João Baptista de Oliveira Figueiredo 1979-1985 1979-1980 Rubem Carlos Ludwig 1980-1982 Esther de Figueiredo Ferraz 1982-1985 Antônio Gois Antônio Quatro décadas José Sarney 1985-1990 Quatro décadas de gestão educacional no Brasil apresenta 1985-1986 entrevistas com 14 autoridades da Educação que ocuparam a de gestão Jorge Bornhausen 1986-1987 pasta entre os governos João Baptista Figueiredo (1979-1985) Aloísio Guimarães Sotero – interino 1987 Acreditamos no poder transformador da Educação e e (2011-2016). Nesse período, o país atraves- Hugo Napoleão 1987-1989 no aprimoramento da gestão como ferramenta decisiva sou fases de graves crises econômicas e instabilidade política. Carlos Correa de Menezes Sant’anna 1989-1990 para assegurar os direitos de aprendizagem de nossas Também celebrou avanços, como a redemocratização, a am- educacional crianças, adolescentes e jovens. pliação de direitos sociais e a redução da desigualdade. 1990-1992 Quatro décadas de gestão educacional no Brasil, que Os ministros que passaram pelo Ministério da Educação Carlos Chiarelli 1990-1991 ora apresentamos ao público, foi concebido com base (MEC) conviveram com o desafio de implementar políticas pú- José Goldemberg 1991-1992 nessa crença. A obra traça um panorama das políticas blicas no setor considerando o momento socioeco­nômico de no Brasil Eraldo Tinoco Melo 1992 educacionais das últimas quatro décadas na perspectiva seu tempo. Além de buscar contribuir para o entendimento de 14 autoridades da Educação. Além de resgatar parte de como tais contextos afetaram a trajetória das políticas edu- Políticas públicas do MEC em depoimentos de ex-ministros da memória da gestão do Ministério da Educação (MEC) e cacionais, este livro visa resgatar parte da memória da gestão 1992-1995 a racionalidade de distintas intervenções, os depoimentos do MEC por meio do depoimento de seus protagonistas. Murílio Hingel 1992-1995 ajudam a entender como os contextos socioeconômicos Se, de um lado, a memória dos entrevistados está sujeita a influenciaram o rumo das políticas públicas educacionais. interpretações, subjetividades ou mesmo omissões, de outro, | Como todos sabemos, temos avançado muito na am- o relato dos fatos em primeira pessoa facilita a revelação dos Fernando Henrique Cardoso 1995-1998 1999-2002 * 1995-2002 pliação do acesso ao ensino público, mas ainda estamos bastidores da formulação das políticas que não aparecem em longe de ter atingido os níveis de qualidade desejados. documentos ou reportagens da época. Luiz Inácio Lula da Silva 2003-2006 | 2007-2010 2003-2004 2004-2005

Pedro Moreira Salles Quatro décadas de gestão educacional no Brasil 2005-2010 Presidente do Instituto Unibanco observatoriodeeducacao.org.br/ex-ministros

Dilma Rousseff 2011-2014 | 2015-2016 Antônio Gois Fernando Haddad 2011-2012 2012-2014 Henrique Paim 2014-2015 2015 2015 Aloizio Mercadante 2015-2016

Em destaque, os ex-ministros entrevistados. * Depoimento da gestão de Paulo Renato Souza por Maria Helena Guimarães de Castro. Quatro décadas de gestão educacional no Brasil Políticas públicas do MEC em depoimentos de ex-ministros

Antônio Gois © 2018 Fundação Santillana e Instituto Unibanco.

ORGANIZAÇÃO Instituto Unibanco Superintendente Executivo Ricardo Henriques Gerente de Planejamento, Articulação e Comunicação Tiago Borba Coordenação Izabela Moi e Fabiana Hiromi Texto Antônio Gois

PRODUÇÃO EDITORIAL

Fundação Santillana Diretoria André Luiz de Figueiredo Lázaro Editora Moderna Diretoria de Relações Institucionais Luciano Monteiro Karyne Arruda de Alencar Castro Edição Ana Luisa Astiz | AA Studio Revisão Lessandra Carvalho, Marcia Menin e Maria A. Medeiros | AA Studio Assistência Editorial Felipe de Souza Santos | AA Studio Projeto Gráfico Paula Astiz Editoração Eletrônica Paula Astiz Design Imagens Foto (página 113): Lindauro Gomes/Estadão Conteúdo/10.06.1998. Demais imagens: Observatório de Educação: Ensino Médio e Gestão/Instituto Unibanco. Nota do editor Todos os indicadores socioeconômicos são do último ano de cada governo.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Gois, Antônio Quatro décadas de gestão educacional no Brasil : políticas públicas do MEC em depoimentos de ex-ministros / Antônio Gois. — São Paulo : Fundação Santillana, 2018.

Bibliografia. ISBN 978-85-63489-40-1

1. Educação — Administração 2. Educação — Brasil 3. Educação — Finalidade e objetivos 4. Gestão educacional 5. Política educacional I. Título.

18-13706 CDD-370.981

Índices para catálogo sistemático: 1. Brasil : Gestão educacional 370.981 4 Apresentação Pedro Moreira Salles

6 Introdução Ricardo Henriques

10 Avanços e frustrações na gestão educacional Antônio Gois

20 Governo Figueiredo 1979-1985 26 Eduardo Portella 1979-1980

36 Governo Sarney 1985-1990 42 Jorge Bornhausen 1986-1987 50 Hugo Napoleão 1987-1989

58 Governo Collor 1990-1992 64 Carlos Chiarelli 1990-1991 76 José Goldemberg 1991-1992

88 Governo Itamar 1992-1995 94 Murílio Hingel 1992-1995

104 Governo FHC 1995-1998 | 1999-2002 112 Paulo Renato Souza 1995-2002

124 Governo Lula 2003-2006 | 2007-2010 132 Cristovam Buarque 2003-2004 144 Tarso Genro 2004-2005 156 Fernando Haddad 2005-2010

168 Governo Dilma 2011-2014 | 2015-2016 176 Aloizio Mercadante 2012-2014 e 2015-2016 192 Henrique Paim 2014-2015 204 Cid Gomes 2015 216 Renato Janine Ribeiro 2015

230 Posfácio Antônio Gois

236 Índice onomástico Apresentação Pedro Moreira Salles papel essencial, por seu poder indutor e normatizador de políticas. políticas. de enormatizador indutor por poder seu essencial, papel nisso desempenha eoMEC eliderança, visão planejamento, exige que desafio éum àEducação direito do Agarantia dirigentes. seus de e MEC do histórico registro como um constituindo-se frente, nessa insere-se livro Este edados. pesquisas em evidências, damentadas fun públicas políticas de aelaboração para insumo de esirvam blico pú odebate para contribuam que epesquisas estudos fomentando brasileira. pública escola da os estudantes atodos dade quali de àEducação oacesso garantir para sociedade setores da tes esforçosdiferen com os unirmos frentese temospela que desafios os imensos superar foco. conseguiremos só Compreendemos que com esse civil sociedade da eorganizações público com opoder ria parce de em ações investe existência, de anos com 35 Unibanco, Por oInstituto isso, desejados. qualidade de os níveis atingido ter longe de estamos ainda mas público, ensino ao acesso do ampliação Educação pública. pública. Educação a prioriza que edemocrática justa sociedade uma de a construção para contribuição nossa dar esperamos volume, Com este acertadas. se revelaram depois que decisões e passado do erros identificando avançar, possamos que para exercício fundamental éum cacionais educacionais. públicas líticas po das rumo o influenciaram socioeconômicos como os contextos aentender ajudam os depoimentos intervenções, distintas de lidade earaciona (MEC) Educação da Ministério do gestão da memória da parte resgatar de Além Educação. 14 da de ex-ministros perspectiva na décadas quatro últimas das educacionais políticas das norama ejovens. adolescentes crianças, nossas de aprendizagem de tos os direi assegurar para decisiva como ferramenta gestão mento da eno aprimora Educação da transformador no poder Acreditamos banco Holding. banco Uni Itaú do Administração de Conselho edo Unibanco Instituto do Presidente Pedro Moreira Salles Olhar para a história de nossas instituições e das políticas edu políticas e das instituições nossas de a história para Olhar conhecimento, de éaprodução atuação de nossos eixos Um de na décadas últimas nas muito avançamos sabemos, Como todos pa um traça Ele crença. nessa foi com base concebido livro Este ------4 | 5 APRESENTAÇÃO Introdução Ricardo Henriques conhecimentos que os alunos do Ensino Médio devem apresentar ao ao apresentar devem Médio Ensino do os alunos que conhecimentos dos definição A flexível. epouco éenciclopédico décadas últimas das curricular O modelo etapa. dessa final ao escolhas de lidades possibi suas ampliar e vida, de de projetos definição de distintos em momentos estão jovens, que dos expectativas eas demandas as com os interesses, dialogar precisa por A escola eles. é desejado o que e estudantes aos éofertado oque entre distanciamento enorme um vulneráveis. os mais com nossos jovens, especialmente cacional edu dívida aimensa contudo, supera, em 2015.48%, não Tal avanço em 1981, 12%, para completo de cresceu Médio com Ensino Brasil no 15 e60 anos entre população da eopercentual 97%, para mental Funda no Ensino matrículas de ataxa ampliar conseguiu o Brasil (Pnad/IBGE), Estatística e Geografia de Brasileiro Instituto do cílios, Domi de por Amostra Nacional Pesquisa da dados Segundo cação. àEdu acesso do ampliação de políticas nas celebrar, especialmente sobremaneira as políticas educacionais para essa modalidade. essa para educacionais políticas as sobremaneira afetaram – Básica Educação da pelo nome) (reforçada ou final diária interme etapa éuma Médio oEnsino –se identitárias disputas sas Es identidade. sua de em busca indefinida, modalidade como uma identificado sido tem história, sua de no decurso Médio, o Ensino regulatórias, mudanças das Além idade. de 17 anos 4 aos dos tuito egra –obrigatório Médio oEnsino portanto, –contemplando, sico Bá oEnsino garantir de odever Estado ao 59, 2009, de atribuiu-se Constitucional com aEmenda (LDB), eapenas Nacional Educação da e Bases em Diretrizes 1996, de deu se com a Lei Básica à Educação incorporação Sua educacionais. públicas políticas novas de mulação na for atenção obteve suficiente não Médio oEnsino que tatamos efrustrações. sucessos acertos, conosco erros, –compartilharam Souza Renato Paulo de em nome fala que Castro, de Helena Guimarães eMaria verdade, – 13, na os titulares relatos, seus Em brasileira. educacional agenda na enfrentados desafios e sobre os avanços debate eo areflexão menta fo Brasil no educacional gestão de décadas hoje, Quatro de os dias até redemocratização da aépoca desde (MEC) Educação da nistério oMi lideraram que 14 de autoridades os depoimentos Ao registrar Essa indefinição relativa ao Ensino Médio promove, inclusive, promove,inclusive, Médio Ensino ao relativa indefinição Essa cons anos, 40 nos últimos história nossa para olhamos Quando a conquistas sem dúvida, há, período, do ocenário Analisando ------

6 | 7 INTRODUÇÃO final de cada ano tem de contemplar conteúdos que dialoguem com as aspirações deles e considerar, ainda, as competências necessárias no século 21. Vale reforçar o efeito perverso da naturalização das desigualda- des na condução das políticas públicas. A universalização do acesso à Educação Básica pública foi (e é), sem dúvida, uma agenda funda- mental para a garantia de direitos, mas não basta. É crucial ter um olhar cuidadoso para os grupos vulnerabilizados historicamente a fim de evitar a reprodução de desigualdades étnico-raciais e de gê- nero, entre outras. A reduzida importância conferida à pluralidade dos jovens que se encontram no Ensino Médio é, aliás, uma das explicações para o problema da não conclusão e do abandono. Uma escola que não considera o contexto e não observa com cuidado as desigualdades que afetam muitos de seus estudantes será incapaz de promover re- lações de pertencimento e desencorajará especialmente os jovens em situação de maior vulnerabilidade. Para garantir o direito à Edu- cação, é incontornável entender a realidade de cada escola e promo- ver ações voltadas para a equidade. Tendo dedicado quatro anos à criação e gestão da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) no Ministério da Educação, compartilho das muitas in- quietudes e desassossegos que lemos neste livro. A elaboração e a implementação de uma política educacional pressupõem mais que uma equipe técnica competente. É imprescindível que o ges- tor consiga engajar os vários atores da burocracia do Estado para garantir o alinhamento da visão da Educação como um bem públi- co. E nessa dinâmica há, obviamente, conquistas, avanços e inova- ções, mas também recuos, interrupções, rupturas, estagnações e descontinuidades. Além do mais, em um contexto de restrição orçamentária e ne- cessidade de priorizações, e muitos ex-ministros falam sobre isso, a decisão de continuar ou não uma política pública precisa ser orien- tada por evidências. A consolidação de uma cultura institucional de monitoramento e avaliação tende a aplacar a angústia das decisões executivas. Ser autoral não implica necessariamente recomeçar do zero; pode-se inovar a partir do que já existe e dar saltos evolutivos, elaborando sofisticações e agregando valor às ações e aos programas. processo, assegurando seu direito à aprendizagem. à aprendizagem. seu direito processo, assegurando do no centro os estudantes etodos todas coloque que sobretudo, e, com asociedade, acordado exequível, seja Um projeto que social. transformação real gere uma que Educação projeto de por um do orienta contínuo, aprimoramento de ideia pela ser sempre movida deveria democracias, às intrínseco poder, movimento de ternância Aal relevantes. agendas eimplementaram no MEC assinatura sua Superintendente-executivo do Instituto Unibanco. Instituto do Superintendente-executivo Henriques Ricardo Os gestores que narram suas trajetórias neste livro deixaram deixaram livro neste trajetórias suas narram que gestores Os - - 8 | 9 INTRODUÇÃO Avanços e frustrações na gestão educacional Antônio Gois os procurados, apenas um, Marco Maciel Marco um, apenas os procurados, todos De vivos. os 14 então 2016, ex-ministros de mestre foi localizar se no segundo dado passo, oprimeiro isso, Para protagonistas. seus de testemunho por meio do MEC do gestão da memória da parte éresgatar livro deste oobjetivo educacionais, públicas políticas de atrajetória afetaram contextos como esses de oentendimento para mo o setorconsiderando no públicas políticas implementar de safio população. da nuição edimi envelhecimento de quadro um para oBrasil como preparar é hoje apreocupação assustava, 2% anuais, de mais de acelerado, demográfico 1980 de ocrescimento em 2016). década da no Se início habitantes de em 1980 a 206 milhões (de 119 milhões tamanho de dobrou praticamente que população Tudo com uma isso sigualdade. de da eredução renda da crescimento de único período venciou um evi estável moeda uma conquistou sociais, direitos ampliou o país daí, Apartir Militar. Ditadura de 21 anos após democrática transição pela acomeçar avanços, de também mas difíceis, tempos Foram ca. Repúbli da presidentes dois de como o política, de instabilida de 1.000%, a e superiores anuais inflação de por taxas marcadas algumas econômicas, crises graves de fases atravessou sil oBra décadas, quatro quase nessas Afinal, brasileira. história da momentos conturbados de consequência éem parte anos dois cada a titular um de (MEC). Amédia Educação da pelo Ministério saram gueiredo Fi Baptista João governo de do oinício separaram que Nos anos 37 feita por Maria Helena Guimarães de Castro de Helena Guimarães feita por Maria época foi dessa isso, a Pormemória incompleta. ficaria a narrativa 1995 entre e2002, gestão, sua de oito anos dos 2011. oregistro Sem Cardoso Henrique Fernando de mandatos dois nos cargo do ocupante eúnico Capanema Gustavo de depois MEC Souza Renato Paulo lacuna: importante preencher uma de anecessidade detectou se no início MEC. do posto tante impor omais ocuparam sobre em que otempo falar para o pedido aceitaram prontamente demais Os saúde. de porpoimento, razões mento socioeconômico de sua época. Além de buscar contribuir contribuir buscar de Além época. sua de ­mento socioeconômico Os ministros da Educação desse período conviveram com ode conviveram período desse Educação da ministros Os Ao analisar os períodos cobertos pelas entrevistas, porém, logo porém, entrevistas, pelas cobertos os períodos Ao analisar do fim do mandato de Dilma Rousseff Dilma de mandato do fim do , ministro mais longevo da história do do história longevo da mais , ministro , não pôde gravar seu de seu gravar pôde , não , uma de suas mais mais suas de , uma , havia falecido em falecido , havia , 19 ministros pas , 19 ministros - - ­ ------10 | 11 AVANÇOS E FRUSTRAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL importantes colaboradoras, que foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e secretá- ria-executiva do ministério na gestão de Paulo Renato.

Proporções inadministráveis

O período coberto por este livro começa no governo de João Baptis- ta Figueiredo porque o ex-ministro mais antigo quando as entrevis- tas começaram a ser feitas era Eduardo Portella. Ele ocupou o cargo entre março de 1979 e novembro de 1980, ainda no regime militar. Entrevistado em dezembro de 2016, cinco meses antes de seu fale- cimento, seu depoimento é revelador das dificuldades de formular diretrizes educacionais em um momento de crise econômica e de relações políticas tensas. O MEC era, nas palavras do próprio Por- tella, um “ministério de proporções quase ‘inadministráveis’”, pois abrangia o que hoje são quatro pastas em uma só: Educação, Cul- tura, Esporte e Ciência e Tecnologia. Como agravante, é importante considerar que, em 1981, mesmo sendo um país com quase metade (45%) da população em idade escolar (0 a 17 anos) e com 23% de adul- tos analfabetos, o investimento em Educação era de menos de 3% do PIB na época. A gestão da Educação no governo José Sarney é aqui retratada pelas entrevistas de dois dos quatro ministros que ocuparam o car- go no período: Jorge Bornhausen e Hugo Napoleão. Sarney nomeou para o MEC primeiro políticos do Partido da Frente Liberal (PFL, hoje Democratas) – Marco Maciel, Bornhausen e Napoleão – e depois um deputado do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Carlos Sant’anna. As entrevistas de Bornhausen e Napoleão eviden- ciam que as trocas de comando no MEC durante o governo Sarney não aconteceram devido a desvios de rota na política educacional, traçada desde o início por Maciel. As mudanças são explicadas sem- pre pela necessidade de ajustes nos ministérios para compor melhor a base de apoio do governo no Congresso. Esse fato, como desta- cam outros ex-ministros, foi bastante frequente na história do MEC, sobretudo em períodos de instabilidade política, o que sugere uma dificuldade de blindar a Educação em momentos de crise. das escolas já existentes. já existentes. escolas das eampliação reforma na emunicípios estados momento apoiar era naquele importante omais que por entenderem àideia, resistiam contudo, Goldemberg, quanto (Cieps). Tanto Chiarelli Pública ção Educa de Integrados Centros dos no modelo inspirado integral po tem de escolas de construção projeto (Ciacs), de àCriança Apoio de Integrados os Centros apriorizar Collor os ministros epressionava com oliberal aproximação uma ensaiava esquerda, de político zola, Brizola Leonel Janeiro, de Rio do governador José Goldemberg no cargo, sucessor seu por também confirmada Chiarelli, de no depoimento curiosidade Por exemplo, uma públicas. políticas de formulações de bastidores revelar permite outro, de autoridades, dessas àfala restringir se de adesvantagem tem ex-ministros de testemunho por meio do MEC Chiarelli Mello de para análise dos pedidos. dos análise para técnicos mais critérios estabelecer de anecessidade evidenciava que favores”, fazer para o formidável um “lugar entrevista, na ele afirma como Era, ensino. de e instituições estados por municípios, tados projetos apresen para verbas de sobre aliberação decisão de trário arbi altamente poder um época, na mãos, em suas tinha o ministro recursos, muitos de dispor não de apesar que, elogo descobrir MEC ao chegar ao técnico um de oestranhamento depoimento em seu la reve Ele ocargo. por Collor para ser nomeado ao políticos ministros cinco de sequência (USP), uma quebrou Paulo São de Universidade ex-reitorda Goldemberg, técnico. mais perfil de eoutros -partidária político com atuação ministros entre oscilou Educação da mando impeachment. seu para nificativamente sig acontribuir viria entrevista, lembra na como Chiarelli opróprio oque, no Congresso, apoio de base uma de com aconstrução pado Assim como em outras pastas desde a redemocratização, oco aredemocratização, desde pastas como em outras Assim do gestão da ahistória contar de aestratégia lado, um de Se, Collor Fernando de omandato como no governo Sarney, Assim (PFL), para o MEC. Collor, porém, não estava tão preocu tão estava Collor, não porém, oMEC. (PFL), para também começou com a nomeação de um político, Carlos Carlos político, um de começou com anomeação também , era a influência que o então então o que ainfluência , era , exercia na pasta. Bri pasta. , exercia na ------12 | 13 AVANÇOS E FRUSTRAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL Centralização excessiva

Essa busca de critérios mais racionais e transparentes para liberação de verbas é um tema que aparece com frequência nos depoimen- tos. A leitura deles em ordem cronológica permite identificar uma preocupação constante e crescente com a descentralização de pro- gramas como a merenda escolar ou a compra de livros didáticos. Só para ilustrar uma situação que hoje soaria absurda, em vez de repassar recursos para municípios e estados, houve um tempo em que o MEC centralizava a compra de merenda e enviava produtos, em latas, para escolas de todo o país. Vários ex-ministros destacam o problema da centralização ex- cessiva do governo federal e relatam ações – às vezes em relação aos mesmos programas – voltadas para maior racionalidade nesses processos. Isso demonstra quanto a busca de mais eficiência da má- quina pública é uma tarefa que demanda atenção e esforço perma- nentes para o aprimoramento de processos burocráticos. A relação da União com estados e municípios sempre foi um tema de preocupação dos ministros. No entanto, é possível ver uma mudança de postura no MEC a partir da gestão de Murílio Hingel, já no governo Itamar Franco. Hingel, preocupado com a falta de ação do governo federal para cumprir metas assumidas em 1990 com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na Conferência Mundial sobre Educação para To- dos, mobilizou estados, municípios e outros atores educacionais na elaboração de um sistema nacional de Educação. Foi na curta ges- tão do ministro de Itamar que o Brasil criou seu Plano Decenal de Educação, baseado em metas construídas por meio do diálogo en- tre todos os entes federativos. A obrigação de planejar os rumos da Educação no país a cada dez anos se tornaria obrigatória em 1996, com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Daí nasceu o Plano Nacional de Educação (PNE), citado com frequência pelos ministros dos governos Fernando Henrique, Lula e Dilma. Para planejar e monitorar ações no longo prazo, porém, ainda faltava muito a avançar na década de 1990. Maria Helena Guimarães de Castro, em seu depoimento sobre os oito anos da gestão de Pau- lo Renato Souza no governo Fernando Henrique, relembra como foi Continuidade gestores da Educação. da gestores que Henri governo Fernando do Somente apartir eestados. municípios para MEC edo federais órgãos entre recursos de transferência na agilidade mais buscando ainflação, driblar para artifícios contrar aen dedicada era ministros dos tempo do por exemplo, parte boa Nos governos Sarney prioridade. ou perdem nham ga que temas identificar permitem livro neste entrevistadas dades 14 autori das falas as anos, longo dos ao foiMEC aprimorando se no depoimento de Maria Helena Maria de no depoimento ênfase com mais retratado Médio, éoEnsino Um deles antigos. mais ministros dos falas nas aparecem pouco que mas educacionais, tes Renato. Paulo de gestão na exatamente escala em larga surgiriam só que aprendizado, do avaliação de instrumentos de inexistência na sem falar Isso duzidas. serem pro para tempo demasiado edemoravam imprecisas eram transição de etaxas matriculados sobre alunos Informações Inep. do precária situação da setor diante do diagnóstico um fazer difícil para redistribuir recursos entre entre recursos redistribuir para Henrique no governo Fernando criado (Fundef), Magistério do Profissionais dos Valorização ede damental Fun Ensino do eDesenvolvimento Manutenção de Fundo do É ocaso eaperfeiçoadas. ampliadas foram casos, como, em alguns comando, de àtroca sobreviveram apenas não que públicas políticas algumas identificar permite protagonistas seus de testemunho por meio do MEC do história da arevisão governo. mesmo Contudo, um de dentro vezes até às gestões, em suas iniciados programas de continuidade de falta da com frequência queixam se os ex-ministros entrevistas, Nas matrícula obrigatória. como de 1988 de estabelecia aConstituição que etária afaixa essa era pois escola, 7a14 fora de da anos crianças de e no percentual analfabetismo de taxas altas nas focada mais muito estava atenção a inflação deixou de ser uma preocupação central na agenda dos agenda na central preocupação uma serde deixou ainflação Também há temas que hoje têm grande importância nos deba importância hoje grande têm que Também temas há do como agestão de oentendimento para contribuir de Além . Antes da gestão de Paulo Renato Paulo de gestão da . Antes , Collor , e Itamar e , a ------, 14 | 15 AVANÇOS E FRUSTRAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL entes federativos de maneira a priorizar aqueles que possuíam mais alunos. No governo Lula, o Fundef se expandiu para o Fundo de Ma- nutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), que passou a redistribuir mais re- cursos e a abranger também a Educação Infantil e o Ensino Médio. Na transição do governo Fernando Henrique para o de Lula, é possível notar outro caso de aperfeiçoamento de políticas: as avalia- ções iniciadas na gestão de Paulo Renato se ampliaram a partir de Fernando Haddad, terceiro ministro petista. Se antes apenas indica- dores de aprendizado estaduais e nacionais eram divulgados, o país passou a contar com informações sobre todos os municípios e esco- las públicas de Ensino Fundamental. Esses exemplos, assim como o caso mais recente da Base Nacional Curricular Comum (BNCC), provam que políticas públicas podem sobreviver à troca de coman- do na gestão do MEC. Entretanto, houve também mudanças de rota significativas, às vezes dentro do mesmo mandato presidencial. O primeiro minis- tro de Lula, Cristovam Buarque, por exemplo, assumiu a pasta com o pensamento de priorizar a erradicação do analfabetismo adulto, uma realidade comum, em 2003, a 15 milhões de brasileiros ou 12% da população acima de 15 anos. Ele apostou em parcerias com orga- nizações da sociedade civil, defendendo a ideia de que não era preci- so ter formação na área de Educação para ser um bom alfabetizador. Cristovam deixou o cargo devido a essa e outras divergências com Lula pouco mais de um ano depois de sua posse e foi substituído por Tarso Genro, que passou a priorizar convênios com secretarias de Educação com incentivo à formação de professores. Outra clara mudança de visão na troca entre Cristovam e Tarso diz respeito ao Ensino Superior. Cristovam, que logo depois de sua saída do MEC deixou o Partido dos Trabalhadores (PT), explicita em sua entrevista uma frustração de vários ministros que o antecede- ram: a percepção de que não conseguiram dedicar os esforços que desejavam para resolver problemas da Educação Básica pelo fato de terem a obrigação de cuidar diretamente da rede de Ensino Superior federal. Tarso, porém, assume outro discurso, seguido pelos demais ministros petistas no cargo: o de que era necessário trabalhar com uma “visão sistêmica” para a Educação, entendendo o Ensino Supe- rior como parte complementar à Educação Básica. Contextos programas, em um contexto de menos recursos disponíveis. disponíveis. menos recursos de contexto em um programas, nos eficiência mais buscar de com anecessidade áreas em algumas cortes de por causa pressões as equilibrar como tentaram contam ex-ministros três Os político-econômico. cenário do agravamento de quadro sob um acontece no período Educação da bre agestão so areflexão Mercadante), novo, de e, Aloizio Ribeiro Janine Renato (Cid Gomes presidente governo da no segundo apasta ocuparam que ministros dos entrevistas Nas Dilma. de mandato primeiro do ano em 2014, último Educação, da ministro ser nomeado de antes MEC do Executiva Secretaria ena (FNDE) Educação da volvimento Desen de Nacional Fundo do presidência na experiência acumulou Paim José Henrique ede no governo Dilma) Mercadante Aloizio de falas nas também éperceptível em Educação investimento do ampliação aalcançar. metas também ater passaram que estaduais, e municipais eredes escolas as todas de aprendizado de indicadores de divulgação pela oex-ministro, segundo viabilizou, se resultados por em cobrar 2008, de eaproposta magistério, do salarial piso do aaprovação principal professores dos como teve marco valorização de aideia Haddad, de Na 132%. gestão de ordem da maior: foi ainda público no ensino por aluno investimento do oaumento cundidade, fe de taxa da redução da por causa nascimentos de no número da que momento já de um atravessava Como 5,9%. opaís para 4,5% de subiu Educação em investido do PIB percentual o MEC, ficou no dad ca de sua gestão, se baseou no tripé recursos, valorização e cobrança. ecobrança. valorização recursos, no tripé baseou se gestão, sua de ca mar (PDE), uma Educação da Desenvolvimento de Plano do boração aela que depoimento em seu explica setor. do Haddad nanciamento o fi ampliar de governo Lula do decisão e de econômico otimismo de momento em um o ministério assumiu MEC, do história na no cargo ficou tempo mais que oterceiro etambém Lula de ministro o terceiro Haddad Fernando país. do mento político-econômico mo do também mas equipe, sua e de pessoal competência da apenas não dependeu educacional política sua executar de ministros dos de acapacida que claro deixam entrevistas as esperar, Como de era O otimismo com a continuidade das políticas públicas ecom a públicas políticas das com acontinuidade O otimismo - Had em que 2005 entre e2012, período recursos, dos No caso (no caso de sua primeira gestão no MEC, no MEC, gestão primeira sua de (no caso , quadro técnico que que técnico , quadro , por exemplo, ------, 16 | 17 AVANÇOS E FRUSTRAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL Gestão e interesse público

Em tempos de demonização da política, uma lição de extrema re- levância que se pode extrair dos depoimentos é a de ser possível colocar o interesse público acima de conveniências partidárias. Por exemplo, Maria Helena Guimarães de Castro conta como, na criação do Fundef, em 1996, o governo Fernando Henrique, mesmo com a oposição de governadores de partidos aliados cujos estados perde- riam verbas na redistribuição de recursos para municípios, conse- guiu aprovar uma emenda constitucional para estabelecer um me- canismo de financiamento que priorizava o cálculo dos repasses de acordo com o número de alunos matriculados. A equipe do MEC enfrentou a pressão e colocou de pé uma política pública depois elo- giada e ampliada nos governos petistas. Outro momento relatado neste livro em que o interesse público prevaleceu sobre divergências partidárias foi a instituição do Pro- grama Universidade para Todos (ProUni), ainda no primeiro man- dato de Lula. Tarso Genro, segundo ministro da Educação petista, conta que, para garantir a aprovação do projeto no Congresso, era preciso diminuir a resistência de partidos de oposição. Tarso procu- rou Antônio Carlos Magalhães, então senador pelo PFL da , e lhe apresentou os detalhes do programa. O principal argumento para convencer um feroz opositor das políticas do PT a votar a favor do ProUni foi o benefício que este traria a estudantes negros e pardos, especialmente em um estado como a Bahia. O senador, relembra o então ministro, foi fundamental para facilitar a validação da lei que criou o programa, reduzindo resistências a ele entre alguns parla- mentares de oposição. Há também, claro, fatos a lamentar. Um deles diz respeito ao próprio perfil dos titulares do MEC. Apesar de o magistério ser uma profissão majoritariamente feminina, apenas uma mulher ocupou o cargo não só durante os 37 anos aqui retratados, como até a fina- lização deste livro: Esther de Figueiredo Ferraz, última ministra do mandato de João Baptista Figueiredo. Para concluir esta breve análise do conjunto das 14 entrevistas, é possível tirar vários aprendizados sobre a gestão educacional. Os depoimentos colhidos das autoridades que comandaram o MEC ajudam a desmitificar, por exemplo, a ideia de que as mudanças em tece mesmo, pois tem muitos escalões intermediários”. intermediários”. escalões muitos tem mesmo, pois tece acon –não acontece não ser cumprida, vai ela eque determinação uma você dá que fora, de vindo você pensa, Quando funciona. não todo, tempo o [...],cima em ficar você se mantida não seja que insistir edepois adotada seja que insistir vezes: “Temtrês depois tomar, que menos ao ser tomada de tinha valer para decisão qualquer que de chegou foi a quais às conclusões primeiras das uma que entrevista Dilma de mandato no segundo meses, seis Renato Janine Ribeiro Janine Renato ofilósofo seja como oMEC órgão em um pública administração da acomplexidade frase em uma resuma melhor Talvez quem Estado. de ministro seja gestor, que mesmo um de individual competência ou vontade da exclusivamente quase dependem públicas políticas sidade Columbia. sidade naUniver Fellowship, Journalism Education edaSpencer Michigan, de dade naUniversi Wallace Fellows, Knight programa do bolsista Foi Unibanco. tituto O Globo jornal do Educação de (Jeduca), colunista Educação de Jornalistas de daAssociação Presidente Antônio Gois . Embora tenha ocupado o cargo por apenas por apenas ocargo ocupado tenha . Embora , comentarista da rádio CBN e colaborador do Ins do ecolaborador CBN darádio , comentarista , Janine afirma em sua sua em afirma , Janine - - - - 18 | 19 AVANÇOS E FRUSTRAÇÕES NA GESTÃO EDUCACIONAL A Educação entre a crise econômica e a tensão política

Governo João Baptista de Oliveira Figueiredo 1979-1985 População Brasil do Proporção crianças 0 de a de 17 anos na total população em Economia) – Fundação Getulio Vargas, , 2007. Janeiro, de Rio Vargas, Getulio –Fundação Economia) em Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas de Rodrigues. Rogerio Paulo JUNIOR, MADURO 4. acesso em: mar.educação+básica+no+Brasil/e2826e0e-9884-423c-a2e4-658640ddff90?version=1.1>; 2018). da Brasil no de Estatísticas dados os Básica Educação (utilizando Populacional/IBGE Demográfico/IBGE; Censo MEC/Sedia/Seec; 2. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 1, Taxa analfabetismo de adulto período do Indicadores Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Educação pública Educação , disponível em:

20 | 21 APRESENTAÇÃO 1978

1979 15 de março General João Baptista de Oliveira Figueiredo assume a Presidência. Agosto Eduardo Portella torna-se Lei de Anistia. ministro da Educação (MEC). 1980

Novembro 1981 Rubem Carlos Ludwig substitui Portella no MEC. 30 de abril Bomba no Riocentro.

1982

Abril Agosto Guerra das Malvinas. Esther de Figueiredo Ferraz toma posse no MEC. Setembro 1983 Brasil fica prestes a suspender pagamentos da dívida externa.

Dezembro Congresso aprova Emenda Calmon. 1984 Começa campanha pelas Diretas Já. Abril Congresso rejeita emenda para reinstaurar eleições diretas.

15 de janeiro 1985 (PMDB) derrota (PDS) em eleição indireta para presidente. Março 21 de abril Marco Maciel (PFL) vai para o MEC. Morre Tancredo Neves. 1986 O vice, José Sarney (PMDB), assume

a Presidência. livro. este para Em destaque , depoimento Em destaque, depoimento para este livro. O governo Figueiredo as tensões dentro do governo, como deixa claro o depoimento de de odepoimento claro governo, como deixa do dentro tensões as reduziu não porém, legal, 1979. de A garantia agosto em de 28 gime, pelo re negociados nos em lei, termos foi que sacramentado cesso pro anistia”, da como o “ministro ser lembrado queria Ele anistia. de no processo ajudar para o MEC para o convite aceitou só que regime. opositor do qualquer designar para época na “subversivo”, um utilizado era termo não Portella que de convencer Figueiredo para Golbery de ainterferência Foi preciso comunista. ele seria que (SNI) de Informação de Nacional Serviço do por suspeita triz, por um esteve dele nomeação (MEC). A própria ção Educa da oMinistério ogoverno, em especial afetava política tensão ca, precisava se equilibrar entre esses dois campos. campos. dois esses entre equilibrar se precisava ca, políti anegociação para ou traquejo odiálogo para menor vocação sem a Figueiredo, abertura. de processo ao resistiam militar regime do dentro setores poderosos adverso, cenário desse Mesmo diante no Brasil. pelo regime perseguidos de ehumanos políticos direitos aos sistemática violação da epelo fim política abertura por mais Carter Jimmy que depois especialmente internacional, apressão Também crescia ano. em ao 1979,aos que, 80% chegava inflação, eda desemprego do com aumento em crise, economia por uma agravados méstica, do política efragilidade desgaste de sinais dava militar o regime –, 11% ano de ao ordem (PIB) da Bruto Interno Produto do cimento cres chegou aregistrar opaís 1970 –quando de década na nômico Geisel. gestão na iniciado esegura” gradual “lenta, abertura de processo ao ência eSilva Couto do Golbery Civil, Casa chefe da então Geisel (1964-1985) Ernesto por antecessor, seu efora escolhido Militar Ditadura da presidente foi oúltimo Figueiredo política. ria histó sua de delicados momentos mais dos um atravessava o país em 1979, Educação, da ser ministro para Portella Eduardo (UFRJ) Janeiro de Rio do Federal Universidade da Letras de Faculdade da o professor convidou Figueiredo Baptista João o presidente Quando Em sua entrevista, Portella faz questão de dizer, várias vezes, várias dizer, de questão faz Portella entrevista, sua Em essa como toda claro deixa Portella Eduardo de O depoimento eco milagre do aeuforia foi Passada simples. não A transição assumiu a Presidência dos Estados Unidos, em 1977, Unidos, Estados dos aPresidência assumiu , para dar sequ dar , para , epelo ------22 | 23 FIGUEIREDO Portella quando ele lembra sua dificuldade para anistiar o antropó- logo , que havia sido ministro da Educação no governo deposto de João Goulart (foi presidente de 1961 a 1964). Não bastasse a oposição do SNI e de setores contrários à aber- tura dentro do governo, Portella teve de enfrentar resistência tam- bém da área econômica. Vigiado pela linha dura do regime militar e sem respaldo para ampliar investimentos no ensino (o investimento público no setor durante a gestão de Figueiredo, aliás, foi sempre inferior a 3% do PIB), ele classificou a situação do MEC em sua épo- ca como “inadministrável”, ainda mais considerando que naquela época o ministério abrangia o que hoje são quatro pastas diferentes: Educação, Cultura, Esporte e Ciência e Tecnologia. Portella, em sua entrevista, diz que sempre buscou o diálogo com a comunidade acadêmica, mas o registro histórico do perío- do mostra que essa relação também foi tensa, marcada por inúme- ras greves em universidades federais. Todo esse desgaste o levou a criticar publicamente o próprio governo em audiência pública no Congresso, em 25 de novembro de 1980. Na ocasião, disse a frase que se tornaria célebre: “Eu não sou ministro, eu estou ministro”. No dia seguinte, foi demitido e sucedido no cargo pelo general Rubem Carlos Ludwig. Por ser também um militar, a gestão de Ludwig no MEC foi mar- cada por menos tensões entre ele e o SNI e por um melhor relacio- namento com o presidente Figueiredo. Ludwig conseguiu diminuir o ímpeto das greves nas universidades aprovando um plano de re- classificação da carreira do magistério superior. Mesmo tendo mais força política do que seu antecessor, ele também teve embates com a área econômica do governo – a inflação batia sucessivos recordes (superando 100% ao ano) e o país apresentava grave recessão, com queda de 4,3% no PIB em 1981. Apesar disso, ao sair do ministério, em agosto de 1982, o general teve força para indicar sua sucessora: Esther de Figueiredo Ferraz, que ficou no cargo até o final da gestão de Figueiredo, em 1985. Ex-reitora da Universidade Mackenzie e ex-secretária de Estado da Educação de São Paulo, a nomeação de Esther foi emblemática por ter sido ela a primeira mulher a se tornar ministra na história do país. Durante sua gestão no MEC, teve força para aprovar a re- gulamentação da Emenda Constitucional Calmon, que estabeleceu ocupado o posto mais importante do MEC até hoje. até MEC do importante mais oposto ocupado ater mulher aúnica sendo segue ela feminina, predominantemente maioria de área uma a Educação Mesmo sendo e União. estados por municípios, no ensino aserem investidos mínimos percentuais 24

| 25 FIGUEIREDO Eduardo Portella

15.03.1979 a 26.11.1980

Como se tornou ministro da Educação

No período da campanha eleitoral, o irmão do presidente, o escri- tor Guilherme Figueiredo, e Said Farhat, ministro da Comunicação Social do governo João Figueiredo, me pediram para redigir alguns discursos do presidente. Eu redigi e eles gostaram. Daí Figueiredo se inclinou por meu nome e me chamou para ser o ministro da Educa- ção da anistia. Eu aceitei e acreditei que era para fazer a anistia. Eu fiz, mas isso me criou conflitos sérios. Eu era professor da Faculdade de Letras da Universidade Fede- ral do Rio de Janeiro [UFRJ], tinha dirigido essa faculdade e tam- bém a Secretaria de Cultura do estado do Rio, ainda na época da Guanabara [estado brasileiro que existiu de 1960 a 1975, onde se localizava o então Distrito Federal]. De maneira que alguma expe- riência administrativa eu tinha. Tinha, sobretudo, a experiência de um professor que começou cedo. Não sei se isso valia alguma coisa, eu pensei que valia, mas tenho a impressão hoje de que não acha- vam isso, não. O convite veio dessa primeira relação, muito tênue, mas que me permitiu fazer alguns discursos de campanha para o Eduardo Portella (1932-2017), 01.12.2016 em Portella Eduardo depoimento 26 | 27 FIGUEIREDO | EDUARDO PORTELLA presidente. Depois, ele me chamou e manifestou certa simpatia. Mas aí a comunidade de informações [expressão que designava os órgãos e grupos na Ditadura Militar responsáveis por monitorar e espionar pessoas contrárias ao regime] me vetou. O irmão de Fi- gueiredo foi à Faculdade de Letras, na época dirigida por Afrânio Coutinho, que era meu amigo, e disse: “Olha, perdemos a parada. O meu irmão está cercado de imbecis e todos eles disseram que o Portella é um comunista perigoso, de maneira que não vai dar”. O Golbery soube disso – era um militar com sensibilidade política – e ligou para o editor José Olympio, que era amigo dele, e disse: “‘O fulano de tal é comunista?”. “Não, nada disso.” Ligou para inte- lectuais ligados ao governo, como Gilberto Freyre, , , Afrânio Coutinho e outros. Todos disseram que não. Aí o Golbery chegou para o presidente e disse: “Presidente, es- ses intelectuais aqui são de confiança?”. “Ah, esses são!” “Pois eles acabam de me dizer que o Portella não é comunista.” Daí Figueire- do respondeu: “Então chama aquele cabeludo, que eu gosto dele”. E mandou me chamar. Foi assim que aconteceu. Coisas do Brasil. Processos extrainstitucionais influem nos institucionais. De modo que, na verdade, a quem eu devo a nomeação é ao Golbery, que não estava na jogada.

A estrutura do MEC no governo Figueiredo

Era um ministério de proporções quase “inadministráveis”, pois abrangia Educação, Cultura, Esporte e Ciência e Tecnologia. Ciên- cia e Tecnologia porque não havia ainda esse ministério, e o Mário Henrique Simonsen, que era o ministro do Planejamento [ocupou a pasta no governo Figueiredo de março a agosto de 1979], um homem muito sério, muito desprendido, achava que a pesquisa científica se faz no Brasil basicamente na universidade, então ficou na Educação. Eram, portanto, quatro ministérios em um só. Em um período difícil, período de transição democrática. Já ha- via uma lei, e eu ia ser o ministro para o período da anistia, mas tive sempre a oposição dos setores de segurança do governo, sobretudo do SNI [Serviço Nacional de Informações] e de seu chefe, o general Balanço dagestão Balanço absurdo. Coisas da vida. vida. da Coisas absurdo. um era que achou disso, nada entendeu não Ele situação. mesma na os brasileiros todos mas Ribeiro, Darcy só Não lei. da forma na tiei eanis meu país, de leis as conhecer de obrigação tinha procurador, ecomo em direito como bacharel brasileiro, como cidadão eu, que aele Disse anistiá-lo. deveria não eu que achou Medeiros e ogeneral exterior, do vindo tinha O Darcy informações. de com a comunidade (1961-1964)],-1963, Goulart conflito no governo João sério um tive em 1962- Educação da [antropólogo eministro Ribeiro oDarcy tiei anis em que No dia tremenda. celeuma reitor, um uma era nomear Medeiros Otávio tia avançar. avançar. tia nos permi não nova estrutura aquela que obstáculos gerava alguns isso que maneira De àcultura. Educação efalta àEducação cultura falta éque crise nossa da motivos Um dos escolarizada. a cultura é aEducação enquanto transescolar, éaEducação acultura mim para porque unidas, marchar deviam eacultura aEducação que dia Ao enten tempo, eu mesmo qualidade. de em termos maior apuro um realmente, faltava, Porque qualidade”. da “Pedagogia slogan: de espécie uma criei que tanto qualidade, de aEducação mento, mas desenvolvi éomotor do aEducação que de princípio do partia Eu do Interior, mas fizemos um convênio e nós é que o operávamos. o convêniooperávamos. um e que nós é fizemos Interior, mas do Ministério ao Oprojeto pertencia comunitário]. trabalho para país do menos desenvolvidas aregiões brasileiros jovens universitários em 1968, levar por objetivo tem Rondon [criado no Projeto Interior do com oMinistério acordo um Por exemplo, tinha eu ministérios. com outros relacionar se até pudesse que desenvolvimento um bal, glo desenvolvimento um para qualidade de Educação projeto de esse adiante nem levar administrar foi Não fácil ações. minhas do ebloquean passos meus acompanhando informações de munidade a co tinha eu mas constante, diálogo de administração uma fazer com Procurei bem eles. sempre me dava blema com os estudantes, Eu contava com a comunidade acadêmica, não tive nenhum pro nenhum tive não acadêmica, com contava Eu acomunidade . Toda vez que eu anistiava alguém, ou quando ia ia ou quando alguém, . Toda anistiava eu vez que ------­ - - 28 | 29 FIGUEIREDO | EDUARDO PORTELLA Essas interfaces eu procurei desdobrar o máximo que pude. Se mais não pude fazer, é que às vezes as circunstâncias não permitiam.

Concepção de Educação no ministério

Nossa proposta era no sentido de pensar a Educação como um todo, não fatiar. Naquela época, eu queria que houvesse uma valo- rização do Pré-Escolar, das estruturas básicas, e da universidade, do Ensino Superior. Isso encontrava uma resistência muito grande até da comunidade pedagógica, porque alguns pensam que há uma hierarquia. Há uma hierarquia aparente e formal, mas se você não tem um bom Pré-Escolar, você não tem um bom Ensino Médio e não terá uma boa universidade. De maneira que todos são impor- tantes, cada um tem seu papel. As pessoas tendem a ver a coisa fatiada, uns defendem o Ensino Médio, outros defendem o Ensino Superior. Não há Ensino Superior, todo ensino é superior. Eu achava que não devia haver um hiato entre as duas partes. Você está no Ensino Superior, mas deve estar preocupado com o Ensino Médio, porque é ali que se formam os alunos. Se você não cuida do Ensino Médio, não vai cuidar do Ensino Superior, porque as pessoas che- gam esgotadas ou desestimuladas ao Ensino Superior. O próprio Ensino Superior mal pago também desestimula os professores. Eu cheguei até a pedir para priorizar também o Pré-Escolar. Os peda- gogos de plantão tinham dificuldade de aceitar, porque eles diziam que o Pré-Escolar não pertence ao sistema formal de ensino. Eu dis- se: “Não pertence ao sistema formal, mas é capaz de decidir a sorte do sistema formal”. Fiz até uma frase de efeito deliberadamente: “A pós-graduação começa no Pré-Escolar”. Isso causou certa celeu- ma porque não entenderam. Eu queria dizer que não se deve fatiar o processo educacional, corta ali, corta aqui; deve-se pensar um todo, onde todas as partes são importantes, desde o Pré-Escolar até a pós-graduação. O vestibular eoacesso aoSuperior Ensino Cobrança de mensalidades equalidade de Superior no Ensino Cobrança só tiver topo, não se sustenta. se topo, não tiver só se a pirâmide, porque até da pirâmide, topo no necessariamente fica não ela mas sem dúvida, éimportante, éfundamental, universidade a éverdade, não Isso pirâmide. da no topo senão estar podia não universidade uma que achavam elitista, visão uma tinham outros concessão; uma era aquilo que achavam problema, do ideológica são vi uma tinham reitores Outros diversificada. comunidade em uma énormal Isso resistiram. outros interativo; esquema um fazer raram eprocu reitores absorveram Alguns desigual. resposta uma teve so proces Esse quantitativa. apenas enão qualitativa avaliação uma de realmente precisa Ovestibular qualitativos. enão quantitativos rios, secundá totalmente eram avaliação de os critérios porque sistema, do inadimplência uma de tratava se que dizendo Guerra de Superior Escola na discurso um efiz declaração uma Dei fazia. outras] entre evestibulares, públicos concursos de área na atua que [fundação rio aCesgran que fazia, se que vestibular de tipo aquele contra era Eu cadores de certa faixa que é o “empreendedorismo”, uma palavra palavra éo“empreendedorismo”, uma que faixa certa de cadores os edu entre tendência uma Há équalitativo. équantitativo, não ma o proble conta? Então, de faz éum Ou universidade? uma de digno qualitativo, ensino Éum ensino? que aministrar passou versidade é: auni éesse, Oproblema alunos”. não mil tantos aabrigar passou “A diz: se universidade Então quantidade. éna qualidade, éna não aênfase realmente Porque foi renegada. sempre sendo e aqualidade como financiar, havia não dinheiro, havia não porque qualidade, a aumentar podia não expandir, podia você não porque dava, não aí E público. era odinheiro porque aspas, entre “privado”, Era público. dinheiro do muito alimentava se época, naquela no Brasil, privado O ensino no patrimônio. mexer cota, na queriam não Eles ensino. do tubarões os chamados privado, ensino olobby do privado, sino en do também expansão uma Havia cobrassem. menos, mas sem; cobras também públicas universidades as com que fazer difícil Era ------

30 | 31 FIGUEIREDO | EDUARDO PORTELLA que está na moda. O empreendedorismo gera modelos apoiados nas relações de custo-beneficio, não há preocupação qualitativa. A Edu- cação não pode ser subordinada à relação custo-benefício. De ma- neira que os empreendedores que me perdoem, mas não é por aí que passa a qualificação da Educação ou a Educação qualificada.

Reivindicações e investimento em Educação

No setor de Educação, não tive grandes resistências. Pequenas rei- vindicações normais – por exemplo, reivindicação salarial de pro- fessor. Aliás, um dos itens que considero fundamentais é a remune- ração do professor. Enquanto não houver remuneração adequada de professor, você não pode esperar um ensino de qualidade. Professor não ganha dinheiro hoje nem para comprar livro, e as unidades não têm bibliotecas atualizadas. Como o professor vai fazer? Tirar da ca- beça o conhecimento? A cabeça opera um conhecimento existente, mas não cria por si só as necessidades do saber. Qualificar os profes- sores começando pela qualificação salarial, porque, se o professor ganha mal, ele não tem condições de exercer sua profissão, está de- sestimulado, como acontece hoje. Você vê um desestímulo geral, as pessoas não estão mais querendo ser professor. Professor virou uma profissão quase abandonada. Porém não encontrei receptividade na área financeira, porque o ministro da Fazenda, que era o [Antônio] Delfim Netto [na verdade, de 1979 a 1985 ele foi ministro do Planejamento], era articulado com os órgãos de informação. Tive uma polêmica com ele e fiz uma frase que repercutiu muito na imprensa. Disse que ele era o único gordo mau, porque em geral os gordos têm fama de serem bons, e ele não era, porque era um cara que cortava as coisas. Mas a convivência com professores e alunos foi muito boa. O setor econômico estava bem afinado com o SNI. A impres- são que eu tinha é que eles achavam que financiar a Educação e a cultura era contribuir para a subversão. Então, os orçamentos eram altamente contingenciados, cortados. Tive pouco orçamento, muito pouco, mas deu para fazer alguma coisa. Tensão eaárea comoSNI econômica do governo estavam habituadas aos regimes de exceção. exceção. de regimes aos habituadas governo estavam do pensantes não cabeças eas pensantes cabeças as mas militar], gime re do [política abertura momentos de eram momentos, que nesses ativa muito forma uma de existiam obstáculos legal”. Esses situação mesma na todos para assinei mas “Eu, disse: Eu portaria?”. nou essa assi “Quem –edisse: SNI do era que no meu lá ministério cara um ele tinha –porque portaria uma ele puxou Ribeiro”. Aí Darcy anistiei não “Eu Ribeiro”. disse: Eu Darcy anistiou osenhor séria, muito coisa uma havendo está ministro, “Olha, me disse: Medeiros o ministro excepcional; eu não tenho, não sou um atleta. sou um não tenho, não eu excepcional; físico Tem preparo um ter possa. que quem há não diária, briga de anos dois foram porque alívio, de sensação uma tive perda, de ção sensa uma tive não saí, ésubversivo”. quando Tanto cara que, “Esse assim... nomes mais três botasse eu se poesia, de concurso prêmios, de comissão uma organizar para Até impressionante. pontualidade com oveto. conviver Eoveto foi uma de para preparar se era ca Medeiros ministro conversa com o uma ter para senhor ao pedir posso eu “Ministro, me disse: Ele cordial. era formalmente, bem, muito eme tratava na Ribeiro Darcy anistiei eu Quando Informação. da Ministério de cabeça uma lidade, menta com uma confrontada estava ministros de geração primeira A imediato. embate –esse tiveram não felizmente, ministros, tros os ou problema que Foi um generalizada. aplicação de slogan um era palavra essa Tudo subversão, era informações. de a comunidade com meu conflito um gerou Isso mais universidades. abrir para mas universidades, fechar – para época da nos jornais saiu – e isso vindo tinha não que disse Eu normal. greve uma greve, uma lá havia que [UFRRJ] por Janeiro de Rio do Rural Federal a Universidade fechar para pediu informações, de comunidade da aordens obedecia que um reitor com articulado o SNI, quando sério conflito Houve um Eu convivi com o veto. Administrar Educação e cultura na épo na ecultura Educação com oveto. Administrar convivi Eu , fui levar ao presidente, que ia viajar para aArgenti para viajar ia que presidente, ao levar , fui ?”. Eu disse: “Pois não”. Fui. Quando cheguei lá, lá, cheguei Quando não”. “Pois ?”. Fui. disse: Eu ------32 | 33 FIGUEIREDO | EDUARDO PORTELLA Saída do Ministério da Educação

Eu tive que fazer um discurso no Congresso Nacional [em novembro de 1980, à Comissão de Educação e Cultura da Câmara] e respondi a algumas perguntas que não agradaram. Por sua vez, eu estava em um processo de saturação muito grande e não fiz a menor conces- são. Foi aí que eu disse aquela frase que ficou meio folclórica: “Eu não sou ministro, eu estou ministro”. Porque não sou ministro, sou professor, isso é o que me pertence. A estrutura não depende do mau humor de ninguém, da má vontade. O ministro depende. Se o pre- sidente estiver mal-humorado no dia, não adianta insistir. Eu disse que não aceitei a pressão para fechar a universidade, que não vim para fechar, mas para abrir. Que meu compromisso era com a demo- cracia e que não vim para punir, mas para anistiar. Coisas desse tipo, que não eram aceitáveis e que se concentraram naquela fala final. Aí, pronto, o caldo foi entornado.

