileiros, aqueles cialismo é forte. Reformas de profundidade só ocorrem que são obrigatoriamente vítimas das filas enormes do quando há interesse da Presidência da República, com SUS, quando do infortúnio da doença, e que, muitas competência política, articula, busca consenso, orien- vezes, veem a morte chegando mais rapidamente do ta a maioria esmagadora que possui no Congresso que o atendimento do serviço público do setor. Nacional para a concretização das reformas. Como o Há um debate sobre o modelo de saúde em todo Governo é imediatista, oportunista e tem como horizon- o mundo e deveria ser realmente o debate da década, te temporal apenas a duração do seu mandato e não mas vemos aqui que o Governo tem outras prioridades. possui visão estratégica de futuro, decide em função O que confronta com a realidade é a propaganda oficial do que pode ocorrer ou deixar de ocorrer em um pri- na tevê. Ainda ontem à noite, tivemos a oportunidade meiro momento, sem considerar os desdobramentos de assistir na tevê brasileira a propaganda oficial do e as consequências futuras. Assim não se faz reforma Governo sobre os benefícios que oferece à população tributária, assim não se rediscute o sistema federativo, através dos serviços de saúde pública. É contraditório, que é a causa das injustiças na distribuição da receita Sr. Presidente, o que a bela propaganda oficial, paga pública, ignorando o princípio da isonomia e fazendo com o dinheiro público nas emissoras de tevê do País, com que entes federativos sejam diferentes na partilha apresenta com aquela imagem constantemente apre- dos recursos públicos. sentada nos noticiosos das mesmas tevês sobre a si- Enfim, isso recai sobre a saúde. O Município é o tuação da saúde no País, verdadeiro e dramático caos. principal responsável pela administração desse servi- Quantas vezes pudemos ver imagens de brasi- ço. E pela legislação caberia aos Municípios 15% da leiros amontoados em corredores de hospitais, sem sua receita. No entanto, nós sabemos que há Municí- atendimento? Quantas vezes vimos a imagem de bra- pios gastando com saúde pública muito mais do que sileiros em filas aguardando atendimento? os 15% exigidos pela legislação. Além das imagens que falam mais do que qual- Enfim, Sr. Presidente, por que o Governo não quer discurso, há estudos, pesquisas. Por exemplo, do aceita votar a regulamentação da Emenda nº 29 como Banco Mundial, que apresenta o diagnóstico: o proble- prioridade nesta Casa? Por que se recusar a atender ma da saúde no Brasil não é dinheiro, é organização, a população do País naquilo que para ela é essencial? competência, ausência de planejamento e corrupção. A saúde do povo deveria ser a suprema lei; e não o São os problemas que colocam na UTI a saúde pública é no Brasil. brasileira. Diagnóstico do Banco Mundial, não de um Eu repito que o modelo de saúde pública é de- Senador da oposição. batido em vários países do mundo, porque a crise da É por essa razão que a prioridade desta Casa saúde não é vivenciada apenas em nosso País. Ain- neste final de ano deve ser a votação da regulamen- da recentemente, nos Estados Unidos da América do tação da Emenda nº 29. Por que o Governo não quer Norte, um grande debate se travou. Nós estamos de- votar? Porque se recusa a contribuir com os 10% que batendo aqui, há tanto tempo, mas não o concluímos. se deseja para completar o orçamento da saúde públi- Essa regulamentação da Emenda nº 29 veio ca brasileira: 10% da União; 12% dos Estados e 15% com muito atraso. Pela Constituição, nós deveríamos dos Municípios. ter apresentado essa regulamentação há muitos anos. A prioridade do Governo neste momento é a Chegou por meio de proposta do Senador Tião Viana, Copa do Mundo e as Olimpíadas. É uma inversão de aprovada por unanimidade no Senado Federal. Levou prioridade. Bilhões são destinados à Copa do Mundo, um tempo para ser apreciada na Câmara dos Depu- para obras superfaturadas, beneficiando-se grandes tados, e, quando se deliberou sobre ela, a alteração empresários, empreiteiros de obras públicas no País produzida mediante substitutivo aprovado a compro- e outros; mas, para a saúde, o Governo nega sua mete. A proposta que chega da Câmara ao Senado participação adequada. O que não se discute é o sis- sobrecarrega ainda mais Estados e Municípios e de- 66 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48913 sonera a União de suas responsabilidades. A proposta Governo Federal com a saúde no País. Ora, a regu- aprovada aqui do atual Governador Tião Viana signi- lamentação da Emenda nº 29, portanto o projeto do ficaria uma transferência da parte da União em 2011, Senador Tião Viana, deixou claro que eram 15% para se o projeto estivesse em vigência, superior a R$100 os Municípios – quer dizer, a maior parte era dos Muni- bilhões, portanto, R$30 bilhões a mais do que pretende cípios –, 12% para os Estados e 10% para a União. Isso o substitutivo aprovado pela Câmara dos Deputados. porque se pressupõe que, sendo os recursos da União Portanto – vou conceder um aparte ao Senador muito grandes, 10% são um valor significativo, mas eu Mozarildo Cavalcanti –essa é a razão da nossa insis- estou falando em valores percentuais. Portanto, deve- tência aqui. Teremos que abordar esse tema todos os ria ser o inverso. Quem arrecada mais: os Municípios, dias. Não importa que se cansem, porque há um de- os Estados ou a União? A União, o Governo Federal, bate iniciado sobre a prorrogação da Desvinculação que, então, deveria gastar mais. Agora, concordo ple- de Recursos da União (DRU), e nós propusemos ao namente: não podemos deixar em branco, em aberto Governo exatamente uma barganha de honestidade. o gasto. Mesmo que se venha com a proposta de que Retiramos os obstáculos para a aprovação da DRU, vamos estabelecer para daqui a dois anos, três anos... desde que votemos prioritariamente a regulamenta- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ ção da Emenda nº 29. Votamos a regulamentação da PMDB – MS) – Senador Mozarildo, peço licença, por- Emenda nº 29, e o Governo terá o cheque em branco que alguns alunos estão se retirando, e eu já deveria de R$62 bilhões. Porque, Senador Mozarildo, não é tê-lo feito. Quero cumprimentar os alunos do curso de outra coisa, é um cheque em branco que se justificava. Direito da Faculdade Estácio de Sá, da cidade de Vi- Esse mecanismo denominado DRU se justificava tória, do grande Estado do Espírito Santo. quando o Brasil vivia num cenário de inflação galopante, Sejam bem-vindos os acadêmicos. quando era impossível planejar para a próxima sema- V. Exª tem a palavra, perdoando-me pela interrup- na. Quando fui Governador, Senador Moka, a inflação ção, mas, como alguns estavam deixando o plenário, ultrapassava 80% ao mês. A receita era engolida antes eu quis saudá-los em nome do Senado Federal. que chegasse aos cofres do Estado. É evidente, era im- O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Eu possível planejar. Hoje, temos estabilidade econômica, quero cumprimentá-los também porque acho impor- temos sustentabilidade financeira e responsabilidade tante que as pessoas que vão ser o futuro deste País fiscal. O Plano Real mudou o Brasil. Não há mais razão conheçam como funciona o Poder Legislativo, embora para a adoção desse mecanismo, que significa consa- numa sessão como a de hoje, que é uma sessão de grar a incompetência, a desorganização orçamentária, sexta-feira, improvisadamente deliberativa, quando ela que, na verdade, fortalece a tese de que o orçamento, normalmente é não deliberativa, quando não se vota no Brasil, é peça de ficção, para deleite dos especia- nada. Mas, voltando ao aparte, Senador Alvaro Dias, listas, para enfeite de bibliotecas de estudiosos, para V. Exª tem toda razão. Acho que nós temos que votar gastar papel nas gráficas do Congresso Nacional, da a regulamentação da Emenda nº 29, urgentemente, e União e do Governo Federal. quero aplaudir inclusive a oposição quando faz, vamos Na verdade, quando se aprova um orçamento e dizer assim, como diz V. Exª, essa barganha saudável depois se flexibiliza dessa forma, assinando um cheque em relação à questão da DRU. Eu, até nesse particu- em branco para que o Governo faça uso da forma que lar, como V. Exª justificou no passado, quero justificar melhor lhe aprouver, nós estamos desconsiderando no presente a DRU pela instabilidade e insegurança a importância do Orçamento, que deveria ser a peça do momento econômico em que o mundo vive. Mas, essencial nos trabalhos do Poder Legislativo. de qualquer forma, quero me fixar aqui na questão Portanto, a nossa resistência à prorrogação da dos recursos para a saúde, do dinheiro que se preci- DRU só seria superada se tivéssemos um ganho ex- sa para atender melhor os pobres. E quero defender plícito, e esse seria a definição de 10% dessa receita que a regulamentação seja tal qual foi aprovada aqui, da União para a saúde pública no País. no Senado, pelo projeto do Senador Tião Viana, uma Com a palavra o Senador Mozarildo Cavalcanti. homenagem, portanto, a ele. O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR) – Muito nador Alvaro Dias, eu acho que esse é um tema que obrigado, Senador Mozarildo Cavalcanti. O voto de V. temos que debater, mais ou menos como foi debatido Exª é essencial e será registrado pelos seus eleitores o Código Florestal, de maneira suprapartidária, de ma- de Roraima, com toda certeza. neira a olhar, realmente, os interesses da Nação, do O que promove a injustiça distributiva é o sis- povo. Eu não posso, como médico, realmente entender tema atual. Veja, Senador, a União age com mão de que não se defina o percentual que deva ser gasto pelo ferro e esmaga Estados e Municípios. Pela legislação NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 67 48914 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 atual, a parte fundamental do bolo da receita é oriun- miliares do Ministro. E, agora, há fraude documentada da das contribuições sociais, 56% do grande bolo da para levar gastos nos preparativos da Copa do Mundo receita, que já ultrapassa 1,3 trilhão e chegará, até o no Estado do Mato Grosso, em Cuiabá, 700 milhões a final do ano, até o ano-novo, a R$1,5 trilhão; 56% des- mais de gastos. Fraude documental. se montante são oriundos das contribuições sociais, Nós estamos esperando a confirmação da vinda e as contribuições sociais não são depositadas, não do Ministro Mário Negromonte ao Senado Federal, na contribuem com a formação do Fundo de Participação próxima quarta-feira, quando poderemos questioná-lo dos Estados e Municípios, ou seja, Estados e Municí- sobre essas quatro denúncias que alcançam o seu pios não participam dessa receita, não se beneficiam Ministério. dessa receita. Há uma concentração de recursos nos Diante desses fatos, já foram cinco Ministros que cofres da União. Foi exatamente essa realidade que caíram; outros dois estão agora sob alvo da mira da estimulou o debate sobre a distribuição de royalties opinião pública, da imprensa, da oposição. Deveriam no Congresso nacional, que contou inclusive com a também ser afastados. Completaríamos sete. E nós ausência da Presidência da República, que, neste pre- vamos assinar um cheque em branco de R$62 bilhões sidencialismo forte, deveria esta à frente, articulando para esse Governo? e buscando o consenso. (Interrupção do som.) Mas eu posso, Senador Mozarildo, discordar de V. O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR) – Es- Exª em relação à ,desvinculação dos recursos da União. tou concluindo. Há, realmente, estabilidade e responsabilidade E aqueles que, de boa-fé, acreditaram que havia fiscal. Isso é a herança boa do Plano Real e, portan- uma faxina em curso no Governo já se decepcionaram. to, nós poderíamos dispensar essa desorganização Conseguiram enganar com esse marketing incompeten- orçamentária – trata-se de desorganização orçamen- te de que se realizava uma faxina no Governo do Brasil tária. Mas eu posso, do ponto de vista da ética, dizer até setores da imprensa internacional, mas, nesses que todos nós que não concordamos com a prática dias, mesmo esses setores da imprensa internacio- política adotada pelo Governo, com o loteamento de nal já se apresentam frustrados, porque confirmaram cargos, fábrica de grandes escândalos, os escândalos que não há faxina alguma no Palácio do Planalto, na se sucedem todos os dias, eu não considero adequa- Esplanada dos Ministérios. O que há aqui é conivên- do entregar a um Governo, que é complacente com a cia, é complacência, é, acima de tudo, cumplicidade corrupção, que é conivente com ela, que é cúmplice com a corrupção. dela, um cheque em branco de R$62 bilhões, que é o O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ que corresponderia à Desvinculação de Recursos da PMDB – MS) – Inscrito para falar pela Liderança do União (DRU). São R$62 bilhões para o Governo apli- PMDB o Senador Renan Calheiros. car onde desejar! O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL. É evidente que eu posso suspeitar de má-fé. Como Como Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, não suspeitar de má-fé quando a Presidente da Repú- Srªs e Srs. Senadores, nos últimos anos, o Brasil vem blica não demite um Ministro que mente ao Congresso passando por uma profunda transformação socioeco- nacional, cometendo crime de responsabilidade, que nômica que alterou positivamente o perfil da socieda- admite uma fábrica de sindicatos no seu Ministério, de brasileira. A recente expansão da economia se deu que admite cobrança de propinas com documento es- basicamente em virtude da conjugação de três fatores: crito, compromisso assumido por escrito de repassar o aumento da massa salarial, os reajustes do salário recursos se a carta sindical for registrada para a sua mínimo acima da inflação e os programas sociais do entidade? E foram 1.547 cartas sindicais em três anos, Governo Federal. Resultado desse esforço foi a expres- com mais de 2.000 em tramitação. siva redução da pobreza, a migração social, o aumento E no outro Ministério? O Ministério das Cidades do consumo e o fortalecimento do mercado interno. agora, que é a bola da vez, recebeu quatro denúncias Apesar de todo esse esforço, reconhecido mun- graves desde agosto. A primeira, que existiria o paga- dialmente, todos sabem, através de sucessivos prêmios mento de mesada em troca de apoio político, o cha- internacionais recebidos pelo Presidente Lula – e por mado mensalão; a segunda fazia referência a desvios falar no Presidente Lula, mais uma vez, quero, desta de recursos no programa Minha Casa, Minha Vida; a tribuna, desejar muita força na recuperação da sua terceira, que houve uma festa, que a revista Época de- saúde. O País continua mobilizado, pedindo a Deus nominou de “A festa do bode”, no interior da Bahia, em todos os dias que isso aconteça rapidamente –, apesar que recursos públicos foram utilizados em benefício de de tudo isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o familiares do Ministro, para beneficiar politicamente fa- Brasil ainda precisa fazer o dever de casa em relação 68 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48915 a um dos temas mais candentes da atualidade, que isso – para reduzir a oferta, mas elas, infelizmente, não é a segurança pública e um dos principais braços do esgotam o problema. Mesmo sabendo que o aumento crime: o consumo e o tráfico de drogas, verdadeira no número de homicídios está ligado à proliferação do epidemia que está matando nossos jovens, nosso fu- crack, é preciso investir – e rapidamente – na multi- turo e comprometendo nossa vocação de crescimento. plicação de centros de tratamento especializados. Os A banalização está associada a uma droga mais centros de atendimento psicossocial, por exemplo, são barata mais letal e que gera dependência der manei- insuficientes para o atendimento, e a recomendação ra instantânea, que é o crack. Ele se espalhou muito mundial é de um centro para cada setenta mil habi- rapidamente pelo País e, além de tragédias diárias, tantes. Até mesmo os leitos de rápida desintoxicação, como mortes, degradação, roubos e agressões, ele hoje são apenas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senado- está sobrecarregando o nosso já sobrecarregado sis- res, dois mil e quinhentos e precisam chegar, no Brasil, tema de saúde. rapidamente a dez mil unidades. O mais recente levantamento feito pela Confede- Precisamos, urgentemente, reduzir os números ração Nacional dos Municípios é alarmante. Ele revela dessa tragédia. Segundo o próprio Conselho Federal de que o crack está substituindo o álcool nos Municípios Medicina, o crack mata um terço dos usuários, apenas de pequeno porte e áreas rurais. Em outras palavras, um terço deixa o vício e outro um terço permanece no Sr. Presidente, em português claro, significa dizer que vício. Ou seja, dois terços têm muita dificuldade para o crack está generalizado no País. Dentre os 4,4 mil se livrarem da droga. Municípios pesquisados, 89,4% indicaram que enfren- Ninguém no mundo tem ou teve um modelo vi- tam problemas com a circulação de drogas em seu torioso de combate ao crack, já que o consumo dessa território e 93,9% com o consumo. O uso de crack é droga está muito associado ao perfil econômico do comum em 90,7% dos Municípios. Ele já não distingue País. Enquanto, nos países do primeiro mundo, houve mais classes e está espalhado por toda a sociedade. uma migração para anfetaminas, no Brasil, ocorreu a O custo efetivo das ações de combate ao crack e ou- corrida para o crack, e, agora, corremos o risco de en- tras drogas nos Municípios chega a R$ 2,5 bilhões. frentar uma droga ainda mais destrutiva e mais barata, A pesquisa mostra ainda que, em 67% das ci- conhecida como óxi. dades brasileiras, o consumo de crack já está acar- O escritório das Nações Unidas sobre drogas e retando problemas extras para os serviços públicos crime revelou, em sua última publicação, um aumento de saúde, e nada menos do que 58% dos Municípios vertiginoso na circulação do crack no Brasil. Em apenas relataram problemas com a segurança devido ao cra- cinco anos, o Brasil passou a responder por 81% do ck e outras drogas. crack apreendido em toda a América do Sul. A droga já O consumo, Sr. Presidente, Srs. Senadores, con- é a segunda maior causa de procura nos atendimentos forme pesquisa anterior, já atinge 98% dos Municípios do SUS especializados em abuso de álcool e drogas. brasileiros. Isso é, com todas as letras, uma epidemia, O crack, Sr. Presidente, Srs. Senadores, hoje, no Bra- e uma epidemia que já foi reconhecida pelo próprio sil, só perde em atendimento do SUS para a bebida. Conselho Federal de Medicina. É como epidemia, Em Alagoas, como nos demais Estados, a situ- como estado grave de saúde pública que esse pro- ação é alarmante. A imagem de santos destruídos no blema deve ser enfrentado. altar da escola estadual Benício Dantas, virou, infeliz- O Governo estima que perto de 0,7% da popula- mente, o símbolo na luta contra o tráfico de drogas. A ção seja dependente, o que indica perto de um milhão escola foi invadida inúmeras vezes, teve salas, corre- de usuários. Esse percentual é assustadoramente dis- dores e banheiros destruídos, e o ginásio de esportes crepante dos dados da Organização Mundial de Saúde, virou uma cracolândia. O mais urgente, neste momento, que projetam seis milhões de dependentes no Brasil, é investir nos centros de recuperação, que são muito ou seja, o equivalente a 3% da população. poucos em todo o Brasil. A complexidade e a urgência do problema que Para este ano, a previsão do Governo foi de um está dizimando famílias exigem um programa harmôni- investimento de R$410 milhões para combater o con- co e com metas e prazos a serem atingidos. É preciso sumo de crack e outras drogas em três frentes: a pre- conjugar políticas de segurança pública, ações sociais venção, o combate ao tráfico e o tratamento. As ações e políticas de saúde pública. O Plano Nacional de Com- estão a cargo de quatro órgãos federais: Ministério da bate ao Crack precisa ser harmonizado, atualizado e Justiça, com R$120 milhões; Ministério do Desenvolvi- ter suas atribuições aclaradas. mento Social e Combate à Fome, com R$100 milhões; Ações policiais de repressão e combate ao trá- Secretaria Nacional Antidrogas, com outros R%100 fico são recomendáveis – claro, sempre defendemos milhões e Ministério da Saúde, com R$90 milhões. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 69 48916 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Até julho, o Ministério da Saúde tinha executado tanto a vigilância maior das fronteiras, como o proble- boa parte do orçamento na ampliação da assistência ma de atenção ao usuário. Se você combate as duas direta à saúde de usuários de crack e outras drogas, pontas, o fornecedor e o usuário que fica dependente, como também na capacitação de profissionais de saúde nós vamos ter realmente um País melhor. Quero cum- que atuam neste segmento. As ações incluem ainda primentar V. Exª pelo oportuno tema e o brilhantismo aquisição de equipamentos, custeio e implantação de com que aborda o mesmo. Centros de Atenção Psicossocial; qualificação profis- O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) – sional; capacitação de novos profissionais de saúde; Eu agradeço, sensibilizado, o aparte a V. Exª, Senador manutenção de consultórios de rua; implantação de Mozarildo Cavalcanti, e concordo inteiramente com ele. Casas de Acolhimento Transitório; financiamento de É fundamental que haja a unificação dessas políticas leitos de internação específicos para usuários de ál- públicas. A Presidente Dilma tem tomado iniciativas e cool e drogas. talvez seja esta mesmo a hora de nós trabalharmos O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- para garantirmos, no orçamento da União, recursos nador... para que essas políticas públicas sejam levadas adiante. O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) É com muita satisfação que agradeço o aparte a – Eu interrompo para, com muita satisfação, recolher V. Exª. Nós temos que combater o tráfico, que cuidar o aparte desse querido amigo, Senador Mozarildo das fronteiras. Mas nós temos que garantir o atendi- Cavalcanti. mento, o tratamento, a recuperação e, para que tudo O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- isso aconteça, precisamos fundir essas políticas, ga- nador Renan, eu quero cumprimentá-lo pelo tema que rantir recursos e acreditar que os resultados virão. Te- aborda, porque todo cidadão brasileiro deve estar muito nho absoluta convicção de que com essa determina- preocupado com o que vê toda hora na televisão so- ção, com essa mobilização e com esses esforços os bre o consumo do crack. Mas, como disse muito bem resultados virão mesmo. V. Exª, tem outras drogas que passam, como álcool, Obviamente, Sr. Presidente, ninguém espera por exemplo. Eu fico feliz quando vejo a Rede Globo resolver esse problema, esse drama num passe de fazer um programa de combate ao fumo de maneira mágica. O que é preciso, urgentemente, como falei, intensa, mas não vejo a mesma coisa em relação ao como o Senador Mozarildo falou, é articular as polí- álcool. E todos os especialistas dizem que o álcool é a ticas, integrar os órgãos, harmonizar as ações, para grande porta para as demais drogas. V. Exª disse que que não condenemos toda uma geração à morte pela os gastos com os usuários de droga são muito maiores inação dos órgãos públicos, pela falta de políticas har- do que com os outros. E se o álcool é a porteira, qual monizadas, pela falta de recursos. adolescente não prova álcool – e tenho testemunho – Era isso que tinha a comunicar. com 13 ou 14 anos de idade? Um outro fato, Sr. Presidente, e já encerro, que O SR. RENAN CALHEIROS (Bloco/PMDB – AL) queria comunicar desta tribuna do Senado Federal, é – É muito comum. que nos últimos dias, sobretudo, durante esses meses O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Então, todos, esses últimos anos, nós temos somado esforços são muito importantes alguns pontos a que V. Exª se em favor da construção de um estaleiro no Município refere e quero aqui adicionar mais um. É lógico que o de Coruripe, no Estado de Alagoas. Ultimamente, como programa de atenção ao usuário de qualquer dessas falei, tenho conversado com o Governador do Estado, drogas, especialmente do crack que é devastador, é pessoalmente e por telefone. Conversamos com a Pre- fundamental. Os programas de prevenção e tratamento sidenta Dilma, conversamos com o ex-Presidente Lula, são muito importantes. Mas há o abastecimento, que quando ele esteve aqui para tratar da reforma política, nós precisamos atacar. E não atacar simplesmente por há alguns meses, conversamos com a diretores da meio da apreensão de drogas. Graças a Deus que a Petrobras para que o Estado de Alagoas não deixe de Presidente Dilma lançou um plano que não existia no ter, neste momento importante para a atração desse Brasil, que é o Plano Estratégico de Fronteiras, porque investimento que vai gerar desenvolvimento, empre- é pelas nossas fronteiras, notadamente as terrestres, go e renda para os alagoanos, o apoio da Petrobras. que entram as armas e as drogas que vêm de países Temos várias frentes que estão sendo trabalha- como a Colômbia, a Bolívia, o Peru e outros vizinhos das. Uma delas, Sr. Presidente, é a licença ambiental nossos que têm fronteiras secas ou aquáticas com o para o estaleiro, que já foi encaminhada. Tivemos uma nosso País. Depois que foi aprovada a Lei do Abate, o audiência com o Governador do Estado e a Bancada avião deixou de ser usado, mas, mesmo assim, ainda Federal toda, os Deputados e Senadores, com a Mi- é. Portanto, tem que se fazer um casamento de ações, nistra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e a questão 70 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48917 está sendo resolvida. Uma outra frente é que se en- transporte para ninguém. Portanto, as rodovias é que cerrou o prazo do estaleiro de Alagoas no Fundo da são realmente o grande meio de transporte para es- Marinha Mercante. É uma coisa que, sem problema coar a produção, para levar os alunos principalmente nenhum, pode ser renovada e será renovada. Essa é das áreas rurais para as escolas. a garantia que todos nós temos. Mas precisamos, fun- É alarmante ver os escândalos que já foram pu- damentalmente, garantir, junto à Petrobras especial- blicados na imprensa nacional, que são denunciados mente, o pedido para que sejam construídas sondas quase diariamente na imprensa local, aliás pelo único pelo estaleiro de Alagoas. Isso é fundamental para que jornal que faz oposição ao atual Governador e que, por- a empresa, o empresário, possa dar as garantias que tanto, é o único que tem a coragem de dizer a verdade. o financiamento exige. Falamos com a Presidenta Dil- Quero aqui chamar a atenção dos senhores, com ma, tivemos outras reuniões com setores do Governo dados oficiais. Todas as vezes que faço denúncias e e esperamos que isso efetivamente evolua. mostro essas roubalheiras, quero mostrar números Faço da tribuna do Senado Federal esse apelo. O que são oficiais. Em valores de hoje, podemos fazer Estado de Alagoas precisa muito desse investimento. um comparativo geral. É um investimento privado, claro que é um investimen- De 2003 até 2006, em quatro anos, portanto, o to privado. Dez estaleiros serão construídos no Brasil total de recursos que foi para Roraima, para essas nesses próximos meses, no rastro do pré-sal. Cinco rodovias federais, notadamente para a BR-210, que estaleiros já foram começados. É fundamental também é uma rodovia que une os Municípios de Caracaraí, que, nesse esforço nacional, tenhamos o estaleiro de de São João da Baliza, de São Luiz do Anauá e de Alagoas. O que for preciso fazer, como tenho dito, vou Caroebe, foi de R$13 milhões; para todas as rodovias, continuar fazendo para que possamos concretizar esse foram destinados R$114 milhões. estaleiro fundamental para o Estado, para o desenvolvi- De 2007 a 2010, ano da eleição – depois, vou mento e para a geração de renda que vai, sem dúvida dar os dados de 2011 também –, durante o governo do nenhuma, melhorar a vida dos alagoanos. atual Governador, que está em processo de cassação Muito obrigado, Sr. Presidente. pelo TRE – ele já foi cassado uma vez e está no TSE O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ para ser cassado na próxima semana, já no segundo PMDB – MS) – Com a palavra o Senador Mozarildo processo, Senador Renan, em que já há dois votos Cavalcanti. pela cassação, além do parecer do Ministério Público O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR. –, foram destinados para Roraima R$569,2 milhões, Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do ora- praticamente R$570 milhões, enquanto, nos quatro dor.) – Sr. Presidente, Senador Waldemir Moka; Srs. Senadores; Srªs Senadoras; telespectadores da TV anos anteriores ao governo dele, foram destinados Senado; ouvintes da Rádio Senado; pessoas que nos para o Estado apenas R$114 milhões. Quer dizer, é dão a honra de suas presenças na nossa tribuna, uma uma coincidência que o Governador, assumindo em das coisas mais tristes, porém mais nobres, da função 2007, já em campanha, tenha conseguido levar tan- de um parlamentar é fiscalizar e denunciar as coisas tos recursos para Roraima, mas o pior é que, mesmo erradas que são feitas. É um rótulo até muito suave assim, as estradas estão intransitáveis. dizer “coisas erradas” para aquilo que podemos cha- Na BR-174, que liga a capital Boa Vista à capital mar de roubalheira, o que é feito em alguns setores do Amazonas, Manaus – é brincadeira! –, há placas da vida pública nacional, e, hoje, quero abordar isso com o número de buracos e de trechos em que não no meu Estado. se transita. Na BR-210, que é essa de que falei e que Tenho recebido diversas mensagens e telefone- une os quatro Municípios de Caracaraí, de São Luiz mas, minha equipe no Estado tem feito visitas, foto- do Anauá, de São João da Baliza e de Caroebe, os grafado e filmado o estado das rodovias federais em moradores de lá não a chamam de rodovia nem de Roraima. Hoje, na verdade, há seis rodovias federais no BR, chamam-na de buraqueira, de lamaçal, porque Estado, que é um Estado quase do tamanho do Estado não dá para transitar ali. Todo ano, há uma obra atrás de São Paulo, um Estado que fica no extremo norte. da outra, tapa-buraco, recapeamento, e a rodovia con- E, apesar de o meu Estado estar na Amazônia e de tinua como quando começou a ser construída. Isso já todo mundo achar que na Amazônia só há transporte foi objeto de investigação pelo próprio Ministério dos pelos rios, os rios, no meu Estado, não são navegá- Transportes, pelo Tribunal de Contas da União (TCU) veis, exceto a parte sul do chamado rio Branco quando e pela Controladoria-Geral da União (CGU), e o Mi- desemboca no rio Negro, no Amazonas. O resto dos nistério Público Federal está investigando detalhes, rios não é navegável, não serve, portanto, de meio de porque isso não é possível. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 71 48918 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Se considerarmos até o ano de 2011, até este mo- Por falar em Incra, também quero chamar a aten- mento, já foram liberados para o Governo de Roraima, ção para o fato de que recursos da Contribuição sobre para essas rodovias federais, R$745 milhões. Vejam Intervenção no Domínio Econômico (Cide), cobrada do bem, meus caros amigos de Roraima, notadamente os combustível que todo mundo consume e destinada a do interior: foram liberados R$745 milhões! Só para a rodovias estaduais, às chamadas rodovias vicinais, fo- BR-174, que liga Boa Vista a Manaus e também Boa ram para Roraima, de 2007 a 2011, no valor de R$39,8 Vista à Venezuela, foram destinados R$511 milhões. milhões, quase R$40 milhões. E as estradas vicinais E é a rodovia da roubalheira e da buraqueira! estão ainda em pior estado do que as rodovias federais. Para a BR-210, já mencionada, ao todo, até 2011, Então, é um descalabro, é uma roubalheira mesmo! foram destinados R$150 milhões. É uma molecagem o Nisso tem de ser colocado um fim! que se faz! A BR-432, que era uma rodovia estadual, a Vou fazer, novamente, um ofício para o novo antiga RR-170, que, por lei de minha iniciativa, trans- Ministro dos Transportes e para o novo Diretor do De- formou-se em rodovia federal, recebeu apenas R$23 partamento Nacional da Infraestrutura de Transporte milhões. Ela é uma rodovia estratégica que se une à (Dnit), que, por sinal, é um roraimense, é uma pessoa de BR-401 e vai até a BR-174 e a BR-210, passando por Roraima, e vou pedir providências também ao Tribunal uma área extremamente produtiva do Município do de Contas da União, para que, de fato, seja estancada Cantá, do Município de Caracaraí. Já que quem des- a roubalheira e para que o Governo Federal assuma a tinava a maioria das emendas para essa região era eu execução dessas obras, que, hoje, estão delegadas ao – e não faço parte de roubalheira –, o valor liberado foi Governo estadual, que nada mais faz do que roubar. bem menor. Para a BR-433, outra rodovia que era esta- Então, não é possível mesmo que continue desse jeito. dual e que, fruto de um trabalho meu, foi transformada Defendo que tudo o que se faça no Estado ou no em rodovia federal, foram liberados apenas R$19 mi- Município seja delegado para o Estado e para o Muni- cípio, mas, nesse caso, defendo o contrário, defendo lhões. Enquanto isso, para a BR-174, foram destinados que o Governo Federal assuma essa responsabilidade R$511 milhões e, para a BR-210, R$105 milhões. Ao e, inclusive, utilize o Batalhão de Engenharia de Cons- todo, foram destinados para o Estado R$745 milhões. trução, que lá está e que é do Exército, para fazer a Estou dizendo todos esses números aqui de maioria das obras, porque aí não vai haver roubalheira. maneira muito clara. A planilha está aqui. Vou pedir a Ou que contrate empresas para fazê-lo – nada tenho V. Exª, Senador Anibal Diniz, que ela seja transcrita contra as empresas –, desde que sejam empresas idô- como parte integrante de meu pronunciamento, para neas, empresas que tenham capacidade de execução que fique registrado nos Anais do Senado que aqui não da obra, e desde que a obra seja fiscalizada palmo compartilho com isso ou faço de conta que não estou a palmo. Não é possível precisarmos das rodovias, vendo essa roubalheira. Lembro a figura daqueles três elas existirem pelo menos no traçado geográfico do macaquinhos: um deles fica com as mãos nos olhos, Estado, mas não serem, de fato, concluídas e feitas para dizer que não está vendo; o outro fica com as duas de maneira correta. mãos no ouvido, para dizer que não está ouvindo; e o E olha que meu Estado, Senador Anibal, diferente terceiro fica com as duas mãos na boca, para não falar. do seu Estado e do restante da Amazônia, não é aquela Eu não só estou vendo as roubalheiras, como também área da Amazônia em que chove todo o ano. Em meta- estou ouvindo as denúncias e estou falando da tribuna de do ano, não chove; na outra metade do ano em que do Senado, porque é meu dever, como Senador, como chove, dá até para se trabalhar. Mas, pelo menos na Parlamentar, como representante do meu Estado, de- metade do ano, pode-se trabalhar sem chuva. Então, nunciar e chamar a atenção dos órgãos fiscalizadores. não há a desculpa de dizer: “É difícil construir estrada Não posso aceitar isso em um Estado pequeno na Amazônia”. Isso não ocorre na Amazônia de Rorai- como o meu, carente de um monte de coisas. Inclusive, ma. Na Amazônia que vai, por exemplo, do Amazonas 57% de seu território são reservas indígenas. Portanto, para Rondônia, onde há uma rodovia importante que não pode haver ações nem estaduais nem mesmo fe- não está concluída, que é a 369, realmente há dificul- derais nessas áreas, a não ser aquelas que os índios dade de se construir, mas isso não ocorre nas nossas desejem. Fora isso, há mais 20% de áreas de conser- rodovias, não. vação, de reservas ecológicas, como queriam chamá- E as vicinais, então? Lá de Caroebe, um Municí- -las. Portanto, sobram ao Estado em torno de 20% de pio situado no extremo oeste, na fronteira com o Pará sua área territorial. Nesses 20%, está a população – nosso Estado faz fronteira com o Pará –, tenho re- que produz e que foi levada para lá, Senador Anibal, cebido reclamações de produtores de banana, que é a pelo Incra, que fez assentamentos, que fez rodovias. grande produção daquele Município, de que as rodovias, 72 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48919 tanto as federais, quanto as estaduais, as chamadas Eu me lembro sempre da frase do grande líder vicinais, são inexistentes, porque, como eles dizem, negro norte-americano, Martin Luther King, que disse não existe verdadeiramente uma rodovia, existe um que o que mais o preocupava não era o grito, a ousadia, caminho cheio de buracos e de lama, quando chove, a corrupção dos maus, mas, sim, o silêncio dos bons. e cheio de poeira, quando não chove. O que acontece se os bons ficam calados, se os bons Na verdade, é triste ter de vir à tribuna, mais uma acham que não vale a pena denunciar, que não vale a vez, para fazer essa denúncia. Como diz a Presidente pena apontar esses erros? Qualquer cidadão, por mais Dilma: “Não podemos pactuar com os malfeitos”. Eu simples que seja, pode denunciar. Quando vê uma coisa acho que malfeito ainda é uma coisa suave. Quando errada, uma roubalheira, ele pode denunciar até ano- um filho nosso faz uma má-criação, uma desobediên- nimamente. Se não denunciar para a Polícia do Esta- cia, isso é um malfeito. Isso eu chamo de roubalhei- do – infelizmente, o Governador manda na Polícia do ra mesmo! Nem uso a palavra “corrupção”, porque é Estado –, pode denunciar para a Polícia Federal, para muito suave, muito soft, muito intelectualizada. O que o Ministério Público Estadual, que tem independência, existe mesmo lá é roubalheira! para o Tribunal de Contas, para o Ministério Público Fe- O atual Governador assumiu porque o Governador deral, ou, então, pode mandar as denúncias para mim. titular morreu. Ele não recebeu nenhum voto, era um Vou, logicamente, analisá-las e denunciar, porque não fui eleito para compactuar com a destruição do meu ilustre desconhecido que nunca tinha disputado nenhu- Estado. Pelo contrário, fui eleito para colaborar para ma eleição. Ele assumiu pela morte do Governador. A que as pessoas do meu Estado possam viver melhor, partir daí, concentrou um trabalho imenso em se ele- e, com esse tipo de roubalheira, as pessoas do meu ger, perdeu o primeiro turno e, no segundo turno, virou Estado não vão viver melhor. Pelo contrário, a cada dia e ganhou por mil votos, fazendo os maiores absurdos que passa, principalmente os mais pobres sofrem mais, do mundo, entre os quais está o recurso no Tribunal porque ficam ilhados em Caroebe, em Rorainópolis, Superior Eleitoral que trata do uso da rádio do Gover- naqueles Municípios mais distantes, sem poder trans- no para fazer campanha desde que ele assumiu até portar o pouco que produzem, sem poder se locomover o dia da eleição. Inclusive, ele faz campanha radical e no momento de uma doença ou até mesmo sem poder mentirosa. Dizem: “Ah, mas só porque usou a rádio?”. mandar seus filhos para a escola. Essa Rádio Roraima, que é do Governo, Senador, é Então, quero concluir meu pronunciamento, até a grande comunicadora do Estado, porque é ouvida mesmo antes de finalizar o meu tempo, Senador Ani- em todo o Estado, diferentemente de outras rádios bal Diniz, que preside a sessão, reiterando o pedido que existem lá. Há uma única da oposição. Quanto às de transcrição dessas tabelas, porque realmente é televisões, nem a Globo tem repetidoras eficazes que um escândalo que não pode ficar impune. Não pode- possam levar informação isenta a toda a população. mos ficar empurrando isso com a barriga ou fazendo Portanto, essa rádio foi decisiva, foi um dos itens de- consertos. Roubalheira se combate com prisão, com cisivos para fazer a diferença de mil votos que o Go- punição dos culpados e com a correção da execução. vernador teve no segundo turno. O Governo do meu Estado não tem moral para Quero concluir, fazendo um apelo à Presiden- tocar essas obras. O Governo Federal tem a obrigação te Dilma, ao novo Ministro dos Transportes, ao novo de rescindir a delegação que faz e de não repassar mais Diretor-Presidente do Dnit e ao Tribunal de Contas da esses recursos para o Governo do Estado, mas, sim, União, à CGU, à Procuradoria da República, porque são executar isso diretamente, de maneira honesta. Não é recursos federais, para que, de fato, ponha-se um fim que um governo de Estado não possa executar isso de nessa roubalheira e para que se punam os culpados, maneira honesta. É que esse Governo que está lá não porque é jogo pesado. Aliás, muita gente, até amigos é honesto, não executa as coisas como devem ser. Isso meus, dizem: “Mozarildo, não entre nessa, porque não já está fartamente comprovado. Mas vou reiterar, repito, adianta, esse é um esquema pesado de corrupção”. ao Ministro, ao Presidente do Dnit e aos órgãos fiscali- Mas aprendi uma coisa, desde cedo: compactuar com zadores o pedido de aprofundamento dessas questões. o mal, compactuar com bandidagem é ser bandido. Fa- Muito obrigado. zer de conta, como eu disse, como os macaquinhos, Peço a transcrição, portanto, dessa matéria. que botam as mãos nos olhos, botam as mãos nos DOCUMENTO A QUE SE REFERE O ouvidos e põem as mãos na boca, também é ser cor- SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI rupto como os outros, mesmo que não pratique o ato. EM SEU PRONUNCIAMENTO. Isso é uma coisa que sempre digo aos jovens do meu (Inserido nos termos do art. 210, inciso Estado, porque eles não podem compactuar com isso. I, § 2º, do Regimento Interno.) NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 73 48920 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 74 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48921 Durante o discurso do Sr. Mozarildo Caval- Mas, enfim, quero hoje registrar correspondência canti, o Sr. Waldemir Moka, 2º Vice-Presidente que recebi dos servidores e funcionários do Serviço deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada Exterior Brasileiro, Sinditamaraty (Sindicato Nacional pelo Sr. Anibal Diniz. dos Servidores do Ministério das Relações Exteriores), que falam das missões, repartições diplomáticas do Durante o discurso do Sr. Mozarildo Ca- Brasil no exterior, a Operação Despertar, bem como valcanti, o Sr. Anibal Diniz deixa a cadeira da das embaixadas, dos consulados e dos organismos Presidência, que é ocupada pelo Sr. Paulo Paim. internacionais no País (Sindinações). O que diz a correspondência, Sr. Presidente? Durante o discurso do Sr. Mozarildo Ca- Diz a correspondência dirigida ao Exmo. Sr. Presi- valcanti, o Sr. Paulo Paim deixa a cadeira da dente da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Presidência, que é ocupada pelo Sr. Anibal Diniz. Participativa do Senado Federal: O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT – “Senhor Senador, AC) – V. Exª será atendido, nos termos do Regimento. Em nome das entidades que representa- Agora, concedo a palavra ao Senador Paulo mos, procuramos V. Exª com vistas a... [dialogar Paim, do PT do Rio Grande do Sul, que está sendo e buscarmos saídas para o que está aconte- prestigiado nas galerias por funcionários do Itamaraty. cendo com o nosso Itamaraty em relação às O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Pronuncia o nossas solicitações]. Como se recordará V. seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Senador Exª, defendemos os interesses de servidores Anibal Diniz, Senador Mozarildo Cavalcanti, Senador e funcionários do Serviço Exterior Brasileiro Pedro Simon, eu vou tratar aqui de dois temas. (Sinditamaraty), das missões e repartições Um, sobre a nossa Constituição e as minhas diplomáticas do Brasil no exterior (Operação preocupações com os direitos dos trabalhadores, que Despertar), bem como das embaixadas, dos estão fazendo com que diversas centrais sindicais pas- consulados e dos organismos internacionais sassem a realizar atos nos Estados em defesa dos di- no País (Sindinações). reitos do trabalhador da área pública, da área privada, [Infelizmente] o Ministro responsável pe- dos aposentados, dos pensionistas e de todos aqueles las Relações Exteriores do Brasil... [não está que são discriminados. apto, no nosso entendimento, a dialogar, a O outro tema, Sr. Presidente, refere-se a uma cor- informar, a negociar saídas para o impasse, respondência que recebi do Sinditamaraty. Eu sei que deixando em xeque a situação dos servidores os companheiros estão aqui, na tribuna, acompanhan- públicos] ...que necessitam, para exercer suas do esse debate. Eu li toda a carta que recebi. Acom- funções, de dignidade, de respeito, da garantia panhei e mediei, num primeiro momento, o processo dos direitos assegurados em lei, compatíveis de entendimento e negociação. E vocês vão perceber com as vicissitudes a que estão sujeitos por que vou discorrer sobre a carta. Diplomaticamente, não servir ao País, ora na Pátria, ora no exterior”. lerei todos os termos que foram usados em relação Aí querem lembrar e fortalecer a memória de to- ao Ministro, mas vou à essência, vou ao coração da dos para o seguinte fato: questão. E vou ler aqui todas as reivindicações que vo- “... que o funcionamento regular das chan- cês apresentaram, e que estão aqui neste documento. celarias requer a harmonização do trabalho de Sr. Presidente, não é com alegria não – é com diplomatas, oficiais de chancelaria, assisten- uma certa insatisfação –que eu venho à tribuna, por- tes de chancelaria, servidores integrantes do que quando eu fiz essa reunião, recebendo as lide- PGPE e do PCC, além de contratados locais. ranças dos funcionários das nossas embaixadas no Ademais, talvez não queira levar em conta exterior e das embaixadas de outros países no Brasil, que os privilégios e imunidades consagrados eu aguardava que pudesse, quem sabe neste mês de pela Convenção de Viena não desobrigam a novembro, dezembro, chegar à tribuna do Senado e obediência a normas e costumes nacionais... falar do grande acordo, nos moldes, por exemplo, do Muito menos autorizam governos estran- que construímos na regulamentação da profissão de geiros e organismos internacionais a violar as motorista, inclusive com os empresários e trabalha- leis locais, particularmente as de natureza tra- dores; que conseguimos, este ano, a regulamentação balhista, como se o país que acolhe missão da profissão dos comerciários, unindo empresários e estrangeira fosse uma pacata e condescen- trabalhadores, e como avançamos em outros temas. dente colônia da era dos impérios”. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 75 48922 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 E diz mais: caso, minha] e aceitaram dialogar com a ad- “Como é do conhecimento de V. Exª, Sr. ministração do MRE”. Senador, os brasileiros contratados por em- A experiência, segundo dizem aqui, não foi po- baixadas, repartições consulares e missões sitiva, ou seja, não alcançou o resultado mínimo que diplomáticas brasileiras encaminharam um esperavam. manifesto à Excelentíssima Senhora Presi- “A Operação Despertar não foi reconhe- dente da República, com cópia para... [V. Exª cida [sequer] pelos advogados da União ou e para outras] autoridades do País. pela administração do Itamaraty. O documento denunciou o histórico des- Para que as reivindicações dos contra- caso com relação à situação funcional desses tados locais sejam recebidas pelo MRE, a trabalhadores, cujos vínculos empregatício e Advocacia-Geral da União exigiu a criação de previdenciário são precários e que perdem uma associação representativa de classe, o poder de compra, em razão de salários defa- que visa a protelar a oitiva dos anseios desses sados há mais de dez anos. trabalhadores e a desmotivá-los de promover Ao contrário de outras autoridades que qualquer reivindicação. também receberam essas reclamações, V. O Sindinações não conseguiu obter do Exª [referindo-se, naturalmente, à Comissão cerimonial do MRE qualquer ação profícua de Direitos Humanos] convocou prontamente uma audiência pública para melhor compre- contra os abusos praticados por diplomatas ender o assunto”. estrangeiros contra trabalhadores brasileiros. No processo judicial aberto contra o Pre- Infelizmente, tivemos naquele período o faleci- sidente do Sindinações, a resposta do MRE mento do nosso querido – o querido é por minha con- ao pedido de apuração dos fatos foi o envio ta, mas sei que eles concordam – ex-Presidente da à Justiça da opinião unilateral do diplomata República e Senador desta Casa, Itamar Franco, que estrangeiro. acabou, com isso, suspendendo a realização do evento. O Sinditamaraty tampouco conseguiu “V. Exª propôs, então, reunião entre re- fazer prosperar sua tentativa de apresentar e presentantes da administração do MRE, do defender as reivindicações dos funcionários movimento “Operação Despertar”, do Sindi- do MRE. nações e do Sinditamaraty, em busca de um É verdade que o Itamaraty se importa [grande] entendimento. pouco com a sorte de seus servidores, com No entanto, conforme relatado verbal- a condição dos contratados locais nos postos mente a Vossa Excelência,... [esse campo de no exterior...”. entendimento não avançou]. Enfim, dizem estar fazendo essa reclamação por O diálogo como mecanismo privilegia- estarem preocupados com o destino dos brasileiros que do de solução de controvérsias,... [não acon- trabalham em representações diplomáticas e consula- teceu]”. res estrangeiras sediadas aqui no território nacional, Enfim, a interlocução que esperavam que acon- ou seja, no Brasil. tecesse entre funcionários, servidores e o Itamaraty E as embaixadas aqui chegam ao cúmulo de igno- até o momento não resultou em nada. rar as normas da CLT. O mesmo fazem os organismos “Assim agindo, evidenciou, uma vez mais, internacionais, entre eles, o Pnud, que, na verdade, o que já se sabe, ou seja, que o MRE é uma não cumpre as relações trabalhistas. caixa preta cujos segredos exclusivos... [não Pelo que dizem aqui, nos encontros realizados temos acesso a eles]. entre os trabalhadores e a administração do Itamaraty, Nem mesmo os sucessivos governos têm ficou patente que a chefia não parece disposta a to- conseguido desvelar a denúncia da Operação mar conhecimento de tudo isso que nos relatam aqui. Despertar, constituindo, apenas, [como dizem E nos pediram que viesse à tribuna do Senado, o que eles], a ponta de um iceberg. estou fazendo neste momento. Em síntese, os representantes da Ope- “O que chega ao conhecimento da Cor- ração Despertar, do Sindinações e do Sindi- regedoria do Serviço Exterior dificilmente rece- tamaraty atenderam a sugestão de V. Exª [no be o tratamento adequado [que gostaríamos]. 76 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48923 Esta, aliás, tem deixado de cumprir sua para a nomeação dos 75 candidatos exceden- função de buscar apurar indícios de provas tes do concurso para a carreira de Oficial de suficientes para a abertura de processos dis- Chancelaria, realizado em 2009”. ciplinares [...]. É aquela velha história: realizam o con- Se o Senhor Senador pedir ao Ministro curso, não chamam, fazem outro concurso e das Relações Exteriores que disponibilize a continuam não chamando. Enfim, é um proble- esta Comissão de Direitos Humanos a cor- ma da máquina pública brasileira, que tenho respondência ostensiva trocada nos últimos aqui comentado diversas vezes na tribuna. meses entre a Secretaria de Estado e a Em- “Outras demandas nossas são: remu- baixada em Lusaca, por exemplo, tomará, neração por subsídio para todas as carreiras então, conhecimento de problemas funcionais do Serviço Exterior Brasileiro; promoção dos graves que deixam de ser considerados pela servidores das carreira de Chancelaria, que, administração do MRE. desde 1993, aguardam vaga para a Classe Em suma, [Sr. Presidente], os servidores Especial; revisão dos mecanismos de remo- do Quadro Permanente do MRE e os contrata- ção com estabelecimento de regras objetivas dos locais dos postos do Itamaraty no exterior e transparentes, que coadunem os interesses reivindicam nada menos do que a elaboração da Administração e os dos servidores e cum- e a implementação de uma política de recursos primento de Decreto 6.856/09. humanos para o órgão. Já a Operação Despertar, que compõe Do ponto de vista dos trabalhadores, os funcionários locais, ou seja, que trabalham essa política precisa ter como pressuposto em embaixadas e consulados brasileiros no fundamental o reconhecimento das pessoas exterior está solicitando: [que haja a devida como bem estratégico de maior importância”. adequação] reajuste salarial imediato, com base nos índices de inflação dos respectivos Isso vale não só em nosso País, mas no mundo. países, descontados os percentuais dos rea- “Em anexo, V. Exª encontrará a Pauta justes que, porventura, tenham sido concedidos de Reivindicações Unificada que a Operação no mesmo período de forma individual ou co- Despertar elaborou em agosto último. letiva a cada funcionário; pagamento imediato O Sinditamaraty anexa, ainda, cópia dos das parcelas do empregador ainda não pagas ofícios que encaminhou ao Ministro das Rela- relativas às contribuições previdenciárias de ções Exteriores, ao Secretário-Geral das Rela- todos os contratados locais assegurados pelo ções Exteriores e ao Subsecretário-Geral das INSS [ou seja, que se pague a Previdência]; a Relações Exteriores, comunicações que não lista de todos os contratados locais contratados mereceram [segundo nosso entendimento], em todos os postos mundo afora; alteração do por parte das mencionadas autoridades... [a Decreto 1.570/95, para incluir a legislação tra- devida atenção]. balhista e previdenciária brasileira como sub- Nessas condições, Senhor Senador, a sidiaria à lei local [ou seja, que se respeite a Operação Despertar, o Sindinações e o Sindi- CLT e as normas que norteiam a previdência tamaraty contam com o empenho e a genero- de todos os brasileiros]; inclusão dos auxiliares sidade de Vossa Excelência no sentido de abrir locais como empregados de apoio à carreira do canais pelos quais as vozes dos servidores e serviço exterior, ou seja, dos auxiliares locais funcionários possam ser ouvidas. onde não exista legislação local previdenciária Por fim, eles reafirmam aqui as suas de- que permita a filiação dessas pessoas [o que mandas, [Sr. Presidente]. entendo mais do que justo]. Por parte do Sinditamaraty pedimos que Nessas condições, Sr. Senador, concluem sejam asseguradas as mesmas garantias quan- [as lideranças desses trabalhadores do Itama- raty dizendo]: a Operação Despertar, o Sindina- to à concessão de passaportes aos servidores ções, o Sinditamaraty contam com o empenho do Serviço Exterior Brasileiro, inclusive inativos, e a generosidade de V. Exª no sentido de abrir podendo, inclusive, promover futuramente a al- canais pelos quais as vozes dos servidores e teração/adaptação do decreto à vontade da lei. funcionários possam ser ouvidas.” Ademais, solicitamos que intervenha jun- to ao Ministério do Planejamento, Orçamento Li, conforme foi acordado, a carta. Tentei ser o e Gestão para obter a necessária autorização mais fiel possível. Fui além inclusive do que ia inter- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 77 48924 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 pretar, porque, à medida que fui lendo, fui, na verdade, defesa dos trabalhadores das áreas pública e privada, seguindo exatamente o que estava escrito. E digo a dos aposentados e pensionistas e de todos aqueles vocês, aqui da tribuna do Senado, que vou encaminhar que são discriminados. este pronunciamento às autoridades competentes com Continuo, Sr. Presidente, com esse compromisso o único objetivo de que seja retomado o diálogo e a de vida e com essa coerência em todo período no qual negociação. fiquei na Câmara, por quatro mandatos; e também aqui Esperamos que, a partir deste momento, consi- no segundo mandato como Senador da República. gamos fazer com que prevaleça o bom senso e sejam Mas, Sr. Presidente, fomos eleitos, eu e mais uma assegurados a esses trabalhadores os pleitos mínimos pequena bancada de lideranças sindicais, não só do que aqui são solicitados. Faremos esse encaminha- PT, mas do PMDB, do PCdoB, do PDT, depois veio o mento. (Palmas). MUP, do PMDB, que foi fundamental. Lembro-me de Sr. Presidente, aproveitarei ainda este espaço outros quadros que hoje estão no PSB, no PC; enfim, que tenho nesta manhã de sexta-feira. Eu fui Deputa- de outros partidos com o firme propósito de avançar do Federal Constituinte e tenho uma bela recordação nos direitos dos trabalhadores. daquele período do bom debate, do bom combate. Tínhamos um compromisso inabalável e vínhamos Nós fazíamos oposição. A sociedade organizada e os sufocados por anos de ditadura e retração econômica, caras-pintadas foram fundamentais para aprofundar principalmente com o agravamento da crise econômica cada artigo, inciso, linha; enfim, o que está hoje na no início dos anos 80. A inflação alta, o desemprego, nossa Carta Magna. a falta de perspectiva econômica de curto prazo ... Por isso, Sr. Presidente, quero lembrar que agora (Interrupção do som.) em outubro, no mês passado, completamos 23 anos de vigência da nossa Constituição. Com razão – eu diria O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) –... e as li- aqui – o saudoso Presidente da Assembléia Nacional berdades restringidas foram o combustível da mudan- Constituinte, Deputado Ulysses Guimarães, ao promul- ça política no Brasil, que acabou elegendo Tancredo gar a Constituição a definiu como Constituição Cidadã. Neves Presidente em 1985. É isto que essa moçada está pedindo, no fundo: Embora o povo tenha sido derrotado na campa- o cumprimento da CLT e o que manda a Constituição. nha das “Diretas Já”, em 1984, eu diria que de certa Sr. Presidente, eu confesso a todos que o mo- forma amortecido pelo milagre do Plano Cruzado, edi- mento mais sublime da minha vida parlamentar se deu tado logo no início pelo governo Sarney, as eleições de nos debates de que participei, em votações da Cons- 1986 foram de fato o embrião da grande mudança no tituinte. Era a minha estreia. E tudo, desde a gravata, Brasil de hoje, pois ali elegemos personagens como que eu não era acostumado a usar como operário me- Luiz Inácio Lula da Silva para a Assembleia Nacional talúrgico, bem como o próprio paletó, que hoje uso e Constituinte; ali estavam Mário Covas, Fernando Hen- com o qual me acostumei, para mim era novidade e, rique Cardoso, figuras que marcaram época da sua ao mesmo tempo, um grande desafio. forma, no seu período e no seu tempo. Lembro-me, Sr. Presidente, do primeiro discurso Nesse contexto, formamos fileiras com outros que fiz quando aqui cheguei, pedindo para acabar com Constituintes e estávamos convencidos de que aquela o voto secreto no Congresso Nacional. Estou aqui há era a hora para se introduzir avanços na Constituição. 26 anos e continuamos votando secretamente, infeliz- Não queríamos apenas uma Constituição de rou- mente, inúmeras matérias aqui no Senado e também pa nova, mas queríamos uma Carta com cunho forte, na Câmara dos Deputados. Inúmeras assembleias já corajoso e voltado para o social, capaz de resgatar o aboliram, como, por exemplo, no Rio Grande do Sul, para os trabalhadores promessas históricas, sempre onde não há voto secreto em hipótese alguma. Mas adiadas, sob os mais cínicos argumentos. aqui continua. Lembro-me que era uma época de grandes gre- Enfim, Sr. Presidente, estou lembrando que tro- ves e mobilização. social. Lembro-me dos movimentos car porta de fábrica pela tribuna da Câmara e da As- da CUT e da Força Sindical, inclusive fui secretário- sembleia Nacional Constituinte, no meu entendimento, -geral da CUT e fui vice-presidente das confederações era dar voz aos trabalhadores no espaço institucional e federações que cumpriram um papel fundamental e participar como agente de um dos momentos mais no acompanhamento e na pressão nos Constituintes. importantes da história do nosso País. Lembro-me aqui até dos cartazes “Traidores do Povo”. Lembro-me de que a frase que guiou a minha Lembro-me de muitos Constituintes que me pediam: campanha para chegar a ser Constituinte era a se- “Paim, pede para tirar o meu nome lá daqueles cartazes guinte: o meu compromisso e a minha vida serão a Traidores do Povo porque eu votarei acompanhando a 78 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48925 vontade dos trabalhadores”. E eu o fiz. E o movimento e avançamos no aviso-prévio proporcional. Depois de sindical me ouviu e diversos nomes foram retirados. 26 anos, enfim, este ano, a gente conseguiu assegurar. Isso ajudou muito para que a Constituição, que em- Trouxemos da legislação infraconstitucional te- bora não atendesse a tudo aquilo que nós queríamos, mas que não imaginávamos pudessem ser constitu- tivesse sido, na época, o que foi possível. cionalizados, mas tínhamos o dever de fazer o bom Lembro-me que os movimentos sociais levaram combate. Hoje, são direitos consagrados e constituem à formação do Centrão, que era a aglutinação de Par- patrimônio da classe trabalhadora, que os incorporou lamentares Constituintes de perfil mais conservador definitivamente ao seu patrimônio. e pouco afetos às mudanças que queríamos e que A igualdade de direitos entre trabalhadores urba- se impunham nas votações, por sua forte maioria, de nos e rurais foi uma vitória incrível, que fez sucumbir cerca de 290 Constituintes que compunham o Centrão. um modelo de exploração que não dava ao trabalha- Minha participação e a de outros tantos Consti- dor rural nem parte dos direitos que temos consagra- tuintes com vínculos nitidamente trabalhistas e sociais do para os trabalhadores urbanos, ou seja, da cidade. era no sentido de constitucionalizar o maior número de E assim, Sr. Presidente, tinha que ser, pois o direitos dos trabalhadores. Tínhamos claro que quando êxodo rural já tinha alcançado índices alarmantes e você crava na Constituição é muito difícil retirar, preci- somente o estabelecimento de mesmos direitos para sa de três quintos em duas votações. trabalhadores do campo e da cidade poderia frear a Estávamos ressabiados com interpretações res- migração dos trabalhadores para os grandes centros. tritivas adotadas, na época, pelo Tribunal Superior do A proibição do trabalho do menor, que até então Trabalho e com forte resistência dos empregadores era de 12 anos e passou para 16 anos, é outra con- que avançavam na concessão de maiores benefícios quista que só o tempo demonstrará a sua importância ao poder econômico e não à classe laboral. e relevância. O lugar da nossa molecada, dos nossos jovens é na escola. Só depois dos 16 anos, a partir da A luta por conquistas sociais, Senador Mozaril- Constituição nova, eles estarão no local de trabalho. do – V. Exª que fez parte desse bloco progressista –, Aos poucos, Sr. Presidente, penso que não avan- também tinha que sair das páginas policiais e se alo- çamos em tudo aquilo que queríamos, mas foi um mo- jar nas páginas do campo social, econômico e políti- mento importante. co, pois o trabalho é e sempre foi fator fundamental Não vou ler toda a análise que fiz desses 26 anos não só de desenvolvimento econômico, mas também após iniciarmos o trabalho da Constituinte e 23 anos de progresso, bem-estar social e combate à violência. da Carta Magna, que veio à promulgação depois de O Partido dos Trabalhadores me destacou para dois anos de atuação, mas quero conceder um apar- esse embate, pois fui o único Deputado Constituinte te, com alegria, ao Senador Mozarildo Cavalcanti, que da Bancada para a Subcomissão dos Direitos dos Tra- também foi constituinte, estava na mesma trincheira balhadores e depois, com mais alguns companheiros, que nós naquela oportunidade. para a Comissão da Ordem Social. Lá conseguimos O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- o avanços. Inserimos no art. 7 da Constituição um rol de nador Paim, fico muito feliz que V. Exª faça essa aná- direitos de forma paulatina. Fomos, assim, aprovando lise. Sou testemunha do seu trabalho na Constituinte. alguns artigos que, entendo, são fundamentais. Estão Trabalhamos juntos em muitos temas, principalmente lá, do art. 6º ao art. 12º da nossa Constituição. nessa questão do direito dos trabalhadores, na ques- O maior receio das forças conservadoras era com tão da saúde, na questão dos aposentados. Acho que a estabilidade no emprego. Aí, a tática foi radicalizada. realmente é muito importante, apesar de que, aqui e Sabíamos que não íamos aprovar a estabilidade no acolá, a gente veja alguns artigos, algumas críticas emprego e fomos agregando outros valores de forma à nossa Constituição, dizendo que ela é uma colcha a que o avanço aconteceu por uma terceira via, diga- de retalhos, que é muito detalhista, mas muita gen- mos, saindo do foco da estabilidade. te não analisa que estávamos vivendo um momento Sr. Presidente, a instituição de multa de 40% so- pós-regime de exceção, em que todas as demandas bre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço reprimidas da sociedade, que todos os sofrimentos de (FGTS) foi natural face à impossibilidade de aprovar- todas as categorias, principalmente dos mais humildes, mos a estabilidade. dos trabalhadores, queriam a garantia de que os seus Negociamos, firmamos posição, e fomos aos pou- direitos estivessem inscrito na Constituição. Acho que cos assegurando direitos, como a elevação da hora-ex- fizemos esse trabalho. É evidente, como frisou V. Exª, tra para no mínimo 50% da hora normal e conseguimos eram forças díspares, de interesses de toda a Nação, agregar às férias mais um terço na sua remuneração de todas as regiões. Por exemplo, no meu caso de NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 79 48926 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Roraima, uma bandeira minha, fora todos os direitos mundo, e claro que eu sonho um dia estarmos entre individuais e coletivos, era a transformação de Roraima as chamadas economias do Primeiro Mundo. na situação de território federal, que durava 45 anos, (O Sr. Presidente faz soar a campainha.) em Estado. E conseguimos, justamente fazendo a boa O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – E termino negociação, a transformação de Roraima e Amapá em dizendo, Sr. Presidente, só o seguinte, Senador Anibal Estados. E também, até aproveitando que está havendo Diniz, que se criou um mito – eu ouvi nestes dias aqui um plebiscito no Pará para decidir sobre a criação de no Plenário alguém citar – de que nós não assinamos dois novos Estados, foi a Constituinte que estabeleceu a Constituição. Eu repito mais uma vez: não é verdade! esse critério democrático de que a criação de novas É só pegar aqui no museu da Casa e estão lá os que Unidades da Federação passasse por plebiscito. En- assinaram: toda bancada do PT, inclusive Lula, eu, Olí- tão, antes – tanto Roraima quanto Amapá foram deci- vio Dutra... Assinamos, sim! Votamos contra diversos são da Constituinte, mais legítima, portanto, como o artigos porque entendíamos que eles poderiam avançar Tocantins também foi uma decisão da Constituinte –, mais. Mas faz parte do embate democrático daqueles Mato Grosso e Rondônia foram criados por um decreto que entendem que a Constituição cidadã deveria ter presidencial. Portanto, quero cumprimentar V. Exª, que avançado mais do que avançou. Mas reconhecemos faz muito bem em relembrar o trabalho da Constituin- a Constituição, tanto que onde perdemos, perdemos e te, e, notadamente, quero ressaltar o empenho de V. assinamos a Constituição. Eu tenho a foto. Inclusive, a Exª nesse trabalho. meu lado, está meu filho Jean, hoje com 35 anos, e que O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – Senador à época era moleque. Ele veio aqui e a assinamos... Mozarildo Cavalcanti, quero dizer que o seu partido foi Então, eu só faço esse depoimento claro e nítido... fundamental na época. Lembro aqui do Gastone Righi (Interrupção do som) também. Muitas das propostas que estão aqui o PTB, na época, ajudou muito para torná-las realidade; uma O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – Vou ter- minar, Senador Anibal Diniz. delas, que ajudei inclusive, foi a questão do salário Mas é claro que, no nosso entendimento, deverí- mínimo. É graças àquela redação que hoje o salário amos avançar mais! Quando nós mesmos, hoje aqui... mínimo está em US$350, a partir principalmente do E V. Exª é testemunha de que falam que sou um pouco governo Lula, quando valia US$60 e foi para US$70. rebelde – não V. Exª – porque eu quero que a Presi- Enfim, avançamos na linha que a Constituição fortaleça denta Dilma avance ainda mais e procure colaborar o direito dos trabalhadores e dê oportunidades iguais com o bom debate. para trabalho no embate desfavorável com o capital. Todo o mundo sabe do meu carinho e respeito Eu diria, Sr. Presidente, que como é bom. Alguns a meu querido Presidente Lula. E olha que eu disse diziam que esta Constituição ia ser um entrave para a “meu querido Presidente”, meu querido ex-Presidente nossa democracia... Lula, que há de se recuperar, durante seus oito anos (Interrupção do som.) de governo, nós dialogamos muito e não dá para negar que o Presidente Lula atendeu a inúmeras reivindica- O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – ... e não ções nossas. O Estatuto do Idoso é realidade porque foi nada disso que aconteceu, não foi entrave e mui- Lula intercedeu – e é um projeto de nossa autoria; o to pelo contrário. Estamos hoje numa situação mais Estatuto da Igualdade Racial, se não fosse o Presi- que positiva. Como é bom chegar aos jornais e ver dente Lula, não seria lei. Quanto à política de salário as manchetes dizendo: classe D cresce 15% em dois mínimmo, nós fizemos uma Comissão Mista e viajamos anos e atinge marca histórica. A tudo isso quero tam- pelo País; depois, o Presidente Lula fez a mediação. bém aqui somar o trabalho do Presidente Lula e da Ela não existiria se não fosse o Presidente Lula. Mas Presidenta Dilma e não deixo de reconhecer o trabalho nós interagimos com o governo. Nessa mesma linha feito pelo ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que nós agimos na Assembleia Nacional Constituinte principalmente com a estabilidade da moeda e com a e estamos agindo com a Presidenta Dilma. E é nes- criação do real. sa mesma linha que falo do Itamarati... Ninguém aqui Sr. Presidente, aqui faço as considerações finais, é contra o Itamarati. Não! Nós queremos o Itamarati mostrando que a nossa Constituição nunca foi entrave cada vez mais forte, mas nos damos o direito de pedir para o progresso do País, porque muitos diziam: “O que eles olhem com mais carinho para nossos traba- País não dá certo por causa dos Constituintes”. Nada a lhadores do Itamarati, tanto aqui quanto no exterior. ver, tanto que está aí: nós caminharemos rapidamente Era isso, Presidente. para estarmos entre as cinco maiores economias do Obrigado a todos. (Palmas.) 80 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48927 O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT – Ademais, talvez não queira levar em conta AC) – Obrigado, Senador Paulo Paim. que os privilégios e imunidades consagrados O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – Presi- pela Convenção de Viena não desobrigam a dente, se quiser considerar na íntegra, eu ficaria feliz. obediência a normas e costumes nacionais... O SR. PRESIDENTE (Anibal Diniz. Bloco/PT – Muito menos autorizam governos estran- AC) – V. Exª será atendido nos termos do Regimento. geiros e organismos internacionais a violar as Eu o convido a assumir a presidência para que leis locais, particularmente as de natureza tra- eu possa usar da palavra. Logo em seguida, falará o balhista, como se o país que acolhe missão Senador Pedro Simon. estrangeira fosse uma pacata e condescen- SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIA- dente colônia da era dos impérios. MENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM. Como é do conhecimento de Vossa Exce- lência, senhor Senador, os brasileiros contrata- O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Sem apa- dos por Embaixadas, Repartições Consulares nhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. e Missões Diplomáticas brasileiras encaminha- Senadores, quero registrar correspondência que recebi ram um manifesto à Excelentíssima Senhora dos servidores e funcionários do Serviço Exterior Bra- Presidente da República, com cópia para as sileiro (SINDITAMARATY), das missões e repartições altas autoridades do país. diplomáticas do Brasil no exterior (Operação Desper- O documento denunciou o histórico des- tar), bem como das Embaixadas, dos Consulados e dos caso com relação à situação funcional desses organismos internacionais no país (SINDINAÇÕES). trabalhadores, cujos vínculos empregatício e A Correspondência diz: previdenciário são precários e que perdem “Ao Presidente da Comissão de Direitos poder de compra, em razão de salários defa- Humanos e Legislação Participativa do Sena- sados há mais de dez anos. do Federal, Ao contrário de outras autoridades que Sr. Senador, também receberam essas reclamações, Vos- Em nome das entidades que represen- sa Excelência convocou prontamente uma tamos, procuramos Vossa Excelência, com audiência pública, para melhor compreender vistas a denunciar o descaso que o Itamaraty o assunto. vem dedicando às nossas solicitações. Como Infelizmente, o falecimento do Sena- se recordará Vossa Excelência, defendemos dor Itamar Franco suspendeu a realização os interesses de servidores e funcionários do do evento. Serviço Exterior Brasileiro (SINDITAMARA- Vossa Excelência propôs, então, reu- TY), das missões e repartições diplomáticas nião entre representantes da Administração do do Brasil no exterior (Operação Despertar), MRE, do movimento “Operação Despertar”, do bem como das Embaixadas, dos Consulados Sindinações e do SINDITAMARATY, em busca e dos organismos internacionais no país (SIN- de um entendimento. DINAÇÕES). No entanto, conforme relatado verbal- O Ministro responsável pelas Relações mente a Vossa Excelência, o Ministério que Exteriores do Brasil parece ter se esquecido tão bem defende, em foros internacionais. O de que as atividades de representar, informar, diálogo como mecanismo privilegiado de so- negociar são realizadas por servidores públicos lução de controvérsias, recusou interlocução que necessitam, para exercer suas funções, com os legítimos representantes de funcioná- de dignidade, de respeito, da garantia dos di- rios e servidores. reitos assegurados em lei, compatíveis com Assim agindo, evidenciou, uma vez mais, as vicissitudes a que estão sujeitos por servir o que já se sabe, ou seja, que o MRE é uma ao país, ora na pátria, ora no exterior. “caixa preta”, cujos segredos exclusivos. Nem O ministro parece, também, ter apagado mesmo os sucessivos governos têm consegui- da memória o fato de que o funcionamento re- do desvelar, a denúncia da “Operação Des- gular das chancelarias requer a harmonização pertar” constituindo, apenas, a ponta de um do trabalho de Diplomatas, Oficiais de Chan- iceberg. celaria, Assistentes de Chancelaria, servido- Em síntese, os representantes da “Ope- res integrantes do PGPE e do PCC, além de ração Despertar”, do Sindinações e do SNDI- contratados locais. TAMARATY atenderam a sugestão de Vossa NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 81 48928 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Excelência e aceitaram dialogar com a Admi- Se o Senhor Senador pedir ao Ministro nistração do MRE. das Relações Exteriores que disponibilize, a A experiência não foi das melhores, não essa Comissão de Direitos Humanos, a cor- tendo logrado qualquer resultado. respondência ostensiva trocada, nos últimos A “Operação Despertar” não foi reco- meses. nhecida pelos advogados da União ou pela Entre a Secretaria de Estado e a Embai- Administração do Itamaraty. xada em Lusaca, por exemplo, tomará, então, Para que as reivindicações dos Contra- conhecimento de problemas funcionais graves tados Locais sejam recebidas pelo MRE, a que deixam de ser considerados pela Admi- Advocacia Geral da União exigiu a criação de. nistração do MRE. Uma associação representativa de classe, o Em suma, os servidores do Quadro Per- que visa a protelar a oitiva dos anseios desses manente do MRE e os contratados locais dos trabalhadores e a desmotivá-los de promover Postos do Itamaraty no exterior reivindicam qualquer reivindicação. nada menos do que a elaboração e a imple- O Sindinações não conseguiu obter, do mentação de uma política de recursos huma- Cerimonial do MRE, qualquer ação profícua nos para o órgão. contra os abusos praticados por Diplomatas Do ponto de vista dos trabalhadores, estrangeiros contra trabalhadores brasileiros. essa política precisa ter como pressuposto No processo judicial aberto contra o Pre- fundamental o reconhecimento das pessoas sidente do Sindinações, a resposta do MRE como bem estratégico de maior importância. ao pedido de apuração dos fatos foi o envio, Em anexo, Vossa Excelência encontra- à Justiça, da opinião unilateral do diplomata rá a “Pauta de Reivindicações Unificada” que a “Operação Despertar” elaborou em agosto estrangeiro. último. O SINDITAMARATY tampouco conseguiu O SINDITAMARATY anexa, ainda, cópia fazer prosperar sua tentativa de apresentar e dos ofícios que encaminhou ao Ministro das defender as reivindicações dos funcionários Relações Exteriores, ao Secretário-Geral das do MRE. Relações Exteriores e ao Subsecretário-Geral É verdade que o Itamaraty se importa Das Relações Exteriores, comunicações que pouco com a sorte de seus servidores, com não mereceram, por parte das mencionadas a condição dos contratados locais nos Postos autoridades, nem ao menos uma ação inter- no exterior..., locutória. Ou com o destino dos brasileiros que Nessas condições, Senhor Senador, a trabalham em representações diplomáticas e “Operação Despertar”, o Sindinações e o SIN- consulares estrangeiras sediadas no Brasil. DITAMARATY contam com o empenho e a Estas, aliás, chegam ao cúmulo de ig- generosidade de Vossa Excelência, no sen- norar as normas da CLT. O mesmo fazem tido de abrir canais pelos quais as vozes dos os organismos internacionais, entre eles o servidores e funcionários possam ser ouvidas. PNUD, que disfarça relações trabalhistas em Por fim, eles reafirmam as suas deman- “consultorias”. das: Nos encontros realizados entre os tra- Por parte do SINDITAMARATY pedimos balhadores e a Administração do Itamaraty, que sejam asseguradas as mesmas garantias ficou patente que a chefia não parece disposta quanto à concessão de passaportes aos ser- a tomar conhecimento do que ocorre nas de- vidores do Serviço Exterior Brasileiro, inclu- pendências das representações diplomáticas sive, inativos, podendo e devendo, inclusive, e consulares brasileiras no exterior. promover futuramente a alteração/ adaptação O que chega ao conhecimento da Corre- do Decreto à vontade da Lei. gedoria do Serviço Exterior dificilmente recebe Ademais, solicitamos que intervenha jun- tratamento adequado. to ao Ministério do Planejamento, Orçamento Esta, aliás, tem deixado de cumprir sua e gestão para obter a necessária autorização função de buscar apurar indícios de provas para a nomeação dos setenta e cinco candi- suficientes para abertura de processos disci- datos excedentes do concurso para a carreira plinares administrativos. de Oficial de Chancelaria, realizado em 2009. 82 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48929 Outras demandas nossas são: remu- a gravata e o paletó, era novidade e, ao mesmo tempo, neração por subsídio para todas as carreiras um grande desafio. do Serviço Exterior Brasileiro; Promoção dos Trocar a porta de fábrica pela tribuna da Câmara servidores das carreiras de chancelaria que, dos Deputados e da Assembléia Nacional Constituinte desde 1993, aguardam vaga para a Classe Es- era dar voz aos trabalhadores no espaço institucional pecial; Revisão dos mecanismos de remoção e participar como protagonistas de um momento his- com o estabelecimento de regras objetivas e tórico do nosso País. transparentes, que coadunem os interesses Fomos eleitos, eu e mais uma pequena bancada da Administração e os dos servidores e cum- de lideranças sindicais, não só do PT, mas também do primento do decreto 6856/09. PMDB, do PC do B, do PDT e outros partidos com o Já a “Operação Despertar”, que compõe firme propósito de fazer valer os direitos dos trabalhado- os funcionários locais, ou seja, que trabalham res. Tínhamos um compromisso inabalável e vínhamos em embaixada e consulados brasileiros no ex- sufocados por anos de ditadura e retração econômica, terior está solicitando: principalmente com o agravamento da crise econômica Reajuste salarial imediato com base nos do início dos anos oitenta. índices de inflação dos últimos dez anos dos A inflação alta, o desemprego, a falta de perspec- respectivos países descontados os percen- tiva econômica de curto prazo, e as liberdades restrin- tuais dos reajustes que, porventura, tenham gidas foram o combustível da mudança política no Bra- sido concedidos no mesmo período de forma sil, que elegeu Tancredo Neves, Presidente, em 1985. individual ou coletiva a cada funcionário; Pa- Embora o povo tenha sido derrotado na Campa- gamento imediato das parcelas do emprega- nha das “Diretas Já” em 1984 e, de certa forma, amor- dor ainda não pagas relativas às contribui- tecido pelo “milagre” do Plano Cruzado editado logo ções previdenciárias de todos os contratados no início pelo Governo Sarney, as eleições de 1986 locais assegurados pelo INSS; A lista de to- foram de fato o embrião da mudança, com a eleição dos contratados locais contratados em todos de personagens como Luiz Inácio Lula da Silva para os postos mundo afora; Alteração do Decreto a Assembléia Nacional Constituinte. 1570/95 para incluir a legislação trabalhista e Neste contexto, formamos fileiras com outros previdenciária brasileira como subsidiária à Constituintes e estávamos convencidos de que aquela lei local; Inclusão dos auxiliares locais como era a hora para se introduzir avanços na Constituição. empregados de apoio à carreira do serviço Não queríamos apenas uma Constituição de roupa exterior, ou seja, dos auxiliares locais onde nova, mas uma Constituição com forte cunho social, não exista legislação local previdenciária que capaz de resgatar para os trabalhadores promessas permita a filiação dessas pessoas; históricas, sempre adiadas, sob os mais cínicos ar- Nessas condições, senhor senador, a gumentos. concluem. A “Operação Despertar”, o Sindi- Lembro-me que era uma época de grandes gre- nações e o SINDITAMARATY contam com o ves e mobilização social. A Central Única dos Traba- empenho e a generosidade de Vossa Excelên- lhadores – CUT, da qual era secretário geral e depois cia, no sentido de abrir canais pelos quais as vice-presidente, assumiu um papel fundamental na vozes dos servidores e funcionários possam mobilização social, e mal conseguia acompanhar os ser ouvidas.” rumos da Constituinte. Era o que eu tinha a dizer. Os movimentos sociais levaram à formação do Muito obrigado. “Centrão”, que era a aglutinação de parlamentares O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Sem apa- Constituintes de perfil mais conservador e pouco afe- nhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. tos a mudanças substanciais e que se impunha nas Senadores, completamos, em 5 de outubro de 2011, votações, por sua forte maioria de cerca de duzentos vinte e três anos de vigência da nossa Constituição. e noventa Constituintes. Com razão, o saudoso Presidente da Assembléia Na- Minha participação e de outros tantos Consti- cional Constituinte, Deputado Ulisses Guimarães, que tuintes com vínculos trabalhistas, era no sentido de ao promulgar a Constituição, a definiu como “Cidadã”. constitucionalizar o maior número de direitos dos tra- Confesso a todos, que o momento mais sublime balhadores. Estávamos ressabiados com interpreta- de minha vida parlamentar se deu nos debates e vota- ções restritivas adotadas pelo Tribunal Superior do ções da Constituinte. Era minha estréia e tudo, desde Trabalho e com a forte resistência dos empregadores NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 83 48930 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 em avançarem na concessão de maiores benefícios mos possam constituir uma sociedade mais justa, so- nas negociações coletivas. lidária e igualitária. A luta por conquistas sociais também tinha que A redução da jornada de trabalho de quarenta sair das páginas policiais e se alojar nas páginas eco- e oito para quarenta e quatro horas só foi alcançada nômicas, pois o trabalho é e sempre foi fator primordial porque estávamos numa Assembléia Constituinte. não só de desenvolvimento econômico, mas também Em legislaturas ordinárias tal progresso é muito de progresso e bem-estar social. mais difícil, tanto é que desde 1988, nenhum avanço O Partido dos Trabalhadores me destacou para neste sentido pode ser observado. esse embate, pois fui o único Deputado Constituinte O salário mínimo desvinculado pode crescer e da Bancada indicado para a Subcomissão dos Direitos hoje representa mais que trezentos dólares quando dos Trabalhadores e depois com mais alguns compa- na época não chegava nem a cem. Milhões de traba- nheiros, para a Comissão da Ordem Social. lhadores ascenderam socialmente, o País cresceu e Lá, conseguimos um grande feito. Inserimos no se tornou mais justo. art. 7º da Constituição, um rol de direitos que, de forma Constitucionalizar direitos é possibilitar o progres- paulatina, foi sendo aprovado pela Constituinte, até o so com justiça social de uma nação. É dar oportuni- final, com a sua promulgação definitiva. dades iguais para trabalho e capital. É permitir a acu- O maior receio dos empregadores e das forças mulação da riqueza com política justa de distribuição conservadoras era com a estabilidade no emprego, de renda que resgata da marginalidade uma multidão e com essa tática, radicalizando neste item, fomos de brasileiros. agregando valor em outros pontos, de tal forma que a E qual não é nossa alegria ao ler estampado flexibilização posterior da estabilidade, convertida em como manchete de jornal: “Poder de compra da Classe proteção contra a despedida arbitrária ou imotivada e D cresce 15% em dois anos e atinge R$ 400 bilhões”. É a Constituição Cidadã dando certo! É ela que com a instituição de multa de quarenta por cento sobre impulsiona o País, pois sem a constitucionalização dos o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço direitos dos trabalhadores, muitos deles já teriam sido – FGTS foi natural face à impossibilidade política da revogados e extintos pela onda neoliberal que vigorou aprovação de regras mais rígidas neste quesito. neste País por alguns anos. Negociamos, firmamos posição e fomos aos pou- Importante salientar que o marco constitucional cos assegurando direitos como a elevação da hora-extra originário é de uma força e robustez que ninguém para no mínimo cinqüenta por cento da hora normal e neste País se atreveria hoje a propor a revogação de conseguimos agregar às férias mais um terço na sua direitos assegurados na Constituição. A constitucio- remuneração. nalização de direitos tem inúmeros críticos, mas foi a Trouxemos da legislação infraconstitucional temas constitucionalização que deu estabilidade às relações que não imaginávamos pudessem ser constituciona- de trabalho e permitiu a ascensão social e econômica lizados. Hoje são direitos consagrados e constituem dos trabalhadores. patrimônio da classe trabalhadora, que os incorporou Não seríamos a sexta maior economia do mun- definitivamente ao seu patrimônio. do em 2011 sem os avanços da Constituição Cidadã A igualdade de direitos entre trabalhadores urba- de 1988! nos e rurais foi uma vitória incrível, que fez sucumbir um Muitas vezes ouvi reclamações de que estáva- modelo de exploração econômica do campo completa- mos querendo quebrar o Brasil aumentando o custo mente atrasada e ultrapassada. E assim tinha que ser, das empresas com a aprovação de direitos demais. pois o êxodo rural já tinha alcançado índices alarman- Empresários, políticos, consultores, alertavam para o tes e somente o estabelecimento de mesmos direitos risco de tornar inviável a formalização de mão-de-obra. para trabalhadores da cidade e do campo poderia frear O mais incrível de tudo isso é que foi o mercado a migração dos trabalhadores para a “cidade grande”. doméstico que nos livrou da crise de 2008 alavancado A proibição do trabalho do menor, que até então pela demanda de bens e serviços das Classes C e D. era de doze e passou para dezesseis anos é outra Atrevo-me a dizer para os juristas que militam na conquista que só o tempo demonstrará a sua impor- área do direito do trabalho, que a Constituição de 1988 tância e relevância. foi um divisor de águas, um marco de valor intangível Aos poucos, penso que não constitucionalizamos e ainda não bem compreendido por todos. somente direitos, mas valores e ideais, severamente A ONU e suas organizações previram que o Bra- criticados por alguns no início, mas que deixaremos sil só chegaria onde está hoje, em 2011, por volta de como legado para as gerações futuras que pretende- 2035, e já chegamos lá, e o melhor? 84 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48931 Estamos chegando juntos, capital e trabalho, com Ontem, tivemos um ato histórico lá em Rio Branco, uma força que assusta lá fora. exatamente no local em que está implantada a Zona O Direito do Trabalho sempre foi olhado com an- de Processamento de Exportação do Estado do Acre. tipatia, com ranço, e até com raiva. Hoje, quase não E gostaria de aproveitar este momento para historiar se escutam reclamações ou alarmes sobre o “Custo um pouquinho sobre essa luta pela Zona de Proces- Brasil”, o que vemos são reclamações por falta de samento de Exportação. mão-de-obra, porque o Brasil cresceu tão rápido que Em primeiro lugar, a assinatura do decreto criando não foi possível formar todo o contingente profissional a nossa Zona de Processamento de Exportação acon- necessário em tão pouco tempo. teceu em junho de 2010 pelo Presidente Lula. Aliás, foi Avançaremos mais ainda, mas quero alertar para o último ato de peso do Presidente Lula em favor do propostas de convocação de uma nova Constituinte. Estado do Acre. Depois de tantos atos, de tantas visitas, Não imagino necessária ou politicamente responsável de tantos benefícios ao povo do Acre concedidos pelo fragilizar a Lei Maior quando o que precisamos é de ex-Presidente Lula, ele terminou assinando o decreto estabilidade institucional com o incremento dos ajus- de implantação da nossa Zona de Processamento de tes prudenciais e necessários para asseguramos o Exportação. Esse passo é muito importante, porque desenvolvimento do País, o que é função ordinária do o projeto de desenvolvimento sustentável do Acre só vai lograr sucesso na sua integralidade se pudermos Congresso Nacional. dar um passo tecnológico diferenciado. Para isso, a Recentemente a Presidenta Dilma promulgou a Zona de Processamento de Exportação vai cumprir Lei nº 12.506, de 13 de outubro de 2011, que regula- um papel fundamental. menta o aviso prévio proporcional. E isso foi possível Sempre citamos em nossos pronunciamentos porque a Constituição de 1988 criou ferramentas, como que o Estado do Amazonas tem 98% de suas flores- o mandado de injunção, que possibilitam ao cidadão tas preservadas, mas tem, há 30, anos a Zona Franca provocar o Poder Judiciário quando o Congresso Na- de Manaus, que faz todo a diferença na geração de cional deixa de fazer a sua parte. Foi o que aconteceu empregos e na contribuição para um nível de renda com o aviso prévio proporcional, após o julgamento da maior do povo de Manaus. Ao passo que, no Estado do matéria pelo Supremo Tribunal Federal. Acre, temos 87% de nossas florestas preservadas, mas Ainda precisamos que o Congresso Nacional con- sem uma zona franca, ou seja, todo o trabalho para ter fira mais efetividade às matérias constitucionais que garantido, ao longo dos anos, esses 87% de florestas contêm eficácia limitada. Por fim, considero importante preservadas foi muito em função da resistência que registrar, que sem o apoio dos profissionais do direito, se estabeleceu com os embates liderados por Chico como advogados, juízes, procuradores, defensores não Mendes e, depois, fundamentalmente, pela presença conseguiríamos chegar aonde chegamos. do governo da floresta, iniciado por Jorge Viana, que Era o que tinha a dizer. teve continuidade com o Governador Binho e, agora, Muito obrigado. tem sequência com o Governador Tião Viana. O Sr. Anibal Diniz deixa a cadeira da Pre- Por que isso, para nós, tem um significado espe- sidência, que é ocupada pelo Sr. Paulo Paim. cial? Porque o Governo de Jorge Viana teve o mérito de levar para as políticas públicas exatamente aquilo que O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – era reivindicação dos movimentos sociais organizados RS) – Passamos a palavra neste momento a Senador e fez o governo da floresta, a ideia de florestania, o zo- Anibal Diniz e, em seguida, ao Senador Pedro Simon. neamento ecológico-econômico, que definiu as bases Na sequência, ao Senador Cristovam. para os investimentos e quais eram as peculiaridades O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC. Pronun- e particularidades de cada uma das regiões do Estado cia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. para os investimentos. Isso tudo contribuiu para menor Presidente, Senador Paulo Paim, Srs. Senadores, pressão sobre a floresta. telespectadores da TV Senado, ouvintes da Rádio Não tivesse sido o governo da floresta implantado Senado, é com muita alegria que ocupo a tribuna na em 1999 por Jorge Viana, certamente, o índice de des- manhã desta sexta-feira para falar de um avanço muito matamento hoje no Acre seria muito maior do que os importante que aconteceu no Estado do Acre no dia 13% já convertidos – doze ponto alguma coisa, quase de ontem, que foi a Delegacia da Receita Federal no 13%. Certamente, esse percentual seria muito maior. Estado do Acre apresentar seu relatório favorável ao Todas as pessoas que participaram desse proces- alfandegamento da nossa Zona de Processamento de so até aqui avaliam que a Zona de Processamento de Exportação, a ZPE. Exportação é uma espécie de cereja no bolo do projeto NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 85 48932 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 de desenvolvimento sustentável do Acre, é exatamente decreto, criando a Zona de Processamento de Expor- o passo que faltava. O Acre precisa da sua industria- tação do Acre. lização. E essa industrialização vai ganhar um salto Há poucos dias, quando eu conversava aqui no de qualidade agora, com o reconhecimento da nossa Senado com o Senador Eduardo Braga, lá do Amazo- Zona de Processamento de Exportação. nas, justamente para falar sobre o tanto que eles leva- O Secretário da Indústria e do Comércio, Edval- ram vantagem sobre nós do Acre – o Amazonas levou do Magalhães, lembrou que as mudanças que as Zo- vantagem a partir da Zona Franca de Manaus –, ele nas de Processamento de Exportação realizaram nas perguntou: “Em que pé está a ZPE do Acre?”. Eu falei grandes cidades do mundo foram fundamentais e que para ele: “Está dependendo do alfandegamento”. E ele isso, certamente, vai acontecer também com a nossa disse: “Ah, então falta tudo, porque o alfandegamento Zona de Processamento de Exportação. é o que há de mais difícil. São muitas ZPEs solicitando Ontem, o Governador Tião Viana estava muito esse alfandegamento, e é aí que esbarram todas as feliz e fez até uma referência a Henry Ford, o america- dificuldades, toda a burocracia, todos os impeditivos no que popularizou o automóvel, dizendo que, quando de fazer o processo avançar”. ele resolveu criar uma linha de produção com base Quero dizer que estou muito feliz em anunciar na borracha em plena floresta amazônica, em 1928, que a Receita Federal já deu o seu parecer favorável a falta de um estudo e de planejamento revelando o e, se Deus quiser, nos próximos 30 dias, vamos ter verdadeiro potencial da região levou a sua Fordlândia esse processo definitivamente homologado, e vamos ao fracasso, à falência. ter a alfândega instalada, o processo de alfandega- Foi citando esse momento ímpar da história da mento concluído, para que as empresas interessadas industrialização amazônica que o Governador Tião já possam se apresentar para se instalarem na Zona Viana recebeu, ontem, o relatório final do processo de Processamento de Exportação do Acre. de alfandegamento da Zona de Processamento de Outro aspecto importante a ser ressaltado é que Exportação do Acre, a ZPE, a primeira nesse modelo esse relatório só é favorável quando são cumpridas to- no Brasil. das as etapas exigidas por um conjunto de leis para a O Governador Tião Viana disse também que es- implantação das Zonas de Processamento de Expor- tamos nos preparando para um futuro de desenvolvi- tação, e o Estado do Acre cumpriu todas essas etapas mento, de maior qualidade salarial, de maior qualidade de maneira exemplar. Exatamente por isso obteve esse de vida. Hoje, estamos discutindo o futuro da indus- parecer favorável do Delegado da Receita Federal no trialização da Amazônia e a era da ousadia absoluta Estado do Acre e de toda a equipe da Receita Federal, e de máxima determinação. que avaliou minuciosamente todos os passos dados. Estava presente e fez a entrega do relatório com O Secretario de Indústria e Comércio do Estado a aprovação do pedido de alfandegamento do Estado do Acre, Edvaldo Magalhães, lembrou as mudanças do Acre para a Zona de Processamento de Exportação que as ZPEs realizaram nas grandes cidades do mun- o Delegado da Receita Federal, Sr. Leonardo Barbosa do, usando como exemplo a China. Ele ressaltou que Frota. Ele apresentou o relatório e enviou para a Supe- o dia de ontem foi um dia histórico, por conta dessa rintendência da Receita Federal em Belém, para que realização, desse reconhecimento da nossa Zona de seja validado nos próximos trinta dias. Processamento de Exportação como apta a receber No entendimento da equipe da Receita Federal o alfandegamento. do Acre, a ZPE está pronta para ser alfandegada, e o Outro aspecto que vale ressaltar é qual é a diferen- Delegado fez essa afirmação na frente do Governa- ça de uma cidade, ou de um Estado, ou de uma região dor Tião Viana, do Secretário de Indústria e Comércio, com ZPE ou não? A ZPE caracteriza-se normalmente Edvaldo Magalhães, e de todas as pessoas presentes, como área de livre comércio com o exterior, destinada parlamentares, autoridades do Estado, e também do à instalação de empresas voltadas para a produção Presidente da Federação das Indústrias do Estado do de bens a serem comercializados fora do Brasil, sen- Acre, o Sr. Carlos Sasai. do considerada zona primária para efeito de controle Quero dar este testemunho aqui, Senador Paim, aduaneiro. É a Lei nº 11.508/2007 que dispõe sobre o porque tive a honra de estar presente, com o Presi- regime tributário, cambial e administrativo das Zonas dente Lula, com o Governador à época, Binho Mar- de Processamento de Exportação. Oitenta por cento ques, com o atual Senador Jorge Viana e, à época, o da produção de uma empresa dentro da ZPE deverá Senador Tião Viana, que hoje é Governador do Acre, ser exportada, apenas 20% pode ser comercializada no momento em que o Presidente Lula assinou esse dentro do País. 86 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48933 Vale ressaltar que o Senador Jorge Viana já apre- rabéns, portanto, pela abordagem. Quero me colocar sentou uma proposta de lei aqui no Senado para aumen- inteiramente solidário com a tese de V. Exª. tar o que se produz numa ZPE destinada ao mercado O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC) – Obriga- local de 20% para 40%, exatamente considerando que do, Senador Mozarildo Cavalcanti. temos um País com uma economia muito solidificada Parafraseando Steve Jobs, que tem sido muito neste momento e que é possível, sim, em um merca- comentado desde a sua morte, é muito fácil fazermos a do em expansão que temos no Brasil, fazer com que amarração dos pontos olhando para o passado; para o pelo menos 40% dos produtos industrializados nas futuro é que é difícil. Então, podendo fazer a amarração ZPEs no Brasil sejam destinados ao mercado interno. dos pontos... Quando eu disse que com o Governador Ouço, com atenção, o Senador Mozarildo Ca- Jorge Viana, a partir de 1999, o Acre construiu as ba- valcanti. ses para um projeto de desenvolvimento sustentável, O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- podemos olhar... nador Anibal, quero cumprimentá-lo pela abordagem (Interrupção do som.) desse tema. Nós, que somos da Amazônia – V. Exª é do lado oeste; eu sou do extremo norte –, embora a O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC) – Toda realidade seja diferente, temos os mesmos problemas. a infraestrutura instalada para a implantação dessa O mundo todo e o Brasil todo reclamam que nós mante- Zona de Processamento de Exportação foi fruto de um nhamos a floresta em pé, mas parece que querem que grande e prolongado trabalho. Por exemplo, a rodovia mantenhamos os seres humanos deitados, mortos. E V. interoceânica, que vai de Rio Branco a Brasileia, Assis Exª coloca um exemplo claro. Por que o Amazonas con- Brasil, atravessa o Peru e chega ao Oceano Pacífico seguiu ter a maior preservação de todos os Estados da é um grande diferencial para justificar o sucesso da Amazônia? Porque tem o Polo Industrial de Manaus, a ideia de se instalar essa Zona de Processamento de Superintendência da Zona Franca de Manaus, que hoje Exportação no Acre. Ela fica exatamente no entroca- é o Polo Industrial de Manaus, que, portanto, produz o mento entre as rodovias BR-364 e BR-317. Fica em suficiente para manter o Estado atendendo as pessoas Senador Guiomard a nossa Zona de Processamento de maneira adequada. A mesma coisa precisamos o de Exportação. E um dos marcos diferenciais que jus- seu Acre e o meu Roraima. Nós estamos também num tificaram, digamos, a prioridade para instalação dessa processo bem avançado da instalação da ZPE, como ZPE foi justamente a infraestrutura instalada a partir do também da Área de Livre Comércio. Agora, é evidente governo do Acre, com o apoio total do Presidente Lula. que são essas atividades, somadas a outras, como tu- Com o apoio do Presidente Lula, avançou-se muito rismo, que podem fazer, digamos, o desenvolvimento na BR-364 e construiu-se a BR-317, com destino ao sustentável, como tanto se badala, da região Norte, Peru, de tal maneira que hoje se vai de Rio Branco aos da amazônia notadamente, principalmente da nossa portos do Pacífico, no Peru, pela rodovia, o que fará amazônia, que é a amazônia ocidental. Então, quero uma grande diferença quando tivermos produtos para cumprimentá-lo e dizer que, inclusive, sou relator desse exportação, porque, por exemplo, as distâncias entre projeto do Senador Jorge Viana. Entendo que temos o Acre e Los Angeles, Vancouver ou Xangai, passan- que nos juntar, a Bancada da Amazônia, porque, afi- do pelos portos do Pacífico, ficam muito menores em nal de contas, somos 27 Senadores da região Norte. vários dias de viagem. Ou seja, a partir de um porto Precisamos nos unir. E, obviamente que cada Estado do Peru até esses portos do Oriente ou da costa leste tem a sua peculiaridade, mas, no conjunto, o principal dos Estados Unidos a viagem ficará menor. é justamente buscarmos formas de desenvolvimen- Isso tudo foi um diferencial importante para que to dos nossos Estados, darmos condições para que essa Zona de Processamento de Exportação fosse as pessoas possam viver melhor sem precisar fazer implementada, compreendida e autorizada pelo Presi- nenhum tipo de agressão ao meio ambiente ou atos dente Lula. Outro aspecto interessante é a pressa com ilícitos. E quero cumprimentá-lo porque V. Exª foi um que o Governador Tião Viana está fazendo as coisas dos grandes colaboradores também pela aprovação acontecerem. A equipe do Ministério das Relações do Código Florestal, que será votado, possivelmente, Exteriores que esteve presente ao evento disse que na semana que vem. Se somarmos tudo isso, com o não imaginava que o Governador conseguisse, em apoio do Governo Federal minimizando a burocracia, tão pouco tempo, atender todas exigências para que nós rapidamente encontraremos caminhos para que a a ZPE fosse alfandegada. Ou seja, o Governador Tião amazônia – repito –, notadamente a amazônia ociden- Viana está colocando toda a sua alma no sentido de tal, se desenvolva sem, de fato, qualquer tipo de ação fazer com que as coisas verdadeiramente aconteçam, em desfavor do meio ambiente ou qualquer coisa. Pa- mesmo diante das dificuldades que enfrenta para go- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 87 48934 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 vernar um Estado na região amazônica – e são muitas Viana, que é autor, inclusive, da famosa Emenda nº essas dificuldades. Está sendo feito um investimento de 29, que nós haveremos de votar aqui, espero eu, o R$25 milhões na implantação dessa ZPE, e eu tenho mais rápido possível. certeza de que isso vai contribuir imensamente para Passo a palavra, de imediato, ao nobre Senador melhorar a qualidade de vida do nosso povo. Pedro Simon, do PMDB do Rio Grande do Sul, com- Outro aspecto a ser ressaltado é que o Gover- panheiro de tantas jornadas. nador Tião Viana está buscando as mais diversas al- Depois teremos a alegria de ouvir também o Se- ternativas para garantir melhorias na economia e na nador Cristovam Buarque. qualidade de vida do povo, seja na produção agrícola, O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB – RS. Pro- na piscicultura ou na área tecnológica. Agora mesmo, nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) ele está fazendo uma mobilização para a implantação – Prezado Presidente, Paulo Paim, Srs. Parlamenta- de uma central de atendimento, um call center, que res, o assunto é muito delicado. Que eu saiba não tem vai possibilitar o emprego de algo entre 500 e 2,5 mil precedente. Mas parece que agora está marcada para jovens. É uma forma de dar alternativas de renda para a Comissão de Constituição e Justiça. Quarta-feira, o a população acreana. Líder do Governo, Senador Romero Jucá, vai encon- Para finalizar, Senador Paulo Paim, eu gosta- trar tempo para ler o seu parecer sobre a indicação da ria de reforçar que recebi da nossa Senadora Angela nova Ministra do Supremo. Portela, de Roraima, uma solicitação especial, já que Ontem, fez-se uma reunião extra na Comissão sou integrante titular da Comissão de Meio Ambien- de Constituição e Justiça, marcada para às 12h38, te, no sentido de apresentar uma emenda específica para que se votasse o projeto da DRU, que interessa- para o Estado de Roraima. Apresentei essa emenda va ao Governo. – a Emenda nº 107 –, que foi acatada pelo Relator, o Há interesse em se votar esse projeto. Apenas Senador Jorge Viana. O Senador Romero Jucá disse um grupo de Parlamentares, entre os quais eu me aqui, de público, que, na realidade, essa emenda era encontro, quer que se vote também a Emenda nº 29. dele. A emenda dele tem o mesmo teor, mas a emenda O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – acatada foi uma emenda de minha autoria que propõe RS) – Quero dizer que eu também, Senador Simon. o seguinte: O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB – RS) – Também V. Exª e o Senador Cristovam. Casualmente, “Dê-se ao § 5º, inciso II, do art. 12 do os três. Código Florestal a seguinte redação: O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – § 5º – Nos casos da alínea “a” do inciso RS) – Quando consultado, respondi a todos da mes- I, a reserva legal ficará reduzida para até 50% ma forma. quando o Estado tiver mais de 65% do seu O SR. PEDRO SIMON (Bloco/PMDB – RS) – É território ocupado por unidades de conserva- verdade. ção de natureza de domínio público e terras Em cinco minutos, com meia dúzia de Parlamen- indígenas homologadas. “ tares, votou-se. Essa emenda foi proposta integralmente pela Eu perguntei ao ilustre Líder do Governo, Se- Senadora Angela Portela. Ela não pôde apresentá-la nador Jucá, por que não aproveitava e lia o parecer? porque não fazia parte da Comissão de Meio Ambien- Porque, de acordo com as normas da Comissão de te, pediu que eu a apresentasse por ela. Eu apresen- Constituição e Justiça, o parecer de determinado pro- tei, foi acatada pelo Relator, Senador Jorge Viana, e a jeto de indicação é lido, e automaticamente há um Senadora Angela Portela pode perfeitamente prestar pedido de vista, para que na próxima sessão ele seja contas, junto aos seus aliados do Estado de Roraima, votado. Poderia ter sido lido, mas não foi. E parece que no sentido de que essa emenda foi apresentada, foi agora se tomou a decisão de que será lido na quarta- acatada, portanto, seu trabalho foi profícuo e produziu -feira. E vamos tentar fazer, na quinta-feira – se não o resultado esperado. me engano quinta-feira já é 1º de dezembro –, uma Agradeço, Senador Paim, pela atenção. reunião da Comissão de Constituição e Justiça para Desejo que todos tenham um bom final de se- aprovação do nome do ministro. E vamos tentar, não mana e que voltemos com a energia renovada na sei se vai dar certo, pedir urgência para a votação no segunda-feira. plenário. Sexta-feira não é um dia muito fácil de haver O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – votação no plenário. RS) – Meus cumprimentos ao Senador Anibal Diniz, Ficou esclarecida ali uma notícia que a imprensa que fala do trabalho do Governador e ex-Senador Tião publicou. E eu, ao fazer o apelo para votação do nome 88 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48935 da ministra, fiz questão de dizer que não acreditava Câmara não era o que queríamos. Na hora da votação, que a Executiva do PMDB tinha se reunido para tomar neste plenário, fiz um apelo à Casa. Eu mesmo tinha posição sobre a matéria. E tanto o Líder do PMDB, uma série de emendas. Vários Parlamentares tinham Senador Jader, quanto o Presidente da Comissão de emendas. Mas, se votássemos uma emenda, o pro- Justiça disseram realmente que não havia nenhuma jeto voltaria para a Câmara. Nossa impressão, com posição do PMDB. Absolutamente, nenhuma posição absoluta convicção de certeza, é a de que morreria do PMDB com relação a essa votação. na Câmara. Não seria votado. Então, tivemos um ato Hoje, o jornalista Ilimar, na coluna de O Globo, de malícia. Votamos como estava com o compromisso publica que o ilustre Presidente do PMDB, licenciado, de aperfeiçoá-lo depois. O Brasil inteiro ficou surpreso Vice-Presidente da República, que está em uma reunião com aquela decisão unânime do Senado a favor do em Paris, teria sido interrompido por um telefonema projeto. Lamentavelmente, o Supremo não aprovou o no sentido de que na Bancada do PMDB haveria um projeto para a eleição do ano passado. movimento com relação a mágoas e ressentimentos Já se viu a importância do projeto. Só com sua sobre a não discussão e a não decisão de um ilustre aprovação, muita gente já deixou de ser candidata. Senador do PMDB, eleito pelo Pará, cujo caso ainda Como o projeto dizia que quem não tivesse ficha limpa não havia sido decidido. não seria candidato, muitos não se aventuraram e não Eu também não acredito; e não acredito que o aceitaram. Já houve uma limpa. Mas, depois, como o PMDB vai pensar em fazer represália ao Supremo Tri- Supremo decidiu que não valeria para a eleição, estão bunal por causa de uma matéria como essa. Eu, com aí algumas discussões até hoje. E ficou a expectati- toda a sinceridade, acho que o caso do Senador Jader va em todos nós que para a eleição do ano que vem deve ser resolvido no Supremo. Se os outros casos já não teria problema. Nós tivemos todo este ano para foram, por que o dele não é resolvido? De um lado e de discutir a matéria. Eis, então, que o Senado assume outro, não quero nem discutir, a decisão é importante. a responsabilidade, assume a paternidade de que se Mas daí a fazer ligação nesse sentido, em termos de não for válida a ficha limpa para a eleição do ano que represália ao Supremo Tribunal? Eu estou aqui para vem existe um culpado: o Senado Federal. dizer que não acredito na matéria. Deve ter havido um A Presidenta indicou um nome com grande ante- equívoco, e alguém deve ter dado informação errada cedência. Nós tínhamos condições para votá-la com a ao ilustre e, aliás, diga-se de passagem, brilhante re- maior tranqüilidade. Um grande nome, ilustre, brilhante. pórter gaúcho do jornal O Globo. Aliás, eu não vi por parte de quem quer que seja, em Eu confio na palavra do Líder Renan, do Líder nenhum momento nessa discussão, interrogação em do Governo, Jucá, e no Presidente da Comissão de relação ao nome da indicada. Há uma unanimidade a Constituição e Justiça, de que a matéria será votada. respeito da sua credibilidade, da sua competência. Nin- A verdade é que dificilmente será votada em novem- guém levantou dúvida quanto a isso. Acho isso muito bro; aliás, impossível. Votada em dezembro, vai para bonito. Não se está aproveitando uma circunstância a Presidente da República, que tem que publicar no como esta para deixar de reconhecer a extraordinária Diário Oficial, e, depois disso, o Supremo terá que mar- felicidade da Presidente em indicar um nome de pri- car data para a posse da nova ministra. O problema meiríssima grandeza. É unanimidade. Não é ela que é que o Ministro do Supremo que pediu vista sobre a está em jogo. Isso todos fazem questão de dizer. É a votação da questão referente à ficha limpa informou no oportunidade. seu pedido de vista que só devolveria o pedido de vista De um lado, até aceito a posição do PMDB no após a posse do novo Ministro do Supremo. Parece- momento em que ele diz, mas, se já decidiram a ques- -me que alguns queriam – e estão conseguindo – que tão da Paraíba, se já decidiram a questão do Espírito a questão referente ao Ficha Limpa não seja votada Santo, por que não decidir a questão do Pará? Eu res- este ano. Todo o nosso esforço, todo o esforço desse peito. O que não aceito é o sentido: por causa disso, movimento da sociedade foi no sentido de que o Ficha deixar de tomar uma posição, por represália. Na ver- Limpa, projeto de iniciativa popular, fosse aprovado. dade, o que fica perante a opinião pública é que isso Vários projetos já existiam sobre essa matéria. Tenho foi feito para impedir que a ficha limpa possa valer ano mais de dois – inclusive um aprovado pelo Senado – que vem. Pelo menos essa é a tentativa. Estava pronta nas gavetas da Câmara. Não andou. Quer dizer, um para ser votada. projeto não tão avançado quanto o meu, mas o que O Ministro que pediu vista... E acho respeitável a se pôde fazer esta Casa fez: votou por unanimidade. sua posição: se a última votação terminou empatada, Aliás, foi um ato de muita competência desta Casa. A por que colocar em votação de novo para, talvez, termi- Câmara votou por imensa maioria. Mas o projeto da nar empatado novamente? Espera-se a nova indicação. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 89 48936 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Diga-se de passagem, quando ele pediu vista Eu quero dizer que, mesmo sem ser seu parente, e deu essa informação, o nome da ministra já estava é um bom nome. no Senado. Então, não tinha por que não aprovarmos. O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Sabemos que a votação não sairá enquanto a RS) – Muito bem, Senador Cristovam. nova ministra não for empossada no Supremo, e tudo Se vem de V. Exª, um ex-Ministro da Educação, leva a crer que isso não ocorrerá antes de março do uma afirmação como essa, isso aponta caminhos para ano que vem. o futuro dele e para o de outros que tenham a mesma A interrogação é esta: a ficha limpa vai valer ou competência. não vai valer para a eleição do ano que vem? E a in- O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT – DF. terpretação é esta: é o PMDB o responsável por isso, Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) porque foi ele que tomou essa decisão. – Mas, Senador Paim, eu quero falar aqui sobre um O Relator era o Líder do Governo, um homem assunto que diz até respeito ao Rio Grande do Sul, do PMDB. E o interessante é que, na reunião, o Líder que é um grande produtor de fumo. do Governo no Congresso Nacional, que é do PT do O Brasil tomou uma decisão corretíssima, e o Rio Ceará, fez questão de dizer que o Governo é favorável, Grande do Sul, pelo que eu li nos jornais, está apoian- que nessa manobra toda não há participação do Go- do, mesmo sendo um grande produtor de fumo (ou verno. O Governo queria a votação imediata do nome. de tabaco, o fumo bruto): a decisão de radicalizar na É por isso, Sr. Presidente, que, por um lado, fico proibição do uso de cigarros, charutos em ambientes satisfeito, porque a decisão está tomada. Na quarta- fechados. Creio que o Brasil deve ser um dos primei- -feira, inclusive o Presidente da Comissão de Cons- ros países, se não o primeiro, a tomar esta decisão de tituição e Justiça disse que, se for possível o Relator proibir, inclusive, os chamados “fumódromos” dentro ler na quarta-feira... E ele faz o que ele fez ontem com de ambientes fechados. Essa decisão tem tudo a ver com a responsabili- o projeto da DRU: marca uma reunião para daí a três dade pública, com a saúde pública, não apenas porque ou quatro horas, para, ainda na quarta-feira, aprovar- contamina o ambiente e faz com que os não fumantes mos o nome da ministra. E aí vamos nos sentar e vo- fumem também, mas também porque temos de nos tar em plenário. preocupar com os que são fumantes e tentar fazer com Fico feliz que a questão esteja solucionada com que eles deixem de ser fumantes. relação ao extraordinário nome da ministra, mas fico Mas, ao mesmo tempo em que me congratulo profundamente magoado porque vai sobrar para este com essa posição tomada pelo Governo brasileiro, Senado a responsabilidade de o Ficha Limpa não po- pelo Brasil, pelo Congresso, eu aproveito para pensar der ser votado para a eleição do ano que vem. nos outros “fumos” que o Brasil continua tolerando e Muito obrigado, Sr. Presidente. que nós temos de fazer ações, não apenas leis (não O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – bastam leis), mas ações para tentar enfrentar isso. RS) – Meus cumprimentos ao Senador Simon, que, Por exemplo, é preciso tomar medidas, ações como sempre, faz um pronunciamento com a profun- para que este País, além de não ter fumantes, tenha didade que o momento exige, falando do Ficha Limpa, todo mundo sabendo ler. Faz mal à saúde das pesso- falando da importância da escolha da ministra nessa as e faz mal à saúde do País ter pessoas adultas que quarta-feira, falando da Emenda nª 29 e da nossa res- não sabem ler. O analfabetismo impede o bom funcio- ponsabilidade com a saúde. namento dessas pessoas no conjunto da sociedade. Passamos a palavra, neste momento, ao Senador Nós vivemos numa sociedade de letras em que nem Cristovam Buarque. todos os adultos sabem decodificar as letras, enten- Senador Cristovam, se me permite, para eu escla- dem o que está escrito. Nós temos problemas não só recer ao público: V. Exª me perguntava hoje – alguém de redução de produtividade, de falta de participação, lhe perguntou, e V. Exª transmitiu a mim, corretamente de cidadania, mas, inclusive de mortes. – se eu era parente do Henrique Paim, cujo nome está Pouca gente percebe, Senador Paim, que os sendo cogitado entre os que poderiam um dia – vou acidentes que nós vemos no trabalho – e o senhor, ficar nesse termo – assumir o Ministério da Educação. Senador Paim, é um comprometido com os assuntos Tenho o maior respeito por ele, mas não é parente. É do trabalho –, que uma parte dos acidentes de traba- um amigo, alguém que eu quero bem. lho decorre pelo fato de que o trabalhador não soube Aproveitei a oportunidade para esclarecer a todos. ler avisos. Há trabalhadores de construção civil que O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT – caem durante a construção porque não souberam ler DF) – Muito obrigado, Senador. um aviso corretamente: perigo, uma palavra simples, 90 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48937 13 milhões de brasileiros não sabem decodificar essa de nós. A Argentina e o Uruguai praticamente já con- palavra. A gente tem que acabar com os “fumódro- seguiram fazer isso. mos” e tem que alfabetizar os brasileiros. Mas, além Acabar o analfabetismo não é zerar. Zerar o anal- de alfabetizar os adultos brasileiros... E não seria difí- fabetismo é impossível. Há pessoas que não vão apren- cil uma campanha pela erradicação em quatro, cinco, der. No caso do analfabetismo, chegando a 1%, nós o seis anos; não precisa mais do que isso. erradicamos. Por que somos capazes de fazer algo tão Vejam bem, nós temos quase 5 milhões de uni- positivo como praticamente criar condições para que versitários, 13 milhões de pessoas que não sabem não haja fumantes neste País e não somos capazes ler. Bastava que cada universitário alfabetizasse duas de organizar a sociedade, o potencial que nós temos, pessoas no Brasil para a gente acabar com o analfa- para fazer com que todos saibam ler? betismo. Mas claro que não podemos fazer desse jeito, E o trabalho infantil? A gente precisa acabar com essa não é a maneira eficiente. Mas se cada univer- essa chaga que existe no Brasil! Crianças, em vez de sitário, durante seis horas por semana, um semestre estarem na escola, estão trabalhando! Isso é, no mí- dos seus quatro ou cinco anos de curso, desse aula nimo, tão importante como acabar com os locais onde de alfabetização, nós acabaríamos com o analfabe- os fumantes fumavam em ambientes fechados. Aca- tismo. Mas a gente não pode exigir que todos façam bar com os fumódromos é importante para a saúde de isso nesse período. Nós podemos perfeitamente ter todos, inclusive para tentar impedir que os fumantes menos universitários sendo mobilizados, até porque continuem fumando ou, pelo menos, para forçá-los a não são só eles. reduzir o número de cigarros ou pelo menos para que, Há quantos desempregados neste País que sa- entre um cigarro e outro, fiquem impedidos de fumar bem ler e que poderiam alfabetizar depois de um pe- quando estiverem em ambientes fechados. Mas por queno curso? Quantos jovens de 18 anos, 20 anos, que não fazer um esforço para que, neste País, não haja criança trabalhando? estão neste momento sem emprego? E se a gente os Quando a Bolsa Escola foi criada – e me orgulho contratasse por R$1 mil por mês, que não é um salá- do meu papel nessa criação, nessa concepção, nes- rio maravilhoso, mas que é mais que um salário míni- sa implantação, como Governador do Distrito Federal, mo? Se a gente desse um pequeno treinamento para de maneira absolutamente pioneira –, o seu objetivo eles, se a gente gerasse empregos, seria erradicado era o de fazer com que nenhuma criança trabalhasse o analfabetismo rapidamente. neste País, porque a gente pagaria à mãe para que o Se somos capazes de proibir os fumódromos, por filho não precisasse trabalhar e não tivesse o direito que não somos capazes de organizar a energia que de trabalhar. Criança não deve ter direito de trabalhar este País tem para resolver um problema tão dramá- em horário escolar com menos de quinze anos. Se tico, vergonhoso, quase do mesmo nível do que era a a criança tiver mais de 15 anos, Senador Paim, isso escravidão no século passado? Por quê? Porque não até é possível, sim, desde que se combine o trabalho queremos, porque não queremos, porque não damos com a escola. Mas jamais se deve trabalhar em horá- o devido respeito ao problema. rio escolar. Pode-se trabalhar nas férias, por exemplo, É triste, mas, depois de dois governos de Presi- escolhendo trabalhos dignos, não aqueles em que a dentes vindos da esquerda, Fernando Henrique Car- gente vê a criança trabalhando. doso e Luiz Inácio Lula da Silva, o número de analfa- Entre esses “trabalhos”, está a prostituição infantil, betos no Brasil praticamente não diminuiu. Diminuiu que alguns não gostam de chamar assim e preferem um pouquinho o índice, mas não o número, porque a chamar de exploração sexual de menores. Chamar isso população cresce e arrasta-se, levando o analfabetis- de exploração sexual de menores diminui a tragédia mo com ela. da prostituição infantil. É claro que é preciso dizer que É muito triste! Foram dezesseis anos de gover- a culpa não é daquela criança, porque ela é obrigada nos socialmente! Mesmo que a gente a fazer isso. Mas não nos envolvemos num programa discorde do progressismo nas políticas econômicas, radical para impedir que isso aconteça. É possível im- a gente tem de reconhecer que, no social, foram go- pedir isso! Zerar, zerar, zerar não é possível, mas se vernos progressistas: um deles criou a Bolsa Escola, pode fazer com que seja uma exceção raríssima, para o outro ampliou a Bolsa Escola com o nome de Bolsa que, no dia em que se perceber que uma criança está Família. Diversas ações sociais foram feitas. Por que sendo explorada sexualmente, na prostituição infan- esses dois Presidentes não perceberam a importân- til, essa situação seja manchete nos jornais no Brasil cia da erradicação do analfabetismo? O Paraguai, a inteiro, horrorizado com isso. Nós nos horrorizamos Bolívia e a Venezuela vão conseguir fazer isso antes mais com as pessoas fumando do que com crianças NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 91 48938 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 na prostituição. Nós nos horrorizamos muito mais com Mas o pior é que não há um tratamento correto gente fumando em ambiente fechado. Daí a proibição do assassinato cometido por pessoas usando carros. dos fumódromos, a justa proibição dos fumódromos. Uma pessoa que bebe e dirige um carro é um assas- Mas há a aceitação de que, nas esquinas, haja crian- sino em potencial! É um assassino em potencial tanto ças se prostituindo. quanto uma pessoa que fuma é um doente de câncer Isso é tão relegado no Brasil, que lembro que, na em potencial. Nós já assumimos que ninguém deve primeira reunião que o Presidente Lula fez com seus ter o direito, pelo menos em ambiente fechado, de de- ministros – e eu era um deles –, eu disse: “É preciso senvolver o potencial de um câncer ou outras doenças. criar um xerife do ponto de vista de coordenação para Mas não desenvolvemos ainda, para valer, a ideia de lutar contra esse problema”. E isso, até hoje, não exis- que quem dirige um carro embriagado é um assassino te. O problema da prostituição é que não há uma pes- em potencial. Nós tratamos como um descuido, como soa no Brasil encarregada de lutar contra isso. Esse um erro de direção. é um problema do Ministério do Trabalho, esse é um Meu projeto, que já tem uns cinco anos, que problema do Ministério da Justiça, esse é um proble- trata como crime hediondo o uso de automóvel como ma da Polícia e não é um problema do Presidente da arma, não avança. Temos que fazer isso. O automóvel República, da Presidenta da República. E não é um é uma arma que precisamos ter pessoas responsáveis programa. Fumódromo a gente proíbe. Prostituição usando. E uma pessoa que bebe não é responsável infantil a gente tolera. se vai dirigir depois. E o que falar do analfabetismo de criança? Porque Eu, aliás, vou mais longe. Nós conseguimos proi- podem dizer: “Criança analfabeta é o normal”. É. Até bir o fumo em ambientes fechados, mas não fazemos sete anos. A partir de sete anos, se continua sendo, é campanhas radicais contra o álcool. O álcool a gente alguma deformação, deficiência da escola, do sistema tolera como uma coisa normal. Não é normal. Pode ser escolar. Não é da criança, salvo exceções de crianças boa, mas não é normal. E a gente permite propaganda que, de fato, têm problemas que não permitem que de algumas bebidas na televisão. E a gente permite aprendam, mas é muito raro. propaganda de algumas bebidas na televisão no ho- Apesar disso, 7% das crianças, no Brasil, com rário permitido para crianças e adolescentes. 10 anos de idade, que estão na escola não sabem ler Como a gente é capaz de proibir que se fume em ainda. São 7% das crianças que estão na escola, até locais fechados e não é capaz de proibir a publicidade os 10 anos, que chegam aos 10 sem saber ler! de bebidas alcoólicas na televisão? Eu não falo daquelas que estão fora da escola, Eu não vou dizer que é o mesmo, porque são coi- porque ainda temos no Brasil pelos menos uns dois milhões e meio que não entraram na escola! Como se sas diferentes, mas o risco que eles geram é parecido. a escola fosse um lugar em que elas não pudessem en- Nós não podemos deixar que os meios de comunicação trar. Eu falo daquelas que entraram na escola, ficaram continuem incentivando o consumo de bebida alcoólica. na escola. Eu não falo daquelas que saem depois da Mas a gente continua. Concentramo-nos no cigarro, 1ª série, depois da 2ª, depois da 3ª; eu falo daquelas corretamente, mas não corretamente concentrar-se. que chegaram até a 4ª e não conseguiram aprender E o caso das reservas florestais brasileiras? Apro- a ler. Quase 7%! vamos aqui um Código Florestal. Foi um avanço aprovar É uma deformação do sistema escolar. Não é um Código Florestal, mas há brechas nesse Código apenas uma deficiência; é uma deformação. E, do Florestal que poderão levar à destruição de florestas ponto de vista social, é uma imoralidade, imoralidade! que não devem ser substituídas por produção. Mais grave ainda do que ter pessoas fumando em Mas a gente só se lembra do fumódromo. ambientes fechados – e eu apoio totalmente a proibição E a corrupção? Por que a gente é capaz de proi- de se fumar em ambientes fechados –, e não podemos bir o fumo em ambientes fechados e consegue criar proibir que fumem em ambiente aberto, mas devemos ambientes fechados onde a corrupção é feita sem que fazer uma campanha radical contra isso. a população tome conhecimento? Porque a corrupção E o que falar de pessoas que dirigem bêbadas ainda não é crime hediondo, que é um projeto que te- e que matam pessoas, e que saem dali, depois do nho. Roubar dinheiro público é um ato de corrupção crime, apenas porque deixaram uma fiança? O que criminoso. já começa com uma coisa errada: quem tem dinheiro Aliás, o nome corrupção deveria ser abolido. De- paga a fiança e sai; quem não tem dinheiro, não paga veria se chamar crime. Corrupto deveria se chamar a fiança e fica preso. criminoso, deveria se chamar ladrão! 92 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48939 Por que uma pessoa pobre, como eu vi um dia indianos vão mandar, como, se brincar, os iranianos e desses no jornal, rouba comida é ladrão, e uma pessoa os coreanos vão mandar, antes do Brasil. Não, eu não que tem acesso a roubar dinheiro público é corrupto? vou exigir isso. Agora, eu vou exigir, como Senador, A mesma coisa entre prostituição e exploração. como cidadão, que o governo deste País ponha a er- Diminui a dimensão da tragédia. No caso da corrup- radicação do analfabetismo como algo tão importante ção; não digo do crime. Porque aquela criança está aí como a erradicação dos fumódromos. O mesmo vale por necessidade, por indução de outros. Ela não é cri- para todos os outros itens que precisam de ações, minosa. Mas a tragédia, o problema é grave. A gente Senador Mozarildo. diminui a tragédia usando as palavras. Sei que não são assinaturas... Vejam bem: até a As pessoas esquecem que as coisas são o que abolição da escravatura não foi apenas o assunto de as palavras que se referem a elas dizem. Quando você uma lei assinada – e o Senador Paim é um dos gran- diminui a palavra que usa para determinado fato diminui des defensores da consciência negra. Vamos falar com aquela coisa. Chamar roubo de corrupção é diminuir franqueza: nós assinamos, mas não fazemos. Nós as- a ladroagem que é feita em nome dela. Chamar o la- sinamos, a Princesa Isabel assinou o fim da escravi- drão de corrupto é diminuir a dimensão do nome que dão, mas não colocamos os filhos do ex-escravos na se deve dar a ele de ladrão. escola, não demos terras aos ex-escravos para que Então, conseguimos proibir o fumo nos ambientes eles produzissem. Portanto, a escravidão continuou, fechados. Mas não consegue, tolera, aceita, gera um pro- com o nome de desemprego, com o nome de exclusão cesso de discussão na Justiça secular para poder alguma social, mas continuou. A senzala acabou? Não. Mudou punição que permita responsabilizar aquele que rouba. de nome: chama-se favela sem infraestrutura. Tanto é Estamos responsabilizando os que fumam, corre- que não se chama bairro, chama-se favela. Não é por tamente, volto a insistir. Sou antitabagista radical. Mas acaso que há esses dois nomes. Havia a Casa Grande precisamos ser anti as outras maldades da sociedade. e havia a Senzala. Hoje há bairros chiques e favelas E as filas nos hospitais? Por que a gente proíbe o fu- sem infraestrutura, porque não fizemos o dever de módromo e não conseguimos evitar que haja fila nos casa, porque não fizemos as ações. hospitais públicos? Com todos os recursos que este País Quero concluir, Senador, dentro do tempo usual tem, como é que gente, os mesmos que aprovamos o numa sexta-feira, dizendo que fico muito contente ao ver fim do fumódromo, não vamos votar a Emenda nº 29? que o Brasil sai na frente na luta contra a chaga do taba- Como? Que desculpa que terei para dizer que se pro- gismo, mas, por favor, não comemoremos isso antes de íbe fumo em ambientes fechados, mas não se permite fazer o resto do dever de casa. A República já espera há gastar 10% do PIB com saúde? Temos que ver o pro- 122 anos sem dar as respostas devidas ao Brasil. Com blema na sua dimensão total de que este País precisa, relação a todos esses problemas, no que diz respeito a na sua moralização. A sua moralização precisa ser feita soluções, a gente não está fazendo. Vamos completar o com a alfabetização de todos. Precisa ser feita com a nosso trabalho. Vamos acabar com o fumódromo, mas abolição do trabalho infantil. Precisa ser feita com o fim também com as outras degradações, com as outras for- dessa chaga que é a prostituição infantil. Precisa ser mas de ineficiência social que o Brasil tem tido. feita a moralização punindo com um rigor radical os que Era isso que eu tinha a dizer, Presidente Paim. assassinam usando automóvel. Precisamos considerar, O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – sim, tão gravemente como o fim do tabagismo, o fim do RS) – Muito bem, Senador Cristovam Buarque. V. Exª fumo, a proteção das reservas florestais, a abolição da foi brilhante como sempre – não é nenhuma novidade corrupção, a alfabetização de toda criança na escola para o Brasil. Falou de forma ampla, mas com eixo na antes que chegue à quarta série. Precisamos fazer tudo educação. Não deixou de falar da saúde, da liberdade, erradicando, eliminando as filas nos hospitais. da igualdade, do combate a todo tipo de preconceito Essas outras coisas que eu disse não são ca- e falou muito da questão dos negros também. Aliás, pazes de ser realizadas apenas com a assinatura de os últimos dados do IBGE são alarmantes mesmo em uma Presidente da República. Não! Exige ações. Mas relação ao número de jovens negros que são assassi- nós nos negamos a essas ações. Ações possíveis. Não nados neste País: mais ou menos 3 por 1 em relação falei aqui quando vou acabar com a vergonha de que àqueles que não são negros. os chineses estão mandando em breve uma pessoa Enfim, com o seu pronunciamento, encerramos para a lua e o Brasil não vai conseguir fazer isso neste esta sessão. século provavelmente. O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Não, não estou exigindo que a gente mande um RS) – Sobre a mesa, pareceres que serão lidos. homem à lua, como os chineses vão mandar, como os São lidos os seguintes. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 93 48940 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 94 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48941 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 95 48942 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 96 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48943 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 97 48944 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 98 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48945 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 99 48946 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 100 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48947 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 101 48948 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 102 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48949 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 103 48950 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 104 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48951 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 105 48952 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 106 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48953 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 107 48954 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 108 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48955 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 109 48956 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 110 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48957 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 111 48958 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 112 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48959 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 113 48960 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 114 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48961 O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – monobloco com carga útil igual ou superior a RS) – Os pareceres lidos vão à publicação. 1.500 kg, classificados na posição 87.04 da O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – TIPI, observadas as especificações estabe- RS) – A Presidência recebeu o Ofício nº 237, de 2011, lecidas pela Secretaria da Receita Federal do do Presidente da Comissão de Assuntos Sociais, que Brasil, efetuadas a transportador autônomo de comunica a apreciação, em caráter terminativo, do cargas (TAC) devidamente inscrito no Regis- Projeto de Lei do Senado nº 615, de 2007, do Sena- tro Nacional de Transportadores Rodoviários dor Marcelo Crivella (tramitando em conjunto com o Projeto de Lei do Senado nº 283, de 2008). de Cargas – RNTR-C da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT. É o seguinte o Ofício: Parágrafo único. O Poder Executivo po- Ofício nº 237/2011-PRES/CAS derá regulamentar o disposto nos incisos IV, X e XIII a XXXIII do caput.” (NR) Brasília, 16 de novembro de 2011 Excelentíssimo Senhor Presidente, Art. 2º Ficam isentos do Imposto Sobre Produtos Em cumprimento ao disposto no artigo 91, § 2º, Industrializados – IPI os caminhões chassi com carga combinado com o art. 284, do Regimento Interno desta útil igual ou superior a 1.800 kg e caminhão monobloco Casa, comunico a Vossa Excelência que esta Comis- com carga útil igual ou superior a 1.500 kg, classificados são, em turno suplementar, adotou definitivamente o na posição 87.04 da TIPI, observadas as especificações Substitutivo (Emenda nº 2-CAS) ao Projeto de Lei do estabelecidas pela Secretaria da Receita Federal do Bra- Senado nº 615, de 2007, que Altera a Lei nº 9.029, de sil, quando adquiridos por transportador autônomo de 13 de abril de 1995, para proibir o uso de informações cargas (TAC) devidamente inscrito no Registro Nacional constantes dos cadastros das agências de proteção de Transportadores Rodoviários de Cargas – RNTR-C ao crédito e afins, para efeitos admissionais ou de per- da Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT. manência da relação jurídica de trabalho e dá outras Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua providências, de autoria do Senador Marcelo Crivella. publicação. Respeitosamente, – Senador Jayme Campos, Justificação Presidente da Comissão de Assuntos Sociais. O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – O alto investimento necessário para a aquisição RS) – Com referência ao Ofício nº 237, de 2011, fica de novos caminhões constitui sério empecilho para que aberto o prazo de cinco dias úteis para interposição transportadores autônomos de carga possam melhorar de recurso, por um décimo da composição da Casa, o seu instrumento de trabalho, reduzindo a sua segu- para que a matéria seja apreciada pelo Plenário, nos rança e a das estradas como um todo. termos do art. 91, §§ 3º a 5º, do Regimento Interno. Dados do Registro Nacional de Transportador O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) Rodoviário de Cargas – RNTRC, da Agência Nacional – Sobre a mesa, Projeto de lei do Senado que será lido. dos Transportes Terrestres, apontam que existem mais de dois milhões de veículos de carga em circulação É lido o seguinte. em todo o país. Cerca de cinquenta por cento desta PROJETO DE LEI DO SENADO frota pertencem a transportadores autônomos e a ida- N° 704, DE 2011 de média de seus veículos é superior a dezoito anos. O incentivo aqui proposto é a redução das alí- Acrescenta inciso e altera parágrafo quotas da contribuição para o Programa de Integração único do art. 28 da Lei nº 10.865, de 30 de Social / Programa de Formação do Patrimônio do Ser- abril de 2004, para reduzir a 0 (zero) as alí- vidor Público – PIS/PASEP, Contribuição para Finan- quotas da contribuição para o PIS/PASEP e ciamento da Seguridade Social – COFINS e Imposto da COFINS, e isenta de IPI a aquisição de ve- Sobre Produtos Industrializados – IPI incidentes sobre ículos de carga para motoristas autônomos. aquisição de veículos de carga para motoristas autô- O Congresso Nacional decreta: nomos, o que irá colaborar para a melhoria das con- Art. 1º O artigo 28 da Lei nº 10.865, de 30 de abril dições de trabalho desta classe de transportadores, de 2004, passa a vigorar com as seguintes alterações: impulsionar a indústria nacional de veículos de carga Art. 28 ...... e contribuir para a segurança nas estradas e manu- ...... tenção da malha rodoviária. XXXIII – caminhões chassi com carga Sala das Sessões, 24 de novembro de 2011. – útil igual ou superior a 1.800 kg e caminhão Senadora Kátia Abreu NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 115 48962 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 LEGISLAÇÃO CITADA ridos pela União, Estados, Municípios e pelo Distrito Federal, na forma a ser estabelecida LEI Nº 10.865, DE 30 DE ABRIL DE 2004 em regulamento do Poder Executivo; ...... IX – embarcações novas, com capaci- Art. 28. Ficam reduzidas a 0 (zero) as alíquotas dade para 20 (vinte) a 35 (trinta e cinco) pes- da contribuição para o PIS/PASEP e da COFINS inci- soas, classificadas no código 8901.90.00 da dentes sobre a receita bruta decorrente da venda, no Tipi, destinadas ao transporte escolar para a mercado interno, de: educação básica das redes estadual e muni- cipal, quando adquiridas pela União, Estados, I – papel destinado à impressão de jor- nais, pelo prazo de 4 (quatro) anos a contar da Municípios e pelo Distrito Federal, na forma a data de vigência desta Lei ou até que a produ- ser estabelecida em regulamento do Poder ção nacional atenda 80% (oitenta por cento) do Executivo; consumo interno, na forma a ser estabelecida X – materiais e equipamentos, inclusive em regulamento do Poder Executivo; partes, peças e componentes, destinados ao II – papéis classificados nos códi- emprego na construção, conservação, moder- gos 4801.00.10, 4801.00.90, 4802.61.91, nização, conversão ou reparo de embarcações 4802.61.99, 4810.19.89 e 4810.22.90, todos registradas ou pré-registradas no Registro Es- da TIPI, destinados à impressão de periódicos pecial Brasileiro; pelo prazo de 4 (quatro) anos a contar da data XI – veículos e carros blindados de com- de vigência desta Lei ou até que a produção bate, novos, armados ou não, e suas partes, nacional atenda 80% (oitenta por cento) do produzidos no Brasil, com peso bruto total até consumo interno; 30 (trinta) toneladas, classificados na posição III – produtos hortícolas e frutas, classifi- 8710.00.00 da Tipi, destinados ao uso das For- cados nos Capítulos 7 e 8, e ovos, classificados ças Armadas ou órgãos de segurança públi- na posição 04.07, todos da TIPI; e ca brasileiros, quando adquiridos por órgãos IV – aeronaves classificadas na posição e entidades da administração pública direta, 88.02 da Tipi, suas partes, peças, ferramentais, na forma a ser estabelecida em regulamento; componentes, insumos, fluidos hidráulicos, tin- XII – material de defesa, classificado nas tas, anticorrosivos, lubrificantes, equipamentos, posições 87.10.00.00 e 89.06.10.00 da Tipi, serviços e matérias-primas a serem emprega- além de partes, peças, componentes, ferra- dos na manutenção, conservação, moderniza- mentais, insumos, equipamentos e matérias- ção, reparo, revisão, conversão e industriali- -primas a serem empregados na sua indus- zação das aeronaves, seus motores, partes, trialização, montagem, manutenção, moder- componentes, ferramentais e equipamentos; nização e conversão; V – semens e embriões da posição 05.11 XIII – equipamentos de controle de pro- da NCM. dução, inclusive medidores de vazão condu- VI – livros, conforme definido no art. 2o da tivímetros, aparelhos para controle, registro, Lei no 10.753, de 30 de outubro de 2003; gravação e transmissão dos quantitativos me- VII – preparações compostas não alco- didos, quando adquiridos por pessoas jurídi- ólicas, classificadas no código 2106.90.10 Ex cas legalmente obrigadas à sua utilização, nos 01 da Tipi, destinadas à elaboração de bebidas termos e condições fixados pela Secretaria da pelas pessoas jurídicas industriais dos produ- Receita Federal do Brasil, inclusive quanto às tos referidos no art. 49 da Lei no 10.833, de 29 suas especificações técnicas. de dezembro de 2003. XIV – produtos classificados na posição VIII – veículos novos montados sobre 87.13 da Nomenclatura Comum do Mercosul- chassis, com capacidade para 23 (vinte e três) -NCM. a 44 (quarenta e quatro) pessoas, classificados XV – artigos e aparelhos ortopédicos ou nos códigos 8702.10.00 Ex 02 e 8702.90.90 para fraturas classificados no código 90.21.10 Ex 02 da Tipi, destinados ao transporte escolar da NCM; para a educação básica das redes estadual e XVI – artigos e aparelhos de próteses municipal, que atendam aos dispositivos da classificados no código 90.21.3 da NCM; Lei no 9.503, de 23 de setembro de 1997 – XVII – almofadas antiescaras classifica- Código de Trânsito Brasileiro, quando adqui- das nos Capítulos 39, 40, 63 e 94 da NCM. 116 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48963 XVIII – bens relacionados em ato do Po- (Ás Comissões de Serviços de infraestru- der Executivo para aplicação nas Unidades tura e, nos termos do art. 49, I, do Regimento Modulares de Saúde de que trata o Convênio Interno do Senado Federal, de Assuntos Eco- ICMS no 114, de 11 de dezembro de 2009, nômicos, em decisão terminativa) quando adquiridos por órgãos da administra- O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – ção pública direta federal, estadual, distrital e RS) – O projeto que acaba de ser lido será publicado municipal. e remetido às Comissões competentes. XX – serviços de transporte ferroviário em sistema de trens de alta velocidade (TAV), Sobre a mesa, requerimento que será lido. assim entendido como a composição utilizada É lido o seguinte. para efetuar a prestação do serviço público de transporte ferroviário que consiga atingir velo- REQUERIMENTO Nº 1.438, DE 2011 cidade igual ou superior a 250 km/h (duzentos Senhor Presidente, e cinquenta quilômetros por hora). O Projeto de Lei do Senado Federal nº 125 de 2010, XXI – projetores para exibição cinema- que “Acrescenta art. 32-A à Lei nº 8.078, de 11 de setem- tográfica, classificados no código 9007.2 da bro de 1990, para obrigar o fabricante ou o importador de NCM, e suas partes e acessórios, classifica- automóvel a inserir, no manual de manutenção do veícu- dos no código 9007.9 da NCM. lo, relação contendo denominação, marca e código de XXII – produtos classificados nos códigos referência das principais peças que compõem o veículo”, 8443.32.22, 8469.00.39 Ex 01, 8714.20.00, e tramita na Comissão de Serviços de Infraestrutura – CI, 9021.40.00, todos da TIPI; em caráter terminativo. XXIII – calculadoras equipadas com sintetizador de voz classificadas no código Nos termos do inciso II, alínea C, item 12, do art. 255 8470.10.00 da TIPI; combinado com o inciso I do art. 99, todos do Regimen- XXIV – teclados com colmeia classifica- to Interno do Senado Federal (RISF), requeiro que sobre dos no código 8471.60.52 da TIPI; a matéria seja ouvida também a Comissão de Assuntos XXV – indicadores ou apontadores - mou- Econômicos – CAE, tendo em vista que a proposta em ses – com entrada para acionador classificados exame estabelece a obrigação ao produtor nacional ou no código 8471.60.53 da TIPI; importador de veículos de inserir em manual do proprie- XXVI – linhas braile classificadas no có- tário relação de peças, sendo assim necessário avaliar os digo 8471.60.90 da TIPI; custos da referida ação para as empresas do setor, que XXVII – digitalizadores de imagens – reclamam do excesso de regulamentações e burocracia scanners – equipados com sintetizador de voz no ambiente de negócios brasileiro. classificados no código 8471.90.14 da TIPI; Desta forma entendemos, nos termos do RISF, XXVIII – duplicadores braile classificados pela necessidade de análise do PLS 125 de 2010 pela no código 8472.10.00 da TIPI; CAE. – Senador Armando Monteiro. XXIX – acionadores de pressão classifi- O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) cados no código 8471.60.53 da TIPI; – O requerimento que acaba de ser lido será incluído XXX – lupas eletrônicas do tipo utilizado em Ordem do Dia oportunamente. por pessoas com deficiência visual classifica- O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – das no código 8525.80.19 da TIPI; RS) – A Presidência recebeu, da Câmara dos Depu- XXXI – implantes cocleares classificados tados, o Projeto de Lei da Câmara nº 122, de 2011 no código 9021.90.19 da TIPI; e (nº 7.579/2010, na Casa de origem), de iniciativa da XXXII – próteses oculares classificadas Presidência da República, que cria cargos na Carrei- no código 9021.90.89 da TIPI. ra de Diplomata; altera o Anexo I da Lei nº 11.440, de Parágrafo único. O Poder Executivo po- 29 de dezembro de 2006; e cria cargos de Oficial de derá regulamentar o disposto nos incisos IV, X e XIII a XXXII do caput.” (NR) Chancelaria...... É o seguinte o Projeto: NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 117 48964 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 118 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48965 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 119 48966 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 120 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48967 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 121 48968 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 122 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48969 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 123 48970 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 124 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48971 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 125 48972 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) 23,47% para os voos domésticos e 20,38% para os – O Projeto de Lei da Câmara nº 122, de 2011, vai às vôos no período de janeiro a dezembro, em relação Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional; ao período de 2009. e à de Constituição, Justiça e Cidadania. Por isso, reveste-se de importância cada vez O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – maior o papel que a ANAC desempenha na fixação RS) – Os Srs. Senadores Romero Jucá, Cyro Miranda, de normas referentes à prestação de serviços aos Cícero Lucena, Flexa Ribeiro, a Srª Senadora Lúcia usuários e à assistência material aos passageiros do Vânia, os Srs. Senadores Alvaro Dias, Aloysio Nunes transporte aéreo. Ferreira, Mário Couto e a Srª Senadora Angela Portela A Agência também tem se esmerado no aperfeiço- enviaram discursos à Mesa, para serem publicados na amento das ações voltadas à melhoria dos Processos forma do disposto no art. 203, combinado com o Inciso internos, que influem na prestação de serviços, como I e §2º do art. 210, do Regimento Interno. os novos Certificados de Habilitação técnica (CHT), S. Exªs serão atendidos. que passaram a ser impressos na Casa da Moeda do O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB – RR. Sem Brasil, o que garante muito maior segurança e confia- apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e bilidade aos documentos. Outros processos recebe- Srs. Senadores, quero aproveitar esta oportunidade ram uma dinamização que lhes proporciona rapidez para levar ao conhecimento dos nobres Colegas al- e agilidade, com a disponibilização de serviços via guns pontos do relatório do ano de 2010 da Agência Internet, tais como: Declaração de Inspeção Anual de Nacional de Aviação Civil (ANAC), que recebi recen- Manutenção (DIAM), Reservas de Marcas On Line, temente em meu Gabinete. Consulta de Andamento dos Processos de Empresa A ANAC foi criada, ainda não faz muito tempo, de Manutenção Aeronáutica, e Agendamento de Vis- pela Lei n° 11.182, de 27 de setembro de 2005. A nova toria de Aeronaves. Agência substituiu o Departamento de Aviação Civil Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é impor- (DAC) como autoridade de aviação civil e órgão regu- tante saber que a ANA C foi submetida ao Universal lador do transporte aéreo no País. O DAC integrava a Security Audit Program – USAP (Programa de Audi- estrutura administrativa do Ministério da Aeronáutica toria de Segurança Universal), que tem como objetivo até 1999. avaliar a adequação no que diz respeito às normas A ANAC, vinculada à Secretaria de Aviação Civil internacionais de segurança contra atos de segurança da Presidência da República, é uma autarquia espe- ilícita, aplicadas nos aeroportos brasileiros. A Agência cial, caracterizada por independência administrativa, obteve o índice de 85,04% de conformidade em relação autonomia financeira, ausência de subordinação hie- às normas internacionais de segurança. rárquica e mandato fixo de seus dirigentes, que atuam Quanto aos 14,96% em que a ANAC não obteve em regime de colegiado. Tem como atribuições regular a aprovação, trata-se de assuntos que não são aplicá- e fiscalizar as atividades de aviação civil e de infraes- veis aos aeroportos brasileiros, ou requisitos que estão trutura aeronáutica e aeroportuária no Brasil. passando por ajustes. Portanto, levando-se em consideração a impor- A International Civil Aviation Organization – ICAO tância crescente do transporte aéreo, principalmente (ou Organização da Aviação Civil Internacional – AOCI, de passageiros, pode-se avaliar a necessidade de um em português) também confirmou que os procedimen- órgão nos moldes da ANAC, que apresenta como mis- tos adotados no embarque e desembarque de passa- são: “Promover a segurança e a excelência do sistema geiros e tripulantes, assim como a movimentação de de aviação civil de forma a contribuir para o desenvolvi- carga, protegem a aviação civil brasileira contra atos mento do País e o bem-estar da sociedade brasileira”. ilícitos, como os decorrentes de ações terroristas. Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, talvez um Pode-se dizer, portanto, que a ANAC tem con- dos avanços mais importantes na gestão da aviação tribuído para o aperfeiçoamento institucional do País, civil brasileira tenha sido a implantação de um canal no que diz respeito aos serviços de transporte aéreo de relacionamento direto com o usuário. É assim que de passageiros e de cargas e que trilha o aminho cer- a ANAC pode verificar o fundamento das reclamações to para transformar esse setor em motivo de orgulho e denúncias, para fazer que os entes regulados atuem para o Brasil. de acordo com as normas da aviação civil. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. Consta do Relatório de 20 I O da ANAC que, em O SR. CYRO MIRANDA (Bloco/PSDB – GO. Sem todo o mundo, o Brasil foi o país que apresentou o apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. maior crescimento no número de passageiros trans- Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer portados. A demanda por transporte aéreo aumentou o registro do editorial intitulado “Outro feudo, outro es- 126 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48973 cândalo”, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo dos podres do feudo de Lupi, outro dos ministros que de 08 de novembro de 2011. a presidente foi obrigada a herdar de seu patrono Lula. O editorial destaca que se o ministro Gilberto Tanto assim que, em agosto último, Dilma mandou Carvalho se diz cansado das crises provocadas por demitir Panella. No sábado, Lupi teve de afastar San- denúncias de corrupção no governo, que dirá a socie- tos pelo tempo que durar a sindicância por ele anun- dade que afinal é quem paga as contas. ciada, enquanto recitava a mesma lengalenga a que Sr. Presidente, requeiro que o editorial acima recorreram os cinco colegas que acabariam varridos citado seja considerado parte integrante deste pro- do Gabinete: não compactua com desvios de recursos nunciamento, para que passe a constar dos Anais do públicos, mas as denúncias devem respeitar o princípio Senado Federal. do amplo direito de defesa. Ao blá-blá-blá de sempre, Era o que tinha a dizer. o bravateiro Lupi acrescentou uma provocação: “Tem Muito obrigado. muita gente graúda incomodada com a minha presença DOCUMENTO A QUE SE REFERE O no Ministério, mas vão ter que me engolir”. Ele sabe SR. SENADOR CYRO MIRANDA EM SEU que já estava marcado para cair na reforma ministerial PRONUNCIAMENTO. prevista para o começo do ano. O seu medo maior é o (Inserido nos termos do art. art. 210, in- desmonte da usina de beneficiamento do PDT a que o ciso I, §2º, do Regimento Interno.) Trabalho foi reduzido, na operação lulista de cooptação da Força Sindical liderada por outro notório persona- gem, o deputado Paulo Pereira da Silva. O Estado de S. Paulo A julgar pelo retrospecto recente, no entanto, ele 8-11-2011 não precisa se preocupar. Quando se tornou insusten- tável a permanência do ministro Orlando Silva, do PC Outro feudo, outro escândalo do B, no Esporte, a única dúvida no Planalto era sobre Se o ministro Gilberto Carvalho, titular da Secre- o nome do camarada que iria lhe suceder. O partido taria-Geral da Presidência, se diz cansado das crises impôs o deputado Aldo Rebelo. O antecessor, como provocadas por denúncias de corrupção no governo, se sabe, foi levado a se imolar por causa das mara- que dirá a sociedade que afinal é quem paga a conta cutaias nos convênios da pasta com ONGs, algumas dos malfeitos, como costuma dizer a presidente Dilma delas criadas para repartir com o PC do B o dinheiro Rousseff? O desabafo do ministro se seguiu a outra recebido. Por bem ou por mal, como se vê agora no revelação do gênero – a da existência de um esque- escândalo envolvendo o PDT, a cobrança de pedágio ma de extorsão de organizações não governamentais das entidades do Terceiro Setor interessadas em con- (ONGs) conveniadas com o Ministério do Trabalho, tratos com a administração federal é uma forma rotinei- apropriado pelo chefão do PDT, Carlos Lupi. Segundo ra de irrigar finanças partidárias. Mas o problema não a revista Veja, dirigentes de uma ONG do Rio Gran- se resolve com a “tradicional” retirada do sofá da sala. de do Norte, o Instituto Êpa, e de outra, denominada Restringir os convênios apenas a entes públicos, Oxigênio, sediada no Rio de Janeiro informaram que como pretende Rebelo, é um retrocesso na gestão as entidades, contratadas para ministrar cursos de ca- dos programas de promoção social em qualquer nível pacitação profissional, foram alvo do clássico golpe da de governo. É ainda abrir mão do dever – e do poder criação de dificuldades para a venda de facilidades. – de fiscalizar adequadamente o uso dos recursos A certa altura da execução dos convênios, as arrecadados da sociedade. Trata-se de separar o joio ONGs eram avisadas de que, por supostas irregula- do trigo e instituir normas de habilitação das ONGs ridades que teriam cometido, não receberiam novos que impeçam políticos corruptos de fechar negócio repasses – a menos que molhassem as mãos de seus com aquelas que, com avidez ou a contragosto, farão interlocutores da cúpula do Trabalho com 5% e 15% do a sua parte no cambalacho. Essa seria a intenção da valor dos contratos. Os achacadores seriam um então presidente, depois do pente-fino que mandou passar assessor de Lupi, o deputado federal maranhense We- em todos os convênios do Executivo. A higienização, de verton Rocha, e o coordenador-geral de Qualificação toda maneira, é um ponto de partida, não de chegada. da pasta, Anderson Alexandre dos Santos. A dupla Esse é o desmanche da engrenagem que enlaça apoio respondia ao chefe de gabinete do ministro, Marcelo parlamentar ao Planalto e arrendamento aos partidos, Panella, não por acaso tesoureiro do PDT, para onde chaves na mão, de setores inteiros do governo. Mas se destinaria, no todo ou em parte, o cala-boca extra- isso não está no horizonte. ído dos ongueiros. Não se sabe com que grau de de- O SR. CÍCERO LUCENA (Bloco/PSDB – PB. Sem talhamento, mas o fato é que o Planalto tinha ciência apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 127 48974 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para agora filiado ao PT. “Há um relacionamento muito in- fazer o registro do editorial intitulado, “As provas pe- tenso entre os fatos”, sustenta Gurgel para justificar a didas”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em unificação das apurações. Os indícios parecem incon- sua edição de 21 de outubro de 2011. testáveis. Agnelo assumiu no início do primeiro governo O editorial destaca que o ex-ministro Orlando Lula e nomeou Orlando secretário executivo da pasta. Silva não apresenta provas de suas “calúnias” e nem Em 2006, quando Agnelo se afastou na busca frustrada poderá apresentá-las, por não existirem. de uma cadeira no Senado, o sub foi para o seu lugar Sr. Presidente, requeiro que o editorial acima e nele foi confirmado, depois, pela presidente Dilma citado seja considerado parte integrante deste pro- Rousseff a pedido do seu mentor Lula. nunciamento, para que passe a constar dos Anais do Conforme as evidências, o que começou com Senado Federal. Agnelo continuou sem interrupção com Orlando – a Era o que tinha a dizer. assinatura de convênios com organizações não go- Muito obrigado. vernamentais (ONGs) fictícias ou sem a mais remota DOCUMENTO A QUE SE REFERE O condição de cumprir os contratos firmados nem o me- SR. SENADOR CÍCERO LUCENA EM SEU nor interesse em usar em benefício público os valores PRONUNCIAMENTO. recebidos. Evidentemente, deviam pagar pedágio aos (Inserido nos termos do art. art. 210, in- contratantes, os quais o repassavam, não necessa- ciso I, §2º, do Regimento Interno.) riamente por inteiro, ao caixa 2 do PC do B, ao qual, O Estado de S.Paulo aliás, os conveniados estavam filiados. Do inquérito que chegou ao STJ consta uma detalhada (e sórdida) 21 de outubro de 2011 descrição da entrega, em agosto de 2007, de uma As provas pedidas mochila com R$ 256 mil ao então ministro Agnelo no estacionamento de uma concessionária de veículos Nos seus depoimentos ao Congresso e em de- na cidade-satélite de Tabatinga. clarações à imprensa, o ministro do Esporte, Orlando O autor do relato à Polícia Civil do DF é um cer- Silva, do PC do B, recorreu a um repertório de impro- to Geraldo Nascimento de Andrade, motorista de uma périos impublicáveis para desqualificar o PM João Dias das empresas fornecedoras de notas frias para enco- Ferreira, que o acusou de participar de um esquema de brir desvios de recursos do Segundo Tempo. Qualquer fraudes com recursos do programa Segundo Tempo, que seja a sua folha corrida, o depoimento soa ver- criado para proporcionar atividades esportivas a jovens dadeiro, pela profusão dos fatos narrados. O mesmo carentes. O ministro também insiste a mais não poder se pode dizer da entrevista do PM João Dias à revista no argumento de que o denunciante, que esteve preso Veja, confirmando as revelações publicadas neste jor- no ano passado, não apresenta provas de suas “calú- nal em fevereiro último. Filiado ao PC do B, o policial nias” – e nem poderá apresentá-las, por não existirem. Vá dizê-lo ao procurador-geral da República, Ro- registrou duas ONGs que se conveniaram, a partir de berto Gurgel, que anunciou anteontem a iniciativa sem 2005, com o Ministério do Esporte. Ele adquiriu um pu- precedentes de pedir nos próximos dias ao Supremo nhado de carros de luxo – e não foi propriamente com Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o o seu soldo. Mas isso não torna menos verossímeis as ministro ainda no exercício da função, “considerando suas acusações a Orlando nem inibiu o procurador- a extrema gravidade dos fatos noticiados”. Natural- -geral de procurar o STF. mente, Gurgel diz que não se pode fiar “apenas nas Tampouco a esbórnia é coisa do passado. Em declarações de uma única pessoa”, mas elas mere- agosto último, por exemplo, o Ministério do Esporte cem ser examinadas com toda a atenção, incluindo prorrogou por um ano um convênio de 2009 no valor de eventualmente a quebra dos sigilos de Orlando Silva. R$ 911 mil com uma ONG de fachada, como se viria a Uma investigação na mais alta Corte – o foro próprio saber, para criar núcleos esportivos para 2,2 mil crian- para detentores de cargos federais e membros do Par- ças em Novo Gama, Goiás, no entorno do DF, embora lamento – será a gota d’água para tornar intolerável a nem um grão de poeira tivesse sido tirado do lugar ali permanência do acusado no governo. nesse período. Enquanto isso, R$ 393 mil do Tesouro Fechando o círculo, o procurador avalia a hipótese Nacional já mudaram de mãos. O convênio foi usado de pedir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que re- na campanha eleitoral do PC do B no ano passado. meta ao Supremo o inquérito em curso naquela Corte Quando o Estado divulgou o caso, há oito meses, o contra o antecessor e ex-correligionário do ministro, o ministro prometeu uma sindicância para “apurar e pu- atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, nir” Não fez nem uma coisa nem outra. 128 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48975 O SR. FLEXA RIBEIRO (Bloco/PSDB – PA. Sem mina de ouro para o PC do B, graças justamente aos apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e convênios da pasta com entidades ligadas à sigla, Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para realizados sem licitação. Somente em 2010 o apa- fazer o registro do editorial, intitulado “O Ministro tem relhado Ministério desembolsou R$ 30 milhões em de sair”, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo transferências – em mais de um sentido – do gênero. de 18 de outubro de 2011. Ao que tudo indica, o contubérnio começou com o O editorial relata a importância da saída do Mi- antecessor de Orlando Silva, Agnelo Queiroz, que se nistro Orlando Silva do comando do Ministério do Es- elegeu governador do Distrito Federal (DF) depois de porte, envolvido em uma série de denúncias de desvio trocar o PC do B pelo PT. Comissões de 20% que te- de verbas públicas em convênio com ONGs, para a riam sido pagas ao partido da foice podem ter somado manutenção da governança do atual governo. ao longo da era Lula cerca de R$ 40 milhões. Mas os Sr. Presidente, requeiro que o editorial acima “comunistas” não guardavam tudo para si. Teriam aju- citado seja considerado parte integrante deste pro- dado a cobrir gastos da campanha do presidente, em nunciamento, para que passe a constar dos Anais do 2006, diz o policial militar (PM) e ex-militante do PC Senado Federal. do B João Dias Ferreira. Em abril do ano passado, ele Era o que tinha a dizer. foi preso na Operação Shaolin, da Polícia Civil do DF, Muito obrigado. por suspeita de participação no desvio de R$ 1,99 mi- DOCUMENTO A QUE SE REFERE O lhão repassado pelo Ministério dos Esportes, mediante SR. SENADOR FLEXA RIBEIRO EM SEU dois convênios, à Associação João Dias de Kung Fu. PRONUNCIAMENTO. Ferreira é o principal acusador de Orlando Silva. (Inserido nos termos do art. art. 210, in- O ministro alega que o PM se voltou contra ele porque ciso I, §2º, do Regimento Interno.) o Ministério pediu ao Tribunal de Contas da União que investigasse os convênios com as suas ONGs e as O Estado de S.Paulo obrigasse a devolver ao erário R$ 3,16 milhões. Pode Terça-feira, 18 de outubro de 2011 ser. Mas pode ser também porque o ministro e o par- tido, diferentemente do que lhe teriam prometido, o O ministro tem de sair deixaram entregue à própria sorte nas investigações Por sua extrema gravidade, não basta que se da Shaolin. Não foi a primeira vez, nem será a última, investigue a fundo a denúncia de que o ministro do que a vingança acaba expondo os podres do governo Esporte, Orlando Silva, do PC do B, se beneficiou pes- e da política. À Veja, Ferreira confirmou que o Segundo soalmente do desvio de recursos do programa Segun- Tempo servia para favorecer correligionários e irrigar do Tempo, criado para promover atividades esportivas as finanças do PC do B – mas a denúncia bombástica com crianças e adolescentes pobres. O programa foi foi outra. Um comparsa do policial, o motorista Célio terceirizado para organizações não governamentais Soares Pereira, contou ter recolhido dinheiro de quatro (ONGs) conveniadas com a pasta – e, claro, dirigidas entidades ditas sem fins lucrativos que recebiam ver- por gente do partido do ministro. A acusação, divulga- ba do programa e que o entregou ao ministro Orlando da no fim da semana pela revista Veja, deixou Orlando Silva dentro da garagem do Ministério, numa caixa de Silva sem condições de continuar no cargo. Ele pediu papelão. “Eram maços de notas de 50 e 100 reais.” à Polícia Federal que investigue o caso, que certamen- Para embolso pessoal ou caixa 2 de partidos, te acabará nos tribunais. Mas, no âmbito da política, desvios de recursos de convênios entre a administra- o princípio da presunção de inocência não se aplica ção pública e ONGs de fachada – não raro constituí- nem se pode esperar que sentenças transitem em jul- das para esse fim, instaladas em endereços fictícios, gado. O ministro precisa sair não apenas para não ter em nome de laranjas – são talvez o maior dos ralos a sua autoridade cada vez mais desgastada, que é o por onde escorre dinheiro do contribuinte. Como notou que costuma acontecer nessas circunstâncias, mas ontem no Estado o colunista José Roberto de Toledo, sobretudo para poupar a presidente Dilma Rousseff em 2010 o governo destinou R$ 5,4 bilhões a 100 mil de novas atribulações no campo minado da corrup- ONGs, ante R$ 1,9 bilhão em 2004. Esses gastos têm ção – bem agora que o Esporte ganhou uma projeção crescido mais do que as transferências para Estados sem precedentes, com os preparativos para a Copa e municípios. Ironicamente, de início se esperava que do Mundo de 2014 no País e dos Jogos Olímpicos do a participação dessas entidades, além de engajar a Rio de Janeiro, dois anos depois. sociedade na implementação de políticas públicas, Em fevereiro último uma série de reportagens ajudaria a combater o burocratismo, o desperdício – deste jornal revelou que o Segundo Tempo era uma e a corrupção. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 129 48976 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 A leniência do governo Lula com a bandalheira No capítulo seguinte, o partido apresentou Serra transformou uma colaboração em princípio saudável como porta-voz das críticas ao governo federal, nas numa gazua. Mesmo assim, até agora ninguém tinha mãos do PT há nove anos. acusado um ministro de receber dinheiro vivo de um O ex-governador, que no mês passado reclamou convênio de promoção social. de não ter aparecido no programa de TV do PSDB em A SRª LÚCIA VÂNIA (Bloco/PSDB – GO. Sem São Paulo, afirmou que o plano de combate ao crack apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e “ficou na promessa” e que a a corrupção está amea- Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para çando o “progresso social” do país. fazer o registro da matéria intitulada, “Na TV, PSDB “Não se trata de fazer a crítica pela crítica. É que defende gestão FHC e explora a ‘volta’ da inflação”, fiscalizar, apontar o que está errado, ajuda a melhorar”, publicada pelo jornal Folha de S.Paulo no dia 14 de justificou, ao encerrar. outubro de 2011. O capítulo propositivo do programa ficou com o A matéria destaca que em seu programa nacional senador Aécio Neves, que defendeu a “gestão eficien- de TV, o PSDB afirmou que as principais reformas do te” para enfrentar a corrupção, e apresentou projetos de governadores tucanos. país foram feitas pelo partido, criticar a volta da infla- Diferente dos demais, Aécio apareceu em clo- ção e a corrupção da máquina pública. se, com aparência mais despojada – paletó aberto Sr. Presidente, requeiro que a matéria acima e sem gravata. O senador mineiro, que já se colocou citada seja considerada parte integrante deste pro- como possível nome na disputa presidencial de 2014, nunciamento, para que passe a constar dos Anais do ocupou quase 2 dos 10 minutos do programa -pouco Senado Federal. mais que Serra. Era o que tinha a dizer. Os líderes do partido no Senado e na Câmara, Muito obrigado. Álvaro Dias (PR) e Duarte Nogueira (SP), e o presi- DOCUMENTO A QUE SE REFERE A dente nacional da sigla, Sérgio Guerra (PE) também SRª SENADORA LÚCIA VÂNIA EM SEU PRO- apareceram. NUNCIAMENTO. O PSDB exibiu imagem de seus oito governado- (Inserido nos termos do art. art. 210, in- res, mas nenhum falou no programa. ciso I, §2º, do Regimento Interno.) Fonte: Folha de S. Paulo O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR. Sem Na TV, PSDB defende gestão FHC apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e e explora a ‘volta’ da inflação Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para Ex-presidente afirma que principais reformas no país fazer o registro do artigo de autoria do jornalista José foram feitas pelo partido e cita real e controle de gastos. Roberto Mendonça de barros, intitulado: “A volta da aliança inflacionária”, publicado pelo jornal O Estado Aécio ocupa quase 2 dos 10 minutos de S. Paulo em sua edição de 02 de outubro de 2011. da inserção para falar sobre gestões estadu- Segundo o autor, será preciso um derretimento ais; coube a Serra criticar governo federal. de proporções bíblicas na economia mundial, incluindo SÃO PAULO – O PSDB usou seu programa na- Índia, China e toda Ásia, para que o cenário no qual cional de TV ontem para defender o legado do ex- as autoridades apostam possa ocorrer. A alternativa -presidente Fernando Henrique Cardoso e criticar a possível é que o governo esteja disposto a conviver “volta” da inflação e a corrupção na máquina pública. com a inflação mais elevada, independentemente de A peça, com duração de dez minutos, também seus custos. foi usada para apaziguar os ânimos no partido, exibin- Sr. Presidente, requeiro que o artigo acima ci- do, ainda que em papéis diferentes, o ex-governador tado seja considerado parte integrante deste pronun- José Serra e o senador Aécio Neves, que disputam ciamento, para que passe a constar dos Anais do Se- espaço dentro sigla. nado Federal. FHC foi o primeiro político a aparecer no progra- Era o que tinha a dizer. ma. Ele usou o espaço para defender ações de seu Muito obrigado. governo. DOCUMENTO A QUE SE REFERE O Disse que os tucanos controlaram a inflação SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU PRO- -”o maior mal para os trabalhadores”-, citou a Lei de NUNCIAMENTO. Responsabilidade Fiscal e a concepção de programas (Inserido nos termos do art. art. 210, in- sociais que, afirmou, deram origem ao Bolsa Família. ciso I, §2º, do Regimento Interno.) 130 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48977 O Estado de S.Paulo foi cunhado e utilizado pelo economista argentino José 2 de outubro de 2011 Luiz Machinea para entender a inflação daquele país; Machinea argumentava que as indústrias mais fortes A volta da aliança inflacionária se entendiam com os sindicatos mais poderosos, es- pecialmente no ramo automotivo, par a conceder gene- O Imposto de Produtos Industrializados (IPI) dos rosos acordos salariais, que depois eram repassados carros importados foi recentemente elevado em 30 pon- aos preços, movimento possível dado o fechamento tos porcentuais. Os carros pequenos que pagam 7% da economia ante a competição internacional. vão pagar 37%, e os de 25% serão tributados em 55%, O mesmo argumento passou a ser utilizado na um pesadíssimo aumento. O anúncio foi feito perante uma animada plateia de industriais e sindicalistas, pe- explicação da nossa inflação dos anos 80, agravado rante os quais utilizou-se o argumento de que é preci- pelo fato de que as usinas de aço, estatais na época, so proteger a produção e o emprego nacionais. Será? eram levadas a não elevar o preço das chapas para Não parece ser necessariamente o caso, uma não pressionar a inflação, distorcendo ainda mais os vez que, dados acordos existentes, os carros produzi- preços relativos. A correção monetária generalizada e dos no Mercosul e no México (em sua imensa maioria políticas expansionistas contribuíam para realimentar a pelas montadoras já no Brasil há muito tempo), não alta dos preços. Foi essa situação que acabou levando serão atingidos. As importações dessas regiões cor- à ideia de que a abertura à concorrência externa seria respondem a mais de 70% do total de veículos trazidos uma precondição essencial para um ataque bem-su- do exterior. Assim, o grosso do impacto será sobre os cedido ao processo inflacionário. Da mesma forma, a coreanos e chineses, e o efeito sobre o emprego e a privatização seria indispensável para melhorar a polí- produção no Brasil será muito modesto. O efeito maior tica fiscal (por exemplo, o subsídio ao aço custou ao é limitar a concorrência e não proteger a produção Tesouro mais de US$ 20 bilhões nos anos 80) e elevar nacional e, portanto, permitir a elevação de preços. O a eficiência da economia como um todo, o que acabou peso de 30% de impostos adicionais certamente será ocorrendo no Plano Real. distribuído ente redução de margens e elevação de O novo plano automotivo lembra muito o passado. preços ao longo do tempo. Permite entender porque os acordos salariais recentes Além do efeito concorrência, pode ser dito que: na indústria automotiva foram tão generosos, variando 1 – O consumidor será prejudicado pela redução de 14 a 20%, quando se consideram o reajuste geral das oportunidades de escolha e porque a maioria dos e os valores fixos em reais a propósito de distribuição carros aqui produzida é bem antiga e de pior qualida- de resultado, bônus e outros esquemas. A maior di- de. A classe média vai pagar a conta. ferença em relação ao passado está na elevação de 2 – O impacto líquido no emprego (resultado de tributos ao invés da concessão de subsídios diretos eventual maior produção local, depois de descontada e indiretos. Entretanto, a pressão inflacionária subse- a importação do México e do Mercosul, e consideran- quente é a mesma. do o menor crescimento dos sistemas de distribuição Câmbio. O real se desvalorizou forte nestes dias. dos veículos que vão pagar mais imposto) deve ser Enquanto escrevo este artigo está em R$ 1,86 por dólar. modestíssimo, se positivo. Até onde sei, a produção Várias são as razões para este movimento, a pri- do México é a mais beneficiada porque, pelo acordo meira delas a recente valorização do dólar lá fora, resul- atual, os carros lá produzidos podem ter até 30% de tado da chamada fuga para a qualidade. Reforça esse conteúdo local e não os 60% aplicados no acordo do movimento uma elevação das remessas de filiais bra- Mercosul para Brasil e Argentina. No caso do Uruguai, sileiras de empresas internacionais para as matrizes, o conteúdo é de 50% (decreto 4458, de 5/11/2002). evidentemente uma decorrência da piora da situação 3 – O investimento em novas fábricas de monta- econômica, especialmente na Europa. Adicionalmente, doras que aqui ainda não produzem fica prejudicado, a grande alteração das regras cambiais produziu uma porque para não pagar o imposto será preciso utilizar mudança forte nas operações das tesourarias e de ar- pelo menos 65% de componentes nacionais. Ora, bitragem. Isso decorreu menos do imposto de 1% sobre acho que desde a instalação da indústria automotiva derivativos, mas muito mais por conta do enorme grau de no Brasil nunca uma planta começou a produzir com arbítrio que agora dispõe o Conselho Monetário Nacional tal grau de nacionalização. É mais uma razão para se (CMN) para alterar, de um dia para o outro, regras sobre limitar a concorrência. as alíquotas do IOF, margens etc. Basta pensar que o Na verdade, o que temos é a reedição de um mo- imposto pode, por exemplo, subir de 1% para 5% ou 10%, vimento antigo, dos tempos da superinflação pré-Real, impondo perdas enormes nas operações. Com este grau que foi batizado de coalizão inflacionária. Este termo de risco, muitos aplicadores deixaram de operar; outros NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 131 48978 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 alteraram a estrutura das operações, ficando comprados Fonte: Vera Magalhães – Folha de S.Paulo no Brasil e vendidos no balcão no exterior, ao contrário FHC sugere lema ‘Yes, we care’ a tucanos do que se fazia antes; por sua vez, as tesourarias logo Segundo ex-presidente, slogan inspirado perceberam que a ausência de vendedores criou opor- na campanha de Obama mostra que o PSDB tunidades lucrativas na compra de dólares. Hoje apenas ‘se preocupa com as pessoas’ os exportadores e o Banco Central são vendedores, o que torna a moeda brasileira leve para depreciar, mas Economistas do partido defendem extinção de com maior grau de incerteza. crédito subsidiado do governo e redução do número Prever o curso do dólar é sempre atividade de de ministérios elevadíssimo risco, especialmente com o mercado man- Mergulhados numa profunda crise de identidade co, ou seja, com a ausência de vendedores regulares desde a derrota sofrida na eleição presidencial do ano fora os exportadores. Entretanto, creio que pode ser passado, os principais dirigentes do PSDB começa- dito que, enquanto a incerteza for tão elevada quan- ram ontem a discutir uma nova agenda para o partido. to a atual, nossa moeda seguirá mais desvalorizada. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso Apenas com uma eventual regularização do movimento propôs até uma nova bandeira, sugerindo que os tu- de investimentos internacionais é que o real poderia canos adaptem o slogan de campanha do presidente voltar para uma faixa de R$ 1,70 por dólar. dos Estados Unidos, Barack Obama, para se reapre- Isto nos leva, mais uma vez, a dizer que os riscos sentar aos eleitores. para a inflação estão muito elevados. Aos efeitos do Em vez de “Yes, we can” (“Sim, nós podemos”), novo protecionismo e das pressões vindas do câmbio os tucanos deveriam adotar como lema “Yes, we care” (nos preços de alimentos e nos custos industriais), (“Sim, nós nos preocupamos”). “O que falta é carinho, devemos adicionar a força do mercado de trabalho, o é atenção”, disse o ex-presidente ao justificar sua pro- reajuste do salário mínimo, as elevações contínuas dos posta: “Temos de ser o partido que se preocupa com preços de serviços e a expansão dos gastos públicos as pessoas, com seu bem estar”. no próximo ano (inclusive pela anunciada contratação FHC falou no encerramento de um seminário pro- de mais 55 mil funcionários pelo governo). movido no Rio pelo Instituto Teotônio Vilela, vinculado Será preciso um derretimento de proporções bí- ao PSDB, em que economistas e intelectuais tucanos blicas na economia mundial, incluindo Índia, China e fizeram sugestões para um novo programa partidário. toda a Ásia, para que o cenário no qual as autoridades A proposta que mais entusiasmou os tucanos apostam possa ocorrer. A alternativa possível é que o foi apresentada pelo ex-presidente do Banco Central governo esteja disposto a conviver com a inflação mais Pérsio Arida, que defendeu o fim do crédito subsidia- elevada, independentemente de seus custos. do oferecido por bancos públicos – como o BNDES. O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/ Segundo Arida, seria uma maneira de acelerar a PSDB – SP. Sem apanhamento taquigráfico.) – Sr. Pre- queda da taxa básica de juros e elevar a remuneração sidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste da caderneta de poupança e de fundos administrados momento para fazer o registro da matéria intitulada, pelo governo, como o FAT e o FGTS. “FHC sugere lema ‘Yes, we care’ a tucanos”, publicada Com o fim dos subsídios, as taxas de juros cobra- pelo jornal Folha de S.Paulo em sua edição de 08 de das pelo BNDES e por outros bancos públicos seriam novembro de 2011. elevadas para níveis mais próximos das taxas cobra- A matéria destaca que economistas do partido das pelos bancos privados, reduzindo a demanda pelo defendem extinção de crédito subsidiado do governo crédito oficial e liberando os recursos públicos para e redução do número de ministérios. outras finalidades. Sr. Presidente, requeiro que a matéria acima “O governo tem de agir em nome do bem co- citada seja considerada parte integrante deste pro- mum, e não favorecer o lobby dos tomadores de re- nunciamento, para que passe a constar dos Anais do cursos subsidiados”, afirmou Arida. FHC considerou Senado Federal. a proposta “revolucionária”. O senador Aécio Neves Era o que tinha a dizer. (MG), que pretende se lançar candidato à Presidên- Muito obrigado. cia da República em 2014, prometeu estudar a ideia DOCUMENTO A QUE SE REFERE O e transformá-la em projeto de lei. SR. SENADOR ALOYSIO NUNES FERREIRA O ex-presidente do BC Armínio Fraga defendeu EM SEU PRONUNCIAMENTO. a redução dos atuais 38 ministérios pela metade. “É (Inserido nos termos do art. art. 210, in- preciso limitar o número de cargos de confiança, evitar ciso I, §2º, do Regimento Interno.) essa farra dos cargos, que é vergonhosa, e deixar que 132 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48979 o Estado volte a ser para a Nação, e não mais a serviço DOCUMENTO A QUE SE REFERE O de um partido”, disse, arrancando aplausos da plateia. SR. SENADOR MÁRIO COUTO EM SEU PRO- O ex-governador José Serra (SP), que perdeu as NUNCIAMENTO. eleições presidenciais de 2002 e 2010, propôs que a (Inserido nos termos do art. art. 210, in- ideia seja encampada e que se estabeleçam critérios ciso I, §2º, do Regimento Interno.) técnicos para o preenchimento de cargos em comis- ‘Eu Estarei Pronto, Seja Lula ou Dilma’, são. “Não falo em concurso ou em acabar com cargos Diz Aécio Sobre 2014 de confiança, o que engessaria o sistema. Mas em Senador tucano diz que debate sobre candidaturas estabelecer padrões de qualificação para cada car- no PSDB deve ficar para ‘o amanhecer de 2013’, go”, afirmou. mas se apresenta disposto a enfrentar qualquer José Serra aparece de surpresa e di- nome do PT vide palanque com Aécio Neves 9 de outubro de 2011 | 21h 47 A disputa interna pela candidatura à Presidência Christiane Samarco – O Estado de S. Paulo em 2014 foi o pano de fundo do seminário do ITV re- BRASÍLIA – Diante da pressão de companheiros alizado ontem, no Rio. Os dois virtuais candidatos do de PSDB para que assuma logo sua pré-candidatura a partido, Aécio Neves e José Serra, acabaram ganhando presidente em 2014, o senador Aécio Neves (MG) não espaço para falar, fora da programação original. Serra deixa dúvidas. “Se esta for a vontade do partido, eu es- tinha avisado que não participaria do evento, pois só tarei pronto para disputar com qualquer candidato do voltaria de Londres ontem. Mas diante da evidência de campo do PT, seja Lula ou Dilma. Serão eleições com que o seminário viraria, assim, palco exclusivo para perfis diferentes e eu não temo nenhuma das duas”, Aécio, antecipou a volta. disse o ex-governador ao Estado. Sem saber do retorno de Serra, dirigentes do Mas Aécio pondera que o debate das candidatu- PSDB convidaram Aécio para “apresentar” o ex-presi- ras deve ficar para “o amanhecer de 2013”, pois “uma dente Fernando Henrique Cardoso. Quando o paulista decisão correta no momento errado é uma decisão apareceu, por iniciativa de Aécio, foi convidado a dis- errada”. Ele diz que a opção José Serra “terá de ser cursar. O mineiro falou como candidato e lançou até avaliada por seu capital eleitoral e experiência políti- um esboço de slogan, ao dizer que o PSDB deveria ca” e cita também os governadores Geraldo Alckmin propor um “choque de profissionalização da gestão”. (SP), Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR) como “No momento em que o PT abdica de ter uma agen- presidenciáveis. Nesse quadro, defende eleições pré- da, cabe a nós propor alternativas.” Pego de surpresa, vias para a escolha dos candidatos tucanos a partir Serra leu um artigo que pretendia publicar em seu blog da eleição de 2012. e criticou a gestão petista. Disse que o governo Dilma O que se vê hoje no cenário nacional, proje- Rousseff vive “a reboque de escândalos” e propôs a tando 2014, são duas candidaturas presidenciais no realização de um seminário com tema corrupção. campo do governo: Lula ou Dilma Rousseff. Como O SR. MÁRIO COUTO (Bloco/PSDB – PA. Sem a oposição não se colocou, as pressões já come- apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. çaram. Os 41 deputados tucanos que se reuniram com o sr. há dez dias, para pressioná-lo a assumir Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer uma pré-candidatura, têm razão de estar ansiosos? o registro da entrevista intitulada, “Eu estarei pronto, Conter essa ansiedade é uma das questões às seja Lula ou Dilma”, publicada pelo jornal Estado de quais tenho me dedicado. Mas acho muito bom que o S. Paulo em sua edição de 09 de outubro de 2011. PSDB tenha outros nomes, que serão discutidos na Trata-se de entrevista dada pelo Senador Aécio hora certa. José Serra é um nome que o partido terá Neves à jornalista Christiane Samarco, em que trata de avaliar, por seu capital eleitoral e pela experiência de diversos pontos da agenda do PSDB, em especial política que tem. O governador Geraldo Alckmin (SP) as eleições presidenciais de 2014. é um nome sempre lembrado, como também são os Sr. Presidente, requeiro que a matéria acima governadores Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR). citada seja considerada parte integrante deste pro- É muito bom que o partido tenha quadros que possam nunciamento, para que passe a constar dos Anais do despontar amanhã como candidatos. Senado Federal. E qual é o seu projeto para 2014? Era o que tinha a dizer. O que eu disse aos companheiros do PSDB é Muito obrigado. que estarei à disposição do partido para cumprir meu NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 133 48980 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 papel, seja como candidato ou apoiador de um can- um instrumento de mobilização e de comprometimento didato que eventualmente tenha melhores condições do partido em torno de um projeto. de disputa do que eu. As candidaturas presidenciais do PSDB foram O sr. tem disposição para disputar a eleição basicamente sustentadas pelo DEM e pelo PPS. O presidencial com Dilma ou Lula? esvaziamento do DEM pelo PSD sugere um novo Se essa for a vontade do partido, estarei pronto quadro de alianças já para 2012? para disputar com qualquer candidato do campo do PT, O DEM perdeu espaço, realmente, mas nós do seja Lula ou Dilma. Eu disse com muita clareza aos de- PSDB somos alternativa ao País não pelo número de putados que não temos de nos preocupar se é Lula ou cadeiras que temos, mas pelo que representamos, se é Dilma. Com cada um será um tipo de campanha. e por nossa capacidade de pensar, ousar e desper- ‘O presidente Lula passou oito anos surfando tar confiança em parcelas importantes da sociedade. nas medidas que foram implementadas por FHC’ Defendo, para 2012, o que eu já defendia em 2006 Contra Lula seria uma campanha mais fácil, e 2010, que é nós termos um leque cada vez mais ou mais difícil? amplo de alianças. E não o fiz apenas retoricamente. Acho, sinceramente, que é muito difícil alguém na Exercitei isso na prática, pois em Minas nossa aliança Presidência, com a possibilidade da reeleição, deixar é extremamente ampla, com partidos hoje da base do de disputar. Mas, se a disputa for com o ex-presidente governo federal, como o PSB, o PDT, o PP. Lula, acho que as diferenças ficarão ainda mais claras. Que papel terá o PSD nesse novo quadro? Ele Será a disputa da gestão pública eficiente contra o apa- está na mira do PSDB? relhamento da máquina pública; a disputa da política O PSD nasce a partir de uma liderança – o pre- externa pragmática em favor do Brasil versus a política feito Gilberto Kassab (SP), que teve muita proximidade atrasada em favor dos amigos. Será o futuro versus o com o governador José Serra. Essa relação sempre passado. Mas deixo que o PT escolha seu candidato, existirá. O PSD apresentou-se como uma oportunidade da mesma forma como o PSDB escolherá o seu no de uma janela política para lideranças que estavam em momento certo, e não necessariamente serei eu. dificuldades nos seus partidos e vejo que muitos dos O sr. está dizendo que contra Lula pode ser novos integrantes da legenda têm relação conosco em até mais fácil? nossas bases. Não tenho avaliação clara sobre qual Nenhuma eleição será fácil, mas, seja quem for será o papel do PSD, mas vejo com muita naturalida- o candidato, entraremos na disputa de forma extrema- de que alguns setores do PSD tenham mais afinidade mente competitiva. Serão eleições com perfis diferen- conosco do que com o PT. tes. Não temo nenhuma das duas. ‘O aparelhamento da máquina como jornais se Em 2010, tucanos de São Paulo e dos demais viu antes neste país abriu o caminho para a corrupção Estados se confrontaram na escolha do candidato generalizada’ a presidente, mas agora o PSDB paulista está di- Qual o quadro de alianças que o senhor vis- vidido. Isso facilita a busca por um nome de con- lumbra para 2014? senso em 2014? Teremos um quadro de alianças muito diferen- Não vejo dessa forma. Acho que o PSDB ama- te do atual. O PSDB tem dois anos para se viabilizar dureceu o suficiente para ver que, ou vamos todos como partido que tem a ousadia e a generosidade de unidos de verdade, ou não teremos êxito. E o PSDB ampliar suas alianças e apresentar ao País uma pro- tem figuras extremamente relevantes nesse processo. posta que vá além do projeto de poder. Que seja um O governador Alckmin é uma liderança nacional com projeto de transformação. condições até de ser o candidato com êxito. O senador É este o desafio do PSDB agora? Aloysio Nunes é um dos mais qualificados quadros do Na prática, estamos procurando refundar o PSDB Congresso e será um instrumento importante na cons- em seu discurso. Temos de voltar a ser, aos olhos da trução da unidade do partido, seja em torno de quem sociedade brasileira, o interlocutor confiável que tem for, e incluo aí o companheiro José Serra. O presidente espírito público. As pesquisas mostram com muita FHC terá sempre um papel de orientador maior. clareza que a população confia nos líderes do PSDB O sr. tem disposição para disputar eleições e respeita nossas administrações estaduais mais do prévias no PSDB? que outras. Temos de mostrar que somos capazes de Eu estimulo as prévias. Essa proposta foi sugestão projetar para o futuro um País mais eficiente, mais de- minha lá atrás, e defendo que elas ocorram no maior senvolvido, com pessoas mais qualificadas por uma número possível de lugares onde houver mais de um educação de qualidade. O PSDB tem de se apresentar candidato, já nas eleições municipais. Acho a prévia como partido que tem a nova agenda para o Brasil. 134 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48981 Que agenda é essa? da máquina e a ineficiência da administração pública O projeto original que trouxe o Brasil até aqui é são questões que colaram de forma clara no PT. Te- do PSDB, mas o que está em execução agora é um mos nossos problemas, mas aqueles contra os quais software pirata. Nos temos de trabalhar muito para disputaremos têm os deles, e são graves. recolocar o original no lugar, porque o modelo que E como o PSDB vai tomar posse do legado está aí se exauriu. Não apresenta nada e nada fala à que relegou? saúde pública de qualidade. Na gestão FHC, fizemos Um partido não cria raízes na sociedade sem ban- a universalização do acesso à educação. Que quali- deiras e sem agenda. A pesquisa mostra que 70% da ficação essa educação teve de lá para cá? Absolu- população tem a percepção de que o Brasil começou tamente nenhuma. Do ponto de vista da gestão, não a melhorar a partir do governo FHC e do Plano Real, há novidades além da ampliação absurda de cargos e vem melhorando sucessivamente. Vamos enfatizar públicos, com quase 40 ministérios funcionando sem muito isso nas nossas próximas ações, falando do le- nenhuma eficiência. gado do PSDB e do nosso futuro. Somos o único par- Já há parcerias PSDB-PSB em quatro Esta- tido com condições de se apresentar com uma nova dos: SP, MG, PR e PB. Isso é meio caminho andado agenda para o Brasil, até porque a agenda em exe- para uma aliança nacional em 2014, ou ainda falta cução hoje pelo PT é a que propusemos lá atrás, no pavimentar esse caminho? governo FHC. É a estabilidade econômica, a política Não seria correto dizer que faremos uma alian- macroeconômica de metas de inflação, câmbio flutu- ça amanhã com o PSB, que hoje participa da base do ante, superávit primário, modernização da economia PT e tem cargos no governo. Vamos esperar que as com as privatizações e o Proer, que deu estabilidade coisas aconteçam com naturalidade. Temos é de cons- ao sistema financeiro brasileiro. O PT não apresentou truir nosso discurso para agregar as forças que com uma agenda nova. ele se sintam à vontade. Esse é nosso papel. O tempo Mas o fato é que a presidente Dilma está com dirá que forças estarão a nosso lado. Só não acho fácil a popularidade em alta nas Regiões Sul e Sudes- que, pela heterogeneidade do pensamento das forças te, onde o PSDB sempre teve mais apoio popular. políticas que convivem hoje sob o guarda-chuva do É absolutamente natural que ela tenha uma boa governo, elas cheguem todas unidas até o final. avaliação neste momento, até porque existe uma com- Belo Horizonte vai apoiar a reeleição do pre- paração com o presidente Lula e algumas diferenças feito Márcio Lacerda? de personalidade e de comportamento. Nossa disputa Eu deleguei essa questão para que a direção es- lá adiante não vai se dar entre o céu e o inferno, entre tadual do partido a conduzisse lá. A candidatura própria os que acertam tudo e os que erram tudo. Vamos dis- não está descartada, mas há uma conversa avançada cutir modelos. Eu não tenho a dificuldade permanente no sentido da continuação da nossa participação no que o PT tem de reconhecer méritos nos adversários. governo correto de Márcio Lacerda. Um governo que Lula teve acertos. O principal deles foi a manutenção lançamos lá atrás com muita desconfiança, mas que da política macroeconômica, e o adensamento dos faz uma gestão muito bem avaliada. Acho até que há programas sociais foi seu o segundo maior acerto. Mas uma afinidade muito maior de Lacerda conosco, na for- teve grandes equívocos. ma de governar e no que ele pensa, do que com o PT. No balanço geral, o governo Lula foi o mais Pesquisa interna mostra que o PSDB perdeu popular desde a redemocratização. suas principais bandeiras para o PT. Dos medica- O presidente Lula passou oito anos surfando nas mentos genéricos à Lei de Responsabilidade Fiscal, medidas que foram implementadas por FHC – a esta- projetos do partido são mais creditados a Lula do bilidade é a principal delas. Pôs um tucano no Banco que a FHC. Tem como recuperar essas bandeiras? Central e ficou negando tudo, como se não houvesse Minha avaliação não é nada pessimista em re- um Brasil antes dele. Isso é um erro e até uma certa lação ao PSDB e ao nosso futuro. Mesmo depois de falta de generosidade com o País. três derrotas nas disputas presidenciais, a pesquisa Olhando para trás, quais foram os grandes nos coloca de forma muito clara como a principal al- equívocos do governo Lula? ternativa ao modelo que está aí e que a meu ver che- O aparelhamento da máquina pública como jamais gará exaurido ao fim de 12 anos de poder. Se traz o se viu antes neste país foi o mais grave deles, porque alerta de que nosso principal erro foi negar o legado abriu o caminho para a corrupção generalizada dentro de Fernando Henrique, ela também aponta os erros do governo. E quem diz isso não sou eu. É a presidente cometidos no período pós-FHC. Pela primeira vez uma Dilma, no momento em que demite da forma que fez pesquisa mostra que a corrupção, o aparelhamento figuras notórias próximas ao governo anterior. E a outra NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 135 48982 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 grande lacuna que o governo passado deixou foi, em dizem que é sua atuação, no campo da oposição, um ambiente de prosperidade econômica, altíssima que está um pouco apagada no Senado. popularidade pessoal do presidente e ampla base no Política é a arte de administrar o tempo. Cada Congresso, Lula não ter encaminhado nenhuma das um tem sua forma de agir e sua personalidade. Vamos reformas estruturantes que poderiam estar permitin- aguardar se o tempo mostra se estou equivocado, ou do, aí sim, que o Brasil tivesse muito mais protegido não. Nosso grande esforço agora, ao qual tenho me contra eventuais crises. dedicado além das questões legislativas, é no campo ‘Somos o único partido com condições de se partidário, ajudando o presidente Sérgio Guerra na re- apresentar com uma nova agenda para o Brasil’ organização estrutural do partido. Um partido que tem Que avaliação o senhor faz hoje do governo um projeto nacional como o PSDB não pode deixar de Dilma? ter representação nacional em sete Estados (AM, RO, É um equívoco falar em governo Dilma, porque DF, MT, RN, PI, SE) como ocorre hoje. Então, estamos esta administração está no nono ano. Não dá para ela reciclando o partido nesses Estados e abrindo para se apropriar dos êxitos e se eximir dos equívocos do alianças, inclusive visando ao futuro. antecessor. Em termos de gestão pública, esses nove A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT – RR. Sem anos de PT foram um atraso. Nós andamos para trás. apanhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Diferentemente do que ocorre em vários Estados, o Srs. Senadores, desejo registrar aqui minha extrema governo federal não estabeleceu um mecanismo de satisfação com a aprovação do Código Florestal pelas metas ou de avaliação que avançasse no sentido de comissões permanentes do uma gestão pública de maior qualidade. E, infelizmen- Senado Federal. O texto aprovado representa te, a presidente caminha na mesma direção que ca- uma conquista importante para os agricultores de minhou o governo Lula. Não há por parte do governo Roraima, em especial no que se refere à redução da nenhuma articulação nem demonstração de vontade reserva legal. política de enfrentar contenciosos. Nenhum outro Estado brasileiro, talvez com ex- O senhor acha que ela perdeu o timing de fa- ceção do Amapá, tem uma porção tão expressiva do zer reformas? seu território totalmente protegida, seja por unidades O presidente Lula teve um momento extrema- de conservação federal ou terras indígenas. mente favorável para encaminhar reformas no campo Não somos contra a criação de unidades de tributário, previdenciário e do próprio Estado brasileiro, conservação e menos ainda da proteção dos direitos contando com o apoio da oposição – e eu me incluo dos índios, o que inclui o direito ao usufruto exclusivo nesse apoio, mas optou por não enfrentar. Eu aprendi das terras por eles imemorialmente ocupadas, como que as grandes reformas se fazem no início do governo, preconiza a Constituição. quando se tem capital político, se tem uma autoridade Dentro desse quadro não podemos, sob hipótese ainda sem qualquer desgaste para poder impor de al- alguma, abandonar à própria sorte centenas de milha- guma forma essas reformas àqueles que lhe apoiam. res de brasileiros que escolheram viver em Roraima e Mas ela está fortalecida por essa imagem de que, até hoje, sofrem com a ingerência da União sobre quem fez a faxina contra a corrupção. os assuntos locais. O PT abriu mão de ter um projeto de País para se Com sua sensibilidade e competência política, satisfazer com um projeto de poder. Algumas figuras do o relator Jorge Viana incluiu no Código o parágrafo 5o PT, a quem respeito, concordarão comigo. Vai chegar ao no artigo 12, de modo a permitir que a reserva legal fim desses 12 anos de poder e vamos fazer um grande seja fixada em 50% quando mais de 65% do território benefício ao PT, levando-o novamente à oposição, para do Estado estiver atrelado àquelas áreas protegidas. que possa resgatar sua origem e valores que perdeu Trata-se de dispositivo inspirado em sugestão que lhe ao longo de sua trajetória. O PT foi um partido muito encaminhei e que, generosamente, acolheu. importante para o Brasil, que representava a classe Com essa proposta procuramos assegurar a Ro- trabalhadora, mas ao longo do exercício do poder se raima e a outros Estados o direito de desenvolver ati- perdeu e se tornou igual e, em alguns aspectos, pior vidades agropecuárias sem prejudicar suas condições que os outros. Nosso esforço é para que o PT possa ambientais e sem afrontar a legislação. É uma grande reciclar-se na oposição. vitória para nosso Estado, para nossos agricultores e, ‘O PT abriu mão de ter um projeto de País para acredito, para toda a Amazônia. se satisfazer com um projeto poder’ Como segundo assunto Sr Presidente, Srªs Sena- O sr. falou em fazer um favor ao PT, recolo- doras e Srs. Senadores, hoje, 25 de novembro, é o Dia cando-o na oposição, mas correligionários seus Internacional Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres. 136 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48983 A data foi definida em Assembléia Geral da Orga- iniciativas para amparar as mulheres vítimas da vio- nização das Nações Unidas com o objetivo de estimular lência e da pobreza. atividades para sensibilizar a opinião pública mundial A Rede Cegonha, o Plano Nacional de Prevenção para este grave problema que atinge, todos os anos, e Combate ao Câncer de Mama e Câncer de Colo do milhões de mulheres em todo o mundo. Útero, prioridade nos Programas Minha Casa Minha Embora o principal alvo das campanhas desen- Vida e Brasil Sem Miséria, apoio às mulheres na agri- volvidas no Brasil seja a violência doméstica e familiar cultura familiar, são algumas dessas iniciativas. contra as mulheres, gostaria de abordar aqui outras Nesta sexta-feira, 25 de novembro, data inter- formas de iniqüidades e graves ameaças aos direitos nacional dedicada à mobilização pelo fim da violência humanos que tem as mulheres como vítimas prefe- contra a mulher, a presidenta Dilma e a ministra Iriny renciais. Lopes, da Secretaria de Políticas Para as Mulheres, Pesquisas revelam que, no Brasil, a cada 15 se- apresentam mais uma iniciativa para redução desta gundos, uma mulher é vítima de agressões e espan- violência, voltada para as mulheres que vivem no ex- camentos por parte de seus parceiros. Mais de 11 mil terior, especialmente aquelas vítimas da prostituição mulheres são assassinadas todos os anos. e do tráfico internacional de pessoas. Mas a violência contra a mulher vai muito além, Em parceria com os Ministérios da Justiça e das desde a feminização da pobreza, o preconceito e a dis- Relações Exteriores, a Secretaria de Políticas Para criminação no mercado de trabalho, o assédio moral e as Mulheres amplia para outros países o alcance do sexual, os elevados índices de mortalidade materna, a Ligue 180, que desde 2006 fez mais de dois milhões baixa representação política e inexpressiva participa- de atendimentos a mulheres vítimas de maus tratos. ção nos postos de poder e decisão, até a deficiência Inicialmente, as brasileiras que vivem em Portugal, nas políticas de saúde pública e no atendimento em Espanha e Itália poderão fazer denúncias de agres- órgãos responsáveis pela segurança. sões por meio deste serviço telefônico, permitindo às Temos observado avanços, é verdade, mas ainda autoridades brasileiras tomar as medidas adequadas. estamos muito distantes de construir uma sociedade Não é de hoje que alertamos para a dimensão do mais justa e solidária, em que as mulheres desfrutem tráfico de mulheres, inclusive crianças e adolescentes, das mesmas oportunidades de inserção social confe- para a prostituição e o trabalho escravo, principalmente ridas aos homens. em países da Europa. Neste sentido, senhor presidente, temos atuado Com a expansão do Ligue 180 para estes países, de forma articulada, neste Parlamento, envolvendo to- o atendimento será feito a partir do Brasil, 24 horas por das as representantes da bancada feminina, que são dia, e as ligações são gratuitas e confidenciais. minoria, para assegurar os recursos orçamentários As atendentes repassarão os casos relatados que possam sustentar políticas públicas específicas aos consulados, que deverão oferecer atendimento para as mulheres, que permitam corrigir as injustiças adequado às vítimas, acionando as autoridades locais. sociais e, de alguma forma, debelar esses indicadores Esperamos que este serviço seja ampliado rapi- de violência que constrangem a todos e todas. damente para outros países e que inclua entre suas Recentemente promovemos audiência pública, prioridades as regiões de fronteira, especialmente com na Comissão de Direitos Humanos, para discutir os a Colômbia, Venezuela e Guiana, para onde muitas direitos das mulheres no âmbito da elaboração do or- mulheres vítimas da prostituição são levadas, problema çamento federal. Participaram, na condição de convi- que também já denunciamos neste Plenário. dados, os relatores do PPA e do Orçamento Geral da Quero encerrar, Sr. Presidente, manifestando União para 2012. nossa solidariedade e apoio irrestrito a todas as mu- Embora as bancadas femininas na Câmara e no lheres vítimas da violência, da pobreza e de graves Senado tenham priorizado, ano após ano, a inclusão violações aos direitos humanos. Reafirmamos aqui de emendas para o combate a violência, para asse- o nosso compromisso de continuar trabalhando para gurar o direito à moradia digna, saúde pública de qua- superar esta ferida, que continua aberta e que ainda lidade, construção de creches, entre outros setores, causa muita dor. percebemos que estas iniciativas ficam prejudicadas Era o que tinha a dizer. Obrigada. por sucessivos contingenciamentos destes recursos. O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Reconhecemos que a superação destes proble- RS) – Nada mais havendo a tratar, a Presidência vai mas é uma prioridade para a presidenta Dilma que, encerrar os trabalhos, lembrando às Srªs e aos Srs. desde a sua posse e, por sua condição própria como Senadores que constará da próxima sessão deliberativa mulher e trabalhadora, tem apresentado uma série de ordinária, a realizar-se amanhã, às 14 horas, a seguinte NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 137 48984 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 ORDEM DO DIA trial nas atividades vinculadas ao setor rural e dá outras providências. 1 Parecer sob nº 534, de 2008, da Comis- SUBSTITUTIVO DA CÂMARA são de Agricultura e Reforma Agrária, Relator: AO PROJETO DE LEI DO SENADO Senador Flexa Ribeiro, favorável, com a Emen- Nº 121, DE 2007 – COMPLEMENTAR da nº 1-CRA de redação, que apresenta, com (Em regime de urgência, voto vencido, da Senadora Marisa Serrano. nos termos do Requerimento nº 1.314, de 2011) 4 Substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei PROJETO DE LEI DO SENADO do Senado nº 121, de 2007-Complementar (nº Nº 185, DE 2004 306/2008, naquela Casa), de iniciativa do Se- (Incluído em Ordem do Dia nador Tião Viana, que regulamenta o § 3º do nos termos do Recurso nº 5, de 2008) art. 198 da Constituição Federal, para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados Votação, em turno único, do Projeto de anualmente pela União, Estados, Distrito Fede- Lei do Senado nº 185, de 2004, do Senador ral e Municípios em ações e serviços públicos Demóstenes Torres, que regulamenta o em- de saúde; institui contribuição social destina- prego de algemas em todo o território nacional. das à saúde; estabelece os critérios de rateio Pareceres sob nº 920 e 921, de 2008, da dos recursos de transferências para a saúde e Comissão de Constituição, Justiça e Cidada- as normas de fiscalização, avaliação e contro- nia, Relator ad hoc: Senador Antonio Carlos le das despesas com saúde nas três esferas Valadares, 1º pronunciamento (sobre o Proje- do Governo; revoga dispositivos das Leis nºs 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de to): favorável, nos termos do Substitutivo, que 27 de julho de 1993; e dá outras providências. oferece; 2º pronunciamento (sobre as emen- (Pendente de pareceres da CCJ, CAE das apresentadas ao Substitutivo, em turno e CAS.) suplementar, perante à Comissão): favorável, na forma da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo). 2 PROJETO DE LEI DO SENADO 5 Nº 225, DE 2011 – COMPLEMENTAR PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO (Em regime de urgência, Nº 33, DE 2009 nos termos do Requerimento nº 1.408, de 2011) Votação, em primeiro turno, da Proposta Votação, em turno único, do Projeto de Lei de Emenda à Constituição nº 33, de 2009, ten- do Senado nº 225, de 2011 – Complementar, do como primeiro signatário o Senador Antonio do Senador José Pimentel, que altera dispositi- Carlos Valadares, que acrescenta o art. 220- vos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio A à Constituição Federal, para dispor sobre a de 2000, que estabelece normas de finanças exigência do diploma de curso superior de co- públicas voltadas para a responsabilidade na municação social, habilitação jornalismo, para gestão Fiscal – Lei de Responsabilidade Fis- o exercício da profissão de jornalista. cal, e dá outras providências. Parecer, sob nº 2.414, de 2009, da Comis- Pareceres sob nºs 1.276 e 1.277, de são de Constituição, Justiça e Cidadania, Relator: 2011, das Comissões: Senador Inácio Arruda, favorável, nos termos da – de Constituição, Justiça e Cidadania, Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo), que oferece. Relator: Senador Eunício Oliveira, favorável, com a Emenda nº 1-CCJ, que apresenta; e 6 – de Assuntos Econômicos, Relator ad PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO hoc: Senador Benedito de Lira, favorável ao Nº 87, DE 2011 Projeto e à Emenda nº 1 – CCJ. Quarta sessão de discussão, em primeiro turno, da Proposta de Emenda à Constituição nº 3 87, de 2011, tendo como primeiro signatário o Se- PROJETO DE LEI DA CÂMARA nador Romero Jucá, que altera o art. 76 do Ato das Nº 56, DE 2007 Disposições Constitucionais Transitórias. (DRU) Votação, em turno único, do Projeto de Parecer favorável, sob nº 1.254, de 2011, Lei da Câmara nº 56, de 2007 (nº 3.933/2004, da Comissão de Constituição, Justiça e Ci- na Casa de origem), que inclui a pesca indus- dadania, Relator: Senador Renan Calheiros, 138 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48985 com votos contrários dos Senadores Aloysio neral Enzo Martins Peri, em virtude de matéria Nunes Ferreira, Demóstenes Torres, Alvaro veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, na Dias e Pedro Taques e, em separado, do Se- edição de 31 de julho deste ano. nador Randolfe Rodrigues. 9 7 REQUERIMENTO Nº 947, DE 2011 REQUERIMENTO Nº 1.108, DE 2007 (Incluído em Ordem do Dia Votação, em turno único, do Requeri- nos termos do art. 222, § 2º, do Regimento Interno) mento nº 1.108, de 2007, do Senador Cristo- Votação, em turno único, do Requeri- vam Buarque e outros Senhores Senadores, mento nº 947, de 2011, da Senadora Vanessa solicitando a criação de Comissão Temporária Grazziotin, solicitando voto de congratulações Externa, composta pelos Senadores do Distrito e aplausos pelos 93 anos do ex-Presidente da Federal, Goiás e Minas Gerais, para, no prazo África do Sul e Nobel da Paz – Nelson Man- de cento e vinte dias, promover amplo debate dela, comemorado no dia 18 de julho de 2011. e propor medidas concretas para o combate à violência no Distrito Federal e Entorno. Parecer favorável, sob nº 920, de 2011, da Comissão de Relações Exteriores e Defe- 8 sa Nacional, Relator ad hoc: Senador Eduar- REQUERIMENTO Nº 932, DE 2011 do Suplicy. (Incluído em Ordem do Dia nos termos do art. 222, § 2º, do Regimento Interno) O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) – Está encerrada a sessão, sob, com certeza, a Votação, em turno único, do Requerimen- orientação e o carinho de Deus. to nº 932, de 2011, de iniciativa da Comissão Está encerrada a sessão. de Relações Exteriores e Defesa Nacional, solicitando voto de solidariedade ao Excelen- (Levanta-se a sessão às 12 horas e 51 tíssimo Senhor Comandante do Exército, Ge- minutos.) NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 139 48986 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 140 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48987 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 141 48988 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 142 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48989 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 143 48990 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 144 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48991 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 145 48992 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 146 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48993 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 147 48994 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 148 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48995 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 149 48996 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 150 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48997 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 151 48998 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 152 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 48999 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 153 49000 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 154 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49001 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 155 49002 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 156 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49003 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 157 49004 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 158 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49005 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 159 49006 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 160 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49007 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 161 49008 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 162 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49009 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 163 49010 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 164 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 165 49012 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 166 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49013 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 167 49014 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 168 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49015 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 169 49016 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 170 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49017 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 171 49018 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 172 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49019 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 173 49020 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 174 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49021 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 175 49022 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 176 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49023 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 177 49024 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 178 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49025 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 179 49026 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 180 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49027 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 181 49028 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 182 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49029 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 183 49030 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 184 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49031 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 185 49032 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 186 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49033 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 187 49034 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 188 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49035 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 189 49036 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 190 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49037 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 191 49038 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 192 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49039 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 193 49040 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 194 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49041 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 195 49042 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 196 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49043 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 197 49044 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 198 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49045 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 199 49046 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 200 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49047 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 201 49048 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 202 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49049 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 203 49050 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 204 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49051 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 205 49052 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 206 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49053 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 207 49054 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 208 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49055 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 209 49056 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 210 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49057 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 211 49058 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 212 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49059 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 213 49060 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 214 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49061 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 215 49062 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 216 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49063 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 217 49064 Sábado 26 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 218 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Sábado 26 49065 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 219 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49159 Ata da 216ª Sessão, Deliberativa Ordinária em 28 de novembro de 2011 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 54ª Legislatura

