FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

O IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO DA IMPLANTAÇÃO DA MECANIZAÇÃO NA LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR NA MICRORREGIÃO DE ASSIS, ESTADO DE

Fabrício da Silva Bastos do Nascimento

Assis Novembro / 2009 FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

O IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO DA IMPLANTAÇÃO DA MECANIZAÇÃO NA LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR NA MICRORREGIÃO DE ASSIS, ESTADO DE SÃO PAULO

Versão Final da Monografia apresentada à Coordenadoria da área de Ciências Gerenciais, do Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Administração.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Reynaldo Campanatti Pereira

ALUNO: Fabrício da Silva Bastos do Nascimento

Assis Novembro / 2009 FICHA CATALOGRÁFICA –

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

O IMPACTO SÓCIO-ECONÔMICO DA IMPLANTAÇÃO DA MECANIZAÇÃO NA LAVOURA DE CANA-DE-AÇÚCAR NA MICRORREGIÃO DE ASSIS, ESTADO DE SÃO PAULO

Fabrício da Silva Bastos do Nascimento

BANCA

______Prof. Ms. João Carlos da Silva Prof. Ms. Osmar Aparecido Machado Examinador Examinador

______Prof. Dr. Reynaldo Campanatti Pereira Orientador

DATA: 20 / 11 / 2009 Aos meus pais, Benedito Cirilo do Nascimento e Lindinalva da Silva Bastos do Nascimento, pois procuraram sempre me instruir para o bem e para o melhor e sempre estiveram orando e intercedendo por mim no decorrer destes quatro anos.

Ao meu irmão Willian Emerson Bastos do Nascimento, o qual sempre me apoiou em minhas decisões.

Ao meu primo Wellington Roberto da Silva, o qual me deu muita força e incentivo, a fim de que eu chegasse até aqui.

A todos aqueles que de forma direta e/ou indireta apoiaram este trabalho.

Dedico AGRADECIMENTOS

A DEUS, por me dar forças para perseverar em busca de meus objetivos.

Concluo o curso de Bacharelado em Administração e inicio o curso de minha vida profissional, não encontrarei mãos que me puxem para cima nesta vida profissional, apenas levo a certeza de encontrar degraus os quais galgarei passo a passo, ritmados e reforçados por aquilo que aprendi. Há tantos a agradecer, por tanto se dedicarem a mim, não somente por terem ensinado, mas por me terem feito aprender. A palavra mestre, nunca fará justiça aos professores dedicados, aos quais, sem nominar terão meu eterno agradecimento. Ao Prof. Dr. Reynaldo Campanatti Pereira, pela orientação, apoio, amizade e paciência sempre presente. A esta faculdade, que durante estes quatro anos oportunizaram a janela que hoje vislumbro um horizonte superior. Ao Wilson Tonelli Júnior, Assocana (Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana), pela atenção cedida para fornecer informações durante a execução deste trabalho. Ao Sr. Luiz Carlos Casachi, Presidente do Sindicato Rural dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Assis, pela disponibilidade de tempo cedida a mim, a fim de enriquecer este trabalho. Ao Joaquim Bernardes da Silva Dias e Rodrigo Fernandes dos Santos (Fazenda Canaã e Outras), por terem me liberado algumas vezes de meus compromissos profissionais, a fim de me dedicar aos estudos. A Minha Família, que nos momentos de minha ausência dedicados ao estudo superior, sempre fizeram entender que o futuro, é feito a partir da constante dedicação no presente. A todos os colegas de turma, especialmente aos amigos: Nathalia Martins Abílio, Alexandre Chaves do Carmo, Fabio Aparecido Marcelino e Lucas Alves Cardoso Damaceno, minha segunda família, que fortaleceram os laços da igualdade, num ambiente fraterno e respeitoso. Jamais lhes esquecerei.

Obrigado! "Quando existe avanço tecnológico sem avanço social, surge quase automaticamente, um aumento da miséria humana."