Anistia, Diretas Já e o fim da Ditadura

Nesse período tinha a anistia, mas um setor do governo resistia à anistia, o general Medeiros resistia à anistia, queria prolongar, dizia que a sociedade brasileira não estava preparada para a democracia. Isso foi interrompido com a bomba do Riocentro [atentado a bomba no Rio de Janeiro, em 1981, cometido por militares contrários à aber- tura política], porque eles são tão incompetentes que não sabem ex- plodir uma bomba. Eu não me preparei para explodir bomba. Agora, o cara lá, o militar, tem que saber. Mas, em vez de explodir, a bomba do Riocentro implodiu. E aí as Diretas Já foram para a rua, e não se conseguiu segurar mais. Porque os três candidatos normais do sis- tema naquela época eram o , vice-presidente, que foi alijado do processo no final; Paulo Maluf, que era muito querido pelo sistema; e Mário Andreazza, que era um ministro simpático, boa-praça, mas que eliminou todos os outros porque o Medeiros o queria, e a comunidade de informações também. Balanço da Educação nas décadas seguintes nas décadas Balanço da Educação De volta àsala aula de se avançou, se é que se avançou em alguma coisa. em alguma avançou se éque se avançou, se pouco que acho eu que maneira De rentáveis. são não que coisas nar como patroci há não iniciativas, há não cultura, há não orçamento, tem você Se não muito. avançar pôde acultura acultura, nanciava fi forte, banco um era Educação, da Nacional Fundo um tínhamos nós Educação, da era eu Quando ébobagem. isso sem orçamento, autônomo, Cultura da Ministério criar adianta Não senvolvimento. de de oprocesso para ecultura Educação Éfundamental cação. aEdu desenvolver, se priorizar precisa para OBrasil, estamos. que em situação na Por estamos isso infelizmente. substancial, avanço houve um não décadas, últimas três essas você Se considera dar. como não tenho não mas pessimista, opinião uma dar queria não Eu cansa, o professor fica feliz e estamos conversados. conversados. oprofessorestamos e fica feliz cansa, des mundo todo Com concordância aconcordância. que do dância adiscor importante mais Émuito éprovocadora. e adiscordância épreguiçosa, aconcordância Porque mim. de discordem que peço recomendação: com aseguinte discussão”, para “Proposta papel, um ainda Distribuo aprimeira. como preparava aula minha Preparo da. merece pelo professor ser ensina não ser dominada pode que ria A maté matéria. professor domina de que negócio esse tem Não aula. dar para estudo prazer, porque com omaior aula Dou o Brasil. Vem todo de gente aposentado. estou porque nada, sem ganhar ção, hoje pós-gradua na até aula dando comecei eestou que Foi assim dele. aaula econtinuou nada, ontem...”. havido tivesse Como não se “Como dizíamos oseguinte: ecomeçou dizendo aula de asala para voltou anistiado, foi Quando tempo. algum presona eficouprisão 16] no século foi Salamanca de Universidade eprofessor da [poeta [1936-1939] Leon Espanhola de Revolução Luís da frei época que da história uma etinha em Madri, vida minha de parte boa Estudei ------34 | 35 FIGUEIREDO | EDUARDO PORTELLA Na redemocratização, quatro ministros da Educação em cinco anos

Governo José Sarney 1985-1990 População Brasil do Proporção 0a17 de crianças de anos na total população em Economia) – Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2007. Janeiro, de Rio Vargas, Getulio –Fundação Economia) em Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas de Rodrigues. Rogerio Paulo JUNIOR, MADURO 4. 1990). em Demográfico Censo realizado foi não 1991; a referente (dado Demográfico/IBGE Censo 2. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 1, Taxa analfabetismo de adulto período do Indicadores Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Educação pública Educação 5 : 147.305.524: 4 : 3,77%: 1 : 18% . Dissertação (Mestrado (Mestrado . Dissertação 2 : 38% 3 : 41% 41% : 36 | 37 APRESENTAÇÃO 1984

1985

21 de abril A partir de maio Morre Tancredo Neves (PMDB). Mikhail Gorbachev conduz processo O vice, José Sarney (PMDB), de abertura política e econômica assume a Presidência. na União Soviética. 1986 Fevereiro Governo lança Plano Cruzado. Jorge Bornhausen (PFL) substitui Marco Maciel (PFL) no MEC. Novembro Dezembro PMDB, partido do governo, Ano termina com inflação de 80%. 1987 elege 22 de 23 governadores.

Junho Outubro Vários planos do governo Aloísio Guimarães Sotero torna-se para conter a inflação fracassam. ministro interino da Educação. Novembro Dezembro Hugo Napoleão (PFL) 1988 Inflação chega a 363% no ano. é nomeado para o MEC.

Outubro Ulysses Guimarães (PMDB), presidente do Congresso Nacional, promulga a Constituição de 1988. 1989 Janeiro Carlos Correa de Menezes Sant’anna 15 de novembro (PMDB) é o novo ministro da Educação. Eleições diretas para presidente da República no Brasil após 29 anos. Novembro 17 de dezembro Queda do Muro de Berlim. Fernando Collor de Mello (PRN) 1990 é eleito presidente, após vencer Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segundo turno. Taxa de inflação chega a 1.973%.

1991 livro. este para Em destaque , depoimento Em destaque, depoimento para este livro. O governo Sarney gueiredo Fi João de Chaves (vice Aureliano eram Arena da dissidente grupo desse expoentes os principais Sarney, de Além Democrática. Aliança Neves Guimarães Tancredo eUlysses (PMDB),leiro de Brasi Democrático Movimento do Partido ao aliar se decidiu gime, do re final ao que, Militar), aDitadura apoiava que parlamentar co Sarney José assumiu lugar eem seu depois, mês um morreu Ele aconteceu. nunca que posse, sua de antes dia um em 14 março, de internado foi Tancredo país, do política história da traumáticos mais episódios fora Neves Tancredo Nacional, no Congresso ta indire em eleição ainda Oescolhido, civil. por um aser presidido ria volta o Brasil finalmente Militar, Ditadura 1985, de Em 21 anos após salarial condigno para os professores em efetivo exercício na sala de de os professores em efetivo para exercício sala na condigno salarial piso um de “a era garantia previstas medidas das Uma magistério”. do a “valorização também previa Maciel de Básica”, o plano Educação qualidade”. de níveis em crescentes educativo atendimento nar eproporcio vencer oanalfabetismo àescola, oacesso universalizar de odesafio enfrentar ode faltar: pode não brasileira anação a que compromisso inalienável “um havia que afirmou Todos, oministro para Educação programa do olançamento durante 1985, discursar ao de maio Em Fundamental). (hoje Grau Primeiro de mente no Ensino especial Básica, Educação na estava no MEC gestão sua de no início Maciel de falas nas principal Aênfase governo Sarney. do ele no início por traçadas diretrizes às continuidade dar procuraram que afirmam Napoleão Educação. da apasta assumir Maciel, Marco de figura na inicialmente PFL, ao poder, coube do Tancredo. Na divisão por escolhido oministério amanter levou adverso, Sarney nômico eco pelo e cenário inflação alta pela agravada militares, dos aliado que em 2007 mudaria de nome para Democratas (DEM). Democratas nome para de em 2007 mudaria que lhães Sarney fazia parte de um grupo de políticos ligados à Arena (blo àArena ligados políticos de grupo um de parte fazia Sarney Além da ampliação de vagas e da “melhoria da produtividade da da produtividade da “melhoria eda vagas de ampliação da Além Hugo e Jorge Bornhausen livro, este para depoimentos seus Em fora que presidente um de com aposse legitimidade de A crise . Eles passaram a se agrupar no Partido da Frente Liberal (PFL), Liberal Frente da no Partido agrupar ase passaram . Eles , seu vice-presidente. ), Marco Maciel Marco ), , sucessores de Maciel no Ministério da Educação (MEC), (MEC), Educação da no Ministério Maciel de , sucessores , Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Maga Carlos eAntônio . Porém, em um dos dos . Porém, em um , para formar a formar , para ------38 | 39 SARNEY aula”. A proposta do piso, porém, não foi levada adiante no governo. Outro contexto importante da época, que aparece nas falas de Bornhausen, foi a necessidade de garantir a universalização do Ensi- no Primário em um momento em que o país ainda apresentava altas taxas de crescimento demográfico. Nem a universalização do Ensino Primário nem a erradicação do analfabetismo adulto aconteceram durante o governo Sarney, o que não significa que não houve avanços. Em 1985, de acordo com estatísticas compiladas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 18% das crianças de 7 a 14 anos (faixa etária obrigatória indicada na época para o Primeiro Grau) estavam fora da escola. Em 1991, a taxa baixou para 8%. Na faixa de 15 a 17 anos, o percentual de jovens fora da escola no mesmo período caiu de 41% para 31%. Na faixa de 4 a 6 anos, a variação foi de 71% para 59%. No caso do analfabetismo adulto, os avanços foram muito mais lentos. Sarney iniciou seu mandato, em 1985, com 21% de brasileiros de 15 anos ou mais que não sabiam ler e escrever. Cinco anos depois, a taxa era de 18%, quase 18 milhões de analfabetos. No caso da alfabetização, a gestão dos ministros de Sarney na Educação foi marcada por uma transição da antiga autarquia criada pelo regime militar para combater o analfabetismo, o Mobral (Mo- vimento Brasileiro de Alfabetização), para a Fundação Educar. As principais diferenças entre uma instituição e outra eram que a Fun- dação Educar atuava dentro das competências do MEC e de maneira mais descentralizada, dando apoio financeiro e técnico a ações de outros níveis de governo, empresas e organizações não governamen- tais (ONGs). A primeira troca de comando do MEC na gestão de Sar- ney aconteceu no contexto de uma reforma ministerial, em fevereiro de 1986. Ele acabara de lançar o Plano Cruzado, que derrubou a in- flação de 242% em 1985 para o patamar de 79% em 1986. Baseado no congelamento de preços, o plano deu alta popularidade ao governo e levou o PMDB, principal partido da Aliança Democrática, a eleger 22 de 23 governadores naquele ano. Agora com força política, Sarney decidiu trocar algumas peças em seu ministério. Marco Maciel mi- grou para a Casa Civil, e o escolhido para a Educação, depois de duas sondagens para outras pastas (Indústria e Previdência), foi também um cacique do PFL: Jorge Bornhausen. A popularidade de Sarney, porém, desabou quando, logo após matrícula e gastos em Educação no Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas tese na de Junior Maduro Paulo economista do com cálculos em 1989, a3,9%, acordo de chegando 2,4% no setor eterminou PIB do aplicando a década iniciou (PIB). Opaís Bruto Interno Produto ao em relação em Educação investimento de opatamar crescer viu sil econômico, oBra vista ponto de do perdida” “década de alcunha da pelo estado. dor sena eentão Piauí do ex-governador Napoleão, Hugo sucessor seu como escolheu eoPFL ministério, do saiu Bornhausen decisão, essa preferiu com Coerente ficar. Magalhães, Carlos por Antônio derada li partido, seu de ala outra governo, mas do sair deveria oPFL que entendia Bornhausen no MEC. troca segunda uma motivou Cruzado governo Sarney ao fim de seu mandato. mandato. seu de fim ao governo Sarney do popularidade eabaixa política afraqueza parte em boa explicava que o 1.973%, de histórico recorde então até ao chegaria a inflação de 1990. Em 1989,março até pasta na ficaria que Menezes Sant’anna, poleão Na Hugo de passou Educação 1989, da de ocomando em janeiro e, PFL, ao sacrifício de cota uma cobrar preciso no governo.PMDB Era do espaço tirou ministérios dos levou à diminuição que reforma Uma políticas. novo de por razões no MEC, troca uma mais faria ainda ney 1983. de Calmon, Emenda da já constavam que municípios, e estados para os 25% emanteve no ensino União pela a ser investido omínimo impostos de resultante receita 18% da 13% para de ampliou Ela área. da no financiamento importantes mudanças trouxe Carta a Nova ensino, do qualidade da e a melhoria escolar atendimento do auniversalização analfabetismo, do aerradicação eexigir todos de direito como um a Educação assegurar 1988. de de Além tituição em 1994. Real, Plano do oinício até pelo cargo passaram que ministros dos preocupações principais das uma foi inflação alta de no contexto MEC do orçamento mento do em 1987. ano a363% ao chegando Ogerencia históricos, recordes voltoubater a e a inflação o efeito desejado, surtiram não medidas As Cruzado. no Plano ogoverno promoveu eleições, as mudanças em 1990, Mello Collor de Sar aFernando ocargo passar de Antes 1980, nos anos apesar mudanças, duas a essas devido parte Em aCons foi promulgada no MEC, Napoleão de agestão Durante Plano do ofracasso após epolítica econômica A instabilidade para o deputado federal do PMDB da Bahia Carlos Correa de de Correa Carlos Bahia da PMDB do federal odeputado para . ------40 | 41 SARNEY Jorge Bornhausen

14.02.1986 a 05.10.1987

Como se tornou ministro da Educação

O primeiro ministro do governo foi Marco Maciel, figura notável de homem público, e em fevereiro Sarney veio a fazer seu primeiro mi- nistério. Ele deslocou Marco Maciel para a Casa Civil. Eu, além de amigo do presidente, era presidente do PFL [Partido da Frente Li- beral], e ele me chamou para conversar sobre os novos ministros do partido. Eu disse: “Presidente, nós estamos aqui para ajudá-lo. En- tão o senhor pode escolher quem quiser. O senhor conhece tão bem quanto eu o quadro do partido, não fique com nenhum problema conosco, resolva seus problemas lá com Ulysses [Guimarães], o seu aqui está resolvido”. Ele me disse: “Quero saber se Aureliano [Chaves] quer permanecer no governo”. Aureliano era ministro de Minas e Energia e tinha sido vice-pre- sidente da República [governo Figueiredo, 1979-1985]. Voltei ao presi- dente Sarney e disse: “O Aureliano vai ficar”. Sarney puxou a carteira e pegou um papelzinho: “Então, meu ministério aqui vai ter que ser mudado”, e leu: “Ministro de Indústria e Comércio, Jorge Bornhau- sen; ministro de Minas e Energia, Ermírio de Moraes Filho; ministro Jorge Bornhausen (1937-), depoimento em 12.01.2017 em (1937-), depoimento Bornhausen Jorge 42 | 43 SARNEY | JORGE BORNHAUSEN do Interior, ”. Eu disse: “Presidente, vou colocar em meu currículo ex-quase-ministro de Indústria e Comércio”. Alguns dias depois, Marco Maciel veio a trazer o decreto que tornava a Furb [Fundação Universidade Regional de Blu- menau] uma universidade em Blumenau. No caminho de volta, ele me disse: “Olha, o presidente pediu que você fosse o novo ministro da Pre- vidência”. Eu disse: “Marco, infelizmente, por motivos éticos, não posso aceitar. Não posso assumir o ministério e praticar o primeiro ato com meu irmão [Roberto Bornhausen] sendo presidente da Febraban [Fe- deração Brasileira de Bancos]”. A Febraban criticava na época mudan- ças na arrecadação de [contribuições ao] INSS [Instituto Nacional do Seguro Social] introduzidas pelo ministro da Previdência Social, Wal- dir Pires. “Então você agradeça ao presidente. Eu fui quase ministro de Indústria e Comércio, ponho agora ex-quase-ministro da Previdência.” Ele foi embora e no dia seguinte eu fui para o Rio de Janeiro. Foi uma sexta-feira. Eu ia para a feijoada do Amaral [o empresário Ri- cardo Amaral promoveu por anos, no sábado de Carnaval, uma fei- joada que atraía autoridades e celebridades ao Rio de Janeiro] e para o desfile das escolas de samba. Quando cheguei com minha mulher à casa de uma amiga onde me hospedaria, tinha um telefonema do Sarney. Ele me disse: “Agora estou falando com o ministro da Educa- ção, e não tem como você rejeitar”. Foi assim que acabei no ministé- rio que era ocupado, e muito bem ocupado, por Marco Maciel.

Estrutura e orçamento do Ministério da Educação

O ministério já não tinha mais Ciência e Tecnologia nem Cultura – dois ministérios foram criados para desmembrá-lo –, mas o minis- tério tinha o Esporte. Eu não tive problemas com a Fazenda. Os re- cursos fluíram normalmente. É evidente que tive que imprimir uma política de aplicação de recursos do FNDE [Fundo Nacional de De- senvolvimento da Educação] para aproveitamento dos juros. Como a inflação era alta, os juros eram aplicados e isso trazia mais obras para municípios e estados. Era uma gestão que eu estava acostuma- do a fazer desde o governo do estado [de Santa Catarina]. Segurar um pouco o recurso, fazer esse recurso render juros e aproveitar melhor Balanço dagestão Balanço é necessário é ter a Educação permanentemente como prioridade. permanentemente aEducação éter é necessário oque aEducação, para percentual obrigação aquela ter necessário nem é que diria Eu equalizar. se conseguem coisas as receita, e de competências de correta distribuição a você Se fizer competências. de distribuição na o problemaestá insuficientes, recursos são não Oproblema cumpridos. foram os orçamentos época, so. Na minha dis nada de recurso, liberação sobre dificuldade nenhuma tive não Então inflacionários. juros dos captação pela excedido era eque das deman as cumpria que orçamento um governo. tinha Eu de ações as grama que vinha sendo montado pelo ministro Marco Maciel, e Maciel, Marco pelo ministro montado sendo vinha que grama pro um Já havia descartáveis. normalmente eeles eram didáticos, disso. em função partiram ações As 15 anos. de com mais brasileiros dos alfabetização na ágil ser mais para Alfabetização] de [Movimento Brasileiro oMobral transformar professores; e ehabilitar capacitar earepetência; aevasão escolar, o déficit diminuir Todos, visava que para Educação do Maciel, Marco do gestão na osurgimento, Daí fácil. tarefa uma era não coisas, duas as acompanhar que tinha Você grande. muito também demográfico crescimento um professores. havia Porque de com a capacitação de, aqualida tempo, melhorar mesmo ao e, isso diminuir para focar que tínhamos Então, escola. fora da crianças de 6a7milhões de ter Nós devíamos Fundamental. oEnsino era prioridades] [das Uma Tivemos 1,3 milhão de matrículas novas. novas. matrículas de milhão 1,3 Tivemos novos de alunos. aabsorção tem-se Com isso ou capacitados. tados habili professores 118 treinados, mil emais ou reformadas, pliadas am escolas 10 de mil aumento Nós um tivemos aula. de salas 18 mil mais foram municipal, Na parte professores pelos estados. 117 mil de eno treinamento ou ampliadas –recuperadas Federal Distrito e – nos estados escolas em 2.500 novas, aula de em 3.700 salas ram redunda que emunicípios estados para recursos repassar período, nesse nós Com conseguimos, isso recursos. eliberar analisar de tido Ao mesmo tempo, eram esporádicos os lançamentos de livros livros de os lançamentos esporádicos Ao tempo, eram mesmo FNDE sen no do dispositivo o acelerar me fizeram ações Essas ------44 | 45 SARNEY | JORGE BORNHAUSEN fizemos uma “operação de guerra”, porque tínhamos que distribuir 55 milhões de livros, nesse Brasil tão diferente, tendo que ir de ca- noa, de barco, na Amazônia. Mas colocamos os 55 milhões de livros não descartáveis nas escolas. Foram resultados palpáveis. O Mobral se transformou em Fundação Educar, tendo mais flexibilidade, mais agilidade na alfabetização desses brasileiros com mais de 15 anos. Enfim, cumprimos uma etapa do Educação para Todos.

Piso salarial do magistério

Esse tema, na minha época, ainda não tinha entrado em pauta. Hoje é um assunto muito complicado, porque os ministros aumentam por decreto, e os governadores e os prefeitos têm que pagar. É uma coisa que não está bem resolvida. Quando se vê a crise nos estados, a maioria não cumpre a lei. Então, não é a melhor forma de estabele- cer um piso salarial, de maneira geral e sendo regulado pelo minis- tro da Educação. Não dá certo.

Descentralização da merenda

Nós tínhamos que alcançar os municípios, e é evidente que, na me- dida em que é comprado o “enlatado” em massa para distribuir, tem-se mais o custo todo da distribuição. Se você faz com que a me- renda seja adquirida no local, o que é que você está fazendo? Está incentivando aqueles que fazem criação, aqueles que plantam na lo- calidade. Quer dizer, o dinheiro gira ali, não em outros lugares para depois chegar ao município. Então nós iniciamos esse processo, com um grupo de prefeitu- ras que foram selecionadas. Primeiro, o prefeito tinha que querer; segundo, a gente tinha que verificar se era possível ele administrar aquela municipalização. Foi o início e acho que foi uma medida mais do que acertada. Nós fomos fazendo por etapas; eu fiz no ministério a primeira etapa. Projeto escolas de técnicas ampliação de O Ensino SuperiorO Ensino Getúlio Vargas Getúlio 1954. desde no Brasil técnica escola uma fazia se Não público. dor como administra como político, vivência minha veio da nistério, no encontrei mi projeto não eu Esse República. da presidente ao Técnica foi nós apresentamos oprojeto que aEducação Na verdade, ve um equívoco, principalmente a partir do governo do PT [Partido [Partido PT governo do do apartir principalmente equívoco, ve um hou Superior. Na realidade o Ensino para verbas, em suas voltado, to émui Oministério Fundamental. oEnsino é melhorar tarefa A maior país. do ofuturo enxergar sabem não que setores ideológicos de bém tam fruto é tudo Isso filosofia. estudar se não de o fato geografia, ou de professor história de de éafalta Técnica] éocorporativismo, [à Educação [a]críticas leva oque essas Agora, especialidade. uma é ciclo. Auniversidade osegundo termina no momentolho em que otraba para habilitado aestar Você passa auniversidade. para não técnicos. de precisa que país um para foi prejudicial opinião, em minha que, hiato houve um Mas começou recuperar. ase então e Renato Paulo pelo ministro etapa segunda em uma priorizado ele veio aser foi priorizado; não técnicas escolas de o programa [Cardoso], Henrique governo Fernando próprio do No início dade. continui de senso de éafalta pública administração da problemas [Rousseff] Dilma governodo novo veio de no final donado, [Souza], foi Renato aban com oPaulo tarde mais retornou que to, proje do houve Depois oabandono Tudo fez se período. isso nesse adiantado. bastante estava oprocesso em obras; ou estavam nando efuncio acabadas prontas, 70 ou já estavam umas ministério, do saí Quando início. Nós demos etapa. segunda uma e100 para diato ime 100 no governo dele, com lançamento técnicas escolas novas 200 de aproposta presidente emprego. ao Levei me pediu técnica escola uma em formado aluno um nunca que emprego, everifiquei de pedido de demanda muita época na recebia eu escuto, política, Como 1954 a1986, De faço grave. erro foi zero. Oque um técnica. O Ensino Técnico é para capacitar a pessoa para oemprego, e para apessoa capacitar Técnico épara O Ensino veio inaugurar aqui em Florianópolis essa escola essa em Florianópolis aqui veio inaugurar . Um dos . Um dos ------46 | 47 SARNEY | JORGE BORNHAUSEN dos Trabalhadores], na expansão das universidades públicas sem que houvesse recursos para mantê-las com qualidade. Eu saí do ministé- rio no final de setembro de 1987 [a data oficial é 05.10.1987] e de lá fui cumprir meu mandato de senador, exatamente na segunda etapa da Constituinte. Apresentei uma emenda – que até hoje eu defendo – de um ensino público gratuito para quem não pode pagar. Em minha gestão, nós criamos uma universidade para cum- prir um compromisso do presidente Tancredo [Neves], que anun­ ciou uma universidade em [trata-se, na verdade, da Fundação de Ensino Superior de São João del-Rei (Funrei), que foi criada em 1986 se transformou na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) em 2002], e o presidente Sarney achou-se no dever de criar essa universidade. Fora isso, nesse período, nada foi criado. O que é que se procurou? Procurou-se encontrar caminhos para a universidade. Você tinha universidade com estatuto de fun- dação e universidade como autarquia. Eram regimes diferentes, salários diferentes, épocas de reajuste diferentes, e efervescên- cia em função dessas diferenças que se transformava em greves e mais greves, em função desse período entre um e outro reajuste salarial. Nós conseguimos vencer as dificuldades, fazer com que tudo fosse unificado, um mesmo piso salarial e uma mesma data de renovação. Ao mesmo tempo, eu peguei já formado um grande grupo de estudos da reforma do Ensino Superior. Esse grupo pro- duziu um documento valioso [1986], feito por pessoas da maior in- tegridade e conhecimento, que trata da autonomia, da gestão, da pesquisa e da pós-graduação, e me deu um elemento, a avaliação. A pós-graduação já era avaliada; a graduação não. Evidentemen- te ela precisava ser avaliada. Aí começou nossa luta para vencer o corporativismo e fazer a avaliação. Demos o início, mas levou muito tempo para ser concluído. Somente no governo Fernando Henrique, com o ministro Paulo Renato, se iniciou um processo de avaliação, que ainda precisa ser muito melhorado.

Relação com municípios e estados

Temos que ir ao Pacto Federativo. É a terceira etapa. Moeda, or- çamento e nova distribuição de competências. A verdade é que a Saída do Ministério da Educação da Ministério do Saída universidades, que têm autonomia a partir da Constituição de 1988. de Constituição da apartir autonomia têm que universidades, édas mexe oorçamento no que orçamento, éoministério não dade na ver mas inchado, fica Oorçamento osetor educacional. atrapalha que eé isso outra, faz omunicípio coisa, uma faz Oestado tudo. fazer mundo todo pode Não pode. Não triplas. competências de buição distri –uma sentido nesse votado tenha porque não Constituinte, ministério está em Brasília, então você tem que alterar isso. isso. alterar que você tem então em Brasília, está ministério O reclamam. os alunos lá, vão os pais mal-arrumada, está a escola se Oprefeito ali; dono. do está perto funcionar como acoisa Nada qualidade. mais ter para ministério do aatuação diminuir Estado, o Técnico para oEnsino edar Fundamental oEnsino municipalizar Você nos que municípios. tem colocada estar devia Básica Educação descontinuidades. ater nós começamos Depois linha. ma [1990-1991] Chiarelli ames oministro seguiu afrente, para gramas [1985-1986] pro esses tocou Napoleão Hugo novos programas. ecriei Maciel Marco com oministro em andamento estava que ao nuidade conti dei eu em andamento, estava que atudo continuidade deu errado. pelo caminho ia opinião, em nossa que, econômica área com uma conviver de política possibilidade anossa foi estreitando tudo governo, eisso do saiu Maciel governo. Marco do dentro difícil mais situação uma em aficar enós começamos em 22 estados, ram ganha Eles força. muita Brasileiro] Democrático Movimento do tido [Par PMDB ao 1986, deu de que aeleição levou até Cruzado O Plano tava se encaminhando. Nunca perdi a amizade e o respeito por ele. eorespeito aamizade perdi Nunca encaminhando. se tava es que do melhor aConstituinte terminar para ministerial mudança uma fazer deveria que achei eu que Sarney, presidente ao amizade epor econômica com aparte por discordância Saí no ministério. trei en que intenção Foi com essa futuro. de visão ter épara política, carreira fazer épara não AEducação depois. anos dez cinco, dar se vão atuações os efeitos das ministro, de seja secretário, de seja cação, Nós fizemos na Constituinte – eu digo nós porque participei da da participei digo porque nós eu – na Constituinte Nós fizemos [1987-1989] Napoleão Hugo como oministro assim Acho que, Edu na posição uma assume se quando que de certeza ter Pode ------48 | 49 SARNEY | JORGE BORNHAUSEN Hugo Napoleão

03.11.1987 a 16.01.1989

Como se tornou ministro da Educação

O contexto era o da Aliança Democrática, que havia sido constituída no curso da campanha de Tancredo Neves, com José Sarney como vice. Evidentemente, nesse contexto, uma vez eleito, o próprio pre- sidente Tancredo fez suas escolhas para os ministérios, todas refe- rendadas por José Sarney. É claro que com o tempo houve as modi- ficações que sempre se impõem. Ao PFL [Partido da Frente Liberal] coube o Ministério da Educação [MEC], inicialmente com Marco Ma- ciel [1985-1986]. Em dado momento, o presidente Sarney o chama para ser ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, e ele é substituído por Jorge Bornhausen, que continuou durante mais de ano no ministério [1986-1987]. Eu cheguei lá [novembro de 1987], e as universidades estavam todas em greve. Ele disse, puxando os cabelos: “Estou para arrancar meus cabelos, não aguento essa greve, é uma coisa que não dá certo com o Brasil”. Assim, renunciou e voltou ao Senado. Ao PFL cabia indicar, e o presidente Sarney pediu que o partido se manifestasse. O partido se reuniu, e dois nomes surgiram: o do meu saudoso e Hugo Napoleão (1943-), depoimento em 24.03.2017 Hugo Napoleão (1943-), depoimento em 24.03.2017 50 | 51 SARNEY | HUGO NAPOLEÃO querido amigo Divaldo Suruagy, que governara e era sena- dor, e o meu mesmo. Os companheiros entenderam, por razoável maioria, que eu devia ser indicado. Então, o senador Marco Maciel e o doutor Aureliano Chaves foram até o presidente José Sarney dizer que a escolha recaíra sobre meu nome.

Greves na Educação

Quando assumi, as universidades federais, as instituições de ensino federais todas – rigorosamente todas – estavam em greve. O MEC também estava em greve, apenas os DAS [cargos de confiança de li- vre nomeação em órgãos federais] do gabinete estavam funcionan- do, de modo que havia, inclusive, piquetes na porta para dificultar minha entrada no ministério. Eu não tive dúvida, tomei duas providências. A primeira: demi- ti, liminarmente, aqueles cargos de confiança. Não obstante colegas meus, parlamentares, terem instado a refazê-los, não os recoloquei. A outra: fui às televisões e aos canais de rádio para expor a universi- dade pública brasileira. O ensino público de Terceiro Grau estava periclitante. Eu sem- pre dizia: uma fábrica de automóveis pode ser parada por um mês, não tem importância; quando ela reinicia, imediatamente a produ- ção continua. Com estudante não é assim, estudante não é produto final de linha de montagem. Nós sabemos porque estudamos a vida toda e quando começávamos e chegávamos a um colégio, por exemplo, demorávamos de uma semana a 15 dias até nos aclima- tarmos, até pegar a formatação dos currículos. Isso se dá também a cada paralisação. Claro, reconheço o direito de greve? Tenho de reconhecer. É jus- to? É justo. Eles têm razão? Certamente os professores têm razão. Porém não é preciso levar a comunidade a pagar pelo erro eventual- mente cometido, de injustiças salariais ou de outras injustiças que sempre há. Isso é que me chamou muito a atenção. Eu consegui estabelecer um bom diálogo com o Crub [Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras] e com a Fasubra [Federa- ção das Associações de Servidores das Universidades Brasileiras], e Educação Básica x Ensino Superior xEnsino Básica Educação Ensino Médio Ensino tério da Educação. da tério nem no Minis universidades houve comigo, nas greve mais, nunca na repetência. repetência. na e evasão na ênfase com grande ensino do eareavaliação avaliação a Teixeira] afazer ecomeçamos Anísio Educacionais e Pesquisas Estudos de Nacional [Instituto com oInep Chagas Carlos Fundação da associação uma Por fizemos isso, Grau. Segundo do montagem na ajudar os professores Terceiro que de pudessem Grau queríamos Aliás, auniversidade. para preparação de abase seria Médio O Ensino cristalizou. se mente dificil isso Básica], aEducação priorizar [de tentar pensar desse em função passado do os ministros tido louvores tenham que mais Por difícil. situação uma realmente Era época. da Grau e Segundo Grau oPrimeiro menos para –emuito extensão pesquisa, ensino, otripé para pouco muito dava –, realidade, eCapital] na Custeio de [Orçamento OCC de –chamados ecusteios créditos outros para orçamento sobrava de que aparte maneira, qualquer de Mas, ral. governo fede Superior, ao eoEnsino estados; aos Médio, o Ensino municípios; aos mais toca Fundamental o Ensino é que plicação: ex uma Há Terceiro ao Grau. destinam se ministério do recursos 80% dos de mais deparei: eu com oque deparam ser –, mas que tem que –eéassim base na pensando chegam Todos os ministros bate à evasão e à repetência. O Piauí obteve os primeiros índices em índices obteve os primeiros O Piauí e à repetência. à evasão bate 1985] de 1982 com de de amarço agosto de ocargo ocupou Brasil, Ferraz Figueiredo de Esther Vencer no Projeto [1984],colocado ministra projeto da um era que vez [1983-1987], primeira pela foi oprimeiro Piauí do oestado dor Tanto minha preocupação era grande que, quando fui governa fui quando que, grande era preocupação Tanto minha [primeira mulher nomeada ministra no ministra nomeada mulher [primeira ------

52 | 53 SARNEY | HUGO NAPOLEÃO todo o Brasil, de modo que eu já cheguei lá com essa preocupação com a evasão e a repetência. Agora, o Segundo Grau é absoluta e rigorosamente indispensá- vel. Por isso, eu submeti ao presidente Sarney, e ele gostou, a ideia de adotarmos o vestibular com a prova de português com característica eliminatória e compulsória. Ou seja, para fazer qualquer outra ma- téria era preciso, primeiro, o português. Então, nós nos preocupa- mos, sim, com o Segundo Grau.

Combate ao analfabetismo

Havia a Fundação Educar, que era o antigo Mobral [Movimento Bra- sileiro de Alfabetização, instituído em 1968, no regime militar, em substituição ao método de alfabetização de adultos preconizado pelo educador ], e a ela incumbia, justamente, a luta para eliminar o analfabetismo. Nós conseguimos conquistar, com um projeto na Baixada Fluminense que adotava o método de alfabetiza- ção de Paulo Freire, um prêmio da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura]. O Brasil foi laureado por esse esforço, reconhecido, portanto, internacionalmente. O governo Sarney tinha essa preocupação com a eliminação do analfabetismo, que era, evidentemente, alto e, juntamente com a evasão escolar e a repetência, motivo de grande preocupação entre aqueles que, a partir dos 15 anos, não tinham chegado a ter acesso às letras. A questão é que a grande massa pensante é aquela que é mais erudita, culta, preparada ou, no mínimo, alfabetizada. Essa sabe organizar-se em grupos de pressão, enquanto, infelizmente, os analfabetos não o sabem. Eles não se constituem em grupos, não se constituem em segmentos que possam fazer chegar sua angústia aos poderes da República. [As ainda altas taxas de analfabetismo adulto] têm a ver com essa situação lamentavelmente concreta. Nós mesmos, em nossas vidas pessoais, com nossos filhos, nossos netos, vamos atendendo mais àquilo que eles vão pedindo. Isso é do ser humano e acontece com as autoridades da República. Mas é preciso fazer isso letra de lei mesmo. Vinculação de recursos na recursos de Constituição Vinculação Eleições paraEleições reitores necessidade imperiosa, absoluta, total e completa. ecompleta. total absoluta, imperiosa, necessidade éuma que foi modo De possível. não isso mas anos, em dez terminar 1980, de eimaginávamos década da anos nos últimos ministro fui Brasil. Mas, com relação à eleição de reitores das universidades, a lei universidades, reitores das de à eleição com relação Mas, Brasil. do de pela redemocratização Neves na eleição Tancredo aflorou que liberal sentimento é um meu sentimento Então, é. o que sei eu são; pri frequentei preso político, de advogado exceção, de o período durante fui, que tanto liberal, Sou um direitista. reacionário, vador conser ser um mim longe de que nada, mais de antes dizer, Quero Federal. no Senado semana, aoutra Deputados; dos Câmara na despachava eu mente, rigorosa vez Uma por semana, lá. despachava inclusive Nacional, Congresso do eos gabinetes os corredores frequentava trânsito, nha ti eu porque me facilitou eisso vida, minha de parte boa durante senador quanto deputado tanto fui parlamentar, era Eu diálogo. do fruto isso 25%. ficou em emunicípios, Tudo estados Para 18%. para 1988, de subiu Constituição na número, Esse orçamento. do viriam - ad Educação para recursos 13% dos que 1983, estabelecia de que Calmon, Emenda pela iniciado processo foi um nacional orçamento no Educação da participação de números dos elevação da A questão razoavelmente elevados. razoavelmente tornassem se Educação para os números com que fazer constituinte, do no espírito constituinte, do no âmago esteve Isso tem. lamentar par todo que preocupação éuma ele. AEducação apenas não mas Calmon João – jáeu citei preocupados senadores e havia situação da amadurecimento Houve um eseminários. simpósios mos afazer Veja, nós queríamos eliminar o analfabetismo em dez anos. Eu Eu anos. em dez oanalfabetismo eliminar Veja, nós queríamos Assim eu tinha a oportunidade de debater, de dialogar, chega dialogar, de debater, de a oportunidade tinha eu Assim ------, 54 | 55 SARNEY | HUGO NAPOLEÃO estabeleceu que a comunidade – professores, estudantes e funcio- nários – elegeria o reitor em uma lista sêxtupla. Sêxtupla por quê? Porque a comunidade acadêmica faz sua escolha, mas há também a sociedade, à qual ela serve, que é representada pelo presidente da República, que, então, pinça o nome que julgar mais conveniente e adequado para a administração e a condução dos assuntos acadê- micos e educacionais. Então, houve dois casos de a escolha ser feita pelo presidente. No caso da Bahia, o reitor escolhido tinha sido o quinto colocado, e, no do , tinha sido o terceiro colocado na eleição. Isso provocou um quebra-quebra das reitorias e uma manifestação hostil. Mas a intenção era essa, a regra era nomear o primeiro, e hou- ve uma sequência de nomeações de primeiros colocados, porque eram os mais indicados. Em dois casos – entre dezenas de casos – houve essas escolhas, que foram, evidentemente, contestadas pela comunidade de estudantes e professores, mas que depois seguiram normalmente, desenvolveram [seu trabalho], já com apoio da comu- nidade, e foram bons reitores. Então, é preciso entender que a norma é seguida, mas que nem sempre aquele que tira o primeiro lugar é o mais recomendável para a função.

Educação e Esporte no mesmo ministério

Havia a Secretaria de Educação Física e Desportos, que cuidava dos desportos de uma maneira geral, desde basquete, natação e assim por diante até, precipuamente, o futebol, que é paixão nacional. Evidentemente, era uma secretaria de peso no MEC, na qual havia um grande número de processos, não apenas dos clubes de futebol do Brasil afora, como também das federações. Assim, sem dúvida, era uma missão agradável, mas às vezes difícil de ser encaminhada. Muitas vezes eu tinha mais despachos com o secretário de Educação Física e Desportos do que com o presidente do antigo Conselho Fe- deral de Educação. Saída do Ministério da Educação da Ministério do Saída do, é claro, mas votei – as matérias que chegavam do governo. do chegavam que matérias votei –as mas éclaro, do, edebaten –discutindo votei sistematicamente governo. Econtinuei, ao necessário oapoio dar para Senado ao voltaria eque entendia que disse Eu PMDB. do era eque Nacional governo no Congresso do líder Menezes]de Sant’anna [Corrêa aCarlos oministério ele resolveu dar que política, pensação com uma de anecessidade havia que eexplicou palácio ao chamou me eoPFL?”. opresidente contexto, Nesse “Mas reagiu: oPMDB te, Obviamen Brasileiro]. Democrático Movimento do [Partido PMDB do eram que cinco tirou Ele ministérios. seis e extinguiu redução 1989] de [em fazer por bem janeiro achou uma Sarney O presidente [1989-1990], deputado da Bahia que tinha sido sido tinha que [1989-1990], Bahia da deputado - - - 56 | 57 SARNEY | HUGO NAPOLEÃO Educação e o trauma do primeiro impeachment

Governo Fernando Collor de Mello 1990-1992 População Brasil do Proporção 0a17 criançasde de anos na total população Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em em Economia) – Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2007. Janeiro, de Rio Vargas, Getulio –Fundação Economia) em Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas de Rodrigues. Rogerio Paulo JUNIOR, MADURO 4. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 2, 1, Taxa analfabetismo de adulto período do Indicadores Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Educação pública Educação 5 : 145.447.491 4 : 3,83% 1 : 17% . Dissertação (Mestrado (Mestrado . Dissertação 2 : 24% 3 : 40% 40% : 58 | 59 APRESENTAÇÃO 1989

1990 Março Governo lança . Julho Carlos Chiarelli (PFL) assume o MEC. O Congresso aprova o Estatuto da Criança e do Adolescente. 1991

Agosto José Goldemberg torna-se ministro da Educação. Dezembro União das Repúblicas Socialistas 1992 Soviéticas (URSS) deixa de existir. Maio Junho Pedro Collor, irmão do presidente, Brasil sedia a conferência mundial do meio acusa Paulo César Farias, ex-tesoureiro ambiente, ECO-92, no Rio de Janeiro. de campanha de Collor, de tráfico de Agosto influência no governo. Eraldo Tinoco Melo (PFL) vai para o MEC. 29 de setembro Câmara dos Deputados aprova 2 de outubro afastamento de Collor. Vice, Itamar Franco, assume interinamente a Presidência 29 de dezembro após o impeachment de Collor. 1993 Collor renuncia ao mandato;

Itamar Franco torna-se presidente. livro. este para Em destaque , depoimento O governo Collor

A chegada de Fernando Collor de Mello à Presidência, em 1989, foi cercada de expectativas de mudanças. Finalmente, após 29 anos, os brasileiros voltaram a eleger diretamente o presidente da República. A ditadura já havia se encerrado, em 1985, com a transmissão do car- go para José Sarney. Mas o sentimento da população, após os qua- tro primeiros anos da chamada Nova República, era de frustração. Passada a rápida euforia com o Plano Cruzado em 1986, o governo Sarney mergulhou em uma crise que levou a inflação de 1989 ao pa- tamar de 1.973%. Era um governo impopular e frágil politicamente, o que explicava em parte o anseio da população por novidade. Esse desejo foi muito bem captado pela equipe de marketing político – uma novidade naquela eleição – de Collor. “A verdade é que o país discutiu muito a perspectiva de um gover- no que fosse quase divino. Porque o problema não era só a hiperin- flação. Era a má estrutura do setor administrativo. E isso em um qua- dro de pluripartidarismo indisciplinado. Daí toda a atenção voltou-se para a figura nova, que ganhou a eleição com um voto de esperança”, recorda Carlos Chiarelli, o primeiro ministro da Educação de Collor. Jovem, com um discurso moderno e tendo construído a imagem

, depoimento para este livro. este para Em destaque , depoimento de caçador de marajás do serviço público, o ex-governador de Ala- goas derrotou políticos tradicionais como Aureliano Chaves, , Ulysses Guimarães e Mário Covas. Disputou um segundo turno acirrado contra um candidato que também representava no- vidade na época: Luiz Inácio Lula da Silva. Chiarelli foi figura importante na campanha do ex-presidente. Como um dos primeiros políticos experientes a aderir ao projeto – na época era senador pelo Partido da Frente Liberal (PFL) do Rio Grande do Sul –, foi designado inicialmente para ser líder do gover- no. Collor foi eleito por um partido nanico, o Partido da Reconstru- ção Nacional (PRN), e tinha, nas palavras de Chiarelli, total “descon- sideração” para com o Congresso. A prioridade do governo Collor em seu início era derrotar a in- flação. Para isso, recorreu a uma das medidas mais drásticas já ado- tadas em um plano econômico federal: o confisco da poupança de toda a população. Mas o plano fracassou, e logo a inflação voltou a

superar a barreira de 1.000% ao ano. COLLOR

60 | 61 Na Educação, a primeira troca de ministros no governo Collor ocorreu em agosto de 1991. O motivo foi a discordância com relação aos Centros Integrados de Apoio à Criança (Ciacs), projeto de forte inspiração nos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), que Leonel Brizola e Darcy Ribeiro estavam construindo no Rio de Janeiro. Na versão divulgada na época pelos jornais, a insatisfação de Chiarelli estava no fato de o ministro da Saúde, Alceni Guerra, ter assumido o projeto de construção dessas escolas. No depoimento a este livro, ele não cita essa divergência, mas deixa claro que nunca concordou com o projeto dos Ciacs e afirma que esse foi o motivo de sua demissão. Chiarelli revela que, na área da Educação, Brizola exercia grande influência sobre Collor, fato que é confirmado também por seu su- cessor, José Goldemberg. A aliança entre o governador do Rio e o pre- sidente era inusitada. Brizola era uma figura histórica da esquerda, enquanto Collor avançava sua agenda neoliberal, de enxugamento do Estado e abertura de mercados. Mas circunstâncias políticas da época, como acordos para liberação de recursos para grandes obras, a exemplo da Linha Vermelha, aproximaram os dois personagens. Brizola só romperia com Collor um ano mais tarde (1992), depois que todos os demais partidos da esquerda já haviam aderido ao processo de impeachment. Goldemberg, até então secretário de Ciência e Tecnologia, assu- miu o Ministério da Educação (MEC) também sem concordar com o projeto dos Ciacs, pela mesma razão apontada por seu antecessor: antes de construir prédios caros para serem mantidos pelos municí- pios, era preciso investir para melhorar a infraestrutura das escolas já existentes, muitas em situação precária. Depois de uma sequência de ministros políticos desde o governo Sarney (Marco Maciel, 1985-1986; Jorge Bornhausen, 1986-1987; Hugo Napoleão, 1987-1989; Carlos Sant’anna, 1989-1990; e Carlos Chiarelli, 1990-1991), dessa vez a pasta seria ocupada por um nome de per- fil técnico, sem filiação partidária. Ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), Goldemberg conta que logo percebeu por que a Edu- cação era cobiçada por políticos: mesmo tendo verbas insuficientes para investir em grandes projetos, segundo ele, a falta de critérios técnicos para liberação de verbas para municípios, estados e uni- versidades federais dava ao titular um alto poder discricionário de atender aos pedidos de acordo com sua vontade. Goldemberg diz que conseguiu implementar critérios técnicos sem sofrer pressões políticas até que o processo de impeachment começou a avançar no Congresso. No início de 1992, começaram a surgir denúncias de interferência indevida de Paulo César Farias, ex-tesoureiro de campanha de Collor, em algumas áreas do gover- no. Com baixa popularidade e sem o Congresso a seu favor, Collor tentou romper o isolamento promovendo uma reforma ministerial em março de 1992. Dois meses depois, porém, uma entrevista de seu irmão Pedro Collor à revista Veja denunciando todo o esque- ma de corrupção comandado por Paulo César Farias no governo le- vou o presidente, que já era impopular, a enfrentar um processo de impeachment. Em seu depoimento, Goldemberg afirma que, ao ser pressionado a atender a pedidos de políticos e por se sentir desconfortável por fa- zer parte de um governo em relação ao qual pesavam cada vez mais denúncias de corrupção, decidiu se demitir do cargo. Na tentativa de aumentar sua base de apoio no Congresso, Collor escolheu um deputado do PFL da Bahia, Eraldo Tinoco Melo. O novo titular deixou claro o que representava sua ida ao MEC ao dizer que, em vez de privilegiar técnicos e pesquisadores, abriria para os po- líticos as portas de seu gabinete. Tinoco, porém, ficou apenas dois meses no cargo. No final de setembro de 1992, a Câmara aprovou o afastamento de Collor, que acabou renunciando definitivamente ao mandato em dezembro do mesmo ano. COLLOR

62 | 63 Carlos Chiarelli

15.03.1990 a 21.08.1991

Como se tornou ministro da Educação

Eu virei ministro em função de minha condição de professor, de mi- nha condição de senador, de líder da bancada do PFL [Partido da Frente Liberal], de ter participado do processo de candidatura do presidente Collor e de ter exercido influência, inclusive, sobre certas áreas de decisão além da Educação. Então, me tornei, em janeiro de 1990, antes da posse, líder no Congresso de um governo que ain- da não existia. E deixei de ser líder do governo no Congresso antes mesmo de o governo começar, em 1º de março, pois fui surpreen- dido por um convite para assumir o Ministério da Educação [MEC], onde realizei a tarefa que achei pertinente, juntando minha condi- ção de político com minha condição de educador, enfrentando não só os problemas econômicos e financeiros da pasta, do governo, mas também os problemas de uma dificuldade de relacionamento total, política e ideológica, do governo com o mundo universitário, com as áreas estudantis, que estavam todas praticamente dominadas pelo PT [Partido dos Trabalhadores], que havia perdido a eleição e não aceitava a derrota. Carlos Chiarelli (1940-), Chiarelli em 23.03.2017Carlos depoimento 64 | COLLOR | CARLOS CHIARELLI 65 [Collor] fundamentou o convite dizendo que precisava de um po- lítico na Educação ao mesmo tempo que precisava de um educador. Eu era professor universitário, tinha sido professor de curso secundá- rio também, vivi muito tempo no mundo da Educação, e era também político militante, atuante. Com isso, ele me fez, como me disse, um convite, um apelo e depois uma convocação, que acabou me levando a mudar meus planos e atuar nos limites de minhas expectativas. Eu disse a ele: “Estou sendo convocado para uma tarefa” – que ele en- tendia ser um projeto de 18 anos; “Quero liberdade de atuação”. Na verdade, não posso me queixar, pois ele nunca objetou. Só divergimos em um ponto, que foi o determinante da minha busca por novos ares. Eu acredito que deu para trabalhar e que entrei com uma ta- refa, em primeiro lugar, de organização da pasta. [Collor] precisava de um político na posição porque era necessário acalmar, tranquili- zar, articular, negociar com a área, que talvez fosse a mais hostil ao governo. Eu tive que priorizar, em certos tempos de ação, o Ensino Superior, quando o ministério em princípio deveria ser voltado mais à Educação Básica. Porque a grande resistência à chegada do Collor no governo tinha sido a partir de um entrechoque com a esquerda. Uma parte, a esquerda caviar e tal, estava sediada e localizada nos centros universitários, tanto na área docente como na área discente. Então, se houvesse uma postura radical invertida no MEC, agravaria a crise de maneira total. Minha tarefa foi tratar de trazer – como fiz – para coordenar, por exemplo, a área de Ensino e Pesquisa a figura mais destacada da USP [Universidade de São Paulo] nesse campo [a pesquisadora Eunice Durham]. Assim fui fazendo, dentro do limite do possível, porque encontrava, às vezes, resistência difícil, mas pro- curava quebrá-la, harmonizando, negociando, discutindo.