Presidência do Sr. Waldemir Moka e Paulo Paim

(Inicia-se a sessão às 14 horas e 18 mi- É o seguinte o registro de Compareci- nutos e encerra-se às 20 horas e 9 minutos.) mento: 220 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49160 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/PMDB tos nºs 1.424, 1.425, 1.426 e 1427, de 2011, dos Se- – MS) – Há número regimental. Declaro aberta a sessão. nadores Paulo Bauer, Antonio Carlos Valadares, Inácio Sob a proteção de Deus, iniciamos os nossos Arruda e Ana Amélia, respectivamente, nos termos do trabalhos. art. 41, do Regimento Interno. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ São os seguintes os Requerimentos de- PMDB – MS) – A Presidência defere os Requerimen- feridos: NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 221 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49161 222 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49162 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ É o seguinte o Requerimento deferido e o PMDB – MS) – A Presidência defere o Requerimen- Parecer da Comissão de Relações Exteriores to nº 1.376, de 2011, do Senador Flexa Ribeiro, nos termos do art. 41, do Regimento Interno. e Defesa Nacional: NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 223 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49163 224 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49164 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 225 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49165 226 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49166 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ tado em virtude de aprovação de Requerimento na PMDB – MS) – A Presidência defere, nos termos do art. Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor 41, do Regimento Interno, o Requerimento nº 1.434, e Fiscalização e Controle. de 2011, do Senador Rodrigo Rollemberg, apresen- É o seguinte Requerimento deferido:

O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Executivo a abrir crédito extraordinário, em favor dos PMDB – MS) – O Senado Federal recebeu o Ofício Ministérios da Defesa e da Integração Nacional, no va- nº 479, de 2011, do Primeiro-Secretário da Câmara lor global de R$ 500.000.000,00 (quinhentos milhões dos Deputados, encaminhando autógrafo do Projeto de reais), para os fins que especifica, sancionado e de Lei de Conversão nº 27, de 2011 (proveniente da convertido na Lei nº 12.518, de 2011. Medida Provisória nº 537/2011), que autoriza o Poder É o seguinte o Ofício: NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 227 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49167

O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ jeto de Lei do Senado nº 171, de 2008, do Senador PMDB – MS) – O Senado Federal recebeu o Ofício Cristovam Buarque, que institui o Dia Nacional das nº 480/2011, do Primeiro-Secretário da Câmara dos Mudanças Climáticas. Deputados, comunicando o envio à sanção do Pro- É o seguinte o Ofício: 228 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49168 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011

O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/PMDB São lidos os seguintes: – MS) – Sobre a mesa, requerimentos que serão lidos. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 229 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49169

O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ O Congresso Nacional decreta: PMDB – MS) – Os requerimentos que acabam de ser Art. 1º O ar. 53 da Lei n. 11.343, de 23 de agos- lidos serão publicados e incluídos em Ordem do Dia to de 2003 – Lei de Drogas –, passa a vigorar com a oportunamente. seguinte redação: Sobre a mesa, projeto de lei que será lido. “Art. 53. Em qualquer fase da persecução É lido o seguinte: criminal relativo aos crimes previstos nesta Lei, é permitido, mediante autorização judicial PROJETO DE LEI DO SENADO e ouvido o Ministério Público, a infiltração por Nº 705, DE 2011 agentes de polícia, em tarefas de investiga- ção, constituída pelos órgãos especializados Altera o art. 53 da Lei n. 11.343, de 23 de pertinentes. agosto de 2003 – Lei de Drogas –, para prever Parágrafo único. Independe de autoriza- a possibilidade de exercício da ação policial ção judicial a ação policial controlada, consis- controlada, consistente em retardar a inter- tente em retardar a intervenção policial com a venção policial com a finalidade de identificar finalidade de identificar e responsabilizar maior e responsabilizar maior número de integran- número de integrantes de operações de tráfico tes de operação de tráfico e distribuição de e distribuição de substâncias entorpecentes substâncias entorpecentes ou obtenção de ou obtenção de mais elementos informativos mais elementos informativos acerca da ati- acerca da atividade ilícita.” (NR) vidade ilícita, independentemente de autori- Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua zação judicial e oitiva do Ministério Público. publicação. 230 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49170 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Justificação nizações criminosas, mesmo que conexo aos crimes Sabe-se que a ação policial controlada, também ligados a drogas, seria dispensado a autorização judi- denominada de flagrante prorrogado ou retardado, é a cial, e exigida esta nos demais crimes que envolvam denominação jurídica utilizada para definir a atividade substâncias entorpecentes. policial que, agindo em virtude de autorização legal, Passadas algumas decisões judiciais contradi- protela o momento de efetivar uma prisão em flagrante tórias, em 2009, no julgamento do HC n. 119205/MS delito para possibilitar uma ação com maior eficácia, (Habeas Corpus 2008/0236263-2, Rel. Min. Jorge Mus- permitindo a Autoridade Policial e seus agentes agirem si, julgado em 29.09.2009, Quinta Turma), o Colendo no momento mais oportuno. Superior Tribunal de Justiça adotou a posição encam- No ordenamento jurídico pátrio, atualmente, há pada pela terceira corrente de entendimento doutrinário. duas previsões legais que permitem expressamente Assim, o entendimento predominante, atualmente, essa discricionariedade na persecução penal, a sa- na prática jurídica nacional nos orienta que, em casos ber: art. 2º, inc. II, da Lei n. 9.034/951 (Lei de Com- envolvendo crime organizado, mesmo que compreenda bate ao Crime Organizado); e art. 53, inc. II, da Lei n. delitos tipificados na Lei de Drogas, é permitida a ação 11.343/20062 (Lei de Drogas). policial controlada independente de autorização judicial. A redação contraditória desses dispositivos vem Esse entendimento sedimento pelo STJ, em que causando entendimentos díspares na doutrina e juris- pese parecer ter amortizado a contradição legal então prudência, prejudicando sua aplicação no caso concreto. existente, parece-me que não foi bastante para sanear Note que na Lei de Combate ao Crime Organi- toda a deficiência legal, sobretudo com a Reforma do zado, ao contrário da Lei de Drogas, o texto normativo Código de Processo Penal. não consignou a necessidade de prévia autorização O Projeto de Reforma do Código de Processo judicial e oitiva do Ministério Público. Penal, já aprovado nesta Casa e atualmente em tra- Para enfrentar essa celeuma legal, os doutrina- mite na Câmara dos Deputados com o n. 8.045/2010, 3 dores se dividiram em três correntes de entendimento, prevê no parágrafo único do art. 551 , justamente, a quais sejam: possibilidade de retardamento da ação policial para fins i) derrogação legal – para essa corrente, como de obtenção de mais elementos informativos acerca a Lei n. 11.343/06 é posterior a Lei n. 9.034/95, teria da atividade criminosa, independente de autorização ocorrido o fenômeno da derrogação legal da disposição judicial. referente a ação policial controlada, havendo, portanto, Sopesemos, então, que se a proposição de re- necessidade de autorização judicial; forma do CPP for aprovada sem alteração no referido ii) princípio da especialidade – os doutrinadores dispositivo, a ação policial controlada será permitida que compartilham desse entendimento afirmam que em todos os tipos de delitos, seja graves ou leves, com nos casos envolvendo organizações criminosas não exceção dos crimes tipificados na Lei n. 11.343/06 que seria necessário a autorização judicial, enquanto que não se relacione com organização criminosa. em delitos envolvendo substâncias entorpecentes de- Dessa maneira, parece-me incompreensível e penderia dessa condição prévia; inaceitável admitirmos a ação policial controlada, por iii) especialidade mista – os que se filiam a essa exemplo, ao crime de lesão corporal leve e não a per- corrente, entendem que nos casos envolvendo orga- mitirmos ao crime de tráfico ilícito de drogas. 1 Art. 2o. Em qualquer fase de persecução criminal são per- Essa ficção jurígena foge completamente a reali- mitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os seguin- dade das investigações policiais, a qual sempre exige a tes procedimentos de investigação e formação de pro- máxima discricionariedade e atuação eficiente e rápida. vas: (Redação dada pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001) II – a ação controlada, que consiste em retardar a interdição policial Não é prudente exigir da Autoridade Policial que do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela interrompa uma atividade de campo para representar vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento ao magistrado solicitação de autorização para retar- para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do dar a prisão em flagrante, mormente pela completa ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações; 2 Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relati- prejudicialidade que tal medida protelatória causaria va aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, além dos a finalidade do instituto. previstos em lei, mediante autorização judicial e ouvido o Mi- 3 Art. 551. É nulo o flagrante preparado, com ou sem colaboração nistério Público, os seguintes procedimentos investigatórios: de terceiros, caso seja razoável supor que a ação, impossível de II – a não-atuação policial sobre os portadores de drogas, seus pre- ser consumada, só tenha ocorrido em virtude daquela provocação. cursores químicos ou outros produtos utilizados em sua produção, Parágrafo único. As disposições do caput deste artigo não se apli- que se encontrem no território brasileiro, com a finalidade de iden- cam aos casos em que seja necessário o retardamento da ação po- tificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações licial, para fins de obtenção de mais elementos informativos acerca de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível. da atividade criminosa. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 231 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49171 Isso sem mencionar que, vigorando no Brasil o LEI Nº 9.034, DE 3 DE MAIO DE 1995 sistema acusatório, com predominância do inquisitivo Mensagem de veto na fase preambular administrativa, não é recomendável ao órgão julgador interferir no momento investigatório. Dispõe sobre a utilização de meios ope- Nesse sentido, a presente proposição visa corri- racionais para a prevenção e repressão de ações praticadas por organizações criminosas. gir uma distorção legislativa existente, além de evitar uma contradição futura, aproximando os termos legais O Presidente da República Faço saber que o Con- da realidade prática, de modo a facilitar e dar subsídio gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte lei: legal a atuação policial. Art. 2o Em qualquer fase de persecução criminal Assim, ciente que a presente proposição poderá são permitidos, sem prejuízo dos já previstos em lei, os contribuir para a melhora da Segurança Pública nacio- seguintes procedimentos de investigação e formação de nal, alicerçando a atuação policial no caso concreto e provas: (Redação dada pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001) sanando divergências jurisprudências existentes, con- I – (Vetado). tando com a acolhida dos Ilustres Pares, submeto-a a II – a ação controlada, que consiste em apreciação. – Senador Pedro Taques. retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas LEGISLAÇÃO CITADA ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de pro- Mensagem de veto vas e fornecimento de informações; Regulamento III – o acesso a dados, documentos e Institui o Sistema Nacional de Políticas informações fiscais, bancárias, financeiras e Públicas sobre Drogas – Sisnad; prescreve eleitorais. medidas para prevenção do uso indevido, IV – a captação e a interceptação am- atenção e reinserção social de usuários e biental de sinais eletromagnéticos, óticos ou acústicos, e o seu registro e análise, mediante dependentes de drogas; estabelece normas circunstanciada autorização judicial; (Inciso in- para repressão à produção não autorizada cluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001) e ao tráfico ilícito de drogas; define crimes V – infiltração por agentes de polícia ou de e dá outras providências. inteligência, em tarefas de investigação, consti- O Presidente da República Faço saber que o Con- tuída pelos órgãos especializados pertinentes, mediante circunstanciada autorização judicial. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: (Inciso incluído pela Lei nº 10.217, de 11.4.2001) Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, Parágrafo único. A autorização judicial será es- além dos previstos em lei, mediante autorização judi- tritamente sigilosa e permanecerá nesta condição en- cial e ouvido o Ministério Público, os seguintes proce- quanto perdurar a infiltração. (Parágrafo incluído pela dimentos investigatórios: Lei nº 10.217, de 11.4.2001) I – a infiltração por agentes de polícia, ANEXO AO PARECER Nº 1.636, DE 2010. em tarefas de investigação, constituída pelos Redação final do Projeto de Lei do órgãos especializados pertinentes; Senado nº 156, de 2009. II – a não-atuação policial sobre os por- Código de Processo Penal. tadores de drogas, seus precursores químicos O Congresso Nacional decreta: ou outros produtos utilizados em sua produção, Art. 551. É nulo o flagrante preparado, com ou sem que se encontrem no território brasileiro, com a colaboração de terceiros, caso seja razoável supor a finalidade de identificar e responsabilizar que a ação, impossível de ser consumada, só tenha maior número de integrantes de operações ocorrido em virtude daquela provocação. de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação Parágrafo único. As disposições do caput deste arti- penal cabível. go não se aplicam a casos em que seja necessário o re- Parágrafo único. Na hipótese do inciso II deste tardamento da ação policial, para fins de obtenção de mais artigo, a autorização será concedida desde que sejam elementos informativos acerca da atividade criminosa. conhecidos o itinerário provável e a identificação dos (À Comissão de Constituição, Justiça e agentes do delito ou de colaboradores. Cidadania , em decisão terminativa) 232 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49172 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/PMDB que deveria ser mediada pelo Estado por meio de – MS) – O projeto que acaba de ser lido será publicado e órgão responsável por esse setor, como é o caso da remetido à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. Fundação Nacional do Índio, FUNAI, subordinada ao Sobre a mesa, ofício que será lido. Ministério da Justiça. É lido o seguinte: No entanto, os critérios que vêm sendo utilizados pela Funai para a demarcação das áreas indígenas OF. GLPMDB n° 298/2011 têm causado conflitos entre as partes em diversos Brasília, 06 de outubro de 2011 Municípios do meu Estado. Aparentemente, a Funai está usurpando competências que não tem, e, inclusi- Senhor Presidente, ve, violando dispositivos constitucionais e, em alguns Nos termos regimentais, comunico a Vossa Ex- aspectos, até lesando o próprio Direito Administrativo. celência o remanejamento do Senador Sérgio Souza, Existem divergências em relação ao tamanho e à da 6ª para a 2ª a suplência, na Comissão de Assuntos localização das áreas, e, em alguns casos, Presidente Econômicos-CAE. Waldemir Moka, até mesmo com a verdadeira ocupa- Na oportunidade, renovo a Vossa Excelência ção das áreas por índios no passado. votos de apreço e consideração. – Senador Renan Para tratar desse problema, solicitei uma au- Calheiros , Líder do PMDB. diência com o Ministro da Justiça, Sr. José Eduardo O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Cardozo, não somente porque a Funai a ele está su- PMDB – MS) – Será feita a substituição solicitada. bordinada, está sob a sua responsabilidade, mas tam- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ bém por entender que essa é uma legítima questão de PMDB – MS) – Há oradores inscritos. justiça e aquele é o Ministério adequado para tratar as O primeiro orador inscrito é a ilustre representante questões de justiça. do Rio Grande do Sul, Senadora Ana Amélia. Mas, Srªs e Srs Senadores, Sr. Presidente, para A SRª ANA AMÉLIA (Bloco/PP – RS. Pronuncia a minha surpresa, não há espaço na agenda do Sr. o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Meu Ministro da Justiça para receber um Senador da Re- caro Presidente Waldemir Moka, Srs. Senadores, Srª pública que deseja tratar de um problema urgente e Senadora, nossos telespectadores da TV Senado e da inadiável. E o meu objetivo, Presidente Moka, é exa- Rádio Senado que nos acompanham nesta sessão de tamente evitar um banho de sangue na disputa por abertura, em uma semana de enormes desafios para terra – e V. Exª sabe do ingrediente explosivo que está todos nós. Temos matérias importantes, inadiáveis, envolvido nessa matéria. entre as quais incluo o Código Florestal, a Emenda nº Defendo, como sempre o fiz, o direito dos indíge- 29 e, por desejo do Governo, a DRU ou Desvinculação nas às suas terras, como determina a Constituição, e, de Receitas da União. Assim é que esta segunda-feira da mesma forma, a demarcação das terras quilombo- já é uma sessão deliberativa. las. O que não pode ser feito é isso ser administrado Estou ocupando hoje esta tribuna para falar sobre de forma violenta, sem a presença do Estado para um tema de grande alcance social, histórico, cultural. atuar como mediador nesse conflito. E essa omissão Por isso, pela urgência que tenho, venho à tribuna para do Estado é inaceitável! tratar dessas questões. Ao receber a resposta à minha solicitação, fui in- Embora, nos últimos anos, o Brasil tenha ace- formada de que o Sr. Ministro José Eduardo Cardozo lerado o processo de demarcação das terras indíge- destacou um secretário – e não um secretário-geral nas e também de reconhecimento de comunidades ou um secretário executivo, mas um Secretário – para quilombolas, essa situação ainda não está de todo atender uma Senadora da República. pacificada no País. Não há como não considerar essa atitude, Pre- No meu Estado, o Rio Grande do Sul, ainda exis- sidente Waldemir Moka, como um descaso, diante de tem divergências entre tribos indígenas que reivindicam questão de tamanha relevância. Não é, certamente, suas terras com a legitimidade que lhes é concedida uma atitude republicana essa do Sr. Ministro da Justiça. pela Constituição Federal, mas encontram famílias de Da mesma forma, não há como não questionar pequenos agricultores que fixaram suas raízes nas a importância que o Ministro atribui ao trabalho desta mesmas terras, há muitas décadas, em alguns casos, Casa, quando uma Senadora, que busca colaborar há mais de um século até. com a resolução de um problema gravíssimo de com- Essa é uma situação muito delicada – em todos petência do Ministério, é recebida por um funcionário de os aspectos, especialmente no da questão social –, segundo escalão, com todo o respeito que tenho pelos em que as duas partes possuem parcela de razão, servidores da casa. Mas essa é uma questão institucio- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 233 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49173 nal, é uma questão que diz respeito à própria relação Essas comunidades vivem em um clima de ten- entre os Poderes. E vou tratar de uma questão que são e intranquilidade, pois, antes mesmo da conclusão diz respeito às questões sociais também e de justiça. do processo administrativo de demarcação das terras Estou até, de certo modo, constrangida por essa e desapropriação, os índios já iniciaram a ocupação iniciativa do Sr. Ministro. das referidas áreas. As divergências sobre a demarcação de terras E, ainda por cima, de acordo com um manifesto indígenas no meu Estado, Senador Moka, podem produzido por entidades locais, tais ocupações estão transformar-se em um conflito social de proporções sendo incentivadas e apoiadas pela própria Funai, que é imensuráveis. Tanto os índios, que habitavam as ter- o órgão que deveria estar intermediando, pacificamente, ras antes da chegada do homem branco, quanto as o conflito entre os pequenos agricultores e os índios. famílias que estão naquelas localidades há gerações Imagino que esse problema não esteja acon- lutam por terra, que é a fonte da própria subsistência. tecendo apenas no Rio Grande do Sul, pois existem No passado, já houve casos de confronto arma- tribos indígenas em todo o País. E eles têm o direito do entre os índios e os agricultores, e eu não dese- de estar nas suas reservas, nas terras que lhes per- jo isso. E a minha ação é exatamente para que haja tencem, mas isso deve ser feito de forma adequada, uma mediação de pacificação nesses contenciosos, com justiça e com mediação do Estado. Sr. Presidente. Tenho a certeza de que o equívoco do Além disso, temos a questão dos quilombolas, Ministro José Eduardo Cardozo se trata de um erro de que também reivindicam a demarcação de suas terras. avaliação sobre os problemas existentes em localida- No Município gaúcho de Maquiné, que fica na zona des como Mato Preto, no Município de Getúlio Vargas, de Mata Atlântica, entre a serra e o litoral, famílias de no norte do meu Estado. agricultores e comunidades de quilombolas também Em 2004, a Funai iniciou o processo de demar- travam uma disputa pela demarcação de suas terras. cação de uma área indígena nessa localidade de Mato E é por isso que a ação do Ministério da Justiça, Preto, com a criação de um grupo técnico para a re- como mediador desse conflito, é urgente e inadiável, alização do trabalho. Esse grupo entregou um laudo antes que eles se acentuem e algo muito grave aconte- técnico ao presidente da Funai em 2009. ça. As partes estão sob tensão, e isso é muito perigoso As conclusões desse trabalho da Funai foram as para a própria segurança dos envolvidos. de que, para a demarcação da reserva indígena que Também é necessária, Sr. Presidente, Srªs Sena- irá assentar 63 índios guaranis – vou repetir: 63 índios doras e Srs. Senadores, a construção de uma política guaranis! –, é necessária a remoção de mais de 300 de longo prazo, com a criação de comissão que avalie famílias de uma área de 4,230 mil hectares, que se situa nos Municípios de Erechim, Erebango e Getúlio com precisão tais demarcações de terras indígenas e Vargas, cidades que ficam a aproximadamente 350 quilombolas, que hoje acontecem apenas de acordo km de Porto Alegre. com os critérios exclusivos da Funai, a qual tem se Ali, o procurador que está atendendo essa ques- mostrado parcial nesse processo, gerando muita inse- tão, representando o Estado do Rio Grande do Sul, gurança jurídica nas localidades em que atua. Sr. Rodinei Candeia, de excelente preparo técnico – Srªs e Srs. Senadores, uma das principais ri- é professor universitário –, encontrou lesão grave à quezas culturais do nosso País, se não a principal, é Constituição e, inclusive, violação ao próprio Direito a miscigenação do nosso povo. Poucos de nós, bra- Administrativo. Encaminhou, como representante do sileiros, podem dizer-se oriundos de uma única etnia. Estado, à Funai, para reexame, e ao Ministério da O Brasil tem orgulho de ser formado por índios, Justiça, que recomendou, remeteu o processo para negros, europeus e asiáticos. Todos os povos que aqui a manifestação da Advocacia-Geral da União, que o estavam ou imigraram para colonizar nossas terras devolveu à Funai, pedindo que refizesse todo aquele foram fundamentais para a construção da identidade processo. Isso prova que alguma coisa não está an- nacional e para o progresso do nosso País. Nenhum dando adequadamente e que há usurpação, sim, de foi mais ou menos importante nesse processo. Todos poder em relação a essas demarcações. os que participaram da construção do Brasil deram o Situação semelhante, Sr. Presidente, ocorre nos máximo e o melhor de si, independentemente da sua Municípios de Sananduva e Cacique Doble, na região origem. do Alto Uruguai, onde 74 famílias de cinco comunidades Devemos levar em consideração, Sr. Presidente, de pequenos agricultores estão ameaçadas de perder o fato de que o mesmo Estado que hoje pede a retirada as suas propriedades com a criação da Terra Indíge- das famílias para a demarcação de terras indígenas na Passo Grande do Forquilha, de 1,998 mil hectares. foi quem estimulou a vinda de imigrantes há duzentos 234 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49174 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 anos, concedendo a eles o direito de propriedade so- a fim de evitar derramamento de sangue, imaginem, bre as terras que habitam. então, quando um negro quilombola, um índio ou um Essas famílias têm tanta tradição e apego às suas colono serão ouvidos naquele Ministério? propriedades quanto os índios que hoje reivindicam Não foi, aliás, nada republicana a atitude do Sr. os seus direitos, após terem deixado as localidades Ministro José Eduardo Cardozo. No final de semana há séculos. retrasado, ouvi relatos dramáticos em Sananduva, já Uma injustiça do passado não pode ser compen- que os agricultores que pretendiam colher o trigo não sada com uma nova injustiça no presente. puderam fazê-lo porque os índios os impediram. E, Também é necessário analisar as peculiaridades no Município de Charrua, o comerciante que fornece históricas e geográficas de cada região e de cada si- insumos aos índios que vivem da agricultura é vigia- tuação. do pela Polícia Federal, como se fosse um fora da lei! No caso do Rio Grande do Sul, os índios e os O Ministro José Eduardo Cardozo precisa ser negros não foram escravizados; conviveram em paz sensível a essa demanda. Aliás, precisa até seguir o com os imigrantes europeus que vieram, principalmen- modelo do Governador do Rio Grande do Sul, Tarso te, de Portugal, da Espanha, da Itália e da Alemanha. Genro, que, acertada e corretamente, criou uma co- As propriedades rurais que estão sendo desa- missão especial para acompanhar essa questão, já propriadas para a demarcação de terras não são la- que há interesse do Estado e dos Municípios envolvi- tifúndios, mas, sim, pequenas propriedades destina- dos nessa matéria. das à agricultura familiar. São, portanto, a garantia de Eu gostaria muito que o Ministro da Justiça, José sobrevivência de milhares de pessoas que retiram da Eduardo Cardozo, seguisse o exemplo tomado pelo terra o seu sustento. Governador do Rio Grande do Sul, meu adversário Precisamos acalmar os ânimos das populações político, mas de quem reconheço a correta atitude to- envolvidas, prestar apoio, ouvir as pessoas e conhecer mada na criação dessa comissão de mediação. as realidades locais. É dessa forma que, republicanamente, nós polí- A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do ticos temos as condições melhores de resolver ques- Senado já iniciou esse processo. Fomos ao Rio Grande tões pertinentes que envolvem aspectos não apenas do Sul, onde realizamos uma grande audiência pública étnicos, de direitos humanos, mas, sobretudo, questões com indígenas, quilombolas e pequenos agricultores. sociais o mais relevantes possível. Isso aconteceu na Assembleia Legislativa do meu Es- É esse o meu pronunciamento, Sr. Presidente tado no dia 21 de outubro deste ano. Waldemir Moka. Foi uma participação surpreendente, que reuniu, O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ no mesmo espaço, pequenos agricultores, quilombolas PMDB – MS) – Obrigado, Senadora Ana Amélia. e lideranças indígenas. Eu quero apenas e tão somente dizer que essa Naquele momento, estávamos em um esforço questão da demarcação de terras indígenas é real- coletivo, não só a Comissão de Agricultura e Reforma mente um problema que precisa ser resolvido. Há uma Agrária do Senado Federal, por minha iniciativa, mas decisão do Supremo, e é necessária uma manifesta- também a representação da Câmara Federal, por inicia- ção da Advocacia-Geral da União no sentido de dizer tiva do Deputado e Alceu Moreira, se vai acatar ou não a decisão do Supremo e, a partir que também trataram dessa questão. E, na Assembleia daí, orientar todos os órgãos do Governo. Legislativa, o próprio Presidente Adão Villaverde e o Mato Grosso do Sul vive uma tensão semelhan- Deputado Edson Brum. te à que vive o Rio Grande do Sul, assim como vários Foi uma grande oportunidade para que todos pu- Estados. Penso que é preciso realmente que a gente dessem manifestar-se de forma democrática, pacífica possa ter uma definição em relação à questão jurídi- e organizada. ca, até porque, a partir daí, fica mais fácil administrar Naquela ocasião, o Procurador do Estado Rodi- os conflitos. nei Candeia, a que me referi há pouco, declarou ter Concedo a palavra ao Senador Walter Pinheiro. encontrado vícios de inconstitucionalidade e também O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT – BA. Pro- atropelos ao Direito Administrativo nos processos de nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. demarcação no Rio Grande do Sul, no caso tanto das Presidente, Srªs e Srs. Senadores, quero aqui falar, no áreas indígenas quanto quilombolas. dia de hoje, da boa experiência, ou melhor, dos bons Agora, é preciso que o Ministério da Justiça tam- ventos da energia na Bahia, do preparo que o Estado bém faça a sua parte, mas se uma Senadora não é re- vem, há muitos anos, empreendendo para obtenção cebida pelo Ministro para pedir a intermediação federal da energia eólica e o sucesso desse programa. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 235 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49175 Para que V. Exª tenha uma ideia, Sr. Presidente, gia. Então, estou falando, Senador Romero Jucá, de a Bahia hoje representa, meu caro Senador Romero R$400 milhões para 90MW. Imagine quando atingirmos, Jucá, 20% do que foi disponibilizado em leilões públi- em 2014, o restante, que será de, aproximadamente, cos para geração de energia eólica em todo o País. 1.300MW! O nosso total é de 1.400, e 90 deverão en- Vinte por cento! Vamos completar 52 parques eólicos trar em operação em janeiro. até 2014, fruto desta política de atração de investimen- Ainda em 2012, 18 parques entrarão em operação, tos e, ao mesmo tempo, da instalação dessa base de num total de 413MW de geração de energia, comple- geração de energia. tando, em 2014, portanto, os 1.400MW de geração, o Já atraímos investimentos também na chamada que deve nos levar a um investimento superior a R$1,5 indústria que fabrica o equipamento para colher o vento bilhão com essa geração de energia. Consequentemen- ou a indústria dos equipamentos da energia eólica, os te, há outra economia gerada nisso. Brincava, inclusive, aerogeradores, principalmente. Já temos uma empresa o nosso Secretário de Infraestrutura e também Vice- instalada na Bahia, a Gamesa, empresa espanhola, -Governador do Estado, , dizendo que a que fez um investimento de R$50 milhões. Agora, no energia eólica agora representa os royalties do sertão. dia 30, teremos a entrega da instalação de mais uma Nessas áreas – aí quero dar o exemplo da cidade empresa, a francesa Alstom, que deve começar as de Brotas de Macaúbas, onde nós já estamos expe- suas atividades, também com investimento da ordem rimentando a relação com o agricultor –, os agriculto- de R$50 milhões. A GE já assinou protocolo com o res, cujas áreas serão utilizadas para assentarem as Estado da Bahia e deve também fazer investimentos torres e os aerogeradores, além de terem acesso a na ordem de quase R$45 milhões para a instalação. essa energia, também receberão, em média, por ano, Além dessas, já tivemos um contato com a Vestas, algo em torno de R$6 mil, chegando, em alguns casos, que é uma empresa dinamarquesa, a maior empresa até a R$8 mil por ano, o que representa uma média de produção de equipamentos de energia eólica do de mais de um salário mínimo por mês para possibi- mundo hoje, que deve também chegar para colher os litar, efetivamente, uma espécie de contrapartida, de ventos na Bahia ou para nos ajudar nessa empreitada aluguel dessas áreas utilizadas. de se relacionar com os ventos. Portanto, são os ventos bons soprando na Bahia, Como dizem os sertanejos baianos, quanto mais na medida em que fazem esse suprimento de energia. seco, Senadora Ana Rita, mais vento, na teoria do ser- E eu quero fazer uma associação para que quem está tanejo, na teoria do agricultor. Se analisarmos friamente, nos escutando possa entender a proeza dessa área. é até o inverso. Muito antes de qualquer desenvolvi- A Bahia tem hoje algo em torno de 11 mil mega- mento, de qualquer pesquisa, o sertanejo dizia que, na watts de energia sendo gerados por hidrelétricas e por Bahia, tinha muito vento, quando usava a expressão de termelétricas. Onze mil megawatts! Então, significa dizer quanto mais seco, mais vento. É a relação do sertanejo que, com esses 52 parques que nós vamos ativar, até com a água, com a chuva. Ele ia fazendo essa leitura. 2014, com algo em torno de 1,4 mil megawatts/hora, Nessa esteira de desenvolvimento, a Bahia tam- nós vamos gerar com energia eólica mais de 10% do bém terá, ainda em janeiro, o primeiro parque eólico que nós geramos hoje com hidrelétricas e termelétricas. em funcionamento na região da Chapada Diamantina, Portanto, começar uma unidade dessa forma, co- na cidade de Brotas de Macaúbas, uma cidade que meçar utilizando energia alternativa com esse potencial fica aproximadamente a 600km da cidade de Salvador. é uma ousadia muito grande. E nós vamos disputar os E nós teremos ali já o início de três áreas de uti- leilões que estão apontados para acontecer agora e lização de energia eólica, sendo que cada uma deverá em março do ano que vem. gerar algo em torno de 30MW com 45 parques ou 45 Se tudo der certo, em outra parte da chapada, torres instaladas, aliás, 57 torres, permitindo, assim, mais precisamente na cidade de Morro do Chapéu, uma ampliação dessa nossa... São 57 torres, três áre- onde os ventos também sopram com intensidade, nós as de ativação, com 30MW em cada área, perfazendo, vamos ampliar os nossos parques. E o nosso desejo é portanto, um total de 90MW, que serão já gerados a de que a Bahia possa contratar mais 20 parques eó- partir de janeiro do ano que vem. licos, perfazendo um total de 72 parques eólicos para Para que as pessoas tenham uma ideia da força a geração de energia. do vento, somente esses investimentos em Brotas de Esse desafio é associado a duas grandes frentes: Macaúbas, por exemplo, consomem algo da ordem primeiro, suprir essa questão da matriz energética com de R$400 milhões. uma fonte alternativa, com uma fonte limpa, possibilitan- A Bahia, volto a frisar, fez um contrato para 54 do assim a expansão da oferta de energia não só para parques eólicos, que devem gerar 1.400MW de ener- a habitação, mas também para a atividade agrícola, 236 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49176 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 para a atividade industrial, para impulsionar a econo- produção terá de se instalar no interior do Estado, em mia. Essa é uma vertente importantíssima. Estamos cada local. colocando, de um lado, uma fonte de energia limpa que É importante lembrar, Senador Moka, que essa está atraindo indústrias para o Estado da Bahia e, ao política também resolve o problema crucial de adoção mesmo tempo, também serve para estimular, em cada de medidas, para que possamos fazer a preservação local desses, o desenvolvimento econômico. dos nossos mananciais. Nós não conseguimos deslocar a atividade in- Portanto, temos, pela frente, o desafio de ampliar dustrial ou comercial ou a atividade econômica para a nossa oferta de energia, para continuar estimulan- outros lugares do Estado se não ofertarmos energia. do o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, ali- Por que historicamente os investimentos na Bahia se mentando, em cada cidade, o potencial que cada uma concentraram na região metropolitana de Salvador? tem, enxergando a proeza entre a produção agrícola, a Por conta exatamente da chamada infraestrutura. E diversificação da atividade econômica em várias regi- energia é um dos pilares centrais dessa infraestru- ões da Bahia. Nesses locais a que estou me referindo tura. Energia, comunicação, estradas e logística são aqui, por exemplo, que nós teremos em 2012 e 2014, elementos decisivos nessa competitiva batalha pela temos a região de Guanambi e Caetité, que é uma re- atração de investimentos. gião rica em mineral, principalmente ferro, onde nós Portanto, essa vertente da geração de energia teremos a principal usina de ferro, de mineração e ou- é um passo significativo para que possamos descon- tras frentes também, e que, ao mesmo tempo, servirá centrar a economia da Bahia, desconcentrando inves- para alimentar a nossa grande obra, que é a Ferrovia timento na região metropolitana e pulverizando esse Oeste-Leste, que sairá do oeste da Bahia e chegará investimento por toda a Bahia, meu caro Gim Argello, até o Porto Sul. para permitir, assim, a geração de emprego local. Era isso, Sr. Presidente, que eu tinha a dizer na Essa experiência começamos a viver, inclusive, tarde de hoje. com o Luz para Todos. A Bahia fez mais de 450 mil Muito obrigado. ligações de luz. Contratamos, agora, mais 150 mil, o O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ que gerou emprego, porque as pessoas precisavam PMDB – MS) – Agradeço ao Senador Walter Pinheiro. instalar postes, puxar fios, fazer toda a ativação, gerou Inscrita, na sequência, a Senadora Ana Rita. uma linha de negócios, com a fabricação de postes no A SRª ANA RITA (Bloco/PT – ES. Pronuncia Estado – inclusive, no ano passado, faltou poste – e o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) – Sr. também a contratação de mão de obra local. Presidente Moka, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, Portanto, foram gerados postos de trabalho, e Senadora Ana Amélia e os demais Senadores aqui não é à toa que conseguimos atingir, este ano, uma presentes, conforme é de conhecimento de todos, na grande marca: dos novos empregos gerados na Bahia, semana passada, dia 25 de novembro, comemoramos 60% ocorreram fora da região metropolitana de Salva- o Dia Internacional de Enfretamento à Violência contra dor, numa demonstração clara do acerto da política, a Mulher. Quem acompanhou hoje cedo o programa da implantar uma ação de matriz energética; mexer na Ana Maria Braga pôde perceber o quanto esse tema é infraestrutura; impulsionar o desenvolvimento local; importante, e é necessário debatê-lo de fato, a fim de continuar aquecendo a economia; gerar trabalho e ren- assegurar a implementação da Lei Maria da Penha, da; aumentar o consumo local; incentivar a atividade para que as mulheres possam ser mais bem protegidas. comercial e associá-la à agricultura... Eu tenho aqui, Sr. Presidente, alguns dados e (Interrupção do som.) quero aproveitar a oportunidade para expô-los a todos O SR. WALTER PINHEIRO (Bloco/PT – BA) – vocês. A cada dois minutos, cinco mulheres são es- Senadora Ana Rita, dos produtores da agricultura fa- pancadas no Brasil, segundo dados do módulo de Vio- miliar, à merenda escolar; associar isso, como fizemos lência Doméstica da pesquisa “Mulheres Brasileiras e agora, à rede de turismo e à rede de supermercados, Gênero nos Espaços Público e Privado”, realizada pela para que eles adquiram produtos da agricultura familiar. Fundação Perseu Abramo, em parceria com o Sesc. Com isso, vai-se diversificando e desconcentrando a No Espírito Santo, 10 mulheres são assassina- atividade econômica. das para cada mil habitantes. Só para ter uma ideia, Nesta quinta-feira, na Bahia, na cidade de Cama- de setembro do ano passado até setembro deste ano çari, vamos assistir à instalação de mais uma indústria, de 2011, somente na região metropolitana da Grande agora com outra característica: ainda que implantada Vitória, foram assassinadas 10 mulheres por mês. Ou em Camaçari, o objeto central de seu esforço, de sua seja, no período de um ano, mais ou menos 110 mu- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 237 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49177 lheres foram assassinadas na Região Metropolitana formas de violência contra as mulheres, por meio da da Grande Vitória. elaboração e implementação de políticas públicas com Dados do Mapa da Violência 2010, do Instituto base na legislação nacional, esse direito, na prática, Sangari, nos mostram que o Estado do Espírito Santo não tem sido respeitado dentro dos lares em muitas ocupa o Io lugar no ranking dos Estados brasileiros com situações, como se não fosse uma continuidade da maior número de assassinatos contra mulher. sociedade, como se fosse um mundo à parte. A pesquisa “Percepções sobre a Violência Do- Foi para combater a violência doméstica que méstica contra a Mulher no Brasil”, realizada em 70 conseguimos, Sr. Presidente, aprovar a Lei Maria da Municípios brasileiros, com 1.800 homens e mulheres, Penha, mas temos visto que, para sua efetividade, toda aponta que o medo de ser morta é um dos principais a sociedade tem de colaborar, denunciando a violência motivos que leva a vítima a não romper com o agressor. e auxiliando a mulher vítima a buscar ajuda policial. Mulheres negras, entre 16 e 24 anos, têm três Não podemos nos esquecer de que a mulher ví- vezes mais chances de serem estupradas que as mu- tima tem grande problema para fazer a denúncia, para lheres brancas. buscar sua proteção. A situação de violência em que Como eu disse, na semana passada comemo- ela se encontra a prende de tal forma que a denúncia ramos o Dia Internacional da Não Violência Contra é uma ação quase impensável para muitas mulheres. a Mulher. Um dia que serve para relembrar as irmãs Por isso, a sociedade tem uma responsabilidade grande Mirabal, opositoras da ditadura de Rafael Leônidas em auxiliar essas mulheres, Sr. Presidente. Trujillo, na República Dominicana. Minerva, Pátria e Dizem sempre que, em briga de marido e mulher, Maria Tereza, conhecidas como “Las Mariposas”, fo- não se deve meter a colher. Eu digo que sim, que, em ram brutalmente assassinadas, em 25 de novembro briga de marido e mulher, se deve, sim, meter a co- de 1960, por estarem na luta, no combate à violência lher, porque um tapa hoje pode significar um tiro ou contra as mulheres. uma facada amanhã. Um grito de uma mulher, que Destaco que todo dia é dia de luta para reforçar- um vizinho ouça e sobre o qual diga que, “em briga mos as nossas trincheiras pela eliminação da cultura de marido e mulher, eu não me meto”, pode significar machista de nossa sociedade, que acaba por legitimar a perda de uma vida dali a pouco. Portanto, tem, sim, que mulheres sejam vítimas de agressões, de viola- que se meter a colher, porque, quando uma pessoa é ções e, de certa forma, com a conivência da sociedade. agredida, socorro lhe deve ser prestado. Não existem direitos diferenciados! Homens e É preciso superar tamanha violência contra as mu- mulheres têm absolutamente os mesmos direitos na lheres e repactuar as políticas públicas para assegurar sociedade. Ninguém tem o direito de maltratar o outro direitos tão sonhados às mulheres como a carteira de – a outra geralmente – por nenhum motivo. Portanto, trabalho assinada, creche perto de casa para os filhos, vamos exigir que se cumpram sempre os nossos di- maior oportunidade de formação, licença-maternidade reitos, que são absolutamente iguais! de seis meses para todas as trabalhadoras das em- As agressões físicas, que não deixam de ser, presas privadas e equidade salarial. também, uma violência psicológica, ainda são a prin- Neste ponto, Srª Senadora Ana Amélia, Srs. Se- cipal forma de manifestação direta da discriminação nadores aqui presentes, quero chamar atenção para contra a mulher, aliada à discriminação velada, ou nem as políticas públicas acertadas da Presidenta Dilma tanto, que teima em colocar a mulher em situação de Rousseff, primeira mulher presidenta do Brasil, e da inferioridade em relação aos homens. nossa Ministra de Políticas para as Mulheres, a nos- A violência contra a mulher, Senadora Ana Amé- sa grande companheira Iriny Lopes, que definiram o lia, é uma construção com início nas construções so- combate à feminização da pobreza como um dos eixos ciais, que relegam um papel muitas vezes secundário centrais do Governo. às mulheres, finalizando, com sua expressão física, Superar a pobreza, que, no Brasil, tem cor e gê- pela violência de fato. nero – a maioria é mulher, empregada doméstica e Apesar de uma vida sem violência ser o direito das negra –, significa garantir a autonomia econômica, a mulheres assegurado pela Constituição Federal, por emancipação social e política das mulheres. convenções e tratados internacionais ratificados pelo Pesa para as mulheres agredidas o lado financei- Brasil, pela Lei Maria da Penha, pelo Plano Nacional ro na hora de denunciar a violência sofrida. Por isso, de Políticas para as Mulheres e pelo Pacto Nacional a inserção no mundo do trabalho é tão importante. A de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad estabelecem o desenvolvimento de ações governamen- 2009), do IBGE, mostra que, enquanto a participação tais voltadas à prevenção e erradicação de todas as dos homens no mercado de trabalho é de 76,6%, a 238 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49178 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 das mulheres é de 52,4%. Hoje, nosso salário médio 2007, quando o sistema foi adaptado para receber in- é 30% inferior ao dos homens. formações sobre a Lei Maria da Penha, a busca por Devemos estar atentas e vigilantes também para este serviço contabilizou quase 440 mil registros. a defesa da Lei Maria da Penha, que sofre ataques. De janeiro a outubro deste ano, houve mais de Reforço: a Lei é um dos mais poderosos instrumentos 530 mil ligações. No mesmo período, foram registrados para combater a violência doméstica e familiar. Mais mais de 58 mil relatos de violência. Desse total, mais do que isso, as mulheres brasileiras, em diferentes 35 mil foram de violência física. pesquisas, mostram conhecer a lei. A maior parte das mulheres que entrou em con- Segundo levantamento do DataSenado, realizado tato com o Ligue 180 e que também é vítima da vio- em março deste ano, 60% das mulheres pesquisadas lência tem de 20 a 40 anos, possui ensino fundamental declararam acreditar que a proteção contra a violên- completo ou incompleto e convive com o agressor por cia melhorou após a criação da Lei Maria da Penha, 10 anos ou mais. Sr. Presidente. Os dados da SPM revelam que o percentual de Outro ponto que considero prioritário é a discus- mulheres que declaram não depender financeiramen- são da reforma política. Temos que incidir, participar te do agressor é de 44%. Os números mostram que ativamente e nos organizar para garantirmos a pari- 66% dos filhos presenciam a violência e 20% sofrem dade nas disputas eleitorais e reforçarmos a presença violência junto com a mãe. das mulheres nos espaços do poder. A pesquisa da SPM mostra, ainda, que o cres- Para vencermos a inércia do sistema político atu- cimento da utilização do serviço 180 é contínuo nos al, que tende, por sua própria evolução, a perpetuar o últimos quatro anos. viés de gênero que caracteriza nossa política, defendo o financiamento público de campanha. Ele democra- (Interrupção de som.) tiza o processo eleitoral e faz com que todas e todos O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka Bloco/ disputem em igualdade econômica. PMDB – MS) – Para concluir, mais um minuto, Sena- Defendo, também, o voto em lista preordenada dora Ana Rita. Não posso lhe conceder mais tempo. e que a lista seja composta por uma mulher e um ho- A SRª ANA RITA (Bloco/PT – ES) – Cada vez mem, na proporção de 50% cada. mais, o 180 é utilizado pela sua confiabilidade e ga- Nossos desafios não são poucos. Acredito, efe- rantia de anonimato de quem denuncia. As mulheres tivamente, que somos capazes de construir um mun- se sentem seguras e encorajadas ao usarem o 180. do melhor. Para finalizar, Sr. Presidente, eu apenas quero Ousar e sonhar para concretizarmos as transfor- dizer que, neste último sábado, nós também lembra- mações sociais que queremos é essencial e possível! mos o Dia Internacional da Não Violência Contra as Sr. Presidente, preciso de mais um tempo para Mulheres no Estado do Espírito Santo. Foi emocio- concluir o meu discurso. É possível? nante assistir, na cerimônia, ao vídeo da Campanha: O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Quem Ama Abraça! PMDB – MS) – Já prorroguei por dois minutos, mas E eu quero aqui fazer uma solicitação a todos vou conceder-lhe mais dois. que nos ouvem para que acessem o site da SPM para A SRª ANA RITA (Bloco/PT – ES) – Em homena- conhecerem e acompanharem essa campanha, as- gem às mulheres, quero solicitar-lhe um tempo maior sistindo ao vídeo da Campanha: Quem ama abraça! porque quero destacar que, na última sexta-feira, Dia Quero, Sr. Presidente, considerar o meu discur- Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher, so como lido. Em outro momento, falarei sobre esse a Ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, tema também, que é de suma importância para todas Iriny Lopes, junto com os Ministros da Justiça, José as mulheres. Eduardo Cardozo, e das Relações Exteriores, Antonio SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIA- de Aguiar Patriota, lançaram a ampliação da Central MENTO DA SRª SENADORA ANA RITA. de Atendimento à Mulher, o Ligue 180, destinado às mulheres vítimas de violência que residem em outros A SRª ANA RITA (Bloco/PT – ES. Sem apanha- países. mento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Se- Este é um serviço de extrema importância, um nadores, a cada 2 minutos, 5 mulheres são espanca- verdadeiro aliado de mulheres e homens que querem das no Brasil, segundo dados do módulo de Violência denunciar a violência e que revelam que, de abril de Doméstica da pesquisa “Mulheres brasileiras e gênero 2006 a outubro de 2011, foram registrados mais de nos espaços público e privado”, realizada pela Funda- dois milhões de atendimentos. A partir de janeiro de ção Perseu Abramo, em parceria com o Sesc. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 239 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49179 No Espírito Santo, 10 mulheres são assassinadas não tem sido respeitado dentro dos lares em muitas para cada mil habitantes. Dados do Mapa da Violência situações, como se não fosse uma continuidade da 2010, do Instituto Sangari, nos mostram, que o meu sociedade, como se fosse um mundo à parte. Estado ocupa o 1º lugar no ranking dos estados brasi- Foi para combater a violência doméstica que con- leiros com maior número de assassinatos contra mulher. seguimos aprovar a Lei Maria da Penha, mas temos A pesquisa “Percepções sobre a Violência Do- visto que, para sua efetividade toda, a sociedade tem méstica contra a Mulher no Brasil”, realizada em 70 que colaborar, denunciando a violência, auxiliando a municípios brasileiros, com 1,800 homens e mulheres, mulher vítima a buscar ajuda policial. aponta que o medo de ser morta é um dos principais Não podemos nos esquecer de que a mulher ví- motivos que leva a vítima a não romper com o agressor. tima tem grande problema para fazer a denúncia, para Mulheres negras, entre 16 e 24 anos, têm três buscar sua proteção. A situação de violência em que vezes mais chances de serem estupradas que as mu- ela se encontra a prende de tal forma que a denúncia lheres brancas, é uma ação quase impensável para muitas mulheres. Na semana passada comemoramos o Dia Inter- Por isso, a sociedade tem uma responsabilidade gran- nacional da não violência contra a mulher. Um dia que de em auxiliar essas mulheres. serve para relembrar as irmãs Mirabal, opositoras da Dizem sempre que, em briga de marido e mulher, ditadura de Rafael Leonidas Trujillo, na República Do- não se deve meter a colher. Eu digo que sim, que, em minicana. Minerva, Pátria e Maria Tereza, conhecidas briga de marido e mulher, se deve, sim, meter a colher, como “Las Mariposas”, foram brutalmente assassina- porque um tapa hoje pode significar um tiro ou uma das, em 25 de novembro de 1960, por estarem na luta, facada amanhã. Um grito de uma mulher, que um vizi- no combate à violência contra as mulheres. nho ouça e sobre o qual diga que “em briga de marido Destaco que todo dia é dia de luta para reforçar- e mulher eu não me meto”, pode significar a perda de mos as nossas trincheiras pela eliminação da cultura uma vida dali a pouco. Portanto, tem, sim, que se me- machista de nossa sociedade, que acaba por legitimar ter a colher, porque, quando uma pessoa é agredida, que mulheres sejam vítimas de agressões, de viola- socorro lhe deve ser prestado. ções e, de certa forma, com a conivência da sociedade. É preciso superar tamanha violência contra as Não existem direitos diferenciados! Homens e mulheres e repactuar as políticas públicas para assegu- mulheres têm absolutamente os mesmos direitos na rar direitos tão sonhados às mulheres como a carteira sociedade. Ninguém tem o direito de maltratar o outro de trabalho assinada, creche perto de casa para os - a outra geralmente - por nenhum motivo. Portanto, filhos, maior oportunidade de formação, licença ma- vamos exigir que se cumpra sempre: os nossos direi- ternidade de seis meses para todas as trabalhadoras tos que são absolutamente iguais! das empresas privadas e equidade salarial. As agressões físicas, que não deixam de ser, Neste ponto, quero chamar atenção para as polí- também, uma violência psicológica, ainda são a prin- ticas públicas acertadas da presidenta Dilma Rousseff cipal forma de manifestação direta da discriminação – primeira mulher presidenta do Brasil – e da nossa contra a mulher, aliada à discriminação velada, ou nem ministra de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes, que tanto, que teima em colocar a mulher em situação de definiram o combate à feminização da pobreza como inferioridade em relação aos homens. um dos eixos centrais do Governo. A violência contra a mulher é uma construção com Superar a pobreza que no Brasil tem cor e gênero início nas construções sociais, que relegam um papel - a maioria é mulher, empregada doméstica e negra -, muitas vezes secundário às mulheres, finalizando com significa garantir a autonomia econômica, a emanci- sua expressão física, pela violência de fato. pação social e política das mulheres. Apesar de uma vida sem violência ser o direito das Pesa para as mulheres agredidas o lado financei- mulheres assegurado pela Constituição Federal, por ro na hora de denunciar a violência sofrida. Por isso, convenções e tratados internacionais ratificados pelo a inserção no mundo do trabalho é tão importante. A Brasil, pela Lei Maria da Penha, pelo Plano Nacional Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad de Políticas para as Mulheres e pelo Pacto Nacional 2009), do IBGE, mostra que enquanto a participação de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, que dos homens no mercado de trabalho é de 76,6% a estabelecem o desenvolvimento de ações governamen- das mulheres é de 52,4%. Hoje, nosso salário médio tais voltadas à prevenção e erradicação de todas as é 30% inferior aos dos homens. formas de violência contra as mulheres, por meio da Devemos estar atentas e vigilantes, também, para elaboração e implementação de políticas públicas com defesa da Lei Maria da Penha que sofre ataques. Re- base na legislação nacional, esse direito, na prática, forço: a lei é um dos mais poderosos instrumentos para 240 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49180 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 combater a violência doméstica e familiar. Mais do que Os dados da SPM revelam que o percentual de isso, as mulheres brasileiras em diferentes pesquisas mulheres que declaram não depender financeiramente mostram conhecera lei. do agressor é 44%. Os números mostram que 66% dos Segundo levantamento do DataSenado, realizado filhos presenciam a violência e 20% sofrem violência em março deste ano, 60% das mulheres pesquisadas junto com a mãe. declararam acreditar que a proteção contra a violên- A pesquisa da SPM mostra, ainda, que o cres- cia melhorou após a criação da Lei Maria da Penha, cimento da utilização do serviço 180 é contínuo nos Outro ponto que considero prioritário é a discus- últimos quatro anos. Cada vez mais o 180 é utilizado são da reforma política. Temos que incidir, participar pela sua confiabilidade e garantia de anonimato de ativamente e nos organizarmos para garantirmos a quem denuncia. As mulheres se sentem seguras e paridade nas disputas eleitorais e reforçarmos a pre- encorajadas ao usarem o 180. sença das mulheres nos espaços do poder. Neste sentido, gostaria de parabenizar a ministra Para vencermos a inércia do sistema político atu- Iriny Lopes e a toda a equipe da SPM por este brilhan- al, que tende, por sua própria evolução, a perpetuar o te trabalho. Quero parabenizar a ministra, ainda, pelo viés de gênero que caracteriza nossa política, defendo lançamento deste serviço, na última sexta-feira, para o financiamento público de campanha. Ele democra- atender as mulheres brasileiras, vítimas da violência, tiza o processo eleitoral e faz com que todas e todos que moram em outros países. Não tenho dúvidas de disputem em igualdade econômica. que o Disque 180 vai ser um forte aliado das nossas Defendo, também, o voto em lista preordenada mulheres no exterior. E, como disse a companheira e que a lista seja composta por uma mulher e um ho- Iriny, na fala do lançamento do serviço, em Brasília, mem, na proporção de 50% cada. uma ligação posse significar a diferença entre a vida Nossos desafios não são poucos. Acredito, efe- e a morte de uma mulher! tivamente, que somos capazes de construir um mun- Destaco que, no último sábado, também, lembra- do melhor. mos o Dia Internacional da Não Violência Contra as Ousar e sonhar para concretizarmos as transfor- Mulheres em Meu Estado. Foi emocionante assistir na mações sociais que queremos é essencial e possível! cerimônia o vídeo da Campanha “Quem Ama Abraça”. Aproveito para destacar que, na última sexta-fei- A Campanha Quem Ama Abraça, marca os 30 ra, Dia Internacional de Combate à Violência Contra a anos do dia 25 de novembro – Dia Internacional de Mulher, a ministra da Secretaria de Políticas para as Luta pela Não Violência contra as Mulheres e os 20 Mulheres, Iriny Lopes, junto com os ministros da Justi- anos dos 16 Dias de Ativismo peio fim da Violência ça, José Eduardo Cardoso e das Relações Exteriores, Contra as Mulheres. Antônio de Aguiar Patriota, lançaram a ampliação do Para finalizar, senhoras e senhores, quero pa- atendimento da Central de Atendimento a Mulher, o rabenizar ao movimento de mulheres, as feministas e Ligue 180, destinado as mulheres vítimas de violência as entidades que lutam e se dedicam diariamente por que residem em outros países. uma vida livre de violência, que buscam dar visibilida- Este é um serviço de extrema importância, um de a essa luta, buscando comprometer a sociedade verdadeiro aliado de mulheres e homens que querem com esse objetivo. denunciar a violência e que revelam que, de abril de Parabenizo também as mulheres guerreiras do 2006 a outubro de 2011, foram registrados mais de Espírito Santo e do Brasil. dois milhões de atendimentos . A partir de janeiro de Vamos todos, homens e mulheres, levantar nos- 2007, quando o sistema foi adaptado para receber sas vozes contra o preconceito e combater a violência informações sobre a Lei Maria da Penha a busca por contra a mulher, todos os dias, e intensificar nossa luta. este serviço contabilizou quase 440 mil registros. Um vida sem violência é um direito de todas as De janeiro a outubro desse ano, houve mais de mulheres! 530 mil ligações, No mesmo período, foram registrados Muito obrigada. mais de 58 mil relatos de violência. Desse total, mais O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ 35 mil foram de violência física. PMDB – MS) – Senadora Ana Rita, a Presidência lhe - A maior parte das mulheres que entrou em con- concedeu cinco minutos a mais, e há outros oradores tato com o Ligue 180 e que também é vítima da violên- inscritos. Realmente o tema é muito importante e pa- cia tem de 20 a 40 anos, possui ensino fundamental rabenizo V. Exª por trazê-lo hoje à tribuna. completo ou incompleto e convive com o agressor por O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR) – Pela 10 anos ou mais. ordem, Sr. Presidente. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 241 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49181 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ 5) Garantir a liberdade de impressa, que é luta PMDB – MS) – Com a palavra, pela liderança do Go- nossa desde a criação do MDB; verno, o Senador Romero Jucá. Antes, porém, pela 6) Estimular a pesquisa e a produção científi- ordem, Mozarildo Cavalcanti. ca, a partir da interação do cabedal de conhecimento O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR. das universidades públicas, com vistas à progressiva Pela ordem. Sem revisão do orador.) – Já está na mesa, apenas para ratificar a minha inscrição como inserção do conhecimento e da produção nacional no líder pelo PTB. mercado globalizado; O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ 7) Implantar a meritocracia no serviço público; PMDB – MS) – Pois não, V. Exª já está inscrito. 8) Promover a transparência absoluta na gestão Pela liderança do Governo... pública; O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR) – Pre- 9) Revisar o pacto federativo, com a distribuição sidente, também para pedir a V. Exª me inscrever para do bolo tributário nacional proporcionalmente aos en- falar pela liderança do PSDB. cargos dos entes federados, com a garantia de equi- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ PMDB – MS) – Então, na sequência de liderança. dade fiscal para a população; Evidentemente, vamos alternando com os oradores 10) Defender a Reforma Política, pois a Democra- inscritos. V. Exªs conhecem a prática da Casa. cia é feita com partidos políticos fortes e, em tal refor- Senador Romero Jucá. ma, deveremos lutar pelo fortalecimento dos partidos O SR. ROMERO JUCÁ (Bloco/PMDB – RR. Como e pela valorização dos cidadãos; Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs e 11) Reiterar nosso compromisso com a susten- Srs. Senadores, pedi a palavra para fazer um registro tabilidade ambiental; acerca do debate que está ocorrendo internamente no 12) Estimular a participação das empresas brasi- PMDB exatamente para discutir itens e compromissos do PMDB com o povo brasileiro. leiras, públicas e privadas, nos negócios de interesse Nós tivemos no Fórum Nacional, realizado em e oportunidade para a Nação brasileira no mercado 15 de setembro, a discussão e aprovação de quinze globalizado; itens para debate. Esses itens serão discutidos agora, 13) Zelar pela tradição da diplomacia brasileira, exatamente num encontro, a ser confirmado no dia 1º que ganhou respeito internacionalmente pela defesa de dezembro, do Diretório do Conselho Político e da da democracia na organização estatal e da paz entre Executiva Nacional. os povos; Gostaria rapidamente de falar nos quinze itens 14) Promover a participação qualificada de nos- que foram compromissos do PMDB. sos militantes em todas as redes sociais; 1) Lutar pela democratização do conhecimento entre todos os brasileiros, para garantir: 15) Renovar nosso compromisso com a classe – Universalização do Ensino Fundamental Quali- trabalhadora brasileira, observando a tendência das ficado para a alfabetização de todos os brasileiros até sociedades desenvolvidas, com a modernização per- eles completarem oito (08) anos de idade; manente da jornada de trabalho e da seguridade social. – Universalização do Ensino Médio. Ensino em Esses são os pontos tocados, Sr. Presidente. Turno Integral: 1º Turno para a formação pedagógica Peço a transcrição da carta “Aos Peemedebistas e 2ç Turno para a formação técnica profissionalizante; e aos Brasileiros” e “Compromissos do PMDB com o – Ensino Superior: garantir, progressivamente, povo brasileiro”, ao tempo em que registro os compro- o acesso para todos os jovens concluintes do ensino médio; missos do partido em melhorar e apoiar o Governo da 2) Reforçar nosso compromisso com a materia- Presidenta Dilma Rousseff. lização da garantia constitucional da Saúde Pública Era esse o registro que eu queria fazer. Universal, Gratuita e de Qualidade; Muito obrigado, Sr. Presidente. 3) Promover a participação da sociedade na po- DOCUMENTOSA QUE SE REFERE O lítica de segurança, por meio da instalação dos Con- selhos Comunitários de Segurança; SR. SENADOR ROMERO JUCÁ EM SEU 4) Lutar pela garantia da instabilidade econô- PRONUNCIAMENTO mica, baixa inflação, controle das contas públicas e (Inseridos nos termos do art. 210, inciso crescimento sustentável em todo o território nacional; I e § 2º do Regimento Interno.) 242 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49182 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 243 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49183 244 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49184 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ projeto de sustentabilidade do Governo do Acre, que fez PMDB – MS) – Agradecemos ao Senador Romero Jucá. o Acre se tornar uma referência nessa área florestal e Na sequência, o Senador Anibal Diniz como ora- de sustentabilidade de todo o Brasil. Então, não é jus- dor inscrito. to que se assaque contra Jorge Viana qualquer dúvida O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC. Pronuncia quanto à sua completa devoção à defesa da floresta e o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Pre- à defesa dos homens da floresta. sidente, Srªs e Srs. Senadores, telespectadores da TV Nesse sentido, escrevi um artigo e fiz publicar no Senado e ouvintes da Rádio Senado, tudo indica que principal jornal do Acre, o Jornal A Gazeta, que está no amanhã teremos a aprovação, aqui em plenário, do re- meu site. Faço questão de lê-lo na íntegra, para que conste latório do Código Florestal, que já foi aprovado em todas dos Anais do Senado, porque o companheiro Jorge Via- as Comissões, na de Constituição, Justiça e Cidadania, na merece um voto de solidariedade neste momento, e depois, na de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunica- o faço, a partir deste momento, lendo a íntegra do artigo ção e Informática, na de Agricultura e Reforma Agrária que publiquei no Jornal A Gazeta, do último domingo. e, por último, na Comissão de Meio Ambiente, Defesa Com Jorge Viana, Código Florestal ficou melhor! do Consumidor e Fiscalização e Controle. Apesar da preocupação legítima de alguns e da Os Relatores, Senadores Luiz Henrique e Jor- reação injusta de outros que orientam seus atos pelo ge Viana, tiveram um trabalho muito difícil para poder reflexo dos holofotes, o Código Florestal aprovado fazer... pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, com a O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ competente relatoria do companheiro senador petista PMDB – MS) – Senador Anibal Diniz, só interrompen- Jorge Viana, constitui-se num importante instrumento do, porque a Presidência quer registrar e agradecer a de defesa das nossas florestas, porque foi capaz de visita do grupo de idosos da cidade de Recife. Sejam compatibilizar sustentabilidade ambiental e aumento da bem-vindos a esta Casa! produção de alimentos em todos os biomas brasileiros. O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC.) – Sejam Digo isso com total convicção de que a melhor muito bem-vindos! política, em todos os tempos, sempre foi a constru- Então, amanhã teremos a aprovação, em plenário, ção do possível com as condições reunidas naquele do relatório, com todos os destaques do Código Flores- momento. É natural que ambientalistas reivindiquem tal. Em vista de tudo que se debateu, principalmente na passos a mais rumo às suas convicções e que rura- Comissão de Meio Ambiente, que era terminativa, os listas tenham feito e continuem fazendo toda sorte de Senadores Luiz Henrique e Jorge Viana, mesmo tendo pressão rumo a menos obrigações e maior lucrativi- feito um trabalho muito profícuo, muito difícil de com- patibilização de todos os interesses e apresentar uma dade de suas propriedades, mas não há como negar proposta que é a média daquilo que seria aceitável para que o texto final produzido por Jorge Viana com a com- que o Brasil continue produzindo, continue fazendo a petente e comprometida equipe que o assessorou, foi diferença em termos de produção de alimentos com o resultado de um bom entendimento, de exaustivas mais sustentabilidade, ainda com todo esse trabalho de reuniões e audiências com os mais diversos segmen- mediação, ouve vozes dissonantes, discordantes, algu- tos científicos e produtivos da sociedade. Todos hão mas praticando algumas injustiças, principalmente em de convir que o texto assinado por Jorge Viana, que relação ao relatório produzido pelo Senador Jorge Viana. deverá ser aprovado nesta terça-feira pelo plenário Eu disse na Comissão de Meio Ambiente que vo- do Senado, ficou infinitamente melhor do que aquele tava a favor do relatório final do Senador Jorge Viana aprovado pela Câmara seis meses atrás. justamente porque sabia do seu compromisso tanto com Em nenhum momento o relatório do senador Jorge a continuidade da produção no Brasil, quanto com a de- Viana prevê anistia ou complacência com quem desma- fesa das nossas florestas, dos nossos rios e de todos os tou ilegalmente. Ao contrário, a nova Lei estabelece que nossos mananciais. Vi nas redes sociais, acompanhando todos terão que fazer a recomposição: grandes, médios principalmente blogs e sites, muitas agressões ao com- e pequenos. É um texto que cria as condições para que panheiro Jorge Viana, uma delas inclusive dizendo que os produtores conquistem a legalidade de suas proprie- o companheiro Jorge Viana havia trocado Chico Men- dades através de práticas sustentáveis de recomposição des por Kátia Abreu. Isso não é justo, não e justo que de APPs e Reservas Legais, bastando para isso que se se faça uma afirmação dessas para um companheiro submetam às exigências do Cadastro Ambiental Rural – que tem a sua história completamente comprometida CAR e ao Programa de Regularização Ambiental – PRA. e confundida até com a causa florestal; foi o grande Vale ressaltar que os roçados sustentáveis vêm sendo artífice do governo da floresta, que deu início a todo o incentivados com sucesso pelo Governo do Acre, desde NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 245 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49185 o início da administração Binho Marques, e que ganha- so da virtuosa e bem-sucedida mediação, construída ram muito mais força no governo Tião Viana. já no primeiro ano de um mandato que, certamente, É preciso perceber que o texto estabelece mecanis- contribuirá muito com o Acre e a com o Brasil até 2018. mos que facilitam e estimulam a busca da regularização O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- ambiental dos imóveis rurais e urbanos, não permitindo nador Anibal. interpretações que admitam ou tolerem novos desma- A Srª Ana Amélia (Bloco/PP – RS) – Senador... tamentos. É disso que trata. Um dos pontos principais, O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC) – Ouço inclusive, resgata a condição de APP (Área de Preserva- com atenção o Senador Mozarildo Cavalcanti e, em ção Permanente) como espaço onde a regra é a manu- seguida, a Senadora Ana Amélia. tenção da vegetação nativa. A supressão de vegetação é O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Bem, considerada um evento excepcional, admissível apenas Senador Aníbal, quero cumprimentá-lo pelo pronuncia- nas situações de utilidade pública, interesse social ou de mento e concordar plenamente com que disse V. Exª no baixo impacto ambiental que a justifiquem. sentido de que o Senador Jorge Viana agiu, eu diria, com A sacada no sentido de ter o Código Florestal maestria na costura desse relatório. S. Exª realmente como norma geral nacional dividida entre disposições tirou, vamos dizer, todos os radicalismos. Lamento que transitórias e disposições permanentes, tal qual a Cons- algumas pessoas estejam atacando a posição do Se- tituição Federal, foi algo aparentemente simples, mas nador Jorge Viana, que realmente, sendo um homem bastante inovador. Com isso, foi possível afastar a car- como é de esquerda, envolvido como a questão flores- ranca policialesca no trato com os passivos ambientais tal realmente construiu um entendimento com todos os e introduzir algo muito mais elevado, que é o valor da atores envolvidos na questão. Portanto, quero me somar recomposição ambiental de APPs e Reservas Legais a V. Exª nos cumprimentos ao Senador Jorge Viana. para a garantia da qualidade de vida das futuras gera- O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC) – Obriga- ções. Sem falar nas linhas de créditos especiais para do. Ouço também a Senadora Ana Amélia. os programas de florestas plantadas e a possibilidade A Srª Ana Amélia (Bloco/PP – RS) – Da mesma de pagamento por serviços ambientais, que são duas forma, Senador Aníbal Diniz, eu queria cumprimentá-lo inovações também inspiradas na política florestal e no pela oportunidade de fazer, primeiro, esse esclareci- modelo de desenvolvimento sustentável colocados em mento sobre a questão da anistia, que é fundamental, prática pelo Governo do Acre. porque às vezes volta-se àquela prática: repete-se tanto Temos também a definição de regras claras e ob- uma mentira que ela acaba se tornando uma verdade. jetivas para o uso sustentável e racional dos recursos Isso é muito complicado! É preciso que a sociedade naturais da reserva legal e o tratamento distinto aos brasileira entenda que esse trabalho... povos e comunidades tradicionais, incluindo uma seção (Interrupção do som.) específica para os agricultores familiares. Há exigência de reserva legal para todos os imóveis rurais e urbanos, A Srª Ana Amélia (Bloco/PP – RS) –... foi fru- tratamento diferenciado para a regularização das pe- to de uma intensa e responsável negociação com as quenas propriedades e posses rurais. E ao prever um partes envolvidas: academia, pequenos produtores, tratamento diferenciado para a pequena propriedade movimentos sociais, produtores rurais. Enfim, com ou posse rural, o texto do relator estabelece critérios todos aqueles que estavam envolvidos. E com o Go- seguros que não permitirão qualquer manipulação verno, evidentemente, através do Ministério do Meio para fraudar a caracterização do imóvel rural como os Ambiente e do Ministério da Agricultura. Então, foi o desmatamentos futuros, por exemplo, e os desmem- que foi possível fazer em um tema tão complexo quan- bramentos também de propriedade. to esse – que, na verdade, não é um Código Florestal, Por esses motivos, precisamos atenuar as pai- é uma lei ambiental, um marco regulatório, uma mol- xões e perceber o novo código Florestal como um re- dura para a legislação geral do Brasil –, em uma ma- gramento claro e objetivo na meta de aliar produção e téria tão importante quanto essa, em um país que é sustentabilidade, mantendo um propósito fundamental o principal protagonista na produção e na exportação e ainda não alcançado, que é tentar recuperar pelo de produtos alimentícios de proteína animal e vege- menos parte do passivo ambiental de 50 milhões de tal, e é também um grande país que preserva o seu hectares desmatados no País nas últimas décadas. meio ambiente, porque não chega a 40% a área que O Senador Jorge Viana está de parabéns pelo é usada para agricultura e pecuária em nosso País. O trabalho que fez, e tenho certeza de que o saudoso resto são parques nacionais, reservas indígenas, qui- companheiro Chico Mendes, com toda capacidade lombolas que estão a serviço. Quero cumprimentá-lo, dialogal que lhe era peculiar, também estaria orgulho- Senador Aníbal Diniz, pela oportunidade e pela justiça 246 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49186 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 que V. Exª está fazendo ao Relator Jorge Viana. E eu E também há outras denúncias, que não é o caso gostaria de acrescentar também o Relator Luiz Henri- que vai ser apreciado amanhã, como a compra da abs- que da Silveira, que fez um belíssimo trabalho. Muito tenção do voto de funcionários .públicos. obrigada, Senador Aníbal Diniz. Pois bem. Mesmo com essas manobras todas, o O SR. ANIBAL DINIZ (Bloco/PT – AC) – Obri- governador atual ganhou o segundo turno com ape- gado, Senadora Ana Amélia e Senador Mozarildo. As nas 0,82% de diferença – então, é menos de 1% de contribuições de V. Exªs serão incluídas neste meu diferença –, usando todas as condutas ilícitas e ilegais pronunciamento. possíveis para se manter no caso. Termino, Sr. Presidente, reafirmando que o tra- Amanhã vai a julgamento, e nós temos a tran- balho do Senador Jorge Viana foi um trabalho que qulidade de que o bom Direito está realmente do lado dignifica o Senado Federal. Tenho certeza de que o nosso, do lado do ex-Governador Neudo Campos, Brasil inteiro haverá de reconhecer que esse Código que foi o candidato vitorioso no primeiro turno. Mas eu que será votado amanhã está muito melhor, atualiza- fico surpreso, Senador Moka, que o atual governador, do, e vai dar uma grande contribuição para que o Bra- que assumiu o primeiro mandato pelo falecimento do sil continue produzindo muito e com sustentabilidade. Governador Ottomar Pinto – portanto, não foi eleito, Muito obrigado. realmente, diretamente pelo povo –, conquistou essa O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ reeleição no roubo e está hoje aqui em Brasília, com PMDB – MS) – Na sequência, inscrito como Líder, toda a estrutura do governo, visitando ministros, leva- Senador Mozarildo Cavalcanti, pela Liderança do PTB. do pelo secretário de representação do governo aqui O SR. MOZARILDO CAVALCANTI (PTB – RR. em Brasília, usando a estrutura do Estado para se de- Pela Liderança. Sem revisão do orador.) – Sr. Presi- fender pessoalmente. É lamentável. Aliás, ele fez isso dente Senador Waldemir Moka, quero cumprimentar quando foi cassado nesse processo pelo TRF. Pegou o todos os Srs. Senadores e as Srªs Senadoras aqui avião do governo e veio para Brasília impetrar pedido presentes, telespectadores da TV Senado e ouvintes de liminar para continuar no cargo. da Rádio Senado. Foi cassado a segunda vez, isto é, o recurso Quero hoje, de novo, fazer o registro de que ama- que ele impetrou no TRE foi rejeitado, e amanhã, no nhã, terça-feira, dia 29, o Tribunal Superior Eleitoral vai Tribunal Superior Eleitoral, haverá o julgamento final julgar um caso que, para Roraima, é decisivo. Trata-se dessa ação. da ratificação ou não da cassação do Governador atu- Eu tenho confiança plena na isenção dos Srs. al, que usou de todos os mecanismos possíveis para Ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Tenho perfeita corromper, fraudar a eleição. consciência de que são homens... O processo que estará em julgamento amanhã São Ministros do Superior Tribunal de Justiça ou diz respeito a uma das atitudes corruptas e ilícitas que do Supremo Tribunal Federal ou representantes dos o Governador praticou, que foi o uso, Senador Vicen- advogados. São pessoas do mais alto nível, e, ao con- tinho, da rádio oficial do governo do Estado durante trário do que o Governador alardeia lá em Roraima, todo o período que antecedeu à eleição e durante a Senador Moka, que está tudo sob controle, fazendo eleição, mas, principalmente, no final do primeiro turno insinuações, portanto, que levam a conclusões equivo- para o segundo turno. cadas, quero dizer que, na verdade, nós confiamos. Eu Basta dizer, para ilustrar o quanto o potencial faço este pronunciamento hoje justamente para tran- dessa rádio influiu no resultado da eleição... Além de qüilizar a população do meu Estado porque o Tribunal ser uma conduta vedada pela lei usar agentes públi- Superior Eleitoral vai julgar esse fato à luz do direito, cos ou instrumentos públicos para fazer campanha... O à luz do bom direito, que está do nosso lado. nosso candidato do Partido Popular, o PP, com apoio Portanto, quero pedir, ao finalizar, Senador Moka, do PT, PTB, PSC e de vários outros partidos ganhou a transcrição dessa tabela com os dados da eleição a eleição no primeiro turno com diferença de 2,5% para Governador de Roraima do primeiro e do segundo dos votos. No segundo turno, a abstenção aumentou turno, ao mesmo tempo em que denuncio que o Gover- de 13,98% para 18,38%, o que significa um aumento nador continua abusando do cargo para se defender de 5%, o que chama a atenção, porque, inclusive, há de um pedido de cassação contra ele. acusações de que a rádio teria influenciado as pessoas DOCUMENTO A QUE SE REFERE O a não ir votar, Senador Moka, porque a própria rádio SR. SENADOR MOZARILDO CAVALCANTI anunciava que o nosso candidato, o ex-governador e EM SEU PRONUNCIAMENTO. ex-Deputado Neudo Campos, havia renunciado, havia (Inserido nos termos do art. 210, inciso sido impedido de concorrer no segundo turno. I e § 2º do Regimento Interno.) NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 247 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49187