Michael Harrington Resumo

Atualmente, o setor canavieiro tem demonstrado e concretizado o grande interesse de substituir a mão-de-obra canavieira pela mecanização. Essa atitude tem feito emergir pontos positivos e negativos para a economia e a sociedade. Ocorre que a mecanização se faz necessária pelo fato do Governo criar leis que proíbem as queimadas de cana-de-açúcar, tornando inviável o corte manual da mesma e sendo obrigatória à utilização das máquinas para efetuar o corte da cana crua. Do tripé do desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social), apenas o econômico e ambiental estão nitidamente contemplados por estas leis. Quanto ao social, o que se observa é a crescente adoção de equipamentos substituindo e expulsando do setor canavieiro o grande contingente de cortadores de cana. Essa questão pode ser observada na microrregião de Assis, Estado de São Paulo onde a atividade canavieira é predominante e emprega vários cortadores de cana-de-açúcar. Essa empregabilidade, decorrente do setor canavieiro, é um dos fatores que faz com que a economia da região se mantenha estável. Os trabalhadores rurais, em sua maioria, estão condicionados a atividade canavieira e tem esse setor como o maior responsável pela geração de renda de suas famílias. Com base nessa questão, o presente trabalho abordará os pontos negativos da implantação da mecanização no setor canavieiro em relação aos trabalhadores rurais, na microrregião de Assis, Estado de São Paulo.

Palavras-Chave: cana-de-açúcar, mecanização, impacto sócio-econômico. Abstract

Nowadays, the sugar cane sector has demonstrated and materialized the great interest in replacing the sugar cane workforce for mechanization. This attitude has been bringing up positive and negative aspects for economy and society. It occurs that mechanization is necessary because the Government created laws prohibiting the burning of sugar cane, making its hand-operated cut impracticable and requiring the use of the machines to cut the raw cane. Out of the three kinds of sustainable development (economic, environmental and social), only the economic and environmental ones are clearly covered by these laws. As for the social development, what is observed is the increasing adoption of equipment replacing and expelling the great majority of cane cutters from the sugar cane sector. This matter can be seen in the microregion of Assis, State of Sao Paulo where sugar cane cultivation is predominant and employs several sugar cane cutters. This employability, due to the sugar cane sector, is one of the factors that makes the economy of the region remains stable. Most of the rural workers are submitted to the sugar cane sector and have the industry as the most responsible for generating income for their families. Based on this matter, this study will approach the negative aspects of the implementation of mechanization in the sugar cane sector in relation to rural workers in the microregion of Assis, State of Sao Paulo.

Keywords: sugar cane, mechanization, socio-economic impact. Resumen

En la actualidad, el sector de la caña de azúcar ha demostrado y alcanzado el gran voluntad de sustituir la mano de obra de caña de azúcar por la mecanización. Esta actitud ha energido puntos positivos y negativos de la economía y la sociedad. Ocurre que la mecanización es necesario porque el Gobierno creó leyes que prohíben la quema de caña de azúcar, lo que tornó imposible y inviable el corte manualy siendo obligatoria usar las máquinas para hacer el corte de caña. Trípode de desarrollo sostenible (económico, medioambiental y social), sólo el económicos y el ambientales están claramente cubiertos por estas leyes. El social, que se observa es la creciente adopción de la sustitución de equipos y de calidad de la caña de azúcar de la gran mayoría de los cortadores de caña de azúcar. Esta pregunta puede ser observada en el micro región de Assis, Estado de São Paulo, donde el cultivo de la caña de azúcar es predominante y emplea varios cortadores de caña de azúcar. Este empleo, debido a lo sector de la caña de azúcar, es uno de los factores que hace que la economía de la región se mantenga. Los trabajadores rurales, em su mayoria, necesita de la caña de azúcar y tiene el sector como la mayoría de los responsables de la generación de rienda para sus familias. En base a esta pregunta, este documento aborda los aspectos negativos de la aplicación de la mecanización en el sector de la caña de azúcar en relación a los trabajadores rurales en la micro región de Assis, Estado de São Paulo.