O Plano Collor

Nem bem eu estava sentado na cadeira ministerial, surgiu o Plano Collor, com o qual eu não tinha o menor contato nem a menor ideia de que existia. Na véspera do lançamento do programa, de tarde, a Zélia [Cardoso de Mello, ministra da Economia do governo Collor] me telefonou dizendo que precisava conversar comigo imediatamente Repasses da União emunicípios aestados as escolas, os pais, as mães eos professores. mães as os pais, escolas, as perguntas: de quantidade maior da o motivo tornou se que mas te, originariamen pertinente, era não que oaspecto explicar precisava o econômico, eeu ela, legal, o aspecto explicar que Collor]. tinha Ele no governo Justiça da [ministro Cabral eoBernardo com aZélia to jun Globo em Brasília, Rede da estúdio em um sentado anúncio, do ao seguinte dia todo, osábado me levou apassar que terrível panha cam começou uma em diante Daí negociariam. os alunos próprios faculdades, nas idade, maior de alunos de escolas nas com aescola; negociar de direito teriam ou responsáveis tutores os pais, nor idade, me de alunos de escolas nas foi de, que o fato legalmente, redigido sem estar momento efoi anunciado naquele nós criamos que culiar, pe sistema um criou se Aí mensalidades. das foique anegociação área, única uma fez se para que aconcessão foi-se redigindo carro processo de tabelamento das mensalidades escolares e tal.” etal.” escolares mensalidades das tabelamento de processo o realizar vamos éque não, “Não, escolas?” nessas intervenção guma al fazer vão vocês não mas “Sim, universidade.” colégio, Educação, ensino, de é a área fazer, que vamos ver o que que ter nós vamos que problema aí um tem porque “Não, por quê?” saber que tenho eu “E ela. sabem”, disse não ministros os outros ésegredo, “Porque tei. por quê?”, pergun eu “Revelar amanhã”. apresentar nós vamos que oprograma revelar ate me autorizou opresidente “Olha, me disse: eela lá Cheguei também. lealdade de depoimento éum aqui que acho eu ou melhor pior, interessa, hoje imagem ter ela não mente de Independente terríveis. debates enfrentara lutadora, campanha de parceira fora ela porque uma ser ministra, para aZélia liticamente po apoiado tinha Eu econômica. área da pessoal do maioria grande a instalada estava onde hotel em Brasília Tênis, de Academia na de 100 a 105 dias, três meses e meio. Uma vergonha. O governo falava Ogoverno falava emeio. meses vergonha. Uma três 100de a105 dias, era emunicípios os estados para atraso de amédia lá, cheguei do [FNDE]. Quan Educação da Desenvolvimento de Nacional Fundo edo salário-educação do repartição de relação uma Nós tínhamos Tivemos uma larga discussão e, quando fomos para o palácio, no o palácio, fomos para quando e, discussão larga uma Tivemos ------

66 | COLLOR | CARLOS CHIARELLI 67 de federação, de repartição de encargos e competências, de valori- zação da autonomia dos estados, mas não repassava o dinheiro de- vido, porque se apropriava do dinheiro durante três meses – naquela época, três meses de inflação eram um escândalo –, justamente para os primos pobres, os estados e municípios. Eu disse ao presidente: “Minha primeira missão vai ser botar em ordem isso”. “Mas dá?” “Dá, desde que a ministra da Economia libere os recursos na data certa. Nós vamos passar a ter credibilidade dos estados, porque não me animo a falar com governador sobre o tema Educação, porque nós somos devedores ineptos e inaptos.” “Então, você pode assegurar que vamos pagar.” Daí em diante, por todo o meu período, nós não passamos nun- ca de cinco dias úteis. Isso me dava a chance de cobrar dos estados certos procedimentos que eram importantes, porque tínhamos uma situação de credibilidade, que não era mérito, era obrigação, mas que passou a ser mérito. Daí começou-se a estabelecer o critério de posição mais adequada das missões que se tinha.

Educação Básica x Ensino Superior

O MEC era uma coisa incrível porque, em princípio, a maior respon- sabilidade era com o Ensino Básico, mas na verdade a maior pres- são, demanda e critérios de distribuição do orçamento eram para o Ensino Superior. Eu era assoberbado de demandas, de críticas, de cobranças do Ensino Superior, deslocando o eixo central que era o Ensino Básico. Para isso o ministério foi criado. Aliás, até havia uma corrente que chegou a ter vozes, defesas, que era fazer o MEC e o Ministério da Ciência e Tecnologia, Ensino Superior e Pesquisa, que teria certa lógica [na época, Ciência e Tecnologia era apenas uma se- cretaria, mas já se cogitava a criação de um ministério que abrigasse o Ensino Superior]. O [José] Goldemberg, meu sucessor [1991-1992], defendia com muita insistência isso, porque ele vinha de uma secre- taria de Ciência e Tecnologia. Nós passamos a nos preocupar com outras questões. Eu disse para minha equipe: “Nós temos, aqui, que fazer primeiro o trabalho de cura do enfermo. Não adianta pensarmos em grandes projetos. Compra de livros de Compra didáticos pegou um período político muito conturbado. muito político período um pegou Sarney no governo ocorreu lamentavelmente que geral, abertura de espécie naquela que do verbas das aplicação na segurança mais muito de sensação uma nos deu modelo Esse coisa. mais acontecer podia que sabia MEC do contas as olhar vinham que auditores de grupo um por ser visitado ia que prefeito sabia que um que Éclaro MEC. do as principalmente verbas, com as os vereadores como comportavam se os prefeitos, como comportavam se finanças, das asituação era qual nhos diferentes. diferentes. nhos tama ede diferentes estados dez de ser, que no mínimo, tinham 15 municípios Os nunca. repetíamos não diferenciada, força-tarefa uma ecriávamos 15 municípios sorteávamos mês Acada ouvidoria. – de República da com a auditoria mas funciona, que acho agora até –que mecanismo um criamos Depois, do]ses salário-educação. nos repas [agilidade de negócio esse Primeiro, públicas”. contas nas rigor de clara ideia dar Vamos, primeiro, implementar. para recursos de nós precisamos porque Segundo, lamentável. situação numa está Ogoverno federal credibilidade. muita temos não porque Primeiro, não penso mais em licitação. Penso em abrir para as editoras todas, todas, editoras as para em abrir Penso em licitação. mais penso não “Eu disse: Eu licitação. uma fazer ia que dito por ter críticas algumas receberia eu que me comunicou que República, da presidente ao nha mi foi queixa fazer Brasil do revistas grandes das uma o espaço”. Aí, abrir e vamos licitação uma fazer nós vamos bem, muito funcionar “Vai disse: Eu didático. livro do o sistema funcionar ia como éque ver ogoverno –para criticavam que imprensa, àgrande ligadas até aliás, – figuras de erecebi visita cheguei Eu fortuna. uma eram que os livros, eencomendava licitação de renovava só acarta ministério O total. maneira de Dominavam didático. olivro no Brasil minavam do editoras cinco mas nomes, evidentemente, vou dar Não tério. no minis terrível pressão uma Havia ponto meio humorístico. a um chegou que mas significação, foi extrema Teve que de episódio um A força-tarefa verificava o que acontecia com as verbas federais e federais as verbas com acontecia que o verificava A força-tarefa [1985-1990], que teve obrigações difíceis de contornar porque porque contornar de [1985-1990], difíceis obrigações teve que - - - - - 68 | COLLOR | CARLOS CHIARELLI 69 pequenas e médias, e fazer uma grande eleição. Vou fazer uma gran- de eleição, presidente. Pode? Está de acordo?”. “Estou.” “Os profes- sores brasileiros de Ensino Médio, de Ensino Básico vão votar qual é o livro que eles querem que o aluno tenha. Não importa a editora, se o professor acha que é bom, para mim é suficiente.” Eu recebi crí- ticas da revista e de outros órgãos, muitos vinculados à grande mí- dia. Mas fizemos a eleição e votou o Brasil inteiro. Rompemos com uma espécie de oligopólio que havia. Isso custou muito em termos de notinha de jornal, de críticas, mas passou a ser praticamente um modelo, que depois foi ajustado.

Merenda escolar

Eram quatro empresas, altamente técnicas, que forneciam a meren- da escolar. Eu sempre dizia, na época do ministério, que, antes de qualquer outra atividade, eu era o dono e o responsável pelo maior restaurante do Brasil. Porque diariamente, naquela época, tinham direito à merenda 38 milhões de crianças e adolescentes. E dizia – havia choques [sobre isso] com os acadêmicos, principalmente de esquerda – que um grande motivo de atração à escola era o fato de que ia ter merenda. Era uma verdade, que eu não escondia, até propalava, que co- brava e cuidava da merenda. O volume de merenda escolar na se- gunda-feira era no mínimo 20% a mais do que na terça, na quarta e na quinta e 35% a mais do que na sexta. Na segunda-feira, a crian- ça que vem de uma vila, de um bairro, de uma área de debilidade econômica, vem para saciar boa parte do déficit alimentar que ela teve no sábado e domingo, em que não há aula. Na sexta-feira, com a con- tinuidade de uma merenda correta, esses desfalques não fazem falta. Então, foi uma luta que me chamou a atenção. Aí acho que en- tra – como entrou na eleição dos professores – a figura do educador político, daquele educador que tem uma vida política, que acredita na eleição dos livros, que acredita na importância social da meren- da. O que nos obrigou, também, a começar a impor – aí teve que ser mais paulatinamente – a alimentação com partes da merenda com alimentos locais. Combate ao analfabetismo so que outros continuaram, aumentaram, melhoraram. melhoraram. aumentaram, continuaram, outros que so proces começou um No meu período ali. totalmente mudado tenha que entender.de Não no meu modo satisfatória mas dificuldade, ta com mui empenho, travoucom se muito que difícil batalha Foi uma costume. tinha comer e que desejava habitualmente que a comida comer que tinha Criança atualmente. nos aviões servem que tipo do preparados comer aqueles criança sentido tinha não bito cultural, de monitores que passavam a ser auxiliares na alfabetização. na aser auxiliares passavam que monitores de espécie uma treinar outro, de e, lado, um de trabalho, de acidentes de em prevenção gente aformar Começamos trabalho. de acidentes de com a prevenção junto obras de no canteiro analfabetismo do ção erradica de Collor, 1990-1992], acampanha efazer aproveitar para Magri Rogério] [Antônio do mei me eu aproxi Trabalho, do com oMinistério nós juntamos clusive, in porque, me mobilizou, realmente projeto que um Começamos obras. de no canteiro alfabetização de processo um fazer para dores trabalha de eos sindicatos patronais os sindicatos chamar guimos nós conse adulto, analfabetismo do erradicação de Na campanha analfabetismo] é uma perda de terrível. cidadania de perda é uma analfabetismo] [O analfabetos. de onúmero sim, aí, substancialmente, diminuindo vai éimportante, isso que por entender outro ao passando ministro um de ideia, projeto, da do programa, do com acontinuidade que, Achorarefeito. com espaço você o fica senão aindústria, sindicato, o intermediárias, estruturas constante, é mobilização fundamentar e ter precisa Oque acadêmico. nem com lei, artigo projeto de um de motivos, de exposição bela uma de resolve se com aredação não que trabalho de permanência uma esforçoum e exige é dificílimo, ção alfabetiza de global oprocesso Mas vista. de operdi eu que po, até tem certo por um continuou construção da esse obras, de canteiro de Esse com o programa. muito identifica se ou o ministro nistro Hoje em dia a maioria da merenda é local. Primeiro, por um há por um Primeiro, élocal. merenda da amaioria Hoje em dia Os programas acabam muito identificados com a figura do mi do com a figura identificados muito acabam programas Os [ministro do Trabalho do governo do Trabalho do [ministro ------70 | COLLOR | CARLOS CHIARELLI 71 O Ensino Médio

O Ensino Médio desaparecia no rol das inquietações e das reivin- dicações, pressionado de um lado e de outro. Principalmente, no caso do MEC, na minha época e na época circunvizinha, quem co- mandava a temática prioritária era a Educação do Ensino Superior, era o problema das universidades, era a questão de pressão políti- ca, ideológica, verbas que não se conseguia liberar, verbas que se queria a mais e, sobretudo, jogo político. Porque, se tu fores a uma cidade, podes fazer a inauguração do prédio mais lindo do Ensino Médio, seguramente tu vais dedicar metade do teu tempo a atender uma caravana de estudantes universitários ou do reitor, que têm seu direito, mas que colocam adiantadamente as reivindicações. Além disso, formalmente o Ensino Médio é da área do estado, então o que a gente fazia era repassar os recursos financeiros que cabiam ao es- tado pontualmente, e se passou a trabalhar com o Ensino Técnico. Depois até fizeram programas especiais, mas na nossa época se con- seguiu construir um bom número de escolas técnico-agrícolas.

Aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente

A verdade é que o governo Collor não tinha a menor força dentro do Congresso Nacional. Era um espaço progressivamente hostil. Se o governo tivesse feito as gestões que o governo Dilma e o governo Te- mer fizeram, nunca teria sofrido impeachment. As participações no Congresso, na votação, foram absolutamente pessoais de alguns mi- nistros. Bernardo [Cabral, Justiça], Alceni [Guerra, Saúde] e eu, que éramos parlamentares, demos opiniões, mas não determinamos a diretriz. O Estatuto saiu nos moldes do Congresso. O governo teve participação mínima, para ser bem claro. Porque não tinha, aliás, como fazer participação. Os Centros IntegradosOs Centros àCriança Apoio de posição solidária da comunidade, nós reformamos, arrumamos e arrumamos nós reformamos, comunidade, da solidária posição e uma recursos de aplicação eboa pequena com uma nome e que, de só escolas são que miséria, de petição de em estado estão que os Cieps. sempre eram coisas Algumas coisas. algumas ver de para helicóptero com ele uma voltinha fizesse eu que queria no ele aeroporto, me esperava Rio, ao ia eu o mesmo. Quando era sempre otema Edoutrinando, “Meu conterrâneo!”. conversava: e lá sentava MEC, eao Palácio ao aBrasília, ia Ele respeitosas. muito mas divergentes, Nós sempre posições tivemos mim. de muito mava eele aproxi se Educação, da oministro era Eu convictamente. fazia eele estratégia, uma era Arepetição interlocutor. e no cérebro do no ouvido fosse ela gravada com que fazer para frase vezes amesma chovia era uma catástrofe. catástrofe. uma era chovia se instalações, tinha não escola, era Não segundo.” do três primeiro, eles são?”. “Tem série do que “De dois perguntei: Eu quadro-negro... sem quadro-verde, ali, professora paradinha uma crianças, quinze doze, Dez, árvore. de troncos sobre uns sentadas estavam crianças as onde Luís, São de quilômetros a dez [José Sarney], cém-saído Básico. Ensino de brasileira escolar arede era que do clara muito noção uma tinha eu Então, presença. levando escolas, as no interior, vendo mas em Marajó... Noronha, de em Fernando Ceará, do no interior Estive quilometragem. maior de ministros dos talvez, fui, Porque presidente. ao disse eeu partilhada, abertura. de processo do dar pode se que éasíntese Essa projeto nacional. um virasse no Rio, fazia [Cieps], ele Pública que Educação de Integrados Centros o projeto dos que de a ideia para catequizá-lo de em função presidente do mando Collor dente do presi sobre a figura Janeiro] Brizola Leonel de [do Rio vernador go então do epermanente continuada doutrinação exercício de um foi àCriança] Apoio de [Centros Integrados Ciacs dos O programa Eu disse para o Collor: “Nós temos no mínimo 1.500 escolas escolas 1.500 no “Nós temos oCollor: mínimo para disse Eu re presidente do estado Maranhão, do no interior escola vi Eu com não posição com absoluta tema do sempre tratamos Mas três ele repetia no discurso: característica uma tinha O Brizola foi oposição, aproxi se dessa líder possível um era ele, que Mas . Havia uma oposição férrea ao Collor. ao férrea oposição uma . Havia ------

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| COLLOR | CARLOS CHIARELLI 73 compatibilizamos para que crianças de todo o Brasil tenham escola”. Aí começou um debate óbvio dos Ciacs. Eu digo: “Eu acho ma- ravilhoso os Cieps, não precisa mudar de nome, chama de Ciep, o Darcy Ribeiro [antopólogo, ministro da Educação no governo João Goulart em 1962-1963 e titular da Secretaria Extraordinária de Ciên­ cia e Cultura do Estado do Rio de Janeiro de 1983 a 1986, quando idealizou os Cieps] é um grande estudioso”. Mas ninguém vai fazer 5 mil Ciacs no Brasil. Mesmo se o governo desviar verbas de várias áreas, inclusive da Educação, para as coisas necessárias para cons- truir, não vai fazer os 5 mil e não vai resolver o problema, porque serão 5 mil paredes levantadas. Porque os estados não têm a menor condição de manter, porque o que é sério mesmo em termos de re- cursos e técnicos é manter. O município dava o terreno, facílimo. O governo federal dava a estrutura, fazia a inauguração do prédio e ia embora. O estado tinha que contratar professores. Eu disse: “Não dá, presidente”. “Mas é o sonho de uma vida”, res- pondia ele. “Pode ser o sonho e pode-se começar a fazer um pro- cesso progressivo, tentar fazer escolhas, cidades compatíveis pelo tamanho... e que se faça um reprojeto disso aí.” Porque tem outro problema, que no Rio eu identificava e dizia para o governador Brizola: até 10 anos a família vibra com a criança no Cieps. Depois, se a família for realmente carente, a mãe e o pai querem que o filho vá trabalhar e não que fique na escola, para tra- zer recurso para casa. Sem contar que o filho pode ser desviado no caminho por problema de tráfico de drogas, as quadrilhas e tal. Então, essas são realidades do processo, construir 5 mil, não construiriam, não tinha verba, não tinha sentido; em segundo lugar, tinha que sinalizar o quadro geral brasileiro.

Saída do Ministério da Educação

Um dia, ele [Collor] me disse, depois de uma longa conversa: “Eu te nomeio ministro da Educação e da Criança”. “Está bem, mas não é o problema de ser ministro da Criança, ministro da Criança so- mos todos nós.” “Tu não estás concordando porque isso é briga de gaúcho, isso se resolve com churrasco.” “Não é briga de gaúcho, eu o Ministério da Integração do Mercosul [1991], uma outra história. [1991], Mercosul história. do outra uma Integração da o Ministério para efui saí eu Ciacs]”. [onde apromessa dos Gente Mas constava Minha o Projeto fazer de disposição absoluta tenha inicialmente, pelo menos que, ministro um ter que tem senhor o que Acho fiança. con de cargo éescolhido, éeleito, ministro Presidente ministro. um e presidente um há presidente, “Não, disse: eu Ciacs], o projeto dos mo –foi excelente.” mes –eacho no Rio otrabalho que eacho Brizola do muito gosto Quando chegou a essa ocasião em que ele decidiu [insistir com [insistir ele decidiu em que ocasião chegou aessa Quando - - 74

| COLLOR | CARLOS CHIARELLI 75 José Goldemberg

02.08.1991 a 04.08.1992

Como se tornou ministro da Educação

Eu nunca tive envolvimento político partidário. Por uma razão até bastante simples. Como presidente de associações científicas, como a Sociedade Brasileira de Física ou a Sociedade Brasileira para o Pro- gresso da Ciência [SBPC], julguei que envolvimento político limitaria a ação de um presidente de uma comunidade grande, que são os cientistas, e que é polivalente, quer dizer, tem várias vocações e vá- rias inclinações políticas. Meu propósito, ao presidir essas associa- ções, era defender a ciência e os cientistas. Mas, quando o governador [Franco] Montoro foi eleito governa- dor de São Paulo [novembro de 1982], ele me convidou para dirigir as empresas de energia do estado, que era a minha área de especia- lização técnica. Isso fiz durante quase quatro anos [1983-1986] e, em 1986, fui escolhido como reitor da Universidade de São Paulo [USP]. Em 1990, estava concluindo meu mandato como reitor e o governa- dor do estado, Orestes Quércia, me nomeou secretário de Educação, que era uma continuidade, digamos, coerente com a atividade de reitor da universidade. José Goldemberg (1928-), depoimento em 24.11.2016 em (1928-), depoimento Goldemberg José 76

| COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 77 Fiquei no cargo apenas uns dois meses, porque o presidente Collor foi eleito em 1990 e me convidou para ir a Brasília, não como ministro da Educação, mas como secretário de Ciência e Tecnologia da Presidência da República, o que era o que hoje a gente chama de Ministério da Ciência e Tecnologia, só que não era um ministério. O que tinha até vantagens, porque era uma secretaria da Presidência da República, portanto tinha um acesso mais fácil ao presidente. Fui secretário de Ciência e Tecnologia durante um ano e meio [de março de 1990 a agosto de 1991], e aí a crise do governo Collor foi se aprofundando seriamente, como é bem conhecido, e o ministro da Educação se demitiu ou foi demitido – nem me lembro mais direito [Carlos Chiarelli informa em seu depoimento que pediu demissão por não concordar com o projeto dos Ciacs] – e não havia muitas pessoas no ministério. Já era um ministério pequeno, com 14 pastas apenas, e havia poucos que não estavam envolvidos em algum tipo de assun- to controvertido. Eu era um deles. Não era uma nomeação política, e o presidente, então, me convidou para ocupar o MEC [Ministério da Educação]. [Era] realmente um cargo muito mais político do que os outros que eu tinha ocupado, porque a Secretaria de Ciência e Tec- nologia era um órgão influente, mas muito técnico. Educação é outra coisa, porque tem algo que os outros não têm, que é dinheiro. Eu fui, então, para o ministério. Fiquei pouco mais de um ano [2 de agosto de 1991 a 4 de agosto de 1992] e acabei saindo antes do fim do governo Collor. Fui o único ministro do gabinete do presi- dente Collor que se demitiu três meses antes de ele sofrer o impea­ chment, porque decidi de moto próprio que não tinha condições de permanecer em um governo sobre o qual pesavam as alegações que eram feitas na ocasião.

As escolas de tempo integral

Esse foi um período interessante, porque o grande tema na época, e que, digamos, mobilizava o Ministério da Educação, eram as es- colas de tempo integral, os Centros Integrados de Apoio à Criança [Ciacs]. A principal missão que o presidente me deu foi tentar via- bilizar esse projeto. presidente Collor presidente O projeto do país. pobres do mais regiões nas dinheiro têm não ras prefeitu eas prefeitura, da éresponsabilidade salários pagar Então, professor. muito etem recursos muitos tem ou não quebrada está brasileiros municípios dos maioria Agrande baixos. são os salários Por isso municípios. dos éresponsabilidade Básica Educação Básica. Educação de Ministério éum Superior, não Educação de Ministério éum no Brasil Educação da OMinistério dentro. está quem para te eviden mais émuito mas fora, está quem para evidente parece que inclusive. conseguindo, estava não eque demissão] sua foi esse de omotivo que ediz Ciacs comcordou oprojeto dos con nunca que depoimento seu em afirma [Carlos Chiarelli zendo fa estava amim anterior oministro éoque que afora, pelo Brasil 100, 200, 500 Cieps instalar era queria opresidente Oque problema. anos. muitos durante como ex-reitor USP e como pesquisador da educacional, comunidade na e científica comunidade na profundas raízes nha ti Eu dentro. lá colocar que tinha com oque muito preocupado se tinha ninguém mas razoáveis, até eprovavelmente eram arquitetos por desenhados sido tinham então, prédios, Aqueles Educação. de área fora da de seja que pessoa –como qualquer prédios projeto de Janeiro. de no Rio introduzido [Cieps], tinha oBrizola Pública que Educação de Integrados Centros dos a experiência repetir queria basicamente, Ele, interesses. outros enão opovo favoreciam brasileiro que interesses tinha dizer, quer cívico, espírito um tinha mas problemas, tinha o Brizola que achava que vezes ele me disse Várias políticas. diferenças das apesar zola, pelo Bri admiração uma tinha contato, bastante etinha viajava eu com quem opresidente, política, na serem antagonistas os dois de (1983-1987)]. apesar porque, Janeiro de Rio interessante do até Era [Leonel] do [governador Brizola aexperiência repetir basicamente ele queria em Educação, Mas, fracassado. Collor tinha oPlano sado, fracas tinha essa mas metas, das a primeira digamos, era, inflação à ocombate que Claro administração. sua de centrais eixos dos um O que me dei conta imediatamente, ao entrar no MEC, é algo éalgo no MEC, entrar ao imediatamente, conta me dei O que do natureza a era qual mim para evidente ficou que modo De um de era ele tinha que avisão Éque éoproblema. éque Esse Collor presidente O era para a Educação Fundamental. Acontece que que Acontece Fundamental. aEducação para era , claramente, tinha nos Ciacs, provavelmente, nos Ciacs, tinha , claramente, ------78

| COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 79 as verbas todas do MEC eram dirigidas para as universidades. Aliás, acho que são até hoje também [em 2017, 58% do orçamento do MEC era destinado ao Ensino Superior]. O que me dei conta – bastou fazer uma conta nas costas de um envelope – foi que construir um Ciac naquele tempo custava apro- ximadamente US$ 1 milhão, na moeda da época. A manutenção de um Ciac, devidamente aparelhado para utilizar aquelas instalações, custaria aproximadamente US$ 1 milhão por ano. E não havia pro- jeto pedagógico. Os partidos da oposição – o PT [Partido dos Trabalhadores] e outros – atacavam fortemente os projetos, os projetos dos Ciacs. O que eu considerei um absurdo – era só o que faltava, a esquerda bra- sileira criticar um projeto de Educação. Fiz um esforço enorme para entender o que estava acontecendo. As razões eram inteiramente políticas. Procurei, então, meus colegas da universidade – alguns até ligados aos partidos de esquerda – para me ajudar a formular um projeto pedagógico. O professor [da Faculdade de Educação da USP José Mario Pires] Azanha efetivamente me ajudou. Começamos, então, a montar cursos de treinamento para os futuros administradores dos centros, porque era uma nova visão de escola de Ensino Fundamental. Hoje, e naquela época mais ainda, escolas são o que tem ou um prédio do século 19, que sobrou e está de pé, ou um conjunto de barracões, e em alguns lugares até contêi­ neres, que são uns prédios inteiramente precários. Esse prédio era um prédio, de fato, funcional, onde os estudantes ficariam em tem- po integral. Por isso custava US$ 1 milhão por ano manter os estu- dantes lá dentro. Isso não estava previsto nos orçamentos da época, e o presiden- te Collor achava que o dinheiro ia brotar de algum lugar. Aí não deu tempo, obviamente, para completar esse projeto. Mas, ainda assim, o meu secretário-executivo, que era o professor Antonio de Souza Teixeira, que era muito bom, era um professor de Ensino Médio, não era um professor universitário, montou cursos de capacitação por aí afora. Mudança de estratégia de Mudança Relação com municípios com Relação eestados bém com atividades esportivas. bém com atividades tam inteiro odia lá professor esteja de que precisa aí inteiro, o dia ficarem crianças as para escola Éuma sentido. faz aideia que dente evi é Agora, boa ideia. uma seria Ciacs os fazer suficiente, dinheiro houvesse Se brasileiras. escolas as em melhorar alinhado estava Eu Collor sidente pre do política meta uma era que os Ciacs, por fazer entusiasmo o dizer, Quer os Ciacs. fazer que do maior muito prioridade uma era isso eque os alunos, para física atividade de tipo vôlei, algum tênis, de quadra uma ou colocar escolas reformar para dinheiro de ele precisava desenvolvida, bastante cidade éuma que Curitiba, em que me disse OLerner capta. vezes você não às eque óbvias parecem que coisas tem mas oóbvio, me explicaram que Curitiba, como o [Jaime] prefeitos bons, Lerner muito alguns inclusive prefeitos, ame procurar começaram logo éque aprendi O que vimento Econômico – OCDE]. – Econômico vimento e Desenvol a Cooperação para 2017 Organização aGlance at tion da Educa a publicação segundo público, o gasto apenas considerando ou 4,2% privado, o gasto [6,2% incluindo Unidos PIB, do os Estados gastam éo que os níveis, em todos em Educação, gasta oBrasil O que Bruto]. Interno [Produto PIB 5% do aaproximadamente corresponde tudo isso aUnião]. que Acontece e18% para emunicípios, estados [para 25% de percentual um fixa AConstituição cotas. maiores as têm eSaúde Educação federal, orçamento Do recursos. dos grande fração uma em Educação gasta OBrasil no Brasil. em geral cação Edu à em relação entender de dificuldade têm pessoas as que coisa uma Há condições. Nem tinha pagava. não oministério Isso, lário. sa para pedidos de enorme quantidade uma evidentemente, Havia, E qual é o problema? O problema é que o PIB brasileiro é pequeno. épequeno. brasileiro éo problema? oPIB Oproblema é que E qual [em percentuais]. termos em Educação gasta oBrasil mente oque Na grande maioria dos países do mundo, se gasta aproximada gasta se mundo, do países dos maioria Na grande , era uma meta com a qual eu não estava alinhado. alinhado. estava não eu com aqual meta uma , era , de de , ------80 | COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 81 Então, 5% do PIB brasileiro é, digamos, US$ 100 a US$ 150 bilhões. Acontece que 5% do PIB americano são US$ 700 bilhões. É por isso que as escolas americanas, nos municípios, são bonitinhas, todas padronizadas etc. Há uma incompreensão de que a Educação gasta muito ou gasta pouco. Ela gasta muito, é que o PIB brasileiro é pequeno. Se o PIB não crescer, não há solução para esse problema. No Ensino Fundamen- tal, havia pouco o que o ministro poderia fazer e ainda há pouco o que os atuais ministros podem fazer. É interessante ouvir os outros ministros, mas eu acho que eles também têm muita dificuldade de enfrentar esse problema. Porque a responsabilidade é do município, em geral. Prefeituras do Brasil não têm recursos para dar um Ensino Fundamental bom, muito menos creche, que é um problema que se discute muito agora. Os salários dos professores de primeiro grau são muito baixos. Além de serem baixos, são mais baixos do que em carreiras equivalentes, como mesmo tipo de escolaridade. De modo que a carreira não é atraente. Aí há pouco a fazer. O MEC faz pouco, e duvido que depois de mim tenha sido feito muito.

Analfabetismo, evasão e repetência

Um item que ocupava papel central era a erradicação do analfabe- tismo adulto. Nós tínhamos programas de alfabetização de adultos, sobretudo porque tinha muita obra em Brasília – isso há 30 anos, tem ainda hoje, mas naquele tempo mais ainda –, então tinha mui- tos operários que vieram de outras regiões do país, mais pobres, e que eram analfabetos. Então tínhamos um programa bastante ati- vo. Acabei me desiludindo um pouco desses programas de alfabeti- zação de adultos porque os educadores acabaram me convencendo de que, se a pessoa chegar analfabeta aos 30, 40, 50 anos de idade, realmente, alfabetizá-la não vai fazer muito por ela. Se é pedreiro e analfabeto, se você alfabetizá-lo, ele não vai se tornar um auxiliar de escritório, ele vai continuar sendo pedreiro fazendo coisas da- quele tipo. Mas na época havia uma preocupação com erradicar o anal- fabetismo. O que outros educadores me explicavam, e eu tinha Educação profissional Educação Autonomia das universidades trabalhar, e por aí afora. afora. epor aí trabalhar, para e aluno]sai [o dificuldades, enfrentando está afamília porque evasão, ea claro, um problema, é ea repetência escola, na fica não ir. oaluno Oproblema possa éque aonde escola sempretem uma 6, 7anos de criança qualquer éuniversal, no Brasil àescola acesso –, tempo o muito há problema – e esse foi resolvido interessante coisa uma Porque, sair. ela deixando enão com 6, escola na 7anos a criança colocando combate se analfabetismo que era entendido, qual a minha ação como ministro foi paliativa, basicamente, poucos poucos basicamente, foi paliativa, como ministro ação aminha qual na Fundamental, eEnsino Médio com Ensino atividade dessa Além também. profissão uma aprendia pessoa ea integral, tempo de eram porque boas, escolas eeram Tecnologia, de Federal Instituto federais, escolas eram todo, No Brasil técnicas. caso. nesse esforço-2012, fez grande um respectivamente] 2005-2010 eDilma, e2011- nos governos Lula Educação da [ministro [Fernando] Haddad oministro que feito.têm Tenho de aimpressão recentes governos mais que boas coisas das éuma Essa técnicas. las esco de programa um ogoverno tem sim, aí, médias, escolas As mas não consegui muito. consegui não mas técnicas, escolas as são que federais, os institutos zer foi ampliar fa tentei O que muito. fazer consegui Não países. nos outros assim é Não equivocada. écompletamente no país coisa ser alguma para Superior Ensino de grau um de precisa você que de ideia Essa fissão. prouma dá lhe que atividade uma para ir e diversificando ir pode pelos ele, 15, lá 16 mas anos, francês, osistema copiando acadêmica, é que preparação uma tenha só não oindivíduo que modo de culo, Essas ideias agora estão muito em voga, de diversificar o currí o diversificar de em voga, muito estão agora ideias Essas escolas de dúzia meia uma havia creio que época, Na minha - - - - 82 | COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 83 Ciacs foram construídos, e eu utilizei uma parte dos recursos para atender a pedidos de mérito, consertar escolas que estavam caindo aos pedaços, e por aí afora. Além disso, tentei melhorar a gestão nas universidades, e aí en- contrei um problema que é fundamentalmente político e que tem a ver com aquela época. É que eu havia sido reitor da USP e creio que há um certo consenso – sabe, depois de passar dos 30 anos, a gente pode se dar ao luxo de ser um pouco filosófico acerca disso – de que consegui ser um reitor eficaz, que conseguiu recuperar a universi- dade, que tinha sofrido muito com o período autoritário, inclusive pacificado a universidade politicamente e melhorado as instalações físicas etc. Tentei fazer o mesmo com as universidades federais, mas en- contrei sérios problemas. Aqui em São Paulo, o que conseguimos – e foi uma combinação de Paulo Renato [Souza], que havia sido reitor da Universidade Estadual de Campinas [Unicamp, 1987-1991], en- quanto eu era reitor da USP [1986-1990], e Jorge Nagle, que era reitor da Universidade Estadual Paulista [Unesp, 1984-1988], a terceira uni- versidade do estado – foi convencer o governador na época, que era Orestes Quércia, a atribuir à USP uma fração do ICMS [Imposto so- bre Circulação de Mercadorias e Serviços], em vez de dar uma verba que era negociada todo ano, como ocorre com as demais repartições do estado. Ou seja, as universidades deixaram de ser tratadas como uma repartição igual à Secretaria de Transportes ou da Segurança Pública, mas elas tinham uma verba marcada no orçamento, o que deu autonomia financeira para as universidades. A autonomia financeira está prevista na Constituição, mas, como ela nunca foi regulamentada, não foi colocada em prática, exceto no estado de São Paulo. Isso significou na época dar às uni- versidades de São Paulo um atestado de maioridade, porque os reitores, então, com seu Conselho Universitário e outros órgãos de direção, tinham autonomia de decidir onde aplicar esses recursos – por exemplo, para melhorar a carreira docente, melhorar a car- reira discente, a carreira dos funcionários. De fato, basta olhar as estatísticas para ver que as universidades de São Paulo tiveram um impulso extraordinário. Eu me tornei ministro da Educação dois anos depois de ter dei- xado a reitoria da USP. Comecei a discutir lá em Brasília a ideia de Saída do Ministério da Educação da Ministério do Saída conceder.” “Ah, eu vou falar com o senador que émeu amigo.” que conceder.” com osenador “Ah, vou eu falar vou não eu como é...” sabe “Olha, mas “É, finalidade”. essa foi para odinheiro àvontade, pressionar “Podem muito.” falei: Eu sionaram como me pres é, “Sabe sindicância.” uma vou abrir biblioteca, uma para dado foium refeitório.”dinheiro e fiz eu “O muito reclamando estavam os estudantes mas é, “Pois o dinheiro”. dei lhe eu passado “Ué? Ano Falei: a biblioteca. para vez dinheiro outra voltou e pediu ele depois, ano um ou quase seguinte, No ano abiblioteca. fazer para odinheiro dei Eu importante. muito era ministro do a vontade fixo, orçamento tinha não porque dinheiro, Dei ministro. ao sensível tema éum isso biblioteca, uma construir ele Se quer biblioteca. uma construir ele precisava que de dramático, caso fezele um implorou, tendo incidentes desagradáveis. Acabei Paulo. São de estado do universidades as para como foi dado maioridade, de atestado um maior, seria responsabilidade eles uma a dar significaria isso porque autonomia, fosse concedida em que interesse nenhum tiveram não os reitores realmente etc.”. suma, Em meu estado “Temdo então: Ou osenador esquina. chope na tomar 1985nou a1990], de de fosse ou companheiro como opresidente se gover [Sarney fosse presidente ainda como o se Sarney assim, vam com o[José] efala lá Sarney vai agente importância, tem “Não dinheiro, pressionar etc. etc. pressionar dinheiro, pedir para Educação, da como ministro meu gabinete, ao evir mão na com opires continuar eles preferiram mas interessados, mais ser os deveriam reitores, que dos parte de total oposição uma trou encon Isso federais. universidades nas sistema omesmo introduzir não queria continuar, foi basicamente o seguinte: a única atividade atividade aúnica oseguinte: foi basicamente continuar, queria não qual ena fazendo, estava eu que atividade da me fez desencantar Oque o governo acabar. de mesmo antes ministério do sair fazendo me acabou problema que um surgiu eaí vez mais, cada liticamente po governo Collor foi do agravando se asituação ano, um de Depois Fui procurado por um reitor de uma universidade do Nordeste e Nordeste do universidade uma reitor de por um procurado Fui eles falavam: casos, ehouve vários negava eu verbas, Quando ”. Fala ”. - - - - - 84 | COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 85 que o MEC tinha na área de Ensino Fundamental era o Fundo Nacio- nal de Desenvolvimento da Educação [FNDE], porque o resto de todo o dinheiro, mais de 70%, ia todo para as universidades. Mas o FNDE era um fundo grande, equivalente a uns R$ 500 milhões, naquela época, e era distribuído de uma maneira arbitrária pelo ministro. Desse ponto de vista, fui reitor de universidade, ministro de outra pasta, depois ocupei outras funções, e nunca passei por uma função onde houvesse um fundo grande que dependia basicamente da von- tade do ministro, que era o FNDE. Logo percebi que não havia critérios técnicos para a distribuição desse fundo, e esse é um fato pouco conhecido, que aproveito para citar neste testemunho. Eu introduzi critérios técnicos para a distri- buição de recursos do FNDE, o que deixou, provavelmente, metade dos prefeitos brasileiros insatisfeitos. Havia antes um formulário que eles preenchiam para pedir di- nheiro, e eu descobri que existiam escritórios de consultoria que preenchiam os formulários. Cada sala em que você entrava no MEC tinha pilhas daqueles documentos que não eram usados, e o dinhei- ro era distribuído discricionariamente. Eu introduzi critérios técnicos, e isso deixou muita gente insatis- feita, porque, para receber recursos, era preciso um mínimo de jus- tificativa. São os critérios mínimos para ajudar as escolas a funcio- nar no Ensino Primário, no Ensino Médio. Quando o prefeito pedia uma biblioteca, esse era um critério que tinha peso grande, porque permitiria aos alunos fazer consultas. Em outros casos, era simples- mente porque estava chovendo na sala de aula, e nessa época come- çaram a aparecer os computadores também, então atendimento de computadores era uma maneira de começar a ajudar. Não era o padrão usual no passado, antes de mim. Por isso o MEC era cobiçado pelos políticos. Veja, um grande número de mi- nistros que passaram pela pasta eram indicados políticos, porque era um lugar formidável para fazer favores. Não era corrupção no sentido usual da palavra, de a pessoa se locupletar, mas de apoiar prefeitos dos quais você gostasse mais ou gostasse menos. Era objeto, então, de pressões variadas, e o que me desgostou, efetivamente, foi o fato de ter me dado conta de que, realmente, o desejo de muitos era usar o FNDE para efeitos políticos. Isso foi mais na véspera daquelas votações de impeachment etc. Três meses para São Paulo. Paulo. São para voltei Assim, confortável. me sentia em que o lugar era não aquele que eachei foi aumentando apressão mas recusava, eu caso, do oprojeto”. olhar Dependendo “Vamos sempre era amesma: resposta eaminha etal, etc. em Alagoas escola outra Gerais, em Minas lá cola es uma para recursos liberar para comecei pressões areceber cia, presidên na exercido tinha que funções das em nenhuma políticas pressões recebido tinha nunca que eu, ogoverno acabar, de antes - -

86 | COLLOR | JOSÉ GOLDEMBERG 87 Golpe na inflação e o esboço de um Sistema Nacional de Educação

Governo Itamar Franco 1992-1995 População Brasil do Proporção 0a17 de crianças de anos na total população em Economia) – Fundação Getulio Vargas, Rio de Janeiro, 2007. Janeiro, de Rio Vargas, Getulio –Fundação Economia) em Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas de Rodrigues. Rogerio Paulo JUNIOR, MADURO 4. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 2, 1, Taxa analfabetismo de adulto período do Indicadores Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Educação pública Educação 5 : 151.922.545 4 : 3,90% 1 : 15% . Dissertação (Mestrado (Mestrado . Dissertação 2 : 22% 3 : 39% 39% : 88 | 89 APRESENTAÇÃO 1991

1992

Outubro Murílio Hingel é o novo ministro da Educação. 1993

Junho Governo lança o Plano Decenal Dezembro de Educação para Todos. A inflação anual bate 1994 o recorde histórico de 2.477%.

1º de julho Governo lança o , 3 de outubro que, formulado por uma equipe liderada Fernando Henrique Cardoso é eleito por Fernando Henrique Cardoso (PSDB), 1995 presidente em primeiro turno, derrotando finalmente derruba a inflação. Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

1996 livro. este para Em destaque , depoimento O governo Itamar

Com o impeachment de Fernando Collor de Mello, em outubro de 1992, assumiu a Presidência da República o então vice-presidente, Itamar Franco. Eles haviam se unido em 1989 para disputar a eleição numa chapa pelo nanico Partido da Reconstrução Nacional (PRN), mas nunca foram próximos e, desde o período da campanha, por várias vezes, houve ameaças de rompimento por parte de Itamar. Os atritos continuaram no exercício do mandato, distanciando cada vez mais os personagens. A ruptura completa, porém, só aconteceu em maio de 1992, quando Itamar anunciou sua desfiliação do PRN. O ato aconteceu poucos dias antes de Pedro Collor, irmão do presidente, ter denun- ciado o esquema de corrupção envolvendo o tesoureiro de campa- nha, Paulo César Farias. Entre maio e outubro daquele ano, Itamar, então uma figura pouco conhecida no cenário nacional, passou a ganhar cada vez mais atenção pela expectativa de poder, até, final- mente, assumir a cadeira presidencial. Se no plano político a situação foi resolvida com o impeachment, no econômico persistia o fantasma que derrubava a popularidade de todos os presidentes desde a década de 1980: a inflação. Foi já na , depoimento para este livro. este para Em destaque , depoimento gestão de Itamar Franco, em 1993, que o país registrou o recorde his- tórico de 2.477% ao ano. Como a inflação no período girava em torno de 30% ao mês, a cada 90 dias, em média, os preços dobravam. A hiperinflação arruinava principalmente o poder de compra dos brasileiros mais pobres, sem capacidade de investir dinheiro em contas bancárias que garantissem alguma reposição da inflação. Para amenizar seus efeitos, a população corria para os supermerca- dos na data do pagamento para estocar o máximo possível de ali- mentos, já que a remarcação de preços era diária. O nome escolhido por Itamar para o Ministério da Educação (MEC) foi Murílio Hingel, que havia sido secretário de Educação na época de seu primeiro mandato como prefeito de Juiz de Fora (MG), de 1967 a 1971. Hingel, assim como seus antecessores no cargo, conta que uma de suas principais preocupações era encontrar mecanis- mos para evitar que os recursos – já insuficientes para dar conta das demandas do setor – se perdessem ainda mais, retidos em ban-

cos oficiais, por causa da inflação. ITAMAR

90 | 91 Hingel foi o único ministro da Educação de Itamar, mas teve de conviver com seis ministros da Fazenda durante o curto mandato do presidente (1992-1995). Somente nos oito meses entre outubro de 1992 e maio de 1993, quatro nomes passaram pelo cargo: Gustavo Krause, Paulo Roberto Haddad, Eliseu Resende e Fernando Henri- que Cardoso. Este último assumiu a pasta em maio de 1993, e sua passagem pela Fazenda foi marcada pelo nascimento do Plano Real. Entre outras ações, o plano estabeleceu mecanismos de desinde- xação da economia (salários de muitas categorias, naquela época, eram automaticamente reajustados pelo valor da inflação) e atrelou o valor da nova moeda ao dólar. Uma das medidas que a equipe econômica do governo entendia como essenciais para o Plano Real era a desvinculação de recursos do orçamento da União. Hingel se opôs a ela porque afetava a Educação, já que uma parte das verbas que a Constituição garantia ao setor po- deria ser remanejada para outras áreas pelo governo federal. A me- dida acarretou a diminuição dos gastos públicos do governo, o que, para os economistas do plano, era essencial para combater a inflação. Depois de duas décadas de fracassos no combate à inflação, -fi nalmente um plano foi bem-sucedido. Nos seis meses anteriores a seu lançamento, de janeiro a junho de 1994, a inflação acumulada chegou a 857%. No segundo semestre, a taxa caiu para 18,5% e, a par- tir daí, nunca mais voltou aos patamares registrados nos períodos de hiperinflação. O sucesso do plano levou à eleição de Fernando Henrique Cardoso à Presidência em 1994. Apesar do sucesso na economia, no campo educacional, o con- tingenciamento de recursos e o curto período para formulação de políticas públicas limitavam a atuação de Hingel. O ministro da Educação de Itamar era desconhecido da maioria dos educadores e conta ter sofrido preconceito por ser de Juiz de Fora, cidade do presidente. O grande número de mineiros no governo, aliás, fez a imprensa na época usar pejorativamente e com frequência a expres- são “República do Pão de Queijo” para se referir aos auxiliares mais próximos do presidente. Hingel, porém, deixou um legado que foi reconhecido por seus sucessores: o início de estruturação de um sistema nacional de edu- cação, envolvendo municípios, estados e União. Ele afirma que sua trajetória até chegar ao MEC foi importante para priorizar essa ação. Além de ter sido professor e diretor de uma faculdade de Educação e secretário municipal em Juiz de Fora, ele trabalhou também por um período em Brasília, coordenando, entre 1974 e 1977, um programa do MEC voltado ao auxílio técnico e financeiro dos municípios, o que lhe permitiu conhecer a realidade de diferentes áreas do país. Na íntegra de seu depoimento para este livro, Hingel detalha co­ mo cada uma dessas experiências marcou sua trajetória, fazendo com que, uma vez no cargo de ministro da Educação, priorizasse a construção de um sistema capaz de estabelecer objetivos comuns a serem alcançados por municípios, estados e União. O ministro de Itamar teve papel relevante também no resgate de compromissos que o Brasil havia assumido em conferências internacionais de Edu- cação da Organização das Nações Unidas (ONU). ITAMAR

92 | 93 Murílio Hingel

01.10.1992 a 01.01.1995

Como se tornou ministro da Educação

Esta é uma longa história. Porque é uma história que se inicia pra- ticamente em 1950. Eu era aluno de curso científico, hoje Ensino Médio, de uma escola confessional de Juiz de Fora chamada Aca- demia de Comércio, muito tradicional. O diretor, quando eu estava passando da 2ª para a 3ª série, convidou-me para ministrar as aulas do curso preparatório aos exames de admissão. Quem concluía o Ensino Primário prestava o exame de admissão – um vestibularzi- nho – para poder prosseguir os estudos no que seria o ginásio, hoje séries finais do Ensino Fundamental. Isso foi importante porque me fez tomar a decisão de ser professor. Fui professor municipal, estadual – por concurso – e da universidade, justamente na Facul- dade de Filosofia e Letras, em que me formei e da qual me tornei diretor. De maneira que o professor assumiu uma responsabilidade administrativa, foi outra perspectiva, outro aprendizado, porque se tratava de dirigir uma faculdade privada, integrante da Universi- dade Federal de Juiz de Fora, mas simplesmente como agregada. Conseguimos federalizar e incorporar a Faculdade de Filosofia e Murílio Hingel (1933-), depoimento em 30.11.2016 em (1933-), depoimento Hingel Murílio 94 | ITAMAR | MURÍLIO HINGEL 95 Letras à universidade. Isso significou uma nova experiência. A essa experiência acumulou-se, simultaneamente, o fato de ter sido elei- to prefeito de Juiz de Fora [em 1966] o cidadão Itamar Franco, enge- nheiro Itamar Franco, que me convidou para ser seu secretário de Educação. Em 1991 e 1992, reencontrei Itamar Franco na condição de vice-presidente da República. O ano de 1992 era também um ano em que se devia trabalhar sobre o bicentenário da morte de Tira- dentes. Itamar Franco assumiu essa tarefa e se lembrou do profes- sor Murílio Hingel, lá de Juiz de Fora. Assim, voltei a Brasília [Hingel já havia trabalhado no Ministério da Educação (MEC)] e fui lotado na Vice-Presidência da República. Éramos muito poucos. O vice-presidente tinha alguns auxilia- res diretos para questões burocráticas, tinha um assessor militar para o Exército, outro para a Aeronáutica, outro para a Marinha, e tinha algumas pessoas que eram seus assessores técnicos, entre os quais estava eu lá. Itamar Franco, nessa época, estava afastado do presidente da República. Esse afastamento aconteceu já no início do mandato do presidente [Fernando] Collor [de Mello], porque Ita- mar Franco não concordou com algumas posições e algumas de- cisões assumidas pelo presidente da República. Lá estávamos nós, nessa condição, quando se iniciou, e foi num crescendo progres- sivo, um processo de impeachment do presidente da República. Quero dizer isso aqui, agora, com muita força, com muita seguran- ça, porque me parece sintomático o fato de que, durante todo esse tempo em que decorreu o processo, na Vice-Presidência da Repú- blica nunca se conversou sobre o assunto. Até que, em setembro de 1992, Itamar Franco nos reuniu – uma das poucas reuniões de to- dos os assessores – e disse-nos: “Agora, meus amigos, não há mais alternativa: o presidente vai ser impedido”. De fato, o processo de impedimento iniciou-se no início de outubro, e o vice-presidente da República assumiu a Presidência do país. Então, ele passou a despachar no Palácio do Planalto e organizou um governo, cons- tituiu um ministério, e um dos ministros indicados por ele fui eu, para ser seu ministro da Educação. Desafios a medidas de saneamento aqui ou acolá. ou acolá. aqui saneamento de a medidas em relação nada políticas, de àformulação em relação nada papéis, de eassinatura burocráticas funções para existia que máquina uma era máquina A funcionar. parecia nada Enfim, privadas. instituições nas estudo de bolsas as para contar ele poderia com quanto MEC ao dito havia nem aCEF recursos desses nada utilizado havia não tério [CEF]. Federal Ominis Econômica Caixa pela administrados eram [Fies], recursos cujos Estudantil Financiamento de pelo Fundo tuído hoje substi Educativo, Crédito de oPrograma programa, um Havia ao mês. de 20% era ainflação valer, porque devia oque valia já não ele MEC, ao salário-educação do chegava odinheiro Quando cursos. re esses usar de possibilidade outra havia não portanto empresas, das contribuição salário-educação, carimbado, dinheiro Era ria. ocor que [FNDE], no financeiro jogo escoavam Educação mento da Desenvolvi de Nacional pelo Fundo administrados contava, tério -edu salário- do Os recursos adotada. ser a atitude uma significasse que momentonada – naquele identifiquei percebia – peloeu menos não se Não conferência. naquela assumidos compromissos dos função em adotado teria o país medidas concreto sobre quais de nada MEC no existia não [Unicef]. No entanto, aInfância para Unidas Nações das [Pnud] epelo Fundo oDesenvolvimento para Unidas Nações das pelo Programa [Unesco], Mundial, pelo Banco e a Cultura a Ciência aEducação, para Unidas Nações das Organização pela promovida em 1990, em Jomtien, Tailândia, na Todos, realizada para cação [Undime]. Educação de Municipais Dirigentes dos nal Nacio aUnião [Consed], já existisse embora nem os municípios, cação Edu de Estaduais Secretários dos oConselho existisse época já àquela embora Educação, da com oMinistério deles arelação era qual sabiam não os estados mais; coisas e outras custeio de despesas telefone, água, energia, de contas suas como pagar mais sabiam não alarmante, tuação em si estavam federais universidades letivo; as oano iniciado de depois meses escolas às chegado havia só didático letivo; olivro ano do 22 dias esco às chegado havia só escolar a merenda fundamentais: tos aspec alguns apenas Cito desanimador. era encontramos que O quadro O Brasil tinha participado da Conferência Mundial sobre Edu Conferência Mundial da participado tinha O Brasil cação, que eram os recursos extraordinários com que ominis com que extraordinários os recursos eram que ­­cação, las para para ­las ------96 | ITAMAR | MURÍLIO HINGEL 97 Merenda escolar

A primeira providência sintomática foi a da merenda escolar. Havia uma Fundação de Assistência ao Estudante [FAE], que era respon- sável por todos os programas de apoio aos estudantes. O presiden- te da FAE, o professor paraibano Everaldo Lucena, me procurou e disse: “Professor, a merenda só chegou para 22 dias. O que vamos fazer?”. “Eu que pergunto a você, Everaldo, você tem que ter alguma alternativa. Você tem alguma sugestão?” Conversamos, discutimos sobre diversas hipóteses e chegamos à conclusão de que o modelo é que estava errado, não era tanto problema de falta de recursos, era o modelo. Qual era o modelo? Fazia-se uma licitação nacional de formulados [alimentos processados, como mingau e leite em pó], só de formulados, que eram enviados às escolas de todo o país, um país de 8 milhões e 500 mil quilômetros quadrados, 5.500 municí- pios. Isso é loucura, esse modelo não serve! Até porque os alimentos formulados não vão servir para a criança da escola indígena, vão ser recusados lá em Goiás, onde há tanto leite abundante. Carne de charque, do Rio Grande do Sul, também não é comum em outras partes do território nacional. Então é o modelo que está errado, e, se o modelo está errado, vamos mudar o modelo. Como mudar o modelo? Distribuindo os recursos. O dinheiro está aqui, vamos distribuir os recursos para os estados, depois para os municípios das capitais, depois para os municípios com mais de 200 mil habi- tantes, depois para todos os municípios e depois chegamos aonde chegamos: os recursos hoje vão para as escolas. Então o modelo foi alterado e essa mudança funcionou, continua vigorando até hoje. Ele permite à escola selecionar o mais conveniente para suas crian- ças. Essa era a situação, isso foi reformado e isso funcionou. Fun- cionou e funciona até hoje.