O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ PMDB – MS) – V. Exª será atendido na forma do Re- PMDB – MS) – Na sequência, a Presidência quer ex- gimento. plicar que eu vou até o final... Vários Senadores que estão aqui não estavam O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ presentes anteriormente. Então, regimentalmente, a PMDB – MS) – A Presidência comunica às Srªs e aos orientação é no sentido de irmos até o final da lista Srs. Parlamentares que está convocada sessão con- para que a gente possa continuar. junta do Congresso Nacional, a realizar-se no dia 1º Na sequência, o Senador Roberto Requião, que de dezembro do corrente, quinta-feira, às 12 horas, há pouco estava presente. (Pausa.) Na sequência, o Senador Vicentinho Alves. no Plenário da Câmara dos Deputados, destinada à O SR. VICENTINHO ALVES (PR – TO. Pronun- apreciação das seguintes matérias: Projetos de Lei do cia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Congresso Nacional nºs 8, 14, 15, 19, 23, 26, 32, 33, Presidente, Srªs e Srs. Senadores, somos legislado- 35, 43, 46, 48 e 52, de 2011. res, somos humanos, somos imperfeitos. Agimos, po- 248 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49188 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 rém, na busca de uma obra legislativa que sirva para dos os degraus da carreira togada. É professor pres- o nosso tempo e para o nosso povo, que traduza as tigiado, um palestrante aplaudido e presidiu um grupo aspirações do bem comum. de trabalho que, depois de 18 audiências públicas e Em um momento de especial iluminação, o Presi- diversas reuniões, depois de colher milhares de su- dente José Sarney resolveu convocar especialistas das gestões da sociedade civil, trouxe uma proposta de diversas áreas do Direito para nos ajudar a escrever racionalização do processo civil brasileiro, uma pro- as leis do País, elaborando anteprojetos que serviram posta que não desprezou avanços recentes e embutiu e servirão de guia para o nosso trabalho. outros progressos, como a simplificação do sistema Houve e há comissões instaladas pelo Senado recursal. Com o Anteprojeto Fux, reduziu-se o número Federal que trabalharam e trabalham em propostas de recursos, porque é consenso que temos recursos de Código de Processo Penal, de Código Eleitoral, de demais no Judiciário. Mitigou-se o efeito suspensivo Código Penal, de aperfeiçoamento do Código de De- automático das apelações, que paralisava a efetivi- fesa do Consumidor e do Código de Processo Civil. dade das decisões, porque cada caso é um caso e a É sobre este último Código, o CPC, que gostaria prudência pede atenção às suas especificidades, não de dirigir algumas palavras aos nobres Pares e a todos a automatismos. Mas o direito à ampla defesa perma- que nos assistem. neceu garantido, porque os recursos fundamentais Li, no último final de semana, a entrevista do foram preservados e a chance de impedir a eventual Professor Antônio Cláudio da Costa Machado para a injustiça de uma sentença permanece, conforme seja revista Veja. a peculiaridade da situação concreta, a ser avaliada O Professor, que é muito respeitado no ambien- pelo tribunal, em medida cautelar. te jurídico, diz que queremos implantar a ditadura do Sr. Presidente, nobres Senadores e Senadoras, Judiciário, que demos poderes demais aos juízes, que o debate público precisa ser feito, é claro. Nós, no o Código, se aprovado, não resolverá o problema da Parlamento, respeitamos as divergências de opinião: Justiça brasileira. é a nossa natureza. Mas é necessário entender que Não sou advogado, Sr. Presidente, Srªs e Srs. o dever do Legislativo é encontrar a solução possível Senadores, sou aviador, não tenho formação jurídica, ao nosso tempo, conciliando correntes divergentes. mas acredito que é meu dever defender a proposta Para mim, a solução possível foi a que este Se- que foi aprovada neste Senado Federal, em dezem- nado adotou. Quando ela foi adotada, eu estava na bro de 2010. Câmara dos Deputados, sendo inclusive colega de V. Temos, no Brasil, um Poder Judiciário composto Exª, Senador Moka, mas, se aqui estivesse quando o por juízes honestos, estudiosos, que estão distribuídos por todo o território nacional, próximos do povo. Esses projeto foi votado, eu o teria aprovado também. magistrados adaptam as leis que editamos aqui às re- Se a proposta prestigia o juiz de primeiro grau, se alidades locais, às peculiaridades de um país múltiplo, ela contém riscos, riscos maiores correríamos, como variado e diferente. congressistas, se não tentássemos melhorar a lei pro- Da neve da Serra Gaúcha ao calor nordestino, cessual, se não confiássemos nos nossos juízes de passando pelo Cerrado do Brasil Central e pela densi- base para serem os gestores reais do processo civil. dade da Floresta Amazônica, a lei tem de imperar em Temos bons tribunais. Precisamos ajudar o Judici- todos os ambientes. De norte a sul, de leste a oeste, ário a se equipar melhor, a melhorar a sua estrutura, a somos um Estado de direito. aumentar e capacitar os seus recursos humanos. Disso Para que isso realmente seja verdade, em comple- não há dúvida, e o Professor Antônio Cláudio da Costa mento ao nosso trabalho de escrever as leis do Brasil, Machado, nessa parte de sua entrevista, está certo. os juízes devem fazer a mediação entre os fatos e o Di- Mas, para mim, o fato de um ministro, à época reito, quando julgam os conflitos. É preciso confiar neles, do Superior Tribunal de Justiça e, hoje, do Supremo que, felizmente, reiteradamente, demonstram, na sua Tribunal Federal, haver preparado uma proposta que grande maioria, que merecem essa nossa confiança. confere maior autonomia aos juízes da base é um in- A proposta aprovada neste Senado Federal, re- dicativo de que o rumo tomado foi o certo. latada pelo Senador Valter Pereira, a partir do texto O natural a quem alcançou um alto posto judiciário elaborado com primor pela comissão de notáveis li- seria prestigiar esses estágios mais elevados. Porém, derada pelo Ministro Luiz Fux, merece o nosso reco- se a solução adotada pelo Ministro Fux, com base na nhecimento, pois é um monumento cívico. sua experiência de julgador e no seu conhecimento O Ministro Luiz Fux, Sr. Presidente, como sabem técnico acadêmico, passou por reforçar o primeiro grau todos nesta Casa, é um magistrado que percorreu to- de jurisdição, então, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Sena- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 249 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49189 dores, só posso concluir que a linha adotada foi certa 50%. Para Roraima, o meu Estado, e para o Estado do e passa longe de caracterizar uma ditadura judicial. Amapá, isso, significativamente, vai ajudar, vai contri- Ela partiu de um grupo de grandes pensadores buir para o desenvolvimento socioeconômico. Então, o jurídicos, distribuiu poderes decisórios entre milhares setor produtivo de Roraima, os agricultores, os produ- de magistrados e, portanto, os democratizou, razão por tores rurais, a agricultura familiar de Roraima agradece que contou com a correta aprovação do Senado Federal. a sensibilidade e a compreensão do nobre Senador Espero, sinceramente, que a Câmara dos Depu- Jorge Viana, porque um dos maiores obstáculos, meu tados entenda isso e promova os aperfeiçoamentos querido Senador José Pimentel, ao desenvolvimento que entender necessários, sem desvirtuar as grandes socioeconômico do meu Estado de Roraima é essa in- linhas do texto que foi aqui aprovado, Sr. Presidente. definição fundiária. Isso tem causado sérios problemas Eram essas as palavras que eu gostaria de dei- para o desenvolvimento socioeconômico daquela gente xar neste plenário, em defesa do trabalho patriótico, que mora lá no extremo norte do nosso País e precisa republicano e histórico realizado pelo Ministro Fux, de um tratamento diferenciado no Código Florestal, pela Comissão por ele comandada e, sobretudo, por para assegurar o seu desenvolvimento sustentável. este Senado Federal. Queria dar a palavra ao nobre Senador José Muito obrigado, Sr. Presidente. Pimentel. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ O Sr. José Pimentel (Bloco/PT – CE) – Senadora PMDB – MS) – Na sequência, nós vamos recomeçar Angela Portela, quero parabenizar V. Exª pelo trabalho a lista dos inscritos. que fez ao lado do Senador Jorge Viana, para que fos- Senador Paulo Paim. se dado um tratamento diferenciado aos Estados onde O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – Sr. Pre- a presença das reservas indígenas é bastante ampla sidente, prefiro falar depois da Ordem do Dia. Então, e para que elas pudessem ser computadas dentro da cedo o meu espaço para o mais próximo. Mas, se a exigência do percentual mínimo em que o Código vi- intenção for falar para chegar à Ordem do Dia, se hou- nha sendo trabalhado. Essa vitória da população de ver a tolerância devida da Mesa, eu falarei. Só espero Roraima, da população da região Norte, da população que haja tolerância. do Amapá tem, em seu mandato, V. Exª como grande O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ apoiadora. Exatamente por isso, ali, onde moram várias PMDB – MS) – Está inscrita a Senadora Angela Por- famílias cearenses, várias famílias nordestinas, fica- tela. E V. Exª passa a vez... mos muito orgulhosos do trabalho que V. Exª tem feito O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – Isso. Daí, e pedimos a Deus, neste mês, neste final de novem- se não tiver ninguém para falar, eu falo, esperando que bro, início de dezembro, que lhe dê muita saúde, um haja uma tolerância da Mesa. Estou disposto a falar da bom Natal, um 2012 com a mesma garra deste 2011, tribuna pelo tempo que for necessário. para que continuemos fortalecendo o projeto regional, O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ o projeto nacional, e, particularmente, dando apoio à PMDB – MS) – Na sequência, a Senadora Angela nossa Presidenta Dilma, que também teve total sinto- Portela. nia com a proposta apresentada, para que as reservas A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT – RR. Pro- indígenas fossem computadas dentro da reserva do nuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) marco legal e, com isso, liberando mais terras para o – Sr. Presidente, Senador Moka, Srªs e Srs. Senado- agricultor familiar, aquele que produz para alimentar res, quero registrar, com muita satisfação, com muita sua família e alimentar aqueles que vivem na área ur- alegria, a sensibilidade do Senador Jorge Viana, relator bana. Portanto, parabéns pelo pronunciamento e pelo do Código Florestal na Comissão de Meio Ambiente, trabalho de V. Exª aqui no Senado Federal. que acatou, compreendeu a necessidade de olhar com A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT – RR) – atenção especial para os Estados que têm grandes Obrigada, Senador José Pimentel. áreas de preservação ambiental, grandes áreas de Destaco também a contribuição e a ajuda do reservas indígenas homologadas. Governo Federal, por intermédio da Ministra Izabella Então, queria agradecer imensamente o fato de Teixeira, da competente equipe técnica do Ministério o Senador Jorge Viana ter incluído no seu relatório a do Meio Ambiente, da equipe técnica do Senador Jor- necessidade de atender os Estados da Região Norte, ge Viana. Agradeço ao Senador Anibal Diniz, que nos da região amazônica, que têm mais de 65% de suas ajudou no momento em que precisávamos apresentar áreas preservadas. uma emenda de redação ao novo Código Florestal. Nesses Estados, segundo o relatório do Senador Então, nós nos sentimos muito felizes porque essa Jorge Viana, a reserva legal poderá ser reduzida em proposta foi construída para beneficiar os Estados da 250 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49190 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Amazônia Legal que têm mais de 65% de suas áreas Conservação do Lavrado; ampliações do Parque Na- preservadas, com o apoio do Governo da Presidenta cional Viruá; Estação Ecológica de Maracá; redefinição Dilma, com o apoio da Ministra Izabella Teixeira, com dos limites da Reserva Florestal Parima e da Floresta o apoio incondicional do relator, Senador Jorge Viana. Nacional Pirandirá. Sr. Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, Antes mesmo dessas demarcações, Sr. Presi- eu gostaria de falar um pouco aqui da história do nosso dente, quase 9% do Estado de Roraima já é consti- Estado de Roraima. tuído de unidades de conservação federais. Outros Desde o período colonial, Senador, Roraima 46% correspondem às terras indígenas demarcadas sempre esteve sujeita aos desígnios emanados do e/ou homologadas. Portanto, só para as unidades de poder central, fosse de Lisboa, do Rio de Janeiro ou, conservação já existentes e terras indígenas, Roraima posteriormente, de Brasília. dedica cerca de 55% do seu território. Até meados do séc. XVIII, estávamos subordina- Com as ampliações previstas no Decreto 6.754, dos à Província do Grão-Pará. Depois disso, passamos é possível presumir que, nos próximos anos, até 70% quase dois séculos como uma parte remota do Ama- da superfície do Estado de Roraima ficarão dentro de zonas. Por fim, com a criação do Território Federal de áreas protegidas por determinação federal. Roraima, em 1943, permanecemos na condição de total Nenhum outro Estado da Federação, com ex- dependência das decisões proferidas na capital federal. ceção do Amapá, tem uma porção tão expressiva do Quando formalmente manifestou a intenção de seu território totalmente protegida, seja por unidades ocupar a região do rio Branco e repelir as incursões de conservação federal, seja por reservas indígenas. estrangeiras que ameaçavam a soberania nacional, a Então, Sr. Presidente, não podemos, sob hipótese Coroa Portuguesa e, posteriormente, o Império fize- alguma, abandonar à própria sorte centenas, milha- ram a opção por manter a região sob forte influência res de brasileiros que escolheram Roraima para viver do poder central, negando àquela gente que lá vivia a e que, até hoje, sofrem a ingerência da União sobre prerrogativa de definir seu próprio destino. os assuntos locais. Para assegurar a posse do vale do Rio Branco Nesse sentido, o projeto que trata do Novo Có- com a introdução de gado bovino, foram criadas as Fa- digo Florestal, da forma como estava proposto, re- zendas Nacionais, propriedades da União que corres- presentava, Senador Moka, mais uma séria ameaça pondiam à praticamente todo o território de Roraima. à autonomia política de Roraima, na medida em que A criação de tais fazendas públicas está na raiz restringia ainda mais a possibilidade de regularização de toda a política nacional para a região, desde o final fundiária e ambiental. do séc. XVIII. Por essa razão, mantivemos, nos últimos meses, Roraima é, portanto, Sr. Presidente, um Estado vir- uma intensa negociação, articulação com o Governo tual, sem base territorial própria, sem autonomia política, Federal, com o Ministério do Meio Ambiente, com o administrativa ou financeira, uma vez que a União, até relator do Código Florestal na Comissão de Meio Am- hoje, detém quase 80% do domínio sobre aquelas terras. biente, Senador Jorge Viana, e com toda a sua equipe, Ainda que a Constituição Federal de 1988 deter- para que esse projeto não viesse a ser construído de minasse que, na transformação de Roraima em Esta- forma a que jogasse mais uma pá de cal na possibili- do, seriam aplicadas as mesmas regras adotadas para dade de desenvolvimento socioeconômico de Roraima. Rondônia, durante duas décadas o Governo Federal Felizmente, Senador Moka, nós conseguimos se recusou a transferir para o novo Estado as terras construir o entendimento de que Roraima e Amapá, sobre as quais estava localizado. pela sua condição de ex-territórios, pelos baixos índi- Só em 2009 o Presidente Lula, atendendo a insis- ces de desmatamento e pelo elevado percentual de tentes apelos da classe política roraimense e no contexto áreas já protegidas, apresentam peculiaridades que da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol, precisam ser respeitadas quando da aprovação de um assinou uma Medida Provisória e o Decreto nº 6.754, Novo Código Florestal. transferindo cerca de 6 milhões de hectares para o Go- Por isso, eu queria aqui agradecer ao Senador Jorge verno do Estado de Roraima, o que representa menos Viana por ter incluído, em seu relatório, a possibilidade de 30% dos 22 milhões de hectares do nosso Estado. de redução da reserva legal dos imóveis rurais localiza- Ainda assim, tal decreto apresentava uma sé- dos nos Estados da Amazônia que já tenham mais de rie de condicionantes. Entre elas, estabelecia que a 65% dos respectivos territórios ocupados por unidades referida transferência excluía as seguintes unidades de conservação da natureza ou por terras indígenas. de conservação em processo de instituição: Reserva Para todos os efeitos, a reserva legal em imóveis Extrativista Baixo Rio Branco Jauaperi; Unidade de privados localizados em áreas de floresta na Amazô- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 251 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49191 nia Legal permanecerá em 80%. A exceção será para Esse documento foi assinado no dia 6 aqueles Estados que já tenham mais de 65% de suas de agosto de 2007: áreas preservadas. Nesses casos, a reserva legal po- Citado valor será diretamente repassado derá ser de até 50% dos imóveis rurais. a FORÇA SINDICAL até o mês de Agosto do Então, eu queria agradecer imensamente ao ex- mesmo ano, a título de doação (...). -Governador do Acre... Esse é um documento. (O Sr. Presidente faz soar a campainha) Aí, temos outro documento com o mesmo teor, A SRª ANGELA PORTELA (Bloco/PT – RR) – apenas mudando o percentual da doação para 30%. Para concluir, Senador Presidente Moka. Nesse documento, o compromisso é de uma doação Gostaria de agradecer, mais uma vez, Senador de 30%. E, nesse outro, também nos mesmos termos, Presidente Waldemir Moka, ao Senador Jorge Viana, à sempre enfatizando “se houver certidão” e “se houver Ministra Izabella Teixeira, ao Governo Federal, por ter publicação no Diário Oficial da União”, a doação de tido a sensibilidade de olhar com atenção, de privile- 20%, nesse caso, referente ao exercício de 2009. giar esses Estados lá do extremo norte do nosso País Então, nós temos o compromisso de 10% referen- para se desenvolverem de forma plena e sustentável. te ao ano de 2010; no outro documento, 30% referente Muito obrigada, Sr. Presidente. ao exercício de 2008, e, no outro documento, de 20% O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ referente ao exercício de 2009. PMDB – MS) – Senadora Angela Portela, permita-me. Sr. Presidente, isso é um acinte, é uma afronta, é Quero chamar a atenção para o fato de que existem a documentação da corrupção! O tráfico de influência, pessoas que ainda se insurgem, querendo criticar o o benefício concedido em troca de determinado favor. novo texto. Quero chamar a atenção para o fato de os E o favor, nesse caso, é a certidão, é a carta sindical Estados onde temos, por exemplo, 65% já preserva- publicada no Diário Oficial da União. dos, somente nesses casos é que se permitirá que E, com isso, o Ministério do Trabalho se transfor- a reserva legal desça de 80% para 50%. Vale dizer, mou numa fábrica de sindicatos. Foram 1.457 cartas quem tiver 1.000 hectares em Roraima só vai poder sindicais registradas em três anos e mais de 2 mil em utilizar 500 hectares, mesmo sabendo que lá 65% da curso, tramitando para o seu registro definitivo. vegetação de toda a floresta já é preservada. É disso O que não se entende é como o Ministro continua que estamos falando. ministro. O que não se compreende é como a Presi- Então, por isso também me somo aos elogios ao dente Dilma não toma nenhuma providência. Senador Jorge Viana, e me permita acrescentar o Se- Enfim, esse é o fato. nador Luiz Henrique, que fez um extraordinário trabalho. Quanto ao Ministro das Cidades, a pretensão de Com a palavra, como Senador inscrito, o Sena- ouvi-lo nesta semana está sendo frustrada. O Ministro dor Alvaro Dias. alega ter compromissos. O SR. ALVARO DIAS (Bloco/PSDB – PR. Como Não sei que compromisso mais importante pode- Líder. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Srªs ria ter o Ministro do que se justificar, diante do Senado e Srs. Senadores, é surpreendente ver à frente do Mi- e da sociedade brasileira, em razão das denúncias nistério do Trabalho o Sr. Carlos Lupi. gravíssimas que foram veiculadas pela imprensa na- Trago hoje à tribuna um documento denomina- cional nos últimos dias: a fraude documentada, com a do Termo de Compromisso de Doação. Ou seja, é a elevação dos custos governamentais para a realização prática ilícita documentada, com firma reconhecida. da Copa do Mundo em R$700 milhões, no Município Esse Termo de Compromisso de Doação é assinado de Cuiabá, Mato Grosso. por um presidente de sindicato da Baixada Santista, do O Ministro alega ter compromissos e não pode Município de São Vicente, Sr. João Carlos Cortez, que comparecer nesta quarta-feira. É possível que venha assume o compromisso, com as seguintes condições: na próxima semana se não continuar fugindo a essa [...] com Certidão Sindical expedida Mi- responsabilidade. nistério do Trabalho e Emprego (se houver Sr. Presidente, meu desejo, hoje, é enaltecer a certidão) [é o destaque], publicado no D.O.U Conferência da Ordem dos Advogados do Brasil realiza- [Diário Oficial da União] (se houver publicação). da na última semana, em Curitiba, no Paraná, concluída [O sindicato] COMPROMETE-E A EFE- na última quinta-feira com uma conferência histórica. TUAR A TÍTULO DE DOAÇÃO à FORÇA SIN- Tive a honra de participar da abertura desse en- DICAL, 10% do imposto sindical, referente ao contro e posso destacar que o evento rememorou a ano do exercício de 2010. VII Conferência da OAB, realizada nos idos de 78, que 252 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49192 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 representou uma das mais genuínas manifestações em Nesse contexto, menos de 8% dos homicídios prol da restauração da democracia no País. no Brasil são elucidados. E são cerca de 50.000 A palestra de encerramento da XXI Conferência por ano, número de mortes superior ao de paí- Nacional dos Advogados ficou a cargo de um dos mais ses envolvidos em conflitos armados. Já o siste- importantes constitucionalistas do País, o advogado ma penitenciário é tão degradado e degradante Luís Roberto Barroso, que apresentou um decálogo que juízes e tribunais, com um mínimo de visão de propostas para o País nos próximos dez anos, um humanista, apegam-se a qualquer filigrana ju- verdadeiro programa de governo. Tendo a democracia rídica para não mandar qualquer pessoa não- como premissa, o desenvolvimento como meio e a dig- -violenta para suas entranhas, realimentando nidade humana como fim, Barroso elencou corajosas o sentimento de impunidade. Em suma: o sis- e consistentes propostas para o Judiciário, o Executivo tema punitivo brasileiro é uma combinação de e a sociedade brasileira. truculência, impunidade e degradação. Eu solicito, Sr. Presidente, a transcrição, na ín- tegra, nos Anais da Casa, deste primoroso texto, de- E continua, Sr. Presidente. Eu peço a V. Exª que nominado “Democracia, Desenvolvimento e Dignidade considere lido todo o texto. Creio que é importante texto Humana: uma agenda para os próximos dez anos”, para reflexão desta Casa. base da conferência magna proferida pelo Dr. Luís E peço a V. Exª também a inscrição, nos Anais, Roberto Barroso. do documento “Memória: A VII Conferência da Ordem Eu destacaria os itens: conceitos essenciais da dos Advogados do Brasil. Um Capítulo da Luta Demo- democracia; dignidade da pessoa humana; democra- crática”, escrito pela Drª Maria Eugênia Silva Telles. cia, desenvolvimento, dignidade e o Brasil; uma agenda Eu tenho a honra de ter sido citado nesse docu- para os próximos dez anos; uma nova narrativa para mento quando a Drª Maria Eugenia escreve: o Brasil; a reforma política – aliás, a reforma política Nosso grupo não era numeroso mas era que a classe política continua devendo; o saneamento muito aguerrido. Em torno do Goffredo [Telles] básico; o sistema punitivo. estavam José Gregori, Luiz Baptista Pereira de Faço a leitura, Sr. Presidente, do trecho referente Almeida, Lamartine Correa de Oliveira, Miguel ao sistema punitivo, porque creio ser essencial, neste momento, para o País: Reale Júnior, Alexandre Thiollier Filho, Therezi- nha Zerbini, Alvaro Dias [cita-me como] jovem O sistema punitivo no Brasil não realiza político do Paraná, [além de meus] colegas do adequadamente nenhuma das funções próprias Paraná, de Minas Gerais, do Rio de Janeiro da pena criminal: não previne, não ressocializa e de São Paulo. nem prevê retribuição na medida certa. A socie- [Diz ela:] Nós nos reunimos algumas ve- dade tem uma sensação difusa de impunidade. zes no Escritório do Colega Lamartine Correa Mas as estatísticas de encarceramento são as de Oliveira para preparar a sessão da Comis- mais elevadas desde sempre: passaram de 140 são e para trabalhar ao lado de Faoro na dire- mil em meados da década de 90 a mais de 500 mil na atualidade. O número de presos no Brasil ção de neutralizar os esforços de Petrônio Por- só é inferior, em termos absolutos, aos da Chi- tela, hábil político e argumentador competente. na e dos Estados Unidos. Temos uma justiça Peço a V. Exª, Sr. Presidente, que registre esse tipicamente de classe: mansa com os ricos e documento que também é histórico, que faz referência dura com os pobres. Leniente com o colarinho a um capítulo da luta democrática no Brasil e que des- branco e severa com os crimes de bagatela. O taca que, no dia 07 de maio de 78, a VII Conferência sistema punitivo tem como porta de entrada o Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, no Teatro inquérito policial, passa pelo Ministério Público, Guairá, de Curitiba, escreveu uma página fascinante pela Magistratura e tem como porta de saída o na história da redemocratização do nosso País. sistema penitenciário. Seus maiores problemas Desses dois documentos peço o registro nos estão na entrada e na saída. A atividade policial Anais desta Casa. é frequentemente vista como uma atividade me- nor, menos importante do que a de promotores DOCUMENTOS A QUE SE REFERE e juízes. Trata-se de um erro grave. Uma polícia O SR. SENADOR ALVARO DIAS EM SEU mal treinada, mal equipada e mal remunerada, PRONUNCIAMENTO. sujeita a uma vida de riscos, vizinha de porta do (Inseridos nos termos do art. 210, inciso crime, é um convite à violência e à corrupção. I, §2º, do Regimento Interno.) NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 253 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49193 254 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49194 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 255 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49195 256 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49196 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 257 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49197 258 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49198 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 259 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49199 260 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49200 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 261 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49201 262 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49202 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 263 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49203 264 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49204 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 265 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49205 266 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49206 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 267 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49207 268 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49208 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 269 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49209 270 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49210 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 271 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49211 272 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49212 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 273 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49213 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ 1 PMDB – MS) – V. Exª será atendido, na forma do Re- SUBSTITUTIVO DA CÂMARA AO gimento, quanto aos registros que solicitou. PROJETO DE LEI DO SENADO O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Nº 121, DE 2007 - COMPLEMENTAR PMDB – MS) – São 16h04. (Em regime de urgência, nos termos do Passamos à Requerimento nº 1.314, de 2011) Ordem do Dia Substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei do Senado nº 121, de 2007-Complementar (nº A Presidência quer informar ao Plenário que o 306/2008, naquela Casa), de iniciativa do Se- Item 1 da pauta não se encontra instruído e que não nador Tião Viana, que regulamenta o § 3º do há quórum para votação dos Itens de nºs 02, 03, 04, art. 198 da Constituição Federal, para dispor 05, 07, 08 e 09. sobre os valores mínimos a serem aplicados Dessa forma, invocando o art. 304, passamos à anualmente pela União, Estados, Distrito Fede- discussão do Item 06, nos termos do art. 304, já disse, ral e Municípios em ações e serviços públicos do Regimento Interno. de saúde; institui contribuição social destina- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ das à saúde; estabelece os critérios de rateio PMDB – MS) – Item 6: dos recursos de transferências para a saúde e PROPOSTA DE EMENDA A CONSTITUIÇÃO as normas de fiscalização, avaliação e contro- N° 87, DE 2011 le das despesas com saúde nas três esferas do Governo; revoga dispositivos das Leis nºs Quarta sessão de discussão, em primei- 8.080, de 19 de setembro de 1990, e 8.689, de ro turno, da Proposta de Emenda à Consti- 27 de julho de 1993; e dá outras providências. tuição n° 87, de 2011, tendo como primeiro 2 signatário o ilustre Líder do Governo, Se- PROJETO DE LEI DO SENADO nador Romero Jucá, que altera o art. 76 do Nº 225, DE 2011 - COMPLEMENTAR Ato das Disposições Constitucionais Tran- (Em regime de urgência, nos termos do Requeri- sitórias. (DRU) mento nº 1.408, de 2011) Parecer favorável, sob n° 1.254, de 2011, da Comissão de Constituição, Justi- Votação, em turno único, do Projeto de Lei do Senado nº 225, de 2011 - Complementar, ça e Cidadania, Relator: Senador Renan Ca- do Senador José Pimentel, que altera dispositi- lheiros, com votos contrários dos Senadores vos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio Aloysio Nunes Ferreira, Demóstenes Torres, de 2000, que estabelece normas de finanças Alvaro Dias, Pedro Taques e, em separado, públicas voltadas para a responsabilidade na do Senador Randolfe Rodrigues. gestão Fiscal - Lei de Responsabilidade Fis- A matéria constará da Ordem do Dia durante cal, e dá outras providências. cinco sessões deliberativas ordinárias, em fase de Pareceres sob nºs 1.276 e 1.277, de 2011, das Comissões: discussão em primeiro turno, quando poderão ser ofe- – de Constituição, Justiça e Cidadania, recidas emendas, assinadas por um terço, no mínimo, Relator: Senador Eunício Oliveira, favorável, da composição do Senado, nos termos do disposto no com a Emenda nº 1-CCJ, que apresenta; e art. 358 do Regimento Interno. – de Assuntos Econômicos, Relator ad Transcorre hoje a quarta sessão de discussão. hoc: Senador Benedito de Lira, favorável ao Em discussão a proposta. (Pausa.) Projeto e à Emenda nº 1 - CCJ. Não havendo quem queria discutir, a matéria 3 constará da Ordem do Dia da próxima sessão delibe- PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 56, DE 2007 rativa, para prosseguimento da discussão. Encerrada a Ordem do Dia. Votação, em turno único, do Projeto de Lei da Câmara nº 56, de 2007 (nº 3.933/2004, São as seguintes as matérias não apre- na Casa de origem), que inclui a pesca indus- ciadas e transferidas para a próxima sessão trial nas atividades vinculadas ao setor rural e deliberativa ordinária: dá outras providências. 274 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49214 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Parecer sob nº 534, de 2008, da Comis- 8 são de Agricultura e Reforma Agrária, Relator: REQUERIMENTO Nº 932, DE 2011 Senador Flexa Ribeiro, favorável, com a Emen- (Incluído em Ordem do Dia nos termos do da nº 1-CRA de redação, que apresenta, com art. 222, § 2º, do Regimento Interno) voto vencido, da Senadora Marisa Serrano. Votação, em turno único, do Requerimen- 4 to nº 932, de 2011, de iniciativa da Comissão PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 185, DE 2004 de Relações Exteriores e Defesa Nacional, (Incluído em Ordem do Dia nos termos do solicitando voto de solidariedade ao Excelen- Recurso nº 5, de 2008) tíssimo Senhor Comandante do Exército, Ge- neral Enzo Martins Peri, em virtude de matéria Votação, em turno único, do Projeto de veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, na Lei do Senado nº 185, de 2004, do Senador edição de 31 de julho deste ano. Demóstenes Torres, que regulamenta o em- prego de algemas em todo o território nacional. 9 Pareceres sob nº 920 e 921, de 2008, da REQUERIMENTO Nº 947, DE 2011 Comissão de Constituição, Justiça e Cidada- (Incluído em Ordem do Dia nos termos do nia, Relator ad hoc: Senador Antonio Carlos art. 222, § 2º, do Regimento Interno) Valadares, 1º pronunciamento (sobre o Proje- Votação, em turno único, do Requeri- to): favorável, nos termos do Substitutivo, que mento nº 947, de 2011, da Senadora Vanessa oferece; 2º pronunciamento (sobre as emen- Grazziotin, solicitando voto de congratulações das apresentadas ao Substitutivo, em turno e aplausos pelos 93 anos do ex-Presidente da suplementar, perante à Comissão): favorável, África do Sul e Nobel da Paz - Nelson Mande- na forma da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo). la, comemorado no dia 18 de julho de 2011. 5 Parecer favorável, sob nº 920, de 2011, da PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO Comissão de Relações Exteriores e Defesa Na- Nº 33, DE 2009 cional, Relator ad hoc: Senador Eduardo Suplicy. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Votação, em primeiro turno, da Proposta PMDB – MS) – Voltamos à sequência dos oradores de Emenda à Constituição nº 33, de 2009, ten- inscritos. do como primeiro signatário o Senador Antonio Próximo orador inscrito, na sequência, o Senador Carlos Valadares, que acrescenta o art. 220- Pedro Simon. (Pausa.) A à Constituição Federal, para dispor sobre a Ausente S. Exª do plenário – estava até ainda há exigência do diploma de curso superior de co- pouco –, em seguida, Senador Antonio Russo. municação social, habilitação jornalismo, para O SR. ANTONIO RUSSO (PR – MS. Pronuncia o exercício da profissão de jornalista. o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Pre- Parecer, sob nº 2.414, de 2009, da Comis- sidente, Srªs e Srs. Senadores, depois de tanto tempo são de Constituição, Justiça e Cidadania, Relator: de intensos debates, o nosso novo Código Florestal Senador Inácio Arruda, favorável, nos termos da chega ao Plenário desta Casa, um texto que pode não Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo), que oferece. ser perfeito, mas é maduro, fruto de um trabalho árduo 7 e responsável. REQUERIMENTO Nº 1.108, DE 2007 Antes de começar a falar do tema que me traz à tribuna hoje, quero deixar registrada a minha admi- Votação, em turno único, do Requeri- ração e respeito por todos os envolvidos diretamente mento nº 1.108, de 2007, do Senador Cristo- nessa questão fundamental para o futuro da produção vam Buarque e outros Senhores Senadores, no campo brasileiro e para a preservação ambiental. solicitando a criação de Comissão Temporária Em especial, deixo meu elogio aos relatores do Externa, composta pelos Senadores do Distrito Novo Código Florestal, Senadores Luiz Henrique e Jor- Federal, Goiás e Minas Gerais, para, no prazo ge Viana, bem como aos Presidentes das Comissões de cento e vinte dias, promover amplo debate pelas quais o debate passou mais intensamente, Sena- e propor medidas concretas para o combate à dores Acir Gurgacz, Eduardo Braga, Rodrigo Rollem- violência no Distrito Federal e Entorno. berg e Eunício Oliveira. Devemos destacar também os NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 275 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49215 Senadores que muito trabalharam no Código: Waldemir Dilma Rousseff, o tema, com distintas ênfases, sempre Moka, Kátia Abreu, Ana Amélia, Blairo Maggi e outros. esteve presente na agenda de nossos governantes. Ao longo das discussões a respeito do Código, Mesmo com problemas, crises financeiras, ajustes houve muita polêmica e mobilização para se chegar macroeconômicos, o Brasil tem avançado. No entanto, ao equilíbrio entre a produção e a manutenção dos ainda se ressente de carências enormes e evidentes recursos naturais e da biodiversidade. Acredito que na área da infraestrutura. As mudanças são lentas o importante é garantir a legalidade no campo. Isso é quando comparadas às demandas sociais. fundamental hoje e para as futuras gerações. O Relatório da Competitividade Global 2011-2012, Com este Código, o homem poderá produzir, res- publicado neste ano pelo Fórum Econômico Mundial, peitando uma legislação atualizada e real, sem medo é um retrato respeitável do estado atual das condições de perder tudo por causa de multas impagáveis, ao de disputa de mercado das diversas nações. mesmo tempo em que saberá com clareza o que é Como um dos pilares da competitividade, assi- possível e o que não é; o que é necessário preservar nala este documento, a infraestrutura é essencial para e até que ponto os recursos naturais poderão ser usa- o funcionamento da economia e importante fator para dos como aliados na produção de alimentos. determinar a localização das atividades econômicas. A partir deste momento, acredito, haverá, de fato, Depois, anota ainda o Relatório, uma infraestrutura o que chamamos de segurança jurídica no campo. bem desenvolvida é capaz de integrar, a baixo custo, Para mim, esse é o maior legado deixado por to- o mercado nacional, além de realizar a conexão deste dos os que se debruçaram sobre cada detalhe do texto com mercados de outros países e regiões. do Novo Código Florestal, ao longo de anos de inten- O Brasil, a despeito dos deliberados esforços sos debates. E aí também registro minha admiração dos dois últimos governos, ainda está longe do ide- pelo agora Ministro do Esporte Aldo Rebelo, Relator al. Consideradas 142 nações, nosso País, no quesito do Código na Câmara dos Deputados. qualidade geral da infraestrutura, ocupa uma nada Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, venho aqui invejável 104a posição, atrás de Namíbia, Albânia e hoje também falar de um assunto fundamental para im- Armênia, por exemplo. pulsionar o desenvolvimento deste País: a infraestrutura. Levamos, é verdade, alguma vantagem diante do Haiti, Timor Leste, Paraguai e Argentina, nossa principal Nossa capacidade de competir no século parceira no Mercosul, situada no modesto 108° lugar 21 depende de nossa vontade de investir em do ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial. infraestrutura: precisamos de Internet banda Essa realidade, contudo, não deve condenar-nos larga mais rápida, energia disponível em todo o ao conformismo, ou à lamentação. Não temos permis- País, sistemas modernos de água e esgotos, e são para sermos pessimistas. Pelo contrário, o Brasil, melhores aeroportos, trens, estradas e pontes. com seu extraordinário potencial de recursos huma- Essa declaração, que poderia ser atribuída a qual- nos e naturais, dispõe de um admirável horizonte de quer líder político contemporâneo com um mínimo de crescimento e desenvolvimento. Temos, sim, inúmeros visão e compromisso, é do ex-Presidente norte-ame- e relevantes desafios. Por isso é cada vez mais impor- ricano Bill Clinton, em seu mais novo livro, De volta ao tante concentrarmos energia, conhecimento e talento trabalho, lançado recentemente nos Estados Unidos. na superação das adversidades presentes. O tema independe da posição ideológica daquele A proximidade de dois megaeventos globais de que o lê e analisa. A assertiva de Clinton é tão ver- insuperável visibilidade e repercussão – a Copa do dadeira que o Brasil, por exemplo, vem fazendo gran- Mundo e as Olimpíadas – nos impõe um desafio raro, des esforços e investindo significativos recursos, por que merece nossa mais determinada atenção e nosso intermédio do Governo Federal, no PAC, o Programa melhor empenho. É a grande oportunidade de o Brasil de Aceleração do Crescimento, voltado especialmente mostrar ao mundo que conseguiu efetivamente superar para as questões de infraestrutura. o subdesenvolvimento. Que, enfim, o futuro chegou, O tema é tão relevante que serviu de mote de projetando nosso País para um novo e melhor patamar, campanha e ajudou a eleger a competente Presidente habilitando-nos ainda a colaborar mais decisivamente Dilma Rousseff, na simpática e afetuosa expressão do para o progresso de toda a humanidade. ex-Presidente Lula, “a mãe do PAC”. A crescente participação da iniciativa privada É certo que o debate sobre a melhoria da nossa nacional e estrangeira em diversos empreendimentos infraestrutura não começou ontem. Da extraordinária tem evidenciado os atrativos de uma economia sólida visão do Visconde de Mauá a Juscelino Kubitschek, dos e próspera, com senso de direção e segurança. Isso militares de 64 a Fernando Henrique Cardoso, Lula e proporciona mais serviços e qualidade de vida para 276 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49216 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 um número cada vez maior de brasileiros, que já não na pecuária, na indústria e nos serviços. Meu Estado, são constrangidos a conhecer e experimentar as inú- o Mato Grosso do Sul, sob a firme e progressista lide- meras privações de seus antepassados. rança do Governador André Puccinelli, tem investido Basta citar o quanto a privatização do sistema decididamente em educação, saneamento básico e Telebrás mudou a realidade brasileira. infraestrutura. Quando as empresas privadas de telefonia entra- Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil ram no mercado, em 1998, havia apenas 22 milhões de chega às portas de 2012 com uma série de desafios telefones em operação no País. A instalação demorava para o Governo e para a sociedade. Entendo que reu- cinco anos. Lembro que cheguei a pagar o equivalente nimos todas as condições necessárias para garantir ao ao valor de um carro zero em uma linha telefônica fixa País a infraestrutura indispensável ao desenvolvimento. na década de 70. Já sabemos o que fazer, e o que não fazer, mas ainda Após a privatização, em menos de uma década, estamos diante da etapa mais difícil: aquela em que o acesso entrou no caminho da universalização: até é preciso ultrapassar as intenções e realizar as obras o fim de 2005, já havia 125 milhões de aparelhos em reclamadas. O PAC e outras iniciativas estaduais e funcionamento, entre telefones fixos e celulares. Hoje, municipais similares atuam como um norte a orientar o número de acessos na telefonia móvel no País já su- nossas ações. pera o de habitantes: são mais de 232 milhões. Portos, rodovias, aeroportos, ferrovias, energia Ou seja, esses números mostram como a deses- e comunicações. É uma agenda ampla, que deve ser tatização da telefonia ampliou e facilitou a capacidade observada de forma estrita, para que possamos ofere- de comunicação. Isso significou também oportunida- cer aos brasileiros pleno e imediato acesso a serviços des de trabalho, especialmente para os profissionais essenciais de qualidade, sejam eles mantidos pelo Es- autônomos. Além disso, com o avanço crescente da tado, pela iniciativa privada, ou por ambos. tecnologia, a inclusão digital móvel será cada vez mais Não há dúvidas acerca do interesse e do empe- acessível. nho da Presidente Dilma Rousseff e de seus Ministros Esse é um exemplo de quanto foi exitosa a de- no sentido de acelerar os processos necessários à cisão de promover a privatização de cerca de cem consolidação de uma infraestrutura adequada às ne- empresas e concessionárias de serviços públicos na cessidades nacionais. A inauguração das eclusas de década de 90. Sabiamente, o então Presidente Fer- Tucuruí, no final do governo do Presidente Lula, e a nando Henrique Cardoso diminuiu a participação do recente abertura da Ponte Manaus-lranduba, sobre o Estado na economia, o que tornou os serviços mais rio Negro, ilustram o empenho do Governo Federal em eficientes e baratos. As privatizações também serviram para recupe- dotar o País de infraestrutura adequada. rar empresas em processo de falência. A Embraer, a Se desejamos, efetivamente, legar a nossos filhos Companhia Vale do Rio Doce, o Sistema Telebrás, a e netos um Brasil próspero, mais do que nunca, esta Light e a Companhia Siderúrgica Nacional certamen- é a hora de investirmos decididamente naquilo que é te estão entre os negócios mais vultosos do processo indispensável ao funcionamento sadio da economia: de privatização. Bancos estaduais também passaram a infraestrutura. para o controle privado. Não podemos perder o essencial de vista: o Brasil Agora, imune aos dogmas da ideologia, o Go- vive seu melhor momento, e devemos ser sábios para verno da Presidente Dilma Rousseff tem prestigiado aproveitar essa oportunidade concedida pelas espe- a livre iniciativa e o mundo empresarial, confiando-lhe ciais circunstâncias históricas. atividades outrora monopolizadas pelo Estado. Aero- Era o que eu tinha a dizer. portos, estradas de rodagem e de ferro, entre outros, Muito obrigado. Presidente. tornam-se objeto de participação do capital privado, O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ mostrando desde logo os inúmeros benefícios decor- PMDB – MS) – Agradecendo a participação do Senador rentes para toda a população brasileira. Antonio Russo, na sequência dos inscritos, concedo a A simples mudança de mentalidade já representa palavra ao Senador Roberto Requião. um avanço significativo, embora insuficiente, na me- O SR. ROBERTO REQUIÃO (Bloco/PMDB – PR. dida em que a sociedade progride economicamente Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) e passa a aspirar e exigir mais e melhores serviços. – Presidente, Moka, de certa forma, vou antecipar aqui Nossa região, o Centro-Oeste, tem vivido nos úl- o pronunciamento que farei como presidente do Par- timos anos um momento especialmente positivo para lasul, seção brasileira, no Uruguai, no dia 2, na rea- sua economia, com avanços notáveis na agricultura e bertura do Parlasul na República Oriental do Uruguai. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 277 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49217 Para se opor ao Consenso de Washington e ao Argumentam os redatores do Consenso do Rio: seu decálogo de recomendações que favorecessem, – O quadro internacional mudou radical- sem qualquer restrição, aos interesses do mercado, mente, e é por isso que se justifica esta pro- um grupo de economistas brasileiros, reunidos pelo posta de uma nova política macroeconômica Instituto de Estudos Estratégicos para a Integração da para a região. América do Sul, o Intersul, está propondo o Consen- De fato, todo o mundo industrializado so do Rio, um brado de independência em relação às avançado está em crise financeira, fiscal e de políticas macroeconômicas que há mais de duas dé- demanda interna, submetendo-se à medicina cadas desgraçam nações e povos em todo o mundo. do ajuste fiscal que classicamente recomen- Talvez agora, quando a ressaca atinge com força dava aos países em desenvolvimento. Ajuste países da Europa ocidental, talvez agora seja possível fiscal significa reduzir gasto público, salários que se preste mais atenção àqueles que clamam há e benefícios sociais para comprimir o merca- tempo contra a estupidez do neoliberalismo. do doméstico e gerar excedentes exportáveis. Assinado, entre outros, por Maria da Conceição Numa situação em que todos os países ricos Tavares, Luiz Gonzaga Belluzzo, Carlos Lessa, Luiz querem exportar mais e importar menos, é Carlos Bresser Pereira, Theotônio dos Santos, Denise duvidoso que tais políticas venham a ter um Gentil, Luiz Pinguelli Rosa, Luiz Nassif, José Carlos de Assis, Roberto Saturnino Braga, Ricardo Carneiro, resultado positivo. Contudo, o fluxo das exporta- Miguel Bruno, entre outros, o Consenso do Rio busca ções dos ricos tende a buscar os países emer- identificar “as principais características de uma política gentes e em desenvolvimento, com o risco de macroeconômica estimuladora do desenvolvimento dos um dumping industrial mundial que lhe venha países da América do Sul, conciliando estabilidade de destruir seu parque produtivo industrial. Países preços, crescimento e promoção do pleno emprego”. que têm uma base industrial estarão ameaça- A política, diz o documento, deverá assegurar dos, e países que não a têm, mas aspiram a também “estabilidade externa, eliminação da miséria tê-la estão igualmente em risco. Diante disso, e redução dos índices de concentração de renda e de no caso da América do Sul, é imperioso ace- riqueza, com o aumento do bem estar das populações”. lerar o processo de integração, pois dentro de O texto parte da premissa de que três décadas um bloco econômico será possível proteger os “de conformação das políticas macroeconômicas dos mercados internos sul-americanos sem ferir as países sul-americanos ao neoliberalismo deixaram regras da Organização Mundial do Comércio. pouca margem de manobra aos governos regionais Individualmente, qualquer país que recorra a para buscar alternativas desenvolvimentistas. O pa- barreiras comerciais corre o risco de discrimi- drão comum, com raras exceções, foi o de promover nação e retaliações no mercado internacional. o Estado mínimo através das privatizações, restringir Num bloco, ele pode fazê-lo sem ferir tratados o endividamento e o investimento público e favorecer internacionais. a suposta autorregulação da economia dentro dos câ- Agora, vamos às propostas do Consenso do nones da ortodoxia fiscal e monetária”. Rio, às ideias de uma “estratégia de estímulo ao de- No entanto, os acontecimentos recentes mos- senvolvimento econômico e social compatível com traram, mais uma vez, o fracasso dessa política, “que as necessidades sociais e o equilíbrio político dos resultou em crise nas próprias economias avançadas países da América do Sul”. São palavras do texto do e em crescimento lento e instável nas regiões subde- Consenso do Rio: senvolvidas e em muitos países em desenvolvimen- to, com altos custos sociais, dos quais apenas têm Essa política, ou melhor, conjunto de escapado países emergentes que se distanciam do políticas, teria as seguintes características: padrão neoliberal”. 1. Retomada do princípio do planeja- Enfim, as recomendações do FMI, do Banco Mun- mento público como instrumento estratégico dial, do Departamento de Tesouro dos Estados Unidos, para alcançar os objetivos nacionais de de- enfeixadas no Consenso de Washington, trouxeram senvolvimento econômico, eliminação da mi- para os países sul-americanos resultados econômi- séria, redução das disparidades regionais e cos pífios e agravamento dos já crônicos, seculares da extrema concentração de renda, mediante problemas sociais. a busca de um sistema tributário justo e pro- Logo, chegou a hora de se ter coragem de enter- gressivo que aponte na direção do Estado do rar o falecido, cujo espectro agora assombra a Europa. bem-estar social; 278 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49218 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 2. Política monetária que comporte a hoje claudicante. A questão verdadeiramente expansão da moeda de acordo com as ne- relevante é a gestão de um endividamento cessidades do crescimento econômico com público com caráter produtivo, isto é, a dívida estabilidade monetária e tendo por objetivo pública deve ser utilizada, prioritariamente, último a máxima geração de emprego; para o financiamento do investimento público 3. Atribuição ao Banco Central desse com potencial de aumentar a produtividade tríplice objetivo, para cuja execução ele terá da economia. Macrodinamicamente, como o liberdade operacional, sujeita à verificação investimento público em infraestrutura eleva a de eficácia pelas comissões de economia e taxa de investimento privado (efeito crowding finanças do Congresso Nacional. in no médio e longo prazos), a base tributária se expande e a própria dívida pública tende a Abro aqui um parêntese. O Senador Lindbergh reduzir-se ou estabilizar-se. Atualmente, não chegou a fazer essa proposta, que foi aprovada por é isso o que ocorre; o endividamento público unanimidade na Comissão de Economia, mas pressões, nos países avançados e em desenvolvimento vindas não sei de onde, fizeram o Senador, depois de converteu-se no eixo da acumulação rentista, aprová-la por unanimidade, retirá-la. Provavelmente, a através de estruturas de revalorização da rique- inspiração do Senador Lindbergh surgiu exatamente za pouco ou nada conectadas às necessidades do trabalho de Maria da Conceição Tavares e dos eco- das atividades diretamente produtivas. Nesse nomistas que aqui citei, autores do Consenso do Rio. contexto, não é surpresa que as finanças pú- Continuo a leitura das propostas do Consenso blicas encontrem-se subordinadas às finanças do Rio: privadas, de acordo com as demandas dos 4. Controle fino da liquidez mediante a detentores de capital e de grandes bancos e defesa pelo Banco Central, no open, da taxa investidores internacionais. de juros fixada conforme os objetivos dos itens 7. Promoção do investimento de integra- 1 e 2; a taxa básica de juros deve condicionar ção econômica, estruturando um novo modelo também o processo de internação ou retenção de desenvolvimento econômico e social anco- externa do fluxo de reservas, para compatibili- rado na nova política macroeconômica aqui zar esse fluxo com o nível de liquidez desejado; sugerida, nos termos propostos em projeto 5. Política cambial no regime semi-flu- de lei em anexo, já em tramitação no Senado tuante, entendido como a administração do brasileiro e em discussão em entidades da câmbio mediante utilização das reservas in- sociedade civil de outros países da América ternacionais para manter o valor externo da do Sul [se não me engano, a iniciativa deste moeda numa faixa que promova a compe- projeto de lei é do ilustre Senador Paim, do titividade externa, sobretudo a baseada em Rio Grande do Sul]; bens de maior valor adicionado, assim como 8. Aperfeiçoamento e expansão do uso o crescimento interno; do CCR [Convênio de Pagamentos e Créditos 6. Política fiscal anticíclica e pró-investi- Recíprocos] nas transações comerciais e de mento do Estado para corrigir deficiências de investimento na América do Sul; infraestrutura, admitindo-se, em situação de 9. Estruturação do sistema de financia- alto desemprego e alto índice de ociosidade mento de investimentos públicos e privados na no parque produtivo, aumento da relação dí- América do Sul em torno do Banco do Sul, da vida/PIB (como ocorreu sabiamente no Brasil CAF [Banco de Desenvolvimento da América com os investimentos de Petrobras, Eletrobrás Latina], do BNDES e de outros bancos públicos e BNDES financiados pelo Tesouro em 2009 e regionais, mediante um mecanismo próprio de 2010); note-se que não existe razão teórica ou avaliação de risco que desconsidere as agên- empírica para eliminar a dívida pública como cias externas de classificação e que funcione como um selo de qualidade para investidores fonte de financiamento do Estado, a não ser fora da região. em condição de esgotamento da capacidade ociosa na economia; da mesma forma, trata-se Srªs e Srs. Senadores, essa é a proposta do de um viés ideológico inaceitável para países Consenso do Rio. São antigas e boas ideias que o em desenvolvimento limitar a relação dívida/ tropel neoliberal varreu das academias, dos palácios PIB a valores arbitrários, como aconteceu na governamentais, dos parlamentos e da imprensa. Não Europa do euro sob o Tratado de Maastricht, acredito que deva existir nesta Casa debate mais im- NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 279 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49219 portante, imperioso e urgente que este, mesmo porque, desenvolvimento econômico e social susten- como aponta a proposta do Consenso do Rio, a crise tável em escala planetária. na Europa e nos Estados Unidos revela “uma evidente Srªs e Srs. Senadores, esse é o caminho. Não há ressurgência neoliberal”, com a imposição do mesmo alternativas para fugir das garras gananciosas e per- receituário já desmoralizado em cada parte do Planeta. niciosas do mercado que não apoiarmos em nossas Nas considerações finais, afirma o texto do Con- próprias forças e uni-las às forças de outros países senso do Rio: sul-americanos. Nosso intuito é, pois, oferecer aos for- Do contrário, é o mesmo que entregar o País a muladores de política econômica da América condução de um executivo do Goldman Sachs, como do Sul uma contribuição no campo das ideias está fazendo a Itália, ou ser humilhado como a Gré- para o estabelecimento de uma nova estraté- cia, o berço da democracia, do governo do povo, que gia econômica para o continente. Ao mesmo foi proibida pelos credores de consultar o seu próprio tempo, estamos oferecendo às sociedades de povo, para saber se ele concordava ou não com os região um conjunto de princípios que even- cortes na previdência, na saúde, na educação, na mo- tualmente sirva para alimentar o debate em radia, com a redução de empregos e de salários. Ou é torno de nossa situação presente e de nosso o mesmo que se ajoelhar, como os portugueses e os destino. Não podemos assistir passivamente espanhóis estão fazendo. a um processo que pode nos arrastar para O que somos, um país ou um mercado? Qual será o mesmo abismo em direção ao qual forças a resposta da América do Sul, do Governo Federal e retrógradas estão empurrando vários países do Parlamento brasileiro a essas questões que estão europeus. Sem uma estratégia clara de ação, sendo tão pouco discutidas no nosso Plenário? estaremos condenados ao retrocesso econô- Obrigado, Sr. Presidente, pela tolerância com o mico, social e político. tempo. Naturalmente, mesmo enquanto região, Esse documento foi tornado público no dia 7 de não estamos isolados em relação ao que acon- setembro, no Rio de Janeiro, e é a sugestão de Ma- tece no resto do mundo, em especial nos pa- ria da Conceição Tavares e de Carlos Lessa Bellu- íses industrializados avançados. Embora não zzo para alternativas econômicas da América do Sul, possamos influir diretamente nas políticas ali contrapondo-se, de forma clara e decisiva, ao famoso praticadas, podemos chamar a atenção das Consenso de Washington e às políticas terapêuticas respectivas sociedades para suas contradi- que hoje são usadas na Europa para comprimir salá- ções e incongruências que põem em risco rios, eliminar saúde, educação e pensões e favorecer a nossa própria estabilidade [a estabilidade uma vez mais a banca e o capital vadio que não pro- dos nossos países]. Entre os países ricos, os duz rigorosamente nada, mas que aufere lucros fan- Estados Unidos enfrentam um problema, so- tásticos na jogatina das bolsas e na irresponsabilidade bretudo, de dívida privada, remanescente do de governos da Europa, o que não está, no entanto, colapso do mercado imobiliário [do subprime acontecendo hoje com o Brasil. e de tudo o que, neste plenário, já se discutiu A Presidenta Dilma tem levantado essas questões intensamente]. Como emissores da moeda em todos os seus encontros internacionais. O discurso mundial, seu problema de dívida pública é de é correto. Apenas considero eu, e não é a posição do ordem, sobretudo, ideológica; são, pois, razões consenso, mas a minha pessoal, muito tíbias às polí- políticas que impedem os Estados Unidos de ticas de reação a essa situação. agirem decididamente por sua recuperação e O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ a recuperação mundial. Já na Europa do euro, PMDB – MS) – Senador Roberto Requião, ao elegê- onde quebraram vários Estados para que fos- -lo, o nosso Presidente da Comissão Parlamentar Con- sem salvos os bancos, a dívida pública tornou- junta do Mercosul tinha certeza de que o Congresso -se um foco permanente de especulação. Em Nacional do nosso País seria bem representado. Pa- ambos os casos, políticas fiscais restritivas são rabéns a V. Exª! ineficazes para o relançamento das economias Na sequência, está inscrito o Senador Jorge Via- [são absolutamente ineficazes]. Assim, nos pa- na, a quem concedo a palavra. rece inevitável alguma forma de socialização O SR. JORGE VIANA (Bloco/PT – AC. Pronun- dos bancos como preliminar da reestruturação cia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. das dívidas com alguma perda por parte dos Presidente, Srªs e Srs. Senadores, na última terça- investidores, para possibilitar a retomada do -feira, o mundo perdeu uma grande ativista das causas 280 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49220 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 humanitárias, sociais e ambientais. Falo de Madame motor de popa, como nós chamamos, para encontrar Danielle Mitterrand, que faleceu na madrugada de 22 com o povo Ashaninka, no rio Amônia. de novembro. Vem então a pergunta: por que ela fez tudo isso, Faço questão de deixar registrada minha home- uma senhora de 84 anos? nagem a essa grande mulher, aqui no Senado. Era Na verdade, ela fez tudo isso para conhecer e viúva do ex-Presidente francês François Mitterrand, provar que aquele povo lá, na escondida Marechal mas sua importância para o mundo não se deve so- Thaumaturgo, Município do Acre, tinha qualidade de mente ao fato de ter sido a primeira-dama da França vida, apesar de os indicadores do Unicef terem clas- durante 14 anos. sificado o Município, em 2001, como o pior lugar do Madame Danielle Mitterrand ficou conhecida por Brasil para uma criança viver. sua forte personalidade como militante de esquerda e, Daí a importância de lembrarmos a vida e a perda sobretudo, por sua luta pelos direitos humanos e por de uma senhora, de uma mulher que fez uma luta ex- ser grande defensora do que chamamos de socioam- traordinária, fez essa luta e esse sonho atravessarem bientalismo. Foi militante da resistência aos nazistas. oceanos. E faço este registro aqui no Senado porque Fez um movimento político, na sua juventude, muito ela foi uma referência e um exemplo. forte. E seus sonhos foram traduzidos no objetivo da Eu tive especialmente o privilégio de conviver entidade criada por ela com a finalidade de criar uma com ela, de ser recebido na França e de recebê-la em rede mundial para construção de uma sociedade que minha casa várias vezes; de ver que era uma pessoa dê a todos suas oportunidades de vida. que tinha tudo para passar, com toda a razão, os anos Por causa desse sonho, tive o privilégio de co- finais de sua vida com tranquilidade, com sua família, nhecer Danielle Mitterrand. Ela veio ao Brasil e criou na Europa, mas seguia andando mundo afora, pro- um projeto chamado Mensageiros da Água. Ela queria curando, de alguma maneira, estimular que o mundo fosse mais justo. garantir que todos tivessem acesso à água; queria que E pela relação que construímos e pelo respeito a humanidade reconhecesse que a água é um bem que sempre tive por essa vida extraordinária, é que natural que tem fim. trago, Sr. Presidente, e deixo aqui no Senado que vou Ela conheceu a Amazônia e desenvolveu projetos defender – assumo aqui – as ideias da querida e ines- sociais no Amapá. Depois, chegou ao Acre e ali este- quecível Madame Mitterand. Aprendi muito com ela a ve por várias vezes. Nós trabalhamos juntos, quando relativizar sempre a palavra impossível. Era uma mu- eu ainda estava no Governo, com o Secretário Binho lher extraordinária, que trabalhava com esse propósito. Marques. Depois, no Governo de Binho Marques, tra- Estou certo de que Madame Mitterand sempre balhamos juntos, com sua fundação, na construção de estará viva com seu exemplo de vida entre nós. novos indicadores socioambientais. Peço que conste nos Anais esta minha simples Madame Mitterrand nunca se curvou à ideia de fala, mas que, de alguma maneira, é uma homenagem medir a qualidade de vida de uma nação ou de um às mulheres do mundo inteiro, na hora em que perde- povo pelo PIB, o Produto Interno Bruto. Comemorou o mos uma mulher extraordinária. surgimento do Índice de Desenvolvimento Humano, o O outro assunto, Sr. Presidente, que trago à tribu- IDB, mas não ficou satisfeita. E tinha razão, renda per na é que acabo de vir de uma audiência no Ministério capita, escolaridade e expectativa de vida não são sufi- da Justiça, acompanhando o Governador Tião Viana. cientes para medir um mundo complexo e multicultural. Fomos recebidos pelo Ministro Eduardo Cardozo. O Com a determinação que sempre teve, o amor Governador apresentou um detalhado relato ao Ministro pela humanidade e entrega absoluta à causa dos mais da Justiça sobre a situação dos haitianos, refugiados fracos, vi Danielle Mitterrand chegar ao Acre várias haitianos no Acre. vezes. Lembro-me especialmente de uma delas. Uma No Senado Federal, inclusive por iniciativa minha vez, já aos 84 anos, ela atravessou o oceano numa e do Senador Anibal, apresentamos proposição que foi viagem só de avião de quase 12 horas até Brasília, aprovada de criar uma comissão para acompanhar a fora o tempo de aeroporto; depois mais três horas e situação dos haitianos no Acre. Todos nós acompanha- meia até o Acre. No dia seguinte, Madame Mitterrand mos e lamentamos os problemas gravíssimos vividos embarcou num monomotor e, depois de mais de três por aquele país, por aquele povo quando do terremoto, horas de voo, desembarcou na cidade de Marechal aquele trágico terremoto de janeiro de 2010. Thaumaturgo, no extremo oeste do Brasil, na fronteira Um país que é referência extremamente negativa, com o Peru, e um dos menores Municípios do Brasil. De do ponto de vista dos indicadores sociais e da saúde lá, Madame Mitterrand embarcou em uma canoa com pública, sofreu uma tragédia, inclusive perdemos a D. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 281 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49221 Zilda Arns e mais alguns outros brasileiros, vítimas da- como ex-Senador que sempre demonstrou aqui desta quele desastre natural que vitimou um povo já vítima. tribuna amor pelo próximo. Já foi gasto mais de R$1 De lá para cá, Sr. Presidente, para que V. Exª te- milhão por parte do Governo do Estado dando hos- nha uma ideia, mais de três mil haitianos entraram no pedagem, alimentação e acolhida digna para essas Brasil, boa parte deles via Equador; a metade desse pessoas. Mas a situação é insustentável. O Brasil não número passou pelo Acre, na fronteira do Brasil com pode permitir que essa situação fique nas costas do o Peru, na cidade de Assis Brasil. Governo do Estado, e peço aqui que a Presidência Denunciamos isto porque este não é um assun- do Senado possa solicitar as providências imediatas to que esteja nas condições de um governo estadual do Palácio do Planalto, do Ministro das Relações Ex- enfrentar. Estamos falando de refugiados, e vimos no teriores e do Ministro da Justiça para que o Brasil não mundo inteiro, a todo tempo, que, quando acontece tenha que lamentar situações mais graves que pos- algo parecido, são os organismos multilaterais, a ONU sam decorrer dessa situação tão vexatória que irmãos com seus instrumentos, que imediatamente assumem nossos estão passando. a condução de um processo tão delicado. Imaginem Então, o Governo do Estado não tem condições chegar crianças, mulheres, homens, às centenas, ao de tratar de um tema que extrapola os limites do País, Estado, sem nenhuma condição. Os indícios deixam que tem que ser tratado com o Peru, que tem que ser claro que há um comércio internacional por trás disso, tratado com o Equador, por onde eles passam, e com pessoas usando e se utilizando do sofrimento de pes- o próprio Haiti. soas que estão padecendo na sua terra e que querem O Brasil está liderando a força de paz no Haiti e melhor sorte em outra parte do mundo. Essas pessoas não há sentido nenhum de esse tráfico de seres hu- chegam em situação de absoluta calamidade na fron- manos acontecer. Há indícios fortes de que existe um teira com o Peru. comércio por traz desse sofrimento e dessa situação A Prefeita Leila, de Brasileia, e o Governador Tião de miséria que esse povo vive. Viana têm sido incansáveis através da Secretaria de Venho à tribuna do Senado para solicitar provi- Direitos Humanos do Estado, na época com o Secre- dências por parte do Governo Federal, como fez hoje tário Henrique, agora com o Secretário Nilson Mourão, um pedido ao Ministro da Justiça o Governador Tião e acolhendo cada um deles, dando de comer, dando Viana, acompanhado do Secretário de Direitos Hu- assistência à saúde e procurando dar um encaminha- manos do Estado, Nilson Mourão, que é também meu mento adequado e legal a esses refugiados. Mas a suplente aqui no Senado. situação chegou a um ponto insustentável. São esses os meus pedidos e essa cobrança Neste momento, para que se tenha ideia, até o do Governo Federal para que o Brasil possa dar um começo de novembro, tínhamos 332 haitianos em Bra- tratamento adequado a esse povo que já viveu uma sileia, na fronteira com o Peru e com a Bolívia; no dia tragédia em janeiro do ano passado, por conta do ter- de hoje, são 550, numa situação de absoluto improvi- remoto, e agora vive essa tragédia que fere os princí- so. O Governo do Estado está fazendo o possível e o pios elementares dos direitos humanos consagrados impossível. Mas hoje o Governo do Estado foi pedir, pela Organização das Nações Unidas. solicitar – e eu estou aqui da tribuna cobrando – que Sei que o Brasil é um País que respeita os direitos o Governo Federal, através do Ministério da Justiça e humanos e precisa imediatamente dar um tratamen- do Ministério das Relações Exteriores, assuma essa to adequado a esse problema que é tão grave e que situação. extrapola os limites do Governo do Estado do Acre. É inaceitável que um governo de Estado tenha que lidar com um tema tão delicado que não cabe a Muito obrigado, Sr. Presidente. governos estaduais, inclusive por acordos internacio- DOCUMENTOS A QUE SE REFERE nais, a questão dos refugiados, pois diz respeito ao O SR. SENADOR JORGE VIANA EM SEU Governo Central. PRONUNCIAMENTO. Primeiro, eu queria cumprimentar o Governador (Inserido nos termos do art. 210, inciso Tião Viana pelo gesto humanitário, ele como médico, I, § 2º do Regimento Interno.) 282 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49222 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 283 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49223 284 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49224 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 285 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49225 286 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49226 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 287 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49227 288 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49228 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ A Comissão dos Aposentados do Aerus do Rio PMDB – MS) – V. Exª será atendidoo na forma do Grande do Sul, através do seu coordenador Cleuber Regimento. Rosas, e do Sr. Ary Guidolin e Carlos Henke, enviou-me Na sequência, o Senador Paulo Paim. também, há poucos dias, correspondência pedindo que O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Pronuncia eu lembrasse às autoridades, inclusive ao Judiciário, o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sena- pois esse projeto está lá encalhando há muito tempo dor que preside a sessão, Waldemir Moka, Senadores, que é preciso uma solução. E vejam só a que ponto Senadoras, quero fazer, nesta tarde, três registros. chegou o desespero deles: alguns aeroviários da an- O primeiro deles, Sr. Presidente, se refere mais tiga Varig, sede principal no Rio Grande do Sul, estão, uma vez à situação do Aerus. É uma situação da maior no momento, em greve de fome, homens e mulheres gravidade. Homens e mulheres que dedicaram as suas com mais de 70, 80 anos em greve de fome à espera vidas à aviação comercial brasileira, que recebiam de de que o Governo Federal ou o Judiciário resolvam a salário o correspondente hoje a R$12 mil, R$14 mil e, questão. O que eles não querem é que fiquem nessa com a dita falência do Aerus, estão recebendo apro- enrolação, que a expectativa continue mas sem ne- ximadamente um salário mínimo. nhum horizonte positivo. Por isso, Sr. Presidente, Senadores e Senadoras, Eles estão, sim, fazendo greve de fome, para venho à tribuna mais uma vez para discutir um tema que, enfim, esse tema venha ao debate nacional, e a que, no meu entendimento, o Governo terá que res- possamos apontar caminhos que resolvam a situação ponder, ou seja, a situação dos aposentados do Aerus. dramática e trágica pela qual estão vivendo. Destacam Claro que não foi no governo do Presidente Lula que muitos aposentados de idade avançada se mantêm nem do Governo da Presidenta Dilma, mas o Aerus ainda esperançosos, apesar de tudo o que viram até o foi à falência porque não houve a devida fiscalização, momento. Dizem os aeroviários e aeronautas de todo orientação e responsabilização daqueles que deviam o Brasil, ex-funcionários da Varig, Transbrasil e Grupo acompanhar a situação daquele fundo de pensão. En- Varig: “Queremos a solução, a esperança é a última fim, uma dessas situações a que tenho aqui me referido que morre, daqueles que não morreram, porque, se- aqui e que não avança, não se resolve e tem causado gundo eles, mais de 500 já morreram”. todo o tipo de dificuldade para os aposentados é esse Eles lembraram também do processo da defa- do caso Aerus. sagem tarifária, do qual a Ministra Carmem Lúcia é Eu os encontrei agora, na Feira do Livro, quando relatora e que está lá no Supremo Tribunal Federal lançava a segunda edição do livro de minha autoria esperando o julgamento. Até hoje, não houve decisão intitulado O Rufar dos Tambores. E O Rufar dos Tam- para que o referido processo fosse, enfim, julgado e, bores é sobre o quê? Sou eu mostrando ao movimento sendo assim, esse grupo que está fazendo greve de sindical, ao movimento social, aos aposentados, aos fome, poderá, então, saber qual a expectativa do ama- estudantes que os palácios em Brasília só se mobi- nhã. Enfim, eles estão nos aeroportos mais movimen- lizam, se movimentam e atendem à pauta dos mais tados do País, ali, pedindo que parceiros se somem que precisam se houver a devida pressão organizada. à greve de fome. Conversei muito com eles lá, em Porto Alegre, e Quero finalizar com as palavras de Luiz Ferreira eles me pediram que eu, mais uma vez, viesse à tribu- de Almeida e a de Abreu Pinto, aposentados do Aerus na do Senado falar de uma luta que eles enfrentam há Varig. Disseram eles: mais de cinco anos. Mais de cinco anos! São em torno Não importa, Senador, quanto tempo de 17 mil famílias do Aerus que aguardam solução. Em vamos ficar em greve de fome, já estamos nosso encontro, eles me perguntaram mais uma vez – morrendo mesmo, aos poucos, por que não de e digo mais uma vez porque me perguntaram no Rio, uma vez de fome, sim, para mostrar às autori- me perguntaram em Minas, me perguntaram em Goi- dades do Executivo, do Legislativo e do Judi- ás, me perguntaram em Florianópolis, recentemente, ciário como está grave nossa situação; enfim, quando lá estive –: “Senador, estamos no mês de de- deste nosso País, o grave problema vivido por zembro; em breve, estaremos aí com as festas de fim nós? Srs. Senadores, se vamos morrer, morre- de ano, festa em todas as casas, em todos os lares, remos lutando, como os velhos guerreiros das em todos os lugares. Será que nós, do Aerus, vamos, histórias gravadas em filmes, livros, poesia e pelo quinto ano, passar essa data sem ter o que fes- história, lutando até o fim de nossos dias, bus- tejar, comemorar ou mesmo poder olhar para o futuro cando nossos direitos, que foram violados em na expectativa de que essa situação seja resolvida?” julho de 2006, quando houve, então, a falência NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 289 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49229 definitiva da Varig, fruto de um processo de da economia se movimenta com mais gente trabalhan- décadas que vinha acontecendo neste País. do, produzindo, recebendo e consumindo. É o mesmo princípio que sempre defendemos para elevação do Sr. Presidente, quero ainda fazer um outro pro- nunciamento que tem como tema eixo educação e salário mínimo, que deu certo, como também na ele- renda. Quero, Sr. Presidente, abordar uma entrevista vação dos benefícios dos aposentados, principalmente que li e achei muito interessante do Diretor do Insti- do Regime Geral da Previdência, que são aqueles que tuto de Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão, em só recebem a inflação. Eu sempre falo em dez, mas o uma entrevista que concedeu à revista Ensino Supe- teto não chega a cinco, seis salários mínimos. rior. Nessa entrevista, o pesquisador do Ipea explica Enfim, no que diz respeito à educação, ela rece- como o investimento em educação pode contribuir de be mais ou menos hoje 5% do PIB, segundo ele, e é forma essencial para o desenvolvimento econômico e um dos setores que mais gasta. Ela é geradora de 2 social do País. E não somente isso, investir em edu- milhões de empregos diretos, sem contar com o con- cação pode alavancar a produção de bens e serviços, sumo de materiais e de infraestrutura. melhorar a distribuição de renda. É bom lembrar que a UNE defende o investimen- O Ipea realizou um estudo chamado: Gastos to hoje na ordem – e claro que é fruto de debate – de com a Política Social, Alavanca para o Crescimento 10% do PIB. com Distribuição de Renda. Nesse estudo o Ipea de- Enfim, é o que podemos chamar, como diz o Di- monstrou que, quando o governo gasta R$1,00 em retor do Ipea, de uma grande cadeia de consumo. Ele educação pública, o PIB aumenta em R$1,85, e a faz uma observação sobre o professor de ensino bási- renda das famílias aumenta em R$1,67. Segundo o co, afirmando que seu gasto é o principal responsável Ipea, os investimentos em educação são os que mais pelo giro na sua área, da questão da economia, uma fazem o País crescer. vez que ele também acaba consumindo quase tudo o O incremento do PIB e da renda é maior a partir que ganha. Ele lembra também que programas sociais de investimento na educação do que se observa em que investem no ensino superior também ajudam a de- investimentos em outros programas sociais, mesmo, sencadear o aumento do PIB e avançar na distribuição por exemplo, o Bolsa Família. Essa dedução está ba- de renda, pois há outros vetores fortalecidos pelo en- seada em dados cruzados do Sistema de Cotas Na- sino superior, como a importância do desenvolvimento cionais do IBGE, da Pesquisa Nacional por Amostra científico, tecnológico e inovação. de Domicílios e da Pesquisa de Orçamentos Familia- Ao ser perguntado se existem áreas da educação res. Mediante esses dados, o Ipea avalia o quanto o superior mais favoráveis para afetar a economia, ele crescimento de 1% do PIB em cada programa social afirma que o que importa é quanto o professor ganha, de governo aumentaria o PIB e elevaria a renda das o padrão de consumo e aqueles a quem ele está en- famílias a partir do eixo principal, do coração, segundo sinando. Além disso, é preciso considerar que estão eles, que é a educação. sendo gastos para que o ensino ocorra, os insumos O pesquisador Jorge Abrahão explica que, para que precisam ser comprados para fazer com que os colocar em prática uma política social, é necessário cursos funcionem. Se esse material precisar vir do ex- fazer gasto público. Isso se dá através da contratação, terior, menos será a contribuição para o crescimento segundo ele, de profissionais, como médicos, professo- res, psicólogos, assim por diante. O número de traba- do PIB. Mas, se os profissionais capacitados estiverem lhadores absorvidos chega, segundo ele, nesse estu- aqui, nós estamos gerando o que é chamado de valor do, a mais de 4,7 milhões. Quando essas contratações agregado aqui. É preciso, então, considerar que há uma são feitas ou quando são construídas escolas, postos justificativa para esse investimento. Aí, ele avança. Ele de saúde e, ao mesmo tempo em que são comprados pode ser visto não somente pelo ângulo do consumo materiais e equipamentos para essas atividades, esse atual, mas também pelo que está sendo gerado para movimento contribui, sim, para o crescimento do PIB. o futuro, ou seja, a independência que poderá dar ao Em geral, quem recebe esse gasto público é a País no amanhã. classe média ou média baixa, que aumentam o con- Numa pergunta comparativa feita pelo entrevista- sumo dentro do País, o que fortalece naturalmente o dor quanto aos investimentos em educação no Brasil e mercado interno. O professor recebe o seu salário e vai em países mais desenvolvidos, o pesquisador pondera à padaria, ao açougue, e, como num ciclo econômico, que, nos países desenvolvidos, os gastos por aluno que todos acabam indo ao mercado brasileiro fazer compras. se tem com o ensino superior e com o ensino básico Sendo os produtos em sua maioria nacionais, isso são muito próximos. A diferença entre o que ganha um vai gerar outro montante de emprego e renda e a roda professor do ensino básico e um do superior é muito 290 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49230 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 pequena. O multiplicador é quase idêntico, porque os Sr. Presidente, nos últimos dois minutos... Eu padrões de consumo são muito parecidos. confesso que todos nós assistimos ao pronunciamen- O nosso multiplicador da educação básica vai to do Senador Requião sobre o Consenso do Rio, em ser maior do que o deles, porque lá os salários são que uma série de economistas – ele leu aqui, eu não muito parecidos. vou ler de novo –, entre eles Miguel Bruno, José Car- Outra questão que ele colocou é que o ensino los de Assis e tantos outros, nos encaminharam esse superior, hoje, é um fator central para a ampliação da documento chamado “Consenso do Rio”, que vai na renda do nosso povo. linha de buscar a integração da América do Sul. Eu Ele diz que estamos vivendo um momento inte- também havia preparado um pronunciamento nesse ressante, que o Brasil está sendo ampliado e que al- sentido, e quero que V. Exª o receba e o considere guns setores estão se ressentindo, ainda, da falta de como lido na íntegra, até porque foi baseado nesses mão de obra, ou seja, o Brasil cresce, estamos am- economistas que eu apresentei um projeto, que está pliando, mas ainda há muita falta de mão de obra, por sob a relatoria do Senador Simon, e também aprovei isso investir na educação, no ensino básico, superior um projeto semelhante lá na Comissão de Direitos Hu- e, claro, ele fala aqui, no ensino técnico, e que bom manos, que a sociedade organizada nos encaminhou, que veio o Pronatec. nós o recebemos na Comissão de Direitos Humanos, Ele acredita que haverá toda uma estrutura de nós o aprovamos, e ele vai ser agora, provavelmente ... incentivo para promover ainda mais gente qualificada, (Interrupção do som.) educação, ensino técnico. O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – ...eu en- Enfim, Sr. Presidente, tenho vindo a esta tribuna, tendo que os dois projetos deveriam ser apensados, muitas e muitas vezes, para falar da necessidade de e que se construa uma única proposta que vá na linha valorizarmos a educação, os educadores e, também, da integração de toda a nossa América do Sul. sobre a necessidade de qualificarmos os nossos tra- Era isso, Sr. Presidente. balhadores. É claro que não tem como eu não lamen- Peço a V. Exª que o considere na íntegra. tar que, infelizmente, eram nove e, agora, parece que O Deputado Perondi está aqui e é um lutador são seis ou cinco Estados que não pagam, ainda, o na área da saúde. Você sabe, eu não tenho omitido piso dos professores, que fica em torno de R$1,2 mil. a minha posição quanto à Emenda nº 29, pois é uma Eu disse outro dia e repito: enquanto para um funcio- posição pública. Eu, quando perguntado, com toda a nário do nosso gabinete, por mais simples que seja a sinceridade, digo que sou contra o voto secreto. Acho sua atividade, o piso é de R$2,09 mil – eu falo de um que todo homem público tem de assumir sempre as auxiliar geral do nosso gabinete –, um professor não suas posições, e V. Exª sabe, já comentei, já falei qual ganha R$1,2 mil em Estados considerados politiza- é a minha posição em relação à Emenda nº 29. Eu dos, grandes Estados. Infelizmente, muitos deles não tenho a mesma visão do Senador Tião Viana, hoje pagam, ainda, o piso. Governador do Acre, e é assim que eu vou me posi- Participei, recentemente, de um debate em Porto cionar em relação à Emenda nº 29 quando tivermos Alegre, e lá no meu Estado não se paga o piso ainda. esse debate... Quero dizer que defendi o piso, continuo defendendo. (Interrupção do som.) É um problema de governos anteriores? É, mas eu O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS) – ...o dever gostaria muito, Senador Pimentel, que o meu Estado, de assegurar na legislação, da forma original como saiu o Rio Grande do Sul, que o Governador Tarso Genro daqui, os 12%, os 15% e os 10% da União. avançasse rapidamente, para que a economia melhore Era isso. e nós possamos pagar o piso dos professores. Obrigado, Sr. Presidente, que fique na íntegra o Eu falei com o Marcelo Deda, esses dias, quando meu pronunciamento. veio nos visitar, e ele disse que lá eles pagam o piso, mas falou da dificuldade do Estado. Eu não posso ter SEGUEM, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIA- um discurso na Rádio Guaíba ou na Rádio Gaúcha MENTOS DO SR. SENADOR PAULO PAIM ou na Rádio Rede Bandeirantes ou na Rádio Pampa O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Sem apa- e ter outro aqui na tribuna. Lá, eu defendi o piso dos nhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. professores e reafirmo, aqui, que nós devemos fazer Senadores, certos assuntos parecem não se resolver de tudo para garantir em todos os Estados, em todos, nunca. Acho isso algo profundamente desrespeitoso em todos. Eu não omiti aqui que o Rio Grande do Sul para com aqueles que trabalharam duro e, hoje apo- ainda não paga o piso dos professores. sentados, veem-se completamente perdidos. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 291 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49231 Uma dessas situações, que não avança, que não Era o que tinha a dizer. se resolve, e que tem causado todo tipo de dificuldade O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Sem apa- para os aposentados, é o caso do AERUS. nhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Eu os encontrei na Feira do Livro em Porto Alegre Senadores, nesta minha fala eu quero abordar uma e nós conversamos sobre a situação deles. entrevista que o diretor de Estudos e Políticas Sociais Pediram que eu me manifestasse na Tribuna so- do Ipea, Jorge Abrahão, concedeu à Revista Ensino bre a luta que eles vêm enfrentando há cinco anos. Superior. Cinco anos, Senhoras e Senhores!!! Nessa entrevista o pesquisador do Ipea explica São 17000 famílias do AERUS que aguardam como o investimento em educação pode contribuir, de uma solução. forma essencial, com o desenvolvimento econômico Em nosso encontro eles me perguntaram: “Se- do país. nador, estamos no mês de novembro, em breve as co- E, não somente isso! Investir em educação pode memorações de fim de ano estarão batendo as nossas alavancar a produção de bens e serviço e, melhorar a portas, será que vamos pelo quinto ano passar estas distribuição de renda. datas sem ter como e nem o quê comemorar”? O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas A Comissão dos Aposentados AERUS RS, atra- realizou um estudo chamado: Gastos com a Política vés de seu coordenador, Cleuber F. Rosas e dos Srs. Social: Alavanca para o crescimento com distribuição Ary Guidolin e Carlos Henke enviou também, há pou- de renda. cos dias, correspondência ao meu Gabinete pedindo Nesse estudo o Ipea demonstrou que quando o que eu relembrasse as autoridades sobre sua luta de governo gasta R$ 1,00 em educação pública, o PIB mais de cinco anos. aumenta em R$ 1,85 e a renda das famílias aumenta E, vejam só a que ponto chegou o desespero de- R$ 1,67. les. Alguns Aeroviários da antiga Varig estão fazendo Segundo o Ipea, os investimentos em educação greve de fome, na espera que o Governo Federal e o são os que mais fazem o país crescer. O incremento Judiciário deem solução ao problema. do PIB e da renda é maior a partir de investimentos Eles estão fazendo greve de fome, Senhor Pre- na educação do que se observa em investimentos em sidente, para que, enfim as emissoras de Televisão de outros programas sociais, como saúde ou transferência todo Brasil possam ver o grave problema que envolve de renda (Bolsa Família). o dramático e trágico drama vivido por eles. Essa dedução está baseada em dados cruzados Eles destacam que muitos dos aposentados já são do Sistema de Contas Nacionais do IBGE, da Pesquisa idosos e que eles se mantêm esperançosos de que esse Nacional por Amostra de Domicílios e da Pesquisa de grave problema que atinge os Aeroviários e Aeronautas Orçamentos Familiares. de todo Brasil (ex funcionários da Vasp,Transbrasil e Mediante esses dados eles avaliaram o quanto Grupo Varig) seja resolvido com urgência. o incremento de 1% do PIB em cada programa social Eles lembraram também do processo de defa- do governo aumentaria o próprio PIB e elevaria a ren- sagem tarifária, do qual a ministra Carmem Lucia é da das famílias. relatora, e que está no Supremo Tribunal Federal para O pesquisador Jorge Abrahão explica isso. Ele julgamento. diz que, para colocar em prática uma política social é Até hoje não houve uma decisão para que o refe- necessário fazer um gasto público. rido processo fosse a julgamento e, sendo assim, esse Isso se dá através da contratação de profissio- grupo que está fazendo greve de fome irá se espalhar nais, como médicos, professores, psicólogos e assim pelos Aeroportos mais movimentados do nosso país por diante. O nº de trabalhadores absorvidos chega a, para chamar a atenção para o problema. mais ou menos, 4,7 milhões. Sr. Presidente, quero finalizar com as palavras Quando essas contratações são feitas, ou quan- de Luiz Ferreira de Almeida e Ady Abreu Pinho, apo- do são construídas escolas ou postos de saúde, etc, sentados do Aerus Varig: e, ao mesmo tempo, são comprados materiais e equi- “Não importa quanto tempo vamos ficar em greve pamentos para tal atividade, esse movimento contribui de fome, já estamos morrendo aos poucos. Porque não para o crescimento do PIB. de uma vez, de fome sim, para mostrar as autoridades Em geral quem recebe esse gasto público são desse nosso país o grave problema vivido por nós? Srs. as classes médias ou médias baixas, que aumentam Senadores, se vamos morrer, morreremos lutando até o consumo dentro do país e isso fortalece o mercado o fim por nossos diretos que foram violados em julho interno. O professor recebe seu salário vai à padaria, de 2006 quando houve o massacre na nossa Varig”. ao açougue e, como num ciclo econômico, todos aca- 292 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49232 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 bam indo ao mercado brasileiro fazer compras. Sendo Ele acredita que haverá toda uma estrutura de incen- os produtos, em sua maioria, nacionais, isso vai gerar tivo para promover mais gente qualificada. outro montante de emprego e de renda. É a economia Bem, Srªs e Srs. Senadores, tenho vindo a esta se movimentando. Tribuna vezes e vezes para falar na necessidade de va- No que diz respeito à educação, ela recebe mais lorizarmos a educação, os educadores e também sobre ou menos 5% do PIB e é um dos setores que mais a necessidade de qualificarmos nossos trabalhadores. gasta. Ela é geradora de 2 milhões de empregos di- Creio que uma coisa está diretamente ligada a retos, sem contar com o consumo de materiais e da outra e que o nosso País precisa encarar isso de uma infraestrutura. vez por todas! É o que podemos chamar, como diz o diretor do Era o que tinha a dizer. Ipea, uma grande cadeia de consumo!!! O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT – RS. Sem apa- Ele faz uma observação sobre o professor do nhamento taquigráfico.) – Sr. Presidente, Srªs e Srs. ensino básico, afirmando que seu gasto é o principal Senadores, na semana passada registrei que a Co- responsável pelo giro da economia, uma vez que ele missão de Direitos Humanos do Senado havia acatado acaba consumindo quase tudo o que ganha. Mas ele sugestão do Instituto de Estudos Estratégicos para a lembra também que programas sociais que investem Integração da América do Sul (Intersul) para projeto no ensino superior também desencadeiam aumento de lei com objetivo de conceder incentivos a propostas do PIB e distribuição de renda, pois há outros vetores que escapado países emergentes que se distanciam fortalecidos pelo ensino superior, como desenvolvi- do padrão neoliberal. mento científico, tecnológico e inovação. Onde houve efeitos virtuosos das políticas ne- Ao ser perguntado se existem áreas da educação oliberais para os países em desenvolvimento™ por superior mais favoráveis para afetar a economia ele exemplo, na acumulação de superávits comerciais e de reservas - eles se deveram a condições internacio- afirma que o que importa é quanto o professor ganha nais favoráveis, notadamente o aumento das importa- e o padrão de consumo dele. ções de commodities minerais e agrícolas por parte Além disso é preciso considerar o quê está sen- principalmente da China, e não às virtudes da política do gasto para que o ensino ocorra, os insumos que macroeconômica em si. precisam ser comprados para fazer com que os cur- Quanto às melhoras de indicadores sociais, eles sos funcionem. resultaram de políticas deliberadas de distribuição de Se esse material precisa vir do exterior, menor renda adotadas por alguns países, fora do marco ne- será a contribuição para o crescimento do PIB. Mas, oliberal. é preciso considerar que existe uma justificativa para Em síntese, eis os principais eixos dessas po- esse investimento. Ele pode ser visto não somente pelo líticas: ângulo do consumo atual, mas também pelo que está 1. Política fiscal restritiva independentemente sendo gerado para o futuro, ou seja, a independência do ciclo econômico e do nível da relação dívida/PIB; que poderá dar ao país no futuro. 2. Submissão às pressões do mercado para o Numa pergunta comparativa, feita pelo entrevista- pagamento da dívida pública, novamente de forma dor, quanto aos investimentos em educação no Brasil e independente do ciclo econômico e do nível da dívida; em países mais desenvolvidos, o pesquisador ponde- 3. Política monetária restritiva, articulada à polí- ra que nos países desenvolvidos, os gastos por aluno tica fiscal contracionista, determinadas, ambas, pela que se tem com ensino superior e com ensino básico busca de investimento grade por agências privadas de são muito próximos. A diferença entre o que ganha um classificação de risco; professor do ensino básico e um do superior, é muito 4. Câmbio flutuante, a despeito de fortes osci- pequena. O multiplicador é quase idêntico porque os lações desestabilizadoras da economia por parte de padrões de consumo são muito parecidos. forças especulativas; O nosso multiplicador da educação básica vai 5. Liberação do fluxo externo de capitais espe- ser maior do que o deles porque lá os salários são culativos; mais parecidos. 6.Redução de direitos trabalhistas e previden- Outra questão que ele colocou é que o ensino su- ciários; perior hoje é um fator central para a ampliação da renda. 7. Abandono do planejamento público e das po- Ele diz que estamos vivendo um momento inte- líticas industriais; ressante em que o Brasil está sendo ampliado e alguns 8. Liberação do comércio exterior com o abandono setores estão se ressentindo da falta de mão de obra. de práticas de proteção da indústria interna; NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 293 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49233 9. Controle indireto das políticas macroeconômi- retaliações no mercado internacional. Num bloco, ele cas internas pelas agências externas de classificação pode fazê-lo sem ferir tratados internacionais. de risco; Srªs e Srs. Senadores, o Intersul, juntamente 10. Submissão a outros ditames do Consenso com este seleto nomes de especialistas, propõem de Washington. uma estratégia macroeconômica de estímulo ao de- Nem todas essas políticas foram aplicadas por senvolvimento econômico e social compatível com as todos os países sul-americanos ao mesmo tempo. Mas, necessidades sociais e o equilíbrio político dos países a conjunção dessas medidas teve um efeito macroe- da América do Sul. conômico comum: Essa política, ou melhor, conjunto de políticas A redução rápida e significativa da autonomia da teria as seguintes características: política econômica dos Estados nacionais. 1. Retomada do princípio do planejamento pú- Estes foram premidos a se tornarem o fiador dos blico como instrumento estratégico para alcançar os processos de liberalização financeira e comercial, num objetivos nacionais de desenvolvimento econômico, contexto marcado pela ausência de uma estratégia eliminação da miséria, redução das disparidades re- consistente de desenvolvimento econômico. gionais e da extrema concentração renda, mediante Sua lógica interna era clara: conforme o estipu- a busca de um sistema tributário justo e progressivo lado pela ideologia neoliberal, tratava-se de reduzir o que aponte na direção do Estado do bem-estar social; espaço do Estado do bem-estar social e ampliar as 2. Política monetária que comporte a expansão oportunidades de lucro corporativo, diminuindo-se ao da moeda de acordo com as necessidades do cresci- mesmo tempo a tributação dos ricos em nome da maior mento econômico com estabilidade monetária e tendo eficiência econômica e da competitividade externa. É por objetivo último a máxima geração de emprego; notável que, exceto pela explosão de preços e quan- 3. Atribuição ao banco central desse tríplice obje- tidades exportadas de commodities, já mencionada, tivo, para cuja execução ele terá liberdade operacional, essas políticas produziram resultados pífios, até sua sujeita a verificação de eficácia pelas comissões de derrocada nos países ricos na crise de 2008, anulan- economia e finanças do Congresso Nacional; do os efeitos de emulação que tiveram nas décadas 4. Controle fino da liquidez mediante a defesa anteriores na América do Sul. pelo Banco Central, no open, da taxa de juros fixada O quadro internacional agora mudou radicalmen- conforme os objetivos em 1 e 2; a taxa básica de juros te, e é por isso que se justifica essa proposta de uma deve condicionar também o processo de internação nova política macroeconômica para a região. ou retenção externa do fluxo de reservas, para com- De fato, todo o mundo industrializado avançado patibilizar esse fluxo com o nível de liquidez desejado; está em crise financeira, fiscal e de demanda interna, 5. Política cambial no regime semi-flutuante, en- submetendo-se à medicina do ajuste fiscal que classi- tendido como a administração do câmbio mediante camente recomendava aos países em desenvolvimento. utilização das reservas internacionais para manter Ajuste fiscal significa reduzir gasto público, sa- o valor externo da moeda numa faixa que promova lários e benefícios sociais para comprimir o mercado a competitividade externa, sobretudo a baseada em doméstico e gerar excedentes exportáveis. bens de maior valor adicionado, assim como o cres- Numa situação em que todos os países ricos que- cimento interno; rem exportar mais e importar menos, é duvidoso que 6. Política fiscal anti-cíclica e pró-investimento tais políticas tenham resultados positivos. Contudo, o do Estado para corrigir deficiências de infra-estrutura, fluxo das exportações dos ricos tende a buscar os paí- admitindo-se, em situação de alto desemprego e alto ses emergentes e em desenvolvimento, com o risco de índice de ociosidade no parque produtivo, aumento um dumping industrial mundial que lhe venha destruir da relação dívida/PIB (como ocorreu sabiamente no seu parque produtivo industrial. Países que têm uma Brasil com os investimentos de Petrobrás, Eletrobrás base industrial estarão ameaçados, e países que não e BNDES financiados pelo Tesouro em 2009 e 2010); têm, mas aspiram a tê-la, estão igualmente em risco. note-se que não existe razão teórica ou empírica para Diante disso, no caso da América do Sul, é imperioso eliminar a dívida pública como fonte de financiamen- acelerar o processo de integração, pois dentro de um to do Estado, a não ser em condição de favoreçam a bloco econômico será possível proteger os mercados integração regional sul-americana. Gostaria, portanto, internos sul-americanos, sem ferir as regras da Orga- de dar continuidade a este assunto. nização Mundial do Comércio. No dia 7 de novembro de 2011, um encontro no Individualmente, qualquer país que recorra a Rio de Janeiro, no Intersul, com a participação dos barreiras comerciais corre o risco de discriminação e economistas Luiz Gonzaga Belluzzo, Denise Gentil, 294 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49234 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Miguel Bruno e José Carlos de Assis, discutiu e apro- te, para o financiamento do investimento público com vou o que está sendo chamada de “Consenso do Rio”, potencial de aumentar a produtividade da economia. uma carta contendo idéias gerais para uma política Macrodinamicamente, como o investimento pú- macroeconômica desenvolvimentista convergente dos blico em infraestrutura eleva a taxa de investimento países da América do Sul. privado (efeito crowding in no médio e longo prazos), Esse texto é uma colaboração da sociedade civil a base tributária se expande e a própria dívida pública ao Mercosul (Mercado Comum do Sul) e ao Conselho tende a reduzir-se ou estabilizar-se. Atualmente, não é de Ministros de Economia e Finanças da Unasul (União isso o que ocorre; o endividamento público nos países das Nações Sul-Americanas). avançados e em desenvolvimento converteu-se no eixo Além dos nomes citado aqui, gostaria de anun- da acumulação rentista, através de estruturas de re- ciar outros signatários do “Consenso do Rio”: Maria da valorização da riqueza pouco ou nada conectadas às Conceição Tavares, Carlos Lessa, Luiz Carlos Bresser necessidades das atividades diretamente produtivas. Pereira, Franklin Serrano, Theotônio dos Santos, Ri- Nesse contexto, não é surpresa que as finanças cardo Carneiro, João Sicsú, Luiz Fernando de Paula, públicas encontrem-se subordinadas às finanças pri- Luiz Pinguelli Rosa, Carlos Cosenza, Francisco Antô- vadas, de acordo com as demandas dos detentores nio Doria, Luís Nassif, Darc Antônio Costa, e Roberto de capital e de grandes bancos e investidores inter- Saturnino Braga. nacionais. Sr. Presidente, o Intersul propôs a um grupo de 7. Promoção do investimento de integração eco- economistas identificar as principais características de nômica, estruturando um novo modelo de desenvolvi- uma política macroeconômica estimuladora do desen- mento econômico e social ancorado na nova política volvimento dos países da América do Sul, conciliando macroeconômica aqui sugerida, nos termos propostos estabilidade de preços, crescimento e promoção do em projeto de lei em anexo, já em tramitação no Senado pleno emprego. brasileiro e em discussão em entidades da sociedade A política deverá assegurar também estabilidade civil de outros países da América do Sul; externa, eliminação da miséria e redução dos índices 8. Aperfeiçoamento e expansão do uso do CCR de concentração de renda e de riqueza, com aumento nas transações comerciais e de investimento na Amé- do bem estar social das populações. rica do Sul; O “Consenso do Rio” cita algumas premissas: 9. Estruturação do sistema de financiamento de Premissas: investimentos públicos e privados na América do Sul Três décadas de conformação das políticas ma- em torno do Banco do Sul, da CAF, do BNDES e de croeconômicas dos países sul-americanos ao neoli- beralismo deixaram pouca margem de manobra aos outros bancos públicos regionais, mediante um meca- governos regionais para buscar alternativas desen- nismo próprio de avaliação de risco que desconsidere volvimentistas. as agências externas de classificação, e que funcio- O padrão comum, com raras exceções, foi o de ne como um selo de qualidade para investidores fora promover o Estado mínimo através de privatizações, da região. restringir o endividamento e o investimento público e Sr. Presidente, o “Consenso do Rio” chegou as favorecer a suposta auto-regulação da economia dentro seguintes conclusões: dos cânones da ortodoxia fiscal e monetária. A crise financeira em curso nos países industria- Todavia, os acontecimentos recentes mostraram lizados avançados não põe em risco apenas o futuro o fracasso dessa política, que resultou em crise nas do capitalismo. Põe em risco o futuro da civilização. próprias economias avançadas e em crescimento lento Mais do que essa crise, em si, são as políticas e instável nas regiões subdesenvolvidas e em muitos aplicadas para se tentar superá-la que ameaçaram BBB países em desenvolvimento, com altos custos arrastar o mundo para uma situação de estagnação sociais, dos quais apenas têm esgotamento da capa- com surtos de recessão, implicando dramáticas con- cidade ociosa na economia; da mesma forma, trata- seqüências sociais e políticas. -se de um viés ideológico inaceitável para países em É que estamos diante de uma evidente ressur- desenvolvimento limitar a relação dívida/PIB a valores gência neoliberal na Europa e nos Estados Unidos, arbitrários, como aconteceu na Europa do euro sob o materializada em fortes pressões internas por ajus- Tratado de Maastricht, hoje claudicante. tes fiscais recorrentes com inelutável efeito recessivo. A questão verdadeiramente relevante é a gestão Os países que têm contornado a crise com re- de um endividamento público com caráter produtivo, lativo sucesso são os emergentes, notadamente a isto é, a dívida pública deve ser utilizada, prioritariamen- China e a índia. É notável que a grande mídia não se NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 295 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49235 tem dedicado a investigar a causa dessa performance, Entre os países ricos, os Estados Unidos enfren- limitando-se a registrar dados. tam um problema, sobretudo, de dívida privada, rema- Entretanto a China, uma economia socialista de nescente do colapso do mercado imobiliário. perfil capitalista, e a índia, uma economia capitalista Como emissores da moeda mundial, seu proble- de perfil socialista, têm em comum planejamento pú- ma de dívida pública é de ordem sobretudo ideológica; blico centralizado e sistema bancário quase inteira- são, pois, razões políticas que impedem os Estados mente público. Unidos de agirem decididamente por sua recuperação A diretriz do planejamento ganha imediatamente e a recuperação mundial. eficácia através do financiamento produtivo, não espe- Já na Europa do euro, onde quebraram vários culativo. Esta é a essência da mágica. Estados para que fossem salvos os bancos, a dívida Outro emergente, o Brasil, reduziu consideravel- pública tornou-se um foco permanente de especula- mente o impacto da crise em2009 por efeito do influxo ção. Em ambos os casos, políticas fiscais restritivas de crédito de seu sistema bancário público, 40% do sis- são ineficazes para o relançamento das economias. tema bancário do país, o qual cresceu 27%, enquanto Assim, nos parece inevitável alguma forma de a expansão do crédito bancário privado ficou em 4%. socialização dos bancos como preliminar da reestru- Se fosse depender apenas deste último, dificilmente turação das dívidas com alguma perda por parte dos a economia brasileira teria se recuperado. investidores, para possibilitar a retomada do desen- Entretanto, sequer a força combinada de todos volvimento econômico e sustentável em escala pla- os emergentes pode, em termos estritamente econô- netária social. micos, funcionar como locomotiva do mundo. Era o que tinha a dizer. Mas os países emergentes podem ser um impor- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ tante sinalizador de alternativas de política econômica. PMDB – MS) – Quero parabenizar V. Exª pelo tema, e Na medida de seu sucesso, e do fracasso inevi- principalmente por essa posição em relação à Emen- tável do novo surto neoliberal nos países ricos, é de da nº 29, que é exatamente a minha posição, Senador se esperar um renascimento nestes últimos da opinião Paulo Paim. pública crítica mobilizando-se no sentido de reverter Com a palavra, como orador inscrito, o Senador sua política economicamente ineficaz e social e politi- Blairo Maggi. camente suicida, destruidora de seu pacto social bá- Depois, o nosso grande Líder José Pimentel. sico ancorado no Estado de bem-estar social. E que O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT. Pronuncia o não há melhor argumento que fatos. seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Sr. Pre- Nosso intuito é, pois, oferecer aos formuladores sidente, companheiro Moka, Srªs e Srs. Senadores, de política econômica da América do Sul uma contri- ocupo a tribuna, nesta tarde de segunda-feira, na nos- buição no campo das idéias para o estabelecimento sa sessão ordinária deliberativa, para fazer um pedido de uma nova estratégia econômica para o continente. aos nossos líderes, ao Presidente da Mesa, Senador Ao mesmo tempo, estamos oferecendo às socie- Moka, e também ao Presidente da nossa Casa, Se- dades de região um conjunto de princípios que even- nador José Sarney, a fim de que possamos, no dia de tualmente sirva para alimentar o debate em torno de amanhã, fazer a leitura do nosso relatório, que vem da nossa situação presente e de nosso destino. Comissão de Meio Ambiente, da Comissão de Ciência Não podemos assistir passivamente a um pro- e Tecnologia, da Comissão de Agricultura e da CCJ, de cesso que pode nos arrastar para o mesmo abismo em todas as nossas indicações e discussões com relação direção ao qual forças retrógradas estão empurrando ao Código Florestal. vários países europeus. Sem uma estratégia clara de Se pudermos, no dia de amanhã, Senador Moka, ação, estaremos condenados ao retrocesso econômi- fazer um acordo, no sentido de que seja lido aqui e feito co, social e político. um acordo entre as lideranças para que, na quarta-feira, Naturalmente, mesmo enquanto região, não es- esse projeto entre em votação no plenário do Senado tamos isolados em relação ao que acontece no resto Federal. Se não houver o acordo de líderes e não for do mundo, em especial nos países industrializados lido amanhã esse projeto, poderemos, na quinta-feira, avançados. se incluído na pauta pelo Presidente e pela Mesa, fazer Embora não possamos influir diretamente nas a votação no plenário do Senado Federal. políticas ali praticadas, podemos chamar a atenção Gostaria de pedir às colegas e aos colegas Se- das respectivas sociedades para suas contradições nadores que já estão na Casa, em seus gabinetes, e incongruências que põem em risco a nossa própria que dêem atenção a esse projeto, se ele ficar para a estabilidade. votação da quinta-feira. Normalmente, esse não é um 296 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49236 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 dia de muita frequência, pois as pessoas começam a matéria já em vigor e, assim, dar tranquilidade ao se- viajar na parte da tarde, mas gostaria de pedir a con- tor produtivo de grãos em nosso País. Muito obrigado. tribuição de cada um para que possamos, Senador O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Agradeço ao Moka, se não na quarta, na quinta-feira, fazer aqui a nosso Líder no Congresso, Senador Pimentel. discussão final, a fim de fazermos o encaminhamento, De fato, temos de seguir nesse rumo para fazer a votação e mandarmos esse projeto para a Câmara com que as coisas cheguem ao planejamento que o dos Deputados, para que lá eles façam os ajustes fi- Governo fez para 2020. nais, um entendimento final, sobre esse projeto. Assim, Concedo a palavra ao Senador Raupp, Presidente poderemos dar a oportunidade à Presidente Dilma de do PMDB. E já espero apoio do PMDB para que ama- sancionar, ainda este ano, esse projeto tão importante. nhã fechemos o acordo. Então, amanhã, passa pelas mãos, pelas nego- O Sr. Valdir Raupp (Bloco/PMDB – RO) – O ciações de nossos líderes aqui no Senado e no Con- PMDB, Senador Blairo Maggi, nunca faltou com o gresso, a decisão de trazer o projeto para esta Casa. seu apoio... Como eu disse, que façamos a sua leitura e possamos O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Nem faltará. votá-lo na quarta-feira, mediante acordo das lideranças, O Sr. Valdir Raupp (Bloco/PMDB – RO) – Nem ou na quinta-feira, sem o acordo, mas com a presença faltará com o seu apoio aos projetos importantes do maciça dos nossos Senadores e Senadoras. País. V. Exª está coberto de razão quando já começa a Concedo a palavra ao nosso Líder, Senador Pi- fazer um apelo às bancadas, às lideranças, aos parti- mentel. dos, para que possamos votar esse projeto ainda esta O Sr. José Pimentel (Bloco/PT – CE) – Senador semana aqui no Senado Federal e que ele siga para a Blairo, quero parabenizá-lo pelo tema que V. Exª traz Câmara dos Deputados, a fim de que haja tempo de para o debate. Devo registrar que, no que depender aprová-lo ainda este ano. Eu acho que qualquer atraso pode significar um grande prejuízo. Eu li muito este final dos líderes do Governo e da base aliada, vamos tra- de semana, que tirei para descansar. Fui sexta-feira balhar para que amanhã possamos aprovar a urgên- ao Estado com o Governador, lançamos e inaugura- cia de plenário e, a partir daí, o Código Florestal ficará mos obras, e tirei o sábado e o domingo para dar uma pronto para ser votado no melhor momento em que as descansada, porque eu já estava um pouco cansado. lideranças entenderem que deve ser votado. Somos Até porque já percorri 23 Estados do Brasil este ano, daqueles que têm ajudado na sua tramitação, com a em função das atividades do PMDB, sem deixar de clareza de que seria importante iniciarmos 2012 com visitar o meu Estado e os trabalhos, intensivamente, essa matéria votada e sancionada, para que os nossos aqui no Senado Federal. De forma que esse projeto produtores da agricultura familiar, o pequeno, o médio está recebendo críticas e elogios. Não poderia ser di- e grande produtor brasileiro, possam ter regras claras ferente. O projeto é muito complexo, até porque muita na safra de 2012 e, ao mesmo tempo, cumprir o pla- gente não sabe como funciona a questão ambiental. nejamento desenvolvido pelo Ministério da Agricultura Todo mundo fala, mas estudar e se aprofundar – não para que, em 2020, daqui até lá, a nossa produção de é, Presidente Moka? – na matéria, são poucos os que grãos possa crescer, no mínimo, mais 25%. Ao mesmo se aprofundam. Mas eu acho que o projeto saiu de tempo, preservando o meio ambiente para as gerações bom tamanho. Tive algumas emendas rejeitadas. Não futuras, mas sem esquecer que precisamos continu- estou aborrecido com isso, porque acho que a minha ar aumentando nossa produtividade, principalmente emenda era a do desmatamento zero, mas acredito aqueles que têm na Embrapa um forte instrumento que a consciência ambiental, tanto no Estado de V. Exª de pesquisa. Portanto, a vontade do Governo, da base quanto no meu Estado e na maioria dos Estados bra- aliada do Governo e de amplo setor da oposição é a sileiros, está tomando conta das pessoas. Eu acredito de votar o requerimento amanhã e construir um en- que, após a aprovação desse novo Código, haverá uma tendimento para que possamos votar, o mais tardar, tendência muito forte de reduzir praticamente a zero o até quinta-feira, no Senado Federal. Depois, a matéria desmatamento. Além disso, acho que vai haver uma voltará à Câmara. Como houve um acompanhamen- vontade maior de reflorestar algumas áreas que foram to de perto das várias lideranças da Câmara sobre a desmatadas. Os Relatores, tanto o Luiz Henrique, em matéria, acredito que poderemos chegar ao dia 22 de três comissões, como o Jorge Viana, na Comissão de dezembro com a matéria totalmente votada. V. Exª, Meio Ambiente, fizeram um trabalho hercúleo, de grande como líder desse setor, tem ajudado muito quanto a destaque em âmbito nacional. E eu espero que, com a essa pauta. Precisamos continuar contando com a sua aprovação aqui no Senado, encaminhando à Câmara ajuda, para que possamos chegar a 2012 com essa e mantendo as modificações que foram feitas aqui no NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 297 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49237 Senado, todos vão ganhar. Vai ganhar o povo brasileiro, amanhã o nosso pleito e o seu pleito para fazermos vão ganhar os produtores, vai ganhar o meio ambiente a leitura do relatório do projeto do Código Florestal. não só do Brasil, mas do mundo, porque o Brasil vai Eu gostaria, no final do meu pedido nesta tarde, saber preservar as suas florestas. Parabéns a V. Exª. de fazer alguns esclarecimentos com respeito ao Có- O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Muito obri- digo Florestal. No final de semana, desde quinta-feira, gado, Senador Valdir Raupp, Presidente do PMDB, fomos procurados por algumas entidades e por agricul- que teve sugestões e emendas não aceitas. Todos nós tores, principalmente, Senador Moka, em relação àquilo tivemos, Senador. Mais de 200 emendas e sugestões que sempre dissemos nessa discussão: para o grande foram feitas a esse projeto. Simplesmente, temos que produtor, a agricultura empresarial, não há discussão, andar pelo meio, ou não chegamos a lugar nenhum. atingiram-se coisas que talvez até nem esperávamos Mas a sua contribuição no dia a dia, nas Comissões que fossem possíveis; mas sempre tive, assim como V. e principalmente no último dia, no debate, quando Exª, durante a construção desse projeto, preocupação fechamos o relatório, foi de grande importância. Não com os pequenos produtores. E são exatamente eles só a sua presença, mas a da Bancada do PMDB. E que, neste momento, encontram dificuldades de enten- mais uma vez eu percebo o quanto esse partido é for- der isso e que, às vezes, até têm colocado dificuldades te. Quando ele quer, ele está unido e consegue fizer para atender aquilo que estamos pedindo, que estamos as coisas andarem. Espero que amanhã tenhamos o propondo que se transforme em lei daqui para frente. apoio do PMDB para levar adiante esse nosso pleito. Por exemplo, há uma questão ainda não enten- O Sr. Valdir Raupp (Bloco/PMDB – RO) – Esta- dida pelo produtor, pelo pequeno produtor do Paraná, mos aguardando V. Exª no PMDB. do Rio Grande do Sul, do Sul e do Sudeste, principal- O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Está bom. mente. Refiro-me à questão da recuperação das APPs Muito obrigado. Chegaremos lá. no que chamam de olho d´água, nascente de água, vertente ou coisa parecida. A lei anterior previa que, no Senador Mozarildo, ouço V. Exª com muito prazer. seu entorno, num raio de 50 metros, deveria ser feita a O Sr. Mozarildo Cavalcanti (PTB – RR) – Se- preservação; nos rios menores, fazia-se uma forma de nador Blairo, primeiramente quero dizer que concordo violão, e esse limite vinha para 30 metros. Nas nego- integralmente com o pronunciamento de V. Exª. Acho ciações, as lideranças e o Governo entenderam que, que nessa questão, que é delicada e em que radicalis- para a recuperação em pequenas propriedades de até mos existem de sobra, o Senado soube construir um quatro módulos e com agricultura familiar, deveríamos grande entendimento. Pessoas como V. Exª, o Senador fazer concessões. Entre outras concessões que foram Moka e eu diria quase a unanimidade dos Senadores feitas, esta também foi feita para todas as propriedades: trabalharam no sentido de que tanto o Senador Jor- a de reduzir de 50 metros para 30 metros de raio na ge Viana quanto o Senador Luís Henrique pudessem área onde há o olho d´água ou a vertente, seguindo a construir, de fato, uma costura capaz de termos uma recuperação dos córregos dentro do que a lei está pre- lei que seja justa com todos, justa com aqueles que, vendo, com 15 metros para recuperação e, se o rio for levados pela orientação dos governos anteriores, fi- muito grande, com no mínimo 30 metros e, no máximo, zeram certas coisas que hoje a legislação entende 100 metros. Então, quanto a essa questão para os pe- diferente, como aqueles que querem, lá na Amazônia, quenos agricultores, tem de haver o entendimento de desenvolver o agronegócio, a média agricultura, a pe- que a recuperação do olho d´água, das nascentes ou quena agricultura. Entendo que o que está posto aí das minas é feita num raio de 30 metros. Foi o mínimo está de muito bom tamanho. Como segundo vice-líder a que conseguimos levar essa discussão. do PTB, posso dizer que o nosso partido também está Outro questionamento feito é relativo ao uso da unido na questão de amanhã votar a urgência, como madeira nas propriedades, ao uso da reserva legal disse o Líder Pimentel, e aprovar esse Código, de for- para a pequena propriedade. Também ficou liberado, ma que a Câmara também tenha tempo de aprová-lo pelo texto – ficou bem entendido e claro –, que os e a Presidente Dilma de sancioná-lo. Acho que o Bra- produtores poderão utilizar parte de sua reserva legal sil vai ganhar muito com isso. É uma legislação que com os limites colocados na lei. Poderão utilizar esse pode não agradar aos radicais, mas àqueles que têm material para fazer lenha, para fazer cabos de ferra- compromisso, de fato, com um Brasil justo e progres- menta, para fazer uma pequena ponte na propriedade, sista agrada sim. enfim, terão o direito de uso desse material dentro de O SR. BLAIRO MAGGI (PR – MT) – Muito obri- sua propriedade sem que haja a necessidade do pla- gado, Senador Mozarildo. Obrigado pelo comprometi- no de manejo, que a lei, até então, exigia de todos. O mento do PTB, Senador Moka, para levarmos adiante pequeno produtor, propriedades de até quatro módulos 298 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49238 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 e as que lidam com agricultura familiar estão isentos José Sarney que, amanhã, teremos de ler o relatório dessa exigência. e marcar a data da votação. Na quarta-feira, com a Outra coisa relativa ao pequeno produtor, à agri- aquiescência dos líderes, ou na quinta-feira – aí já cultura familiar e a propriedades de até quatro módulos terá dado o interstício –, poderemos votar. Mas, para ficou definida e está no texto da lei: para aqueles que votar na quinta-feira, mais uma vez faço um apelo a tinham a ocupação do terreno desde o início até o dia todas as Senadoras e a todos os Senadores que não 22 de julho de 2008, a reserva legal será do tamanho marquem outros compromissos nos seus Estados, que era naquele momento, em 2008, na propriedade. que não tenham outras agendas e que deixem a sua Não haverá necessidade, para propriedades até qua- agenda, para discutirmos o maior projeto que tramitou tro módulos fiscais e para a agricultura familiar, de re- por esta Casa no ano de 2011. É o projeto que todo o composição da reserva legal. Está isento o pequeno Brasil espera, tanto os agricultores pecuaristas quanto produtor. Essa sempre foi a nossa luta. Não há ainda aqueles que defendem a questão do meio ambiente – certeza por parte do pequeno agricultor de que ele os ambientalistas vão chamar dessa forma. possa fazer isso. A partir da votação aqui e na Câmara e da san- Então, são coisas que ficaram definitivas nesse ção da Presidenta da Republica, não haverá o lado Código, que está fazendo com que, no campo e na ganhador ou o lado perdedor. O ganhador será o Bra- agricultura, haja paz para produzir e com que chegue- sil, porque vai produzir conscientemente, e não haverá mos a um consenso com respeito às leis ambientais mais perseguição a ninguém. existentes no Brasil. Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu também gostaria de fazer aqui o registro, Sr. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Presidente, de que, muitas vezes, a imprensa e seto- PMDB – MS) – Agradeço o Senador Blairo Maggi, que, res mais conservacionistas fizeram a mesma pergunta aliás, foi fundamental nessa discussão do Código Flo- para nós, que militamos na agricultura e que temos o restal. Quero dar esse testemunho porque, em todas entendimento de que a agricultura deve ser sustentá- as discussões, em todas as audiências, foi uma voz vel e de que, se a agricultura é sustentável, tem de se experimentada de alguém que realmente tem compro- saber cuidar do meio de produção e também do meio misso com a produção, de alguém que dá exemplo de ambiente. Mas sempre nos fizeram a seguinte pergunta: como deve ser a produção sustentável. quando se vai parar de fazer acordos e acertos, para Com a palavra o Senador José Pimentel, nos- se dar oportunidade de legalização? so líder. Ora, estamos trazendo essa questão para 2008. O SR. JOSÉ PIMENTEL (Bloco/PT – CE. Pro- Mas o importante – este é o registro que quero deixar nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – aqui – é que, de 2008 a 2011, já houve novas ocupa- Sr. Presidente desta sessão, Senador Waldemir Moka, ções, novas conversões e novos desmatamentos em Srs. Senadores, Srªs Senadoras, o Brasil continua na várias regiões do Brasil. É importante deixar registra- caminhada para a geração de empregos, empregos do também – penso que V. Exª não recebeu nenhum formais, que é a grande vontade da nossa Presidenta pleito dessa magnitude de nenhuma associação ou Dilma, dando continuidade ao que o Presidente Lula federação – que ninguém chegou à Comissão para vinha desenvolvendo neste País. Se nós observarmos defender esse pleito de 2008 a 2011. os dez primeiros meses de 2011, vamos verificamos Portanto, Senador Pimentel, assim como estamos que nós já ultrapassamos a 2,2 milhões de empregos dando garantia na lei até 2008, também estamos dando formais com carteira assinada, empregos de verdade, garantia na lei de que, de 2008 a 2011 ou até no dia empregos que efetivamente atendem, em grande par- de hoje, quem fez algo errado, quem desmatou sem te, ao anseio da nossa sociedade. licença, quem desmatou além dos percentuais que a Ao analisarmos o último mês de outubro, constata- lei permitia vai ter de recuperar isso na própria área. mos que tivemos ali mais de 120 mil empregos formais Não há discussão. Não haverá discussão. Não há ar- com carteira assinada, sendo o terceiro melhor mês gumento legal para que não se faça isso. desde que o Caged (Cadastro Geral de Empregados Então, quero crer que essa é a garantia dos seto- e Desempregados) vem fazendo esse levantamento res organizados da agricultura e da pecuária, que en- no nosso País. Quando observamos os setores que tenderam que há uma data de corte, um limite, e que, mais geraram emprego naquele período, vemos que daí para cima, quem tiver feito algo errado, quem tiver o setor de serviços foi aquele que, efetivamente, no se excedido não poderá ser socorrido nesse momento. mês de outubro e também no ano de 2011, mais gerou Então, Sr. Presidente, só para finalizar, mais uma emprego. Isso tem muito a ver com o empreendedo- vez, deixo registrado à Mesa e também ao Presidente rismo individual. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 299 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49239 Desde que o Congresso Nacional aprovou essa Nós temos convicção de que o desenho jurídico matéria, ela entrou em vigor em fevereiro de 2010 e, que o Congresso tem aprovado ultimamente, com o de lá para cá, já são mais de 1,8 milhão de empreen- Plano Brasil Maior, resultado da Medida Provisória 540, dedores individuais formalizados. E a ampla maioria que o Congresso Nacional aprovou na última terça-feira, desse 1,8 milhão é de mulheres, que estão principal- vai contribuir muito com o que a nossa Presidenta vem mente no setor de serviços, no comércio e uma parcela desenvolvendo, com o que a nossa sociedade cobra e também na indústria da confecção. Portanto, esse é com esse processo de enfrentamento da grave crise o desenho base a que temos assistido na geração de econômica por que passam os países das economias empregos no Brasil. centrais do Mercado Comum Europeu e outros países. Outro dado que chama atenção é o baixo índice Nós tivemos o cuidado de ter várias ações volta- de desemprego no Brasil. Agora, no mês de outubro, das para o fortalecimento da indústria brasileira, des- chegamos a 5,8% da população brasileira procurando de o sistema do crédito, da redução dos custos, do emprego ou desempregada, um número muito baixo fortalecimento do mercado nacional, mas passando para os indicadores do Brasil, sendo o menor índice ao também pela diminuição da carga tributária do setor longo da série histórica levantada pelo Caged (Cadas- têxtil, do setor de tecnologia da informação, do setor tro Geral de Empregados e Desempregados). calçadista, do setor de transporte coletivo urbano, en- É bom compreender que ainda temos um núcleo tre outros. Tivemos a isenção da contribuição patronal significativo de jovens entre 18 e 25 anos de idade à sobre a folha dos empregados e a transferimos para o procura de emprego. A grande dificuldade desse pú- faturamento como forma de começar a reduzir o cus- blico é exatamente a falta da qualificação da mão de to Brasil. E isso nós já tínhamos feito com as micro e obra. Entretanto o Pronatec, esse belo programa que pequenas empresas ao longo dos últimos dez anos. a nossa Presidenta lançou no segundo semestre de É por isso que já estamos chegando a 5,72 mi- lhões de micro e pequenas empresa formais no Brasil; 2011, tem como objetivo formar oito milhões de novos um fantástico processo de formação de empresas, de trabalhadores para atender à demanda da indústria, do novos empreendedores, de mais trabalho. É exatamente comércio, do setor de serviços e, com isso, dar mais esse setor que está oferecendo mais emprego, desde oportunidade àqueles que não puderam frequentar as a crise de 2008, tanto em 2009 e em 2010, com a ca- escolas técnicas, completar o ensino médio ou fazer racterística de que grande parte dos empregos gera- graduação, dificultando a oportunidade de um emprego. dos nas micro e pequenas empresas é exatamente o Neste ano de 2012, pretendemos ter, juntamente primeiro emprego, voltado para o jovem que está pro- com a sociedade brasileira, o pacto federativo, o Go- curando trabalho, ainda sem especialização, ao sair do verno Federal, os governos estaduais e municipais, o ensino médio, da sua faculdade. É na micro e peque- setor produtivo, o setor dos trabalhadores, algo em torno na empresa que ele tem a sua primeira oportunidade. de dois milhões de empregos, para dar continuidade a Por isso que o Congresso Nacional, também no essa série de formação de mão de obra em que o Brasil mês de outubro, aprovou, por unanimidade, um conjunto está investindo. E, para isso, só nas escolas técnicas de normas que amplia o teto de enquadramento das federais, que hoje são os nossos Institutos Federais de micro e pequenas empresas, elevando-o para R$3,6 Tecnologia e Educação, deveremos ter algo em torno milhões; uma aprovação unânime aqui no Senado Fe- de 1 milhão de jovens ali chegando para fazer o seu deral, demonstrando o compromisso que tem o Con- ensino médio, o que é importante, tendo também uma gresso Nacional com essas políticas de crescimento profissão e se qualificando para ir para a universidade. do setor empreendedor do Brasil e particularmente da Esse esforço todo tem como objetivo criar um micro e pequena empresa. forte mercado nacional de massas, para que nós pos- O Código Florestal, que o Congresso deverá vo- samos enfrentar a crise econômica que se abate so- tar nesta semana, também faz parte desse processo. bre o Mercado Comum Europeu, que se abate sobre Estamos construindo, no Brasil, um sistema para que a maior econômica do planeta, que são os Estados sejamos o maior produtor de grãos no mundo. Já so- Unidos, tendo uma baixa repercussão no Brasil, como mos em alguns setores e queremos continuar crescen- já aconteceu em 2008. É por isso que a nossa Presi- do. O planejamento da agricultura brasileira, até 2020, denta Dilma tem repetido várias vezes que é preciso prevê o crescimento, no mínimo, de 25% na produção que a gente continue consumindo, que a gente conti- de grãos, mantendo basicamente a mesma área plan- nue gerando emprego, que a gente continue fazendo tada, com o olhar voltado para a produtividade, para a investimentos, para que o Brasil não seja contaminado recuperação das áreas degradadas, mas também para com a crise econômica internacional. a preservação do meio ambiente. 300 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49240 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Foi esse o entendimento que perdurou nas várias Mas, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o comissões do Senado Federal. O nosso Senador Luiz setor de transportes sempre foi vital para o comércio Henrique, o primeiro Relator, e depois Jorge Viana, e para a economia em geral desde a era das Grandes trabalhando em conjunto com ele, bem como o Rela- Navegações, a partir do séc. XV, com o comércio das tor da Comissão do Meio Ambiente, chegaram a esse especiarias do Oriente, a tecnologia de transportes bom projeto, do qual deveremos agora, nesta sema- tem construído a diferença entre nações ricas e po- na, no Senado Federal, concluir a votação, para que o bres. Os transportes são, de fato, a base material da Brasil possa acreditar no seu povo, na sua família, nos globalização muito antes e mais objetivamente que vários setores de sua produção, sem esquecer que a a atual integração das finanças e da informação que agricultura é muito importante para nós. tantos louvam. Somos um dos países que produz para abas- Várias modalidades integram o setor de trans- tecer o mercado internacional, mas tendo sempre o portes: terrestre –rodoviária e ferroviária –; aquática – cuidado de exportar para alimentar os outros povos marítima e fluvial –; e aérea. Mais importante é o fato que precisam da produção de grãos. Com esse olhar, de que essas modalidades se interligam, de modo que quando o planeta chega a 7 bilhões de habitantes, é um produto qualquer – e seus insumos de fabricação que precisamos dar a nossa contribuição, que só é –, quando chega ao consumidor final, terá passado possível se tivermos um Código Florestal equilibrado, por várias. bem planejado, para que a nossa economia continue A intensa interligação das modalidades de trans- crescendo, mas, ao mesmo tempo, protegendo o meio portes caracteriza os países de economia mais avan- ambiente. Que, no dia de amanhã, as nossas gerações, çada, notadamente na Europa. Em países continen- os nossos filhos, netos, gerações futuras, continuem tais, como Brasil, China, Estados Unidos da América tendo o Brasil, que é o quinto país do mundo em ex- e Rússia, as modalidades terrestres assumem impor- tensão territorial, como um grande produtor de grãos. tância fundamental para a integração nacional e para Por isso, Sr. Presidente, eu acredito que, com es- o escoamento da produção de áreas distantes para os sas medidas que o Congresso Nacional vem tomando, centros urbanos e para a exportação. o Senado principalmente, junto ao Governo Federal, No Brasil foi tomada, historicamente, uma opção junto ao pacto federativo, junto ao nosso setor produ- pela predominância do rodoviarismo. Essa já era, Sr. tivo, nós vamos passar por esta crise que hoje está Presidente, a tônica nos tempos da República Velha, avassalando, está atingindo as economias centrais. de quando provém a frase do Presidente Washington Nós, que somos uma economia emergente, sabere- Luiz, segundo o qual governar seria abrir estradas. mos diferenciar e, acima de tudo, ter excelente resul- É preciso reconhecer, entretanto, que a moda- tado em 2012, como estamos tendo em 2011, que é lidade rodoviária ganhou mesmo prevalência a partir continuidade do que nós fizemos em 2010. do Governo de Juscelino Kubitschek e das adminis- Portanto, eu quero aqui parabenizar a forma como trações militares. a nossa Presidenta Dilma tem conduzido a economia De fato, durante o governo autoritário, o discurso brasileira e, particularmente, parabenizar os Senado- oficial era no sentido de cruzar o País por eixos rodo- res e o Congresso Nacional. viários. Sonho ou delírio? A Transamazônica é, talvez, Vou encerrar, Sr. Presidente, até porque o nos- o melhor exemplo do quanto essa opção pode ser ir- so Valdir Raupp tem uma atividade logo em seguida realista, se não for respaldada por um planejamento e pediu que a gente aqui pudesse reservar certo tem- que tenha em vista a realidade econômica. po para que ele também possa fazer uso da palavra. É verdade que, nos últimos quarenta anos, o Brasil Muito obrigado. passou por um processo de acentuada interiorização. O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Hoje existem áreas de produção agrícola e industrial PMDB – MS) – Com a palavra, na sequência, o Se- importantes nas regiões Centro-Oeste e Norte, que nador Valdir Raupp. eram antes inimagináveis. Só que essa produção ain- O SR. VALDIR RAUPP (Bloco/PMDB – RO. Pro- da encontra seu limite, seu gargalo na capacidade de nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) escoamento por nossa malha de transportes. – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, Ciente da relevância do escoamento dessa pro- quero agradecer a gentileza do Senador José Pimen- dução para o progresso do País, a Confederação Na- tel por ter encurtado o seu pronunciamento devido ao cional dos Transportes (CNT) vem executando e pu- seu compromisso e ao meu também, daqui a pouco, blicando anuamente, desde 1995, a Pesquisa CNT de no Palácio do Planalto. Queria agradecer de coração Rodovias, de cuja edição de 2011 colhi as informações a gentileza do Senador. para este pronunciamento. Trata-se de trabalho sério, NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 301 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49241 fundado em critérios técnicos, que já se tornou uma O relatório destaca, Sr. Presidente, por sua im- referência para todos, no meio empresarial ou político- portância econômica, o chamado “corredor da soja”, -administrativo, que se interessam pelo tema. entre Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, e Parana- Para fins da pesquisa, são percorridas todas as guá, que compreende trecho da BR-163 até a cidade rodovias federais e as estaduais de maior relevância de Cascavel, e a BR-277, dali até o porto oceânico. para a economia regional. A avaliação de seu Estado Cerca de 23% dessa extensão, correspondentes à é realizada segundo três critérios básicos, cada um BR-277, foram considerados em ótima condição; os com subitens específicos. O primeiro critério é o da 66% do trecho no Mato Grosso do Sul receberam grau geometria da via, quer dizer, suas características de “bom”, e segundo os dados do relatório, acrescentam projeto, desenho de curvas, existência ou não de acos- 12,5% ao custo operacional do transporte, o famigerado tamento, pontes e viadutos. Como segundo critério, a custo Brasil, que onera nossas exportações e reduz a CNT avalia as condições do pavimento e, como último competitividade do País. critério, a sinalização. Finalmente, há 10% da extensão do corredor que Para cada subitem – e cada um dos critérios ge- receberam a nota “regular”, o trecho mato-grossense e rais –, a rodovia recebe uma nota conceitual que varia aquele, pequeno, embora, entre a divisa Mato Grosso– de “ótimo” a “péssimo”, passando por “bom”, “regular” Paraná e Cascavel. A participação calculada desses e “ruim”. O resultado geral, que leva em conta os três trechos no incremento do custo operacional é de 4,2%. conceitos, até surpreende: 12,6% da extensão das Trata-se de uma amostra do quanto o Estado estradas brasileiras receberam “ótimo”; 30%, “bom”; e abaixo do ideal de nossos corredores de exportação outros 30,5%, “regular”. O lado negativo dos resultados onera os produtos de regiões distantes do litoral, como reside no fato de que o critério de geometria da via foi a nossa Região Norte. o que apresentou conceito pior: apenas 4,2% de “óti- O relatório CNT também trata dos acidentes ro- mo”, 19% de “bom” e 27,3% de “regular”; no conceito doviários. Os números vêm crescendo rapidamente péssimo, figuram 32% da extensão de nossas rodovias. desde 2006, passando de 110,4 mil para 183,3 mil em Esses dados médios, entretanto, tendem a escon- 2010. Os números de mortos e feridos crescem pro- der as diferenças entre as regiões que podem ser mui- porcionalmente. O destaque infeliz fica com a Região to pronunciadas. Nos grandes corredores rodoviários, Nordeste, cujos números brutos de mortalidade supe- por exemplo, todos os trechos julgados em péssima raram, em 2010, os da Região Sudeste, com extensão condição se localizavam em um único Estado: Goiás. e movimento muito maiores. No geral, o conceito “ótimo” somente foi concedido O relatório Pesquisa CNT de Rodovias de 2011 a 0,8% da extensão rodoviária do Norte, a 6,4% do mostra o quadro real da malha rodoviária, deficiências Centro-Oeste e a 3,8% do Nordeste, em comparação e qualidades. com os 24,6% do Sudeste e os 19,7% do Sul. Na re- O panorama total até me surpreendeu, pela pre- gião Norte, 23,2% da malha rodoviária analisada re- valência geral de rodovias julgadas em estado ótimo, ceberam o conceito “péssimo” – o pior resultado entre bom ou regular. Pena que concentradas nas regiões todas as regiões. mais ricas, Sul e Sudeste, a despeito do forte crescimen- Em Rondônia, três trechos receberam grau “bom”: to econômico e produtivo recente das outras regiões. 168 quilômetros da BR–429, entre as proximidades de É urgente o investimento intenso, por São Miguel e Alvorada do Oeste e a confluência com exemplo, de duplicação dos eixos mais mo- a BR–364; a BR–364, entre Ariquemes, onde se en- contra a BR–421, e Porto Velho; e a mesma BR-364, vimentados, nas malhas de norte, nordeste da confluência com a BR–425. e centro-oeste, para que também seja mais A mesma BR–364, entre a divisa com Mato Gros- interessante aos empresários aplicar em ati- so e Ariquemes, recebeu o grau “regular”, assim como vidades produtivas nessas regiões. seu trecho entre a capital e aquela confluência com Eu já fiz, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a BR–425, assim como os 34 quilômetros em territó- um desafio, no início deste ano, à Presidente Dilma rio rondoniense da BR–174. Dois trechos receberam Rousseff, uma Presidente que está tendo um alto de- classificação “ruim”: os 81 quilômetros da BR–421, sempenho, uma alta aprovação do seu trabalho. Mas entre Montenegro e Ariquemes, e os 148 quilômetros eu faria aqui, mais uma vez, esse desafio: que pudés- da BR-425. semos, nos próximos três, quatro anos dobrar nossa Cabe ressaltar que a única nota “péssimo” para malha duplicada de rodovias. Nós não podemos mais trechos rodoviários no Estado veio do quesito geome- continuar, Senador Waldemir Moka, que, como Vice- tria da BR-421. -Presidente, preside esta sessão neste momento. Nós 302 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49242 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 temos apenas cinco mil e poucos quilômetros de rodo- precisamos duplicar. Precisamos dobrar ou duplicar a vias duplicadas. Uma malha de mais de 60 mil quilôme- nossa malha de rodovias duplicadas. tros de rodovias federais com quase 200 mil quilôme- Resta fazer o elogio à iniciativa da CNT, de manter tros de rodovias asfaltadas, entre rodovias federais e essa estrutura de pesquisa já por quinze anos. estaduais. Não é possível. O Brasil está lá, talvez, em O relatório é fonte de informação preciosa para último lugar entre todos os países do mundo, devido o empresário de qualquer setor, pois todos dependem à extensão de suas rodovias em rodovias duplicadas. do transporte e para os níveis federal e estadual de Então, lanço, aqui, mais uma vez, este desafio às Governo. autoridades de transporte do Governo Federal, para Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. que dupliquemos nossas rodovias. Vamos dobrá-las, Muito obrigado. triplicá-las. Essa malha rodoviária duplicada só assim O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ fará com que diminuamos os acidentes e melhoremos PMDB – MS) – Inscrito na sequência o Senador Edu- o custo Brasil. ardo Amorim. Eu queria ainda, antes de terminar, Sr. Presiden- O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC – SE. te, fazer um parêntese em meu pronunciamento para Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) relatar um triste fato que ocorreu no meu Estado neste – Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, para falarmos final de semana. sobre a Conferência Nacional de Saúde, precisamos Nove pessoas morreram em acidente na BR-364. retroceder no mínimo 76 anos, quando esta foi iniciada, Já foram mais de 150, creio, só neste ano. cumprindo o dispositivo do parágrafo único do art. 90 O trágico acidente, ocorrido na BR-364, sábado da Lei nº 378, de 13 de janeiro de 1937. A realização último, deixou um saldo de nove mortos, entre eles, José das Conferências de Saúde foi mantida, e, em 1990, Eduardo Frandsen, Gerente da Emater em Ariquemes- a Lei nº 8.142 as consagrou como instâncias colegia- das de representantes dos vários segmentos sociais, -RO, além de sua mulher, Conceição Andrade; o neto com a missão de avaliar e propor diretrizes para a Gabriel Fernandes Toigo e a filha, Thamara Aparecida formulação da política de saúde nos níveis municipal, Coco Frandsen. Todos moradores daquele Município. estadual e federal. O acidente ocorreu a 10 quilômetros de Ariquemes na Foi também a partir da Lei nº 8.142 que ficou tarde de sábado. estabelecido que a periodicidade para a realização Segundo informações da polícia, também morre- das Conferências de Saúde seria de quatro em quatro ram os ocupantes do veículo Hyundai Tucson, Pastor anos e que elas deveriam contar necessariamente com Dimas Fernandes, sua esposa Pastora Rose Fernan- a participação dos movimentos sociais organizados, des, Pastor Carlos Alberto, Pastor Raimundo e o inte- das entidades ligadas à área da saúde, dos gestores grante da igreja, Ailton, que retornavam a Porto Velho e dos prestadores de serviços de saúde. após participarem de um evento religioso ocorrido na Os objetivos principais das Conferências têm cidade de Ji-Paraná. sido o de avaliar a situação de saúde e o de propor A tragédia envolveu um veiculo Hyundai, modelo orientações aos governos na elaboração de planos de Tucson, de Porto Velho, e um veículo Chevrolet Corsa. saúde e na definição de ações que sejam prioritárias O veículo Hyundai, devido à chuva e à água na pista, nos âmbitos dos Municípios, dos Estados e da União. veio a aquaplanar, rodando na pista, momento em que Um fato importante que tem sido observado é colidiu com o Chevrolet Corsa. o aumento da participação da sociedade civil. Dessa Lamento profundamente esse acidente e trans- maneira, articula-se para garantir os interesses e as mito as minhas sinceras condolências às famílias das necessidades da população na área da saúde, além vítimas. de assegurar as diversas formas de pensar o SUS. Sr. Presidente, esse é um exemplo de uma ro- Não nos podemos esquecer de que a gestão partici- dovia não duplicada. Se fosse uma rodovia duplicada, pativa e a apropriação do direito à saúde são um de- mesmo um carro tendo uma aquaplanagem ou saindo safio constante. da pista, a possibilidade de uma colisão frontal seria A 1a Conferência Nacional de Saúde, realizada em pequena. Ele acabaria saindo, talvez até capotando, 1941, teve como tema a “Situação Sanitária e Assisten- mas jamais bateria de frente com outro veículo. cial dos Estados”; em 1963, durante a 3a Conferência É por isso que defendo – tenho batido nisso du- Nacional de Saúde, já se discutia a “Descentralização rante todo este ano – a duplicação das nossas rodovias na Área de Saúde” e, na Conferência seguinte, reali- federais. Há alguns Estados que já estão duplicando zada quatro anos depois, os “Recursos Humanos para suas rodovias, mas, sobretudo as rodovias federais, as Atividades em Saúde”, Sr. Presidente. NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 303 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49243 Em 17 de março de 1986, data do início da 8a Tudo isso ratifica a necessidade de voltarmos a Conferência Nacional de Saúde, aberta pelo primei- discutir, o quanto antes, os 10% da receita da União ro Presidente Civil após a ditadura e hoje Presidente para o SUS, proposta esta que já foi votada no Senado desta Casa, o Senado Federal, Senador José Sarney, em 2008. E, com a manutenção dessa proposta que houve a primeira Conferência Nacional de Saúde aber- consta no projeto original, a saúde poderá receber cer- ta à sociedade, tendo sido isso muito importante na ca de R$32 bilhões, escalonados até 2014. propagação da Reforma Sanitária. O próprio Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, Dessa Conferência, resultou a implantação do já mencionou que o SUS precisa de pelo menos mais Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (Suds), R$45 bilhões. A forma como defendemos a regulamen- e o mais importante, Senhor Presidente, foi o fato de tação da Emenda Constitucional nº 29, de fato, não re- terem sido formadas, na ocasião, as bases para a se- solve o problema, mas o minimiza, e, neste momento, ção “Da Saúde” da nossa Constituição Cidadã. é o que pode ser feito. A Constituição de 1988 foi um marco na história da Sr. Presidente, defendo, firmemente, o princípio da saúde pública brasileira. No seu art. 196, considera-se percentualidade. Os Estados são obrigados a investir “a saúde direito de todos e dever do Estado, garantido 12% em saúde; os Municípios, 15%; o Distrito Federal, mediante políticas sociais e econômicas que visem à 12%. E a União, o outro ente federado, deveria adotar redução do risco de doenças e de outros agravos e ao o mesmo princípio da percentualidade e, portanto, in- acesso universal e igualitário às ações e serviços para vestir 10% no SUS. Por que não, Sr. Presidente? sua promoção, proteção e recuperação”. Embora sejamos todos sabedores de que mais O tempo passou, e, nesta semana, no dia 30 de recursos para a saúde são necessários, sabemos novembro – mais precisamente, depois de amanhã –, também que não necessitamos de novo tributo, e não acontecerá a abertura da 14a Conferência Nacional acredito que esta Casa o aprove. E é por tudo já dito de Saúde, com o tema “Todos usam o SUS! SUS na aqui que reitero minha defesa pela aplicação do princí- Seguridade Social – Políticas Públicas, Patrimônio do pio da percentualidade, para que esse seja estendido Povo Brasileiro”, Sr. Presidente. à União, deixando claro o meu apoio pela aprovação Sabemos que outro tema de extrema importân- da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29, cia para Saúde precisa urgentemente ser votado pelo como no autógrafo remetido por esta Casa à Câmara Plenário desta Casa, qual seja a regulamentação da dos Deputados em 2008. Não podemos, Sr. Presiden- Emenda Constitucional nº 29. Tenho a consciência de te, abrir mão desse requisito. que o assunto é delicado, uma vez que trata da aloca- O SUS precisa, sim, de mais investimentos, e os ção de mais recursos federais, sobretudo, para o SUS 10% garantirão mais investimentos. O SUS precisa, e, o mais importante, sem a criação de novo imposto sim, de qualidade nos gastos, e a Emenda nº 29 fará ou de nova contribuição. isso, dizendo o que é verdadeiramente gasto em saúde A regulamentação da Emenda nº 29 garante ao e também o que não é gasto em saúde, para – repito SUS qualidade nos seus gastos, já que ela diz o que – que os maus gestores, os descomprometidos com são gastos com saúde e o que não são gastos com a saúde não gastem os poucos recursos com aquilo saúde, para que aqueles maus gestores, para que os que não é saúde. descomprometidos com a saúde não utilizem os pou- O SUS também precisa de um terceiro item: uma cos recursos da saúde e os gastem com o que, ver- política de recursos humanos, como a 3ª Conferência dadeiramente, não seja saúde. Nacional de Saúde pautou, um tema atual e extrema- Contudo, devemos nos lembrar que o desempe- mente necessário. nho brasileiro no financiamento público em saúde é O SUS, Sr. Presidente, finalmente, precisa de 40% mais baixo que a média internacional. Já somos um quarto elemento, que é transparência na missão considerados o sétimo maior PIB do Planeta, é ver- de cada ente federado. Qual a missão verdadeira da dade, Sr. Presidente. Em contrapartida, ostentamos o União? Qual a missão dos Estados e do Distrito Fe- septuagésimo segundo (72°) lugar no quesito investi- deral? Qual a missão dos Municípios? É necessário mento público em saúde. Ainda falta muito a percorrer, que isso fique claro, para que cada cidadão e cada Sr. Presidente. cidadã, em qualquer canto deste País, desta Nação, Em relação ao gasto público em saúde, a situa- onde quer que estejam, saibam de qual ente federado ção apresentada pelo Brasil fica abaixo do padrão de cobrar na hora em que faltar um serviço, na hora em países vizinhos, apesar de termos um nível de desen- que faltar um medicamento. volvimento maior que o dos demais países da região Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente. e mais riquezas naturais. Muito obrigado. 304 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49244 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ Senadores, das emendas individuais ao Projeto da PMDB – MS) – Agradeço a participação do Senador Lei Orçamentária para o ano de 2012. Eduardo Amorim. A cada um de nós foi permitido apresentar até 25 Também quero dizer da importância do tema, do emendas, não computadas as emendas de bancada, qual sou solidário. Achamos que nós temos de regula- perfazendo um total de R$15 milhões, dos quais, obri- mentar a Emenda nº 29. É o único caminho possível. gatoriamente, R$ 2 milhões deveriam ser destinados Quero me somar ao pronunciamento de V. Exª. às atividades de saúde. O SR. EDUARDO AMORIM (Bloco/PSC – SE. Quanto às emendas de bancada, como de costu- Fora do microfone.) É um dos caminhos, Sr. Presidente. me há vários anos, aloquei um montante de recursos, Muito obrigado. que são os mais volumosos, para as instituições pú- O SR. PRESIDENTE (Waldemir Moka. Bloco/ blicas de ensino superior no Estado de São Paulo. Por PMDB – MS) – Na sequência, Senador Eduardo Suplicy. exemplo, no ano passado, cada Senador só poderia O Sr. Waldemir Moka, 2ª Vice-Presidente encaminhar uma emenda, seja para as universidades deixa a cadeira da Presidência, que é ocupada estaduais ou para as federais do Estado de São Paulo. pelo Sr. Paulo Paim. Então, combinei com o Senador Aloizio Mercadante, naquele ano, que ele destinaria um volume maior de O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – emendas para as estaduais, como a USP, a Unicamp RS) – Está valendo, Senador Suplicy. e outra, e eu destinaria para as universidades federais. O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP. Pro- Este ano, os recursos, da ordem de R$40 milhões, nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – foram destinados, em bloco, a projetos desenvolvidos Sr. Presidente Paulo Paim, gostaria de informá-lo que, ontem, no Rio de Janeiro, visitei o Museu Afro Brasil, conjuntamente pelas universidades federais no Esta- onde está a exposição da Ipeafro, e vou encaminhar a do, quais sejam, Universidade Federal de São Carlos, V. Exª o livro desta exposição, que a Elisa Larkin Nas- Universidade Federal de São Paulo e Universidade cimento, viúva de Abdias Nascimento, pediu-me que Federal do ABC. Tais recursos deverão ser aplicados entregasse em suas mãos, com a dedicatória dela e em investimentos de infraestrutura, possibilitando a com o agradecimento à sua atenção, sobretudo pelas ampliação e a reforma de seus campi. iniciativas tomadas durante a semana passada, dedica- Esta tem sido uma prática que venho desenvol- da à consciência negra e ao objetivo da igualdade racial. vendo nesses diversos anos. Achei muito interessante. Pela primeira vez, visitei No tocante às emendas individuais ao Orçamento, aquele museu e recomendo a V. Exª, a todos os brasi- adotei como prioridade este ano, assim como tenho feito leiros e mesmo a todos os estrangeiros que conheçam ao longo de meu mandato, nesta ordem, as áreas de a bonita exposição, que constitui uma obra de arte de saúde e as de educação mais carentes ou com maior todos os trabalhos de Abdias Nascimento, que conta volume de atendimento ou de alunos do Estado de São muito da história do negro e também das atividades Paulo. Além da saúde e da educação do Estado, des- desenvolvidas por ele na criação do teatro experimen- tinei um considerável volume de recursos financeiros tal negro e tantas questões e obras, inclusive quadros para a área de cultura e de infraestrutura municipal. desenhados por ele. Tendo em vista haver aprovado emenda na Lei de Tenho certeza de que V. Exª vai apreciar muito Diretrizes Orçamentárias (LDO) – que traça os objeti- uma visita ao Museu Afro Brasil. Fica na avenida Rio vos e metas a serem seguidos pela Lei Orçamentária Branco, junto à Biblioteca Nacional, defronte à Câma- Anual – com o objetivo de permitir a alocação de re- ra Municipal da cidade do Rio de Janeiro. Se não me cursos para programas de transferência de renda sem engano, é a avenida Rio Branco, 241. condicionalidades, à luz daquilo que é previsto na Lei O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) nº 10.835, de 2004, que institui, por etapas, a critério – Recebo o livro com muita alegria, Senador Suplicy. do Poder Executivo, a Renda Básica de Cidadania, O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT – SP) – destinei uma de minhas emendas individuais para o Venho à tribuna do Senado hoje, Sr. Presidente, para Programa de Renda Básica de Santo Antonio do Pinhal. expor a forma, da maneira mais transparente possível, Tomei tal decisão por ser Santo Antonio do Pi- como delineei as emendas que fiz para o Orçamento nhal o único Município brasileiro que aprovou uma lei de 2012, no direito que todos nós, Senadores, temos, criando um programa de renda básica municipal, que ou seja, uma de nossas principais responsabilidades. harmoniza o desenvolvimento econômico e social A última 5ª feira marcou o final do prazo para a sustentável com a aplicação dos princípios de justiça, remessa por todos os Parlamentares, Deputados e os quais justifiquem a prática da solidariedade entre NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 305 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49245 todos os munícipes e, sobretudo, para garantir maior A esmagadora maioria das emendas que apre- grau de dignidade para todos. sentei foi destinada aos órgãos públicos. Para as emen- Para a área de Saúde, destinei as seguintes das que foram destinadas a órgãos de saúde privados, emendas: R$500 mil para a Associação de Assistência tive o cuidado de me assenhorear de informações das à Criança Deficiente – AACD; R$200 mil para a San- atividades das entidades junto aos órgãos municipais ta Casa de Misericórdia de Ourinhos; R$500 mil para – prefeitura e secretaria municipal de saúde. a Rede Sarah de Hospitais; R$200 mil para a Santa Avalio que tão importante quanto destinar recur- Casa de Caraguatatuba; R$1 milhão para a Fundação sos orçamentários para entidades que prestam exce- Amaral Carvalho – Hospital do Câncer de Jaú; R$500 lentes serviços à população do Estado de São Paulo mil para a Fundação Antônio Prudente – Hospital AC é fazê-lo de modo transparente, visando possibilitar a Camargo – Hospital do Câncer de São Paulo; R$500 que todo cidadão possa acompanhar, de forma direta, mil para a Fundação Oswaldo Ramos – Hospital do a aplicação dos recursos oriundos dos tributos pagos Rim e Hipertensão de São Paulo; R$500 mil para a por todos nós. Fundação Pio XII – Hospital do Câncer de Barretos; Assim, Sr. Presidente, aqui descrevo a maneira R$500 mil para o Grupo de Pesquisa e Assistência ao como tomei a decisão de destinar os recursos a mim Câncer Infantil de Sorocaba (GPACI); R$500 mil para atribuídos para necessidades importantes do Estado o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da de São Paulo e do Brasil. Avalio que essa é uma das Universidade de São Paulo (USP); R$500 mil para o principais atribuições de cada Senador, de cada De- Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas putado Federal. É muito importante que venhamos (Unicamp); R$500 mil para o Hospital e Maternidade sempre a dar total transparência a essas finalidades. Celso Pierro de Campinas; R$500 mil para o Hospital Muito obrigado, Sr. Presidente. São Paulo; R$500 mil para a Santa Casa de Sorocaba; O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) – Esse foi o Senador Eduardo Suplicy, que fez seu R$500 mil para a Irmandade Santa Casa de Misericór- pronunciamento, brilhante como sempre, e dando-me, dia de Jaboticabal; R$200 mil para a Santa Casa de inclusive, o livro da esposa do nosso querido e ines- Misericórdia de Marília; e R$2 milhões para o aparelha- quecível Abdias Nascimento, África-Brasil. mento de unidades de saúde no Estado de São Paulo Muito obrigado, Senador Suplicy. que atendam pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Passo, de imediato, a palavra ao Senador Delcí- Para a educação do Estado, destinei as seguintes dio do Amaral, que vai fazer um pronunciamento com emendas: R$500 mil para a Escola Dieese de Ciência aquela competência de sempre, que todos conhece- do Trabalho; R$500 mil para a Fundação de Apoio à mos. V. Exª, de fato, faz pronunciamentos que todos Universidade de São Paulo – Biblioteca Brasiliana – que temos orgulho de ouvir. justamente tem o acervo do Sr. José Mindlin; R$500 O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco/PT – MS. mil para a Universidade Paulista Júlio de Mesquita Fi- Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do ora- lho – Unesp; e R$200 mil para a Escola Municipal de dor.) – Muito obrigado, Presidente Paim. Agradeço a Santo Antônio do Aracanguá. oportunidade e cumprimento os demais Senadores e Para a área de Cultura, destinei as seguintes Senadoras. emendas: R$200 mil para a construção de um Centro Meu caro Presidente Senador Paim, V. Exª tam- Cultural e um Teatro em Borá; e R$500 mil para a re- bém é um homem que acompanha este assunto mui- forma do Centro Cultural Vladimir Herzog. to de perto – eu não podia deixar de destacar isso –, Para a infraestrutura estadual, destinei uma emen- assunto que tem sido recorrente em meu Estado de da de R$2 milhões, que contempla o desenvolvimento Mato Grosso do Sul, como o é em outros Estados urbano municipal do Estado de São Paulo. Para essa brasileiros. Recentemente, os jornais e a televisão, do área, é possível que, com tais recursos, possam ser Brasil e do exterior, noticiaram mais uma vez conflitos contemplados ainda alguns Municípios que venham a indígenas, desta vez lá na fronteira com o Paraguai, ter necessidades prementes ao longo do ano. na região de Amambai, no meu Estado. No ofício em que comunico e encaminho o es- Sr. Presidente, eu tenho uma preocupação muito pelho das emendas para as entidades beneficiárias, grande com relação a esse tema. Eu ouvi o Senador encareço aos responsáveis que me informem, em Blairo falar aqui sobre o Código Florestal, um proje- tempo oportuno, o desenvolvimento da aplicação dos to que mereceu atenção especialíssima de todos os recursos, a fim de que eu possa acompanhar, durante Senadores e Senadoras e que, sem dúvida nenhu- todo o próximo ano, como cada entidade tem executa- ma, representa um passo importante não só para os do a despesa permitida por cada emenda. pequenos agricultores, mas para os médios e gran- 306 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49246 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 des também, para o agronegócio e para as questões de lideranças que foram a essa reunião é exatamente ambientais reiteradamente debatidas e discutidas no no sentido de buscar uma saída pacífica. Senado Federal. Espero que este ano venhamos a Como eu disse inicialmente, sobre o Código Flo- aprovar o Código Florestal – ele retorna para a Câmara restal, nós esperamos que o Senado o aprove esta –, cujo texto evoluiu ainda mais aqui. Eliminamos as semana mas os conflitos indígenas nós precisamos inseguranças jurídicas e alcançamos o que era pos- buscar definitivamente uma solução, principalmente sível alcançar, Senador Paim, ao longo de todo esse em Mato Grosso do Sul. tempo. Se nem todas partes estão satisfeitas, muito Mato Grosso do Sul é um grande produtor, um possivelmente conseguimos construir... Todas as par- Estado voltado para agronegócio, com terras ricas, tes têm alguma ressalva, mas também elogiam aquilo ao mesmo tempo em que tem a segunda população que foi aqui produzido. Eu entendo que chegamos a indígena do Brasil, Senador Ivo Cassol. Portanto, nós um texto equilibrado, a um texto possível, e essa foi temos muitas riquezas, não só sob o ponto de vista uma grande vitória do Senado Federal. econômico, mas cultural, histórico. E temos essa honra Mas, assim como o meu Estado e os produtores de, hoje, Mato Grosso do Sul contar com a segunda rurais do meu Estado, os pequenos, os médios, os população indígena do nosso País. grandes produtores, os ambientalistas do meu Estado, E nessa discussão, meu caro Senador Paim, nós esperavam e esperam pela aprovação, pelo Senado, procuramos mostrar a realidade do nosso Estado. Em do Código Florestal – o nosso Estado que se orgulha algumas aldeias, nós temos uma superpopulação in- dos seus biomas, especialmente nós temos lá cer- dígena, mas aldeias que já foram demarcadas, meu rado, mas temos o Pantanal, que é de uma riqueza caro Presidente Paim. Portanto, a solução para que extraordinária, e isso nos honra muito –, desse novo a gente estenda as áreas no sentido de atender a al- texto desenvolvido aqui pelos Senadores Luiz Henri- gumas etnias indígenas que hoje vivem em verdadei- ros campos de concentração, é a aquisição de novas que e Jorge Viana também, que fizeram um trabalho terras, novas áreas. Mas partindo do princípio de que exemplar. Quero registrar aqui também o trabalho do essas áreas já foram demarcadas e, portanto, agora é Senador Moka, que teve um papel muito importante uma aquisição pura e simples pagando por terra nua nesses debates. e pagando por benfeitoria. Portanto, nesse caso, não Mas há um outro assunto, meu caro Presidente valeria o art. 231. Por quê? Porque é uma extensão Paim, que nos aflige. Volto novamente ao início da mi- daquela área já demarcada. nha fala aqui: os conflitos indígenas, os conflitos entre E por outro lado, meu caro Presidente Senador produtores rurais e etnias indígenas. Paim, a outra alternativa, discutida amplamente com o Recentemente, todos os Senadores e Senadoras Ministro José Eduardo Cardoso, é aproveitar o grupo tomaram conhecimento de notícias sobre o assassinato de trabalho criado pelo Conselho Nacional de Justiça, de um cacique guarani-caiowá, no município de Amam- por iniciativa da Corregedora, Ministra Eliana Calmon. bai. As informações são bastante desencontradas; eu É um grupo de trabalho com a participação de vários mesmo entrei em contato, no dia que aconteceu tudo setores da sociedade, para efetivamente, sob o pon- isso, diretamente com o Ministro José Eduardo Car- to de vista legal e jurídico – o Conselho Nacional de dozo, que prontamente me atendeu. Já era bastante Justiça que é comandado pelo Ministro Peluso –, nós tarde da noite, ele estava numa agenda no Nordeste, buscarmos uma solução para esses casos onde há di- mais especificamente em Natal, e obteve informações vergências com relação à tradicionalidade das terras, da Polícia Federal. Independentemente das versões, porque existem trabalhos que estão sendo realizados meu caro Presidente Senador Paim, nós precisamos por antropólogos da Funai em Mato Grosso do Sul, e buscar uma saída definitiva para essa questão. As in- que, naturalmente, em função até do próprio trabalho, formações são contraditórias, mas os acontecimentos os ânimos começam a se alterar e, consequentemen- concretamente sinalizam para uma situação de gran- te, quem perde com isso é o Estado, são as etnias, os de instabilidade no nosso Estado e eventualmente em produtores – todos nós perdemos. outros Estados brasileiros. Nessa reunião com o Ministro José Eduardo Car- Há algum tempo, nós estivemos no Ministério dozo, nós propusemos aproveitar esse grupo de traba- da Justiça conversando com o Ministro José Eduardo lho, talvez mudando um pouco a sua composição, a fim Cardozo para que ele pilotasse esse processo de Mato de que, para aquilo que efetivamente traz algum tipo Grosso do Sul. Foi uma reunião longa, foram mais de de dúvida no que se refere a áreas historicamente indí- duas horas e meia de reunião, a Funai tem ciência des- genas, aproveitássemos esse grupo de trabalho criado sas iniciativas também, mas a preocupação nossa e pelo Conselho Nacional de Justiça, para, realmente, NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 307 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49247 dirimir todas as dúvidas e juridicamente encerrar de que está acontecendo. Mato Grosso do Sul não pode uma vez por todas os conflitos. E, importante, meu caro continuar vivendo desse jeito. É um Estado importante Senador Paim, respeitando o art. 231. Porque eu já vi para a Federação e nós não podemos continuar nessa aqui propostas de mudança, propostas de emenda à insegurança. Alguns produtores não conseguem buscar Constituição para mudar o art. 231, que foi uma grande financiamento para sua produção, porque a área está vitória das etnias indígenas na Constituição de 1988. sendo inspecionada por antropólogos. E muita gente, Mas, dentro desse critério, adotaríamos soluções que, inclusive, usa dessa situação para ameaçar bancos, por exemplo, o Rio Grande do Sul adotou. para que não financiem produtores que têm terras que Muitas pessoas, na época do Presidente Getúlio estão sob a análise da Funai. Vargas, transferiram-se para a região oeste e tem áre- Então, nós criamos uma situação extremamente as tituladas, propriedades tituladas. Várias gerações complexa no Estado e Mato Grosso do Sul não me- trabalharam nessas áreas e a família foi constituída. rece isso, a população do nosso Estado não merece Portanto, são áreas absolutamente sem nenhum tipo isso, acima de tudo. Nós somos um Estado rico, pu- de questionamento sob o ponto de vista formal. jante, mas isso é absoluta prioridade. Com o Código Percebe-se que efetivamente aquilo que foi veri- Florestal agora votado, nós precisamos resolver es- ficado como área indígena, historicamente, adotando sas questões indígenas urgentemente. E o Governo o modelo do Rio Grande do Sul, o Governo Federal Federal, volto a dizer, não pode subestimar o que está assumindo que houve equívoco nesses assentamen- acontecendo, porque vão vir coisas piores. E nós es- tos, nós não ferimos o art. 231 da Constituição. Então, tamos insistindo para que efetivamente esse assunto indenizamos os produtores pelas benfeitorias – que é caminhe dentro do Governo Federal, especialmente o que o art. 231 determina – e indenizamos também no Ministério da Justiça. a terra nua, a partir do momento em que o Governo Senador Ivo Cassol, é muita honra ser apartea- Federal reconhece esse equívoco. do por V. Exª. Isso foi feito no Rio Grande do Sul, numa solu- O Sr. Ivo Cassol (Bloco/PP – RO) – Obrigado, ção muito bem desenhada. Mas temos muitas preocu- Senador Delcídio, pelo aparte. Eu quero aqui para- pações. Com relação ao fato que aconteceu agora o benizá-lo por trazer essa situação que vive não só o nosso Partido dos Trabalhadores foi muito contundente. Mato Grosso, mas o Brasil inteiro, e dizer ao senhor Houve um movimento forte na Assembleia Legislativa que, infelizmente, essa situação que nós estamos e várias lideranças nossas se posicionaram, porque vivendo em nível nacional... Nós somos da base do isso expõe o nosso Estado. Fica a impressão de uma Governo, mas, infelizmente, as raízes, as origens são terra sem lei, de um descontrole das relações cidadãs da própria base do Governo. O senhor levantou uma que devem existir entre todas as pessoas que ali vivem. situação aí que é preocupante. Ela vai se complicar E isso deve se repetir em outros Estados brasileiros. mais ainda. Não é só no Mato Grosso, é pelo Brasil Eu estou insistindo muito, meu caro Presidente afora. Nós temos várias situações. A Funai editou mais Senador Paim, em que o Ministro José Eduardo Car- de 70 portarias criando uma instabilidade no campo, dozo precisa buscar uma solução, colocar esse grupo criando conflito agrário. Fui Governador do Estado de e trabalhar conosco para equacionarmos isso definiti- Rondônia e, com muita tristeza, vi a maneira como a vamente, porque outros problemas virão. Subestimam Funai e a Funasa atendia aos índios. O que os índios, quando nós levamos essa questão, Senador Ivo Cassol, na verdade, estão precisando, Sr. Presidente Paim, é ao Governo, achando que o assunto não é tão sério de atendimento da Funasa, eles estão precisando de como se imagina. O assunto é grave! O assunto é grave! apoio da Funai. Pode perguntar aos índios de Rondô- E é importante registrar também, meu caro Pre- nia que eles não querem mais terra. Ele querem ser sidente Paim, que a decisão sobre Raposa Serra do tratados como seres humanos e, infelizmente, o que Sol estabelece uma série de compromissos que, sem está acontecendo é o inverso. Temos antropólogos, al- dúvida nenhuma, podem servir como referência de gumas pessoas, algumas autoridades, que estão indo conduta para resolver essas questões no âmbito do buscar ampliação dessas áreas, a exemplo próximo de País em vários Estados brasileiros. Ali, os Ministros Porto Velho, onde já existem assentamentos, famílias do STF, estabeleceram critérios muito claros para que de pequenos e médios produtores e lá já existe uma a gente equacionasse, sob o ponto de vista jurídico, portaria para redemarcação, veja bem, não é demarca- essas questões. ção mas sim redemarcação da área e que vocês aqui Então, eu quero aqui registrar, meu caro Senador no Senado, no ano passado, aprovaram a diminuição Paim, as minhas preocupações, demais Senadores do parque Flona do Bom Futuro para compensação e Senadoras, com os desdobramentos de tudo isso da usina de Jirau e havia uma área indígena ao lado, 308 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49248 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 que poderia ter sido aproveitada aquela parte que é do tempo, dar condição de estabilidade para todo mundo. próprio parque. Não, estão indo onde está produzindo É como o senhor falou agora há pouco: quem está em arroz, feijão, milho, onde existe gado. Não é diferente redor de onde o antropólogo está fazendo uma vistoria na 429, proximidade de São Miguel, proximidade de não se financia, não se faz isso, não se apóia, não ajuda São Francisco, seringueiro no Porto Murtinho, famílias como se aquela pessoa não tivesse família e não qui- assentadas pelo Governo Federal, que já estão lá há sesse continuar produzindo seu próprio sustento com 20 anos, 25 anos, e agora estão indo lá buscar pane- sua própria mão calejada. Portanto, V. Exª tem razão la, buscando isso ou aquilo, porque lá no passado ou de levantar essa questão, agora nós, aqui nesta Casa, viveu o seringueiro, porque na Amazônia havia muito precisamos urgentemente dar essa garantia para todo seringueiro e índio, que se deslocou para outro lugar, mundo e, ao mesmo tempo, nós precisamos do pre- e também está criando conflito naquela situação. Não sidente da Funai, que semana passada foi ouvido na é diferente na Ponta do Abunã, divisa com o Acre. Em comissão da Câmara dos Deputados – os Deputados Extrema, Nova Califórnia e Vista Alegre também se querem estar em cima da situação vivida – e muitas criou um conflito nessa região com pessoas, famílias, coisas piores virão pela frente ainda, porque são cria- que saíram e foram ocupar um pedaço de terra. Temos das pela própria estrutura do Governo Federal, que que tratar essas pessoas como heróis, diferente da- nós estamos aqui dando segurança para que possa queles que vivem nas favelas assaltando e traficando. e trabalhar com dignidade e não simplesmente para Do que precisamos nesta Casa? Dar condições para desmontar a paz que a gente vive no País. Por isso que se dê um basta na maneira que está sendo feito. conte com o Senador Cassol! Essa instabilidade no campo está gerando uma situa- O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco/PT – MS) ção como a que está acontecendo no Mato Grosso do – Muito obrigado, Senador Cassol. E eu quero regis- Sul. Não pactuo, de maneira nenhuma, que ninguém trar aqui que eu tive oportunidade de visitar, junto com use arma, da maneira como muitos têm usado por aí. o Senador Mozarildo e outros Senadores a reserva É o contrário. Nós, nesta Casa, temos a condição de Roosevelt e o que aconteceu naquela reserva foi uma ajudar e contribuir para que todo mundo, especialmente coisa triste, não só para Rondônia mas para o Brasil. como V. Exª falou que aprovamos na Comissão do Meio E o que me chamou a atenção também foi a riqueza Ambiente, na semana passada, o Código Florestal, que daquela reserva. Eu só vi reservas de diamantes pa- está vindo a esta Casa amanhã, criando garantias no recidas na África do Sul, onde o diamante aflora a 10, campo. Ao mesmo tempo, vemos alguém dizer o se- 15 centímetros do chão. guinte: “Não, o Governo Federal – quando eu falo go- Mas eu acho que o importante é isto e V. Exª disse verno eu falo de todos – vai indenizar as pessoas que de forma muito direta: nós queremos paz, nós quere- ficaram dentro da área.” É conversa para boi dormir: mos preservar as nossas etnias, nós precisamos pre- não indeniza nada, enrola todo mundo, empurra com a servar também quem trabalha no campo, quem produz. barriga e deixa as pessoas morrerem para, de repente, O Brasil é um país que busca, acima de tudo, receber alguma coisa no futuro. Então, do que é que cidadania, igualdade de direitos para todos. Portanto, nós precisamos? Primeira coisa: aos índios do Brasil, não podemos subestimar o que está acontecendo em a todos, do Amazonas, do Mato Grosso do Sul, onde vários Estados brasileiros. houver, nós temos é que dar condições para que eles Então, Senador Paim, além do Código Florestal, possam viver no meio da sociedade com dignidade. que foi citado aqui como o nosso grande desafio – para Vou dar um exemplo aqui: no Estado de Rondônia, a todos nós –, temos agora a questão indígena. maior jazida de diamante do mundo é da reserva Roo- E um terceiro ponto, caro Senador Paim, o Sena- sevelt. Está lá a extração ilegal até hoje. Eu denunciei do não pode deixar de debater e discutir: a questão de extração ilegal, fiquei por anos manchado na mídia fronteira. Como diz o Milton Nascimento, com todo o mundial e na mídia nacional como se eu fosse um dos desenvolvimento que hoje o Centro-Oeste apresenta, beneficiados. Fui investigado a vida inteira. A extração muita gente vive de costas para Brasil, vive no litoral. ilegal de madeira, autorizada por órgãos federais que Hoje, o maior desafio que o Brasil tem é uma política não podiam ter autorizado: IBAMA, Ministério Público vigorosa para as regiões de fronteira. Federal – o Procurador na época que o representava O Estado de V. Exª faz fronteira com países im- – e depois o Governo do Estado, sendo pichado pela portantes da América do Sul; o do Senador Ivo Cassol mídia ou pelo Ministério do Meio Ambiente como se a mesma coisa; o meu Estado, Mato Grosso do Sul, nós estivéssemos deixando tirar madeira ilegal. É isso idem. Vários Estados fazem fronteira com países da que nós temos que combater. O que nós precisamos é América do Sul. Para o Brasil efetivamente se desen- buscar paz, paz no campo, paz na terra e, ao mesmo volver, precisamos de uma política agressiva na área NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 309 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49249 de fronteira, e com o empenho de vários ministérios E, Sr. Presidente, eu não poderia deixar aqui de e dos países vizinhos. Mas vou falar sobre isso em destacar – jamais imaginei dar uma notícia dessa – que outra ocasião. acabou de falecer, em um acidente automobilístico, Portanto, esses são os três pontos fundamentais, em Ponta Porã, o Dr. Egídio Brunetto, que é gaúcho, pelo menos para o meu Estado, em que temos que nos mas vive em Mato Grosso do Sul e é o coordenador debruçar e encontrar as soluções necessárias. do MST em nosso Estado. Uma figura importante, uma Meu caro Presidente Paim, eu não poderia deixar liderança que todos nós aprendemos a respeitar. Ele é de destacar isto hoje, quer dizer, a grande possibilida- daquela região que faz fronteira com Santa Catarina, de de aprovarmos o Código Florestal e a necessidade de Erechim, e escolheu o nosso Estado para viver, de o Ministério da Justiça se empenhar a fim de que deu-nos essa honra. Lamentavelmente, nós acabamos encontremos a solução para os conflitos entre etnias de perdê-lo em um desastre automobilístico. Por isso, indígenas, nossos irmãos, nossos patrícios indígenas quero aproveitar a oportunidade para me solidarizar e os produtores. E o terceiro ponto, absolutamente com a família do Egídio, desejar que Deus ilumine e fundamental: faixa de fronteira. Temos o Programa de abençoe a todos eles neste momento difícil e, acima de Aceleração do Crescimento. E eu falei com o Ministro tudo, dizer que estamos absolutamente à disposição. Fernando Bezerra recentemente. Até hoje, Senador Foi uma honra para nós trabalhar com o Egídio, um Ivo Cassol, eu cobro uma política de fronteira. Prome- homem decente, um homem digno e que levou com teram-me isso há nove anos e até hoje eu não vi uma determinação e com espírito público as causas que o política de desenvolvimento da região, as vocações. MST defendeu e as bandeiras que o MST tem defen- Essa violência nasce onde? Nas fronteiras, por- dido ao longo de sua história, não só no País, porque que as pessoas não têm perspectivas. Então, elas são ele é uma liderança nacional, mas especialmente no capturadas pelo crime organizado, pelo tráfico, pelo nosso Estado. Muito obrigado, meu caro Presidente, Senador contrabando. Temos que ver as vocações das regiões, Paim, pela oportunidade de vir à tribuna nesta segun- as respectivas vocações das regiões fronteiriças, esti- da-feira. Agradeço os apartes do Senador Ivo Cassol mular essas vocações, investir nas pessoas, promover e agradeço aos demais Senadores e Senadoras, mas projetos de desenvolvimento econômico e social nas não poderia deixar de aqui me despedir do nosso que- regiões de fronteira, a utilização dos equipamentos rido coordenador do MST, o nosso Egídio, que, infeliz- comunitários, escolas e hospitais. Nós não podemos mente, nos deixou hoje. adotar uma filosofia de SUS para a região de fronteira O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) igual à do restante do País, porque atendemos nossos – A Presidência se soma à manifestação de V. Exª, em irmãos paraguaios e nossos irmãos bolivianos. Reco- nome da Casa. O trabalho que fazia Egídio Brunetto na nhecimento de cursos, o ir e vir das pessoas que vi- linha de buscar soluções, inclusive para os conflitos... vem na região de fronteira, a mineração em faixa de E quero apenas me cumprimentar, porque eu fronteira, as medidas de caráter sanitário. Veja V. Exª disse, antes de V. Exª falar – e eu estou me cumpri- o que Mato Grosso do Sul sofreu por causa da aftosa; mentando –, que V. Exª faria um discurso nacional. E nossa fronteira é seca com o Paraguai. o fez, porque a questão indígena é uma questão gra- Então, são políticas que levam a uma discussão ve em todo o País. Lá no Rio Grande do Sul, estão ampla do Brasil com os países vizinhos também, e uma pedindo uma audiência pública na Assembleia para política de governo. Acabar, eliminar esses desequilí- discutir esse tema. brios quando, nas cidades fronteiriças, o comércio sofre Por isso V. Exª, quando fala do seu Estado, pe- porque, do nosso lado, a carga tributária é brasileira gando a questão indígena, falou de um problema na- e, do outro lado, os incentivos são gigantescos. Até cional e que, de fato, não tem como o Ministério da posto de combustível, em determinados Municípios. Justiça não trabalhar na linha de buscar saídas para E vou citar Ponta Porá. Do outro lado da avenida, que o conflito. E, aí, como foi dito, tem que indenizar, tem é dentro do Paraguai, um posto da BR Distribuidora, que demarcar, tem que ver quem é quem na linha da em que o preço dos combustíveis é muito mais baixo construção da justiça. Esse foi o seu pronunciamento. do que do lado brasileiro. Uma avenida separa um país Mais uma vez, meus cumprimentos. de outro. Então, esses desequilíbrios, essas desigual- O SR. DELCÍDIO DO AMARAL (Bloco/PT – MS) dades têm que acabar com políticas comuns nessas – Muito obrigado, Presidente Paim, pela oportunidade. regiões. Nós temos uma pauta difícil a cumprir e uma O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – pauta que exige empenho de todos nós, Senadores RS) – Passamos a palavra ao Senador Ivo Cassol. e Senadoras. Em seguida, Senadores Vital e Ricardo Ferraço. 310 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49250 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 O SR. IVO CASSOL (Bloco/PP – RO. Pronun- Sr. Presidente da Infraero, o Senador Ivo Cassol, cia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) –Sr. eu próprio estou lhe fazendo um convite: pegue sua Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é com alegria que, família e várias malas... Também o Diretor de Aero- mais uma vez, ocupo a tribuna desta Casa, especial- portos, João Márcio Jordão, e o Presidente Antonio mente para parabenizar as empresas que, há poucos Gustavo Matos do Vale. dias, foram destaques na revista Você S/A Exame, da Para se ter uma ideia, Sr. Presidente, precisamos Editora Abril, edição de 15 anos, que divulgou o mês estar, no mínimo, uma hora antes no aeroporto e mais de setembro, o Guia Você S/A e Exame – As melhores três horas, praticamente, no ar. E quando se chega a empresas para você trabalhar. Brasília temos que ficar mais de uma hora aguardan- Desde 97, a revista faz todo ano esse levanta- do a bagagem para passar no único aparelho de raio mento, pesquisando, analisando as práticas de gestão X, porque a Infraero não tem competência, não tem de pessoas e das empresas brasileiras. No primeiro visão, não tem gestão. anuário, eram 30 empresas que faziam parte da pes- E toda semana, Sr. Presidente Antônio Gustavo. quisa; hoje, são mais de 500 empresas. O Guia se tor- O cacete vai pegar. Eu tenho condições, Sr. Presiden- nou referência no mercado de trabalho nacional como te, de deixar um assessor meu voltar lá para buscar a o principal instrumento para medir clima e práticas de mala, mas e os demais brasileiros? As demais pessoas gestão de pessoas. de família que se deslocam não só de Rondônia, mas Quero parabenizar todos esses profissionais da Edi- do Acre, dos demais Estados de faixa de fronteira? tora Abril pelo brilhante trabalho realizado e divulgado, Como é que fica a situação? Enfrentam horas e ho- bem como os diretores e funcionários da Cooperativa ras de fila nos aeroportos, e até para pegar bagagem de Crédito do Centro Sul Rondoniense, Sicoob Credip, cria-se burocracia, sem criar estrutura para atender à por estar entre as melhores empresas do Brasil para se população. Na semana passada, eu disse que, se não trabalhar com credibilidade. É um exemplo para as tem condições, se não tem estrutura, que se faça um demais empresas seguirem, de Rondônia e do Brasil. levantamento, mas que se faça como amostragem. A Cooperativa tem 15 anos de mercado e 155 Aqui em Brasília tem dois raio X, mas só um trabalha. funcionários. Situada no Município de Pimenta Bueno, Ao mesmo tempo, vejo com tristeza o Correio a 516 km da capital, Porto Velho, está presente em 18 Braziliense, que disse o seguinte numa matéria de fi- Municípios de Rondônia e vêm se destacado por suas nal de semana: “Apagão aéreo ameaça férias de fim práticas, com gestão eficiente e na busca pelo desenvol- de ano”. E alguém diz o seguinte: “Mas a pessoa lá é vimento das competências de cada funcionário, inclusive um técnico...”. Pode ser um técnico, não tem proble- com a oferta de bolsas de 50% nos cursos de graduação ma nenhum, mas tem de ter visão de futuro, tem de e pós-graduação que estejam relacionadas ao negócio. ter gestão administrativa, tem de ter visão para cobrar. Além da demonstrada qualidade no ambiente de Porque dinheiro tem, Sr. Presidente, a Infraero tem trabalho, a Sicoob Credip se destaca também pelo seu dinheiro. O povo brasileiro paga taxa de embarque. crescimento acelerado: 31% em 6 meses, e tem a pers- Infelizmente, ficamos à mercê das normativas, das pectiva de abrir mais três novas agências até o final mudanças, sem sequer saber se colocaram a estrutura desse ano. necessária para isso. Por que não colocam um raio X Parabenizo, mais uma vez, todos os diretores e fun- em Porto Velho? Presidente da Infraero, coloque um cionários dessa Cooperativa, que continue crescendo e raio X em Porto Velho, passe toda a bagagem por lá, expandindo cada vez mais, gerando emprego e renda, mas não deixe as pessoas feito bobas, feito cobaias e que sirva de exemplo para os demais empresários aqui no aeroporto de Brasília, aguardando as malas. de nosso Estado de Rondônia e do Brasil. E não era só o Senador Ivo Cassol. Lá havia prefeitos, Também quero deixar meu abraço a Salatiel, que comerciantes, empresários, pessoas com compromis- é o Presidente e que controla as demais cooperativas so. E eu com o compromisso de vir a esta Casa hoje do Estado de Rondônia. porque temos Ordem do Dia. E aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, Srªs Infelizmente, ficou provado que é falta de gestão, e Srs. Senadores. Mais uma vez, nosso trabalho, que o que continua prevalecendo dentro da Infraero. Não no final de semana é em nosso Estado, Senador Paim, podemos concordar com isso! nosso Presidente, na segunda-feira, começa cedo aqui. E não é só isso. O Presidente talvez esteja até O trabalho é árduo, mas aqui representamos o povo estranhando eu falar isso, mas, ao invés de o senhor de nosso Estado. E aqui, mais uma vez, quero levar a ir para Palmas passear, ou para algum outro lugar, ve- público a precariedade que a Infraero estabelece nos nha para Rondônia, venha para os Estados de faixa aeroportos brasileiros. de fronteira e volte junto comigo para ver a dificuldade NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 311 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49251 que enfrentamos, Sr. Presidente. Essa é uma questão Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, Srs. Senadores, administrativa, uma questão para a qual já se deveria há vários pontos para ser modificados, como substituir ter tomado providência. Fiz um discurso na semana as pontes de madeira por pontes de concreto. passada e não teve um na Infraero que teve coragem O processo licitatório já deveria ter acontecido. de pegar o telefone e de me ligar para saber o que es- Por situações iguais a essa, acaba emperrando; por tava acontecendo. Não teve um! Não teve um! E olha situações iguais a essa, acaba atrasando; por situações que tem funcionários, olha que tem assessores. Mas iguais a essa, muitas dessas pessoas, dessas famílias, acham que são estrelas, acham que estão acima de dessas cidades, como Seringueiras, como São Fran- nós, que representamos o povo, porque somos eleitos cisco, como Costa Marques, vão continuar isoladas. com o voto do povo. Eu falei com o Prefeito de São Miguel hoje, o Acham até que estão acima da nossa Presidente Fenali, que está em Brasília e que ficou no aeroporto, aguardando as malas, por mais de 40 ou 50 minutos; Dilma, porque o mínimo que podem fazer é dar condi- e também com o Celso Garda, do Município de Serin- ções para que o sistema possa funcionar e para que gueiras. Comentamos a situação. O Governo Federal possamos aumentar nos quatro cantos deste País a liberou dinheiro, foi dada a ordem de serviço, mas as busca para diminuir distâncias. Em vez de viajar de obras, infelizmente, viraram uma cabritada: mais de 30 ônibus, viajar de avião. milhões de recursos públicos desviados. Presidente da Infraero, Antonio Gustavo, convido Não são todos os lotes, não. Aqui, a denúncia é o senhor, acompanhe-nos, venha junto de lá para cá, bem clara. Nós temos dois trechos que, esses, sim, têm espere aqui na fila e saia correndo para cá, para poder problemas. Mas quem foram os beneficiados? Quem marcar presença e participar das votações. acabou levando vantagem nisso? Eu sei quem ficou Infelizmente, na segunda-feira da semana passa- no prejuízo. Quem ficou no prejuízo, na verdade, foi da, ocupei esta tribuna para comunicar o que estava o povo do nosso Estado; quem ficou no prejuízo foi a acontecendo no nosso Estado, que envolve políticos, população de São Miguel, a população de Seringuei- envolve servidores públicos, secretários de Estado, ras, a população de São Francisco, de São Domingos, comissionados. E, no final de semana, mais uma ação de Costa Marques. Não pelo trecho deles, de Costa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal acon- Marques, mas pelo trecho que interliga no meio, que teceu no nosso Estado, exatamente no Dnit. Foram lá perdeu a qualidade por falta de seriedade; pelo envol- e apuraram irregularidades na BR-429, que interliga o vimento de fiscais de obras, prejudicando o povo do trecho próximo a Alvorada do Oeste até perto de Se- nosso Estado. ringueiras, São Francisco, passando por São Miguel. Ao mesmo tempo, não foi só isso, não. Outro Denunciei as obras, como Governador. De péssi- exemplo aconteceu há pouco tempo: os falados via- ma qualidade. Aqui, no documento, foram mais de 30 dutos da cidade de Pimenta Bueno, que viraram até milhões desviados. A obra era de 160 milhões – mais símbolo de gozação. E o povo de Pimenta Bueno, que de 30 milhões desviados! está me assistindo, sabe disso. Digo mais para o povo de Rondônia: na indicação Quantas vezes eu falei que íamos fazer uma dis- para a continuação do diretor do Dnit do nosso Estado, coteca em cima, fazer um restaurante embaixo? Mas, graças a Deus, o Dnit, depois de anos após anos, con- eu não assinei a permanência do Diretor Superinten- seguiu concluir essa obra. dente do Dnit de Rondônia e Acre. Não assinei e disse A população da cidade de Pimenta Bueno está por que não assinava: porque as obras do nosso Esta- clamando para que concluam, para que aproveitem do não tinham qualidade. Tanto que a empresa refez, e coloquem alguma complementação nessas obras, refez de novo, mas, depois de feita, não tem jeito. É para que a parte de baixo, entre o rio Pimenta e o rio todo ano tapando buraco. Melgaço, não fique isolada. Portanto, não indiquei, não apoiei a indicação de Para isso, precisamos que o Ministério dos Trans- José Ribamar Oliveira, que foi exonerado. E quero aqui portes, o diretor, a equipe do Dnit concluam essas parabenizar o Ministro dos Transportes, que exonerou, obras, que as coloquem no Orçamento, para que pos- na última sexta-feira, o Superintendente do Dnit. Ele e sam integrar mais uma vez Pimenta Bueno, que foi mais quatro colegas foram afastados de suas funções isolada de um ponto a outro. por essas irregularidades. Mas é só isso, Sr. Presidente? Não! Infelizmente, são obras que perdem a qualidade, Na cidade de Ariquemes, houve recursos que Sr. Presidente. É dinheiro que vai para o ralo, é a po- também foram para o Município de Ariquemes. E as pulação da BR-429 que vem sofrendo há tantos anos. obras, como é que ficaram? Inacabadas, pela meta- 312 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49252 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 de. Recursos perdidos. Mas, só em Ariquemes? Não! Para isso, precisamos estar empenhados diutur- Em Porto Velho também não é diferente. Havia recur- namente. Para isso, precisamos estar irmanados com so para fazer viaduto em Porto Velho, e, por denúncia um só propósito: tirar as dificuldades que aparecem dos próprios deputados estaduais, por vereadores, pela frente e, ao mesmo tempo, trazer a condição e a falaram que o gato comeu parte do dinheiro que era facilidade para produzir muito mais. para fazer os viadutos. É essa a busca do Senador Ivo Cassol. É isso Eu fui Governador e Prefeito por dois mandatos. que busco junto aos meus pares, para poder trazer Eu não alisava aquele que abonava; aquele que fazia; tranquilidade no campo, na cidade e em todos os lu- aquele que ganhava, não produzia e não cumpria o gares, a exemplo do que o próprio Senador Delcídio contrato. Mas agora está licitado novamente. É mais do Amaral falou aqui. uma chuvarada que vem pela frente, e, mais uma vez, Além da questão das demarcações, das divisões o povo de Porto Velho, para cruzar a BR-364, para das áreas indígenas, como disse no aparte, as famí- chegar até o trevo do Roque, para sair rumo a Rio lias indígenas precisam de atendimento digno pela Branco, no Acre, vive momentos de agonia a toda a Funasa, o que não têm. Elas precisam, na verdade, hora, sem contar os equipamentos. Para se chegar às de atendimento digno pela Funai, cujo dinheiro, muitas usinas de Santo Antônio e Jirau, paralisa-se o trânsito vezes, não chega lá. Quantas vezes já vi o dinheiro da de Porto Velho. Funasa, sendo desviado pelo caminho! Alguém devol- Recomeçaram as obras, mas elas ficaram prati- veu esse dinheiro? Não. Foi preso, depois solto, e os camente dois anos paradas. índios acabaram tomando prejuízo! É isso que nós precisamos mudar. É essa quali- Ainda agora que o Senador Delcídio levantou uma dade que conclamo para que seja acompanhada passo situação verdadeira – e eu também o fiz desta tribuna: a passo. Nós não podemos perder os poucos recursos a questão de faixa de fronteira. Estão botando a Po- que vão para as obras de infraestrutura, não só para lícia Pacificadora nos morros do Rio. É uma iniciativa Rondônia, mas que vão para todo esse Brasil afora, louvável! Parabéns ao Governador do Rio! Mas isso só especialmente para os Estados da Região Amazônica, vai ter sucesso, se coibirmos, na faixa de fronteira, a que são os Estados mais sofridos. entrada de droga e de arma, porque a droga é a arma Além disso tudo, recebo reivindicação do Presi- que fomenta o crime nos grandes centros urbanos, e dente da Associação Comercial de Pimenta Bueno, ela está chegando nas periferias, está chegando nas Edimar Cosmo da Silva – a quem deixo o meu abraço pequenas cidades. –, que representa aquele povo, representa a classe É por isso que o Estado de Rondônia está, in- produtora, que faz a diferença neste Brasil. Nós jamais felizmente, com o sistema prisional lotado. Boa parte podemos desestruturar o comércio e a área. Uma outra dos presos que estão lá são federais. A maioria é en- situação, Edimar: da mesma maneira que vocês estão volvida com droga. E por onde passa? Pelo nosso na- na cidade de Pimenta Bueno, uma parte isolada não vai riz! Na faixa de fronteira! Por isso, sou a favor de que ser diferente em Porto Velho. Muitos dos comerciantes o nosso Exército Brasileiro, a nossa Aeronáutica, em de Porto Velho, muitos dos comerciantes também de vez de ficarem instalados nas capitais – por exemplo, Ji-Paraná, quando começarem a fazer a pista lateral, em Porto Velho –, que fiquem em Guajará-Mirim; em e se a obra ficar, de repente, pela metade, isso vai vez de ficarem em Cuiabá, que fiquem na divisa com quebrar muitos comerciantes. a Bolívia, com o Paraguai do outro lado. É por isso que defendi e continuo defendendo o Devemos usar a nossa estrutura, Sr. Presidente, aeroporto de Ji-Paraná. A bancada federal, em conjunto, para trazer tranquilidade para dentro de casa. Hoje, colocou recurso no Orçamento Geral da União, para infelizmente, a droga está acabando com muitas fa- que possamos fazer a obra de uma vez e não fazê-la mílias. O crack está tomando conta, e ele vem dessas aos pedaços; não fazer por partes. Esse aeroporto de áreas desprotegidas. Ji-Paraná está no coração do Estado de Rondônia. Falta estrutura? Faltam recursos? Faltam, mas É o aeroporto que favorece todos os Municípios não falta vontade. Precisamos que essas drogas se- da Zona da Mata, no entorno de Ji-Paraná, sem con- jam combatidas na raiz. tar também o grande aeroporto da cidade de Cacoal, Há poucos dias, nesta Casa, estavam querendo que, se Deus quiser, em breve, fará os primeiros voos, criar mais um plebiscito. Solicitavam, mais uma vez, colocando Cacoal e a Zona da Mata no resto do Brasil, uma pesquisa entre a população quanto ao desarma- ao mesmo tempo buscando novos conhecimentos, no- mento, para desarmar mais do que está desarmado. vas tecnologias, levando qualidade de vida para quem Hoje não precisamos buscar mais desarmamen- mora especialmente na Região Amazônica. to, porque quem está matando, quem está assaltando NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 313 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49253 é bandido, e as armas usadas são armas roubadas Eu falei aqui, na semana passada, para os am- muitas vezes das delegacias de polícia, dos quartéis; bientalistas. Até colocaram matérias no jornal, dizendo são armas que passam na região de fronteira. Então, que eu tinha falado isso, falado aquilo. Não falei nada precisamos, sim, de cuidar das nossas fronteiras, para disso, não. Mas quero fazer um desafio: mostre-me, dar segurança e trazer paz; e não de gastar dinheiro. um dos ambientalistas, se na sua terra, no seu Estado, O dinheiro que seria gasto, mais uma vez, com o ple- vocês colhem feijão em árvore, se vocês colhem boi biscito – porque a população já decidiu o que quer –, em árvore, se vocês colhem arroz em árvore. Digam- deveria ser colocado nas mãos das Forças Armadas, -me, porque, aí, em Rondônia, vamos ter fartura. Nós para que possam ter mais dinheiro para cuidar das vamos trazer para o resto do País. nossas faixas de fronteira. Isso só dá quando você produz, quando você Por isso, Sr. Presidente, ocupo mais uma vez pega no cabo da enxada, na ferramenta. Aí dá dife- esta tribuna para defender os interesses do povo de rença. Até a banana que dá no pé, sem você plantar, Rondônia, cobrando desta tribuna o que está errado você não colhe. Nós temos a castanha-do-pará, mas na administração federal. é um complemento alimentar. Nós temos o açaí, que é Sou do PP, que faz parte da base da Presidente o suco de açaí, que vem para fortalecer como comple- Dilma. Vou continuar trabalhando diuturnamente para mentação. Mas nós precisamos é do feijão, do arroz, defender suas ideias, seu projeto. O Brasil precisa dessa da carne, da farinha, do trigo. E o leite, que sustenta integração, mas o que está errado vou sempre denun- as nossas crianças? O leite é que traz vida. ciar. O que não estiver correto, sempre trarei a público. Eu não conheço nenhum animal que trepa numa A única maneira de separarmos o joio do trigo árvore para comer. Até os macacos sobrevivem da é tirarmos aqueles que querem mamar a vida inteira, fruta das árvores. aqueles que querem simplesmente um cargo, estabi- Portanto, é muita demagogia, é muita falta de lidade, e não querem ou não têm competência para responsabilidade, Sr. Presidente, quando vejo pessoas responder com a verdade ao anseio da população. que estão ganhando à custa do povo brasileiro faze- Há mais pela frente. Se alguém pensa que aqui, rem o que fizeram com o nosso Senador Luiz Henrique em Brasília, ficará tudo bem, que está tudo ótimo, volta e com o Senador Jorge Viana, na semana passada, e meia uma tempestade passa por aqui. E muitas até quando, na verdade, nós, produtores, queríamos muito chegaram a falar de Rondônia, Srªs e Srs. Senadores! mais. Mas eles, com sabedoria, com responsabilidade, Mas eu quero dizer que, infelizmente, o Brasil in- intermediaram e buscaram um bom entendimento para teiro está contaminado. E aqui, em Brasília, infelizmen- todo mundo. Nem todo mundo conseguiu o que queria. te, a situação se complica mais ainda. Mas por que se Eu sou contra queimadas em qualquer sentido. complica mais ainda? Porque aqui é a nossa Capital Eu sou contra nova derrubada em qualquer sentido. Federal. Aqui tudo acontece no âmbito do Brasil. Co- Como produtor, sou um exemplo. Na minha propriedade, meça por aqui. Aqui tudo é bonito. 50% estão preservados, como dizia o Código Florestal. Eu tenho falado, diuturnamente, nos meus dis- (Interrupção do som.) cursos, que aqui, do nosso gabinete, olha-se para um lado e vê-se um lago bonito; olha-se para o outro e O SR. IVO CASSOL (PP – RO) – Mas há alguns vê-se tudo florido; olha-se para o outro lado e vê-se que não o fazem (fora do microfone.). Um minuto para o Banco Central, que tem muitos andares para baixo, concluir, Sr. Presidente. abarrotado de dinheiro. Mas no nosso Brasil afora vê-se Infelizmente, há alguns que, mesmo que esteja- tanta carência, tanta necessidade, tanta desigualdade mos trabalhando aqui para fazer o novo Código Flores- social, que nós precisamos corrigir. tal, acabaram colocando os pés pela cabeça. Esses têm Ao mesmo tempo, temos a responsabilidade, aqui de ser punidos. Esses têm de ser responsabilizados. nesta Casa, de trazer essa garantia constitucional para E temos que ter uma preocupação maior ainda: as pessoas que produzem, que trabalham, a exemplo respeitar a potencialidade regional. Nem todos os lo- do que fizemos com o Código Florestal, que amanhã cais, em cada Estado, são bons para produzir o que vamos debater aqui, para que possamos aprová-lo nes- se produz no Centro-Oeste ou no Norte ou no Sul. te plenário; para que possamos trazer a paz no campo, Por isso, fico feliz de ter participado como titular para que os ambientalistas trabalhem lado a lado com na Comissão de Meio Ambiente e na Comissão de quem produz e coloquem na mesa de vocês o que vo- Agricultura. Se amanhã, se Deus quiser, juntamente cês precisam para sobreviver. Que os ambientalistas com os demais pares desta Casa, dermos mais estabi- parem, de uma vez por todas, de tratar quem produz lidade ao campo, dermos garantia para as instituições neste País como se fosse criminoso. financeiras e, ao mesmo tempo, trouxermos aqueles 314 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49254 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 que estavam na ilegalidade, infelizmente cometidos Inicialmente, é preciso questionar se a violência pelos irresponsáveis que ocuparam o cargo em nível não teria chegado ao ponto de se haver banalizado nacional... Não foi o produtor ou o agricultor quem co- entre nós. As estatísticas já não mais sensibilizam o meteu o crime. Quem cometeu o crime foi aquele que ser humano, que antes se estarrecia com os números detinha um cargo público e não soube cobrar. da criminalidade crescente. Srs. Senadores, fui Governador por dois manda- Os diversos crimes contra a vida representa- tos. Houve uma Ministra que passou por esta Casa, ram, nos últimos anos, a maior causa de mortalidade passou pelo ministério por seis anos. Não levou um de origem externa, segundo os registros do Governo carrinho de mão para Rondônia, para preservar uma (Datasus), uma causa mais impactante até mesmo do árvore; não levou uma cibalena para o meu Estado e que os acidentes de transporte. veio fazer gracinha na nossa Comissão, como se fosse Por isso, o País ocupa um vergonhoso quarto salvadora da pátria. Se as propostas dela fossem váli- lugar, entre todos os países, no número total de ho- das, ela seria Presidente do Brasil, mas o povo quis a micídios, e uma espantosa primeira colocação na es- Dilma Rousseff. Temos de conciliar o setor produtivo tatística de mortes por arma de fogo. e o setor de preservação ambiental. Paradoxalmente, os níveis de repressão não são Ao mesmo tempo, Sr. Presidente, nós precisamos insignificantes, como muitos pensam, e a população que os organismos internacionais comecem a pagar carcerária nacional somente é superada, hoje, em ter- para quem preserva. Nós precisamos da Copa do Mun- mos absolutos, pela população carcerária dos Estados do, precisamos ter na legislação que todo aquele que Unidos e da China. venha aqui assistir à Copa do Mundo pague 20% para Entretanto, as causas da violência são por de- formarmos um fundo e compensarmos essas pessoas mais conhecidas, destacando-se, entre elas, o brutal que preservam. distanciamento de renda entre as classes que ocupam os polos opostos da pirâmide social, fenômeno que Nós temos muita coisa a fazer, mas vamos fa- faz do Brasil um dos países mais desiguais do mundo. zer juntos. O Brasil é imenso, a garra e a vontade do Essa desigualdade não se manifesta somente na nosso povo são maiores ainda, e nós, que somos re- distância entre os respectivos níveis de riqueza, mas presentantes dele, temos a missão e a obrigação de principalmente em oportunidades desiguais de melho- trabalhar para defender seus interesses de modo geral. ra social e em perspectivas radicalmente opostas de Que Deus abençoe todo mundo. realização pessoal, familiar e profissional, no futuro. Obrigado e até a próxima oportunidade, se Deus Do ponto de vista da psicologia do crime, falta, permitir. sobretudo, no caso brasileiro, a sensação de punibi- O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – lidade, ou seja, a percepção social de que, havendo RS) – Ouvimos o Senador Ivo Cassol, a quem cum- crime, o criminoso será provavelmente identificado e primentamos por sua fala em busca do entendimento, terá seu mau comportamento punido em medida pro- como sempre. porcional à gravidade do ato cometido. Essa é, em Passamos a palavra para o Senador Vital do Rêgo, todo o mundo, a base psicológica da força social da Presidente da Comissão do Orçamento, Senador que lei. No Brasil, contudo, a sensação de impunidade é vem dando uma enorme contribuição a esta Casa ao predominante, contribuindo fortemente para que as longo de seus onze meses de mandato. S. Exª já tem amarras de contenção legal operem de forma pouco um brilho próprio que orgulha o seu Estado e o País. efetiva no desestímulo à criminalidade. O SR. VITAL DO RÊGO (Bloco/PMDB – PB. Pro- O sistema de justiça, por seu turno, é perverso, nuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) uma vez que claramente pune o crime do pobre, ou seja, – Obrigado, Senador Paim. O meu Estado abraçou a do socialmente excluído, com muito mais frequência e história de V. Exª, outorgando-lhe o mais nobre título eficiência do que pune o crime do rico, passando uma de um ser nascido na Paraíba, o de ser paraibano. É clara mensagem de que a culpabilidade é, no fundo, por essa e outras honrarias que V. Exª representa tão um problema de status social. bem este Brasil do Rio Grande e da Paraíba. Vejam, Srªs e Srs. Senadores, que essa reali- O encaminhamento que a sociedade brasileira dade pode muito bem ser exemplificada pelo perfil de dará ao problema do crime e da violência será, com escolaridade dos detentos recolhidos aos diversos es- toda certeza, um dos fatores mais críticos e mais re- tabelecimentos prisionais no Brasil, onde o índice dos levantes na construção do Brasil que queremos no que cursaram ao menos o ensino médio não chegou futuro. E, infelizmente, a situação da qual se parte é a 8,6% de todos os presos, em 2009, enquanto os muito sombria. analfabetos e os que não concluíram sequer o ensino NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 315 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49255 fundamental eram quase 61% da população carcerária cional, no tanto em que ela assegura, em disposições nacional. É um dado estarrecedor! rasgadas pelos fatos, o respeito à integridade física e É um dado estarrecedor. moral do preso. Eu gostaria de repetir para o conhecimento da Dados divulgados pelo Departamento Penitenciá- Casa: de toda população carcerária do Brasil, apenas rio Nacional (Depen), do Ministério da Justiça, revelam 8,6% de todos os presos, segundo dados de 2009, têm que a população prisional brasileira atingiu 512 mil pre- algum índice de escolaridade ou pelo menos termina- sos. Argumentou o Diretor do Depen, Augusto Rossini, ram o ensino fundamental – 61% Senador Paim são por ocasião do VII Congresso Nacional de Alternativas analfabetos ou com ensino fundamental incompleto. Penais, ocorrido em outubro último, em Campo Gran- Outro mecanismo importante na gênese da cri- de, Mato Grosso do Sul, em favor da necessidade de minalidade, em nosso País, é o descrédito do aparelho adoção de penas alternativas, nos frequentes casos policial aos olhos da população. em que a pequena gravidade do crime e o curto perí- Um importante estudo do Ipea dá conta de que, odo da pena assim o recomendem. dos 28 milhões de possíveis ocorrências estimadas para Assim, medidas alternativas podem e devem o conjunto do território nacional, apenas 6,7 milhões ser aplicadas pelo Judiciário para crimes praticados chegaram de fato ao conhecimento das autoridades sem violência ou grave ameaça, a exemplo do uso policiais, no ano de 2003. de drogas, acidente de trânsito, abuso de autoridade, A subnotificação em média, da ordem de 70%, é desacato, lesão corporal leve, furto simples, esteliona- um bom indício desse baixo nível de confiança, sendo to, ameaça, injúria, calúnia, difamação, dentre outros ainda bastante significativo que a maior taxa brasileira previstos na legislação. tenha sido encontrada justamente na nossa região, a Isso, entre outros motivos, porque o sistema tem, região Sudeste. Para os senhores terem uma ideia, hoje, um déficit estimado de 200 mil vagas. Nós temos esses dados do Ipea já tem pelo menos cinco anos. mais de 512 mil presos e ainda há um déficit de 200 Há uma subnotificação da criminalidade, da notícia mil vagas no sistema prisional brasileiro, significando crime na ordem de 70%. esse número um indicativo evidente da superlotação Há, finalmente, um fator que considero relevan- carcerária brasileira. te no amplo leque das causas que fomentam e que Esse dado é especialmente grave quando se com- fermentam a violência no Brasil, fator esse no qual putam os mais de 160 mil presos detidos nas carcera- gostaria de me deter de modo mais pormenorizado, gens das delegacias de polícia, em regime irregular de ao longo desta análise. detenção provisória, enquanto aguardam julgamento Trata-se da participação que tem o próprio sis- em condições absolutamente inaceitáveis. tema prisional na formação do criminoso, na medida Mas, quando se fala do setor penitenciário, nem em que esse sistema não somente descumpre o seu mesmo os números são confiáveis, uma vez que for- papel, o seu objetivo – que é, segundo o primeiro arti- necidos de modo pouco rigoroso pelos Estados, sem go da Lei de Execução Penal, o de recuperar o preso sofrerem uma auditoria competente para qualificá-los –, mas também vem historicamente se constituindo e homogeneizá-los. numa verdadeira escola do crime. Um dos maiores problemas do País, aliás, é o Evidência concreta disso é o fato de que o índice controle da execução penal, havendo casos frequentes de reincidência prisional gira, hoje, em torno de 80% em que o prazo de encarceramento é ultrapassado, por da população carcerária do nosso País, a depender omissão da autoridade, em que as possibilidades de da região. Algumas 70%; outras, 80%. progressão da pena são ignoradas e até mesmo em E os motivos que levam a esse quadro não são que o cidadão, sem culpa formada, é esquecido num difíceis de depreender, bastando consultar as estatís- canto de prisão anos a fio. ticas, ou ouvir alguns dos inúmeros relatos existentes Quem não tem... V. Exª, que é presidente de uma acerca das condições em que operam os estabeleci- das mais sensíveis comissões da Casa, a Comissão mentos prisionais brasileiros. Um índice de reincidên- de Direitos Humanos, consegue dar altitude, dar altu- cia superior a 70% em média no País Senador Paim. ra... Eu queria, publicamente, nestes onze meses de Trata-se de um quadro marcado pela penúria, mandato, dizer, meu querido Senador Dornelles, que pela negligência e pela brutalidade; um verdadeiro circo o Senador Paim, consegue, talvez numa linguagem de horrores que desmerece o conceito de cidadania coloquial, fazer de um limão uma limonada, uma bela que nosso povo se empenha tanto em construir; um de uma limonada! Mas é a sua história que dá altitude, espetáculo secreto, porque seu conteúdo envergonha dá altivez aos cargos e encargos que ocupa. O senhor a Nação e desmoraliza a própria autoridade constitu- conseguiu um feito nesta Casa: dar uma visibilida- 316 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49256 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 de que não tinha à Comissão de Direitos Humanos, com a maior maestria, está conduzindo com espírito independentemente dos grandes homens públicos muito aberto, com espírito muito democrático, procu- deste Senado e de Senadoras que por lá passaram. rando entender principalmente problemas regionais, Mas apenas com um jeito de transferir a reunião para compatibilizando os interesses do Poder Executivo com segunda-feira, conseguiu dar a essa Comissão uma o Legislativo. Estou certo de que a peça orçamentária visibilidade... deste ano, que V. Exª está conduzindo, será uma das E estou tratando de um assunto que certamente mais bem elaboradas que o País já conheceu. Por vou levar à Comissão de V. Exª, que é essa total des- isso, ao chegar e ver V. Exª ocupando a tribuna, quis qualificação do sistema penal brasileiro. Passei seis utilizar este aparte para trazer aqui meus cumprimen- meses estagiando dentro de um núcleo penitenciário e tos sinceros, porque V. Exª vem realmente conduzin- vi, já à minha época, 20 anos atrás, Senador Dornelles, do com muita maestria, demonstrando competência e como esse quadro está cada vez mais decomposto, espírito público. Quero cumprimentá-lo pelo trabalho. esse tecido, essa malha social. Muito obrigado. Por isso é que conto com a atenção sempre pre- O SR. VITAL DO RÊGO (Bloco/PMDB – PB) – sente de V. Exª, para que esses dados que eu trago Agradeço V. Exª, Senador Dornelles. Mas quero lhe di- hoje neste pronunciamento, nesta análise, possam ser zer que, partindo da sua história e da sua experiência vistos pela Comissão de Direitos Humanos, por conta tratando de Orçamento, V. Exª que é referência nesta de que o sistema penal brasileiro, o sistema prisional Casa, esse reconhecimento aumenta a carga de res- brasileiro é tudo, menos o que preceitua a Lei de Exe- ponsabilidade, por força das inúmeras dificuldades que cução Penal: ressocialização do detento. nós, na Comissão de Orçamento, estamos enfrentando Ouço o meu queridíssimo amigo, uma lenda viva para cumprir esse calendário que V. Exª conhece tão nesta Casa, Senador Francisco Dornelles, já dizendo bem. É um calendário apertado, cujo jogo de interes- que, durante a sessão na Comissão Mista de Orça- se público na questão aumenta as tensões internas. mento, da qual V. Exª faz parte, eu retirei um dos as- V. Exª conviveu com isso quando relatou o Orçamento suntos que têm o seu cuidado e a sua preocupação, presidido pelo Governador e Senador José Maranhão, para encaminhá-lo ao relator setorial do tema “Justiça quando foi seu relator de receita, e tenho me valido e Poderes do Estado”, que é a respeito do Tribunal Re- muito de V. Exª, do seu estilo, da sua experiência, da gional Eleitoral do Rio de Janeiro, que V. Exª me en- sua memória viva, como disse agora há pouco, para comendou, como me encomenda todos os assuntos dar cabo da missão que me foi delegada pelo meu referentes ao seu mandato. Eu queria dar essa notícia Partido, o PMDB. a V. Exª, porque hoje mesmo tratei do assunto com o Por isso, eu espero contar, nesta reta final, com Senador Inácio Arruda. a sua presença permanentemente ao meu lado lá na Ouço V. Exª a respeito dessa breve e modesta Comissão de Orçamento, ajudando o Senador Walter análise sobre o sistema prisional brasileiro. Pinheiro no Plano Plurianual, já que tem a responsa- O Sr. Francisco Dornelles (Bloco/PP – RJ) – bilidade de relatar o Plano Plurianual, ajudando o De- Senador Vital do Rêgo, não será exatamente esse o putado Federal Arlindo Chinaglia, nosso relator-geral, objeto do meu aparte. V. Exª cumprimentou – e faço ajudando o nosso Senador Ricardo Ferraço, que é o também meus cumprimentos – o Senador Paulo Paim Senador da área temática de agricultura e do Ministé- pela dimensão que ele deu à Comissão de Direitos rio da Pesca. Enfim, são relatores setoriais, que estão Humanos nesta Casa e quero cumprimentar V. Exª cumprindo, nos próximos dias, nas próximas horas, a pelo importante trabalho que está desenvolvendo na difícil missão de compatibilizar as receitas que têm. Comissão de Orçamento. O Parlamento nasceu para E olhe que este ano as receitas foram triplicadas nas votar o Orçamento, a razão de ser do Parlamento é o emendas coletivas que receberam: emendas de ban- Orçamento. Anualmente, os representantes do povo cada e emendas de comissão. têm que se reunir e destinar e decidir o montante de O nosso calendário é muito apertado, mas que recursos que o setor privado transferirá ao setor públi- diria ou que dirá o Brasil se não tiver um orçamento ao co, indicar os fatos cuja ocorrência levará aqueles que mundo? O que dirá o Brasil, Senador Dornelles, se o com eles têm relação de fazer o pagamento, discutir seu Congresso Nacional for incompetente de aprovar o destino dessas receitas e fiscalizar sua aplicação. É uma proposta de um relatório que desse dinâmica, uma discussão extremamente complexa. Há muitos mas estabilidade à Nação? anos participo da Comissão de Orçamento e vejo as A minha grande preocupação é quais são os dificuldades que sempre se encontram para chegar ao interesses que, muitas vezes, conspiram contra o Or- entendimento. V. Exª está conduzindo essa Comissão çamento, conspiram contra a execução orçamentária, NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 317 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49257 porque são os mesmos interesses, Senador Paim, que mente aceitas e humanamente dignas para o sistema conspiram contra o Congresso Nacional, a autoridade penal brasileiro. e a altivez do Congresso Nacional. Muito obrigado a V. Exª. Hoje me preocupa o fato, Senador Dornelles, com O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) toda experiência e legitimidade da sua voz, de estar – Senador Vital do Rêgo, pode contar com a Comissão tocando essa missão com esses objetivos dentro desse de Direitos Humanos. Permita-me dizer uma frase: “o curto prazo, quando eu vejo pouca ação conjunta para sistema prisional brasileiro está falido”. Palavras do ex- chegarmos a esse fim. Talvez a imagem do País... Ou -Ministro da Justiça, hoje Governador do Rio Grande certamente a imagem do País não será aquela que do Sul, Tarso Genro. O fato é real. devamos colocar ao fim do mês de dezembro, quan- Recebi recentemente uma delegação da ONU, do aprovarmos, se Deus quiser e com a força deste que está fazendo uma análise dos presídios, principal- Congresso Nacional, uma peça orçamentária que seja mente na América do Sul. Os dados que me deram mais digna, mais próxima à Nação. E quero lhe dizer infelizmente são esses citados por V. Exª, que mostram mais: o senhor me tem como um aprendiz na legisla- que a pior situação é a do Brasil. ção complementar que está executando junto à nos- V. Exª tem toda a razão. sa Comissão de Orçamento e à nossa Consultoria de Passamos a palavra ao nobre Senador Ricardo Orçamento. Ferraço. Já procurei saber como andam os caminhos de O SR. RICARDO FERRAÇO (Bloco/PMDB – ES. uma legislação complementar da qual V. Exª já foi autor Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) e está renovando essa autoria. Eu quero me acostar – Sr. Presidente desta sessão, Senador Paulo Paim, a ela, Senador Dornelles, porque somente com uma Srªs e Srs. Senadores, brasileiros que nos acompa- legislação complementar moderna de execução orça- nham pela TV Senado, trago à reflexão uma matéria que tramita nesta Casa, matéria para a qual fui desig- mentária nós teremos um Congresso mais altivo, mais nado Relator na Comissão de Constituição e Justiça. ouvido e com maior personalidade. Tenho acompanhado a tramitação desse tema Os consultores de Orçamento estão concluindo porque julgo ser um dos temas mais relevantes, mais a tarefa que V. Exª iniciou. Eu acho que é um grande importantes e, por que não dizer, um dos mais estra- tema para tratarmos no próximo ano. tégicos, vez que está relacionado com uma questão Senador Paim, com as minhas escusas pelo pas- federativa. Ele tem tudo a ver com a necessidade de sar do tempo, quero renovar o apelo a V. Exª, que abra- o nosso País buscar a prosperidade compartilhada ça negros, que abraça índios, que abraça brancos, que com os nossos 27 Estados federados, sobretudo um abraça minorias, que abraça todos neste Brasil, nesse país como o nosso, de dimensão continental, com mosaico brasileiro tão bonito que temos; que abraça tantas desigualdades, com tantos contrastes, e com as desigualdades, para torná-las menos desiguais. V. a necessidade de cada uma das nossas regiões te- Exª abrace a causa do sistema penal brasileiro, abrace rem oportunidade para as suas comunidades, para os a causa do sistema prisional brasileiro. seus cidadãos. Nós estamos com esses números, que são es- Eu me refiro ao Projeto de Resolução nº 72, de tarrecedores. Eles são, pela própria natureza, inconfi- autoria do eminente Senador Romero Jucá, mas que áveis, mas ao mesmo tempo nos assustam. Uma das naturalmente toda a sua inspiração tem sentido, tem três maiores populações prisionais do mundo é a do origem, tem abrigo por parte do Governo Federal. Este Brasil. Temos 550, 560 mil presos encarcerados, 160 projeto, que tramitava na Comissão de Assuntos Eco- nas delegacias, 200 mil esperando uma vaga para nômicos, a meu juízo, invade a prerrogativa, invade a se inserir nesse sistema. E o que esse sistema faz? necessária autonomia que os Estados federados pre- Educa? Socializa? Reintegra o cidadão à sociedade? cisam ter, subtraindo a governança dos Estados de, Não, absolutamente. Esse sistema me parece uma através de suas ações e de suas iniciativas, buscarem universidade do crime, uma universidade do crime – o seu desenvolvimento econômico, buscarem melhorar uma universidade do crime! E é por isso que trouxe a condição de vida dos seus cidadãos. esta análise a V. Exªs hoje. Deseja o referido projeto de resolução reduzir a Estou muito preocupado com o caminhar, porque zero a alíquota interestadual dos produtos importados. não vejo prioridade do meu Governo, que defendo com Nos últimos dias, ele tem ganhado, de certa forma, vo- muita honra, mas prioridade de enfrentamento do Go- lume, frequência e presença no debate nacional, daí a verno, do Congresso e do Poder Executivo, no sentido nossa preocupação que esse projeto possa ser anali- de encontrarmos soluções socialmente justas, legal- sado, ser debatido e ser votado em regime de urgência. 318 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49258 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 Não julgo ser razoável que um projeto que mexe com tempo, nosso Estado era basicamente sustentado a vida de tantos Estados, com enorme capacidade de pela economia rural, pela agricultura, pela atividade desorganizar e de inviabilizar os Estados Federados do café, que representava, à época, mais de 80% possa ser debatido, enfrentado pelo Senado Federal, de todas as receitas tributárias e fiscais que o nosso sobretudo, considerando ser o Senado a Casa que Estado arrecadava. Ou seja, o Espírito Santo era um representa a Federação brasileira. cafezal de ponta a ponta. Nas planícies e nas terras Esse é um projeto que eliminaria, com certeza, a mais quentes plantava-se o café robusta e, nas terras necessária e a saudável competição fiscal que os Es- mais frias, colhia-se, plantava-se e cultivava-se a la- tados fazem entre si. Não, não defendo e não advogo, voura do café arábica. em hipótese alguma, guerra fiscal. Defendo competição Mas o café é um de ciclo sazonal e, naquela fiscal. Aliás, como nas federações mais avançadas e época, nós enfrentávamos uma crise muito profunda, mais evoluídas, assistimos nos protocolos e nos tra- com preços muito baixos do café, preços que não eram tados internacionais que os Estados podem e devem compatíveis para suportar o esforço e o trabalho de competir entre si. Mas a Proposta de Resolução nº 72, tantos trabalhadores, de tantas famílias, porque meu do eminente líder do Governo, subtrai governança dos Estado é liderado, hegemonicamente, pela proprieda- Estados federados; assim como faz o Governo Federal, de de atividade familiar, já nos anos 70, por conta de também fazem os governos estaduais. uma saudável herança que nós recebemos de nossos Recentemente, e julgo que adequadamente, o antepassados, de nossos ascendentes que vieram lá Governo Federal, visando a distribuir, a aprofundar, a da Itália. Pois bem, em função dessa crise constante, democratizar o acesso ao desenvolvimento, estabele- muito mais do que uma crise conjuntural, era uma crise ceu regime especial para que o Estado de Pernambu- estrutural, nada mais, nada menos que 55% da lavoura co pudesse ter a sua fábrica de automóveis. Também de café do meu Estado do Espírito Santo foi erradicada. o Governo Federal estabeleceu regime especial para Isso se transformou numa crise sem precedentes que o Estado de Pernambuco pudesse ter a sua re- em nosso Estado. O interior do meu Estado se viu mer- finaria, e louvamos essa iniciativa, porque se faz ne- gulhado na ausência de oportunidades e alternativas. cessária a construção desses mecanismos para que Foi naquele momento, inclusive, que pudemos perceber os Estados possam construir um ambiente adequado uma migração muito forte de muitos capixabas, que e favorável na atração desses investimentos que são migraram para Rondônia, que migraram para a Bahia, de fundamental importância. que migraram para Minas Gerais, que migraram para Mas não pode, não deve, não me parece razo- Paragominas em busca de alternativas, porque 55% ável que um projeto de resolução que tramita aqui, da lavoura de café foi erradicada. nesta Casa, dê esse monopólio ao Governo Federal, Como forma de nós encontrarmos uma alternativa subtraindo dos governos subnacionais, subtraindo dos para essa crise sem precedentes na história econômi- governos estaduais a mesma capacidade de gerarem ca do nosso Estado, a capacidade empreendedora do incentivos fiscais, para que o conjunto dos Estados ex-Governador Christiano Dias Lopes, do empresário brasileiros possa ver potencializarem-se as suas vo- Graciano Espíndola, ao lado de outros empresários, cações e tudo aquilo que encontramos como vocação colocou de pé o Fundo para o Desenvolvimento da nos diversos Estados brasileiros. Atividade Portuária como forma de diversificarmos a Esse é o caso de um desses incentivos fiscais nossa economia. Esse fundo ficou adormecido durante que foram criados há mais de 40 anos. Aliás, foi criado muitos anos porque, durante décadas, o nosso País mais ou menos no mesmo tempo em que o Governo priorizou o conceito da substituição das importações Federal criou a Zona Franca de Manaus para o Esta- e não tínhamos uma relação com o comércio exterior. do do Amazonas: um extraordinário organismo, uma Somente nos últimos anos, o nosso Fundap, o Fun- engenharia inteligente e necessária que tem permitido do para o Desenvolvimento da Atividade Portuária do a geração de oportunidades para o Estado do Ama- meu Estado, ganhou de fato uma consistência muito zonas, que tem reduzido a pressão para que os ama- grande e o nosso Estado foi se especializando e se zônidas possam trabalhar na direção da manutenção transformou, na verdade, numa grande plataforma de e da conservação da floresta amazônica, que é um relacionamento com o comércio exterior. desafio de geração, que é um desafio de civilização. Somos hoje, talvez, proporcionalmente à nos- Nesse mesmo tempo em que foi criada a Zona sa dimensão e ao nosso tamanho, o Estado com a Franca de Manaus, há mais de 40 anos, também foi economia mais internacionalizada do País. Um ter- criado, em meu Estado, no Espírito Santo, um sistema ço, Senador Paim, da nossa arrecadação, do nosso para desenvolvimento da atividade portuária. Nesse ICMS vem das relações com o comércio internacional, NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 319 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49259 sobretudo com a importação. Desses recursos, 80% Esse é um debate que estaremos fazendo na ficam distribuídos para os nossos Municípios. Esses Comissão de Constituição e Justiça. Espero, se Deus recursos fundamentam a capacidade de investimento quiser, que possamos fazer esse debate com muita dos nossos Municípios. calma, com muita cautela, para que a gente não de- É verdade que, nos últimos anos, o País viu a sorganize, para que a gente não inviabilize um con- sua importação aumentar muito. Na verdade, esta- junto de Estados que, como o meu, o Espírito Santo, mos também observando alguns críticos da tradicio- se organizou, se especializou. Hoje, com base nesse nal indústria brasileira querendo responsabilizar os esforço que nós estamos fazendo, nós não demos a incentivos fiscais pelo aumento das importações e não volta por cima, mas estamos dando a volta por cima, temos qualquer tipo de divergência. Não é saudável Senador Paim. para o nosso País que a gente continue nesse ritmo Nós chegamos ao Governo do Estado em 2003. de importações. Precisamos acelerar as exportações, Eu cheguei como Secretário da Agricultura. Chegou precisamos, sobretudo, exportar menos commodities ao Governo do Estado o ex-Senador Paulo Hartung, e agregar valor às exportações. que coordenou um trabalho extraordinário, e eu fui seu Agora, se não temos divergência nesse impor- Secretário da Agricultura; depois, no segundo governo, tante desafio, a divergência está localizada, sobretu- Vice-Governador – foram oito anos de trabalho de do- do, quando se quer responsabilizar as importações e mingo a domingo, para que nós pudéssemos reinven- os incentivos fiscais por essa expansão nos últimos tar as nossas instituições, para que nós pudéssemos anos. Quando sabemos todos que 85% daquilo que refundar os valores e os conceitos da boa governança estamos importando são bens intermediários, são no Estado do Espírito Santo. Estamos, agora, enfren- insumos industriais, é combustível, são máquinas e tando a questão dos royalties e, ao mesmo tempo, equipamentos utilizados pela própria indústria como estamos enfrentando essa ameaça de termos subtra- forma de mantermos o crescimento econômico. O ídos os nossos incentivos fiscais, que não vão apenas que o Brasil está importando, portanto, não compete, desorganizar o nosso Estado, mas vão inviabilizar o é complementar àquilo que produzimos aqui. Se não Espírito Santo. for assim, não teremos capacidade de manter o ritmo Por isso, eu trago ao Plenário desta Casa, aos e o crescimento econômico do nosso Produto Inter- nossos Senadores, a reflexão, para que tenhamos mui- no Bruto. Não há como expandir a produção, porque, ta cautela, para que tenhamos muito equilíbrio, muita na verdade, chegamos à conclusão de que a taxa de responsabilidade com o que vamos fazer. Por ser um poupança do País é muito baixa. Isso faz com que as tema tão complexo como esse, não me parece ade- empresas não invistam, não se modernizem adequa- quado que, nesta Casa, a Casa do Estado brasileiro, damente para competir com o comércio internacional. a Casa da união nacional, nós possamos tomar uma Além do que, evidentemente, o câmbio está favorecen- atitude com enorme capacidade de desorganizar e de do, está estimulando de forma intensa as importações. inviabilizar os Estados federados. Portanto, trata-se de matéria bastante complexa, Portanto, eu chamo a atenção dos Srs. Senadores não apenas no Espírito Santo, mas Santa Catarina, Goi- para a necessidade de aprofundarmos esse debate. ás, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Pernambuco, Ceará, Possivelmente na próxima quarta-feira, teremos uma enfim, um conjunto de Estados brasileiros buscou nos audiência pública na Comissão de Constituição e Jus- incentivos fiscais uma forma de desconcentrarmos o tiça, e as teses serão, todas elas, debatidas. Não fugi- desenvolvimento econômico e social em nosso País. mos do enfrentamento, não defendemos guerra fiscal, Por isso, Sr. Presidente, nós estamos chaman- mas defendemos competição fiscal, para que o Brasil do a atenção para a necessidade de refletirmos so- possa ter oportunidade de se desenvolver e os brasilei- bre uma matéria como essa, uma matéria que tem o ros possam ter acesso à prosperidade compartilhada. sentido de subtrair, de retirar autonomia, de retirar a Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, governança, de subtrair prerrogativa dos nossos go- Srªs e Srs. Senadores. vernos e dos nossos Estados, mantendo apenas esse O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – monopólio diante do Governo Federal. Nós defendemos RS) – Este foi o Senador Ricardo Ferraço, que, como que o Governo Federal tenha total prerrogativa, possa sempre, faz um pronunciamento que olha para o Brasil continuar fazendo os seus regimes para que a gente e também para o seu Estado, com muita competência. possa espraiar o desenvolvimento econômico e social O Senador Ricardo Ferraço poderá, neste seu primei- em nosso País. Mas não seria justo, não é justo, aliás, ro ano aqui na Casa, mediante o amplo entendimento não é legal. Acho que essa matéria vem acompanhada que estamos fazendo juntos, aprovar duas matérias de um conjunto de vícios constitucionais. históricas: que são a regulamentação da profissão 320 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49260 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 dos comerciários e também a dos motoristas. Já que O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – RS) S. Exª está ajudando nos encaminhamentos, se der – Sobre a mesa, requerimento que será lido. tudo certo, votamos ainda este ano. Parabéns a V. Exª. É lido o seguinte: NOVEMBRO 2011 ANAIS DO SENADO FEDERAL 321 Novembro de 2011 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Terça-feira 29 49261 O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – e controle das despesas com saúde nas três RS) – O requerimento que acaba de ser lido será en- esferas do Governo; revoga dispositivos das caminhado à Diretoria-Geral. Leis nºs 8.080, de 19 de setembro de 1990, O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – e 8.689, de 27 de julho de 1993; e dá outras RS) – Não havendo mais nada a tratar, damos por providências. encerrada a sessão desta segunda-feira do Senado (Pendente de pareceres da CCJ, CAE da República, sessão deliberativa ordinária, lembrando e CAS.) às Srªs e aos Srs. Senadores que constará da próxima sessão deliberativa ordinária, a realizar-se amanhã às 3 14 horas, a seguinte: PROJETO DE LEI DA CÂMARA Nº 56, DE 2007 ORDEM DO DIA Votação, em turno único, do Projeto de Lei da Câmara nº 56, de 2007 (nº 3.933/2004, 1 na Casa de origem), que inclui a pesca indus- PROJETO DE LEI DO SENADO trial nas atividades vinculadas ao setor rural e Nº 225, DE 2011 - COMPLEMENTAR dá outras providências. (Em regime de urgência, nos termos do Parecer sob nº 534, de 2008, da Comis- Requerimento nº 1.408, de 2011) são de Agricultura e Reforma Agrária, Relator: Senador Flexa Ribeiro, favorável, com a Emen- Votação, em turno único, do Projeto de Lei da nº 1-CRA de redação, que apresenta, com do Senado nº 225, de 2011 - Complementar, voto vencido, da Senadora Marisa Serrano. do Senador José Pimentel, que altera dispositi- vos da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio 4 de 2000, que estabelece normas de finanças PROJETO DE DECRETO LEGISLATIVO públicas voltadas para a responsabilidade na Nº 239, DE 2011 gestão Fiscal - Lei de Responsabilidade Fis- Discussão, em turno único, do Projeto cal, e dá outras providências. Pareceres sob nºs 1.276 e 1.277, de de Decreto Legislativo nº 239, de 2011 (nº 2011, das Comissões: 49/2011, na Câmara dos Deputados), que - de Constituição, Justiça e Cidadania, aprova o texto do Acordo de Cooperação entre Relator: Senador Eunício Oliveira, favorável, o Governo da República Federativa do Brasil com a Emenda nº 1-CCJ, que apresenta; e e o Governo de Belize na Área de Educação, - de Assuntos Econômicos, Relator ad assinado em Brasília, em 26 de abril de 2010. hoc: Senador Benedito de Lira, favorável ao Parecer favorável, sob nº 1.290, de 2011, Projeto e à Emenda nº 1 - CCJ. da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Relator: Senador Cristovam Buarque. 2 SUBSTITUTIVO DA CÂMARA AO 5 PROJETO DE LEI DO SENADO PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 185, DE 2004 Nº 121, DE 2007 - COMPLEMENTAR (Incluído em Ordem do Dia nos termos do (Em regime de urgência, nos termos do Recurso nº 5, de 2008) Requerimento nº 1.314, de 2011) Votação, em turno único, do Projeto de Substitutivo da Câmara ao Projeto de Lei do Senado nº 185, de 2004, do Senador Lei do Senado nº 121, de 2007-Complemen- Demóstenes Torres, que regulamenta o em- tar (nº 306/2008, naquela Casa), de iniciativa prego de algemas em todo o território nacional. do Senador Tião Viana, que regulamenta o § Pareceres sob nº 920 e 921, de 2008, da 3º do art. 198 da Constituição Federal, para Comissão de Constituição, Justiça e Cidada- dispor sobre os valores mínimos a serem apli- nia, Relator ad hoc: Senador Antonio Carlos cados anualmente pela União, Estados, Distri- Valadares, 1º pronunciamento (sobre o Proje- to Federal e Municípios em ações e serviços to): favorável, nos termos do Substitutivo, que públicos de saúde; institui contribuição social oferece; 2º pronunciamento (sobre as emen- destinadas à saúde; estabelece os critérios de das apresentadas ao Substitutivo, em turno rateio dos recursos de transferências para a suplementar, perante à Comissão): favorável, saúde e as normas de fiscalização, avaliação na forma da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo). 322 ANAIS DO SENADO FEDERAL NOVEMBRO 2011 49262 Terça-feira 29 DIÁRIO DO SENADO FEDERAL Novembro de 2011 6 e propor medidas concretas para o combate à PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO violência no Distrito Federal e Entorno. Nº 33, DE 2009 9 Votação, em primeiro turno, da Proposta REQUERIMENTO Nº 932, DE 2011 de Emenda à Constituição nº 33, de 2009, ten- (Incluído em Ordem do Dia nos termos do do como primeiro signatário o Senador Antonio art. 222, § 2º, do Regimento Interno) Carlos Valadares, que acrescenta o art. 220- Votação, em turno único, do Requerimen- A à Constituição Federal, para dispor sobre a to nº 932, de 2011, de iniciativa da Comissão exigência do diploma de curso superior de co- de Relações Exteriores e Defesa Nacional, municação social, habilitação jornalismo, para solicitando voto de solidariedade ao Excelen- o exercício da profissão de jornalista. tíssimo Senhor Comandante do Exército, Ge- Parecer, sob nº 2.414, de 2009, da Co- neral Enzo Martins Peri, em virtude de matéria missão de Constituição, Justiça e Cidadania, veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, na Relator: Senador Inácio Arruda, favorável, nos edição de 31 de julho deste ano. termos da Emenda nº 1-CCJ (Substitutivo), 10 que oferece. REQUERIMENTO Nº 947, DE 2011 7 (Incluído em Ordem do Dia nos termos do PROPOSTA DE EMENDA À CONSTITUIÇÃO art. 222, § 2º, do Regimento Interno) Nº 87, DE 2011 Votação, em turno único, do Requeri- Quinta e última sessão de discussão, mento nº 947, de 2011, da Senadora Vanessa em primeiro turno, da Proposta de Emenda Grazziotin, solicitando voto de congratulações à Constituição nº 87, de 2011, tendo como e aplausos pelos 93 anos do ex-Presidente da primeiro signatário o Senador Romero Jucá, África do Sul e Nobel da Paz - Nelson Mande- que altera o art. 76 do Ato das Disposições la, comemorado no dia 18 de julho de 2011. Constitucionais Transitórias. (DRU) Parecer favorável, sob nº 920, de 2011, Parecer favorável, sob nº 1.254, de 2011, da Comissão de Relações Exteriores e Defe- da Comissão de Constituição, Justiça e Ci- sa Nacional, Relator ad hoc: Senador Eduar- dadania, Relator: Senador Renan Calheiros, do Suplicy. com votos contrários dos Senadores Aloysio 11 Nunes Ferreira, Demóstenes Torres, Alvaro REQUERIMENTO Nº 1.371, DE 2011 Dias e Pedro Taques e, em separado, do Se- nador Randolfe Rodrigues. Votação, em turno único, do Requeri- mento nº 1.371, de 2011, do Senador Flexa 8 Ribeiro, solicitando a tramitação conjunta dos REQUERIMENTO Nº 1.108, DE 2007 Projetos de Lei do Senado nºs 170 e 349, de 2011, por regularem matérias correlatas (in- Votação, em turno único, do Requeri- centivos fiscais nas áreas de atuação da Su- mento nº 1.108, de 2007, do Senador Cristo- dam e da Sudene). vam Buarque e outros Senhores Senadores, solicitando a criação de Comissão Temporária O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT – Externa, composta pelos Senadores do Distrito RS) – Está encerrada a sessão. Federal, Goiás e Minas Gerais, para, no prazo (Levanta-se a sessão às 20 horas e 9 de cento e vinte dias, promover amplo debate minutos.) ÍNDICE ONOMÁSTICO