Palabras llave: caña de azúcar, la mecanización, impacto socioeconómico. SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS LISTA DE GRÁFICOS LISTA DE QUADROS INTRODUÇÃO CAPÍTULO I 1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE A ECONOMIA DO TRABALHO CAPÍTULO II 2. O EMPREGO DO PONTO DE VISTA SUSTENTÁVEL...... CAPÍTULO III 3. ASPECTOS DO AVANÇO DA MECANIZAÇÃO NA LAVOURA DE CANA- DE-AÇÚCAR...... CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS...... REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS...... ANEXOS “” 11

LISTA DE FIGURAS

Figura 01: Foto da Lavoura de Cana-de-Açúcar...... 34 Figura 02: Foto do Corte de Cana Manual...... 35 Figura 03: Foto da Cana-de-Açúcar após o Corte...... 36 Figura 04: Foto do Corte de Cana Mecanizado...... 38 Figura 05: Foto da Colhedora de Cana...... 39 Figura 06: Foto da Queima de Cana...... 40 Figura 07: Microrregiões do Brasil...... 45 Figura 08: Microrregiões do Estado de São Paulo...... 46 Figura 09: Microrregiões de Assis-SP...... 47 12

LISTA DE GRÁFICOS

– – – – – – – 13

LISTA DE QUADROS

Quadro 01: Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, Segundo Lei 11.241/2002...... 41 Quadro 02: Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, Segundo Protocolo Agro-Ambiental...... 42 Quadro 03: Índice de Mecanização nos Escritórios de Desenvolvimento Rural, Estado de São Paulo, Junho de 2007...... 44 14

INTRODUÇÃO

No Estado de São Paulo, o Governo estipulou uma lei que prevê o fim da queimada para a colheita de cana até 2021 em áreas consideradas mecanizáveis e, até 2031, para áreas consideradas não mecanizáveis. Mas recentemente, foi assinado um Protocolo Agro-Ambiental por toda a liderança do setor canavieiro do Estado, que reduziu os prazos para 2014 (mecanizáveis) e 2017 (não mecanizáveis). Por pertencer ao Estado de São Paulo, a microrregião de Assis é afetada por este protocolo, forçando os produtores rurais, fornecedores de cana, destilarias e usinas a adotar máquinas colhedoras de cana no setor. Tal atitude implica resultados desfavoráveis à empregabilidade, que acaba sendo afetada de forma negativa em relação à mão-de-obra canavieira (cortadores de cana), uma vez que o processo de automação tecnológica no campo torna a mecanização, a principal responsável pela eliminação de empregos. Com base nessa questão, o presente trabalho está estruturado em 3 (três) capítulos com o objetivo de estudar as conseqüências do ponto de vista sustentável nos níveis de emprego do setor canavieiro geradas pela implantação da mecanização do corte da cana-de-açúcar, bem como apontar possíveis propostas para suprir essas conseqüências. No primeiro capítulo relata-se a identificação e a análise da fundamentação teórica para a questão do emprego a partir dos conceitos da Teoria Econômica e da Economia do Trabalho. Em seguida no segundo capítulo apresenta-se a identificação e a análise das questões do tripé do desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social) para o setor canavieiro. E, por fim, no terceiro capítulo identifica-se e analisam-se estatisticamente os dados sobre a evolução dos níveis de emprego no setor canavieiro, bem como os parâmetros estatísticos em relação à evolução da adoção de máquinas colhedoras de cana-de-açúcar, pelo setor canavieiro. 15

A Economia é a ciência social que se ocupa da administração dos recursos (escassos) para atender as necessidades humanas (ilimitadas). Através dessa ciência é possível fazer diversos estudos sobre a produção, distribuição e consumo de bens e serviços de um determinado país. Esse processo é mais bem observado na aplicação da Teoria Econômica. A Teoria Econômica proporciona percepções do comportamento individual e social. Através dela, o governo, a indústria, a mão-de-obra e outros grupos passaram a compreender cada vez mais a utilidade dos conceitos e processos do pensamento dos economistas na formulação da política social. Essa abordagem do comportamento é simples e necessária, e proporciona uma abordagem sistemática da análise dos problemas econômicos. Sandroni (1989, p. 309), define a Teoria Econômica como sendo:

Sistematização conceitual dos processos e fenômenos econômicos ou reconstrução abstrata da realidade econômica, pelo uso das categorias de um método de investigação. A teoria econômica procura encontrar as determinações essenciais dos fenômenos econômicos, separando o acessório do fundamental, com isso estabelecendo formulações universais, num trabalho de síntese. É por meio da teoria que a Economia se entrelaça com a História, a Sociologia, a Antropologia e outras ciências afins. Seu papel não se limita à interpretação do que ocorre ao nível da produção, da circulação, e do consumo: é também o ponto de partida para a formulação de respostas aos problemas econômicos surgidos em cada etapa do desenvolvimento social.