Livro didático

O que estava errado no livro didático? Por que o livro didático che- gava depois de iniciado o ano letivo? De novo, chegamos à conclu- são de que [o problema] era o modelo. O MEC fazia uma licitação Salário-educação antes do início do ano letivo de 1994. de letivo ano do início do antes escolas às chegasse didático o livro que eassegurou camarada mais até precinho Aempresa fez entregar. um para –pagamos recurso um entrou porque etambém ideia, da gostou honrada, sentiu se Ela didático. olivro entregar aempresa para Contratamos porta. uma de [em] seja nem que casinha uma brasileiros, os municípios todos presente em estar que tem ela natureza, reios eTelégrafos. Por sua Cor de foi Brasileira àEmpresa problema? recorrer esse A solução como resolver Então, finalidade. em outra aser usado comum papel em os transformou simplesmente os entregou, não entregá-los de aempresa encarregada porque higiênico papel de aprodução para papel de em aparas transformados didáticos livros de e milhares milhares Paulo, em São em armazéns Descobrimos, livro. do ção distribui da tratava se porque fomos além, didático, livro do caso No solução. uma em descobrir interessado está não que por alguém ou pelo burocrata vezes éignorado às Oóbvio oóbvio? parece Não letivo. ano do início do antes à escola chegar letivo, ele vai ano ao anterior no ano écomprado didático olivro momento em que do a partir 1994. Porque, 1993 e para vezes, para duas didático livro em 1993, simples: foi o muito compramos Ainovação inovar. que Temos Como fazer? municípios. 5mil de emais quadrados metros quilô e500 mil 8milhões de país em um funciona nó. não Isso o aí Está escolas. às entregá-los iam que empresas empresa ou as a licitar de tinha edepois aserem adquiridos didáticos livros dos um decreto dizendo simplesmente o seguinte: o salário-educação, osalário-educação, oseguinte: simplesmente dizendo decreto um eele baixou República da com Fomos opresidente conversar simples. mais era Isso fazer? que O galopante. inflação com uma valorizados, des portanto, e, atrasados os recursos recebiam também os estados arrecadação, da sobre adata com atraso odinheiro recebia nistério Como omi oministério. era orepasse fazia e quem é a União, cada arre quem mas estado, édo salário-educação do parte uma Porque e os municípios? estados os financiar para dinheiro havia não que Por importante. muito algo descobrimos No salário-educação, ------

98 | ITAMAR | MURÍLIO HINGEL 99 quando arrecadado pelo Banco do Brasil, só pode ficar com o Ban- co do Brasil um dia e tem que ser entregue ao MEC no dia seguinte; quando arrecadado pelo INSS [Instituto Nacional do Seguro Social], o INSS terá de entregar ao MEC na primeira quinzena de cada mês. Então, de repente, o MEC passou a ter recurso, embora inflaciona- do, mas pelo menos no dia em que devia chegar ao MEC. Fizemos o mesmo com o crédito educativo, porque o MEC depositava na CEF os recursos destinados ao crédito educativo. Como eles não eram utili- zados, no final não valiam mais nada. Então convidamos o presiden- te da CEF: “Teremos que refazer esse estudo aí. Vocês têm que pagar juros sobre o dinheiro com o qual ficam, e enquanto ficam com ele, até que ele seja usado para pagar as escolas, as universidades onde os alunos bolsistas, os alunos beneficiados vão se matricular”. De repente, apareceu dinheiro também para o crédito educativo.

Piso salarial do magistério

No encaminhamento das discussões do Plano Decenal de Educação – sobre o qual falarei posteriormente –, concluímos com a realização de uma Conferência Nacional de Educação em que um assun­to dis- cutido foi esse [o piso salarial do magistério]. Depois do assunto discutido, o MEC assumiu o compromisso de levar à Presidência da República o pleito que os professores formulavam, que era o pleito do piso salarial. O presidente aceitou e, em uma bela solenidade no Palácio do Planalto, o ministro da Educação e os representantes do Consed, da Undime, da Associação Nacional dos Dirigentes das Ins- tituições Federais de Ensino Superior no Brasil [Andifes], do Sindi- cato Único dos Trabalhadores em Educação [Sindiute] e do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras [Crub] assinaram um do- cumento, um compromisso formal para melhoria da qualidade do professor e de seu salário. Esse documento previa, inclusive, datas a serem cumpridas. Não me lembro exatamente de todas as datas, mas mais ou menos se previa que em fins de 1995 tivesse sido es- tabelecido o piso salarial. Naquela época – fins de 1994 –, portanto início do Plano Real, o real começou valendo mais do que o dólar. O piso seria de US$ 350 para o professor que tivesse a formação de, no O Plano Decenal de Educação paraO Plano Todos Decenal Educação de graças a Itamar Franco. aItamar graças o de Itamar Franco Itamar o de suceder ia governo que em um interferir de no direito sentíamos nos não Mas governo federal. do compromisso sobre um trabalhar era fazer podíamos que Omáximo República. novo da presidente um eleito estava já quando de 1994, em fins foipromisso assinado ocom vez que uma lei, projeto de um formular nem para tempo de condições tínhamos Nós não anos. doze de em torno coisa guma al anos, doze dez, aí passaram-se mas ano, em um implementação acumula duas cadeiras. cadeiras. duas acumula por quem serem executadas de professor, do difíceis muito exigidas são que tarefas outras executar enfim, os pais, atender reuniões, de participar para horas eoutras aulas para 20 ou 22 horas sendo la, esco única em uma trabalho de 30 horas tivesse que mas 30 aulas, oprofessor que era desse não Aideia matrículas. duas têm, todos ter, como quase podia ele não Com 30 horas escola. em determinada exclusivo oprofessor que ficasse de era aideia Porque 30 horas? de Por que 30 horas. de horária carga uma previa-se normal, cundário, se nível de inicial oprofessor com formação existindo continuasse prever se que de além Veja interessante, que trabalho. de semanais 30 horas de horária carga uma para Primário, oantigo Grau, meiro Pri de Ensino do Fundamental, Ensino do iniciais nos anos lecionar para oprofessor formava se dizer, que Quer normal. curso mínimo, nésia etc. Contudo, esses países, àquela época, 1990, concentravam 1990, concentravam época, àquela países, esses Contudo, etc. nésia aIndo também, oBrasil mas vantagem, com muita já entram Índia e a a China Só Terra. da população da metade representam tantes, habi seus somados nove esses Porque Por países, quê? Paquistão. e Nigéria Indonésia, Índia, México, Egito, China, Brasil, Bangladesh, atenção: concentrar para nove países selecionaram Então, o planeta. em todo todos para Educação de ideia uma coordenar trabalhar, cil fá era não que eoUnicef, perceberam Mundial oBanco oPnud, bém tam aUnesco, mas especialmente internacionais, organizações As Quantos anos levamos para chegar ao piso? A previsão era de de era piso? Aprevisão ao chegar para levamos anos Quantos , embora tivesse sido eleito graças ao Plano Real e Real Plano ao eleito graças sido tivesse , embora ------

100 | ITAMAR | MURÍLIO HINGEL 101 95% de todos os analfabetos, quer dizer, dos maiores de 14 anos que não sabiam ler nem escrever. Quando recebi o convite para partici- par de um encontro desse grupo, percebi que estava sendo convoca- do para alguma coisa da qual nem tinha ouvido falar, embora fosse ministro da Educação. Parece que entrou no limbo e desapareceu. A China já estava realizando um encontro de avaliação. Voltei muito irritado. Então, a primeira coisa que fiz foi assinar uma portaria designando uma comissão de técnicos do ministério e representantes dos estados, dos municípios e de outras instituições ligadas à Educação para que, em 60 dias, elaborassem a minuta de um Plano Decenal de Educação para Todos. A comissão se saiu bem e, 60 dias depois, entregou um projeto. Entregue o projeto, vamos ampliar a discussão. Promovemos, no Auditório Dois Candangos, da Universidade de Brasília, um encontro nacional, já agora com um universo de participantes muito maior, para que tomassem co- nhecimento daquela minuta e discutissem e sugerissem alterações e mudanças. Esse encontro se realizou e terminou brilhantemente, com todos os presentes assinando o compromisso de levar para seus estados e municípios, para suas universidades, aquele plano e con- tinuar a estudá-lo, enfim, aprofundá-lo, porque é sempre possível melhorar um plano, um programa, um projeto. A partir desse momento, deflagrou-se um processo cumulati- vo. Se agora os estados e municípios tinham conhecimento da exis- tência de um plano, tratava-se do passo seguinte: que cada estado elaborasse seu próprio plano estadual; e que cada município elabo- rasse seu plano municipal; e por que não cada escola? Conseguimos algo que eu acho tão importante na minha gestão que me emociono. Conseguimos que as empresas que participavam das licitações para aquisição dos livros didáticos se cotizassem para imprimir uma edi- ção popular do Plano Decenal de Educação para Todos, que foi en- viado para todas as escolas que tivessem no mínimo cem alunos. Então, todas as escolas do Brasil – estaduais, municipais e federais – que trabalhavam com Ensino Fundamental receberam uma cópia e até uma orientação de como discutir aquele plano em seu nível. Vinte e quatro estados fizeram seus planos, e conseguimos receber em Brasília também 800 planos municipais. Até um plano de um município de , cujo nome agora não me recordo, que tinha sido escrito em folha de papel almaço, com caneta Bic. Aí você se Continuidade do Plano Decenal de Educação para Plano do Continuidade Todos Decenal Educação de Educação para Todos? para Educação de Decenal Plano um chegou adiscutir escolas, ou três duas tivesse talvez que cidadezinha uma Tocantins, de no interior lá pergunta: de uma finalidade: a Educação. Educação. a finalidade: uma de em benefício conversa todos, entre da diálogo, do foi Ele fruto dade. responsabili uma têm eque tinham que aqueles todos envolvidos, todos universidades, as escolas, as os municípios, os estados, MEC, –o sobre Educação falando todos eram porque Educação, de cional na sistema um Todos, nós para construímos Educação de Decenal com o Plano junto pelo MEC, adotada àpolítica graças ável, porque, éimperdo esquecimento eesse foi esquecido, oplano 1996.de Mas [LDB], é Nacional que Educação da e Bases Diretrizes de Lei na visto pre está porque ficou, coisa alguma caso, em todo 2010de também; depois Educação, de Nacional 2000, Plano de um elaborou-se depois Pelo menos futuras. consequências gerado tivesse embora doável, imper plano, do depois oesquecimento para resposta tenho não Eu - - - - - 102 | ITAMAR | MURÍLIO HINGEL 103 Oito anos sem trocas no MEC

Governos Fernando Henrique Cardoso 1995-1998 | 1999-2002 População Brasil do Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Taxa analfabetismo de adulto 1999-2002 de Indicadores Taxa analfabetismo de adulto 1995-1998 de Indicadores 9. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC). Teixeira Anísio Educacionais ePesquisas Estudos de Nacional 9. Instituto 2007. Janeiro, de Rio Vargas, Getulio –Fundação Economia) em Brasil no Educação em egastos matrícula Taxas de Rodrigues. Rogerio Paulo JUNIOR, MADURO 4. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional 7, 6, Pesquisa 5, 10. 3, 8, 2, 1, Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola População Brasil do Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Educação pública Educação Educação pública Educação 10 5 : 158.232.252: 9 4 : 175.076.603 : : 4,7% : 4,24% 1 6 : 14% : : 12% . Dissertação (Mestrado (Mestrado . Dissertação 7 2 : 12% : 17% 3 8 : 37% 37% : : 34% : 104 | 105 APRESENTAÇÃO 1994

1995 Janeiro Fernando Henrique Cardoso (PSDB) inicia governo com alta popularidade devido à queda da inflação. Paulo Renato Souza assume o MEC e fica até o final do segundo mandato de FHC. 1996

Setembro Governo aprova emenda constitucional Dezembro que cria o Fundef. É aprovada a LDB. 1997 Maio Junho Governo privatiza a companhia Vale do Rio Doce. Governo consegue aprovar emenda que per­mite reeleição do presidente, Julho de governadores e de prefeitos. Crise nos países asiáticos; 1998 bolsas caem em todo o mundo, principalmente em outubro. Julho Telebras é vendida à iniciativa privada. Outubro FHC é reeleito presidente em primeiro Janeiro 1999 turno, derrotando mais uma vez Governo muda política cambial Luiz Inácio Lula da Silva (PT). e real sofre desvalorização súbita em relação ao dólar.

2000

Novembro Republicano George W. Bush supera o democrata Al Gore e torna-se presidente Janeiro 2001 dos Estados Unidos. Congresso aprova o PNE, mas com vetos Julho do presidente a metas relacionadas ao Ameaça de apagão energético impõe aumento de investimentos na Educação. racionamento a empresas e residências Setembro até fevereiro de 2002. Atentados terroristas ao Pentágono, Dezembro em Washington, e ao World Trade Center, 2002 Brasil fica em último lugar no Pisa, em Nova York. exame da OCDE aplicado em 32 países.

Outubro José Serra (PSDB) perde eleição para presidente para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segundo turno. 2003 livro. este para Em destaque , depoimento Os governos Fernando Henrique

Ainda no embalo dos bons resultados do Plano Real e de uma elei- ção no primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso assumiu seu mandato em 1995 com boa popularidade. Em março do mesmo ano, o Datafolha indicava que 39% dos brasileiros consideravam seu governo bom ou ótimo, enquanto apenas 16% diziam ser ruim ou péssimo. Além do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), partido do presidente, outras duas legendas faziam parte de sua coligação: o Partido da Frente Liberal (PFL) e o Partido Trabalhis- ta Brasileiro (PTB). Já em seu primeiro mandato, outras duas siglas relevantes em termos de número de congressistas se juntaram ao governo: o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e o Partido Progressista Brasileiro (PPB). A garantia de uma base aliada majoritária no Congresso faci- litou a aprovação, em 1996, de uma importante medida para o fi- nanciamento da Educação Básica: o Fundo de Manutenção e Desen- volvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Em seu depoimento a este livro, porém, Maria Helena Gui- marães de Castro, uma das principais auxiliares do ministro Pau- lo Renato Souza, revela que, mesmo com esse cenário favorável, a aprovação do fundo não foi simples.O problema estava na pressão de governos estaduais, alguns inclusive de políticos da base aliada, que perceberam que perderiam recursos com a nova forma de re- partição das verbas para a Educação Básica. Como o critério princi- pal de redistribuição passou a ser o número de alunos matriculados, muitas redes estaduais perderam verbas que migraram para siste- mas municipais com maior número de alunos. A política, no entanto, contribuiu para a redução, entre 1995 e 2002, de 22% para 13% no percentual de crianças de 4 a 17 anos fora da escola. Na faixa etária de 7 a 14 anos, que era na época a única de matrícula obrigatória e público-alvo principal do Fundef, o per- centual de crianças fora da escola caiu de 10% para 3% no mesmo período. A inclusão de um grande número de alunos mais pobres no sistema escolar foi apontada pela gestão de Paulo Renato Souza como um dos motivos pelos quais as avaliações de larga escala da aprendizagem não registraram avanços significativos em termos de FHC

, depoimento para este livro. este para Em destaque , depoimento qualidade do ensino.

106 | 107 Além do Fundef e das avaliações em larga escala, outra medida relevante para a Educação, aprovada em 1996, foi a nova Lei de Dire- trizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que tramitava desde 1991 no Congresso Nacional. Essas avaliações de larga escala da aprendizagem foram, aliás, outra característica da gestão de Paulo Renato Souza na Educação. Sua equipe diagnosticou logo no início do mandato que uma das maiores fragilidades no planejamento de políticas educacionais era a falta de dados consistentes e confiáveis sobre a situação do setor. Uma das medidas adotadas para atacar esse problema foi a imple- mentação, em 1995, do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), em um formato que permitisse a comparação dos resultados de aprendizagem de alunos em testes de português e matemática ao longo dos anos. Ao mesmo tempo que passou a ter um instrumento nacional de avaliação da qualidade do ensino, o Brasil decidiu tam- bém participar da primeira edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), avaliação feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) comparando o desempenho de jovens de 15 anos em testes de ciências, linguagem e matemática. Em uma lista de 32 nações – a maioria desenvolvidas – o Brasil ficou no último lugar do ranking de 2000. Na edição de 2016, o Pisa já abrangia 70 nações, e o Brasil ficou na 63ª posição em ciências, na 59ª em linguagem e na 65ª em matemática. O texto aprovado teve forte influência de Darcy Ribeiro, sena- dor pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) do Rio de Janei- ro, que faleceria meses depois da promulgação da lei, e da própria equipe do Ministério da Educação (MEC), como relata Maria Helena em seu depoimento. A base aliada ampla também fez com que o governo Fernando Henrique, ainda ostentando altos índices de popularidade, tivesse força para avançar no primeiro mandato com uma agenda que en- frentava forte resistência da esquerda brasileira: a privatização de grandes estatais, caso das empresas Vale do Rio Doce (em 1997) e Telebras (1998). A abertura maior da economia para o setor privado pôde ser percebida também na Educação, ainda que não no formato de ven- da direta de patrimônio estatal. No modelo idealizado pelo minis- tro Paulo Renato Souza e sua equipe, haveria maior liberdade para ampliação de matrículas no Ensino Superior em instituições par- ticulares, mas estas passariam a ser avaliadas e, no caso das que obtivessem lucro, teriam de admitir essa finalidade e deixar de ser filantrópicas. Em 1994, o total de matrículas no Ensino Superior era de 1,7 milhão, número não muito diferente do verificado em 1980: 1,4 milhão. Em 14 anos, portanto, o total de universitários no país havia crescido apenas em cerca de 300 mil, uma variação de 20%. Nos oito anos de governo Fernando Henrique, esse número che- gou a 3,5 milhões, ou seja, as matrículas mais que dobraram entre 1994 e 2002, e o principal motor dessa expansão foi o setor privado, que cresceu 151% no período, ante uma taxa de 57% verificada nas instituições públicas. Críticos dessa política no Ensino Superior afirmam que o mo- delo se baseou em uma expansão sem qualidade, privilegiando o setor privado em detrimento do público. Paulo Renato e sua equipe sempre argumentaram que o modelo de avaliação permitia justa- mente fazer esse controle, em casos extremos até descredenciando instituições, e que era urgente a ampliação do número de vagas no Ensino Superior. No campo político, outro indicativo da força do governo Fernan- do Henrique em seu primeiro mandato foi a aprovação, em junho de 1997, de uma emenda constitucional que permitiu a reeleição do presidente, de governadores e de prefeitos já nas eleições seguintes. Com a mudança na Constituição, Fernando Henrique Cardoso pôde ser eleito presidente da República novamente em 1998, também no primeiro turno das eleições. No segundo mandato, porém, o cenário econômico já não era tão favorável. O país havia sofrido consequências, ainda em 1997, de uma crise econômica iniciada nos países asiáticos. As taxas de inflação continuavam abaixo de 10% ao ano, mas a economia dava sinais de recessão, tendo registrado 0% de crescimento em 1998 e uma taxa de desemprego de 9%, bem superior aos 6,5% do primei- ro ano de governo, 1995. Apesar da crise econômica, em 1998, pela primeira vez em sua história, o país registrou um percentual de in- vestimento do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação Superior pública de 4%, de acordo com um estudo do economista Paulo Ma- duro Junior, da Fundação Getulio Vargas, sobre taxas de matrícula

e gastos em Educação no Brasil. FHC

108 | 109 Mas o cenário econômico continuou ruim em 1999, e logo em ja- neiro daquele ano Fernando Henrique Cardoso decidiu mexer em um dos pilares de sustentação do Plano Real: o câmbio controlado, que permitia que 1 real valesse praticamente o mesmo que 1 dólar. Outro instrumento para conter a inflação foi a elevação das taxas de juros, o que dificultava o crescimento econômico, com reflexos também no desemprego, que registrou em 1999 um percentual de 9,6%. O governo Fernando Henrique ainda mantinha uma base aliada majoritária, mas já não apresentava a mesma força política devido ao cenário econômico. Foi nesse contexto que aconteceu a trami- tação do Plano Nacional de Educação (PNE), mecanismo previsto na LDB com o objetivo de estabelecer metas e estratégias a serem perseguidas pelo poder público para o setor. Já sem a mesma força do primeiro mandato e em um cenário econômico pior, o governo Fernando Henrique viu o Congresso aprovar um plano que previa a ampliação de 5% para 7% o percentu- al do PIB investido no setor. Porém, alegando que a medida se con- frontaria com a Lei de Responsabilidade Fiscal, o presidente decidiu aprovar o plano com veto a essa meta. O ano de 2001 teria ainda dois fatos com impactos marcantes para a economia. No cenário nacional, o país viveu a ameaça de apa- gão, e o governo teve de estabelecer um plano de racionamento de energia a empresas e consumidores domésticos. No plano interna- cional, o ataque terrorista às torres gêmeas do World Trade Center e ao Pentágono, nos Estados Unidos, também causou impacto negati- vo na economia mundial. Mesmo nesse contexto de crise econômica e restrição de gas- tos públicos, o MEC lançou em 2001 o Bolsa Escola, um programa de transferência de renda para famílias condicionado à matrícula de crianças na escola. Ele seria mais tarde ampliado e incorporado ao Bolsa Família, já no governo Luiz Inácio Lula da Silva. Durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, vá- rios ministérios foram ocupados por políticos e trocaram de coman- do por crises políticas ou econômicas. Paulo Renato Souza, porém, foi um dos três ministros que completaram oito anos ininterruptos no cargo. Os outros dois foram (Fazenda) e Francisco Weffort (Cultura). O período de Paulo Renato na Educação faz dele o segundo ministro que mais tempo permaneceu na pasta na história do MEC, atrás apenas de Gustavo Capanema, que foi o primeiro mi- nistro da Educação do país e ocupou o cargo por 11 anos, entre 1934 e 1945, durante o governo Getúlio Vargas. Paulo Renato havia sido reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e secretário de Educação de São Paulo (1984- 1986) no governo Franco Montoro (1983-1987). Formado em econo- mia, era cotado para alguma pasta da área econômica, mas acabou assumindo a Educação. Foi se fortalecendo politicamente dentro do governo e chegou a abrir uma disputa com José Serra, então minis- tro da Saúde, para ver quem seria o candidato do PSDB à sucessão de Fernando Henrique. Ao final, Serra venceu a disputa entre os tu- canos, mas perdeu a eleição de 2002, no segundo turno, para Lula. O ex-ministro Paulo Renato Souza morreu em 2011, após um in- farto. Para não deixar descoberto um importante período na políti- ca educacional do país, este livro traz o depoimento de Maria Helena Guimarães de Castro, que foi uma das principais assessoras do mi- nistro na época, tendo ocupado a presidência do Instituto Nacio- nal de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Secretaria Executiva do MEC. Ela voltou a ocupar esse último cargo em 2016 na gestão do ministro José Mendonça Bezerra Filho (DEM-PE), já no governo (PMDB). FHC

110 | 111 Paulo Renato Souza

01.01.1995 a 31.12.2002

Depoimento concedido por Maria Helena Guimarães de Castro, que foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e secretária-executiva do Ministério da Educação (MEC) durante a gestão de Paulo Renato Souza.

Diagnóstico e preparação da equipe

Nós tínhamos um grupo que trabalhava no programa de governo do Fernando Henrique, que começou a se reunir em maio/junho de 1994. Na época, eu era presidente nacional da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação [Undime]; a Iara Prado era che- fe de gabinete da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo; a Gilda [Gouvêa] era professora da Universidade Estadual de Campinas [Unicamp] e tinha sido chefe de gabinete do Paulo Rena- to na reitoria da Unicamp; o Pedro Paulo Poppovic trabalhava tam- bém com o Fernando Henrique e com o Paulo Renato havia bastante tempo; o Abílio Baeta Neves veio pelas mãos da professora Eunice Durham, que era uma grande amiga nossa e tinha trabalhado dois anos com o [José] Goldemberg na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [Capes] e na Secretaria de Ensino Supe- rior. Além disso, nós tínhamos um grupo de pessoas que eram muito próximas da Ruth Cardoso – que era o meu caso, principalmente. Eu era muito amiga da Ruth e do Vilmar Faria. Ele coordenava, digamos assim, a equipe e o programa do Fernando Henrique como um todo, Depoimento de Maria Helena Guimarães de Castro (1946-), em 14.12.2016 em (1946-), Castro de Guimarães Helena Maria de Depoimento 112 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 113 junto com o Paulo Renato. Nós tínhamos uma enorme preocupação em tentar formular propostas para a Educação sempre olhando o que acontecia com a Saúde, com a Assistência Social, com políticas de combate à pobreza e tudo mais.

Desafios

O primeiro grande desafio era como fazer para formular e imple- mentar as políticas educacionais quando não dispúnhamos de in- formações atualizadas, adequadas para ter um bom diagnóstico sobre a Educação no país. Os grandes desafios imediatos eram: pri- meiro, o compromisso da Conferência Nacional de Educação. Em novembro de 1994, o presidente Itamar Franco [1992-1995] assinou um termo de compromisso de valorização dos profissionais da Edu- cação. Eu, como presidente da Undime, assinei junto, além do pre- sidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação [Consed, Marcos José de Castro Guerra], do ministro [da Educação] Murílio Hingel, entre outros. O grande desafio era como tratar da implementação daqueles dez compromissos que estavam na Conferência Mundial de Educação, que tinham sido reforçados na 1ª Conferência Nacional de Educação e que basicamente se resumiam na universalização do acesso ao Ensi- no Fundamental de oito anos – porque nós não tínhamos, estávamos muito longe disso. Outro era como garantir a inclusão das crianças de baixa renda nas escolas de Ensino Fundamental. Outros compromis- sos eram a formação de professores e a alfabetização de jovens e adul- tos – porque havia um grande número de jovens e adultos analfabetos e um grande número de pessoas que entravam nos cursos de jovens e adultos e não concluíam. Outra grande preocupação era em relação à ampliação do acesso ao Ensino Médio, que era muito pequeno. Na ver- dade, só iam para o Ensino Médio os alunos que concluíam o Ensino Fundamental e tinham intenção de prosseguir no Ensino Superior. O Ensino Médio estava completamente fora do radar naquele momento. Já existia uma preocupação com a ampliação do acesso à Pré- -Escola, à Educação Infantil. Havia também uma preocupação mui- to grande com a descentralização de algumas ações do Ministério as estatísticas educacionais. O Censo Escolar era um absurdo, era era absurdo, um era Escolar OCenso educacionais. estatísticas as Escolar, oCenso eorganizar educacional avaliação de sistema um montar primeiro, missões: duas Teixeira] e tinha Anísio cacionais Edu ePesquisas Estudos de Nacional [Instituto oInep incorporou que 1995. secretaria de Foi uma em janeiro ainda Educacional, ção eAvalia Inovação de Secretaria uma resolveu criar Renato o Paulo Rapidamente país. do educacional no sistema desigualdade enorme a vista em tendo financiamento de acapacidade como melhorar Barjas foi oBarjas. estado, cada de no interior tributária minirreforma uma é que financiamento, de lógica éuma que inventou oFundef, quem Mas expandindo. Fundef, do engenharia amesma mantém Silva] da Lula Inácio em 2007, Luiz de gestão na criado [Fundeb, ção Educa da Profissionais dos Valorização ede Básica Educação da to eDesenvolvimen Manutenção de OFundo engenharia. aquela toda de [Fundef], Magistério do Valorização ede Fundamental Ensino do e Desenvolvimento Manutenção de Fundo inventor do ele o grande Renato Paulo do depois importante fosse omais talvez MEC, do importantes mais pessoas das uma era equipe, nossa da também Negri OBarjas professores magistério. dos edo valorização de ta Barelli com oWalter trabalho de grupo um iniciamos isso, fazer Para zado. universali estava não oacesso assim eainda oito anos, de damental Fun oEnsino só era época na obrigatório era Oque obrigatório. sino en de nível único o era que Fundamental, Ensino do financiamento de rever era o modelo LDB, da além coisa, A outra daqui. pessoas outras ealgumas Durham aEunice com ele –eu, muito balhamos Tra àLDB. intensamente dedicou se mas quimioterapia, fazendo doente, muito já estava Ele assunto. do tratar para nos procuraram que primeiros dos foi um Ribeiro ODarcy Nacional. no Congresso [LDB], tramitava que Nacional Educação da eBases Diretrizes de Brasileira de Assistência [LBA]. Assistência de Brasileira com a Legião fazia o MEC os convênios que foi cancelar susto, foi um e mês, já no fizemos primeiro que coisa Outra existir. de deixou da, [FAE] foi desmonta Estudante ao Assistência de mente aFundação [MEC], imediata Tanto escolar. éque como amerenda Educação da com [foco na] valorização dos professores; dos o com [foco na] valorização oBarelli era Então, aLei para primeiro caminhando foram prioridades Nossas com [foco no] financiamento do Ensino Fundamental e [em] Fundamental Ensino do com [foco no] financiamento para pensar uma propos uma pensar para Hingel, Murílio do foi, que assessor . Foi ------, 114 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 115 um computador gigantesco, tudo velho, atrasado, não tinha internet na época, era tudo complicado. Daí começamos a migrar o Censo Escolar para o Inep, para essa nova Secretaria de Inovação e Avalia- ção Educacional. O Inep estava instalado na Universidade de Brasília [UnB], em um prédio caindo aos pedaços – em janeiro e fevereiro chove em Brasília, então não se conseguia entrar, porque alagava tudo e nenhum computador funcionava, era uma loucura. Além disso tudo, logo no início, o Paulo Renato veio com a inven- ção que nos enlouqueceu: criar o Provão e avaliar o Ensino Superior. Foi uma guerra, porque foi uma ideia dele, uma batalha que ele ven- ceu sozinho no Congresso. Eu era contra, a Ruth Cardoso era contra, o Vilmar Faria era contra, o Fernando Henrique era contra. Na Capes, ainda foi feita uma revisão da avaliação da pós-gra- duação. Foi a última revisão que teve de avaliação do Programa de Pós-Graduação brasileiro. Foi uma grande avaliação. Trouxemos os maiores especialistas do mundo para fazer essa avaliação. No Ensino Médio, o grande desafio era implantar o currículo, as diretrizes curriculares do Ensino Médio. Na formação de pro- fessores, nosso maior desafio era desenvolver as Diretrizes Curri- culares de Formação de Professores. A Guiomar Namo de Mello foi responsável pela relatoria e coordenação do grupo de trabalho que desenvolveu as Diretrizes Curriculares Nacionais de Formação de Professores, que, infelizmente, não implantaram depois. Elas fica- ram prontas em 2000, mas no governo subsequente, o do Lula, uma das primeiras alterações foi essa. As diretrizes eram maravilhosas, até hoje são muito atuais. Acho que todo mundo que está na Educa- ção Básica ainda defende as ideias que estavam naquelas diretrizes.

Parâmetros Curriculares Nacionais

A Bia Cardoso [Beatriz Cardoso, doutora em Educação pela Univer- sidade de São Paulo (USP), filha de Fernando Henrique e Ruth Car- doso] tinha uma presença muito forte, junto com a Iara Prado, na questão dos Parâmetros. Toda ideia da Iara e da Bia em relação aos Parâmetros tinha como referência aquele artigo da Constituição bra- sileira que define que cabe ao governo federal estabelecer o currículo Nacional Comum, como prevista na LDB, com diretrizes gerais. O gerais. com diretrizes LDB, na como prevista Comum, Nacional Base uma defendíamos Durham e a Eunice a Guiomar eu, época, produtivo. extremamente período Foi um os Parâmetros. a montar eajudaram Prado àIara ligados muito educadores eram que Cruz, Vera edo Vila da Escola da ogrupo teve No Brasil alfabetização. da arainha era que ], epedagogas Teberosky [psicólogas Ana Coll Cesar do ativa com aparticipação cionais Na Curriculares dosParâmetros desenvolvimento o influenciou que cobrir riedade como tem hoje [na Base Nacional Curricular Comum (BNCC)]. Comum Curricular Nacional hoje como tem [na Base riedade obrigato conceito de esse havia Não obrigá-los. poderia não e oMEC municípios, edos estados dos dependia Parâmetros aos aadesão que Entendíamos federação. em uma vivíamos porque ser obrigatórios podiam não os Parâmetros que de equipe nossa na forte muito ceito con um havia porque Nacional Curricular em Base transformaram se não Nacionais Curriculares 1998. de Parâmetros Os Curriculares Diretrizes nas previsto já estava Médio], oque era oEnsino reformulou que provisória sobre amedida os debates durante Helena aconteceu Maria de [a Médio entrevista Ensino hoje do reforma na discutindo está a gente é o que Na verdade boa. muito proposta com uma çamos [ tesouro e seu Unesco sobre a Educação Delors Jacques francês] político foie o [economista influência Outra Educação. referência da é uma Morin Edgar francês] [antropólogo, efilósofo sociólogo Perrenoud Philippe do antropólogo] e [sociólogo também influência Houve muita lona. Coll Cesar espanhol, educador aquele por influenciadas muito organizar ase começaram Elas tida. jovens]. par edos oponto de era Esse crianças das aprendizagem de odireito garantir edesenvolver para assegurar precisavam os países todos que mínimos econteúdos os conhecimentos estabelecia que [Unesco], e a Cultura a Ciência a Educação, para Unidas Nações das Organização pela eorganizada Tailândia na Todos, realizada para sobre Educação àConferência Mundial [nometien dado genérico como tomava Jomreferência a Conferência de também aBia disso, Além Constituição. na eomínimo, vem LDB, na Obásico mínimo. Também houve discussão interna na equipe sobre isso. Naquela sobre Naquela isso. equipe na interna Também houve discussão avan que acho Médio, Ensino do Curriculares Diretrizes Com as ] em 1997. Então, era um grupo de educadores muito europeu europeu muito educadores de ] em 1997. grupo um era Então, , um educador suíço bastante conhecido, e pelo epelo conhecido, bastante suíço educador , um , professor da Universidade de Barce de Universidade , professor da , que escreveu aquele grande livro da da livro grande aquele escreveu , que Educação: um tesouro ades tesouro um Educação: e da eda Ferreiro Emilia , da , que também também , que ------116 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 117 pessoal da Secretaria de Educação Básica e o próprio Paulo Rena- to defendiam os Parâmetros Curriculares, e não uma Base Nacional Comum. Então, perdemos essa discussão interna.

Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais

No caso do Ensino Médio, acho que houve uma falha na implemen- tação das Diretrizes Curriculares Nacionais. Elas foram aprovadas em 1998 e, em 2000, houve um grande trabalho com as secretarias estaduais de preparação para a implantação. Esse trabalho come- çou a ser feito com os professores de formação, mas, em 2002, com a mudança de governo e a eleição de novos governadores, mudança dos secretários estaduais, houve uma certa paralisia do processo. Foi um trabalho que começou – porque demora para implantar uma nova base curricular, diretrizes curriculares –, de fato, em 2001 e 2002, com trabalho de formação continuada. O mesmo aconteceu com os Parâmetros Curriculares Nacionais [PCNs] em Ação – eles tiveram melhor resultado no Ensino Fundamental do que no Médio. Por quê? Porque os PCNs em Ação acabaram chegando mais na pon- ta por meio das Undimes do Brasil, por meio das redes municipais e de um trabalho de formação diretamente aos professores. Você tinha o Projeto Nordeste, que depois virou aquele grande projeto do Banco Mundial de gestão escolar. Era focado no Nordeste, mas tinha alguns componentes nacionais, e os dois principais eram avaliação da qualidade e apoio da melhoria de gestão, preparação dos coorde- nadores de escola, de rede etc.

O Ensino Médio

Em 1996, levamos um susto com o Ensino Médio, porque todos os dados diziam que o Ensino Médio era pequeno, que não tinha cres- cido, que praticamente tinha um aluno se formando para cada vaga no Ensino Superior. Na década de 1980 e no começo da década de 1990 era assim. A Eunice Durham tem dois estudos demonstrando O Ensino SuperiorO Ensino liação qualitativa e quantitativa. Com base nisso, iniciamos oEnem. iniciamos nisso, Com base equantitativa. qualitativa liação ava dessa participaram que alunos desses específica euma nacional uma amostras: duas Fizemos Médio. Ensino do [Saeb] 3º ano do Básica Educação da Avaliação de oSistema alunos nesses Aplicamos Médio. Ensino do arespeito alunos dos apercepção pouco um era aluno, do desempenho de avaliação uma era Não fechadas. perguntas algumas e os estudantes para qualitativas perguntas Fazíamos Educação. de estaduais secretarias com as em parceria Médio, Ensino do titativa quan e qualitativa avaliação uma nele, fizemos Com base trabalho. do Ensino Médio. Médio. Ensino do saída de exame aum relacionado propor algo para segurança mais tivéssemos que para qualitativa, mais análise uma Médio, Ensino do oferta de condições –das censo do dados primeiros dos – apartir análise fez uma ano um durante que comissão uma criei eu Então, avestibular. horror tinha Renato OPaulo Médio. Ensino do Nacional oEnem], oExame inspirou EUA que dos SAT [avaliação tipo exame um fazermos de Renato Paulo do acobrança tinha Paralelamente, [José Francisco Soares [José Francisco Soares no Inep, o Chico consultor educacionais], em indicadores ta [matemático épossível”. Klein enão ORuben estatístico, especialis Médio, oEnsino para política uma ter preciso “É falava: AEunice isso. des federais, que reagiam muito fortemente às políticas propostas propostas políticas às fortemente muito reagiam que federais, des universida às foi em relação luta Superior, grande nossa No Ensino Estadão do página primeira de matéria Foi impressionante. crescimento revelou um que Médio Ensino do em novembrocenso um 1996, de fizemos assim, Ainda gente. de go pin um era Médio Ensino à 8ª chegava ao série”. cheguem Quem não 15 anos de os alunos com que faz que absurda idade/série distorção uma etemos égigante, escolar oatraso porque no Fundamental, está no Médio, está “O problema não oseguinte: mostravam todos aCesgranrio, MEC], aUnB, do Executiva [na Secretaria consultores Fernandes Reynaldo No final de 1996, encaminhamos a ele o relatório desse grupo de de grupo desse a ele o relatório de 1996, encaminhamos No final [especialista em economia da Educação], meus meus Educação], da em economia [especialista , especialista em avaliação educacional] e o educacional] em avaliação , especialista [jornal [jornal O Estado de S. Paulo S. de O Estado ]. ]. - - - - - 118 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 119 por Paulo Renato, porque ele, primeiro, não se conformava com a carga horária pequena, e introduziu, acho, a primeira política me- ritocrática do governo federal. O Paulo Renato queria aumentar o número de alunos nas universidades federais, melhorar a relação professor-aluno, e para isso quis criar um incentivo: o professor que desse pelo menos dois cursos por semestre teria um plus, do ponto de vista salarial. Então, ele criou uma matriz de desempenho dos professores das universidades federais. Isso gerou inúmeras greves. Essa política de mérito e a eficiência foram aprofundadas pelo Fer- nando Haddad [ministro da Educação], no governo Lula [ele ocupou a pasta por cinco anos e meio, de 2005 a 2010], sem grandes trau- mas, mas depois foi abandonada quando ele saiu. Hoje temos uma relação professor-aluno no Ensino Superior público federal idêntica à que nós tínhamos em 2002, de 12 alunos por professor. A média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico [OCDE] é 18. Com as particulares, o Paulo Renato criou algo muito importan- te. Ele chamou as universidades privadas e falou: “Não vou aceitar universidade que se diz sem fins lucrativos, mas que tem lucro. Va- mos ter uma regra para quem não tem fins lucrativos e uma regra para quem tem fins lucrativos. Quem tem fins lucrativos vai ter que assumir e seguir as regras do mercado”.

O Fundef

Na medida em que discutíamos o Plano Nacional de Educação, os compromissos da Conferência Nacional de Educação, do ministro Murílio Hingel, identificávamos uma questão que era a equidade, e, junto com ela, a valorização dos professores. Chamamos o José Ro- berto Afonso, naquela época a única pessoa que entendia de finan- ças públicas, o Barjas Negri, que nos apoiou, e o Waldemar Giomi, que era o secretário do Tesouro Nacional. O Giomi e o José Roberto prepararam todas as bases de dados possíveis sobre receita – ar- recadação dos estados e municípios, a vinculação de recursos da Constituição. Foi um trabalho impressionante para demonstrar que a Educação no Brasil é a coisa mais desigual que existe. berto Afonso berto que tivesse pouco aluno perderia. perderia. aluno pouco tivesse que o estado rede, em cada matriculados alunos de número do mente, fundamental dependia, pelo Fundef redistribuída seria que postos im de a cesta arrecadados, os recursos em que medida na porque, amunicipalização, incentivou que alógica sou-se adesenvolver toda pas Então alunos”. de com o número acordo de os recursos tribuir dis vamos federação, da unidade em cada tributária minirreforma uma fazer vamos isso, fazer “Vamos falou: Renato Paulo deração. fe da unidade mexer em cada você vai que em algo Vamos pensar equilibrar. para financeira equação assim, digamos desenvolver a, Infantil. Educação de só –, estado ésó Médio Ensino –em geral, Fundamental Ensino de cola es tinham não municípios Os ePré-Escola. Infantil Educação diam aten só 4[milhões] –eos municípios menos de –hoje atende alunos de em 1994-1995, 7milhões quase atendia, paulista estadual a rede contrário, ao Paulo, São de No estado por aluno/ano. no Brasil isso US$ 2.500. Nem hoje temos maravilha, essa edava aluno de pingo eum escola de pingo em um aplicado era Educação, na ser aplicado que tinha que àEducação vinculado opercentual olhava se Quando chegava lá. ninguém porque Médio, Ensino de alunos pouquíssimos Havia afrequentavam. que alunos poucos aos destinada era cadação aarre etoda aluno de pingo um tinha oestado municipal, era rede a toda Maranhão, No acontecia. que o fomos verificar Então baixo. tão por aluno gasto um eter União da rico mais ser oestado Paulo São de ofato aatenção e chamava Maranhão, do estadual rede da era por aluno/ano aUS$ 780. gasto Omaior equivalia Paulo São de estado do por aluno/ano em 1994, eogasto porUS$ 2.500 aluno/ano a equivalia municipais, redes as sem considerar Maranhão, do tadual es rede da por aluno governo, ogasto 1995 de –que ano primeiro do julho/agosto já em isso – verificamos Daí federação. da unidade cada def”. Paulo Renato Paulo def”. o Fun aprovamos não municipal, a eleição passar deixar se porque, Renato eoPaulo eoBarjas Nacional, Congresso do dentro meçou abalançar Com esse levantamento da Secretaria do Tesouro José do Ro edo Secretaria da levantamento Com esse Foi uma guerra política que você não tem ideia! Essa guerra co guerra Essa ideia! tem você não que política guerra Foi uma foram eoJosé Roberto oBarjas éque dados desses A partir falavam: “Não deixar passar a eleição municipal, municipal, aeleição passar deixar podemos “Não falavam: per capita per gasto ao chegar , conseguimos falou: “Então vamos aproveitar, todo mundo vai vai mundo aproveitar, todo vamos “Então falou: por aluno de de por aluno ------120 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 121 estar em campanha eleitoral, vamos acertar com o Fernando Hen- rique, vamos votar essa emenda constitucional na hora em que a gente tiver maioria para votar uma emenda, mas que a oposição e aqueles que não estão gostando muito estejam fazendo campanha eleitoral”. Votamos o Fundef no mês de setembro, poucos dias antes das eleições municipais de 1996.

Relação com os estados

Um ponto importante do Fundef, principalmente quando começou a ser implantado, em 1998, os governadores, os estados sentiram que estavam perdendo recursos para os municípios que tinham redes maiores. Isso acontecia sobretudo no Nordeste, porque lá o Ensino Fundamental já era municipalizado – no Sul e Sudeste era menos. En- tão os governadores reclamavam muito – e houve uma pressão gran- de sobre o Paulo Renato. Nós organizamos um projeto que se chamou Promed, que era um programa de Ensino Médio para incentivar e dar apoio e suporte às redes estaduais de Ensino Médio com recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento [BID] e, em seguida, o Programa de Educação Profissional [Proep]. Foram dois programas que surgiram, em grande parte, devido à pressão dos governadores, mais responsáveis pelo Ensino Médio do que pelo Ensino Fundamen- tal e pela Educação Infantil, e que estavam perdendo recursos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

Era uma nova LDB, que já trazia a ideia de avaliação, de acompanha- mento, que já tratava de indicadores e, ao mesmo tempo, abria para a Educação a Distância. Ela já abria a possibilidade de flexibilização de 20% do Ensino Médio. Está lá, na LDB de 1996, porque as diretrizes curriculares já previam a flexibilização, e a gente já estava discutindo as diretrizes curriculares. O que foi mais difícil na LDB foi, primeiro, a concepção de Educação Infantil, porque havia um grupo que defen- dia com muita convicção que creche era só escola, e nós entendíamos O legado O pela criação do sistema de avaliação, que ficou. ficou. que avaliação, de sistema do criação pela pelo Fundef, LDB, pela primeiro avanços, enormes de período um foi Acho que aUSP eaUnicamp. Superior, inclusive Ensino ao acesso dar para os resultados usando Superior Ensino de instituições 512 Henrique nando governo Fer do ano e no último alunos começou com 140que mil em 1998, Enem, do aimplantação e depois Superior Ensino do sica, Bá Educação da avaliação de novo sistema um lugar, segundo Em avançada. muito legislação éuma ela preservado, lei está da o cerne até hoje por que isso voltou para trás em 2004 [já no governo Lula]. [já em 2004 trás voltou isso para hoje por que até entendi Não retomar. querendo hoje estamos eque avançado muito algo professores de eram aformação [CNE], propõe para aLDB eoque Educação de Nacional pelo Conselho professores, aprovadas de ção forma de nacionais diretrizes As Trabalhadores]. dos [Partido pelo PT ardorosamente defendida ideia uma era aliás, que, Educação, de riores Supe nos Institutos avançar conseguimos não fessores. Infelizmente, Educação. da monitoramento para avaliação conceito de Freitas de] Carlos o[Luiz Unicamp, da Educação de Faculdade professor da pelo época já na liderado forte, muito Um grupo Educação. da zação precari uma era aDistância aEducação que –eles achavam previa já Agente aDistância. [UFMG] aEducação contra era –que Gerais Minas de Federal [UFRJ], Universidade Janeiro da de Rio do Federal USP, da Universidade –inclusive da grupo um de resistência muita Recebemos também creche. da aescolarização defendia que tíssimo for grupo um de resistência muita teve Isso sociais. políticas tras com ou integrado interdisciplinar, mais trabalho um tem você não éprofessor, épedagogo, trabalha que mundo todo onde colarizada, es totalmente creche uma de àideia contrária sou absolutamente Eu importantes. igualmente são que atendimento de formas outras há ser feito mas em creche, pode 0a3anos de oatendimento que A LDB sofreu algumas emendas nos últimos anos, mas acho que que acho mas anos, nos últimos emendas algumas sofreu A LDB Eu acho que a LDB avançou muito em relação à formação de pro de àformação em relação muito avançou aLDB que acho Eu , que criticava o fato de que a lei já mencionasse, legitimasse o o legitimasse alei já mencionasse, que de ofato criticava , que teve 2,6 milhões de alunos prestando o exame e oexame prestando alunos de 2,6 teve milhões ------122 | FHC | PAULO RENATO SOUZA 123 Ampliação de investimentos e um Plano de Desenvolvimento da Educação

Governos Luiz Inácio Lula da Silva 2003-2006 | 2007-2010 População Brasil do Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Taxa analfabetismo de adulto 2007-2010 de Indicadores Taxa analfabetismo de adulto 2003-2006 de Indicadores 6, 7, 8, 10. Censo Demográfico (IBGE). Demográfico 7,6, Censo 10. 8, (Inep/MEC). Teixeira Anísio Educacionais ePesquisas Estudos de Nacional 9. Instituto 4, (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 2, 1, Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola População Brasil do Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Educação pública Educação Educação pública Educação 10 5 : 187.851.823: 9 4 : 190.755.799 : : 5,6% : 4,9% 1 6 : 10% : 9% 7 2 : 8% : : 10% : 8 3 : 30% 30% : : 32% : 124 | 125 APRESENTAÇÃO 2002

Janeiro 2003 Janeiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) Reforma ministerial abre espaço inicia mandato com altas expectativas para o PMDB e outros partidos de transformação social, mas adota ingressarem no governo. no primeiro ano uma política econômica Cristovam Buarque (PT) é nomeado austera, acalmando o mercado financeiro. ministro da Educação. Janeiro 2004 Tarso Genro (PT) substitui Cristovam Buarque no MEC.

2005

Junho (PTB) denuncia esquema de compra de apoio parlamentar Julho pelo PT (escândalo do “mensalão”); Fernando Haddad (PT) vai para o MEC. demissão do ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT). 2006 Março Abril (PT), outro homem forte Congresso aprova emenda constitucional do governo, deixa o Ministério da Fazenda que cria o Fundeb. após escândalo de vazamento do sigilo bancário de um caseiro que fez acusações Outubro contra ele. Lula é eleito para um segundo mandato 2007 Janeiro em um cenário de crescimento econômico Lula lança o Programa de e recuperação da popularidade após Aceleração do Crescimento (PAC), a crise do mensalão. comandado pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Outubro Brasil é anunciado como sede da Copa do Mundo de Futebol de 2014. 2008

Abril Setembro Mudanças no Enem. Quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos; a crise se espalha pelo mundo, afetando o crescimento 2009 econômico brasileiro no ano seguinte.

Outubro Rio de Janeiro é escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. 2010

Outubro Rápida recuperação da economia e taxas recordes de popularidade ajudam Lula a eleger Dilma Rousseff em segundo turno. 2011 livro. este para Em destaque , depoimento Os governos Lula

Com a chegada ao poder de um ex-operário, líder do principal par- tido de esquerda do país, o Partido dos Trabalhadores (PT), o Brasil iniciava 2003 em um contexto de altas expectativas de avanços na área social. No entanto, especialmente no início de seu primeiro mandato, Luiz Inácio Lula da Silva teve de conciliar demandas de movimentos sociais com promessas de campanha de que respeita- ria contratos e obrigações do governo, fazendo na economia uma transição “lúcida e criteriosa”, termos que constavam da “Carta ao Povo Brasileiro”, de junho de 2002. A escolha de um empresário (José Alencar, do Partido Liberal) como vice de sua chapa também cumpria a função de sinalizar aos empresários que não haveria mudanças radicais na política econômica, fato que foi confirmado com a atuação de Antônio Palocci como ministro da Fazenda. Na área social, o programa ao qual o governo deu mais ênfa- se em seu primeiro ano foi o Fome Zero, criado, como o próprio nome sugere, com o objetivo primordial de acabar com a fome no Brasil. Críticas em relação à execução da iniciativa e ao diagnósti- co equivocado do problema, porém, levaram o governo a rapida- mente priorizar outra ação, o Bolsa Família, como a principal polí- tica de combate à miséria no país. O programa unificou e ampliou diversos mecanismos de transferência condicionada de renda já existentes, a ponto de beneficiar um em cada quatro brasileiros. A transição do Fome Zero para o Bolsa Família e a própria cria- ção deste último nos moldes em que existe até hoje, contudo, não foram consensuais dentro do governo, como demonstra o depoi- mento de Cristovam Buarque, primeiro ministro da Educação de Lula, para este livro. Na Educação, o governo também havia assumido uma meta bastante ousada: a erradicação, em quatro anos, do analfabetis- mo adulto no Brasil. Apesar de o combate ao problema ter sido anunciado como prioridade de praticamente todos os ministros da Educação desde a redemocratização do país, as estatísticas ofi- ciais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indi- cavam que ainda havia, em 2003, 15 milhões de jovens e adultos (12% do total da população) que não sabiam ler nem escrever um LULA

, depoimento para este livro. este para Em destaque , depoimento simples bilhete.

