Alberto Nepomuceno
Total Page:16
File Type:pdf, Size:1020Kb
1864 - 1964 HUwL ttttoü) çj IíUÍO EXPOSIÇÃO COMEMORATIVA DO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE ALBERTO NEPOMUCENO DE JANEIRO - BIBLIOTECA NACIONAL ORTALEZA - UNIVERSIDADE DO CEARÁ IHi gg^-ST- • 2>ll \\M) m ûtJ.QO* W'teZJ ão teria sido possível esta Exposição Comemorativa do Centenário do Nascimento de Alberto Nepomuceno sem que a Biblioteca Nacional contasse com a colaboração da Universidade do Ceará. Em si mesma, eíeito do material reunido, retlete a contribuição do artista definitivamente situado no quadro geral da cultura brasileira. Compositor e regente, pesquisador e intér- prete, pôde atender — em consequência da sensibilidade e da formação — a uma das exigências mais fortes de nossa vida social: foi, em verdade, um dos iniciadores da pesquisa sobre o folclore musical brasileiro. A Biblioteca Nacional, que guarda grande parte do seu trabalho, não poupou esforços para, nesta exposição, concentrar a sua obra completa. Decisiva, porém, a colaboração da Universidade do Ceará — tão responsável pela exposição quanto a Biblioteca Nacional — que, através do interêsse do Reitor Antônio Martins Filho, pôs a assis- tí-la o professor Aloysio de Alencar Pinto. Inúmeras peças aue a compõem de bibliotecas de entidades e coleções particulares, demonstram o carinho com que se preservam a obra e o nome do ex-diretor do Instituto Nacional de Música. A Biblioteca agradece, finalmente, a participação da família do compositor representada por seu neto Sérgio Nepomuceno Alvim Correia. Em introdução crítica, especialmente escrita para o catálogo, o proí. Mozart de Araujo não justifica apenas a exposição ao reerguer as principais atividades do compositor. Revela indireta- mente como a Biblioteca Nacional prossegue cumprindo o dever de zelar pelo patrimônio humano dos valores artísticos brasi- leiros. É Alberto Nepomuceno, nêsse patrimônio, um dos valores mais altos. ADONIAS FILHO ara comemorar o transcurso do primeiro centenário de nascimento de Alberto Nepomuceno, a Biblioteca Nacional reúne, nesta exposição, a obra completa do mestre, dando-lhe, pela primeira vez, ordenação cronológica e exibindo, tanto quanto possível, os próprios documentos originais do autor. Rende-se, desfarte, a merecida homenagem a um dos mais ilustres compo- sitores do Brasil, cuja vida, inteiramente devotada à Música, foi, particularmente, um comovente exemplo de dedicação à Música Brasileira. Não se pretende, porém, que os autógraíos que se alinham nestas vitrines revelem apenas a atividade do compositor. Alberto Nepo- muceno foi, antes de tudo, um Músico, no mais completo e uni- versal sentido da expressão. Compositor, regente, professor e virtuose, seria difícil resumir nesta pequena notícia as principais facetas da sua incansável atividade e da sua extraordinária ca- pacidade de trabalho. Recordemos, porém, que a êle devemos os primeiros trabalhos de pesquisa científica do folclore musical brasileiro. A êle se deve a restauração de grande parte da obra do Padre José Maurício, obra que encontrou em estado de completo abandono. Como pedagogo e como organizador do ensino da música em nosso país, foi Alberto Nepomuceno um dos mais profícuos dire- tores do Instituto Nacional de Música, hoje Escola Nacional de Música da Universidade do Brasil, cargo que exerceu de 1902 a 1903 e de 1906 a 1916 e ao qual emprestou um alto teor de digni- dade administrativa. Autor da versão vocal do Hino Nacional Brasileiro e laureado, com Leopoldo Miquéz, no concurso de composição do Hino da Proclamação da República, Alberto Nepomuceno é também o autor do hino de sua terra natal, o Ceará. Incentivador e divulgador da música sinfônica, sua atuação como regente caracterizou-se pelo propósito de revelar, no país, obras de autores europeus ainda desconhecidas, e de levar às platéias do velho mundo, quando em viagem pela Europa, obras de auto- res nacionais como Carlos Gomes, Leopoldo Miguez, Henrique Osvaldo, Francisco Braga. Sua criação se estende a todos os gêneros da composição musi- cal : da ópera à música sinfônica, da opereta à música sacra, da música de câmara ao coral e à canção artística. O que mais enobrece essa criação, porém, é o esforço que desenvolveu paro dar ã música brasileira uma característica nacional, uma perso- nalidade própria. Vencendo a incompreensão e os preconceitos de um meio em que só havia receptividade para a música vocal que contivesse texto italiano, alemão ou trancez, Nepomuceno não se arreceiou dos perigos e percalços da ingrata tarefa de dar aos brasileiros o direito de ouvir música na sua própria língua materna. Datam de 1894 as suas primeiras canções em vernáculo. Mas já em 1888, como provam os documentos aqui, expostos, o eminente mú- sico dava em audição pública, no Club Iracema, de Fortaleza, a versão original para piano da "Dança dos Pretos", peça que incorporou depois, em versão sinfônica, à "Série Brasileira", com o nome de "Batuque", em 1895. De então