A Economia não está limitada às questões de produção e consumo, uma vez que deve ser usada nas etapas do desenvolvimento social. A Teoria Econômica se ocupa do comportamento humano, e estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens e serviços. Rosseti (1990, p. 68), explica: 16

A Teoria Econômica é o compartimento central da economia. Compete- lhe dar ordenamento lógico aos levantamentos sistemáticos fornecidos pela economia Descritiva, produzindo generalizações que sejam capazes de ligar os fatos entre si, desvendar as cadeias de ações e reações manifestadas e estabelecer relações que identifiquem os graus de dependência de dado fenômeno em relação ao outro.

A ligação dos fatos entre si implica de forma direta na teorização da realidade, resultando nos princípios, teorias e modelos. Por outro lado, Vasconcelos e Garcia (1999, p. 2) afirmam que a Teoria Econômica é:

A ciência social que estuda como o individuo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas...

Em qualquer sociedade, os recursos ou fatores de produção são escassos e as necessidades humanas são ilimitadas.

1.2. Necessidades Humanas e Bens

De uma forma geral, as necessidades humanas são a sensação da falta de alguma coisa unida ao desejo de satisfazê-las. Sandroni (1989, p.213) explica a necessidade humana da seguinte maneira:

Necessidade. Exigência individual ou social que deve ser satisfeita por meio do consumo de bens e serviços. Para viver e reproduzi-se, o homem tem necessidades ligadas à alimentação, vestuário, moradia, educação e lazer. Algumas dessas necessidades (como a de alimentar-se) são de origem natural e biológica, enquanto outras são determinadas pela sociedade (como a educação). O meio social atua mesmo sobre as necessidades biológicas: a forma de atender a necessidade de comer, por exemplo, é dada socialmente pela tradição de hábitos alimentares. A necessidade de lazer embora não se coloque de forma crucial como a alimentação, foi adquirida historicamente e corresponde à própria natureza lúdica dos indivíduos. Há ainda necessidades individuais que são impostas pela ocupação e pela camada social a que pertence o indivíduo. De modo geral, para sobreviver biológica e socialmente o homem precisa de coisas tão diversas como pão, carne, casa, roupas, escolas, hospitais, ônibus, navios, trens. São coisas em economia chamadas bens, produzidas 17

socialmente pelo conjunto dos homens, por meio de seu trabalho, em relação com a natureza. A satisfação das necessidades não é algo natural e imediato como ocorre com o ar que se respira. Essa satisfação depende em primeiro lugar da existência de bens, que podem ser abundantes ou escassos para todos ou para alguns. O que determina isso é o nível de desenvolvimento de uma sociedade e a forma como é distribuída a riqueza social produzida pelo conjunto da população.

A sociedade é condicionada as necessidades, e essas necessidades são sanadas através da existência de bens, os quais podem ser abundantes ou escassos conforme o nível de desenvolvimento de uma sociedade, ou seja, se uma sociedade estiver economicamente em ponto de equilíbrio, é possível que as necessidades sejam sanadas, em caso de uma economia desfavorável essas necessidades tendem a aumentar. Pode-se dizer que bens são tudo aquilo que permitem satisfazer uma ou várias necessidades humanas, sendo assim, um bem é procurado porque é útil. Em economia, bem é tudo aquilo que satisfaz direta ou indiretamente os desejos e necessidades dos seres humanos. Os bens podem ser classificados segundo seu caráter, natureza ou função. Segundo Passos e Nogami (2001, p.11), os bens se classificam quanto às suas raridades, em Bens Livres e Bens Econômicos:

Os Bens Livres são aqueles que existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos com pouco ou nenhum esforço humano. Nessa categoria estão a luz solar, o ar, o mar, etc., que são bens porque satisfazem necessidades, mas cuja utilização não implica em relações de ordem econômica. A principal característica dos Bens Livres é a de que não possuem preço (têm preço zero). Os Bens Econômicos, ao contrário, são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção. Tais bens apresentam como característica básica o fato de terem um preço.