126 | 127 A estratégia de Cristovam para erradicar o analfabetismo era envolver a sociedade civil, priorizando parcerias com organizações do terceiro setor, que receberiam recursos do governo por meio do programa Brasil Alfabetizado de acordo com o número de pessoas que haviam aprendido a ler e escrever. Entretanto, esse modelo ba- seado em parcerias enfrentava resistências dentro do governo, e os depoimentos de Cristovam e de seu sucessor na pasta, Tarso Genro, deixam clara a mudança de rumos. Desavenças no programa de alfabetização não foram o único motivo da saída de Cristovam do cargo, em janeiro de 2003. O mi- nistro, que havia criado o Bolsa Escola quando fora governador do Distrito Federal, entre 1995 e 1998, criticou o fato de o programa ter saído do Ministério da Educação (MEC) para fazer parte do Bolsa Fa- mília, comandado pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Na gestão de Tarso, os convênios com organizações não gover- namentais (ONGs) deram lugar a parcerias com secretarias munici- pais e estaduais de Educação. Embora o tema tenha aparecido como prioritário para o governo no primeiro mandato de Lula, o avanço nos indicadores oficiais de analfabetismo foi tímido: entre 2002 e 2006, a taxa caiu de 12% para 10% apenas. No confronto das entrevistas de Cristovam e Tarso neste livro, fica evidente também a diferença de concepção entre os dois a respeito do papel do MEC em relação ao Ensino Superior. Se Cristovam defendia, como até hoje defende, a existência de um ministério para o Ensino Superior separado da Educação Básica, Tarso e seu sucessor, Fernan- do Haddad, sustentavam uma “visão sistêmica” da Educação, em que o Ensino Superior não deveria ser dissociado da Educação Básica na formulação de grandes políticas do setor. Cristovam se afastou de Lula e do PT após a demissão. Primeiro, migrou para o Partido Demo- crático Trabalhista (PDT) e, depois, para o Partido Popular Socialista (PPS), tendo inclusive votado a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, em 2016. Outro fator que levou à troca de comando na pasta foi a decisão de ampliar a base parlamentar de apoio a Lula no Congresso, abrindo espaço para o Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e outros partidos ocuparem cargos no ministério. A construção de uma aliança ampla fortaleceu politicamente o governo Lula no mes- mo momento em que a economia dava sinais de recuperação. Se no primeiro ano do mandato o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) fora de apenas 1,1%, no ano seguinte, 2004, o país registrou au- mento de 5,7%. Com a economia crescendo e uma ampla base aliada, o gover- no dava sinais de vitalidade que se traduziam nas taxas de aprova- ção ao presidente. Esse cenário, porém, não evitou uma grave crise gerada após entrevista, em junho de 2005, do então presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, à Folha de S.Paulo. Na ocasião, ele denunciou um esquema de compra de apoio de congressistas mediante pagamentos feitos pelo PT aos partidos, no escândalo que ficou conhecido como “mensalão”. A turbulência política ocasionada pela entrevista de Jefferson motivou a segunda troca na pasta da Educação no governo Lula. Tarso Genro saiu do ministério para ocupar a presidência do PT, e em seu lugar assumiu Fernando Haddad, então secretário-executivo do MEC. No auge da crise do mensalão, a popularidade de Lula (medi- da pelo percentual dos brasileiros que consideravam seu governo bom ou ótimo) caiu de 45% para 28% no segundo semestre de 2005, segundo o Datafolha. O crescimento econômico, a redução do de- semprego e a diminuição nos índices de pobreza e desigualdade, no entanto, logo fizeram o presidente reconquistar a popularidade. Ao final de seu primeiro mandato, a taxa de eleitores que consideravam o governo bom ou ótimo chegou a 52%, o que explica a conquista de seu segundo mandato nas eleições de 2006. Foi nesse contexto de crescimento econômico (facilitado tam- bém pelo cenário externo favorável, graças ao aumento dos preços de commodities) e de fortalecimento da base aliada que ocorreu a deci- são de ampliar os investimentos em Educação. Uma das ações nesse sentido foi a aprovação, em abril de 2006, da emenda constitucional para a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Edu- cação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), mecanismo de financiamento da Educação Básica que substituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), implantado em 1996, no pri- meiro governo Fernando Henrique Cardoso (1995-1998) e restrito ao Ensino Fundamental. Além de aumentar os aportes da União a es- tados e municípios, o Fundeb passou a abranger também o Ensino

Médio e a Educação Infantil. LULA

128 | 129 Esses movimentos levaram o investimento público em Educa- ção, que era de 4,5% do PIB em 2005, a aumentar para 5,6% em 2010 (fim do segundo mandato de Lula). A taxa continuaria a subir no pri- meiro mandato de Dilma Rousseff, chegando a 6,0% em 2014. Além da decisão de ampliar o volume de investimentos no setor, o Brasil, nos anos 2000, começou a colher os frutos do bônus de- mográfico causado pela diminuição nas taxas de fecundidade. Pela primeira vez na história do país, a população de 0 a 17 anos, em vez de crescer, registrou queda. Em 2000, eram 61 milhões de brasileiros nessa faixa etária (36% do total de habitantes), número que caiu para 56 milhões (30%) em 2010. Essa tendência facilitou o aumento do in- vestimento médio por aluno na Educação Básica, que triplicou entre 2000 e 2014, passando de R$ 1.946 anuais para R$ 5.935, em valores deflacionados para 2014. Apesar da pressão de alguns setores do PT que reivindicavam o MEC para um de seus quadros, o presidente Lula, na transição do primeiro para o segundo mandato, decidiu manter Fernando Had- dad no cargo. Em seu depoimento, Haddad diz acreditar que o fator que mais pesou em seu favor foi o fato de o presidente ter gostado do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), programa que foi instituído oficialmente em abril de 2007 e que ganhou na época o apelido de PAC da Educação, uma referência ao fato de ter sido lan- çado logo depois do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com o governo fortalecido, a economia crescendo e os investi- mentos em Educação ampliados, Haddad manteve-se na pasta por cinco anos e meio e tornou-se o terceiro ministro mais longevo na história do MEC, atrás apenas de Gustavo Capanema (onze anos, 1934-1945) e Paulo Renato Souza (oito anos, 1995-2002). Com o res- paldo político de Lula, o ministro iniciou no segundo mandato uma briga com o Sistema S para ampliar o número de vagas gratuitas oferecidas em cursos técnicos e sobreviveu à crise gerada pelo va- zamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em 2009. Haddad ainda continuou no cargo no primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Saiu do MEC para ser eleito prefeito de São Paulo, em 2012. Na economia, o único sobressalto vivenciado pelo país no segun- do mandato de Lula aconteceu após a crise econômica internacional de 2008 e 2009, que teve como marco a quebra do banco Lehman Brothers nos Estados Unidos, causada pela explosão da bolha imobi- liária que movimentava a economia norte-americana. Depois de dez anos de crescimento ininterrupto do PIB, o Brasil registrou queda de 0,3% em 2009. No entanto, o país rapidamente se recuperou e, em 2010, cresceu 7,5%, taxa que não era registrada desde 1986 (no auge do Plano Cruzado). Nesse cenário econômico extremamente favorável, Lula termi- nou seu segundo mandato com uma taxa recorde de aprovação – em novembro de 2010, seu governo foi avaliado como ótimo ou bom por 83% dos brasileiros – e elegeu como sucessora Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil. LULA

130 | 131 Cristovam Buarque

01.01.2003 a 27.01.2004

Como se tornou ministro da Educação

A minha chegada estava antecipada por anos, e, ao mesmo tempo, fui o último ministro indicado pelo Lula. Em 1990, logo depois que ele perdeu para o [Fernando] Collor [de Mello], o Lula criou o cha- mado gabinete sombra, ou, como se diz lá fora, o governo parale- lo. Eu fui escolhido como ministro paralelo da Educação, ou seja, já tinha uma lógica que, se um dia o Lula fosse presidente, eu seria o ministro. Tanto que publicamos, assinado por ele e por mim, um documento chamado “Educação Urgente”. Está publicado, em um texto ainda de 1990, qual era a proposta do Lula para a Educação caso, um dia, fosse eleito. Ao mesmo tempo, fui o último ministro que ele indicou, na última reunião de São Paulo, antes da posse dele, indicando os ministros que faltavam ainda. Nesse meio-tempo, aconteceu algo interessante. Logo depois da eleição, o Lula organizou uma viagem a Garanhuns [PE] e me incluiu, recém-eleito. Quando chegamos a Garanhuns, havia um carro de som enorme, onde ele fez um comício, agradecendo à cidade onde nasceu. Eu não quis ficar no carro de som; desci, fui lá para o meio Cristovam Buarque (1944-), depoimento em 09.01.2017 em depoimento (1944-), Buarque Cristovam 132 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 133 do povo. Eu estava ali, não nego, emocionado de ver o Lula, presi- dente da República, em Garanhuns, que é minha terra também – , não a cidade, sou de –, e lá no meio teve uma hora que o Lula disse: “E ali embaixo está o senador Cristovam, que foi eleito agora e que pensa que vai ficar no Senado. Eu não vou dei- xar; ele vai estar comigo no ministério”. Não disse de quê. Então, as coisas conspiravam nesse sentido. Agora, houve um problema. Eu creio que as corporações não estavam muito satisfeitas com o meu nome. Além disso, creio que mesmo o PT [Partido dos Trabalhadores] não me via como um dos petistas orgânicos. Isso é um ponto. O outro é que eu tinha dito ao Lula, em dezembro, antes da nomeação, que ele deveria dividir o mi- nistério [da Educação] em dois. Eu sempre defendi que deveria haver um ministério só para a Educação de base e um para o Ensino Supe- rior ou juntar Ensino Superior com Ciência e Tecnologia por causa de termos muitos ministérios. Ele chegou a aceitar essa ideia, sem falar no meu nome, mas ele dizia que fazia sentido. Entretanto, as pressões foram muito grandes, sobretudo das universidades federais, que te- miam perder dinheiro com essa divisão. Eu continuo insistindo que o Ministério da Educação cuidando do Ensino Superior, das escolas técnicas e da Educação de base termina cuidando basicamente do Ensino Superior. Essa minha proposta eu levei para o Lula e ele che- gou a se sensibilizar. Mas o Lula é sobretudo um político e viu que isso era um problema que ele ia criar. Na verdade, dois: [primeiro,] o pro- blema com os que estavam querendo montar o governo, que não iam gostar disso; e [segundo,] também o que senti que ele foi percebendo cada vez mais ao longo dos 12 meses em que estive ministro – muita ênfase na Educação de base ia trazer para o colo dele um problema que era dos governadores e dos prefeitos. Ele não queria esse proble- ma, tanto que, ao longo desses oito anos, não foi um bom governo para a Educação de base, mas fez muito para o Ensino Superior.

Analfabetismo

Para mim, alfabetizar não é nem uma questão educacional, é pri- meiro uma questão de direitos humanos. A democracia acabou com latim para o alemão e fez uma campanha de alfabetização. alfabetização. de campanha efez uma oalemão para latim Lutero foi [Martinho] mundo do tizador alfabe o grande que esqueçamos não Mas ler, em latim. e em geral saber opadre bastava com aalfabetização; compromisso esse tinha não Católica aIgreja ou séculos, décadas muitas Durante islâmicos. eos como os judeus areligião, praticar de éamaneira Bíblia da ra aleitu porque com aalfabetização, compromisso um têm clássicas bem. pegaram igrejas muitas igrejas, Empresários, lugar. naquele oanalfabetismo erradicar para prédios, de com condomínios até convênio com instituições, fazer de sistema esse criamos Aí inteira. sociedade na era escola, ser na só podia não E tudo. computador, usar Freire, Paulo de ométodo construtivismo, o válido: era método qualquer método, tinha não agente Então, alfabetizado”. esse para livros outros dá agente depois porque tize, ra houvesse um pequeno problema aí com a Igreja Católica, porque porque Católica, com aIgreja problema aí pequeno houvesse um ra Mein Kampf com Mein alfabetizar quiser alguém se “Olhe, disse: Eu com a Bíblia. alfabetizando gente tinha porque reclamar vieram éarriscado: mas novo de aqui, vou dizer e vez radicalizei, eu uma Até écorreto. método qualquer método; com nenhum compromisso temos não primeiro, caminho: guinte o se e escolhemos investi Eu educacional. a revolução como fazer dinheiro, tanto – [isso] custa não dinheiro pouco Também custava e da história. história. e da humanos direitos dos vista ponto de do sensível lado eum também, história da política, da pragmático lado um Tinha no Brasil. tismo analfabe o erradicado teria que ministro como o história na ficar conseguiria ministério, anos no oito ficasse eu se Mas, ministros. quatro exige isso porque Educação, na fezcomo arevolução quem história na ficar vai ministro nenhum pragmática: coisa uma disso, Além aalfabetização. como meta tinha eu então gente, da cabeça na fica Isso com alfabetização. preocupados os militares próprios viu poder, que ao chegar Castro Fidel de depois oanalfabetismo dicar erra Cuba viu que o analfabetismo, em erradicar – falando Goulart Freire Paulo – Goulart João viu que geração uma sou de eu Segundo, [com ruas. ela] acabou nas não cadeias, nas a tortura Fizemos também muitos convênios com igrejas católicas, embo católicas, convênios com igrejas muitos também Fizemos evangélicas igrejas as aspecto: aum justiça aqui fazer É preciso Aí eu abracei para valer a ideia da erradicação do analfabetismo. analfabetismo. do erradicação da aideia valer para abracei eu Aí Minha luta , oMinha , que traduziu a Bíblia do do aBíblia traduziu , que , de Hitler , de com João com João , alfabe , ------134 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 135 eles já tinham um grande movimento, mas recebiam dinheiro para formar alfabetizadores. Nossa ideia não era essa, nosso programa pagava por alfabetizado. “Traga o número de alfabetizados e a gente paga o valor”, não lembro quanto era naquele momento. “E como é que se sabe o número de alfabetizados?” A gente pedia que cada alfabetizado escrevesse uma carta. “Ah, mas tinha gente que falsifi- cava.” É possível que tivesse, botava um alfabetizado para escrever. Mas aí a chance não era tão grande. Outros dizem: “Mas vocês não iam conseguir ler milhões de cartas”. Fazíamos uma amostragem: recebíamos todas, jogávamos para o alto, escolhíamos algumas e líamos. Então começamos esse programa de alfabetizar. Estava indo bem. Tinha problemas gerenciais aqui e ali? Tinha. Era possível que o número de alfabetizados não fosse exatamente o mesmo que as entidades alfabetizadoras estavam trazendo? Podia ser, mas estava indo. Se não me engano, chegamos a ter 3 milhões, dos então 14, 15 ou 20 milhões [de analfabetos adultos; em 2002, a taxa oficial era de 12%, ou 15 milhões de brasileiros com mais de 15 anos] – eu inflava para poder partir de um número bem alto. Mas o governo nunca adotou isso.

Problemas no programa de alfabetização

O que desandou, em primeiro lugar, foi o conceito ideológico. O mi- nistro que me substituiu [Tarso Genro, 2004-2005] passou a aceitar a visão dos alfabetizadores de que o fundamental era o método a ser usado. Em segundo lugar, existe uma visão, inclusive das esquer- das, dos pedagogos, de que não se deve nem falar em erradicação do analfabetismo, até porque dizem que isso não existe, sempre vai ha- ver analfabetos. Sim, vai haver 1%, como tem na Suécia, mas já consi- dero isso erradicar. Na Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura], de 2% para baixo já é erradicação. Mas não é a preocupação deles, inclusive falam sempre na Educação continuada, e eu defendo a Educação continuada, para sempre. Depois o ministério foi dominado pelos que sabem de Educação, os pedagogos, os especialistas. O MEC [Ministério da Educação] pas- sou a ser – por isso eu defendo a separação entre os ministérios do Articulação com municípios com eestados Articulação rar: Ministério da Educação de Base e Ministério do Ensino Superior. Ensino do eMinistério Base de Educação da Ministério rar: sepa precisa Agente Educação. da teorias as usando carreira sua na crescer e não Educação, pela omundo Você transformar éque tem jovem. eu menino, Recife, desde mim, dele em influência da vista de ponto do aqui Freire Paulo sendo estou Aliás, paulofreiriana. visão é uma eisso arealidade, mudar em como vai Você pensar que tem século. Pelé por um como tem só por século, Freire Paulo um tem Freire em ser Paulo sonham brasileiros Todos os pedagogos mestrado. fazendo livros, escrevendo escola, da longe éficar quer em pedagogia diploma têm que dos professores. parte Boa que do Educação da filósofos mais forma auniversidade pedagogos, aos de, professor do àuniversida aformação subordinar ao porque, dade, àuniversi subordinada tão mais estar deve não que fessores, acho pro de aformação mesmo Superior. Até Ensino ao em relação base minou a Educação de base, e essa é uma das causas do nosso atraso. atraso. nosso do causas das éuma eessa base, de aEducação minou do universidade isso. A acham não eles Mas eficiência. com bastante é já dias, de 15 curso um dá Se você ou menos eficiência. com mais alfabetizar, de ler écapaz sabe quem que defendo Eu alfabetizador. ser um para universitário curso de anos quatro Você de nisso. precisa acreditam eles não 15 dias; mês, em um alfabetizador –um Recife em Freire com oPaulo –como aprendi eu treinar você pode plo, que por exem acreditam, não Eles em alfabetizar. que do alfabetizadores em formar interesse mais ater passou Oministério realizam. se rios os universitá onde –olugar base de Educação eda Superior Ensino o prefeito, não tinha um programa federal. Eram, se não me engano, me engano, não se Eram, federal. programa um o prefeito, tinha não para dinheiro transferindo ser aí, que Tinha seria. ver quanto depois convencer os prefeitos, cidades, as identificar estudar, para meses alguns no governo; necessários foram coisas as fazer é complicado Oproblema comecei. Eu éque ali. efederalizar 29 cidades escolher foi ocomeço. maneira Uma desde federal, tudo ecolocar estadual e municipal o sistema desfazer base, de aEducação federalizar cisa pre agente que de ideia aclara momento tinha eu oprimeiro Desde Nós precisamos dar um grito de independência da Educação de de Educação da independência de grito um dar Nós precisamos , mas só só , mas ------136 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 137 R$ 70 milhões, que era pouco para 29 cidades, todas com 10 mil habi- tantes. Esse dinheiro foi tirado do próprio MEC, não foi de fora. Mas nós transferimos em dezembro e em janeiro eu saí. Então, morreu esse programa também, porque o novo ministério era contra essa ideia, até porque trazia para o colo do governo federal um problema, que era a Educação de base. Um dos primeiros passos para levar à federalização era criar um piso salarial do professor, que eu só vim a criar depois, como sena- dor [2008]. É uma lei de minha autoria, aprovada pelo Congresso e sancionada pelo Lula em 2008. Quatro anos depois de eu ter saído do ministério, a gente queria implantar o piso. Outra [ideia] seria todo professor passar por uma certificação para poder ser professor, e estes receberiam, na época, R$ 100 por mês, que é muito pouco, mas estou falando de 15 anos atrás. Eram os primeiros passos. Mas aí começou a resistência dos sindicatos. Eles não aceitam diferenciar um professor de outro. “Esse vai passar, vai receber; esse não passa, não recebe?” Eles não conseguem entender que professor também merece ser tão respeitado como jogador de futebol, como técnico de futebol, que tem uma diferenciação na remuneração conforme a dedicação, conforme o número de gols que faz. Eles não conseguem aceitar, devem achar que é uma desvalorização do magistério, o que não é. Então, tive muita dificuldade de implantar isso, mas consegui- mos fazer o que era preciso e iniciamos. Tivemos que fazer algumas concessões, como só fazer o primeiro exame de certificação depois de ter dado um curso para todos os professores. Nos submetemos aos sindicatos nesse sentido, à Federação Nacional de Educação, e fizemos, mas ficou incipiente, já há tanto tempo e não foi... Mas não foi só isso. Creio que deixei uns 20 projetos de lei na Casa Civil – porque um projeto de lei só vai para o Congresso se a Casa Civil desejar, é o governo que manda, não é o ministro. Fica- ram, acho, uns 20 projetos de lei que, a meu ver, se tivessem sido le- vados adiante, naquela época, teriam mudado a Educação. Um deles era esse que levaria pouco a pouco à federalização, começando pelo certificado e depois escolhendo cidades que nós adotaríamos, nem que fosse por meio do próprio prefeito, que não é o que eu desejo. O que desejo é que o governo federal implante, do jeito que tem no Rio de Janeiro o Colégio Pedro 2º, institutos de aplicação, escolas técni- cas. Que adote todas as escolas (de forma voluntária) até chegar a Bolsa Escola e Bolsa Família e Bolsa Escola Bolsa O piso salarial magistério do zões. Então, poderíamos ter feito ter por cidades. poderíamos Então, zões. ra professores, épor de muitas épor falta só, não, dinheiro de falta é por Não décadas. algumas que em menos do educacional sistema novo esse como fazer tem não ritmo, certo em um Tudo vai Paulo. começou em São aindustrialização inteiro; começou no país Brasil no Nada outras. pelas copiadas sendo vão final exemplo ao eque de servindo vão que cidades, em algumas fazer para dinheiro falta catacumbas do Palácio do Planalto. do Palácio do catacumbas nas creioque projetos][esses ficaram Ao final, grande. muito poder 2003-2005] Civil, tinham que Casa eoutros da [ministro-chefe ceu governo, como oZé[José] do personagens Dir com diversos político campo de o meio de fazer dificuldade nego, certa não Tive, a isso. levariam que medidas de conjunto um era Então, cidades. as todas à Educação” quando era reitor da UnB [Universidade de Brasília]. Eu Eu Brasília]. de [Universidade UnB reitor era da quando à Educação” Vinculada Mínima com onome Escola “Renda oBolsa criei Eu tual. intelec produto foi político, um produto foi um não Escola O Bolsa momento. naquele cobertura deu Haddad Tudo foisó o Fernando isso porque possível municipal. e estadual federal, aautonomia implicava que disseram eainda tos gas implicava Piso gastos. implica que coisa qualquer fazer para tar parlamen do opoder limitado Émuito sancionou. eoLula midade alegiti isso”, deu o governo aceita aí acordo, “o de que governo está eatodos amim no Congresso, Trabalhadores dos Partido ao disse dia um que Foi oministro Educação]. da oministro era Haddad do em 2008, quan foi sancionado magistério do [o salarial bênção piso a dado tivesse não Haddad oFernando se acontecido teria não mas aprovar, para briguei que eu fui do piso, de lei o projeto fiz que eu Fui Dizem que falta dinheiro para fazer no Brasil inteiro, mas não não mas inteiro, no Brasil fazer para dinheiro falta que Dizem ------138 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 139 refiz a universidade, criei o que eu chamava de universidade tridi- mensional: era a universidade dos departamentos, dos núcleos te- máticos e dos núcleos culturais. Um dos núcleos temáticos – núcleos que pensam temas, não áreas do conhecimento – era o de Estudos do Brasil Contemporâneo. Eu criei e trouxe para mim, como reitor – eu era o coordenador. Fazíamos reuniões que terminaram virando um livro meu chamado A revolução nas prioridades: da modernidade técnica à modernidade ética [São Paulo: Paz e Terra, 1993], onde a gente buscava solução para os problemas. Naquela época, 20% das crianças estavam fora da escola. Hoje em dia, são mais ou menos 3% [na faixa etária de 6 a 14 anos]. Como resolver isso? Em uma das reuniões que nós fazíamos nesse núcleo, que tinha muita gente de fora da universidade, eu disse: “Por que a gente não paga para que as crianças estudem?”. Houve um arrepio geral. Lembro que eu disse: “Você aí, que está contra”. [Era] um pro- fessor: “Você teve uma bolsa para um doutorado na França. Já tinha se formado e ainda ganhou para estudar mais. Se você ganhou para estudar mais depois de formado, por que que a gente não paga um menino que não está na escola para [ele] estudar?”. Aí alguém disse: “Custa caro”. Eu lembro que puxei um papelzinho – e eu tinha um slogan, sempre tive, toda a minha vida política: “Faça as contas”. Sou um responsável fiscalmente, sou um economista conservador nas finanças e radical no social. O meu radicalismo é: no Brasil, uma criança não pode ter uma escola melhor que a de outra criança ou pior que a de outra criança; tem que ter o filho do pobre na mesma escola do filho do rico. Esse é o meu radicalismo, mas com equilíbrio fiscal. Fiz as contas e mostrei que não custaria muito, isso foi mais ou menos em 1986, 1987. Comecei a debater essas ideias pelo Brasil, eram cem medidas para mudar o país. [Isso] está no livro A revolução nas prioridades. Em 1994, eu não esperava, sinceramente, mas virei candidato a governador, porque não tinha outro, acho, no Partido dos Traba- lhadores que tivesse sido reitor, que tivesse a minha idade; eram to- dos mais novos. Um colaborador meu, na hora de a gente formular o programa, perguntou: “Por que você não sugere aquela sua ideia da Renda Mínima Vinculada à Educação para o Distrito Federal?”. Eu disse: “Por uma razão muito simples: vem todo mundo do Brasil para ganhar esse dinheiro aqui”. Parei, fui para casa e no caminho em que ele mudava onome: ou ‘Renda’, “‘Bolsa’ ou ‘Bolsa’, ele ‘Renda’ mudava em que cartolinas umas botou Ele Escola. oBolsa criança, daquela opai era eu que viu porque mim, para muito ele olhava Aliás, o ministro. era que claro, eu, governo, inclusive do cúpula alta da pessoas de Mendonça oDuda dele, foiisso omarqueteiro [Cardoso Ruth a dona para carta ele, fiz para carta Fiz elevei aideia. Sul, no Lago Brasília, de bairro em um lá, transição de casa eleito,Ele eleito. eu tinha Ele E aí mudou onome. mudou E aí Educação. da foi por causa não Mas ele gosta. que sabe mundo todo voto, que pobres –eganhar aos em relação sentimento esse tem não oLula que dizer pode os pobres –ninguém ajudar a fome, ou seja, ele fez Oque foi matar foi fez Educação. não opovo. Lula Oque para – sensibilidade tem –Lula também eera educacional, era porque não marketing, de bom instrumento um era porque Família Bolsa do ideia ele convenceu se só que da de aimpressão Zero. tenho Eu Fome ochamado ele queria Escola, oBolsa para menor sensibilidade a tinha não Lula o Mas frequência. rigorna o aumentar e neficiados, be de onúmero eaumentar pequeno, achava eu ovalor, que mentar Eele fez. Federal. Distrito nininho peque ao em relação nacional éacomplexidade que de a diferença com Federal, Distrito o para fiz eu oque éexatamente Henrique do Fernan do Escola oBolsa Então, àEducação. avinculação manteve e Educação da no Ministério onome; manteve muda mundo todo éraro, –isso criado havia eu nome omesmo que ele manteve tica: polí na rara muito generosidade efez uma aideia pegou Henrique oFernando mandato, no segundo anos, quatro de Depois lizaram. sensibi se eles não mas meu era amigo, que Henrique], Fernando Renato Paulo o para carta ano], fiz naquele eleito presidente Cardoso, que outro. de por falta nomeBolei esse talvez Escola”. bolei onome “Bolsa Aí eleição. ganha ninguém à Educação” Vinculada Mínima com nome, “Renda porque outro também dito [O tinha Federal”. colaborador] no Distrito anos pelo menos cinco por exemplo: morar condicionantes, colocar posso “Mas pensei: eu Eu lembro o dia em que o nome foi mudado, porque quem fez quem porque onome foi em que mudado, lembroEu odia Lula Quando [Cardoso]. Henrique Fernando ao levei aideia posse, da Antes [Souza, que assumiria o Ministério da Educação no governo Educação da oMinistério assumiria que [Souza, venceu, comecei a dizer a ele que era preciso au preciso era aele que comecei adizer venceu, , antropóloga e casada com Fernando Henri com Fernando ecasada , antropóloga , que reuniu um grupo grupo um reuniu , que ------

140 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 141 qual é a melhor?”. Depois: “‘Família’, ou ‘Escola’, ou ‘Educação’, qual é a melhor?”. Aí foi trocando, trocando, trocando, e no fim ele disse que tinham decidido botar “Bolsa Família”. Aí [me] perguntou e eu respondi: “Bem, pelo menos tem a palavra ‘Bolsa’”. Só depois de ou- vir eu percebi o erro que foi mudar esse nome, mas naquela hora não falei isso, porque, ao tirar o nome “Escola” e colocar “Família”, come- temos um erro muito grave. Uma mãe que recebe uma renda cha- mada “Bolsa Escola” pensa: “Eu recebo esse dinheiro porque o meu filho vai à escola”. Mas, se ela recebe Bolsa Família, pensa: “Eu recebo esse dinheiro porque a minha família é pobre”. Mudou, descarac- terizou, um neurolinguista explica isso. Mudou completamente o sentimento de quem recebe. Esse foi o primeiro grave erro do Bolsa Família. O segundo foi quando ele [o presidente Lula] o tirou do Mi- nistério da Educação e colocou no Ministério da Assistência Social, que tem o nome de Desenvolvimento Social, mas é o Ministério da Assistência Social. E o terceiro foi quando ele juntou esse programa Bolsa Escola com outros programas do Fernando Henrique Cardoso – Bolsa Alimentação, Vale Gás –, alguns que vinham até do tempo do [José] Sarney [1985-1990] ainda. Ao juntar essas três coisas, depredou a ideia do Bolsa Escola, que deixou de ser um programa educacional e passou a ser um programa assistencial.

Saída do Ministério da Educação

Em dezembro de 2003 [após uma reunião do Bolsa Família], eu sen- ti perfeitamente que estava concluído meu tempo, porque eu seria um incômodo em um governo que ia tirar uma ideia que eu criei, quando governador, que eu estava coordenando como ministro, criada por Fernando Henrique nacionalmente, e de repente ia mu- dar o nome, ia mudar o conceito, ia mudar o ministério. Eu seria um estorvo para o Lula, a partir de quando o Bolsa Família fosse im- plantado. Aí, poucos dias depois, ele pediu meu cargo, me demitiu. Claro, ali tinha outra razão: ele trouxe o PMDB [Partido do Movi- mento Democrático Brasileiro] para dentro do governo. Foi aí. Para trazer o PMDB para dentro do governo, ele precisava de ministérios. Uma das coisas que ele queria ceder, sem ceder muito, era o cargo ele, refletindo sobre isso, me telefonou e demitiu. telefonousobre isso, me demitiu. ele, refletindo e que acho Então, isso. para só ministério um de melhor. Precisava ser muito precisava eu, que melhor muito sido tivesse que ali, casse fi que estadista grande um de precisava base de Educação Agora, e dinheiro. autonomia independência, de precisam delas, cuidando ministro um de precisam não universidades As universidades. as para bom ministro ser um ia não estorvo, ser um ia muito, dando incomo estava Eu no ano. mesmo com ele, com oLula, eleito junto sido tinha senador, era Eu cargo. nenhum tinha não que Genro, so Tar ao dar para ministério um de precisava Aí eSocial]. Econômico Desenvolvimento [Conselho de eles tinham que debates de clube do Tarso Genro do , que coordenava, se não me engano, aquele grande grande aquele me engano, não se coordenava, , que - - - 142 | LULA | CRISTOVAM BUARQUE 143 Tarso Genro

27.01.2004 a 29.07.2005

Como se tornou ministro da Educação

Eu era o ministro da Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que tinha estatuto de ministério, e o presiden- te Lula me convidou para assumir a Educação. Foi de maneira um pouco surpreendente, em função, na minha opinião, de uma crise de relacionamento com o senador Cristovam [Buarque], que era o ministro naquela oportunidade. Acho que o presidente me convi- dou fundamentalmente em função dos enunciados que nós estáva- mos trabalhando no Conselho, que envolviam uma visão de reforma da Educação Superior, da institucionalização do Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoriza- ção dos Profissionais da Educação], que era uma questão muito dis- cutida também no Conselhão, e da nossa vontade política de fazer revogar no Congresso Nacional uma lei do Fernando Henrique [Car- doso], um projeto de lei que se transformou em lei, originária do Fer- nando Henrique, que proibia a União de instituir escolas técnicas. Essas três questões eram muito discutidas no Conselho e eu, evi- dentemente, exercia certa vanguarda nessas discussões, juntamente Tarso Genro (1947-), depoimento em 13.01.2017 em (1947-),Tarso Genro depoimento 144 | LULA | TARSO GENRO 145 com acadêmicos, professores e técnicos que trabalhavam no Conse- lhão. Acho que isso chamou a atenção do presidente e ele resolveu me convidar para assumir o MEC [Ministério da Educação].

A entrada do PMDB na base de apoio do governo

Na verdade, o PMDB [Partido do Movimento Democrático Brasilei- ro] teve dois momentos de entrada no governo. O primeiro momento foi a ala, o setor do PMDB capitaneado principalmente pelo ex-presi- dente [José] Sarney; e depois, em outro momento, o PMDB se integra como conjunto, como totalidade do governo, com uma certa restrição dessa ala inicial, por disputa de poder, por disputa de nichos de par- ticipação no governo, quando se dá a entrada do PMDB através do Michel Temer, que passa depois a ser candidato a vice-presidente da República. Nesse momento, a base parlamentar do governo ainda não estava plenamente definida, havia um desequilíbrio nessa relação, porque os governos que se compõem no Brasil são, na verdade, gover- nos de coalizão presidencialista, que vão formar sua maioria depois de ganhar a eleição. O partido do presidente normalmente não tem a maioria, como deveria ocorrer em um sistema mais equilibrado, ins- titucional e politicamente. Era um momento de grande instabilidade política, mas que permitiu ao presidente alavancar, a partir do Minis- tério da Educação, uma série de projetos extremamente importantes que se irradiaram e se capitalizaram muito além da base do governo.

Programa Universidade para Todos

O ProUni [Programa Universidade para Todos] foi aprovado no Con- gresso Nacional nas instâncias do Parlamento, com a maioria ab- solutamente tranquila, envolvendo outros partidos. A Comissão de Educação da Câmara, que tinha a direção do deputado Gastão Vieira, do PMDB na época, nos ajudou bastante. Creio que as po- líticas que desenvolvemos ali ajudaram também o governo a dar uma ampliada e uma consolidada em sua base. É um caso político res mais conservadores para nosso campo, então fui fazer uma visita. visita. uma fazer fui então campo, nosso para conservadores mais res os seto deslocar para dele precisava Eu Bahia]. (PFL) da Liberal Frente da [do Partido Magalhães Carlos Antônio foiCongresso osenador é mais ou menos natural no movimento universitário. universitário. no movimento ou menos natural é mais que esquerdismo certo um cultivar tentar para ProUni ao em relação oportunista postura uma tinham Eles estudantil. movimento ao to jun acordo][o politicamente aproveitaram inclusive contra; ficaram não Depois fossem contra. partido do esquerdistas nos setores mais peque embora coesa, toda estava que Trabalhadores], dos [Partido PT do parlamentar, base Minha fez acordo? esse Quem programa]. o para reservadas vagas de percentual o por lei a definir obrigadas seriam universidades próprias as oProUni, 2005, regulamentou que no, de a8% –foi nº Lei janeiro [esse]11.096, 13 de [pela de oacordo me enga não se echegamos, no ProUni universidades das a entrada condicionar para vagas no começo, das 12% 16%, 15%, Nós pedimos, foi foi articulando. se montando, se aí Isso populares. classes das rios originá alunos colocar para delas instalada acapacidade [utilizar] permitisse que específica forma uma de ProUni ao aderir poderiam quisessem, se empresariais, universidades essas que mostramos etambém aparte, parte de alado, lado de esclarecimento, de balho tra Nós fomos um fazer dura. [Foi] bastante entrar. oposição uma para [com]dinheiro definida, clientela uma têm que empresariais te forte. muito projeto, oposição foi ao uma mente contrário presumida esquerda, da extrema pessoal Esse filantropia. por sua contrapartida davam não que universidades das dívida uma brando co ogoverno estava Na verdade, bolsa. uma era no ProUni alunos os para ingresso dava que onome porque técnico privadas, escolas as para recursos [, porém,] drenar o governo ia que entendiam Eles momento. começou naquele que no governo Lula, explosão foi uma federal”. [Isso] ocorreu, pública realmente auniversidade expandir vamos ProUni, ao nós,paralelamente eles: “Olha, para mostrava eu Mas públicas. universidades das recursos tiraria oProUni ve –que inclusi –sectária, eprimária equivocada maneira de entendia que estudantil, movimento edo academia da esquerdista, mais soal pes um de uma fortes: muito oposições duas teve ele foi lançado, quando porque, ProUni, do questão essa rico extraordinariamente Quem também foi fundamental para fazer essa composição no no composição essa fazer para foi fundamental também Quem tipicamen universidades de donos foi daqueles oposição A outra ------146 | LULA | TARSO GENRO 147 Minha base estava coesa – PT, grande parte do PDT [Partido Democrá- tico Trabalhista], uma boa parte do PMDB –, mas esse ranço conser- vador ainda [bloqueava a] aprovação. Aí eu conversei com o Antônio Carlos Magalhães e disse a ele: “Olha, senador, esse projeto aqui tem por dentro uma política de cotas. A Bahia tem, se não me equivoco, pelo IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística], 60% ou 70% de afrodescendentes. Isso aí para o seu estado vai ter uma expressão extraordinária”. Ele disse: “Sabe que meu filho [Luís Eduardo Maga- lhães]” – ele já tinha morrido [1998] – “gostava muito de ti, me falava muito bem de ti?”. O Antônio Carlos Magalhães era sempre assim, do gostar ou não gostar. Ele disse: “Vamos aprovar esse projeto, mas tu vai ter que baixar para 8%, porque daí eu convenço os empresários da área de Educação”. Eu disse: “Está feito o acordo”. O projeto foi apro- vado com dois ou três, cinco votos, uma coisa assim, de rejeição, em função dessa atitude que o Antônio Carlos tomou e que desequilibrou a relação dentro do conservadorismo, em função da visibilidade que tinha para ele o sistema de cotas, que influía realmente em seu estado. Portanto, o Antônio Carlos Magalhães teve um papel importan- tíssimo no ProUni, assim como o deputado Gastão Vieira, a bancada do PT e a do PC do B [Partido Comunista do Brasil] – que fez a van- guarda da discussão sobre o ProUni no meio universitário, onde era muito forte, o que nos deu uma sustentação extraordinária. Outro que teve um papel importante foi o Mares Guia [Walfrido dos Mares Guia, empresário do setor educacional e ministro do Turismo do go- verno Lula, 2003-2006], que era dono de universidade. No momento decisivo, o Lula estava meio em dúvida a respeito de onde tirar os recursos, se ia ser contrapartida da filantropia ou se ia tirar recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço [FGTS]. Eu estava con- versando com o Lula na Granja do Torto, em um almoço de trabalho, e o Mares Guia chegou e disse assim: “Esse é o projeto mais genial de seu governo, presidente, não deixe ele passar”.

Lei de Cotas

Quando surge a proposta das cotas, ela começa a ser fortemente combatida, por uma visão, na minha opinião, um pouco estereotipa- da e por outra visão mais conservadora. A visão mais conservadora que eles começassem a introduzir [as cotas] voluntariamente. voluntariamente. [as cotas] aintroduzir eles começassem que com os fizemos reitorespara ministério, do nós, que política disputa foi uma eosegundo ProUni, do dentro foi [sua] introdução primeiro o movimentos: em dois está cotas de sistema do aorigem Mas dizer. por assim política, da eomundo acadêmica aelite universidades, as entre acordada forma já em uma em lei, transformou se mente, final depois, que política, dessa aintrodução universitária tonomia au da dentro era porque [as cotas], introduzindo paulatinamente eforam aquestão adiscutir começaram universitários, conselhos de S.Paulo Folha da articulistas paulista, imprensa pela particularmente cado, anteriormente. havia que afrodescendentes de o número anos, ou quatro em três privadas, universidades nas fez Isso dobrar, dentes. eafrodescen pública escola ou seja, pública, escola da com ovínculo questão essa conectamos Daí auniversidade. estava em que região na Estatística] e Geografia de Brasileiro [Instituto o IBGE segundo tes afrodescenden de com opercentual acordo de ser dadas deveriam bolsas as que einsistimos ProUni do dentro para cotas o conceito de pegamos Cotas, de aLei pegamos Então, leis. de determinado sistema em algum legal contemplação houvesse alguma sem que versidades uni as para cotas de sistema outro passar poderíamos jamais porque ProUni, do dentro por cotas das discussão foi a O primeiro nificativos. ensino. do onível em geral, rebaixaria, eisso Cotas de Lei na entrassem preparadas não pessoas que permitiria porque academia, a desqualificaria que paternalismo um seriam] [as cotas éque estereotipada, pouco um visão, Outra lei como essa. uma combater para motivos outros elesembora usem políticos, dirigentes seus em intelectuais, reflete seus em que nossa, como a escravista tradição de dominante classe uma de é aquela dade e a radicalidade que teve esse debate. esse teve que earadicalidade dade aprofundi agravidade, [Isso demonstra] também. bobagens zendo edi corretas coisas algumas dizendo artigos seus hoje escrevendo até aí estão que eméritos por jornalistas escritos foram como esses Absurdos pessoas. nas racial um exame ou fazer cotas as definir para nazista recenseamento um fazer que teria eu que [disseram] [Houve] uma resistência muito grande. Eu mesmo fui muito ata muito fui mesmo Eu grande. [Houve] muito resistência uma seus de reitorias, suas de através públicas, universidades as Aí, feitos. [Houve] os debates foram sig momentosEsses muito dois , do Estadão , do O Estado de S. Paulo S. de OEstado [jornal ]. Alguns deles até até deles ]. Alguns ------148 | LULA | TARSO GENRO 149 A criação da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

As pessoas que conviveram politicamente comigo ao longo de 30 anos de atividade política se acostumaram com uma discussão. [Eu insistia] que a estrutura de classes da sociedade capitalista moderna estava mudando e que as formas através das quais a luta de classes ia se processar seria diferente. Aquele contrato social democrata clás- sico – burguesia de um lado, proletariado do outro fazem acordos, organizam conflitos e depois propõem suas normativas de políticas públicas – ia se esgotar. Por quê? Porque ambas as classes se frag- mentaram. As classes fundamentais do sistema de poder democrá- tico mais avançado, que é o social-democrata, estavam totalmente fragmentadas. Começariam a aparecer, como já estavam aparecendo na metade da década de 1980, fragmentos das classes que se apre- sentariam com demandas diferentes. As demandas sindicais pas- sariam a segundo plano, seriam negociadas dentro da ordem, e as demandas mais rebeldes e mais complexas viriam das ruas, desses movimentos, da diversidade sexual, da negritude, das novas mani- festações culturais, dos índios, gays, lésbicas, juventude sem teto e sem perspectiva de trabalho, juventude estrangulada por um modelo cultural consumista ao qual ela não tinha acesso de maneira plena. Precisávamos, então, formatar para a Educação algo que abrisse es- cotilhas de relacionamento, de diálogo, de produção conceitual com essa nova diversidade. Foi isso que orientou a instituição dessa secre- taria [de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclu- são (Secadi)]. Aliás, foi um trabalho excelente do Ricardo Henriques [primeiro secretário da Secadi], no seu começo.

Mudanças no programa de alfabetização

A visão que o Cristovam instituiu era correta, mas não tinha res- paldo na estrutura técnica e institucional do próprio MEC para ser acompanhada e ser implementada, porque, na verdade, ele busca- va a energia de instituições privadas para fazer de maneira conve- niada com o governo uma grande campanha de alfabetização. Isso Aprovação Fundeb do [José] Dirceu [ministro-chefe da Casa Civil, 2003-2005] Civil, Casa da [José] [ministro-chefe Dirceu Palocci [Antonio] oministro eu, mesa na Estávamos aguardando. Planalto, do Palácio no opaís, todo de com educadores remeter, nós para estávamos nal constitucio aemenda assinou opresidente em que data na ve, que Lembro, inclusi público. oorçamento administrar para tem pasta] [da oministro que marginal oespaço diminuía isso porque ceitas, re de avinculação contra era Fazenda da] [O Ministério receitas. Haddad Fernando do gestão na ou regulamentada foi só aprovada mas tão, que estávamos perseguindo. estávamos que programáticos objetivos aqueles atingiu não mas governo Lula, do forte política foi uma realmente mas ocontrole dele, governo eperdi do saí eu edepois começou aser implementado, programa Esse to. suspei algo importando estava se que achava Cuba, de coisa alguma trazia se sempre que brasileira, adireita então aCuba, ido tinha não Obama o [Barack] época, Naquela no Piauí. experimental maneira de eele começou aser implantado cá, para xemos programa esse trou Nós país. naquele analfabetismo do pelo fim responsáveis ram fo praticamente que alfabetização de processo eum metodologia radicar o analfabetismo adulto]. adulto]. oanalfabetismo radicar [a er era meta erradicação de processo chegou se aesse lento. Não mais eficaz, emais profundo aser, mais embora passou programa eo realidade, na caímos Então, recursos. ede adequados técnicos de infraestrutura, de extraordinárias, dificuldades encontramos acampanha, aprofundar para efederal estadual municipal, pública aestrutura colocando alfabetização, de processo do a estatização com movimentos esses nós combinamos Quando curta. perna tinha positiva, política vontade uma de viesse embora Então, programa. qualquer para transfere ela que empresa com os recursos da dades finali sempre as compatibilizar que têm privado mundo vêm do que energias as que Nós sabemos limites. seus tem mas é positivo, A emenda constitucional do Fundeb foi remetida na minha ges minha na foi remetida Fundeb do constitucional A emenda Eu, em determinado momento, estive em Cuba e observei uma uma e observei em Cuba momento, estive em determinado Eu, [2007]. Qual era o obstáculo fundamental? A vinculação de de Avinculação fundamental? oobstáculo [2007]. era Qual [ministro da Fazenda, 2003-2006], Zé Fazenda, oministro da [ministro , mais alguns alguns , mais ------150 | LULA | TARSO GENRO 151 ministros com alguma ligação direta ou indireta com o tema. O pre- sidente tinha à sua frente duas emendas: uma que determinava a vinculação, e outra que apenas instituía o Fundeb e não determi- nava a vinculação. Estava também nessa oportunidade a ministra Dilma Rousseff [ministra de Minas e Energia, 2003-2005]. Estávamos ainda em um impasse, porque os órgãos técnicos fazendários, os que controlam o dinheiro dentro do governo, não queriam em ne- nhuma hipótese a vinculação. Eu alegava ao presidente que o Fundeb estava destinado funda- mentalmente ao Nordeste, que ia fazer uma revolução educacional [na região], onde apenas [cerca de] 22% dos jovens saíam do [Ensino] Fundamental e conseguiam chegar ao Ensino Médio. O Fundeb ia al- terar completamente essa realidade. O presidente estava em dúvida quando lhe mandaram, e o que impulsionou sua decisão de mandar [para o Congresso] a emenda constitucional que fazia a vinculação foi esse argumento de que, ao contrário do que ocorria no Sul, onde cerca de 60% dos jovens saíam do Ensino Fundamental para o Ensino Médio, no Nordeste era algo em torno de 22%, 23%. Então eu disse: “Presidente, para corrigir essa distorção, só um fundo como o Fun- deb, já que o Fundef [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, instituído em setembro de 1996, durante o governo Fernando Henrique Cardoso] foi uma grande conquista. Agora nós temos que fazer isso”. O presi- dente assinou essa emenda e mandou [para o Congresso]. Então era um problema de recursos, era isso que atrasava, era isso que vincu- lava – uma visão mais técnico-financeira da questão orçamentária do que uma visão resguardada por princípios políticos. Esse conflito ocorre em todos os governos e vai ocorrer em todos os orçamentos – [é] uma disputa sobre os rumos de um modelo de desenvolvimento. O presidente Lula não só assinou essa emenda, como também fez força para que ela fosse apoiada dentro de seu governo.

Aumento dos recursos para a Educação

Acho que foi uma decisão política, e esta pode ser observada pelo valor do orçamento do MEC no ano em que entrei e o valor do Expansão das federais escolas técnicas Expansão longo do primeiro e do segundo governos do presidente Lula presidente governos do segundo edo primeiro longo do ao ocorreram que importantes investimentos de série sionou uma impul que governo, eacho do social aárea toda para forte muito sinalização uma deu seguinte, oano para volumosos orçamentários com recursos fez Educação, na opresidente que mudança essa que Acho pública. dívida da pagamento do àpriorização principalmente o orçamento vinculam no Brasil, aqui que, tradicionais técnicas ras amar das pouco um liberta se que social, mais desenvolvimento de modelo um no governo para virada 2005, uma começa é que gano me en não se seguinte, No ano seguinte. no ano MEC do orçamento gar”. Aí, eu redigi com minha equipe um projeto de lei, [encaminhei] [encaminhei] lei, projeto de um equipe com minha redigi eu Aí, gar”. revo vamos “Então disse: Opresidente aUnião. para despesas mais etrariam federais [então] que seriam técnicas, escolas das nalizador eoinstitucio ser oconstrutor proibir ogoverno de projeto para um eresolveu enviar técnicas escolas fazer para pressão muita recebia certamente Henrique Fernando opresidente –porque técnicas” las esco fazer proibido de está ogoverno federal lei federal; “Uma disse: Eu técnicas?”. escolas faça ogoverno federal que impede “O que tou: Elepergun ele. para levei fotografias Até quebrado”. tudo está radas, pa estão escolas as pelo BID, e Mundial, peloBanco financiadas são governo do obras as Todas tem. não éessa, asituação “Olha, disse: Eu política. vontade de vezes, por falta às e, gestor de por falta técnica, capacitação de por falta aprojetosso financiados cur dar para institucional articulação nem de gestão de capacidade tinham não ou os estados os municípios porque como habitação, utilizavam as que por pessoas ocupada estava parte mento, egrande em anda com aconstrução estava nenhuma pronta, estava nhuma Ne 50 [unidades]. dessas verificação uma fazer Mandei vimento]. Desenvol de [Banco Interamericano BID ou do Mundial Banco do vinha que 50, de cerca com financiamento eram que vimos deral, governo fe do com recursos construídas sendo estavam que nicas téc escolas das avaliação uma fazer equipe com minha fui Quando O presidente tinha me pedido um informe das escolas técnicas. técnicas. escolas das informe um me pedido tinha O presidente . ------152 | LULA | TARSO GENRO 153 para a Casa Civil e o presidente mandou [para o Congresso], e [a lei anterior] foi imediatamente revogada. Não teve uma discussão, uma contestação significativa no Parlamento nacional. A partir disso, ele me pediu para apresentar um projeto. Apresentamos os primeiros projetos para as escolas técnicas, que depois foram sucessivamente aperfeiçoados e qualificados na gestão do Haddad até formar essa rede dos Ifets [Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia].

Expansão das universidades federais

Os problemas que eu enfrentei na questão do Ensino Superior ain- da eram muito elementares – elementares para o nível de desas- tre que era o Ensino Superior no Brasil. Era primeiro uma questão conceitual: qual era a função da universidade? Segundo, as escolas superiores [públicas federais] no Brasil eram subfinanciadas. E, em terceiro lugar, eram poucas. Então tínhamos que responder a essas três questões: qual é o conceito de universidade; qual é o nível de financiamento adequado; e quais são as regiões em que temos que instalar universidades. Esse foi meu papel, que depois foi aprofun- dado e avançado na gestão do Haddad. Se eu dobrei o número de institucionalização e construção de universidades em relação aos anos anteriores, no governo Fernando Henrique, na gestão do Had- dad [o número instituições] mais ou menos triplicou. No Rio Grande do Sul, por exemplo, instituímos a Universidade do Pampa gaúcho, a Unipampa [criada em 2008], cobrindo toda uma zona pobre do Rio Grande do Sul que não tinha Ensino Superior público. Então, esse foi o enfrentamento. O governo tinha, na verdade, duas posições a respeito disso. Uma posição era comandada pelo [secretário do Tesouro Nacional, 2003-2006]. Ele de- fendia aquele modelo mais americano: nós queremos é ter pontos de excelência altamente qualificados e representativos que são fe- derais, poucos e bons; no resto, universidades comunitárias e pri- vadas, o governo trabalharia uma política de bolsas. Outra posição, que eu defendia, era que tinha que fazer uma expansão da rede de Ensino Superior federal, porque só essa expansão poderia ampliar a presença das classes populares na universidade. Teríamos então que Saída do Ministério da Educação da Ministério do Saída do MEC, incomparável ao que era antes. era que ao incomparável MEC, do no orçamento crescente aumento com um presidente, do apoio teve eque foi nos guiou Esse oconceito que regional. desenvolvimento do natureza na convicção, tenho eu influência, grande uma teve e isso público, Superior Ensino ao acesso [PE]. ater pobres Os começaram Garanhuns de região na pobre, como também [RS], é a mais que tado es do sul na metade aqui só não fizemos [universidade] que verdade Tanto é oportunidade. naquela começamos que movimento grande Esse foi o financiamento. seu e aumentar região daquela produtiva base à adequada ela] [para natureza uma] [definir universidade, lar insta onde de geopolítica visão com uma isso corrigir que tínhamos que defendi Eu cursinho. em um entrar podem que média, classe da pessoas 90% são federais, universidades das Na maioria correta? ra manei ede alegava, o Levy Oque classes. de estrutura pela também mas econômicas, características e demográfica densidade por sua só não universidade, de necessitando estavam que regiões as buscar Genro tornou-se presidente do PT]. do presidente tornou-se Genro eleições [em 2005 Tarso e chamar partido do estabilidade de mínimo recompor um tentar para momento importante um era que cordou con opresidente presidente, ao licença pedi Educação, da nistério Mi do sair que Tive eu. fui poder de vazio desse avítima que diria eu Aí partido. do dentro poder de vazio um criou Genoíno do saída a Então, assustados. mais pelo menos; estão agora –faziam, fazem partidos os todos que ilegal, alternativo, financiamento de processo esse era que etc., etc. empréstimo aquele fazer que tem que porquê do os primórdios examinar vai ele não faz, instituição de presidente qualquer faz, pessoa como qualquer partido do caixa o financiar para promissórias umas assinou apenas oGenoíno porque injustiça, suprema absoluta uma pessoa, uma de avida destruiu praticamente que dramático jurídico-processual abuso um mensalão, do quema es do como integrante momento foi denunciado naquele O Genoíno José] Genoíno federal [o deputado PT, quando do direção na foiverno, que acrise go ao externo político fato por um foi determinada saída Minha era presidente e o chamado “mensalão” estava no auge. no auge. estava “mensalão” eochamado presidente era ------

154 | LULA | TARSO GENRO 155 Fernando Haddad

29.07.2005 a 31.12.2010

Fernando Haddad permaneceu no Ministério da Educação no primeiro governo Dilma Rousseff (2011-2014) até 24.01.2012.