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ALOYSIO NUNES FERREIRA tribos indígenas e comunidades quilombolas no pro- cesso de demarcação das terras indígenas no Brasil, Registro da matéria intitulada “FHC sugere lema especialmente no Estado do Rio Grande do Sul...... 232 ‘Yes, we care’ a tucanos”, publicada pelo jornal Folha Aparte ao senador Anibal Diniz...... 245 de S.Paulo, edição de 8 de novembro de 2011...... 131 ANA RITA ALVARO DIAS Registro do Dia Internacional de Enfrenta- Defesa da votação imediata da regulamenta- mento à Violência contra a Mulher, oportunidade ção da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que em que defende o reforço dos instrumentos para define recursos que cabem a cada ente da Federa- combater a violência doméstica e familiar, como a ção, para a manutenção da qualidade dos serviços Lei Maria da Penha...... 236 de saúde pública no Brasil...... 64 Elogios às políticas públicas do governo da Críticas ao interesse do governo na prorrogação presidente Dilma Rousseff de defesa e proteção da da Desvinculação de Recursos da União (DRU)...... 64 mulher, em especial, no combate à feminização da Registro do artigo intitulado “A volta da alian- pobreza. Destaque para o lançamento da amplia- ça inflacionária”, publicado pelo jornal O Estado de ção da Central de Atendimento à Mulher, o “Ligue S.Paulo, edição de 2 de outubro de 2011...... 129 180”, destinado às mulheres vítimas de violência Denúncia de irregularidades praticadas pelo que residem em outros países...... 236 ministro do Trabalho, Carlos Lupi e pelo ministro das Cidades, Mário Negromonte...... 251 ANGELA PORTELA Elogios à XXI Conferência Nacional dos Ad- vogados do Brasil (OAB), realizada na capital do Satisfação pela aprovação do código florestal Estado do Paraná, que teve como premissa a de- pelas comissões permanentes do Senado Federal. 135 mocracia no País...... 251 Registro do transcurso em 25 de novembro, do Dia Internacional Pelo Fim da Violência Contra ANA AMÉLIA as Mulheres, bem como apoio a todas as mulheres vítimas da violência...... 135 Parecer nº 1.314, de 2011 (da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional), sobre o Agradecimentos a todos que contribuíram para a Requerimento nº 1.376, de 2011, do senador Flexa inclusão, no novo Código Florestal, da necessidade de Ribeiro, que requer autorização para ausentar-se do atender os estados da Região Norte, da Região Ama- País, no período de 1º a 3 de dezembro de 2011, para zônica, que possuem grandes áreas de preservação participar, qualidade de presidente do Grupo Brasi- ambiental, permitindo a redução da reserva legal...... 249 leiro do Parlatino e vice-presidente do Parlamento Latino-Americano, da reunião da junta diretiva, que ANIBAL DINIZ ocorrerá no Panamá e comunica que estará ausente do País nos dias 1º a 6 de dezembro de 2011...... 223 Satisfação com a apresentação, pela Receita Cobrança de ação mediadora, por parte do mi- Federal, do relatório favorável à criação da Zona de Pro- nistro da Justiça, para a pacificação dos conflitos entre cessamento de Exportação (ZPE) no Estado do Acre. 84 II