Os bens são naturais, onde de certa forma não interfere na economia e, ainda materiais, ou seja, bens que têm preços estabelecidos e que influenciam a economia. Por outro lado, Sandroni (1989, p. 23) explica o seguinte: 18

Bens. Tudo que tem utilidade, podendo satisfazer uma necessidade ou suprir uma carência. Os bens econômicos são aqueles relativamente escassos ou que demandam trabalho humano. Assim o ar é um bem livre, mas o minério de ferro é um bem econômico. Existem vários tipos de bens econômicos, podendo-se distingui-los por sua natureza, por sua função na produção, por suas relações com outros bens, por suas peculiaridades no que se refere à comercialização etc. Entre as principais distinções feitas pelos economistas estão: os bens de consumo (um alimento, um par de sapatos), os bens de capital, ou de produção (máquinas, equipamentos), os bens duráveis (uma casa), os bens não duráveis (uma fruta), os bens mistos (um automóvel é bem de capital para um motorista de táxi, e bem de consumo para a pessoa que o usa por prazer), os bens necessários (alimentos, roupas), os bens supérfluos (uma jóia), os bens complementares (pneu e volante de automóvel) e os bens sucedâneos (margarina, em relação à manteiga).

O conceito de bens é mais completo no que diz respeito à sociedade. Para alcançar um bem e sanar suas necessidades o ser humano precisa de um trabalho, o qual no sentido econômico constitui os serviços prestados por médicos, o trabalho de operários na construção civil, o trabalho de um agricultor no campo, etc. Esse trabalho é umas das principais variáveis para o crescimento econômico no que diz respeito aos níveis de emprego e desemprego.

1.3. Crescimento Econômico

Podemos entender crescimento econômico como o ato ou efeito de crescer, envolvendo entre outras questões, o que se refere aos níveis de emprego e desemprego. O crescimento econômico pode ocorrer através do aumento contínuo do Produto Nacional Bruto (PNB), tanto em termos globais como per capita, ao longo do tempo. Passos e Nogami (1999, p.454) afirmam que crescimento econômico:

É caracterizado pelo aumento da capacidade produtiva de bens e serviços de uma economia, num determinado período de tempo, cujo reflexo se retrata no aumento do Produto Nacional Bruto. Muitas vezes, para que isto ocorra, todo um conjunto de fatores são fundamentais para que uma economia obtenha resultados positivos. Essa mudança de cunho quantitativo nos níveis do produto (Y) pode estar associada ao estoque de capital (K), à força de trabalho (N) e ao próprio tempo (t). 19

“ ” 20

Para que ocorra o crescimento de um país, é de extrema importância a necessidade à oferta de capital humano e a capacidade de consumo da população. A qualidade de vida e consumo de uma determinada faixa da população impulsiona o crescimento econômico de uma nação.

1.4. Economia do Trabalho

Passos e Nogami (1989, p. 13) descrevem o trabalho da seguinte forma:

Trabalho. É o nome dado a todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços. O trabalho da população estabelece para esse fator de produção um limite em termos de quantidade. Entretanto, importa também a qualidade do trabalho. Todos sabemos que duas pessoas que trabalham oito horas por dia não são igualmente produtivas. Por essa razão, em qualquer país, a qualidade e o tamanho da força de trabalho são limitados, o que implica dizer que a quantidade total do recurso denominado Trabalho também o é.