Chegada ao Ministério da Educação, ainda na gestão de Tarso Genro

Na ocasião eu estava no Ministério do Planejamento, pois tinha sido convidado para ser assessor especial do ministro [2003-2004]. Quando houve a troca de comando [no Ministério da Educação], do Cristovam Buarque [2003-2004] para o Tarso Genro [2004-2005], pela relação que eu tinha com o Tarso, uma relação in- telectual, de troca de correspondência, e também pela bagagem que eu já acumulava no setor público, ele entendeu por bem me convidar para secretário-executivo. Aceitei porque, coincidentemente, nós tí- nhamos, meses antes, elaborado a minuta do projeto de lei do ProUni [Programa Universidade para Todos] – eu, pelo [Ministério do] Plane- jamento, e a Ana Estela [Haddad], minha companheira, como asses- sora do Cristovam. Foi a primeira grande parceria público-privada do governo Lula. Houve essa coincidência feliz, porque o Tarso não tinha conhecimento do projeto, mas, quando me convidou, por rela- ções anteriores, foi uma surpresa agradável para mim, porque eu já tinha um projeto na mão para apresentar. Aceitei em função disso. Fernando Haddad (1963-), depoimento em 24.11.2016 em depoimento (1963-), Haddad Fernando 156 | LULA | FERNANDO HADDAD 157 Como se tornou ministro da Educação

Eu assumo o ministério por ocasião da crise de 2005 [o “mensalão”], na qual Tarso assume a presidência do PT [Partido dos Trabalha- dores] e deixa o ministério. O presidente Lula – que já conhecia su- perficialmente meu trabalho, sobretudo em virtude de dois projetos importantes, a Lei das PPPs [Parcerias Público-Privadas], que é de minha autoria como assessor, e o ProUni – resolve, então, me confir- mar, naquele ano e meio que faltava para o término de seu primeiro mandato, a assumir o ministério. Na verdade, como eu era um qua- dro não orgânico do partido – até hoje sou –, naquela ocasião da mu- dança de governo, do primeiro para o segundo mandato, alguns gru- pos de interesse se organizaram para sugerir nomes alternativos ao meu ao presidente. Mas ele estava muito satisfeito com meu trabalho e, logo depois da reeleição, ele me encomendou textualmente o que veio a ser o Plano de Desenvolvimento da Educação, o PDE, que seria lançado depois do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]. O PAC era um produto organizado pela Dilma [Rousseff, minis- tra-chefe da Casa Civil, 2005-2010] e pelo Guido Mantega [ministro da Fazenda, 2006-2014], que foi lançado em janeiro de 2007. O se- gundo grande plano do segundo mandato seria o PDE. Um projeto que foi – até onde me vão as luzes – o primeiro que procurou, da creche até a pós-graduação, apresentar uma visão sistêmica de re- forma da Educação brasileira. O Lula não tinha concluído o primeiro mandato ainda. Apresentei para uma equipe que ele organizou para recepcionar minha apresentação. Tenho a segurança em afirmar que ganhei o presidente para a agenda da Educação quando apresentei esse projeto. Aparentemente era o que ele queria.

Relação do Plano de Desenvolvimento da Educação com o Plano Nacional de Educação

O Plano Nacional de Educação [PNE], de 2001, de certa maneira ficou bastante comprometido pelos vetos do presidente Fernando Henri- que [Cardoso]. Os vetos desfiguraram, em grande medida, o que tinha sido aprovado pelo Congresso Nacional. Isso gerou um movimento Metas do Ensino Médio Médio Ensino do Metas PDE foiPDE bem-sucedido. o que diria eu Mas sobretudo. Médio, Ensino do qualidade de metas algumas cumprir de dificuldades algumas tendo estamos Depois, anos. seis durante cumprido foi rigorosamente tudo [do magistério], nacional piso do acriação Básica], Educação da Desenvolvimento [Índice de Ideb do metas as creches, de técnicas, escolas de derais, fe institutos de universitários, campi de Onúmero sem exceção. qualitativas, eas quantitativas –as cumpridas foram Educação da Desenvolvimento de Plano do metas as todas o ministério, deixei eu omomento em que até Efetivamente, execução. sua da duvidando foi imprensa favorável plano, da ao areação Tanto éque por diante. assim e Básica Educação da financiamento Técnico, do do no Médio, Ensi do pós-graduação, da universidade, da reforma ensino, do ma refor completo de conjunto É um etapas. as todas para metas tinha 2014 – na minha opinião, com pouquíssimas alterações. com pouquíssimas opinião, 2014 minha –na em veio aser aprovado lei eque de foi formato que oPDE em um do menos, asíntese nada mais, 2010, de O plano nada é, lei, oprojeto de em 2010. foi que apresentado Educação, de Nacional Plano do base oPDE éa que Tanto éverdade seguinte. adécada para já apontava que mas Henrique, pelo Fernando parcialmente, vetado, com oPNE dialogava anosque de 15 um plano Fizemos década. da no final do aprova seria 2007, que 2021é de até –ele oplano pegava com metas ele Tanto que Educação? de Nacional Plano um apresentássemos se faríamos Oque Educação? de Nacional Plano onosso seria oque era: que movimento um então Fizemos conjunto. de avisão prometendo com acabou isso e ofinanciamento, sobretudo vetadas, foram plano do básicas cláusulas algumas porque grande, muito frustração de a Educação, tradicionalmente –, vai verificar que o Fundamental Fundamental o que verificar –, vai tradicionalmente a Educação, com compromisso nenhum tem não que país um para exigente tante ébas o que desenvolvidos, países dos àmédia mento comparável desenvolvi de médio padrão tenha em 2021– preveem que oBrasil exigentes bastante são que Ideb, do metas as vocêSe acompanhar O PDE é um plano que vai da creche até a pós-graduação, eele após-graduação, até creche da vai que plano O PDE éum ------158 | LULA | FERNANDO HADDAD 159 reagiu muito bem. O Fundamental I superou a meta, inclusive a de 2015, e o Fundamental II ficou um pouco aquém da meta de 2015. Mas, se pegar a média do I e do II, as metas estão cravadas. É óbvio que o Médio só vai melhorar com a onda do Fundamental; não tem como melhorar o Médio recepcionando estudantes com déficit de formação na etapa anterior. É óbvio que o Fundamental vai preceder a melhoria do Médio, o que está acontecendo. O Médio não piorou, ele melhorou aquém das nossas expectativas. Por quê? Em primeiro lugar, porque a boa onda do Fundamental II só está chegando agora; em segundo lugar, [porque] melhoramos o fluxo do Médio, o que sig- nifica dizer que nem sempre isso é acompanhado de uma melhoria de desempenho dos estudantes nas provas nacionais; em terceiro lugar, fizemos uma reforma muito importante, que foi a reforma do Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], mas, ato contínuo, outras reformas deveriam ser acompanhadas, como, por exemplo, o enxu- gamento da matriz do Enem a partir da Base Nacional [Curricular] Comum do Ensino Médio. Então você tem que enxugar um pouco o Ensino Médio, sem prejuízo das disciplinas que precisam ser abor- dadas, e [ter] uma maior integração com a Educação Profissional, que só aconteceu no plano federal – no plano estadual, que respon- de por quase 90% da matrícula, isso não aconteceu. Por fim, e não menos importante, na minha opinião, houve baixo compromisso dos governadores com o Ensino Médio. Poucos gover- nadores, eu citaria quatro ou cinco, efetivamente fizeram investimen- to no Ensino Médio. A maioria [deles] está preocupada com outras agendas diferentes da Educação. Você precisa de liderança para mu- dar, e os governos estaduais não lideram mudanças expressivas. Em geral, têm pouca interlocução com estudantes e professores, a lide- rança dos governadores em relação às escolas é muito distante. Há uma preocupação de que essa aproximação pode resultar em atrito, então a coisa vai passando de uma forma até cruel com os estudantes.

Articulação com municípios e estados

A articulação federativa com os municípios na área de Educação é bastante favorecida. Os prefeitos se referenciam ao ministro, aceitam Aumento investimento do resultados eseus Educação em Aécio nem compareceu à solenidade de assinatura do convênio. do assinatura de àsolenidade nem compareceu Aécio O Gerais]. o [José] [Neves,te e o Aécio Paulo] Minas [de São de Serra justamen PDE foram ao aaderir governadores últimos Os diferente. postura uma PSDB tinham do já governadores trabalho; de agenda uma eestabelecer comigo sentar de incomodava se não Brasileira] Democracia Social da PSDB [Partido do Prefeito relevância. baixa tem prefeitos, de no caso partidária, aquestão éque importante aspecto Outro com isso. ainteragir recusavam se governadores ro, emuitos dinhei quanto importante étão ministério do técnico vezes, oapoio às recurso; de em só torno dar se pode não federativa a interação Mas minha”. na vou ficar [da Educação], ministério do recursos vou pleitear seus estados. Outros se acomodaram. acomodaram. se Outros estados. seus para investimentos elevaram oportunidade da valeram se Alguns financeiro. vista ponto de do àépoca, debilitados estaduais vernos go já havia debilitados, bastante Tem governos estaduais agenda. com essa governos estaduais dos envolvimento falta Mas medida. em alguma alcançados, foram os resultados aconteceu, isso Onde estados. em seus Médio Ensino do aqualidade melhorar de grande muito desejo com um comigo despachar iam meeu lembro –que – que governos estaduais foram Pernambuco Piauí, Ceará, mas to, ser injus quero Não pesado. einvestiram Médio no Ensino diferença fazer quiseram –que sobretudo Nordeste, do –governadores casos querer. Houve ogovernador de muito depende Então, no municipal. écom ogover arelação favorável emuito quando governo estadual écom o arelação quando ministro desfavorável ao assimetria uma Existe envolvem ese pouco. muito Educação de secretários aos gam eles dele em geral com os governadores; acontece não O mesmo com oministro. sobre Educação conversar prefeitos de para tenas cen colocar você consegue reuniões, das participam liderança, sua Executivo. Houve uma encomenda depois da reeleição do presidente presidente do reeleição da depois encomenda Houve uma Executivo. chefe do do política avontade lugar, foi, em primeiro em Educação público investimento do vertiginoso aumento um permitiu O que No Sul, Sudeste, é mais difícil haver engajamento. Pensam: “Não “Não Pensam: haver engajamento. difícil émais Sudeste, No Sul, ------

160 | LULA | FERNANDO HADDAD 161 Lula de fazer a diferença em Educação – ele queria um segundo mandato marcado pela Educação, o que efetivamente aconteceu. Em segundo lugar, o momento econômico era muito favorável a uma expansão direcionada para a Educação, e a economia estava pedindo esse investimento. Falava-se muito em apagão de mão de obra, naquela ocasião. Então, combinou-se com a agenda econômica um investimento pesado em Educação. Em terceiro, esses críticos que dizem que o investimento não rendeu na verdade são ressentidos do período anterior, em que os cortes foram feitos, foi inventada a DRU [Desvinculação dos Recur- sos da União], que tirou dinheiro da Educação. É de um pessoal que quase destruiu a universidade pública brasileira e que não colheu nenhum resultado em qualidade – pelo contrário. Se você pegar os indicadores de qualidade entre 1995 e 2003, a queda da qualidade da Educação brasileira coincide justamente com a restrição de re- cursos [para o setor] durante o período do neoliberalismo, que dizia que o problema não era dinheiro. Então, como é que se explica que nós não só recuperamos todo o tempo perdido na década anterior, como avançamos, a ponto de chamar a atenção da OCDE [Organi- zação para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico] para os resultados do Brasil no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes]? Por fim, esse pessoal [críticos da ampliação dos gastos no gover- no Lula] não acredita em investimento em Educação Superior. Nós mais do que dobramos o número de universitários. Nenhum indica- dor piorou, todos melhoraram como nunca na história. Sabe [qual é] a impressão? Que querem justificar os cortes que virão. Acho que é mais isso do que propriamente o não reconhecimento. É triste que esse grupo tenha retomado o Ministério da Educação [no governo Temer] com os mesmos objetivos da década de 1990.

Financiamento da Educação Básica

Você não consegue dissociar três propostas que foram feitas conjun- tamente. O Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], o que eu acredito que vá prevalecer. vá que acredito eu que dinâmica, essa tinha se Não resultado. valorização, financiamento, –mais mecanismo esse tinha se Não país. do vez história na meira pri pela com oPDE, foi que conseguido Éisso qualidade. com mais eele responde Educação da otrabalhador valoriza recurso, mais há virtuoso: círculo um gera Você resultado. cobrar e profissional sistemas de ensino do país, mesmo com poucos recursos”. com mesmo poucos país, do ensino de sistemas melhores dos somos um Sobral de [CE] “Nós aqui como Sobral diz: cidade europeu”. uma Aí país àde equivalente com qualidade estou já ameta, superei eu ameta, cumpri eu “Olha, prefeitos ostentam: Hoje os responsabilização. de ausência na responderia força que do mais com muito estímulos aos responde que virtuoso movimento um você tem mal, está escola que bem, está escola que você sabe que momento em do Apartir escolas. das cotidiana vida na impacto nha ti não Ela mal. ou bem estava se estava se saber agente mente para simples era Avaliação avaliação. da a história completamente muda Isso não. equal funcionando está rede qual não, equal funcionando está escola qual você sabe Você aresponsabilização, tem passado? o para Ideb do diferença éagrande Qual dissociar. para dá não que conjunto professor. do éum Então, com valorização qualidade, mais a corresponder que tem dinheiro Mais qualitativo. vista ponto de do resultados dos éoacompanhamento dimensão Aterceira teve. nunca que centralidade uma aela edar demais as todas de categoria essa destacar preciso Então, país. pobres do mais regiões nas tudo sobre valorizado, professor sinta se um que ter enão dinheiro ter eu adianta piso. Não do com aquestão dialoga magistério do lorização va A federal. aporte com financiamento do eaquestão no conjunto, ser vista que tem que Básica, Educação da etapas três as dimensões: com duas dialoga o Fundeb Então, no país. por aluno investimento do aequalização garantir para União da recursos de oaporte dez por nós multiplicamos o financiamento; Ponto dois: Infantil. cação Edu da aimportância mais discute se Hoje não Básica. Educação é que conceito, do de importante mudança importante, formação trans éaprimeira Essa oFundamental. isolar Você podia cote. não no pa entrar que tinham Médio e o Ensino Infantil a Educação que de [Ponto um:], avisão Básica. Educação da dimensões com duas dialoga OFundeb conjunto. um formam eoIdeb magistério do piso É virtuoso o movimento de você colocar recurso, valorizar o valorizar recurso, você colocar de omovimento É virtuoso ------162 | LULA | FERNANDO HADDAD 163 Limites da atuação do Ministério da Educação

Considerando que essa dinâmica funcionou e pensando o que po- deria funcionar melhor, eu citaria, primeiro, a relação do ministério com os governos dos estados. A gente tem que pensar essa relação porque ela é muito mais precária do que a relação com o município. O município está ávido por resultado, por parceria. Ele não se inco- moda em seguir diretriz do ministério, não acha que isso agride a autonomia que ele tem. Ele quer ajuda, [quer] o apoio técnico. No caso dos estados, funciona muito pior. A questão partidária é mais importante na relação do estado com a União do que na do muni- cípio com a União. O que precisa é a política de Estado, para que essas diferenças menores não sejam significativas. Tem [também] as pretensões e vaidades individuais. O secretário estadual quer deixar sua marca, então nem sempre ele segue as orientações do ministério. Mas, com tudo isso, a gente desenvolveu muitos mecanismos de parceria: o Mais Educação, o PAR [Programa de Ações Articuladas], a Universidade Aberta do Brasil [UAB], o Caminho da Escola, a expan- são dos programas de alimentação, transporte, livro didático para toda a Educação Básica. Tudo isso aconteceu nesse mesmo período. Não existia livro didático do Ensino Médio; não existia merenda no Ensino Médio, para citar dois exemplos. Então, houve apoio técni- co [aos estados], não na proporção que gostaríamos de oferecer. Até porque [o estado] tem que estar disposto a receber. Você não con- segue forçar um secretário a aderir a diretrizes gerais do ministério nem faculdades de formação de professores a acatar reforma cur- ricular, por exemplo. É muito difícil as faculdades de licenciatura em pedagogia aceitarem todas as diretrizes que o ministério reco- menda, porque tem um grau de autonomia federativa ou autonomia universitária que dificulta muito uma diretriz de cima para baixo. Você tem que manter o diálogo frequente.

Outros erros e acertos

Além do que já disse, o que deu certo e o que infelizmente está em risco? O Pibid [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Piso salarial magistério do ter conseguido deixar pronto. deixar conseguido ter não lamento que éalgo mas tudo, fazer para perna ter ia não –eu pé de botar Superior] para Educação da Avaliação de [Sistema Nacional oSinaes tinha Brasil, aProva fazer, tinha para Enem do reforma nha ti e gestão minha de no final surgiu aideia porque Até tempo. tive não essa mas coisa, tanta fazer. Fiz de tempo tive não lamento, Eu trabalho. de condições melhores oferecendo profissionais, melhores pelos no bom sentido, disputa, uma Haveria professores, nacional. de banco um criaria a prova; fazer de condição Teixeira] total teria Anísio Educacionais e Pesquisas Estudos de Nacional [Instituto Inep O adiantada. relativamente estava amatriz emunicípios; estados de haver ia aadesão Educação]; de Municipais Dirigentes dos nal Nacio [União ecom aUndime Educação] de Secretários de cional com [Conselho oConsed Na acordo Tinha ponto fundamental. um mexeu [e] com isso, é mais que acho eu ninguém saí eu que depois Na verdade, papel. do [No saiu não entanto,] isso licenciaturas. das parte boa uma reformar ingresso, prova pela de de, forma uma seria nisso? que Acho muito confiava eu Por que sem aprova nacional. fizes os que professores, por de nota, banco um de chamariam, res prefeitos egovernado qual da apartir prova nacional, uma ou seja, licenciaturas, promover para das areforma fundamental seria que docente, carreira na ingresso de prova nacional uma criar de jeto pro um deixei saída, Na minha errado? deu Eoque meio certo. deu AUAB em risco. eestá Educação na acontecimento éum Docência] atraente para que a juventude considere o magistério uma profissão profissão uma omagistério considere ajuventude que para atraente seja inicial osalário em que carreira Tem mundo. uma ter do que lugar em nenhum certo dá não Isso inicial. vezes o salário dez de ria aposentado sempre uma para ganhando sair edepois aula dar para mínimo salário ganhando entrar pode não pessoa uma é desejável: efeito osegundo Agora, inicial. salário do amelhoria gradativa mais fosse que para atenuado sido ter poderia forte, muito indexador foi Ele um adequado. foi omais não piso do correção para colhido es indexador o que hojeclaro fica que piso, penso ao relação Em ------164 | LULA | FERNANDO HADDAD 165 digna, porque senão [o jovem] olha para outro salário inicial e vai abrir mão de sua eventual vocação. Não funciona. Tem um estudo da McKinsey [McKinsey & Company, consultoria empresarial norte- -americana] sobre esse assunto que diz exatamente isso: o salário inicial importa mais que o final para a qualidade do magistério. Nada contra a progressão na carreira, mas o ponto de partida é importan- te. Não adianta oferecer mundos e fundos quando a pessoa está com 55 anos e um salário inicial que não atrai ninguém. O jovem, no co- meço de carreira, está casando, constituindo família. Muitos deixam de ser professor em função disso. Pagava-se salário mínimo para pro- fessor, às vezes nem isso – agora não.

Currículo nacional

O currículo do Fundamental nunca foi um grande problema. O pro- blema sempre foi o currículo do Médio e o das licenciaturas. No Mé- dio, qual era a proposta? Primeiro, reformar o Enem. Você teria uma matriz um pouco maior que a adequada em função da pressão das universidades, para fazer com que as universidades abrissem mão de seus processos seletivos, mais conteudistas. Feito o novo Enem, em 2009, você construiria a Base Nacional e, com a Base Nacional aprovada pelo Conselho Nacional de Educação, você reformaria a matriz do Enem. Seria um bate-rebate. Faz um Enem para acabar com o vestibular, faz a Base Nacional para mudar a matriz do Enem e depois enxuga um pouco mais. É o que deveria estar em pauta hoje.

Educação Profissional

De legado, [há] dois principais e que são evidentes. [Primeiro,] a ex- pansão da rede federal de escolas técnicas. Hoje você tem quatro vezes o número de escolas que havia em 2003. Nós tínhamos 140 [unidades] e hoje temos mais de 500 escolas técnicas espalhadas pelo interior do país. [Isso] é fundamental para fixar a juventude no interior do país, [para] deixar de aglomerar as pessoas nas grandes Desigualdades na Educação apesar das diretrizes estabelecidas pelo MEC. estabelecidas diretrizes das apesar deveria, como generalizou se não Profissional] [a Educação Mas za. Sou Paula a Fundação expandiu Souza], [Centro Paula Souza Paula fez com mesmo aFundação isso Paulo São próprios. com recursos coisa alguma fizeram Outros Educação. da Ministério do recursos com integração, nessa bastante –avançaram ePernambuco Piauí Ceará, os três: mesmos –ecito estados Alguns àEducação. respeito diz que no com governadores os interagir de enorme a dificuldade já me referi: aque pelo motivo mesmo lentamente mais aconteceu Profissional com aEducação estadual Médio Ensino do integração abandonando. estavam todos que coisa gratuidade, em recursos seus de terços dois ainvestir obrigando-o S, Sistema metrópoles. As escolas técnicas federais foram um sucesso grande. grande. sucesso um foram federais técnicas escolas As metrópoles. inclusive os de baixa renda. renda. baixa os de inclusive universidade, na está Hoje onegro decisivamente. enfrentada seja negro do aquestão sem que nação como uma constituir se o Brasil de hipótese há Não anacionalidade. construir para é fundamental [antes], como nunca eisso universidade na negro do apresença tem Você efetivamente universidade. na enegros brancos entre rença dife da [Primeiro,] adiminuição interessantes. muito legados dois deixou gestão minha que acho àdesigualdade, respeito diz No que relação à particular. àparticular. relação em pública escola da qualidade da equalização ou quase ximação apro uma futuro, momento do [haverá,] em algum direção, nessa caminhando continuar a gente se então, foi coberta, distância da ço ter um de Mais substancialmente. vem diminuindo privada escola ea pública aescola entre Adistância Médio. eEnsino II damental Fun I, – Fundamental expressiva é muito no país e privadas blicas Foram as duas grandes conquistas em meu período no setor. A em meu período conquistas grandes duas as Foram do reforma aprimeira promovi eu 60 anos de [Segundo,] depois [Segundo,] a [diminuição da] diferença do Ideb entre escolas pú escolas entre Ideb do diferença da] [Segundo,] a[diminuição ------166 | LULA | FERNANDO HADDAD 167 Expansão das políticas educacionais e mais um impeachment

Governos Dilma Rousseff 2011-2014 | 2015-2016 Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em População Brasil do Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Taxa analfabetismo de adulto 2015-agosto de Indicadores 2016 Taxa analfabetismo de adulto 2011-2014 de Indicadores 9. Esse indicador só foi divulgado até 2014. até divulgado foi só indicador 9. Esse Contínua/IBGE). (Pnad Contínua Domicílios de Amostra por Nacional 7,6, Pesquisa 10. 8, (Inep/MEC). Teixeira Anísio Educacionais ePesquisas Estudos de Nacional Instituto 4. (Pnad/IBGE). Domicílios de Amostra por Nacional Pesquisa 5. 3, 2, 1, Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola População Brasil do Proporção 4a17 criançasde de anos fora da escola Proporção 0a17 de crianças de anos na total população Percentual Produto do Interno Bruto (PIB) investido em Educação pública Educação Educação pública Educação 10 5 : 203.190.852 203.190.852 : 9 4 : 206.098.950 : : não disponível : 6% : 1 6 : 8% : 7% 7 2 : 6% 8 : 7% : 26,6% 26,6% : 3 : 27% 27% : 168 | 169 APRESENTAÇÃO 2010

2011 Janeiro Ao tomar posse, Dilma Rousseff (PT) torna-se a primeira mulher a ocupar a Presidência do Brasil, com Michel Temer (PMDB) como vice. Fernando Haddad (PT) permanece no MEC. Janeiro 2012 Aloizio Mercadante (PT) substitui Fernando Haddad como ministro Junho da Educação. Greve nas universidades federais dura Agosto quatro meses. O STF conclui o julgamento do mensalão, divulgado em 2005: 25 dos 37 réus são 2013 condenados, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o publicitário Marcos Valério. Junho Protestos em São Paulo contra aumento na tarifa do transporte público iniciam onda de mobilizações nas capitais. 2014 Fevereiro Henrique Paim assume o MEC. Outubro Dilma vence Aécio Neves (PSDB) em segundo turno, já com a economia em processo de retração. Janeiro 2015 Dilma inicia seu segundo mandato com Fevereiro Michel Temer (PMDB) como vice. Deputado (PMDB-RJ), Cid Gomes (PROS) é nomeado ministro opositor de Dilma, é eleito presidente do da Educação, mas fica pouco mais Congresso Nacional. de dois meses. Março a maio Abril Envolvido na Operação Lava Jato, Renato Janine Ribeiro assume o MEC. Cunha é processado no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Outubro Aloizio Mercadante (PT) volta para o Dezembro MEC, onde fica até a saída de Dilma. 2016 Em retaliação ao apoio de deputados Abril do PT ao processo no Conselho de Ética, Impeachment de Dilma é aprovado Cunha aceita o pedido de abertura de na Câmara dos Deputados. processo de impeachment de Dilma. Maio 31 de agosto Impeachment de Dilma é aprovado no Senado e ela é afastada da Presidência; Dilma perde o cargo; o vice, Michel Temer, assume o Michel Temer assume a Presidência. cargo interinamente. Novembro José Mendonça Bezerra Filho (DEM) Contrariando expectativas, Donald Trump vai para o MEC. é eleito presidente dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, superando

2017 a democrata Hillary Clinton. livro. este para Em destaque , depoimento Os governos Dilma

Primeira mulher a assumir a Presidência do Brasil, Dilma Rousseff iniciou em 2011 seu primeiro mandato em um cenário econômico extremamente favorável. A década anterior fora marcada por um período ininterrupto de queda dos índices de desigualdade e de au- mentos constantes, desde 2003, da renda média per capita. A taxa de desemprego medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Esta- tística (IBGE) chegou a 5,3% em dezembro de 2010, a menor da série histórica iniciada em 2002. Pelos cálculos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o percentual de brasileiros vivendo abai- xo da linha de pobreza, que era de 35% em 2001, havia caído para 18% dez anos depois. E foi justamente o combate à pobreza o slogan escolhido por Dilma para marcar seu mandato: “País rico é país sem pobreza”. Uma das primeiras ações do governo nesse sentido foi aprimo- rar as políticas de combate à pobreza na infância. Vários economis- tas apontavam na época que, apesar de os avanços terem alcançado todas as faixas etárias, o Brasil havia sido mais eficiente em políticas de redução da miséria entre idosos do que entre crianças. A princi- pal explicação era a de que idosos em situação vulnerável estavam cobertos por políticas mais generosas, como as aposentadorias ru- rais e o Benefício de Prestação Continuada, que lhes garantiam a renda de ao menos um salário mínimo. Já entre as crianças, o Bolsa Família constituía a principal polí- tica de combate imediato à miséria. O programa era bem avaliado, mas seu desenho não garantia que as famílias com crianças tives- sem renda mínima suficiente para sair da condição de extrema po- breza. Por isso, em maio de 2012, o governo lançou o Brasil Carinho- so, que, entre outras ações, buscava assegurar a todas as famílias com crianças inscritas no programa renda per capita suficiente para sair daquela condição. Na Educação, Dilma manteve Fernando Haddad na pasta no primeiro ano de seu mandato. Além de ter sido o ministro mais lon- gevo dos governos petistas (e o terceiro na história do ministério), Haddad tinha também o apoio de Luiz Inácio Lula da Silva para continuar no cargo, pois o ex-presidente via nele um candidato com DILMA

, depoimento para este livro. este para Em destaque , depoimento boas chances de vitória na disputa pela prefeitura de São Paulo, fato

170 | 171 que se confirmaria nas eleições municipais de 2012. Haddad deixa- ria o cargo em janeiro daquele ano. José Henrique Paim, secretário- -executivo do Ministério da Educação (MEC), e Aloizio Mercadante, ministro da Ciência e Tecnologia, eram os nomes mais cotados para sucedê-lo. Dilma optou por Mercadante, que logo seria um dos mi- nistros mais fortes de seu governo. Ainda em um quadro de crescimento da renda, desemprego bai- xo e redução da desigualdade, Dilma chegou ao segundo ano de seu primeiro mandato com um índice de popularidade que superava os 60% de avaliações ótimo ou bom, de acordo com o Datafolha, e com uma base de sustentação sólida no Congresso. Foi nesse cenário ain- da de otimismo com a economia que começaram as discussões sobre o Plano Nacional de Educação (PNE), que seria aprovado em 2014. Em junho de 2013, porém, manifestações contra o aumento da tarifa de ônibus em São Paulo ganharam dimensão inesperada depois de a Polícia Militar reprimir um ato e se espalharam pelo país. Em apenas três meses, entre março e junho daquele ano, a popularidade de Dilma caiu de 65% para 30%. A insatisfação popular não era apenas contra o governo federal; as taxas de aprovação de todos os ocupantes de cargos públicos em grandes cidades e estados também registraram fortes quedas. Além de se estenderem pelo país, os protestos levaram milhões às ruas sem a organização centralizada de um partido polí- tico ou movimento social histórico, em um claro sinal de insatisfação com as instâncias políticas tradicionais. A pauta, antes restrita ao au- mento de tarifas, se ampliou. Os atos passaram a reunir, de maneira difusa, manifestantes pedindo leis mais duras contra a corrupção e mais investimento em saúde e Educação, entre outros pleitos. Mercadante, que na época ainda era ministro da Educação, re- sume em seu depoimento a análise desse quadro de insatisfação ge- neralizada com a leitura de que, na percepção da população, com o aumento da renda e do emprego, “a vida dentro de casa tinha melho- rado muito, mas, fora de casa, não necessariamente”. Ou seja, havia demanda crescente por mais qualidade nos serviços públicos, in- cluindo a Educação. Durante a crise gerada pelas manifestações de junho, Merca- dante assumiu um papel de maior protagonismo no governo. Então, em fevereiro de 2014, Dilma o convidou a assumir a Casa Civil e, para seu lugar no MEC, escolheu José Henrique Paim, que já havia ocupado os cargos de presidente do Fundo Nacional de Desenvol- vimento da Educação (FNDE) e a Secretaria Executiva do MEC nas gestões de Haddad e do próprio Mercadante. Durante o comando de Paim, o Congresso Nacional aprovou o PNE, que previa, entre outras metas, a ampliação do investimento em Educação para 10% do Pro- duto Interno Bruto (PIB) até 2024. Se na política o cenário se apresentava mais instável para o go- verno em 2014, na economia havia também sinais preocupantes de redução do ritmo de crescimento e aumento da inflação. As taxas de desemprego, porém, seguiam baixas naquele ano – ao redor de 5% –, o que dava a Dilma e ao Partido dos Trabalhadores (PT) algum fôlego para a disputa presidencial. No entanto, diferentemente das eleições de 2006 e de 2010, o pleito de 2014 se mostrava de maior ris- co para os petistas. Esse risco cresceu ainda mais quando, no âmbito da Operação Lava Jato, foi divulgado em setembro o depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da , que afirmou existir na empresa um esquema de corrupção envolvendo partidos da base aliada e o próprio PT. Apesar de todas essas turbulências, Dilma conseguiu se reeleger em outubro, no segundo turno, derrotando o senador Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) de , por uma pequena margem: foram 51,6% dos votos válidos para a petista e 48,4% para o tucano. Mesmo com a vitória, ela não teria mais nenhum momento de calmaria a partir dali. Como lembram em seus depoimen- tos Mercadante e Cid Gomes, ministro escolhido para iniciar o segundo mandato de Dilma, a forte queda do preço internacional das commodi- ties afetava seriamente a economia e as contas do governo. Esse quadro ficou evidente quando, pouco mais de um mês após sua vitória, Dilma anunciou como ministro da Fazenda o economista Joaquim Levy, co- nhecido pelo perfil austero de controle de gastos públicos. No campo político, o cenário também era preocupante. Mesmo tendo um grande número de partidos em sua base, o governo viu crescer no Congresso uma bancada conservadora. Esse cenário re- sultou em 2015 na eleição para a Presidência da Câmara do deputa- do federal Eduardo Cunha, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Rio de Janeiro. Foi um duro golpe contra o go- verno, que sabia que Cunha, mesmo fazendo parte de um partido da

base aliada, não estaria alinhado ao Executivo. DILMA

172 | 173 Apesar de toda a turbulência política e de um cenário de restri- ção de gastos, Dilma procurou sinalizar que priorizaria a Educação em seu segundo mandato, com a escolha do lema “Pátria Educado- ra”. A crise política e econômica, porém, logo a obrigaria a mudar o comando justamente do MEC. Isso ocorreu depois que a imprensa vazou uma declaração feita a estudantes por Cid Gomes criticando “uns 300, 400” deputados que, segundo ele, estavam mais interessa- dos em fragilizar o governo com o objetivo de “achacarem mais”. Em março, Cid foi convocado pela Câmara para dar explicações sobre o episódio. Acuado por Cunha e seus aliados, o ministro acusou o pre- sidente da Câmara de ser o “chefe dos achacadores”, fato que levou a sua demissão menos de três meses depois de ter assumido o cargo. Para o lugar de Cid, Dilma convidou, por intermédio de Merca- dante, o filósofo Renato Janine Ribeiro. Nos depoimentos de Janine e de Cid, fica clara uma divergência de interpretação sobre a escolha do lema “Pátria Educadora”. Se o gesto, para Cid, sinalizava uma op- ção natural da presidente, para Janine, representava um peso para o MEC, pois colocava o ministério em evidência em um momento de grave necessidade de cortes orçamentários. Outra divergência aparente nos depoimentos dos dois diz respeito à relação com o mi- nistro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, , que apresentou um projeto para colocar em prática o slogan “Pátria Educadora” sem, segundo Janine, tê-lo ouvido antes de tor- nar público o documento. No momento em que Janine assumiu o MEC, Dilma já enfrenta- va crescentes manifestações de descontentamento de uma parcela da população, fosse na forma de panelaços nos momentos de pro- nunciamentos públicos, fosse em protestos nas ruas, que reuniam mais e mais pessoas. As notícias da Operação Lava Jato também se- guiam alimentando o combustível de insatisfação contra o governo, com o aumento das delações de empresas denunciando esquemas de corrupção na Petrobras. Com baixa popularidade, a economia em crise e uma base de apoio cada vez mais infiel, Dilma encontrava dificuldade para pro- mover os ajustes que sua equipe econômica demandava. Como lem- bra Janine em seu depoimento, no intervalo de apenas seis meses em que ocupou o cargo, o impeachment passou de possibilidade a probabilidade quando as denúncias da Operação Lava Jato foram atingindo pessoas mais próximas ao PT, como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS). Para tentar recuperar apoio político e evitar seu impeachment, Dilma promoveu, em setembro de 2015, uma reforma ministerial e, de novo, trocou o comando da Educação. Mercadante, desgastado na Casa Civil por causa da crescente oposição no Congresso, voltou para o MEC. A reforma, porém, não garantiu nenhum sossego ao governo. Em outubro, as revelações de que Eduardo Cunha ocultara contas bancárias na Suíça deram mais ingredientes à crise. Para salvar seu mandato, Cunha exigia que o PT não aprovasse a abertura do pro- cesso de cassação contra ele na Comissão de Ética. Os deputados petistas, no entanto, votaram contra o presidente da Câmara, que, em retaliação, autorizou a abertura do processo de impeachment contra Dilma em dezembro. No mesmo mês, a divulgação de uma carta do vice-presidente, Michel Temer, com críticas à presidente e a saída de Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministro da Casa Civil, ligado a ele, sinalizavam que Te- mer não mais a apoiaria. Com a popularidade cada vez menor e o país ainda em crise econômica, o governo iniciou o ano de 2016 preocupado principal- mente em evitar que a oposição conseguisse os dois terços de votos necessários para o afastamento de Dilma. A debandada do PMDB e de outros partidos aliados, contudo, levou o governo a sofrer, em abril, uma derrota na Câmara, que aprovou a destituição da presi- dente por 367 votos a favor e 137 contra. Em agosto, o processo de impeachment foi finalizado no Senado, condenando Dilma à perda do cargo sob a acusação de ter cometido crime de responsabilidade fiscal, por 61 votos a 20. Em seu lugar, assumiu o vice-presidente, Michel Temer. DILMA

174 | 175 Aloizio Mercadante

24.01.2012 a 02.02.2014 e 05.10.2015 a 11.05.2016

Como se tornou ministro da Educação

Eu vinha de uma experiência no campo da Educação. Na minha vida profissional inteira, fui professor, na Unicamp [Universidade Esta- dual de Campinas] e na PUC-SP [Pontifícia Universidade Católica de São Paulo]. Tive uma militância intensa ali. Em meados dos anos 1970, virei presidente da associação de professores, depois partici- pei da fundação da Andes, a Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior, que foi criada em 1980 – era o primeiro vice-pre- sidente. Então, me dediquei muito ao debate sobre democratização da universidade, ensino público, enfim, os temas da Educação, mais a Educação universitária. Depois, na minha vida parlamentar, como deputado, senador, eu estava muito envolvido com o debate eco- nômico e com o debate educacional. Sempre tive um prazer muito grande nessa agenda e nessa experiência. Fui para o governo da presidenta Dilma, no primeiro mandato, como ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação. Foi uma experiên- cia muito rica. Ali criamos, por exemplo, tanto o Pronatec [Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego] quanto o Ciência Aloizio Mercadante (1954-), depoimento em 02.05.2017 em depoimento (1954-), Mercadante Aloizio 176

| DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 177 sem Fronteiras. No caso do Ciência sem Fronteiras, quem levou a proposta fui eu à presidenta quando veio a visita do presidente [Ba- rack] Obama [março de 2011]. E aí, depois, naturalmente eu fui para o Ministério da Educação [MEC], acho que por esse trabalho e por essa relação que eu já vinha tendo com a pasta. Nós vivíamos desde 2009 uma grave crise internacional. A quebra do Lehman Brothers [banco de investimentos norte-ame- ricano, que faliu em 2008] e a crise do subprime [estouro da bolha de financiamento de imóveis nos Estados Unidos] levaram a uma crise financeira internacional que contaminou toda a economia mundial. Mas o Brasil teve uma resposta muito satisfatória. Fize- mos uma política anticíclica, estimulamos a demanda agregada, mantivemos os programas sociais, conseguimos manter o empre- go e a renda, e o Brasil atravessou os anos de 2010, 2011, 2012 e 2013 muito bem. O cenário era bastante promissor, mas havia uma inquietação. Quer dizer, a vida dentro de casa tinha melhorado muito, mas, fora de casa, não necessariamente. As pessoas tinham mais emprego, mais renda, mais oportunidade. Em 2012, por exemplo, a taxa de desemprego do Brasil era 5,5%, a menor da série histórica. Então, era um quadro de quase pleno emprego e uma situação das pessoas melhorando de renda, de oportunidades, muita coisa sendo feita na área da Educação. Mas a segurança pública, a saúde e a própria Edu- cação eram ainda temas que geravam uma ansiedade, uma expecta- tiva de melhorias. A ida [para o ministério] também era para tentar responder a esse desafio na Educação.

Aprovação da vinculação do Pré-Sal à Educação

A oportunidade surgiu quando o Congresso discutiu o Plano Na- cional de Educação [PNE]. Todo mundo concordava que a Edu- cação era prioridade. O Plano Nacional de Educação estabelecia 20 grandes metas extremamente ambiciosas e 157 estratégias. Mas tem uma meta que define todas as outras, que é a 20, do financia- mento, porque nenhuma das outras metas é viável se você não re- solver o financiamento. Eu dizia, inclusive, em toda a discussão do Frustração petróleo do preço do aqueda com a mais estratégica entre todas as políticas públicas. políticas as todas entre estratégica a mais é que política, essa financiar que [o com opetróleo tinha gia Pré-Sal] emer nova que receita essa Então, nação. projeto de qualquer para decisiva éabsolutamente ela história, nossa da período Nesse ção. hoje éEduca Mas ser Educação. precisará não eprevidência, saúde como demandas, envelhecer e[haverá] vai outras apopulação pois pouco, um reduzir pode edepois reprimida demanda essa vendo resol você vai aqualidade, emelhora Educação na pessoas das cia apermanên assegura oacesso, acelera agente Se histórico. período na frente. frente. na 10, 20 pensar anos para receita fonteresolver 20, de ameta uma ter que tinha ser efetivo, para O PNE, pé. em nada fica enão seguir vai não que diz chega Trump] [Donald que Kyoto, oprimeiro de aí pois oTratado virar podia não mas proposta, bela ele uma era que PNE, soja, o milho, os nossos produtos de exportação. exportação. de os nossos produtos omilho, soja, ferro, a de ominério foi Não Foram opetróleo. só outro. era posse, tomamos [de 2014] quando um; era presidencial a eleição eomundo 2014. nós disputamos dizer, de semestre Quer no segundo aconteceu quanto curto tão período em um brusca tão queda uma história na US$ 30.aconteceu Nunca para caiu aUS$ 120,estava US$ 130 obarril, o que petróleo, é porque frustração, certa uma de você fala Quando financiamento daEducação. financiamento no salto 10, ogrande será para 20 anos, olha agente maior. Quando vez ser cada vai à Educação dar vai o petróleo que e a receita tituído, cons contabilmente está Pré-Sal do Social vez maior, oFundo cada é Pré-Sal do aprodução mas temporariamente, cai 2015. receita Essa de 2014 para no final commodities das pelo desabamento pactados im fortemente 2009 são de a crise bem atravessaram que gentes Nós temos uma demanda reprimida por Educação, e é por um eépor um por Educação, reprimida demanda Nós uma temos Você vê que a crise é geral na América Latina. Os países emer países Os Latina. América na égeral Você acrise vê que ------178

| DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 179 Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa

O Pnaic [Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa] nasce em 2012, primeiro de um diagnóstico: era preciso fazer um exame de avaliação universal para que o governo soubesse o estágio de alfa- betização de todas as crianças, no máximo, até os 8 anos de idade – se estavam lendo adequadamente, escrevendo o que era necessá- rio, se sabiam as primeiras contas, a aritmética básica, que é adequa- da para essa faixa etária. Então, nós criamos a ANA, Avaliação Nacio- nal da Alfabetização, para saber a situação de cada criança em cada sala de aula. O que os dados anteriores e a ANA comprovam? Que 22% das crianças não leem o que deveriam, que uma em cada quatro não aprende a ler até os 8 anos de idade, que 34% não escrevem o que precisariam, que uma em cada três não domina a redação e que 57% não sabem os princípios da matemática que deveriam. É uma situação muito grave, porque, se você não resolver a alfabetização, nada mais vai acontecer com aquela criança na escola. Ora, o que ela não aprendeu a falar, ela não aprende a ler e a escrever. Por isso am- pliamos a faixa etária de escolarização obrigatória, antecipando de 6 para 4 anos a idade inicial de entrada na escola, e colocamos no PNE. É fundamental para essas crianças que nascem na pobreza en- trarem mais cedo na escola. Qual era a ideia? Nós temos 300, 310 mil professores alfabeti- zadores [predominantemente professoras]. Demos uma bolsa para poder reforçar o compromisso com o programa e fizemos um pro- grama de formação continuada em parceria com as universidades que vão trabalhar a formação permanente desses docentes, para podermos avançar na questão da alfabetização. Após um período de experiência, quando eu volto para o MEC [já no segundo man- dato de Dilma, em 2015], os resultados não são o que esperávamos. Nem todas as universidades estão prontas para resolver essa ques- tão. Então, mudamos, priorizamos as secretarias de Educação esta- duais e municipais, ampliamos os espaços de coordenação no pro- grama e começamos a produzir o material para o professor e para as crianças, estruturado, pedagógico. Por exemplo, no Nordeste, há um material integrado. Na região Norte também, aula a aula, dia a dia; para todos os professores que quiserem, está pronto o material de orientação para o professor e para as crianças. O Ensino Médio eaformação Médio O Ensino professores de essa tarefa que é uma grande prioridade histórica. histórica. prioridade grande éuma que tarefa essa realizar para eaprimorado consolidado mais muito hoje está grama e [creio que] o pro a metodologia, mudamos Então, criança. uma alfabetizar para aula de sala em uma entraram nunca universitários os professores que acho academicamente, prestigiadas altamente algumas Em sucesso. um foram – por exemplo, –que em Rondônia esperava não agente que Tem universidades resultado. dando vam esta não que as eexcluímos com elas, aparceria eampliamos dos sino Médio], mas ele estava bastante amadurecido. Não tem reforma reforma tem Não amadurecido. bastante ele estava Médio],sino mas Reforma no En 2017 em fevereiro da como de Lei [MP 746, sancionada autoritária provisória medida com aquela desnecessariamente so governo [de Temer esse Michel Acho que a base. concluir quando aenfrentar, começando estamos que acho Mas ria. necessá mudança uma Era formação]. de [áreas em cinco optativas de e30% a40% atodos, aprendizagem de direito omesmo dar para comum, base uma 60% a70% de de previa que proposta uma de trega foi que aen fundamental, fase uma concluímos ogoverno, mas dou mu porque concluímos não esó [BNCC], adebater começamos que Curricular Comum Nacional foi isso aBase para resposta boa meira A pri profissionalizante. ensino já um quer tecnológica, mais área uma mais vezes quer às biológicas, exatas, humanas, para vocação, de diversidade uma jovem. já tem nesse Ele já existe que interesses de diversida a prejudicam que e aprendizagem a dificultam que nas, 13, 14 12, discipli São enciclopedista. rígido, engessado, muito culo currí éum Médio Ensino problema do oprimeiro Acho que escola. Tem oproblema da problemas. de também tipos vários são drogas... trabalhar, para cedo mais sair os jovens precisam em que famílias de marginalidade, da precoce, planejada não gravidez da questão a Há escola. problema da só éum Não escola. na estão jovens não de 1,6 milhão Cerca de Médio. no Ensino estão 57% pois atrasados, estão alguns mas escola, na 84% estão 15 e17anos, jovens de Entre epermanência. acesso problema de um tem ainda Médio O Ensino Além disso, selecionamos as universidades que deram resulta deram que universidades as selecionamos disso, Além ] atrasou oproces ] atrasou de ­de ------

180 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 181 de cima para baixo, nem de fora para dentro. Na Educação, ou você dialoga, motiva e constrói, ou você tem mil escolas ocupadas, greve e prejuízo. O segundo maior desafio, que tem sido pouco discutido, é a formação continuada e inicial de professores: 69% dos professo- res de física não são formados em física; 60% dos de ciências não têm nenhuma formação em ciências; quase metade dos de mate- mática não tem formação em matemática. Às vezes não é só que não tenha licenciatura; às vezes não tem o bacharelado – ele não é da área, pega o livro e dá uma aula porque precisa acumular ho- ra-aula, vai agregar na jornada de trabalho dele para melhorar o salário. Se você não enfrentar o problema da formação de profes- sores, não vai dar um salto no Ensino Médio. Além da Universida- de Aberta do Professor [programa de ensino a distância do MEC], que é um ganho, lançamos vários programas de formação, como o Pibid [Programa Institucional de Iniciação à Docência], o Par- for [Plano Nacional de Formação de Professores]. O Pibid permite a 74 mil estudantes de licenciatura em pedagogia fazer o estágio para aprender na sala de aula e para já entrar com alguma forma- ção. Depois você tem na área da matemática o Parfor e outros pro- gramas de apoio. Nós identificamos 104 mil vagas ociosas na rede federal de ensino. A partir do segundo ano, se alguém abandona aquele curso, fica ali durante dois, três, quatro anos, e aquela vaga não é preenchida. Se alguém apresentar o currículo, pode até ser que o departamento reconheça. Então, identificamos essas vagas pelo Censo Escolar e eu lancei a Universidade Rede do Professor. A ideia é que essas [vagas] sejam prioritariamente para os professo- res efetivos que já estão na sala de aula dando uma disciplina para a qual eles não têm formação. Fizemos com o Conselho Nacional de Educação [CNE] o itinerário mínimo de horas-aula que eles pre- cisam ter para poder concluir sua formação – ou a licenciatura, ou o bacharelado, ou os dois. Então, foi feito esse diagnóstico, esse trajeto simplificado, e o professor acessava direto essas vagas. No primeiro edital tivemos em torno de 4 mil professores que acessaram essas vagas, e no ensino a distância foram 3 ou 4 mil, algo em torno disso. O ensino a distân- cia, aliás, é outra oportunidade. A Universidade Aberta é um grande instrumento, mas é preciso dar continuidade a esse esforço e abrir Tecnologias sala de aula se não for a partir da relação professor-aluno. relação da for apartir não se aula de sala na acontece os professores. Nada para prioritariamente vagas essas discutir questões do Enem. O Canal Futura participou dessa rede, rede, dessa participou Futura OCanal Enem. do questões discutir para hora [da programação] uma destinava Escola TV a Rede tarde, da 6horas às Todo êxito. dia, grande de programa éum baixo, muito é custo isso, eo jovens fizeram de 4,6 milhões de torno Em nota. na 20% de ordem da melhora uma ele tem plataforma, 100 nessa horas de estudo um no] o[desempenho ele Se fizer Enem. melhorar para precisando estava que àaula [O roteiro. assistia aluno] eum -aulas 1.220 horas tinha “MECFlix”, de chamei eu que E [em] portal, um diagnóstico. ele um recebe Enem, do concentração de áreas as das to em [o mesmo]. em geografia” Enfim, em português, aqui; fraco está nisso, em matemática bem “Você está diagnóstico: um recebe ele Depois, feito o Enem. tivesse se ele tiraria que É a nota nota. uma hora recebe aprova mesma ena termina aprova, fazer para horas ou oito seis que acho tem entra, ele Ele quiser. onde no PC, no tablet, no celular, fazer pode Oaluno ano. longo do ao oEnem para on-line eletrônicos, simulados Médio]. três Fizemos Ensino do me Nacional foi [Exa Enem aHora do futuro, do metodologia uma criativa, mais desempenho. de onível lhorar me tentar para instrumentos Professor. do alguns Demos no Portal e os professores tablet nesse para disponíveis todas didáticas, bem curtas, aulas São ematemática. química física, biologia, colocamos on-line], e nós aulas de [programa Academy a Khan traduziu época na que Lemann, com aFundação parceria uma também Fizemos pesquisa. [ofo asua [onde tablet] efazer abrir oprofessor] poderia Pró-In laboratório um 108 têm mil lerda, ou banda larga com banda escolas mil 65 também tiver. ele que São wi-fi em qualquer em casa, abre Ele ali. estão física de didáticos os livros todos física, de aula dar ele se vai Então, incluído. disciplina professor naquela precisava o que de bibliografia da oconteúdo com todo tablets mos 490 mil compra gestão: primeira minha na ainda fizemos, que coisa Outra Para o 3º ano [do Ensino Médio], acho que a melhor iniciativa, a iniciativa, amelhor que Médio], acho [do Ensino o3º ano Para ------182 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 183 quase todas as TVs públicas do Brasil, mais de 40, participaram. Co- locamos na plataforma da TV Escola todas essas questões. Eram 500 mil acessos e foram para 8 milhões. Muita gente começou a estudar com essa metodologia.

Proposta de um curso para diretores de escola

A rede de Educação Básica não é do MEC. O ministério dá apoio téc- nico, financeiro, e isso ajuda a induzir a qualidade nesse tripé da Educação que é acesso, permanência e qualidade. Você tem instru- mentos do MEC, mas a rede é do prefeito, do governador, do secre- tário municipal, do secretário estadual. Temos que dialogar com as redes, convencer e dar instrumentos para elas avançarem. A primei- ra grande questão no caso dos diretores de escola é acabar com a indicação política. Acho que melhorou muito no Brasil – não é mais a mulher do prefeito que indica a amiga dela para ser diretora. Tem que ter uma meritocracia, tem que ser bom profissional. Pode até ter um processo de escolha, mas tem que ter um processo de certifica- ção de quem pode concorrer. A ideia do curso era dar [ao diretor] noções administrativas, fi- nanceiras, de todos os programas públicos que ele tem que acessar, de mediação de conflitos na escola, [de como lidar com] o problema da inclusão e da diversidade. Também [abordar] o problema da pre- sença dos professores, do tempo que se perde na sala de aula por au- sência de disciplina. Então, a ideia era reunir as melhores experiên- cias do Brasil e transformar em uma escola de diretores – primeiro, para os diretores que estão nas escolas poderem se formar; segundo, para aqueles que querem ser diretores terem o curso. A certificação é a rede que vai exigir, a não ser que se faça uma legislação nacional, mas a rede exigiria, e muitos estados estavam interessados. Esse pro- grama estava pronto, muito bem desenhado, espero que siga adiante. Lamento se não fizerem, porque é uma grande prioridade. O dire- tor faz muita diferença na escola, um bom diretor muda uma escola. Agora, como você não pode ficar esperando só bons diretores, você precisa ter um programa de formação para melhorar o padrão dos diretores de uma forma geral, para melhorar o conjunto das escolas. Fundo Financiamento de Estudantil dele toda sem ter acesso ao crédito [por causa da inadimplência], inadimplência], da causa [por crédito ao acesso sem ter toda dele vida a ficar querer vai não Ele barato. mais crédito – eéum pagar para vida uma etem carência de período um tem que titulou, se que jovem um pegando você está Mas crise. da por causa plência] éalta inadim [A financiamento. algum pagando está ou não prestação alguma devendo está população da metade formosSe comparar, prestação. 29% em alguma éde inadimplência de ataxa plência,] inadim alta de críticas as [Sobre financiamento. de precisam que pessoas são ésocial: ocritério Mas demanda. tinha porque lerado, ace crescimento um 2012 Em e2013, também teve ministro. era não frustraram. se 5milhões de Mais critos. ins de 7milhões para vagas de ou menos 1,8 milhão mais Tivemos federais... [universidades] das eampliação Sisu mento Estudantil], Financia de [Fundo Fies com Superior, ProUni, e isso no Ensino gas va novas [2016] de 1,8 milhão passado de no ano Tivemos em torno está no setor privado. privado. setor no está vagas de oferta 76% porque da excelente parceria, éuma o Estado, Para afaculdade. para pequeno émuito aula de sala na aluno um mais colocar de custo O fiscal. incentivo por um aluno um troca –você Todos], integral bolsa para éuma porque Universidade ma [Progra éoProUni que excelente opção, segunda vem uma Sisu, Terminou por ano. o vagas mil ou menos 340 mais São federais. públicas universidades nas vagas seleciona que Unificada], Seleção vem [Sistema de oSisu oEnem, termina Quando inscritos. de lhões 9ou 8mi tem vezes. OEnem sete seis, cinco, quatro, três, duas, uma, inscrevem se Algumas no Enem. inscreve se pessoas dessas metade Quase os anos. todos universidade na entrar querem soas pes de pelo menos [no Superior], 20 milhões que Ensino estudar a voltar querem que 29 anos de com mais alguns mais incluindo grosso modo considerar, Podemos entrando. milhões 2,2 mais ano Todo universidade. na entraram enão Médio oEnsino terminaram que pessoas de 16,8 há 18rior. jovens a29 Dos anos, de milhões Supe Educação epela por Educação reprimida demanda mo de cha eu problema que do éotamanho qual bem expressa O Enem No caso do Fies, o grande crescimento foi em 2014, quando eu foi em 2014, crescimento quando ogrande Fies, do No caso demanda. da tamanho ao respondem não eoSisu o ProUni Mas ------, 184 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 185 então precisará resolver isso. Tem ainda o avalista dele. Então, - dito que o Fies é um instrumento indispensável, consagrado inter- nacionalmente, e que teremos que continuar usando. O crédito é subsidiado no Brasil porque a taxa de juros é das mais elevadas do mundo. Se tivéssemos um padrão de financiamento mais am- plo, o subsídio público poderia ser muito pequeno. Ele é maior no Brasil porque é impossível um jovem que vai começar a vida pegar um financiamento com essa taxa de juros que está aí. O programa, inclusive, ganhou prêmio de gestão do TCU [Tribunal de Contas da União] e CGU [Controladoria-Geral da União], dos mecanismos de controle, pelo rigor, pela forma como é conduzido. Eu fiz um apri- moramento, na minha gestão, absolutamente espetacular. A maio- ria das bolsas, acho que mais da metade, é para os cursos de nota 5 e nota 4 [no Enade, Exame Nacional de Desempenho dos Estudan- tes], os melhores cursos do setor privado. Não é para qualquer área. É para medicina, engenharia, áreas tecnológicas, TI [tecnologia da informação], ciências exatas e para formação de professores. Defi- nimos, por prioridade, quais eram as áreas de que o país precisa. Você dá [vagas] predominantemente para os melhores cursos, para aquelas áreas que são estratégicas para o país. É um processo de seleção que é feito a partir da nota do Enem; portanto, tiramos o controle da instituição e ela recebe, em função da pontuação dela, um conjunto de bolsas. Veja que tem um dado que as pessoas não publicam. Eu repito muitas vezes, vou falar aqui, vai ser interessante. No exame do Ena- de, em 2015, ao analisarmos os dados dos concluintes da faculdade, vemos que 35%, um em cada três, representavam o primeiro da fa- mília que recebia um diploma superior. Estamos falando de mais de 500 anos de história do país. O que incomoda, eu acho, é que o acesso à universidade era privilégio de poucos no país, e nós trans- formamos em uma possibilidade de todos.

