“Eu era o vice de futebol quando o Argel foi promovido para os profissionais. É um cara determinado. Não jogava nada e se fez jogador. “Vi ele crescer no futebol. Tem uma bagagem Ele me dizia: ‘Presidente, o senhor vender o de vida enorme. O torcedor verá nele grandes Gamarra é barbada, quero ver me vender’. “Tenho carinho muito grande pelo Argel. Foi treinadores, como Felipão, e José A verdade é que ele só jogou em clubes ele quem me promoveu ao profissional e Mourinho. O Argel foi adversário do Mourinho grandes. Argel pegou uma fase de baixa do pediu para que voltasse ao clube, quando por quatro anos em Portugal. Estava na hora não estava jogando, no ano passado, pelo Inter, nos anos 1990. Mas não tinha ruim de assumir um clube grande. Tentei colocá-lo Grêmio. É um técnico muito justo, que procura no Grêmio, mas o presidente Odone optou com ele, nunca boicotou vestiário, nunca dar oportunidade a todos. Ele trata todos pelo (em 2011). Ficará ficou de mimimi ou de queixumes. Nem muito bem e briga pelos jogadores. Tenta todo o 2016 e ganhará o vestiário. Se um mesmo quando havia atraso de salários.” sempre o melhor para o grupo. É um cara jogador está para baixo, ele chama o cara excepcional dentro e fora de campo. Te dá “Desde guri, Argel teve muita personalidade. confiança e é muito motivador. Consegue Fomos campeões gaúchos em 1994. Ele sempre de Messi e o tem de volta.” extrair o máximo do atleta.” “Argel treinou o Caxias em dois momentos dizia: ‘Pode ir pra frente que, aqui atrás, é diferentes, mas com missões idênticas: salvar o comigo’. Sempre foi um cara explosivo. Em clube do rebaixamento. Em 2009, no Gauchão. 1995, fui para o Grêmio. No primeiro Gre-Nal, O time cresceu com ele, goleou o Grêmio de ele falou: ‘Tu sabe que te adoro, mas não por 4 a 0, eliminou o Juventude vem fazer graça que te jogo na pista atlética’. na semifinal do returno e foi à final contra O Argel teve um lance marcante na carreira: o Inter. Sem Muriel, que pertencia ao Inter, a bicicleta na linha de fundo ou na lateral. levou 8 a 1, no Beira-Rio. Promoveu atletas Um dia perguntei: Por que tu faz isso? E jovens. Voltou bem mais maduro e calmo. ele: ‘Gosto de ouvir o grito da massa’.” Se mostrou um bom estrategista e um estudioso do futebol.”

“Argel sempre foi um cara voluntarioso e de técnica limitada. Compensava a baixa estatura PEDRO PAULO com um tempo de bola muito bom, sempre ZÁCHIA “As entrevistas coletivas de Argel são longas. Às bem colocado. Foi bom marcador e um cara FRANCISCO vezes, ele passa oito minutos respondendo a esperto para jogar, para orientar a defesa. Vice de futebol uma única pergunta. Argel não é gentil com a Era viril, sem ser maldoso. Mas não perdia a NOVELLETTO imprensa. Não que não goste dos jornalistas, viagem. Não se constrangia em receber um e presidente do mas porque é o seu jeito. Da mesma forma, cartão amarelo ou em dar chutões. Não se Presidente da MARQUINHOS ele reconhece aqueles que estão todos os preservava. Reclamava muito também. Inter nos anos 90 dias nos treinos. Isso é fácil de perceber Não tanto quanto D’Ale, até por jogar em Federação Gaúcha PEDROSO quando um repórter que não está no dia a um setor mais distante do árbitro.” dia do clube faz uma pergunta específica de Futebol Lateral- sobre o time. A resposta de Argel é: ‘Você assiste aos treinos?’. Pouca coisa escapa.” ALEXANDRE XOXÓ esquerdo do Atacante do Inter Figueirense em 1994 MÁRCIO SERAFINI Editor-chefe do jornal Pioneiro, de

RENATO MARSIGLIA “O Argel cresceu sobre dois pilares: personalidade Árbitro da Fifa de e garra. E manteve isso como treinador. Não desiste nunca. Sempre monta times aguerridos, 1989 a 1994, e com marcação agressiva. Esse traço da personalidade ele transmite aos jogadores. comentarista de ANDRÉ PODIACKI Foi um muito bom zagueiro, que não tinha Setorista de grande estatura (1m81cm), mas que venceu “Vejo em Argel um cara muito seguro no que na carreira superando as dificuldades. Vai Rede Globo Figueirense no faz. Se aproveitou algo comigo, foi isso. Você cobrar atitude dos jogadores. Duvido que não pode ter medo de errar, de correr o risco. os atletas desistam de uma bola. Ainda jornal Diário Quem está comigo é irmão, quem não está é mais com o Argel à beira do gramado.” inimigo. Uma das formas de administrar um Catarinense, de vestiário é, externamente, colocar a asa por cima dos jogadores e abraçar as críticas. Mas, Florianópolis internamente, você passa o sarrafo e cobra. Está blindando os jogadores. O treinador precisa mostrar que conhece o jogo. E ele está fazendo isso. Está começando bem.”

DANIEL FRANCO Lateral-esquerdo do Inter de 1992 a 1994, e atual técnico do Novo Hamburgo

CLÁUDIO DUARTE Treinador de Argel no Inter em 1994

“Começamos na base do Inter. Em 1991, fomos campeões em Santiago e subimos no ano seguinte. Fomos campeões da (1992) e, em 1993, conquistamos o Mundial júnior com a seleção. Sempre fez o estilo sanguíneo. Certa vez, estávamos no Santos e tínhamos um clássico contra o Palmeiras. O Argel tinha de marcar o Evair. Estava preocupado: ‘Vou ter que arranjar uma briga para virar um leão’. E arrumou com o Evair. Ele não fez nada e ganhamos.” CAÍCO Meia do Inter, promovido com Argel dos juniores, e atual auxiliar técnico do Inter sub-20

FÉLIX ZUCCO