O trabalho é classificado quanto às suas características e diferentes resultados, mas em todos os casos interfere de forma direta e/ou indireta na economia. A questão do trabalho é mais bem analisada através da Teoria do Trabalho, a qual por sua vez, explica a relação entre as oportunidades salariais e empregos, rendas e a decisão de trabalhar, produtividade, etc. Ehrenberg e Smith (2000, p. 3) descrevem o seguinte:

A economia do trabalho constitui um estudo do funcionamento e resultados do mercado do trabalho. Mais especificamente, a economia do trabalho preocupa-se principalmente com o comportamento dos empregadores e empregados em resposta aos incentivos gerais de salários, preços, lucros, e aspectos não pecuniários das relações empregatícias, como as condições de trabalho. Esses incentivos servem tanto para motivar como para limitar a escolha individual. O foco na economia reside em incentivar um comportamento que seja impessoal e que se aplique a amplos grupos de pessoas. 21

Emprego.

“ ”

Força de Trabalho. 22

“ ” 23

“”

24

desemprego cíclico desemprego disfarçado desemprego friccional normal desemprego sazonal desemprego tecnológico estrutural

desemprego friccional desemprego estrutural desemprego deficiente da demanda “” desemprego sazonal 25

Nos diversos tipos de desemprego a economia e a sociedade são afetadas de forma negativa, o que acaba gerando desconforto para a classe dos trabalhadores. É de extrema importância que esses assuntos sejam pesquisados e tomados como base para uma conscientização sócio-econômica. A economia está caminhando para um futuro movido à tecnologia, onde somente parte da sociedade poderá tomar proveitos positivos. Analisar e solucionar os aspectos negativos gerados para a sociedade e a economia torna-se fundamental para manter a estabilidade e o ponto de equilíbrio.

O próximo capítulo apresenta a identificação e a análise das questões do tripé do desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social) para o setor canavieiro. 26

“”

27

Para um empreendimento humano ser sustentável, tem de ter em vista quatro requisitos básicos: ser ecologicamente correto, ser economicamente viável, ser socialmente justo e ser culturalmente aceito. Desta forma, pode-se dizer que um empreendimento sustentável devolve ao meio ambiente todo ou parte dos recursos que processou garantindo uma boa qualidade de vida às populações que nele atuam ou que vivam nas imediações ou na área afetada pelo projeto. Garantindo assim, uma longa vitalidade e um baixo impacto naquela região durante gerações Batalha (2008, p. 672) afirma:

A noção de desenvolvimento econômico tem mudado nas últimas duas décadas em direção a uma visão mais consensual de que conservação ambiental e melhores padrões de vida devem ser perseguidos simultaneamente. Existem diversas visões teóricas que tentam estabelecer relações entre crescimento econômico, exploração dos recursos naturais, herança das futuras gerações, qualidade de vida, distribuição de renda e pobreza. Entretanto, muitos destes temas continuam ainda sendo negligenciados, ou insuficientemente considerados.

Em muitos casos os requisitos que compõem o conceito ideal de sustentabilidade não são atendidos fazendo com que a prática fique apenas na teoria. Mesmo assim, é importante ter em mente que adotar as práticas que transformem nossa presença em determinado lugar o mais sustentável possível, é a única saída para determos a degradação ambiental que estamos experimentando nos últimos anos e as graves alterações climáticas que tem causado grandes desastres em diversas partes do planeta.

2.2. Desenvolvimento Agrícola Sustentável

A tecnologia agrícola influencia de forma significativa na transformação de sistemas produtivos no que diz respeito à sustentabilidade. Esse tipo de tecnologia pode gerar conservação ambiental e sistemas econômicos mais justos. Entretanto, sua adoção depende de um conjunto de variáveis que muitas vezes está distante dos produtores rurais. Apesar do avanço das inovações tecnológicas, os esforços governamentais e não governamentais não tem gerado resultado 100% (cem por 28

desenvolvimento sustentável.

“ ” 29

O desenvolvimento agrícola sustentável deve-se assegurar e fortalecer a existência daqueles que cumprem um papel determinante para esta sustentabilidade.