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Apresentação de emenda de autoria de Sua de 1975, para proibir o uso de informações cons- Excelência, que propõe ao novo Código Florestal a tantes dos cadastros das agências de proteção redução da reserva legal no Estado de Rondônia, aten- ao crédito e afins, para efeitos admissionais ou dendo uma solicitação da senadora Angela Portela. .. 84 de permanência da relação jurídica de trabalho Expectativa da aprovação do relatório do Có- e dá outras providências (tramitando em conjun- digo Florestal no plenário do Senado Federal. Voto to com o Projeto de Lei do Senado nº 283, de de solidariedade e elogio ao trabalho do relator, 2008)...... 99 senador Jorge Viana...... 244 Registro da matéria intitulada “As provas pe- didas”, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, ANTONIO RUSSO edição de 21 de outubro de 2011...... 126

Elogios a todos os envolvidos na elaboração CRISTOVAM BUARQUE do novo Código Florestal, que é de grande importân- cia para o futuro da produção no campo brasileiro Congratulações e apoio a iniciativa do gover- e para a preservação ambiental...... 274 no brasileiro de proibir o uso de cigarros, charutos Defesa da necessidade de investimento em em ambientes fechados. Ao mesmo tempo, cobra infraestrutura como forma de impulsionar o desen- ações para a erradicação do analfabetismo, do tra- volvimento do País. Elogios ao empenho do governo balho infantil, da exploração sexual de menores, da no sentido de acelerar os processos necessários corrupção e outras formas de ineficiência social à consolidação de uma infraestrutura adequada as existentes no Brasil...... 89 necessidades nacionais...... 274 CYRO MIRANDA ARMANDO MONTEIRO Registro da matéria intitulada “Outro feudo, Requerimento nº 1.438, de 2011, que solicita seja outro escândalo”, publicada pelo jornal O Estado ouvida também a Comissão de Assuntos Econômicos de S. Paulo, edição de 8 de novembro de 2011. ... 125 (CAE), sobre o Projeto de Lei nº 125, de 2010, tendo em vista que a proposta estabelece a obrigação do DELCÍDIO DO AMARAL produtor nacional ou importador de veículos inserir em manual do proprietário relação de peças que compõem o veículo, sendo necessário a avaliação dos custos da Preocupação com os conflitos entre produ- referida ação para as empresas do setor...... 116 tores rurais e etnias indígenas no Estado do Mato Grosso do Sul. Defesa de empenho do governo, BLAIRO MAGGI em especial o ministro da Justiça, para solucionar os conflitos indígenas na fronteira do estado com o Paraguai...... 305 Aparte ao senador Rodrigo Rollemberg...... 56 Expectativa com a aprovação do Código Flo- Satisfação pela participação de Sua Excelência restal no Senado Federal...... 305 do debate no Senado Federal para a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro. Defesa de investimen- Cobrança de uma política de fronteira que to do governo na recuperação da Empresa Brasileira estimule o desenvolvimento econômico e social de Pesquisas Agropecuárias (Embrapa) e no estímulo nos estados fronteiriços do Brasil...... 305 da tecnologia e biotecnologia no País...... 57 Homenagem de pesar pelo falecimento do Pedido aos líderes e à Mesa Diretora para que coordenador do Movimento dos Sem-Terra (MST) seja lido, no dia 29 de novembro, o relatório final em Mato Grosso do Sul, Doutor Egídio Brunetto. . 305 do novo Código Florestal, com vista a sua votação no plenário do Senado Federal...... 295 EDUARDO AMORIM

CÍCERO LUCENA Análise da situação da saúde pública do Brasil, manifestando apoio pela aprovação da Parecer nº 1.313, de 2011 (da Comissão regulamentação da Emenda Constitucional nº de Assuntos Sociais), sobre o Projeto de Lei do 29, que determina a aplicação de recursos, por Senado nº 615, de 2007, do senador Marcelo parte da União Federal, Estados e Municípios, Crivella, que altera a Lei nº 9.029, de 13 de abril na saúde...... 302 III

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EDUARDO SUPLICY Nacional de Trânsito (DNIT), no Estado de Rondônia, José Ribamar Oliveira, acusado de irregularidades Parecer nº 1.312, de 2011 (da Comissão nas obras executadas na região...... 310 de Constituição, Justiça e Cidadania), sobre o Expectativa com o debate para a aprova- Projeto de Lei do Senado nº 615, de 2007, do ção do Código Florestal no plenário do Senado senador Marcelo Crivella, que altera a Lei nº Federal...... 310 9.029, de 13 de abril de 1975, para proibir o uso de informações constantes dos cadastros das JOÃO DURVAL agências de proteção ao crédito e afins, para efeitos admissionais ou de permanência da re- Apelo ao governo federal para que sejam lação jurídica de trabalho e dá outras providên- realizadas melhorias nas rodovias do Estado da cias (tramitando em conjunto com o Projeto de Bahia...... 53 Lei do Senado nº 283, de 2008)...... 93 Exposição das emendas apresentadas por JORGE VIANA Sua Excelência ao Projeto de Lei Orçamentária para o ano de 2012...... 304 Esclarecimentos sobre o novo Código Flo- restal aprovado na Comissão de Meio Ambiente, FLEXA RIBEIRO Fiscalização e Controle do Senado Federal. Defesa de empenho dos governos federal e estadual para Registro da matéria intitulada “O Ministro tem a implementação da nova legislação...... 61 de sair”, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, Homenagem de pesar pelo falecimento da ati- edição de 18 de outubro de 2011...... 128 vista das causas humanitárias, sociais e ambientais, Danielle Miterrand, viúva do ex-presidente francês FRANCISCO DORNELLES François Miterrand...... 279 Apelo ao Governo Federal, através do Mi- Requerimento nº 1.439, de 2011, que nistério da Justiça e do Ministério das Relações solicita que sobre o Projeto de Lei do Senado Federal nº 296, de 2011, seja ouvida a Comis- Exteriores, para que adote providências para a so- são de Constituição, Justiça e Cidadania além lução da grave situação em que se encontram os da comissão constante do despacho inicial de refugiados haitianos no Estado do Acre...... 279 distribuição...... 228 JOSÉ PIMENTEL Requerimento nº 1.440, de 2011, que solicita que sobre o Projeto de Lei do Senado nº 296, de 2011, seja ouvida a Comissão de Assuntos Eco- Aparte a senadora Angela Portela...... 249 nômicos além da comissão constante do despacho Aparte ao senador Blairo Maggi...... 296 inicial de distribuição...... 229 Destaque para o crescimento do número de Aparte ao senador Vital do Rêgo...... 316 empregos formais criados no Brasil durante o go- verno da presidente Dilma Rousseff. Elogios às IVO CASSOL medidas que o Congresso Nacional vem tomando, principalmente o Senado Federal, junto ao governo Aparte ao senador Delcídio do Amaral...... 307 para estimular a economia nacional...... 298 Congratulações à iniciativa da editora Abril e às empresas que foram destacadas pelas re- KÁTIA ABREU vistas Você S/A e Exame no guia “As melhores empresas para você trabalhar”, em especial a Projeto de Lei do Senado nº 704, de 2011, Cooperativa de Credito do Centro Sul Rondo- que acrescenta inciso e altera parágrafo único do niense, situada no Município de Pimenta Bueno, art. 28 da Lei nº 10.865, de 30 de abril de 2004, no Estado de Rondônia...... 310 para reduzir a zero as alíquotas da contribuição Denúncia da falta de gestão e do precário fun- para o Programa de Integração Social (PIS) e cionamento da Empresa Brasileira de Infraestrutura para o Programa de Formação do Patrimônio do Aeroportuária (Infraero) nos aeroportos brasileiros. Servidor Público (Pasep) e para a Contribuição Cumprimentos ao ministro dos Transportes pela para Financiamento da Seguridade Social (Co- exoneração do superintendente do Departamento fins) e isenta do Imposto Sobre Produto Indus- IV

Pág. Pág. trializado (IPI) a aquisição de veículos de carga Reiteração da necessidade de o governo para motoristas autônomos...... 114 se responsabilizar e solucionar a situação dos aposentados do Fundo de Pensão do Instituto de LÚCIA VÂNIA Seguridade Social (Aerus), que se encontram em greve de fome...... 288 Registro da matéria intitulada “Na TV, PSDB Comentário sobre a entrevista do diretor do defende gestão FHC e explora a ‘volta’ da inflação”, Instituto de Políticas Sociais do Instituto de Pes- publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, edição de quisa Econômica Aplicada (IPEA), Jorge Abrahão, 14 de outubro de 2011...... 129 na qual explica como o investimento em educação pode contribuir de forma essencial para o desen- MÁRIO COUTO volvimento econômico e social do País...... 288 Considerações sobre o “Consenso do Rio”, Registro da entrevista intitula “Eu estarei documento de autoria do Instituto de Estudos Es- pronto, seja Lula ou Dilma”, publicada pelo jornal tratégicos para a Integração da América do Sul (In- O Estado de S. Paulo, edição de 9 de outubro tersul), que propõe ideias gerais para uma política de 2011...... 132 macroeconômica estimuladora do desenvolvimento dos países da América do Sul. Apresentação de projeto de lei com o objetivo de conceder incentivos MOZARILDO CAVALCANTI aos países emergentes...... 288 Aparte ao senador Alvaro Dias...... 66 PEDRO TAQUES Aparte ao senador Renan Calheiros...... 69 Denúncia de irregularidades, por parte do Projeto de Lei do Senado nº 705, de 2011, governo do Estado de Roraima, na gestão dos que altera o art. 53 da Lei nº 11.343, de 23 de recursos públicos destinados às rodovias federais agosto de 2003 – Lei de Drogas -, para prever a e estaduais da região, defendendo que o governo possibilidade de exercício da ação policial contro- federal assuma a execução das obras...... 70 lada, consistente em retardar a intervenção policial Aparte ao senador Paulo Paim...... 78 com a finalidade de identificar e responsabilizar Aparte ao senador Anibal Diniz...... 86 maior número de integrantes de operação de tráfi- Aparte ao senador Anibal Diniz...... 245 co e distribuição de substâncias entorpecentes ou obtenção de mais elementos informativos acerca Expectativa com o julgamento pelo Tribu- da atividade ilícita, independentemente de autori- nal Superior Eleitoral, no dia 29 de novembro de zação judicial e oitiva do Ministério Público...... 229 2011, da ratificação ou não, da cassação do go- vernador do Estado de Roraima, José de Anchieta PEDRO SIMON Júnior, que usou de mecanismos para fraudar a eleição...... 246 Defesa de urgência na apreciação, pela Co- Aparte ao senador Blairo Maggi...... 297 missão de Constituição, Justiça e Cidadania, do nome da ministra Rosa Weber para o Supremo Tri- PAULO PAIM bunal Federal (STF), possibilitando que o Projeto Ficha Lima possa ser votado...... 87 Defesa dos direitos e interesses dos bra- sileiros que trabalham em representações diplo- RENAN CALHEIROS máticas e consulares estrangeiras, sediadas no Brasil, que não cumprem as relações trabalhistas, Preocupação com o aumento do consumo de conforme denúncia do Sindicato Nacional dos drogas, em especial o crack, em municípios brasi- Servidores do Ministério das Relações Exterio- leiros e com os seus reflexos no sistema de saúde res (Sinditamaraty)...... 74 pública do País, conforme dados do levantamento Registro do transcurso dos 23 anos de vi- feito pela Confederação Nacional dos Municípios e gência da Constituição brasileira, oportunidade pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Defesa em que faz referencia ao trabalho de Sua Exce- da vinculação de políticas de saúde e segurança lência e outros constituintes para garantir os di- pública e ações sociais para o combate e preven- reitos dos trabalhadores...... 74 ção ao consumo e tráfico de drogas...... 67 V

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Defesa da construção de estaleiro no Municí- Considerações sobre o relatório da Agên- pio de Coruripe, no Estado de Alagoas, fundamental cia Nacional de Aviação Civil (ANAC), do ano de para geração de desenvolvimento, emprego e renda 2010, recebido no gabinete de Sua Excelência, para os alagoanos...... 67 que confirma o importante papel da empresa na fixação de normas referentes à prestação de RICARDO FERRAÇO serviços e à assistência material aos usuários do transporte aéreo...... 125 Reflexão acerca do Projeto de Resolução do Registro do debate que está ocorrendo Senado nº 72, de 2011, que reduz a zero a alíquota no Partido do Movimento Democrático Brasilei- interestadual dos produtos importados, restringindo ro (PMDB) para apreciar itens e compromissos a autonomia dos estados, mantendo apenas o mo- partidários com o povo brasileiro...... 241 nopólio do governo federal. Defesa de ampliação do debate sobre a matéria...... 317 VALDIR RAUPP Requerimento nº 1.441, de 2011, que solicita esclarecimentos sobre os contratos celebrados entre Aparte ao senador Blairo Maggi...... 296 a Secretaria do Sistema Integrado de Saúde (SSIS) Comentários e elogios à pesquisa da Con- do Senado Federal e organizações prestadoras de federação Nacional dos Transportes (CNT), que serviços de saúde privada, gerando o custo adicio- avalia a situação das rodovias brasileiras. Apelo nal de R$ 66,1 milhões no atendimento à saúde de às autoridades de transporte do governo federal senadores e servidores, não obstante a existência para que se empenhem na duplicação da malha do serviço médico do próprio Senado...... 320 rodoviária do País, como forma de reduzir os aci- dentes de trânsito, como o ocorrido na BR-364, ROBERTO REQUIÃO que provocou a morte de 9 pessoas...... 300 Antecipação do pronunciamento que Sua VICENTINHO ALVES Excelência fará na reabertura do Parlamento do Mercado Comum do Sul (Parlasul), no Uruguai. Apresentação do documento proposto pelo Insti- Defesa da proposta de alteração do Código tuto de Estudos Estratégicos para a Integração da de Processo Penal, aprovada no Senado Federal, América do Sul (Intersul), que busca identificar uma em dezembro de 2010...... 247 política macroeconômica estimuladora dos países da América do Sul...... 276 VITAL DO RÊGO

RODRIGO ROLLEMBERG Análise sobre a violência e o sistema prisional brasileiro...... 314 Considerações sobre o debate e os avanços Comentário acerca do empenho da Comis- acordados no Senado Federal para a aprovação, são de Orçamento para elaborar uma proposta na Comissão de Meio Ambiente, do novo Código orçamentária para o País...... 314 Florestal Brasileiro...... 54 Aparte ao senador Blairo Maggi...... 58 WALTER PINHEIRO

ROMERO JUCÁ Avaliação do sucesso da política do governo do Estado da Bahia de atração de investimentos e Agradecimentos a todos que contribuíram instalação da base de geração de energia eólica para a produção e aprovação do novo texto do para continuar estimulando o crescimento e a di- Código Florestal...... 60 versidade da atividade econômica da região...... 234