até a sua morte, ocorrida em 1920, a música brasileira foi o tema condutor de sua atividade : como compositor, desven- dando os mistérios e descobrindo os segredos da então inexistente técnica de compor em brasileiro; como artista consciente da sua função histórica e social, formando e transformando a sensibili- dade de um meio indiferente e até mesmo hostil a tudo o que não trouxesse a etiqueta européia. Para Nepomuceno a arte tinha pátria e daí a sua preocupação constante e obstinada de construir o nosso patrimônio artístico, tal como já o haviam feito, ao longo de sua história, os povos de civilização mais realizada. O nosso dever de país jovem — era a sua tése — não era o de permanecer copiando a cultura dêsses povos, mas o de imitá-los na construção de uma cultura própria. Ressalta do sentido e da significação de sua obra que a música, antes de ser uma mensagem de beleza para o prazer do homem, é uma linguagem. E, como os idiomas, ela tem o seu "status" social e os seus dicionários próprios. Artista de sólida formação intelectual e de aprimorada cultura, foi na Europa, ao contato das personalidades mais eminentes dc música universal que Alberto Nepomuceno adquiriu a convicção de afirmar entre as outras nações a personalidade musical do seu povo, levando à música universal a contribuição sonora do Brasil. Creio que foi o Jornal do Comércio de 30 de Agosto de 1906 que atribuiu a Alberto Nepomuceno o título de Fundador da Música Brasileira. Esta exposição, que devemos ao espírito esclarecido de Adonias Filho, Diretor desta casa e ao esforço abnegado de Mercedes Reis Pequeno, Chefe da Seção de Música, vem confirmar aquele título que recebe hoje, nesta oportunidade, a sua definitiva consagra- ção histórica. MOZART DE ARAUJO RELAÇÃO DE ENTIDADES E PESSOAS QUE GENTILMENTE COLABORARAM NA EXPOSIÇÃO NEPOMUCENO * C. F. N. — COLEÇÃO FAMÍLIA NEPOMUCENO E. N. M. — ESCOLA NACIONAL DE MÚSICA M. T. M. — MUSEU DO TEATRO MUNICIPAL M. C. — MUSEU DA CIDADE A. A, P. — PfiOF. ALOYSIO DE ALENCAR PINTO A. O. B. — ARQUIVO OCTÁVIO BEVILACQUA C. A. C. — COLEÇÃO ABRAHÃO DE CARVALHO C. M. A. — COLEÇÃO MOZART DE ARAUJO C. S. A. — DR. CARLOS DA SILVA ARAUJO N. B. N. — PROF. NAIR B. BARROZO NETTO * As peças sem indicação do proprietário, pertencem ao acervo da Seção de Música da Biblioteca Nacional. INFÂNCIA VITRINA N.° I Casa da rua Amélia (hoje Senador Pompeu) em Fortaleza (Ceará) onde, a 6 de julho de 1864, nascia Alberto Nepomuceno. C.F.N. Certidão do batismo de Alberto Nepomuceno, a 15 de janeiro de 1865, na Catedral da cidade de Fortaleza. C.F.N. Fotografias da cidade de Fortaleza em fins do século passado: O Passeio Público e o antigo Mercado. A.A.P. Praça da Sé em dia de festa, vendo-se a antiga Catedral onde Nepomuceno foi batizado. Página manuscrita com apontamentos autobiográficos do compositor. C.F.N. 11 JUVENTUDE E FORMAÇÃO VITRINA N.° II 6 — Reprodução fotográfica de duas litogravuras editadas por F. H. Caris; a cidade de Recife ao tempo em que a família Nepomuceno para lá se transferiu (1872). 7 — Estatutos do Clube Carlos Gomes, em Pernambuco. Re- cife Tip. Mercantil, 1863. Aos 18 anos de idade, o jovem Alberto Nepomuceno íoi nomeado Diretor dos concertos desta organização musical, em substituição ao Maestro Euclides Fonseca. 8 — Retrato do Maestro Euclides Fonseca. C.F.N. 9 — Diploma concedendo a Alberto Nepomuceno o título de Sócio honorário do Clube Carlos Gomes, em Pernam- buco. Datado de 7/9/1880. C.F.N. 10 — Fotografia da séde do Clube Beethoven, em 1888, na Glória (ao lado do antigo Hotel Suisso no Rio de Janeiro) Durante cerca de 10 anos esta sociedade reuniu em seus concertos a elite musical do Rio de Janeiro. Aqui chegando, em 1885, apresenta-se Nepomuceno como pianista, participando de vários concertos patrocinados pelo Clube. 11 — Notícia do 78.° concerto do Clube Beethoven quando o pianista Nepomuceno, recém-chegado do norte do país, foi apresentado como "novidade da noite", executando peças de Rubinstein, Chopin e Clementi. "Gazeta de Notícias" de 1/11/1885. 12 12 — Programa do 100.° concerto do Clube Beethoven, realizado em 27/6/1886, do qual participaram vários artistas, dentre êles o pianista Arthur Napoleão, o violonce- lista Frederico Nascimento, e Nepomuceno ao piano, executando o 3.° Concerto de Beethoven. 13 — Notícia sobre o concêrto acima citado, publicada na "Ga- zeta de Notícias" de 28/6/1886. 14 — Crítica do concêrto realizado por Nepomuceno no "Impe- rial Conservatório de Música", assinada por O. Gua- nabarino. "O Paiz" de 24/7/1887. O compositor executou ao piano sua "Romança" em mib, Mazurka em ré menor. Berceuse e um "Scherzo Fantástico". 15 — Retrato de Frederico Nascimento, violoncelista, professor, homem de grande cultura e inseparável companhei- ro de Nepomuceno até sua morte. Juntos fizeram uma "tournée" de concêrtos pelo norte do Brasil, angariando meios para a projetada viagem à Europa do compositor C.F.N. 16 — Retrato do pianista Arthur Napoleão, outro grande amigo do compositor.