Lei de Cotas em 2012

Eu fiquei anos ali no Senado tentando aprovar a Lei de Cotas. O re- lator era o Demóstenes [Torres, senador pelo Democratas (DEM) de setor privado em média. setor privado o que do émelhor boa, é muito público Médio Ensino do Aelite ria. maio Éaampla Médio. Ensino do concluintes dos 87% são que ca, públi escola da os melhores são Porque programa? do são não que os que do melhores são ProUni os do Por que Brasil. do versidades uni melhores as são pública, universidade da cotistas dos No caso ProUni. do são não que alunos dos do éacima ProUni ganhou quem de –odesempenho cotistas não dos ao superior cursos, em vários e, éequivalente cotistas dos Odesempenho eles apontam? O que Fies. ProUni e pelo beneficiados edos cotistas dos o desempenho avaliar para Enade do exames de 1milhão pegaram que Califórnia, da Universidade da eooutro Unicamp da professores, um dois de pesquisa uma E tem fez Norte pesquisa. do Grande Rio do Federal aUniversidade fez pesquisa, Gerais] Minas de Federal [Universidade aUFMG fez pesquisa, Brasília] de [Universidade –aUnB pesquisas várias tem Agora particulares. escolas melhores às particular, cola àes equivalentes eles são pública, escola da os melhores ali pego eu quando Então, maioria. a ampla são Eles Médio. Ensino do cluintes con dos 87% são pública rede da alunos Os olham. não pessoas as Repito, mas Américas. nas aescravatura aboliu tardiamente mais perderiam, porque hoje não teriam argumentos para se contrapor. se para argumentos teriam hoje não porque perderiam, e importante, histórico debate um mais perder iam que sentiram Eles autocrítica. fazer que etiveram contra foram Rousseff] Dilma governo eles [a ao que oposição políticas de série feito uma tínhamos bomcrescimento, momento, de um vivia opaís com força política, 2010. de Estávamos nós vencemos campanha na debate esse que e acho a relatoria, mudou parlamentar], decoro de 2012 por quebra em [cassado Parlamento do saiu ODemóstenes enegros. indígenas com recortes jamais pública, rede da alunos para coisa alguma – era isso fazer para alianças poderosas –eele tinha ele aceitava que ximo O má Federal]. Senado do eEsportes Cultura Educação, de missão [Co comissão foi da presidente edepois sentou em cima que Goiás], Eu acho que é uma solução brasileira, mas nós fomos o país que que nós fomos opaís mas brasileira, solução éuma que acho Eu ------186 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 187 Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego

O programa foi pensado com o diagnóstico de que precisávamos primeiro estimular os brasileiros a ter uma atitude de estudar ao longo da vida. A mudança no mercado de trabalho, as novas tecno- logias, o aumento de eficiência... tudo isso será cada vez mais veloz. Se as pessoas não estudam, não se formam, e, se não estão atuali- zando sua formação, vão ficar para trás – as nações, as famílias e os trabalhadores. É uma cultura de se formar profissionalmente. Nós tínhamos em torno de 3,5 milhões de matrículas no Ensino Superior [em 2002], fomos para mais de 8 milhões [em 2015], ou seja, aumentamos em quase 5 milhões de matrículas. Mesmo assim, re- pito: de cada 7 milhões de alunos que fazem o Enem, 5 milhões não vão entrar. Você responde o que para essas pessoas? “O Pronatec: vai estudar, vai fazer um curso técnico subsequente [ao Ensino Médio]. E fizemos uma mudança importante junto com o CNE: se um aluno faz um curso técnico no Ensino Médio, essas disciplinas contam se ele for fazer um tecnológico superior. Se ele começou, por exemplo, um tecnológico superior em engenharia e desistiu, e vier fazer o téc- nico, aquelas disciplinas incorporam, então ele acelera a formação. Você cria uma mobilidade para cima e para baixo entre a qualifica- ção profissional. O programa [teve] um resultado estrondoso, espe- tacular. A formação inicial e continuada foi um sucesso, do ponto de vista dos cursos e da melhoria na formação da mão de obra. No Ensino Médio, cresceu fortemente o Ensino Profissional e Técnico, tanto que essa mudança no currículo [na reforma do Ensino Médio e na BNCC] vem também por pressão do Pronatec, porque ele colocou pressão por mais Educação técnica e profissional.

Saída do Ministério da Educação, em fevereiro de 2014

Naquelas manifestações em meados de 2013, eu fui chamado para o centro do governo – eram milhões de pessoas na rua com uma pauta absolutamente diversa –, para tentar construir, entender o que estava acontecendo e formular políticas que ajudassem a su- perar aquele momento. Nós fizemos cinco pactos: Educação, saúde, senvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais Profissionais dos Valorização ede Básica Educação da senvolvimento eDe Manutenção de [Fundo oFundeb certa, idade na a alfabetização Então, institucionalize. se ela que Estado, de política seja Educação a que Eéimportante no Brasil. Educação da ahistória nós mudamos mudamos, oque forte émuito momento. Na Educação em algum construí que profundo Brasil esse que acho Mas jurídica. sem base golpe parlamentar, foi um mim, Para responsabilidade. de sem crime presidenta da afastamento aesse echegamos mentando au foi desgaste O dificuldades. de série uma [se] foram então criando orçamentária, aprovava alegislação não avançar, Você conseguia não uma sabotagem. governo, fora do ede dentro de golpista, posição uma para migrar a começou crescentemente insatisfação, aquela sentindo oposição, da parte Uma processo. desse àfrente estiveram infelizmente que e mencionar, nem apena vale não décadas, de divergências tenho [com quais] as por pessoas capitaneada com programa, nosso de identida tinha não que conservadora Venceu maioria uma cional. [em perdemos é que 2015] Na no Congresso e a verdade a eleição cresceu, social ainsatisfação internacional, ecom asituação seca Com com a força. alimentos e nos energia voltouna bio, ainflação ocâm impactou commodities das Aqueda no Sudeste. inclusive em 2014 aseca e2015 foi terrível, desabaram, commodities as ça, for chegou com econômica muita acrise outro, era omundo disse, como e, eu aeleição terminamos que Só oMEC. para evoltar ção aelei terminar era expectativa Minha Civil. aCasa evou para saio eu Então, Paim. do como secretário-executivo Sisu, do secretário sido etinha oEnem aorganizar Teixeira],sio foi ajudou que quem Aní Educacionais eEstudos Pesquisas de Nacional [Instituto Inep [José Paim Henrique] nando] Haddad com o[Fer trabalhado já tinha que omeuera secretário-executivo, quem Educação na Mantive campanha. na gestão, na ajudar para dar na campanha. na dar aju para também ficasse eu que quis Apresidenta presidencial. nha começava acampa período, nesse Exatamente resposta. boa uma demos Acho que econômica. estabilidade mobilidade, segurança, O nosso ajuste fiscal, que precisava ser feito, virava bomba fiscal. fiscal. bomba virava ser precisava feito, que fiscal, O nosso ajuste muito, sair que tinha ela porque Civil, na Casa fiquei Então, , tinha uma bela formação no ministério, que era o era que no ministério, formação bela uma , tinha [Costa], que estava no [Costa], estava que Cláudio Luiz do , além mos voltará ­mos voltará ------

188 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 189 da Educação], os royalties do petróleo, agora mesmo falamos do Pro- natec, do Ciência sem Fronteiras. Esses programas precisam se man- ter como políticas de Estado. O PNE precisa ser cumprido, precisa ser uma referência fundamental para todas as decisões. Essas expe- riências precisam ser consolidadas, e que cada um possa aprimorar, ajustar ou construir alguma inovação, mas sem desconstituir aquilo que deu certo e aquilo que avança.

Volta ao ministério, em outubro de 2015

Eu fui muito motivado pela Educação, eu adoro o Ministério da Educação. A experiência de ministro da Educação é uma experiên­ cia fantástica. Tudo bem que cada esquina tem uma escola, você tem 60 milhões de estudantes, 3 milhões de professores, é uma coi- sa muito grande, muito forte, todo mundo debate, mas é um tema que o Brasil devia discutir ainda mais. É uma experiência fantásti- ca. A equipe que estava lá era a equipe que eu conhecia da minha época, e algumas pessoas que vieram depois eram muito boas, e eu mantive. Era uma área que eu conhecia. Essa coisa de que está faltando dinheiro é uma desculpa para quem não sabe fazer, você tem que fazer mais com menos. O pensamento econômico clássico diz que a poupança determina o investimento. Tem um economista, o Kalecki [Michal Kalecki, economista marxista polonês], que ensi- nou: o investimento é que determina a poupança. Os bons projetos é que trazem os recursos. Por exemplo, a Hora do Enem não custou absolutamente nada, o Senai [Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial] pagou e é um custo residual. É um programa que cria- mos na segunda gestão e que foi altamente exitoso. Nós prepara- mos o Sinaeb [Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, que teve portarias revogadas em setembro de 2016 pelo ministro da Educação, José Mendonça Bezerra Filho], um novo sistema de ava- liação da Educação Básica, que, infelizmente, eles [o governo Temer] retiraram da pauta. Nós aprimoramos o Fies com todas essas re- gras, os melhores cursos, as áreas mais estratégicas. Lançamos esse programa de formação de professor com as vagas ociosas. Aprimo- ramos o Pronatec, fizemos um acordo com o Sistema S para manter levantou contra o golpe e continua muito forte. forte. muito ogolpe econtinua contra levantou se éprogressista, oque defende aliberdade, defende democracia, a defende Ela foi fantástica. crise momento de naquele A Educação período. enósnesse fizemos recurso, tendo fazer, não mesmo pode você coisa muita Então, abandonou. governo, infelizmente, esse que empresariais, lideranças as com todas acordo um Planalto do lácio no Pa elançamos Saceitou eoSistema matrículas, de 2 milhões - 190 | DILMA | ALOIZIO MERCADANTE 191 Henrique Paim

03.02.2014 a 01.01.2015

Chegada ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação em 2004, na gestão de Tarso Genro

Eu tenho uma trajetória de bastante experiência em gestão pública, desde jovem. Sou originário de um banco de desenvolvimento no Rio Grande do Sul, que coordenava um programa de financiamento a municípios com o Banco Mundial. Depois [em 1995] fui convidado para uma secretaria nova criada pelo Tarso Genro [quando prefeito de , RS], de Captação de Recursos e Cooperação Inter- nacional, que tinha a responsabilidade de buscar financiamentos para grandes projetos na cidade. A partir desse meu trabalho na secretaria, acabei virando secretário municipal, e depois tive uma passagem pelo governo estadual, onde fui secretário de Plane- jamento. Em 2002, quando o Tarso Genro foi convidado para ser ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, ele me chamou para ir a Brasília com ele, para assumir uma função no conselho. Em seguida [em 2004], ele foi indicado para ser ministro e me convidou para ir para o Ministério da Educação [MEC]. Pelo meu perfil na área de gestão pública e também na área de financiamento, Henrique Paim (1966-), depoimento em 30.11.2016 em depoimento (1966-), Paim Henrique 192 | DILMA | HENRIQUE PAIM 193 ele sugeriu que eu assumisse o FNDE, o Fundo Nacional de Desen- volvimento da Educação.

Reestruturação do FNDE

Nós começamos um processo de reestruturação. Fizemos um pla- nejamento estratégico e começamos a rever o modelo organizacio- nal do FNDE. Começamos a implantar uma relação institucional centralizada para que os estados e municípios pudessem recorrer ao fundo sem qualquer tipo de intermediação, um trabalho que me deu muita satisfação, mas também dor de cabeça – não foi um trabalho fácil. Existia, na época, um questionamento das se- cretarias do MEC de qual deveria ser o verdadeiro papel do FNDE: se deveria ser um órgão de suporte ao Ministério de Educação, ou se deveria ser um órgão mais autônomo, que inclusive influenciasse a questão de formulação de políticas públicas de Educação. Desde o início, fazendo um levantamento na história do FNDE, nós vimos que, para que ele funcionasse, tinha que ter um papel de suporte ao ministério, e não um papel de concorrer com as secretarias. Fi- zemos um verdadeiro alinhamento com o Ministério da Educação nesse sentido. Na época o secretário-executivo era o Fernando Had- dad e nós, desde então, começamos a ter um relacionamento muito afinado, trabalhando em conjunto. Essencialmente, o FNDE, por ter essa função de braço operacio- nal da Educação Básica, tinha um relacionamento muito forte com estados e municípios. Nós tínhamos o programa de transferência automática, nós tínhamos o Fundef [Fundo de Manutenção e De- senvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magis- tério], depois o Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação], então tratamos de aprimorar esse relacionamento. O que chamava a atenção na época era que existia uma fragmentação muito grande das ações do ministério para atendimento a estados e municípios. Além disso, não existia um diagnóstico desses estados e municípios que verdadeiramente necessitavam mais de ajuda para melhorar sua situação educacional. Isso nós fomos ter em 2007 – eu já estava um redesenho de processos em várias ações do ministério. ministério. do ações em várias processos de redesenho um afazer começamos nisso, Com base emunicípios. estados desses necessidades às atendiam não que efetivas, eram não que ações de conjunto um tinha também MEC o que comecei averificar nicípios, e mu estados desses demanda a qualifiquei eu em que medida na apoio, porque, de ações suas começou arever as também Educação ministério. do mérito de análise por uma obviamente, passando, isso – os financiasse o fundo que para trabalho, de projetos, planos FNDE ao eapresentavam com municípios, especialmente cípios eestados, com os muni relação tinham que consultores por intermediários, Educação da Ministério ao apresentados vezes eram muitas então, projetos, até projetos. Esses apresentar de condições tinham não que apoio, por menos recebiam os que vezes, eram muitas municípios, esses que Vimos MEC. do apoio de necessidade tinham realmente que os municípios identificar Ideb, por meio do conseguimos, porque lação à gestão. Houve uma adesão maciça dos estados e municípios. emunicípios. estados dos maciça adesão Houve uma àgestão. lação também. fosse planejada Educação da Ministério do aação que para até rem implementadas, ase plurianuais ações gerar então, e, emunicípios estados desses potenciais demandas as levantar pudéssemos diagnóstico, com esse que, era Aideia professores de einfraestrutura. formação avaliação, de pedagógicas práticas educacional, gestão com educadores: são discus ampla uma com época na definidos foram que dimensões quatro de indicadores feita era por meio de discussão Essa cação. Edu da qualidade na melhoria uma tivéssemos que para financeira, quanto técnica em assistência apoio, tanto dar pudesse ministério o que para carências, maiores as seriam quais identificassem tado eoes omunicípio com que fazer como justamente objetivo tinha realidade, na OPAR, Articuladas]. PAR Ações [Plano do de criação [PDE], em 2007, Educação da a Desenvolvimento de Plano do a partir especialmente atrabalhar, começamos Então, emunicípios. tados es desses autoavaliação uma faltava Mas Educação. da qualidade à em relação eestados municípios de asituação era qual indicava que máster indicador um ater passamos Ali Básica]. Educação da Desenvolvimento [Índice de oIdeb criarmos –, FNDE fora ao do Foi um processo muito rico. Conseguimos avançar muito em re muito avançar Conseguimos rico. muito processo Foi um da Ministério foi opróprio que ações nossas das O resultado Primeiro, interessante. muito resultado um Com tivemos isso, ------

194 | DILMA | HENRIQUE PAIM 195 Em 2008, todos os municípios e todos os estados fizeram o PAR, e ali tivemos também algo importante. Falamos sempre em regime de colaboração, e o regime de colaboração é sempre cobrado da União. A ação da União, e do Ministério da Educação, é supletiva. Ela tem que apoiar os estados e municípios dentro do regime de colabora- ção. Só que pouco se discute o apoio dos estados para os municípios, e vimos, no processo todo de adesão dos municípios na elaboração do PAR, vários estados apoiando os municípios. Percebemos que ha- via, de fato, uma fragilidade por parte dos estados, porque muitas vezes os estados não sabiam o que pedir. Assim, foi-se trabalhando. O ministério também não sabia o que oferecer. Foi um processo dia- lógico de construção que acabou gerando uma melhoria na gestão, até o momento em que vimos que o processo estava mais maduro e a burocracia do Ministério da Educação absorveu esse processo, tanto do FNDE quanto das secretarias, mas é óbvio que todo proces- so tem que ser permanentemente aperfeiçoado.

Como se tornou ministro da Educação

Eu trabalhei, na verdade, com três ministros: primeiro com o Tar- so, quando eu era o presidente do FNDE. Mas ali já havia muito em sintonia com o Fernando Haddad, que era secretário-executivo. Quando ele virou ministro, o convite para eu ser secretário-execu- tivo surgiu dessa relação que estabelecemos, de alinhamento muito grande. Depois, tivemos a vinda do [Aloizio] Mercadante, em 2012, e ele também teve uma postura muito correta no sentido de dizer: “Olha, vamos valorizar o que está sendo feito”. Em certa medida, também acabei tendo uma sintonia com ele, fazendo a ponte entre essa estrutura do MEC, onde eu estava havia muito tempo, e o mi- nistro que estava chegando. O ministro Mercadante, naquele mo- mento do governo, tinha um papel importante no relacionamento com a presidente Dilma Rousseff. Ele então recebeu um convite para ir para a Casa Civil [Mercadante saiu do MEC para a Casa Civil em fevereiro de 2014]. Daí eu acabei, naquele contexto todo de final de governo, sendo escolhido pela presidente, com o próprio apoio do Mercadante, para assumir o ministério. Como eu disse, havia um Desafios ministro da Educação. da ministro como assunção minha da naturalidade certa gerando acabou isso e MEC, ao junto implementava eu que trabalho do reconhecimento gico efetivo em sua escola. escola. efetivo em sua gico projeto político-pedagó um ter éexatamente que importante, mais adiscussão fazer para tempo muito pelos tem professores, ele não ser utilizado para literatura ou de didático livro um em ter culdade difi tem que transporte, do em função no horário chegar estudante de [fazer] o dificuldade tem que escolar, em fornecer alimentação de dificulda tem que escola de diretor um fenômeno.esse Na verdade, ver vamos formos se àescola, porque, aprendizagem, da a questão melhor apensar passou Ogestor muito. evoluíram transporte, tico, didá livro escolar, como alimentação àestrutura, suporte de mas progra com esses com oFundeb, ensino, de sistemas mento dos funciona de básicas condições as Porque maturidade? essa havia Por que aprendizagem. da questão da em torno estaduais, quanto municipais tanto dosgestores, qualificação já uma havia Educação], de [Plano PNE Nacional do em função Porém, até emunicípios. dos esta dos houvesse demanda ainda embora isso, pouco um perado su 2014, chega tínhamos que percebo Quando recursos. por mais eestados municípios dos permanente cobrança eda anos longo dos ao cumpridas foram que metas de performance, de conjunto esse apresentar de no sentido interessante período Foi um ciências. sica, fí química, matemática, oprofessor ensinar para didática produção Haddad Fernando ministro do ideia foi uma aliás, oprofessor. para Essa, didática coleção uma tínhamos não Médio, oEnsino todo para didático 2006, até livro tínhamos, não Por exemplo, didático... livro transporte, escolar, alimentação para MEC do por recursos demandantes muito ensino de sistemas eram existia oque também, antes mas Educação], da Desenvolvimento de PDE [Plano do implementação da apartir especialmente anos, dos longo ao porque Educação, da no Ministério importante muito pa eta uma atingido tínhamos que gestão, minha de Percebi, no início , porque no Brasil temos pouca pouca temos no Brasil , porque ------196 | DILMA | HENRIQUE PAIM 197 Então, em 2014, senti que tínhamos realmente uma mudança de visão. Quando assumi, coloquei duas questões fundamentais. A primeira foi a formação de professores. Precisávamos discutir, veri- ficar que instrumentos o ministério tinha e como poderíamos fazer a articulação com estados, municípios e universidades. O objetivo era ter uma formação mais efetiva, tanto a continuada como a ini- cial. Na época houve a apresentação de um estudo que estava sen- do realizado pela professora Bernardete Gatti [da Fundação Carlos Chagas]. Fizemos várias discussões, e de fato vimos que a questão da formação inicial era essencial. Esse é um tema que [propicia] uma discussão muito longa. Te- mos, de um lado, os gestores, que muitas vezes não fazem a aproxi- mação com a universidade, e [, de outro,] a universidade, que tam- bém não faz a aproximação com os gestores do sistema de ensino. É um processo que precisa ser construído. Eu diria que, ao longo dos anos, conseguimos fazer essa aproximação. Por exemplo, quando eu estava no FNDE, quais eram os programas de formação de professo- res que o Ministério da Educação tinha? Na verdade, ele financiava ações pulverizadas, muitas vezes de instituições que nem eram edu- cacionais, que muitas vezes mandavam um projeto para o ministé- rio, o MEC avaliava o mérito, e o FNDE acabava financiando. Depois, fazendo um cruzamento de tudo isso, verificávamos que a institui- ção que estava formando os professores não era uma instituição educacional, não tinha as credenciais para formar professores. Mui- tas vezes aquela formação continuada era muito mais no sentido de estimular, de mobilizar os professores do que propriamente uma formação que estivesse relacionada à questão curricular, ao projeto político-pedagógico. É um processo, na minha opinião. Ao lado disso, havia a questão da Base Nacional Comum Curri- cular [BNCC]. Embora o PNE não tivesse sido aprovado ainda, sabía­ mos que tínhamos que fazer essa discussão da base, pois ela servi- ria, inclusive, para resolver a questão da formação de professores. Na medida em que tenho uma definição melhor do que devem ser os objetivos de aprendizagem e os conteúdos da Educação Básica, con- sigo também, de certa forma, fazer com que a universidade reflita em torno da formação inicial. Então, começamos esse debate tan- to com os estados e municípios como no âmbito das universidades, a partir das entidades representativas, como a Anfope [Associação Base Nacional Comum Curricular NacionalBase Comum Nacional Comum Curricular. Comum Nacional aBase quanto formação de aquestão tanto aprendizagem, da tão a ques discutir para Educação] de Municipais Dirigentes dos cional Na [União eaUndime Educação] de Secretários de Nacional selho com [Con oConsed reuniões ter Conseguimos interessante. período foi Esse um questões. duas dessas em torno discussão essa fazendo em Educação], ePesquisa Pós-Graduação de Nacional [Associação Anped ea Educação] da Profissionais dos Formação pela Nacional mos ter para o país. opaís. para mos ter devería Curricular Comum Nacional Base que verificar para me, aUndi com oConsed, universidades, com as discussão uma toda afazer Começamos PNE. do aprovação de iminência da em razão processo esse aacelerar começamos mas antes, começado já tinha a discussão Na processo. verdade, desse como liderança ministério o forma, certa de ele pois coloca, Curricular, Comum Nacional Base a para importante marco éum oPNE Então, abrangente. é muito que como oPNE, plano um de importância da fruto no Congresso, tramitação longo de período um Tivemos Educação. de Nacional em 2010, Plano Nacional, do Congresso ao foi oencaminhamento discussão sua deflagrou oque mas Nacional], Educação da e Bases [Lei Diretrizes LDB de da consta Curricular Comum Nacional A Base sim, fazer esse detalhamento”. detalhamento”. esse fazer sim, “Precisamos, dizendo: educadores havia ensino”. lado, de outro De os sistemas são que emunicípios, estados aos ser delegado deve Isso no detalhamento. entrar devemos enão área, cada para disciplina, cada para diretrizes construir verdade, na eprecisamos, dizagem apren de ser objetivos que têm “Olha, diziam: que educadores havia lado, um De esse. era importante mais isso? Odebate detalhar fato, de deveríamos, Ou Básica? Educação da ciclo em cada ano, em cada etapa, em cada aprender deveria aluno um que do detalhamento no entrasse não que mas aprendizagem, de objetivos definisse que BNCC uma ter Deveríamos ponto central. um era que base, mento da Tínhamos uma discussão bastante rica em torno do detalha do em torno rica bastante discussão uma Tínhamos ------198 | DILMA | HENRIQUE PAIM 199 Fizemos uma discussão bastante aprofundada e eu diria que chegamos a uma conclusão – e especialmente eu trabalhei nessa di- reção –, demonstrando aos educadores que resistiam ao detalha- mento que na verdade essa era uma discussão de inclusão educacio- nal, porque havia no Brasil sistemas de ensino com bons currículos elaborados, mas existia um conjunto de estados e municípios que não tinham currículos e que não tinham condições de elaborar um. Então, se eu conseguisse avançar no detalhamento da Base Nacional Comum Curricular de modo a criar uma referência com 60% do que deveria ser esse conteúdo, eu estaria – da mesma forma que fizemos no Fundeb – reduzindo a desigualdade educacional no país. Esse foi um aspecto bastante discutido, houve um certo con- vencimento nessa direção, de que de fato era preciso detalhar, por uma questão de inclusão educacional. Depois vimos que, com a aprovação do PNE, teve toda uma mobilização em torno da cons- trução da base, com todas as audiências públicas que foram feitas a partir de 2015. Eu diria que esse aspecto foi determinante, ha- via um certo consenso em torno da necessidade de detalhamento. Claro, sobre conteúdo há divergências, há questões ali ou aqui que podem ser discutidas em cada uma das disciplinas, mas, de fato, havia esse consenso.

Financiamento

Acho que atingimos uma certa maturidade com a questão do fi- nanciamento. O processo do Fundeb, quando conseguimos apro- var, exigia uma implementação gradual, tanto em função do or- çamento da União quanto da adaptação dos estados e municípios. Como eu estava incluindo mais matrículas no fundo [o Fundeb, que abrange toda a Educação Básica, substituiu o Fundef, restrito ao Ensino Fundamental], estava incluindo também mais impostos na cesta de impostos [que faz parte do fundo]. Então, eu não poderia gerar, em um primeiro momento, impacto imediato no sistema, de modo que tivesse um estado tendo que repassar muito mais recur- sos do que repassava para os municípios habitualmente, ou mu- nicípios que tinham que passar para outros municípios e muitas Plano Nacional de Educação de Plano Nacional não sejam implementadas imediatamente. implementadas sejam não coisas as que vezes determina muitas eque importante ponto mais éo esse que acredito Eu adiante. prejuízo teremos um corretamente, [o se porque, for processo] atropelar, construído não podemos não Mas processos. acelerar de necessidade uma forma, certa de traz, Isso Básica. Educação da universalização dessa assim, digamos ra, consolidado como uma 1988 de realmente aConstituição Tivemos 1930. éde MEC do Acriação aEducação. para tardio despertar um Nós tivemos histórica. questão auma associada está aisso relação 2011 tivemos uma implementação plena. plena. implementação 2011 uma tivemos Somente em anos. em quatro foi implantado oFundeb que tanto gradual, implantação ser feita uma que teve Assim, alunos.] mais com os sistemas aprivilegiar modo de federação, da os entes entre recursos de redistribuição de lógica em uma baseia-se o Fundef, como assim Fundeb, [O dificuldade. de situação uma vezes gerar Ministério da Educação. Educação. da Ministério próprio do gestão na amadurecimento desse foi fruto também PNE de modelo esse que diria Eu estratégias. de conjunto e um 20 metas – interessante foibastante opinião, minha na que, um modelo finir de econseguiu-se aprofundada, interna, discussão uma Ocorreu como acompanhá-las. teríamos não senão porque metas, muitas tivesse não que plano um construir que Tínhamos 300 metas. de plano um era com PNE Brasil do anterior Aexperiência ciado. do Haddad por Fernan eliderada conduzida discussão uma de apartir que, foi PNE do elaboração de em termos fundamental considero O que que conseguiu contemplar todas essas questões necessárias para para necessárias questões essas todas contemplar conseguiu que PNE um Construímos Cultura. da Saúde, como os da educacional, com aquestão relação alguma tinham que ministérios eoutros ca econômi aárea Civil, envolveu aCasa discussão no governo. Essa interna discussão uma haja que épreciso abrangência, dessa de, São processos lentos. Acho que a grande angústia que ocorre em ocorre que angústia agrande Acho que lentos. processos São É óbvio que, para que se encaminhe um plano dessa magnitu dessa plano um encaminhe se que para que, É óbvio , conseguimos chegar a um modelo bastante diferen bastante modelo aum chegar , conseguimos ------

200 | DILMA | HENRIQUE PAIM 201 que pudéssemos melhorar a Educação do país. Até porque ele tinha uma inspiração no próprio PDE [Plano de Desenvolvimento da Edu- cação, lançado na gestão de Fernando Haddad], que foi construído em 2007. Um plano que também refletia aquilo que falamos lá atrás, que foi a questão da visão sistêmica de Educação, ou seja, de aten- dimento a todos os níveis e etapas da Educação do país. Eu diria que o modelo foi essencial, porque permitiu uma discus- são de alto nível. Houve um consenso, nós encaminhamos ao Con- gresso, e obviamente que o Congresso fez um amplo debate. Muitas emendas foram feitas, houve muita discussão, audiências públicas, uma discussão aprofundada, com cobrança da sociedade em rela- ção à aprovação do PNE. Foi um processo muito rico. Eu diria que o PNE é um reflexo de todo esse amadurecimento. Nós dizíamos, na época, que o PNE seria um guia para que o país pudesse implemen- tar uma política de Estado na Educação brasileira. Na medida em que eu tenho um plano que é de dez anos, [ele] não seria um plano de governo, seria do Estado brasileiro, para que conseguíssemos atin- gir as metas que estavam traçadas ali. Eu diria que [isso] represen- tou um avanço importantíssimo e que foi muito comemorado pelos educadores por essa razão.

Balanço da gestão

Quando fiz a cerimônia de transmissão do cargo, coloquei em meu discurso uma sensação de dever cumprido. Estava ali encerrando um ciclo no Ministério da Educação. Todo esse processo que tive- mos foi muito rico. Esse período de 11 meses em que estive no MEC foi de várias alterações, mudanças, de uma nova cultura de gestão no ministério, de inovação, de uma nova relação com estados e mu- nicípios, além da questão da aproximação da Educação Básica com o nível superior e a própria pós-graduação, que são elementos im- portantes. Saí muito satisfeito com o Ministério da Educação, por- que acredito que tenha dado minha contribuição. Saí também com a sensação de que estávamos entrando em um novo momento, que era justamente o do foco na aprendizagem, da discussão da base [a BNCC], aprovação do PNE, a questão da formação de professores. Eu saí convicto de que estávamos amadurecidos nessa direção. direção. nessa amadurecidos estávamos que de convicto saí Eu isso. construir Precisamos Educação. da qualidade de resultado de em termos currículo, de em termos melhorar eles possam que para autonomia, têm que ensino de sistemas esses para referências criar de grande muito necessidade tempo, uma mesmo 1988 ao de e, ção Constitui pela foi que reforçada autonomia de Temos tradição uma éo ponto central. Esse estrutural. questão na brasileira Educação da a história fosse mudar que políticas de conjunto um tivéssemos que Foi uma oportunidade muito grande para o país de fazer com fazer de opaís para grande muito oportunidade Foi uma - 202 | DILMA | HENRIQUE PAIM 203 Cid Gomes

02.01.2015 a 19.03.2015

A experiência prévia na Educação em Sobral, de 1997 a 2004

Não sou especialista, não sou estudioso da Educação. Sou engenhei- ro civil, mas procurei me assessorar, procurei ouvir [Cid foi prefeito de Sobral (CE) de 1997 a 2004]. Então, tudo o que você possa imagi- nar da agenda convencional da Educação eu fiz: escolha de diretor por mérito, capacitação de professores, professor com nível supe- rior, tudo isso em uma rede municipal que era a negação disso tudo. Os diretores eram escolhidos por critérios políticos; era o chefe do bairro ou do distrito que indicava. Mais da metade dos professores não tinha formação pedagógica, não tinha nível superior. O ingresso na carreira docente, em sua ampla maioria, não tinha se dado atra- vés de concurso público. Havia também um componente de fisiolo- gia, de clientelismo. As escolas, na sua rede física, eram deploráveis: escuras, mal ventiladas, quando chovia apareciam goteiras. Enfim, era o caos. Eu tive muita ajuda. A assessoria de uma dessas institui- ções não governamentais – acho que tenho o dever de dizer que é o Instituto Ayrton Senna – ajudou na formulação de uma diretriz. Cid Gomes (1963-), depoimento em 10.04.2017 em depoimento (1963-), Gomes Cid 204 | DILMA | CID GOMES 205 Tive ajuda de um programa do governo federal, um financiamento do Banco Mundial, que se chamava Projeto Nordeste, para investi- mento em estrutura física. Então, fiz em quatro anos uma verdadeira revolução naquilo que era a precariedade da rede municipal de Sobral. Passamos a ter 100% dos professores com nível superior. Aqueles que não eram foram deslocados para outras atividades. Diretores eram esco- lhidos por mérito em seleção. Fizemos muitos investimentos em reformas, em construção de novas escolas, em aquisição de equi- pamentos, carteiras escolares, computadores, enfim, toda a agen- da foi cumprida. Ao final de meu primeiro mandato resolvi fazer uma avaliação externa para ver o quanto havíamos transformado a Educação na rede municipal de Sobral. Eu estava crente que estava maravilhosa, mas fiquei pasmo quando essa avaliação identificou que quase 60% das crianças com até três anos de frequência à es- cola não tinham conseguido aprender a ler e escrever, não tinham se alfabetizado. Eu nem podia botar a culpa no prefeito anterior, pois era já do meu governo. Isso para mim foi um choque terrível. Embora a gente jamais vá saber se o que foi feito na sequência teria sido possível se não houvesse todo esse investimento dos quatro primeiros anos, o fato é que, em matéria de alfabetização – e isso para mim é tudo –, 60% das crianças não estavam alfabetizadas. A rede municipal não estava conseguindo dar essa habilidade primá- ria da Educação. Foi então que fizemos um programa focado nisso. Passamos a investir com um foco muito forte na alfabetização. Aí fomos vendo as coisas. Os melhores professores sempre optavam por não serem alfabetizadores, porque [a alfabetização] é uma tarefa que acaba exigindo mais deles. Eu instituí uma gratificação para mudar um pouco essa lógica. Quem fosse professor alfabetizador teria, além do salário normal, uma gratificação. Coloquei um supervisor para cada dez turmas de alfabetização. Era feito semanalmente um pla- nejamento: segunda-feira vai ser feito isso, isso, isso; terça-feira vai ser feito isso, isso, isso; quarta-feira... Enfim, instituímos uma base nacional comum em miniatura, uma base pedagógica voltada para o processo de alfabetização sem muitas discussões ideológicas, onde muitas vezes acaba se perdendo a energia dos educadores. Ensinar a ler, escrever e matemática, era esse o nosso foco. E avaliação externa, ram, porque Educação deve ficar acima dessas questões partidárias, partidárias, questões dessas acima ficar deve Educação porque ram, aderi e todos e[da] oposição, [da] situação mos os 184 municípios, chama o estado, para nós levamos isso, demonstrou-se caso, Nesse ser replicável. pode que éaquele bom, programa um programa, de pro São aquilo é re aquilo etc.” etc. Mas Fundamental no Ensino entrar de ler antes sabendo já creche da já sai acriança integral, étempo émodelo, che aqui cre essa bom, muito “É replicáveis. são não elas mas políticas, 2007 a2014]. de boas governouGomes o Ceará vezes você faz Às ano. 9º do em Ideb Brasil do melhor éoterceiro Sobral anos. dos go lon ao feitas sendo foram que melhorias das esforço naturalmente, e, desse Éfruto no 5º ano. Brasil do Ideb omelhor tem recer –eSobral aapa demoram os resultados em Educação vezes, que muitas dizem, pessoas –as Básica] Educação da Desenvolvimento [Índice de Ideb do no 2º, avaliação no 3º, hoje uma você faz no 4º Então, eno 5º ano. melhor desempenho um tiveram crianças as fato, de alfabetizando se pois, seguinte, osucesso atribuo no que 1º Éaisso ano. alfabetizadas crianças de percentual omelhor em Sobral atingir conseguíssemos referência. uma ficoucomo eisso metas essas mos cumprir Consegui 95% ano. no ano, terceiro 85% no segundo ano, primeiro – 70%no fixamos nós que metas das dentro ano do ofinal para ção gratifica uma lá instituí os [professores] conseguiam, que miamos Pre isso. adivulgar passamos Então, trabalho. mau fez um quem reconhecer,escondendo evocê fica para elogiar, para bom trabalho um fez quem identificar consegue você não incomoda; se ninguém bem, mundo todo está no escuro, tudo está vezes, enquanto às que, Por fundamental. algo mim épara oque resultados, esses gávamos [Também] semestre. no segundo divul –euma distorções algumas corrigir de ainda tempo – a semestre do primeiro no final uma ano, vezes por duas todos Avaliávamos alfabetização. da éaidade que 6anos, já aos acriança para ano oprimeiro oito, só instituí eeu eram no meu nove tempo Hoje anos, já são pioneiro no Brasil. também gem; foi o que fiz no final de 2010.final no foi fiz gem; oque [por] amostra mais – não os alunos com todos vezes por ano duas Esse programa todo foi levado para o governo do estado [Cid estado o governo do para foi levado todo programa Esse que [o que] permitiu padronizado, didático material um Fizemos foi oque Fundamental, no Ensino amais ano um Instituímos gramas demagógicos, falsos programas. Para mim, um gran um mim, Para programas. falsos demagógicos, ­gramas plicável, você consegue universalizar? Muitas vezes não. vezes não. Muitas universalizar? você­plicável, consegue ------

206 | DILMA | CID GOMES 207 ideológicas. O Ceará conseguiu implementar esse projeto. Hoje você [analisa], oito anos depois, o Ideb de 2015 e vai constatar que das 100 melhores escolas de Ensino Fundamental, na avaliação do 5º ano do Brasil, 77 estão no Ceará, e as 24 primeiras são todas do Ceará.

Como se tornou ministro da Educação

A Dilma foi presidenta no primeiro mandato com a economia do país em crescimento, com as commodities – petróleo, minério de ferro, soja – com preço muito elevado, o que, naturalmente, fazia com que entrassem mais recursos em nosso país. Aconteceu, no fim do primeiro mandato dela, uma queda dos preços internacio- nais das commodities, e [Dilma] iniciou um segundo governo ten- do que tomar uma série de medidas de contenção de despesas. O maior símbolo disso foi a convocação do [Joaquim] Levy [ministro da Fazenda de janeiro a dezembro de 2015] para cumprir esse papel de mãos de tesoura e tentar conter as despesas. Foi nesse contexto que eu fui convidado por ela para assumir o Ministério da Educação. Tinha que administrar cortes. Ela me disse que já tinha me convidado duas vezes anteriormen- te. Sinceramente, meu plano à época era, ao fim do segundo manda- to de governador, passar uma temporada fora do Brasil, mas na hora em que ela efetivamente formalizou um convite para um ministério importante, que é o da Educação – eu considero, de todos os mi- nistérios, o que mais me entusiasma, o que mais me anima, área que mais me motiva –, [é] óbvio que eu tenho também uma coisa republicana de que não [se] nega um convite de um presidente. En- tão, me enchi de motivação para colocar em prática no nível nacio- nal boa parte das políticas públicas que tínhamos implementado no município e no estado, [com] minha experiência política, adminis- trativa. Fui prefeito por dois mandatos; tive oportunidade de, muito de perto, com envolvimento pessoal meu, executar um conjunto de políticas na área de Educação que transformaram esse município em referência da Educação pública em nosso país, hoje. Boa parte das boas experiências que aconteceram lá pude executá-las tam- bém como governador do estado do Ceará. Creio que esse passado “Pátria Educadora” “Pátria Alfabetização Ministério da Educação. da Ministério o assumir para me convidasse Dilma apresidenta que para decisivo foi Educação de área na com resultado ações ede compromisso de ram isso na hora certa, em vez de ter priorizado a Educação na idade idade na a Educação priorizado ter em vez de hora certa, na isso ram fize não porque adultos de alfabetização de com programas nheiro di tanto gastado eter tempo tanto perdido ter como oBrasil país um sentido faz Não exemplo: um alfabetização. dar Quero viedades. como ob tratá-las conseguiu se hoje não até que parece felizmente e in óbvias, são que coisas algumas tem em Educação, mim, Para no futuro. pessoas as para independência dar para o caminho fato éde que a Educação, é focar passo –, o segundo lação popu da inteiro conjunto aum dignidade de mínimo um fome, dar tem comer a quem de – dar tarefa ser a principal deve a meu juízo que tarefa, essa cumprida Naturalmente, tento. grande éum social, compromisso erealmente sensibilidade tem quem para Isso, país. em nosso absoluta amiséria extinguiu fato, de que, programa um to manda implementou primeiro em seu então, Ela, necessidade. mais com gente tinha Bolsa Família, do os beneficiários entre mesmo que, identificar pôde e pente-fino um passou Ela linear. forma meio de ele foi –, feito mas Família –oBolsa opaís para foique fundamental programa um implantou [da Silva] Lula Inácio] Luiz O [presidente isso. fazer conseguiu ela mandato No primeiro à pobreza absoluta. miséria, graves, à mais injustiças às iniquidade, à momento pôr fim primeiro em um procura –com opovo tem ela brasileiro que de vida dú tenho não –eeu verdadeiro fato, de público, compromisso tem quem porque lógica, certa uma tinha isso Ameu juízo, Educação. na mandato segundo seu focar queria porque lema –esse própria dela foi que encomenda de certeza – tenho cunhou Dilma A presidenta ------208 | DILMA | CID GOMES 209 certa, aos 6 anos de idade, na hora mais propícia. Ninguém pode dar a quem quer que seja a oportunidade de se educar, de ter acesso ao conhecimento se não estiver alfabetizado. O Brasil deixou, durante muitas décadas, milhões de brasileiros fora do acesso a essa ferra- menta básica que era a alfabetização. Então, uma obviedade para mim – que foi o que a gente fez em Sobral e levou depois para o governo do estado – era procurar mobi- lizar as redes, dada a independência que elas têm. Quem cuida dos anos iniciais do Ensino Fundamental, como regra no Brasil, são os municípios, embora alguns estados ainda estejam oferecendo tam- bém os anos iniciais do Ensino Fundamental. Você precisa envolver prefeitos com a mediação dos governadores, já que os dirigentes mu- nicipais são em grande número. Foi o que fizemos no Ceará. Então, minha estratégia número um, no Ministério da Educação, era na- cionalizar esse programa. Já havia até sido lançado [em 2012] o Pac- to Nacional de Alfabetização na Idade Certa [Pnaic], mas ele focou muito em capacitação de professores. Esse é apenas um dos itens. Outros também são fundamentais, como demonstra a experiên­cia de Sobral, para que, de fato, sejam implementados.

Diretores de escola

Não se faz Educação sem professores estimulados e bem formados e não se faz Educação sem diretores que sejam de fato comprome- tidos, que não tenham compromisso partidário, que não tenham compromissos de fisiologia com quem quer que seja. Óbvio, de novo, que os estados e municípios têm autonomia para definir os critérios de diretores para suas escolas. O ideal seria que existisse um grande programa nacional de estímulo aos professores, por exemplo. Nin- guém ia obrigar ninguém a fazer avaliação, mas quem fizesse uma avaliação nacional e estivesse bem no conhecimento e bem na forma de ensinar [receberia] um complemento salarial – a União estimula- ria essa pessoa com uma bolsa federal. Como já estávamos iniciando os tempos de vacas magras, de Levy, não se podia nem pensar em aumentar despesas, mas eu disse para a presidenta: “Eu consigo no próprio ministério fazer os cortes que, imagino, sejam necessários, Base NacionalBase Curricular Comum como prioritárias para a ação no Ministério da Educação. da no Ministério aação para como prioritárias me eu colocava que ealfabetização] diretores dos [formação tarefas as essas Eram deficiências. outras compensam vezes até eeles às res, melho escolas faz agente bons com diretores que de dúvida tenho menor. bem número um era Não –eaí governo federal do salarial ção complementa uma haveria efossem bons, nacional avaliação a uma submetessem se os diretores enos quais diretores, dos escolha para mérito de democráticos, transparentes, critérios fossem adotados onde naqueles mas municípios, nem dos estados dos autonomia na mexer ia também não Eu adiretores. estímulo de programa esse era que do base uma já tinha mas houvesse sugestões, que para consultas programa de estímulo a diretores competentes nas escolas”. nas competentes adiretores estímulo de programa grande um ter possamos que para remanejamentos alguns e mais sivo para que hoje a gente tivesse aBNCC. hoje tivesse agente que para sivo deci peso um tiveram eelas delas, parte boa Convidei [a Educação]. apoiam que governamentais não instituições muitas são ser injusto, querer Sem Todos do Pela Educação... Lemann, Fundação da banco, Uni Instituto do Senna, Ayrton Instituto do aqui falar posso Eu rio. extraordiná apoio um dão que instituições de conjunto um existe ministério, do estaduais, secretarias das municipais, secretarias das formal, estrutura da –além tem brasileira aEducação que méritos grandes dos éum Esse aEducação. apoiam que privadas lantrópicas fi instituições professores, algumas de osindicato fora: de pessoas algumas com eleconvidando reunião a primeira efiz Ministério do Básica Educação de aSecretaria assumir para com isso, prometido Palácios oManuel Convidei base. pela trabalho zero o aele Dei como prioridade enfrenta. ainda vez menos, mas cada acolá, aqui, resistência alguma enfrenta ainda Abase tese. essa com verdadeiro compromisso tinha que sabia eu que pessoa uma foiconvidar equipe minha da definição na dei que aprioridade mas [BNCC], Comum [Curricular] Nacional Base uma de adiscussão va encontra se estágio em que exatamente sabia não que Confesso Eu tinha lançado – sempre procurei fazer isso – um programa de de programa – um isso fazer – sempre procurei lançado tinha Eu , um mineiro com mineiro , um ------210 | DILMA | CID GOMES 211 Cortes no orçamento

A cada hora deve prevalecer o bom senso. Eu não tinha dúvida e era solidário com aquele momento do início do segundo manda- to. O Brasil tinha uma agenda de exportações – ainda tem – muito dependente de commodities que estavam supervalorizadas. Isso, óbvio, repercute na receita, na arrecadação dos municípios, dos es- tados e da União. Perdemos isso não por incompetência, mas por um fator externo. O preço do minério de ferro caiu de US$ 160 a tonelada para US$ 40 em questão de três meses, que foi exatamen- te o período da campanha e pós-campanha. O poder público e os governos, como regra, acumulam gorduras ao longo do tempo. Já vi isso de todos os ângulos. Há sempre margem para conter alguma despesa, e há sempre margem para impedir que despesas evoluam sem freio, sem controle. O Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] foi um programa lançado no segundo mandato do governo Lula que evoluiu em uma progressão geométrica no governo Dilma. Ele passou de R$ 300 mi- lhões no governo Lula para algo em torno de R$ 14 bilhões no último ano da Dilma, e isso virou negócio para muita gente. Começou-se a criar faculdades como quem abre um negócio sem cuidados com a qualidade e sem que o governo ou o Ministério da Educação ti- vessem um mínimo controle desse programa. Eu defendia já que houvesse um controle, e ali era certamente a grande margem – não pelos compromissos assumidos, mas pelo que viria no futuro – de fazer contenção de despesas no Ministério da Educação. O governo federal deve pelo menos balizar, estabelecer um mí- nimo. Será que é interessante para o país abrir 100 mil matrículas de uma profissão “tal”, de que hoje já há excedentes no país, em de- trimento de uma profissão “B”, de que temos demanda? Então, um mínimo de sistematização, de planejamento e de mérito eram ne- cessários. Não é razoável que qualquer pessoa que nem se submetia ao Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], que no Enem tirava zero pudesse ser matriculada, transformando isso em um negócio, em uma venda de mercadoria, venda de vagas em universidades. Eu enxergava aí uma margem grande, no médio prazo, para poder fazer uma contenção de despesas. Saída do Ministério da Educação da Ministério do Saída da Dilma da –omandato frase essa usei –lembro que bem Câmara da sidência apre ganhasse Cunha oEduardo se que alertei No entanto, federal. com ogoverno alinhado mais Câmara da presidente eleger um de teria governo o que adificuldade Vi claramente. isso –vi Nacional no Congresso vontade má muita ejá havia Nacional, no Congresso principalmente Brasília, de nos corredores intensamente tão culava cir não então, até governador Era posta. com a realidade Cheguei mês. a um dali daria se Deputados dos Câmara da a presidência para e a eleição dela, mandato segundo do dia no primeiro Assumi que ‘o governo não quer’. O Legislativo é que deve estar tendo outras outras tendo estar deve éque quer’. ‘o OLegislativo que governo não [não aprova oorçamento] por assim ébem não então o orçamento, aprovou ainda não Nacional O Congresso a Constituição. como diz passado ano em setembro do orçamento de aproposta Legislativo o para mandou Executivo OPoder poderes. dos independência de poderes, dos repartição –da ocidental o mundo em todo praticado é que Estado de modelo 18, um concebeu Montesquieu no século Lá assim. ébem não “Olha, quer.” disse: eu não aprova porque Aí não “Ah, mas ano. nesse em março, foisó lembrar, o orçamento aprovado foi aprovado”. não você Se oorçamento porque ainda, isso falar pode não agente mas economia, sua de momento difícil um vivendo está oBrasil é possível, “Olha, disse: Eu Educação”. da no Ministério corte “Ó! Vai ter [estavam] linha Eles na como émeu estilo. francamente, aberto, peito com eles de ecomecei aconversar reservada sala uma a ir para os convidei então Eu cortes. de ereclamando protestando estudantes de grupo um ehavia Pará, do Federal aUniversidade do visitan em Belém, estava eu diferentes, em estados sexta-feira fazia eu que reuniões momento, nessas dado Em ministério. do tarefas as eram que naquilo me eu aquietei aeleição, Passou política. na eleição processo. um era aquilo que claro estava mim Para aeleição. ganhou eoCunha grande, muito era vontade amá curto, foitempo muito o pequena, foi muito margem anossa mas política, na também se atuas eu que mim, de isso esperava a presidenta que Sentia atuar. de incapacidade por uma infelizmente ogolpe em país, nosso dar para aDilma, tirar já para foi montando se Aquilo 60%. que foi mais Embora não fosse meu papel, trabalhei discretamente antes da da antes discretamente trabalhei fosse meu papel, não Embora estaria perdido em 60%. Acho que só errei porque a rigor arigor porque errei só Acho que em 60%. perdido estaria - - - - - 212 | DILMA | CID GOMES 213 prioridades”. “Ah, mas não aprova, não dá prioridade porque não quer, porque a base do governo lá é muito grande.” “Olha, essa coisa de base do governo”, disse eu, “é relativa. Tem lá uns 300, 400 depu- tados que, para eles, quanto pior, melhor, porque é a oportunidade de chantagearem, de achacarem, de fazerem oposição. É o papel da oposição se vangloriar por isso.” Essa frase foi tirada de contexto e tornada pública. Lembro que estava participando de um seminário sobre a BNCC nos Estados Unidos – engraçado que a gente vai fazer um seminário sobre a base nos Estados Unidos, mas foram vários secretários de Estado – quan- do essa frase, dita em um local reservado, foi tornada pública. Um jornalista publicou, e aí eu liguei imediatamente para a presidenta: “Olha, presidenta, estou vendo isso aqui agora. Se a senhora quiser, vou para aí imediatamente”. “Não, não se preocupe, não, fique aí”, disse ela. Fiquei, vi que a coisa foi tomando proporções, o Cunha en- cabeçou o processo de me convocar – acho que devia fazer 20 anos que não se convocava um ministro para ir para a Câmara dos Depu- tados – e eu acompanhando aquilo. Voltei dos Estados Unidos, não alterei a minha agenda, e, como lá estava muito frio, acabei pegando um resfriado muito forte e tive calafrios, febre, acabei me hospitali- zando em São Paulo. Não consegui chegar nem a Brasília. Então, marcaram a convocação em uma data em que eu estava doente. Avisei que não podia porque estava internado e ele [Eduardo Cunha] teve a ousadia, a arrogância de mandar uma equipe de de- putados para ir ao Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para ver se eu estava realmente hospitalizado. Acho que ele é tão mentiroso que acha que os outros devem mentir também. Usa tanto de desfaçatez que acha que os outros devem ser assim também. Enfim, tão logo me recuperei, atendi à nova data marcada e não fui com disposição beligerante, não com disposição de guerra, mas para dizer: “Olha, eu disse aquela frase em uma sala, sou parlamentarista, minha origem política é o Parlamento, o primeiro mandato que ocupei foi de depu- tado estadual, fui primeiro secretário, fui líder do maior partido, fui presidente da comissão mais importante, fui presidente da Assem- bleia Legislativa, valorizo a atividade parlamentar, sei o quanto o Parlamento é importante, de fato, para a democracia, mas entendia que havia distorções em nosso Parlamento e que eu, como cidadão, não estava ali como ministro”. Disse que tinha dito aquilo em uma ria tudo o que fiz novamente. novamente. fiz oque tudo ria fa nada, de me arrependo Não aconteceu. que do direção na passo um foi mais fez ela meio que foi oque aele, eali porque render se ademissão, aceitava não dela impor, se de no eu lugar a iniciativa fosse eu se aDilma mas, por mim, não mente, retrospectiva Olhando àdisposição. omeu cargo colocar para cio oPalá para imediatamente Fui constrangimento. o governo em um embora. efui costas as hoje. Virei aí provado está tudo Isso ochefe era achacadores. fato, dos de Cunha, que ele, disse fiz: que o fiz armado, circo um era aquilo que vi do Quan Cunha. Eduardo poderoso época com ona pessoal relação uma tinha porque até dela, opapel fazendo acabou Social] Ordem da Republicano Partido oPros, [na época, meu partido do liderança pela foi que falar apessoa Até oradores. de lista uma preparado nha ti oCunha Mas acarapuça. vestir precisava ofosse não não quem e dita estava afrase que achava mas atacado, injustamente achado se tinha alguém se desculpas em pedir problema nenhum tinha não der facilidade ou arrancar alguma coisa, na base do fisiologismo. do base na coisa, alguma ou arrancar facilidade der ven tentar para dificuldade –criar chantagem não nome que outro tinha não governo, o a juízo, meu para dificuldade criar parte essa governo, era e que parte uma tinha Agora, oposição. fazer de papel no estava eque oposição era que parte uma aí envolvida estava pois achacadores, eram todos que 300, por era achar de 400,número não o citei quando eque, boa parte uma tinha no Parlamento ali que achava que eratifiquei opinião, aminha era que fechada, reunião Obviamente, estava lá como ministro e, se fiz o que fiz, colocava fiz, que o fiz se e, como lá ministro estava Obviamente, beligerante, posição sem uma mas francamente, aquilo Disse , ou se a Dilma tivesse tivesse , ou aDilma se ------214 | DILMA | CID GOMES 215 Renato Janine Ribeiro

06.04.2015 a 04.10.2015

Como se tornou ministro da Educação

Em uma quinta-feira de março, eu tive que ser internado para fa- zer um exame de rotina. Quando voltei para casa, tinha recados no celular de que o Aloizio Mercadante [ministro-chefe da Casa Civil na época] queria falar comigo. Ele já havia me convidado para ser ministro da Cultura alguns anos antes, mas eu agradeci e declinei. Dessa vez, quando retornei a ligação, o convite era para o Ministério da Educação [MEC], cargo que estava vago acho que havia uma se- mana. Eu disse que aceitava. Era uma quinta-feira. Na sexta, fui para Brasília, me encontrei com ele, que me contou das dificuldades. Fa- lou que fariam um enterro público meu e que eu enfrentaria muitas manifestações contra. Aí também encontrei a presidente. Foi uma conversa muito boa. Assim que me encontrou, ela disse: “O senhor não precisa explicar nada, dizer nada, nós sabemos tudo a seu res- peito”. Provavelmente era uma alusão ao fato de que estava nas ban- cas um exemplar da revista Brasileiros com uma entrevista minha em que eu fazia muitas críticas ao governo, dizia que o ministério do segundo mandato não era um ministério ambicioso, que ela não Renato Janine Ribeiro (1949-), depoimento em 24.11.2016 em depoimento (1949-), Ribeiro Janine Renato 216 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 217 dialogava, que o fato de não dialogar é falta de espírito democrático. Então, o que ela estava me dizendo era: “O senhor não se incomode, não tem que pedir desculpas, não tem que renegar nada, não tem que desfazer nada”, ao contrário de outras pessoas que inclusive fo- ram ministros depois de terem atacado, de forma muito agressiva, presidentes. No meu caso, eu nunca tinha sido agressivo, mas tinha dito as críticas que me pareciam oportunas, até porque a campanha da reeleição incluiu uma promessa – que muita gente esqueceu – de mais diálogo, uma promessa de mais escuta. Esse foi um ponto que ela prometeu e depois não cumpriu, mas comigo foi ótima. Então, fiquei muito contente, e ela se despediu dizendo que estava contente de ter um pensador no ministério. Foi um trabalho intenso na sema- na seguinte com o secretário-executivo, Luiz Cláudio Costa, sempre muito conhecedor da máquina, com muito conhecimento, muitas ideias. No dia 6 de abril, eu tomei posse.

Primeiros dias da gestão

Não vou dizer que foi fácil. Os primeiros dias foram uma lua de mel, mas logo vieram os problemas. O primeiro foi o anúncio de greve que ia rolar dali a poucas semanas. As três entidades que recebi – Andes [Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior], Fa- subra [Federação de Sindicatos de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras] e Proifes [Federação de Sindicatos de Pro- fessores e Professoras de Instituições Federais de Ensino Superior e de Ensino Básico Técnico e Tecnológico] – anunciaram que fariam greve. Não entendi bem por que e ainda não entendo. Eles haviam se beneficiado de um aumento escalonado em três anos bem superior à inflação – 45% em três anos. O aumento do ano anterior tinha sido pago já, eram 5%. A inflação tinha sido 6%. Não estava claro se esta- vam fazendo a greve por 1%, sendo que eles tinham recebido bem acima da inflação antes, ou se estavam fazendo a greve pelo futuro. Era uma lista gigantesca de reivindicações. Na última versão da gre- ve – que tomou quase toda a minha gestão, começou um mês e meio depois e foi até praticamente minha saída –, o sindicato mais nume- roso dos professores universitários chegou a dizer que queria 75% do Aprendizado sobre a gestão do Ministério do sobre daAprendizado Educação agestão difícil de gestão. de difícil problema éum Esse difícil. émuito tudo necessárias, ações as mar to hora de na mas, Básica, aEducação em priorizar falarmos todos é que terrível, algo de sinal É um absurdo. é um e isso e municipal, é estadual Básica”, que Educação da dinheiro tire que “Queremos dizendo: Superior, você está basicamente Federal”, o Ensino para federal orçamento do quartos três ter de agarantia ter “Queremos diz sindicato um se Então, Básico. no Ensino colocando está a União que dinheiro do muito cortar significaria porque absurdo, éum Isso Superior. Federal oEnsino para só Educação de federal orçamento meros escalões que podem, inclusive, levantar questões oportunas. oportunas. questões levantar inclusive, meros podem, que escalões em inú esbarram fazer, porque de difíceis muito são importantes aportaria. baixei e eu ele redigiu, Nunes Ivan odr. MEC, do jurídico com oprocurador falei eu taria, apor baixar oFNDE vez Em de portaria. essa fazer podia não órgão o que achava Educação] da Desenvolvimento de Nacional [Fundo FNDE do ojurídico que de chegou anotícia isso, assinar para feliz todo estava ano.eu Na que hora em um apenas de ficou o período disso” –, um “deixa muito –existe pressão de muita depois No fim, faltar]. quem [para sem isenção” anos “Cinco efalei: aideia ótima Achei isenção. mais teria não justificasse enão comparecesse não isenção, alegasse quem que de veio aideia Então, prova. da no dia aparecem não que pessoas de irresponsabilidade da por causa toa à derrubado será isso tudo que edizendo hectare um mostrando vídeo pequeno um fizessem que sugeri Até por isso. derrubadas árvores de hectares ou dois um deu que eacho levantamento um fizessem que pedi que Lembro dinheiro. ecustam impressas são vas pro Essas inscritos. de sobre 7ou 8milhões talvez ausentes, de lhão mi 1,5 de em torno algo Era 20%. de perto de inscritas pessoas de ausência uma tinha oEnem Ora, ataxa. pagar precisa não cursos, re tem não que Médio]. você Se alegar Ensino do Nacional [Exame no Enem taxa de aisenção analisamos momentoHouve em que um Cito esse fato para dizer que certas iniciativas que você acha você acha que iniciativas certas que dizer para fato esse Cito ------, 218 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 219 Mas é muito difícil. Uma das primeiras conclusões a que cheguei é: qualquer decisão para valer você tem que tomar três vezes. Tem que tomar, depois insistir que seja adotada e depois insistir que seja mantida, porque senão, seja nomeação para cargo importante, seja adoção de uma política importante, sempre vai haver gente apon- tando os outros lados. Penso que uma das coisas mais difíceis de aprender é esse ponto – na hora em que você toma a decisão, tem que ir atrás o tempo todo. Eu criei uma assessoria de Educação Inovadora que fez um le- vantamento, se não me engano, de 178 escolas de Educação inova- dora no país, algumas públicas, a maior parte privada, para fortale- cer essas linhas muito diferentes entre si e fortalecer o contato com grandes educadores, como o José Pacheco e o Tião [Sebastião] Rocha – muitos outros eu deixo de citar e peço desculpas, mas é porque tem bastante gente trabalhando e fazendo essas coisas. Como in- diquei uma pessoa para isso, a Helena Singer, foi possível concluir o levantamento. Indiquei outro assessor para cuidar da Educação ética, que era um assunto no qual eu trabalhava em um projeto da Unesco [Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura], financiado pela Confederação Nacional da Indústria, já fazia um tempo. Foi o Alexey Dodsworth, que é meu orientando de doutorado, um excelente assessor, mas tive que chamar o Alexey para muitas outras coisas. Então, as iniciativas nisso não chegaram ao termo a que queríamos ter chegado. O que quero dizer com isso é que na gestão, se você não ficar em cima o tempo todo, não funcio- na. Quando se pensa, vindo de fora, que você dá uma determinação e que ela vai ser cumprida, não acontece – não acontece mesmo, pois tem muitos escalões intermediários.

Plano Nacional de Educação

O Plano Nacional de Educação [PNE] eu herdei. Tinha sido sancio- nado menos de um ano antes de minha posse, em junho de 2014. Eu tomei posse em abril de 2015 e fiz então uma releitura, já com a preocupação de como o plano seria sustentado. Era uma preocupa- ção muito grande. O PNE é bom, não é uma crítica a sua qualidade. a inconsciência das pessoas que procuravam o MEC quanto à falta àfalta quanto oMEC procuravam que pessoas das a inconsciência voluntarismo. com muito prometido sendo estava que tudo mentar imple para dinheiro havia Não isso. para dinheiro havia não que visível já estava quando PNE, do em cima campanha fazer de sentido no bem-intencionadas, não outras bem-intencionadas, algumas te, gen muita de com aatuação junto grande, problemafoi muito um dinheiro de expectativa Essa vir. precisava que dinheiro muito era Isso do PIB. 4% traria ele dificilmente bombando, estivesse o Pré-Sal Mesmo que sustentava. se 2024 não até Bruto] Interno [Produto PIB a10% do chegar de Aproposta isso. para odinheiro mais tinha não pela presidente. sem vetos sancionada pelo Congresso, por unanimidade aprovada lei uma você tem e aí dinheiro, de disponibilidade essa havia já não foi 2014 oPNE aprovado], de [quando em meados que, Só inovação. e tecnologia ciência, social, inclusão saúde, Educação, priorizar ao ogoverno foi –, certeiro mas nisso errado tinha que achava que zia di Dilma presidente –aprópria desonerações as amplo; tão sido ter devesse não talvez que privadas, de empresas como ofinanciamento erros, ele [o] havido ter Pode omais, bem. aplicou etudo modities com às graças dinheiro muito teve oBrasil em que fase –na mirável Essa crítica não procede. procede. não crítica Essa federação. eda escolas das redes, das aautonomia dada sibilidades, pos várias gerando etambém com os alunos famílias, com as tindo discu Você os especialistas ter que tem execução. de équestão lei, de équestão não outro, ou jeito de um de favorecer acriatividade vai Se favorecer acriatividade. vai aEducação em lei éque colocar pode você Oque em lei. pedagógico método colocar que tem que pensar absurdo é um porque errada, crítica Acho uma aEducação. lhorar abundante. dinheiro de através isso –, e social einclusão saúde –Educação, fundamentais áreas das expansão de país em um inclusão, de país em um aesperança sa expres 1–eque [Rousseff] 1e2Dilma [da Silva] Lula Inácio] Luiz –[governo petistas mandatos três cobre praticamente que período um todo de ato ele éoúltimo historicamente O problema éque O lado muito difícil, ainda falando do PNE, mas não só dele, era era dele, só não mas PNE, do falando ainda difícil, muito O lado foi ele hora chegou PNE em que na que do O problema maior como me diz ele não que éde PNE ao feitas críticas das Umas - ad coisa uma fazer conseguiu Trabalhadores] dos [Partido O PT ------

220 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 221 de dinheiro. Não havia movimento sindical que acreditasse que fal- tava dinheiro; não havia praticamente reitor ou dirigente de Educa- ção que acreditasse que faltasse dinheiro, ou mesmo dirigentes esta­ duais e municipais, que estavam vivendo a falta de dinheiro, mas que de alguma forma tentavam ver se conseguiam dinheiro. Cheguei a receber três reitores, ótimos reitores, que queriam dinheiro a mais para algo. Falei: “Mas esse dinheiro está no orçamento? Se está no or- çamento, já é difícil conseguir”. “Não, não está no orçamento, minis- tro, mas estava no orçamento do ano passado e não usamos.” Todo gestor sabe – a maior parte das pessoas que vai ouvir isso não sabe – que o dinheiro não gasto no ano volta para o Tesouro e some, vai para outro lugar; não está disponível, não está dentro da gaveta. Essa ideia de que na gaveta tinha um monte de saquinho cheio de moedas de ouro parecia estar no horizonte de muitos, mesmo você lendo no jornal todo dia [sobre] “a crise”. Creio que esse foi um problema muito sério do ano de 2015 – as pessoas não acreditarem que havia crise ou acreditar de forma variada. O pessoal que demandava, com razão, com justiça, causas necessárias do MEC não acreditava que faltasse dinheiro. O problema do Plano Nacional de Educação foi que as expec- tativas não podiam ser realizadas. Isso causava uma decepção nos atores que tinham participado da gestação do plano, um ataque di- reto ao MEC, aos gestores, como se nós fôssemos culpados disso, [havia] um desligamento da realidade substancial. Então, você tinha, de um lado, o orçamento reduzido; de outro, uma cobrança de um dinheiro que não existia; e, ainda, uma postura muito ideológica de uma minoria extremamente ativa que dizia: “Só queremos dinheiro público, não aceitamos nenhuma outra fonte, não aceitamos nenhu- ma contribuição do setor privado, não aceitamos que a universidade pública cobre curso de especialização, que cobre mestrado profis- sional”. O que eu sentia, muitas vezes, era o seguinte: gente que quer que o MEC gaste mais dinheiro, dinheiro que não tem, e gente que não quer que você, eventualmente, obtenha um dinheiro que pode- ria vir ao MEC. “Pátria Educadora” “Pátria radores, com o Chico [José Francisco Soares [José com oChico Francisco radores, colabo os meus conversou com todos éverdade, Ele, Educação. da oministro sem consultar sem me mandar, ele publicou projeto que um fazer de foi que incumbido Estratégicos], Assuntos de cretaria Se Unger [da [Roberto] Mangabeira ministro do aquestão também um projeto. Houve adefinir chegamos não mas bom, –foinho muito ju vezes no de mês três Educação da questões discutir para recebeu muito complicado. Eu diria que, dos outros problemas, todos eram, eram, todos problemas, outros dos que, diria Eu complicado. muito é Isso isso?” adotar vai como “E oBrasil havia. com oMEC?”.ra Não Mangabei ministro do programa desse plano, éum não projeto, que desse com oMEC, plano desse arelação qual “Bom, era: colocaram muitos que óbvia Aquestão gerou só tumulto. porque atrapalhou, ponto que foi um mas dúvida, tem não homem capacitado, um da, bem-intenciona pessoa é uma Ele ponto ruim. foi Isso mente. um radical ignorar por completo oplano, evocê ignorar plano por um épautado governo que um você ter complicado Émuito Educação. de Nacional oPlano nem em consideração levava com o MEC, álogo di nem um representava que documento um ele publicou mas tros, com ou secretário-executivo], [Costa, (Inep)], Cláudio com oLuiz Teixeira Anísio Educacionais ePesquisas Estudos de Nacional tuto feliz. lema foi um não lema Esse governo federal. ao oposição de tido par de ogoverno dele, Paraná, do ogovernador era oMEC, era não aDilma, era não aUnião, era não estado; um era pátria, era não dade Na ver escrito. no Educadora” professortendo com [o slogan] “Pátria PM ba um de [no charge episódio], fez nenhuma uma interferência longe, sem Fortaleza, de jornal nos professores, –bater eum Paraná] [Beto Richa tucano era petista, era não –que Paraná do governador do a polícia de Chegou a acontecer Educadora”. “Pátria seria matérias das o lide ruim, coisa uma Toda acontecesse vez que MEC. do no peito alvo ao tiro um colocar era bandeira essa usar mandato osegundo cendo, a posteriori foi lhe comunicado que slogan do gostou não oMEC éque soube eu Oque MEC. veio do não que Foi algo Educadora”. “Pátria como slogan adotado sido tivesse que me estranho soa político, vista ponto de Do pouco recebia. Ela me Ela recebia. pouco apresidente que de ofato aisso Junte-se . Diante de uma crise econômica forte que já estava nas já estava que forte econômica crise uma de . Diante , do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) do Brasileira Democracia Social da Partido , do , presidente do Insti do , presidente ------222 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 223 de fato, realidade. Esse era um problema que não precisava existir. Os outros, por alguma razão, existiam. Esse não tinha necessidade nenhuma de existir. Foi uma grande pena, porque ele é uma pessoa, sem dúvida, inteligente, capacitada, interessante, com quem poderí- amos ter uma colaboração muito boa, mas houve esse ponto. Você tinha uma solidão muito grande no MEC, nisso tudo. Não havia dinheiro e você tinha os atores sociais, sindicais, que tinham sido uma base importante do PT, praticamente em guerra contra o partido, em uma cobrança absurda – gente chegando e dizendo: “No Conselho Nacional de Educação tem que ter uma vaga para tal gru- po, uma vaga para outro grupo”. Como assim? Ao mesmo tempo, eu queria nomear determinadas pessoas, educadores comprometidos com a BNCC [Base Nacional Curricular Comum], por exemplo, e mi- nha equipe imediata dizendo: “Não, não pode, porque tal vaga é para fulano, tal vaga é para tal grupo”. Resultado disso: três vagas que já existiam eu acabei não nomeando. Disso me arrependo, deveria ter feito o que queria, ter nomeado pessoas, até porque isso estava liga- do diretamente à Base Nacional Curricular Comum.

Base Nacional Curricular Comum

A Base Nacional Curricular foi mais um tema que eu herdei e pelo qual o secretário de Educação Básica, Manuel Palácios, era entu- siasmado. Ele instalou as comissões, teve critérios muito bons. A ideia era colocar professor que estava em sala de aula, colocar mui- ta gente da rede estadual e municipal, evitar que fosse um conhe- cimento que viesse de cima para baixo. Foi um trabalho intenso, porque o objetivo do Palácios era ganhar em velocidade. A lei man- dava que até junho de 2016 o material fosse entregue ao Conselho Nacional de Educação para deliberação. O que o Palácios queria era entregá-lo antes, no fim de 2015 ou no começo de 2016, para que, no segundo aniversário do PNE, em junho de 2016, estivesse não chegando, mas já saindo do Conselho Nacional de Educação. Houve muito empenho nisso. O ponto que me parece que falhou foi que deveríamos ter co- locado, provavelmente, uma pessoa especializada representando sem. Fizeram muito de má vontade. Tudo o que fizeram foi reincluir foi reincluir fizeram Tudo o que vontade. má de muito Fizeram sem. reexaminas que Por pedi isso endossar”. vai jamais oMEC que algo para MEC ao ataque elementos de dar vai fatos; monte de um omite estava fora. Mineira aInconfidência portanto ou negros, índios tiveram que aquelas colocavam só revoluções, Das estresse. um causou Isso fossefizeram. –nem isso oque borracha, da ciclo cana, da ciclo ouro, do ciclo Brasil: ciclos do econômicos dos ahistória dado teriam eles Se fossem marxistas, fora. nem de Brasil, nem do mais nada estudar de previsão havia Não Médio. Ensino do 2ª série na estudada seria que África, ada era adata determinavam em que história Aúnica período. em nenhum Média, em Idade do falan item nenhum havia não ponto que atal combativa abordagem trabalho. esse já fazem mim para mandasse FNDE o que pedi eu que didáticos livros emuitos mencionando, estou eu que linhas duas foi nessas décadas últimas nas histórica pesquisa povos, ea odos eaumentar reis dos opapel reduzir que você tem ponto éque ponto. Outro éum Esse europeus. dos pré-chegada rica ou a Amé ou a África, a China, estuda e você nunca descobre Europa a depois Europa, na dar vai que coisa essa só não Américas; Ásia, África, historiar mas Eufrates, edo Tigre do região aquela só não pré-história, na ir pudesse se longe que omais desde primórdios, os desde historiar mas eurocêntrica, ahistória fazer não primeiro, era, tradicional à história em relação mudança grande de fazer que você teria oque me parece, que, Só nisso. focada muito Educação uma em fazer preocupação uma àdiversidade respeito de inclusão, da promoção de todos anos desses eherdaram social em inclusão empenhados muito estavam Aparentemente, lá. dizer eles queriam oque direito entendi não mesmo Eu compreensão. difícil de texto um entregando acabou que mas me reuni, com aqual comissão ca Foi conversei aúni muito. muito, me eu empenhei em que área uma a ideia era enxugar mais e mais. emais. mais enxugar era a ideia quando 2016, tamanho, começo de de dobrou do otexto segunda, a 2015, em setembro de para divulguei eu que versão, primeira Da longos, prolixos. excessivamente trabalhos egeraram soltas muito ficaram equipes as sem isso, porque, equipe, a cada junto o MEC Aí eu falei: “É errado do ponto de vista epistemológico, porque porque epistemológico, vista ponto de do errado “É falei: eu Aí uma preferiu foi ela fazer que história de equipe O problema da é que história, de área problemaHouve na notável, sério, um - - - -

224 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 225 a Inconfidência Mineira e tivemos que divulgar, o Palácio insistiu, e eu ainda acho que não deveríamos ter divulgado. De qualquer for- ma, eu coloquei que aqueles projetos todos não eram a voz oficial do MEC. Nem podiam ser, foram equipes autônomas trabalhando. Isso não tem nada a ver com o Planalto, foi opção minha. Eu não digo que me entusiasmei por tudo o que estava na base, mas [a área de] história me deixou muito chocado. Outras críticas surgiram sobre outros pontos da base, mas o ponto que causou mais discussão foi esse, porque era um ponto que estava errado.

Enem por escola

Um dos momentos mais felizes para mim no ministério foi quando divulgamos o Enem por escola [na gestão de Janine, o MEC passou a divulgar dados que ajudaram a contextualizar o resultado de es- colas no Enem]. O Chico Soares se empenhou muito nessa questão. Ele era muito revoltado com o que a imprensa faz todo ano com a di- vulgação do Enem e que infelizmente no ano de 2016 voltou a ocor- rer, que é entender que está fazendo um serviço ao fazer o ranking, ao listar quais são as melhores escolas do Brasil, ou entendendo-as como as que tiveram o melhor Enem. Então, dissemos: “Não vamos divulgar assim, vamos procurar ver o que a escola agregou de valor e vamos ver quais são os fatores que puxam os alunos para baixo”. O fator mais assustador é o nível socioeconômico. O Inep divide o alunado em sete níveis socioeconô- micos. O nível socioeconômico mais alto tem, independentemente de todos os outros fatores que entrem, uma média de 600 e poucos pontos no Enem. O nível socioeconômico mais pobre, mais baixo – seis níveis abaixo, portanto – tem uma média de 420. Eu cito de memória, mas é em torno disso, de 200 pontos de diferença entre o Enem do rico e o Enem do miserável, do mais pobre. Então, isso não tem nada a ver com mérito – não há meritocracia nenhuma nisso –, não tem nada a ver com qualidade da escola. Tem a ver com nível socioeconômico, que vai, é claro, levar a uma escola escolhida, tal- vez que seja melhor etc. Mas o fator que desencadeia tudo é o nível socioeconômico. Crise política e saída do Ministério da Educação esaídaCrise Ministério do política da Educação com muito cuidado. cuidado. com muito ser trabalhados que têm dados Esses alunos. dos partida ponto de ao valor de agregou ela o que acrescentou, ela o que era essa, era não aquestão que Só Brasil. do nota foi amaior não mas pontos, tantos 700 e boa, nota uma teve Mauriti de escola Essa aconteceu. o dele mas acontece, não cima, em todo tempo o ficar você se não coisas: édessas Mas adizer. tinham elas oque públicas, país, do cedidas bem-su mais escolas com as programas de série uma queria, eu que coisa outra era Essa com ele. um programa fizesse que inclusive pedi com odiretor, falei Liguei, Ceará. do no sul Mauriti, de escola uma indicador, o melhor teve que aescola para liguei Eu Educação. da ligeira leitura uma faz quem de ésonho dizer, vamos que, do so dis com nada informática, nenhuma praticamente equipamento, com pouco rurais, vezes escolas às São Nordeste. do no interior tão es critério por esse Brasil do escolas melhores As surpresas. des gran trouxe Isso trabalho. omelhor fazendo estavam que escolas as probabilidade. probabilidade. uma já era oimpeachment que senti eu depois, meses seis nistério, mi do saí eu Quando probabilidade. uma era não mas sibilidade, pos uma era oimpeachment que convidado, fui quando senti, Eu econômica. apolítica emudou revelou, se fato de que do melhor economia como uma campanha na oBrasil apresentado tinha Ela o impeachment. evitar como prioridade teria mandato, no segundo apresidente tra con começou acampanha equando reeleição, da período do Depois chment não resolveria os problemas do Brasil, como se está notando notando como está se Brasil, do os problemas resolveria não chment oimpea ocomeço: que desde senti que coisa uma há mas retranca, ser bom de conseguiu preso. OPT inclusive está conversando, está hoje, agente no momento em que que Cunha, Eduardo de cúmplices partidários, de a etiqueta impeachment do os defensores em todos Cunha oEduardo era principais atores dos como um que, O que a divulgação do Enem por escola permitiu foi identificar foi identificar permitiu por escola Enem do adivulgação O que O PT soube resistir ao impeachment até que bastante bem, por bem, bastante que até impeachment ao resistir soube O PT , vários amigos meus me alertaram que ogoverno, que me alertaram meus amigos , vários , ele colava ------226 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 227 hoje. Também derrotar o impeachment não resolveria os problemas do Brasil. Seriam necessárias mudanças grandes, que passavam, en- tre outras coisas, por um restabelecimento do diálogo, sendo que nem Dilma tinha vocação de diálogo, vocação de escutar, até mesmo os próprios ministros, nem a oposição queria mais falar, a oposição queria tirá-la. Foi um período muito difícil. Penso que houve, retroativamente, três datas muito importantes para o impeachment. Uma data é a reforma ministerial na qual eu próprio saí, e não estou falando pela minha saída. Não condeno o fato de a presidente ter me tirado para colocar o chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que já tinha sido ministro da Educação, porque o Mercadante, além de ser quem me fez o convite, é uma pessoa em- penhada na Educação, que já tinha feito uma série de políticas, e ele garantiria a blindagem do ministério. Aliás, o MEC foi um ministério blindado politicamente; nunca vi de ninguém do Poder Executivo qualquer pedido para fazer alguma coisa que não fosse republicana, nada. De qualquer forma, o que repercutiu na minha saída foi que praticamente as mesmas coisas ditas de bom, quando fui nomeado, foram repetidas, mas agora apontando que estava saindo o educa- dor para entrar o político. Isso não foi uma propaganda positiva para o governo. Na saúde, eu achei a questão mais grave, porque havia um ministro, que era o , do qual eu me sentia mais próxi- mo, que estava fazendo um trabalho muito bom, para ser substitu- ído por um político de pouca prática na área [Chioro foi substituído no Ministério da Saúde pelo deputado , do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) do Piauí]. Embora ele tivesse o diploma de medicina e embora tenha sido leal à presidente Dilma, foi um sinal ruim. Basicamente o problema maior foi a sina- lização de que Educação e saúde podiam ser tratadas de maneira política, embora eu novamente ressalve a qualificação do Merca- dante para o MEC. Nesse momento é como se o governo dissesse: “Acabaram os ideais, não sobrou nenhum anel, estamos lutando só para impedir o impeachment e queremos os votos do PMDB, que são decisivos para isso”. O segundo momento em que pareceu que o impeachment foi jo- gado foi quando prenderam o senador Delcídio do Amaral (PT-MS), que não conheci pessoalmente. Ele era o líder do governo no Sena- do. Líder do governo nas duas casas e ministro da Casa Civil são as assunto estava jogado, e foi o PMDB quem fez efoi isso. quem oPMDB jogado, estava assunto o março, de em meados mas, dela, oafastamento determinar nado oSe para mês um mais Câmara, na ser votado para mês um mais Demorou jogado. estava oassunto março, de meados Em parada. Blitzkrieg uma para epartiu dele citos nada. conseguido tinham eoPSDB não arua foique para o pessoal que serenado, estava o impeachment que achava eu ano do no dezembro, final no começo de àpresidente queixas de carta [Michel] Temer vice-presidente o de apesar assim, ponto. Mesmo aesse chegado ter jamais deveria não etc., duvidosas com coisas complicada, tão corrida ficha essa toda ele Se tinha blica. Repú da Presidência como da porta-vozes funcionam que pessoas Mas aí, em meados de fevereiro, o PMDB entrou, pegou os exér pegou fevereiro, entrou, de oPMDB em meados aí, Mas . Em 30 dias eles venceram a eles venceram 30 dias . Em ter publicado a a publicado ter - - - 228 | DILMA | RENATO JANINE RIBEIRO 229 Posfácio Antônio Gois Pesquisa das para contribuir com oprojeto. contribuir para das agen em suas espaço eabriram solícitos foram todos Mas MEC. do recentemente muito por saído terem tempo, seja muito há o cargo por ocupado terem seja entrevista, dar quererem não ministros dos Cardoso. Henrique Fernando verno ogo durante no MEC Educação da gestão da arespeito depoimento seu gravar para época, na Renato Paulo de colaboradoras portantes im mais das uma Castro, de Helena Guimarães Maria foi convidar em 2011 – a solução falecido Souza, Renato Paulo de gestão de anos oito dos a memória perder não para exceção uma abrir de sidade aneces foi oinício, detectada desde E, saúde. de por razões falar pôde não Maciel, Marco ex-ministros, dos um livro, deste trodução in na Como explicado autoridades. 14 identificadas Foram vivas. estavam ainda delas (MEC), quais Educação da Ministério do no site rio, caso de José Henrique Paim, Cid Gomes e Renato Janine Ribeiro. Ribeiro. Janine eRenato Gomes Cid Paim, José Henrique de caso rio, breve pelo ministé passagem tiveram que daqueles mentos mesmo depoi dos equalidade relevância pela acertada absolutamente trou mos se que decisão todos, procurássemos que insistiu porém, Ele, anocargo. no um ao menos ficaram que ministros aos poimentos Educação. da ministro de pelo cargo passaram que autoridades as todas de odepoimento evídeo em texto registrar 2016, de no início de aideia, surgiu Daí país. do gestores portantes im mais com os depoimentos de livro um fizéssemos que sugeriu então Ele no Brasil. documentada ser pouco pública administração na educacional gestão da amemória de conversa ofato numa va lamenta que Henriques, Ricardo Unibanco, Instituto do tendente superin do provocação começou com uma livro deste A trajetória do Monteiro Camargo, André Pitol, Olívia Pavani Naveira e Luciana Naveira eLuciana Pavani Olívia Pitol, André Camargo, Monteiro do Fernan os pesquisadores escalou que &Cultura, Tomara Educação da equipe da com acolaboração contar no processo Foi fundamental No início do processo, trabalhávamos com a hipótese de alguns alguns de com a hipótese processo, trabalhávamos do No início os de restringíssemos que Henriques aRicardo início de Sugeri ministros de galeria da apartir foi mapear, passo O primeiro ------230 | 231 POSFÁCIO Medeiros, coordenados por Luís Saraiva e Clara Azevedo, para reali- zar uma extensa pesquisa sobre o período de gestão de cada entre- vistado. Especialmente no caso dos ministros mais antigos, a pes- quisa foi essencial para ajudar os próprios entrevistados a relembrar fatos importantes da época e de sua gestão. O registro da memória da gestão educacional foi também muito facilitado pelo excelente trabalho coordenado pelo professor Célio da Cunha no livro O MEC pós-Constituição, lançado em 2016 pela Liber Livro Editora. No confronto da pesquisa documental com a fala dos entrevista- dos, ficou claro que a opção de fazer o registro de fatos históricos por meio de depoimentos em primeira pessoa com protagonistas do MEC traria vantagens e desvantagens. A maior desvantagem, natural em qualquer projeto nesse formato, é que a memória dos entrevistados está sempre sujeita a interpretações, subjetividades ou mesmo omis- sões. De outro lado, o relato dos fatos da época em primeira pessoa fa- cilita a revelação dos bastidores da formulação das políticas públicas que não aparecem em documentos ou reportagens da época. Tendo começado a trabalhar como repórter de Educação em 1996, tive a oportunidade de cobrir a gestão da maioria dos minis- tros entrevistados. Mas foi uma surpresa para mim saber, por exem- plo, que praticamente toda a equipe de Paulo Renato Souza era con- trária à ideia de avaliar a Educação Superior por meio de um exame, na época o polêmico Provão. Comentei com Maria Helena que me lembrava de tê-la ouvido diversas vezes, assim como a secretária de Educação Superior à época, Eunice Durham, defender o exame. O Provão, hoje Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudan- tes), no entanto, só virou realidade por causa da insistência de Pau- lo Renato, que venceu a resistência até mesmo do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Para tornar realidade o projeto, foram feitas 11 viagens para sete cidades: Rio de Janeiro, Juiz de Fora, Fortaleza, São Paulo, Florianó- polis, Brasília e Porto Alegre. Por todas as autoridades, fui recebido com paciência, gentileza e, mais importante, disposição para falar sobre temas de sua gestão. Algumas entrevistas aconteceram em lo- cais históricos. Murílio Hingel, por exemplo, pediu que seu depoi- mento fosse gravado dentro do Memorial da República Presidente Itamar Franco, em Juiz de Fora, no mesmo salão onde fica exposto o Fusca símbolo da gestão de Itamar. Audiovisual Um pedido muito justo. muito Um pedido crianças. as para “Parabéns” cantar para à família nos juntássemos delas, pai do tempo do parte boa tomado por termos que, licitado Foi-nosso aniversário. faziam gêmeas filhas duas suas dia, Naquele Rousseff. Dilma governodo fim do político contexto do visão e sua no MEC gestão sobre sua horas duas por quase efalou engessado, pé com o residência, em sua nos recebeu Ribeiro Janine Renato equipe. gravar. para férias suas interrompeu República, da senador Buarque, Cristovam no MEC. como ministro sobre os anos falar para Paulo, prefeito São de época, na de, agenda concorrida hora em sua uma reservar foi aconseguir outro Haddad Fernando Filho. Mendonça de gestão na voltou a ocupar que cargo MEC, do Executiva Secretaria da no gabinete depoimento seu gravou Souza, Renato Paulo de gestão sobre a falou que Castro, de Helena Guimarães oprojeto. Maria para tempo seu em disponibilizar solícitas foram entrevista da época no Jornal obituário em seu ção exibi para foi cedido depoimento seu de parte Como homenagem, entrevista. da depois meses cinco faleceu ABL, da acadêmico tella, Por Janeiro. de no Rio (ABL), Letras de Brasileira Academia da teca tempo” daquele tópico específico. tempo” daquele do “linha aprópria construir para odepoimento atodo assistir de sem ter sobre assunto, esse fala ministro cada ponto em que ao reto di vá Comum Curricular Nacional ou aBase Nacionais Curriculares como os Parâmetros política uma de a trajetória em acompanhar interessado por exemplo, alguém que permite, Isso por temas. feitas marcações pelas facilitado extremamente está editado material do audiovisual pesquisa de Otrabalho observatoriodeeducacao.org.br). (www. Unibanco pelo Instituto mantido Educação, de Observatório no gratuitamente edisponibilizado em vídeo ser gravado para cio oiní desde foi planejado com ministros entrevistas O projeto de Houve um único caso em que foi exigida uma contrapartida da da contrapartida uma foi em que exigida caso único Houve um na públicos cargos ocupavam ainda que Mesmo autoridades abiblio escolheu ministros, dos antigo omais Portella, Eduardo , da TV Globo. TV , da ------

232 | 233 POSFÁCIO Tanto para o projeto em vídeo como para este livro, porém, foi necessário fazer cortes em muitas entrevistas. No entanto, os depoi- mentos na íntegra, alguns com quase três horas de duração, também estão acessíveis gratuitamente a qualquer interessado no site do Ob- servatório (https://observatoriodeeducacao.org.br/ex-ministros).

Agradecimentos

Cortar algumas dessas entrevistas, tanto para o material audiovi- sual como para este livro, foi uma tarefa árdua, e para isso foram fundamentais a paciência e a competência de toda a equipe da Farol Filmes, coordenada por Cristiane Suplicy e Paulo Viana. O conteúdo das entrevistas foi também avaliado com critério e entusiasmo por Felipe de Souza, Elizabete Mofacto e Raíza Siqueira, da Coordenação de Articulação Institucional do Instituto Unibanco. Após a edição em vídeo, era hora de transformar todo o material em livro. O primeiro passo para isso seria transcrever a versão mais curta editada em vídeo desses depoimentos. Em algum momento do processo, aventou-se a possibilidade de utilizar um robô, mais precisamente um software, para a tarefa. Para infelicidade do robô e sorte dos editores do livro, optamos por contratar Luiz Henrique Gurgel para a transcrição. Gurgel fez com precisão a tarefa de adap- tar o discurso oral para o escrito e ainda identificou erros e impreci- sões e sugeriu mudanças. Por fim, coube à Editora Moderna, altamente comprometida com os temas educacionais, abraçar a edição deste livro, executada com primor graças ao trabalho de Luciano Dias Monteiro, Karyne Alencar, Ana Luisa Astiz e Paula Astiz. No processo de edição, pude contar ainda com a paciência, su- gestões e orientações de Izabela Moi, da Coordenação de Comuni- cação do Instituto Unibanco, Tiago Borba, gerente de Planejamento, Articulação e Comunicação do instituto, além de Ricardo Henri- ques, mentor e idealizador do projeto. E, claro, o maior agradecimento de todos não poderia deixar de ser para as 14 autoridades que abraçaram a ideia e encontraram tempo em suas agendas, por vezes concorridas, para contar um lidade para todas e todos. etodos. todas para lidade qua de público ensino um garantir de tarefa adesafiadora cumprir a o Brasil ajudem que reflexõespesquisas e inúmeras de partida de oponto sejam livro neste retratadas décadas quatro sobre as relatos os que Esperamos país. do educacional gestão da história da pouco Antônio Gois - 234 | 235 POSFÁCIO Índice onomástico Collor, Pedro (1952-1994) Pedro Collor, Collor de Mello, Fernando (1949-) Fernando Mello, de Collor Coll, Cesar (1950-) Cesar Coll, (1963-) 228 Arthur Chioro, Chiarelli, Carlos (1940-)Chiarelli, Carlos Chaves, Aureliano (1929-2003) Aureliano Chaves, 7, (1946-) de Guimarães Helena Maria Castro, (1950-) 228 Marcelo Castro, Castro, Fidel (1926-2016) (1924-) Jimmy Carter, 23 (1930-2008) Ruth Cardoso, (1931-) Henrique Fernando Cardoso, (1960-) 116 Beatriz Cardoso, Azanha, José Mario Pires (1931-2004) Pires Mario José 80 Azanha, (1918-1988) Mário Andreazza, (1941-) Ricardo Amaral, Buarque, Cristovam (1944-) Cristovam Buarque, (1922-2004) Leonel Brizola, (1933-) Roberto 44 Bornhausen, Bornhausen, Jorge (1937-) (1938-) Walter Barelli, 115 B do (1955-) Delcídio Amaral, (1931-2011) José Alencar, (1961-) Rodrigues 120, Roberto José Afonso, A Capanema, Gustavo (1900-1985) Gustavo Capanema, Calmon, João (1916-1999) (1932-) Bernardo Cabral, C 81, 91, 96, 132 96, 91, 81, 74, 73, 66, 79, 78, 80, 64, 63, 62, 61, 78, 79 78, 52, 61 52, 156, 233 233 107, 18, 15, 14, 11, 232, 111, 231, 108, 159, 232 158, 153, 144, 142, 141, 107,92, 109, 110, 111, 116, 112, 122, 130 74, 79 74, 62 50, 121 117

44 13, 49, 61, 62, 49, 62, 13, 61,

135 67, 72 67,

127 55

63, 91 63,

12, 39, 40, 41, 41, 39, 40, 12,

175, 228 175, 112, 116, 141 116, 112, 13, 61, 62, 73, 73, 62, 61, 13, 16, 127, 144, 34 34, 39, 42, 39, 42, 34, 11, 110, 110, 11, 13, 15, 41, 41, 15, 13, 11, 15, 15, 11, Cunha, EduardoCunha, (1958-) (1930-2001) Mário Covas, Coutinho, Afrânio (1911-2000) (1954-) 173 Roberto Paulo Costa, (1958-) Cláudio Luiz Costa, Guimarães, Ulysses (1916-1992) Guerra, Alceni (1945-) 112 (1944-) Portugal Gilda Gouvêa, (1918-1976) João Goulart, Gomes, Cid (1963-) (1928-) José Goldemberg, Genro, TarsoGenro, (1947-) Genoíno, José (1946-) (1907-1996) , (1941-) Bernadete 198 Gatti, G Figueiredo, João Baptista de Oliveira (1918- Oliveira de Baptista João Figueiredo, (1915-1997) Guilherme Figueiredo, Ferreiro, Emilia (1937-) (1915-2008) 18, Figueiredo de Esther Ferraz, Fernandes, Reynaldo (1960-) (1945-1996) César Paulo Farias, (1941-2001) Vilmar Faria, (1920-2014) Said Farhat, F Durham, Eunice (1932-) AlexeyDodsworth, (1971-) JacquesDelors, (1925-) D Franco, (1930-2011) Itamar Filho, Adonias (1915-1990) Freyre, Gilberto (1900-1987) Gilberto Freyre, (1947-) de Carlos Luiz 123 Freitas, (1921-1997) Paulo Freire, 214, 215, 227 215, 214, 112 192,196 158, 156, 142, 1999) 53 24, 232 119, 118, 96, 101, 114 101, 96,

11, 12, 18, 23, 39 23, 18, 12, 11,

17, 173 17, 16, 18, 128, 129, 136, 129, 136, 128, 16, 18,

155 117 62, 72 62,

117

26 66, 112, 115, 112, 117,66, 173, 174, 175, 213,

61

112, 116 112, 54, 135, 137 135, 54, 220 28 24, 74,24, 135 13, 62, 63, 68, 68, 63, 62, 13,

23 189, 218, 223 14, 91, 92, 93, 92, 91, 14, 28 119 28

63, 91 63, 39, 42, 6139, 42, 26 236 | 237 ÍNDICE ONOMÁSTICO H Mello, Zélia Cardoso de (1953-) 66, 67 Haddad, Ana Estela (1966-) 156 Melo, Eraldo Tinoco (1943-2008) 63 Haddad, Fernando (1963-) 16, 17, 83, 120, Mendonça, Duda [José Eduardo Cavalcanti 128, 129, 130, 139, 171, 172, 189, 194, de] (1944-) 141 196, 197, 201, 233 Mendonça Bezerra Filho, José (1966-) 111, Haddad, Paulo Roberto (1939-) 92 190 Hingel, Murílio (1933-) 14, 91, 92, 93, Mercadante, Aloizio (1954-) 17, 172, 173, 114, 115, 120, 232 174, 175, 196, 216, 228 Hitler, Adolf (1889-1945) 135 Montesquieu Secondat, Charles-Louis de (1689-1755) 213 J Montoro, André Franco (1916-1999) 76 Jefferson, Roberto (1953-) 129 Moraes Filho, José Ermírio de (1926-2001) 42 Morin, Edgar (1921-) 117 K Kalecki, Michal (1899-1970) 190 N Klein, Ruben (1947-) 119 Nagle, Jorge (1929-) 84 Krause, Gustavo (1946-) 92 Napoleão, Hugo (1943-) 12, 39, 41, 49, 62 L Negri, Barjas (1950-) 115, 120, 121 Lerner, Jaime (1937-) 81 Netto, Antônio Delfim (1928-) 32 Levy, Joaquim (1961-) 154, 155, 173, Neves, Abílio Afonso Baeta (1950-) 112 208, 210 Neves, Aécio (1960-) 161, 173 Lucena, Everaldo (1934-) 98 Neves, Tancredo (1910-1985) 39, 48, Ludwig, Rubem Carlos (1926-1989) 24 50, 55 Lula da Silva, Luiz Inácio (1945-) 16, 17, Nunes, Ivan (1982-) 219 18, 61, 111, 127, 128, 129, 130, 131, 132, 134, 138, 139, 141, 142, 143, O 144, 148, 152, 153, 158, 162, 171, Obama, Barack (1961-) 151, 178 209, 221 Olympio, José (1902-1990) 28 Lutero, Martinho (1483-1546) 135 P M Pacheco, José (1951-) 220 Maciel, Marco (1940-) 11, 12, 39, 40, 42, Padilha, Eliseu (1945-) 175 44, 45, 49, 50, 52, 62, 231 Paim, José Henrique (1966-) 17, 172, 173, Maduro Junior, Paulo (1981-) 41, 109 189, 231 Magalhães, Antônio Carlos (1927-2007) 18, Palácios, Manuel (195?-) 211, 224 39, 41, 147, 148 Palocci, Antonio (1960-) 127, 151 Magalhães, Luís Eduardo (1955-1998) 148 Pelé [Edson Arantes do Nascimento] Magri, Antônio Rogério (1940-) 71 (1940-) 137 Malan, Pedro (1943-) 110 Pereira, Francelino (1921-) 44 Maluf, Paulo (1931-) 34 Perrenoud, Philippe (1944-) 117 Mantega, Guido (1949-) 156, 158 Pires, Waldir (1926-) 44 Mares Guia, Walfrido dos (1942-) 148 Poppovic, Pedro Paulo (1928-) 112 Medeiros, Otávio (1922-2005) 29, 33, 34 Portella, Eduardo (1932-2017) 12, 23, 24, Mello, Guiomar Namo de (1943-) 116, 117 233 Prado, Iara (1946-) 112, 116, 117 Rousseff, Dilma (1947-) Dilma Rousseff, 220 (1948-) Sebastião Rocha, [Beto] (1965-) 223 Alberto Carlos Richa, (1949-) Janine Renato Ribeiro, (1922-1997) Darcy Ribeiro, (1929-2011) Eliseu Resende, 92 R Queiroz, Rachel de (1910-2003) Q 139, 139, e(1946-) Oliveira de Dirceu José Silva, e(1911-1987) Couto do Golbery Silva, (1942-) José Serra, Sarney, José (1930-) Menezes de Correa Carlos Sant’anna, S (1938-2010) Orestes Quércia, 223, 228 223, 213,176, 212, 215, 209, 221, 208, 196, 171, 158, 152, 172, 131, 173,130, 174, 74, 115 108, 151 146 57, 49, 54, 52, 50, 48, 142, 85, 73, 61, (1931-2003)

12, 41, 57, 41, 12, 62 111, 161 111,

12, 39, 40, 41, 42, 44, 44, 42, 41, 39, 40, 12, 11, 14, 17, 14, 11, 19, 128, 24, 29, 33, 62, 29, 62, 33, 24, 76, 84 76, 17, 19, 174 19, 17, 28 23, 28 23, Weffort, FranciscoWeffort, (1937-) W (1946-) Gastão Vieira, (1882-1954) Getúlio Vargas, 47 V Unger, Mangabeira Roberto (1947-) U Trump, 179 (1946-) Donald (1961-)Torres, Demóstenes 186 Temer, Michel (1940-) (1920-2013) Souza de Teixeira, Antonio 80 (1944-) Ana Teberosky, T Suruagy, Divaldo (1931-2015) (1945-2011) Renato Paulo Souza, (1952-) Francisco José Soares, Singer, Helena (1967-) (1935-1997) Henrique Mário Simonsen, 110, 111, 130, 141, 231, 232, 233 232, 231, 110, 141, 111, 130, 16, 47, 15, 107,14, 84, 109, 48, 108,

220 146, 148 146, 146, 175,146, 229 181, 117 110 52 119, 226 223, 7, 12, 11,

174, 223 174, 28 238 | 239 ÍNDICE ONOMÁSTICO Esta publicação foi composta nas fontes Rufina e Usual e impressa em abril de 2018, em papel offset 90g/m2. João Baptista de Oliveira Figueiredo 1979-1985 Eduardo Portella 1979-1980 Rubem Carlos Ludwig 1980-1982 Esther de Figueiredo Ferraz 1982-1985 Antônio Gois Antônio Quatro décadas José Sarney 1985-1990 Quatro décadas de gestão educacional no Brasil apresenta Marco Maciel 1985-1986 entrevistas com 14 autoridades da Educação que ocuparam a de gestão Jorge Bornhausen 1986-1987 pasta entre os governos João Baptista Figueiredo (1979-1985) Aloísio Guimarães Sotero – interino 1987 Acreditamos no poder transformador da Educação e e Dilma Rousseff (2011-2016). Nesse período, o país atraves- Hugo Napoleão 1987-1989 no aprimoramento da gestão como ferramenta decisiva sou fases de graves crises econômicas e instabilidade política. Carlos Correa de Menezes Sant’anna 1989-1990 para assegurar os direitos de aprendizagem de nossas Também celebrou avanços, como a redemocratização, a am- educacional crianças, adolescentes e jovens. pliação de direitos sociais e a redução da desigualdade. Fernando Collor de Mello 1990-1992 Quatro décadas de gestão educacional no Brasil, que Os ministros que passaram pelo Ministério da Educação Carlos Chiarelli 1990-1991 ora apresentamos ao público, foi concebido com base (MEC) conviveram com o desafio de implementar políticas pú- José Goldemberg 1991-1992 nessa crença. A obra traça um panorama das políticas blicas no setor considerando o momento socioeco­nômico de no Brasil Eraldo Tinoco Melo 1992 educacionais das últimas quatro décadas na perspectiva seu tempo. Além de buscar contribuir para o entendimento de 14 autoridades da Educação. Além de resgatar parte de como tais contextos afetaram a trajetória das políticas edu- Políticas públicas do MEC em depoimentos de ex-ministros da memória da gestão do Ministério da Educação (MEC) e cacionais, este livro visa resgatar parte da memória da gestão Itamar Franco 1992-1995 a racionalidade de distintas intervenções, os depoimentos do MEC por meio do depoimento de seus protagonistas. Murílio Hingel 1992-1995 ajudam a entender como os contextos socioeconômicos Se, de um lado, a memória dos entrevistados está sujeita a influenciaram o rumo das políticas públicas educacionais. interpretações, subjetividades ou mesmo omissões, de outro, | Como todos sabemos, temos avançado muito na am- o relato dos fatos em primeira pessoa facilita a revelação dos Fernando Henrique Cardoso 1995-1998 1999-2002 Paulo Renato Souza* 1995-2002 pliação do acesso ao ensino público, mas ainda estamos bastidores da formulação das políticas que não aparecem em longe de ter atingido os níveis de qualidade desejados. documentos ou reportagens da época. Luiz Inácio Lula da Silva 2003-2006 | 2007-2010 Cristovam Buarque 2003-2004 Tarso Genro 2004-2005

Pedro Moreira Salles Quatro décadas de gestão educacional no Brasil Fernando Haddad 2005-2010 Presidente do Instituto Unibanco observatoriodeeducacao.org.br/ex-ministros

Dilma Rousseff 2011-2014 | 2015-2016 Antônio Gois Fernando Haddad 2011-2012 Aloizio Mercadante 2012-2014 Henrique Paim 2014-2015 Cid Gomes 2015 Renato Janine Ribeiro 2015 Aloizio Mercadante 2015-2016

Em destaque, os ex-ministros entrevistados. * Depoimento da gestão de Paulo Renato Souza por Maria Helena Guimarães de Castro.