2.3. Sustentabilidade Ambiental e Social

Sustentabilidade ambiental significa que a ocupação humana não interfere nos processos ecológicos essenciais para o pleno funcionamento do ecossistema (e não que este se mantém inviolável, pois a presença humana, mais do que outras espécies, sempre produz modificações ambientais). Uma alta sustentabilidade é verificada em uma ocupação que não degrada o ambiente, não provoca alterações micro-climáticas, não polui, não destrói habitats, não explora recursos naturais renováveis acima de sua capacidade de regeneração, nem resulta em extinções de espécies. Já a sustentabilidade social define a capacidade que tem um agroecossistema para manter a produtividade, seja em uma atividade agrícola, em uma propriedade ou em uma nação, quando é submetido a uma pressão ou a uma perturbação. A diferença entre ambas as formas de distorção é o seu grau de predição. Uma pressão é definida como uma regular e contínua distorção, previsível e relativamente pequena (por exemplo: a redução da força de trabalho disponível; deficiências no solo; crescimento das dívidas etc). Por outro lado, uma perturbação é definida como uma distorção irregular, pouco frequente, relativamente longa e imprevisível (por exemplo: inundações, secas, epidemias repentinas, incêndios, colapso no mercado etc).

2.4. Tecnologias Sustentáveis no Setor Agrícola

Atualmente, tanto o produtor rural como seus fornecedores têm a preocupação de aumentar a produtividade das áreas em que atuam e ao mesmo tempo trabalhar de forma que o solo possa continuar produzindo ao longo de séculos. Essa vem sendo a prática de sustentabilidade do agronegócio, evitando o 30

desaparecimento da fertilidade do solo e a redução da água disponível e, ainda, protegendo a biodiversidade da região em que se atua. Fornecendo produtos para a alimentação humana ou gerando insumos renováveis para a indústria e para o setor logístico como fibras, combustível e outros, é possível e necessário fazê-lo de forma sustentável. O agronegócio vem enfrentando e vencendo o desafio de aumentar continuamente a sua produção, mantendo a sustentabilidade. Os crescentes problemas ambientais e a maior percepção deles pela sociedade têm suscitado uma série de inovações tecnológicas no Brasil. A lucratividade é um fator importante o qual é levado em consideração pelos produtores ao adotarem tecnologias sustentavéis. Quando surge uma nova tecnologia, é necessário tempo para adaptar as rotinas de produção (treinamento, habilidades necessárias, etc) ao meio ambiente. Esse processo pode resultar em alto custo. Sandroni (1989, p. 307) explica:

Tecnologia. Ciência ou teoria da técnica. Abrange o conjunto de conhecimentos aplicados pelo homem para atingir determinados fins. As inovações tecnológicas determinam, quase sempre, uma elevação nos indices de produção e um aumento da produtividade do trabalho. Embora o uso de de conhecimentos tecnológicos na produção pressuponha uma adequação da mão-de-obra nela empregada (escolaridade, treinamento, experiência), não há uma relação direta entre as técnicas utilizadas pela sociedade e o conhecimento global dela por parte da força de trabalho. Além disso, o emprego de novas máquinas, de novas ferramentas, de novos métodos de organização e racionalização do trabalho nem sempre representa vantagens para o processo produtivo.

No entanto, quando falamos em tecnologia sustentável esse custo e a desvantagem acabam sendo reduzidos. Sua adoção e implantação faz com que o custo de investimento seja ressarcido ao longo prazo com base em algumas variavéis de produção. Um exemplo seria a redução inicial na renda, que poderia ser considerada como um investimento a ser amortizado no futuro, quando a produção estiver mais elevada. A adoção de tecnologias sustentavéis favorece de forma significativa o meio ambiente e ainda, quando implantada de forma correta gera lucro aos produtores rurais. 31

Essas tecnologias são de fundamental importância para o desenvolvimento agrícola sustentável, uma vez que interfere de foma positiva nas questões: ambiental, econômica, social e cultural.

2.5. Aspectos do Desenvolvimento Agrícola Sustentável sobre o Emprego

A introdução de tecnologias em determinado setor da economia acarreta uma eliminação siginificativa da Força de Trabalho, ou seja, a adoção de novas tecnologias faz com que grande parcela de trabalhores seja reduzida. Sandroni (1989, p. 307) comenta:

Chega a ser antieconômico ou desvantajoso socialmente quando há grande oferta de mão-de-obra barata e de baixo nível de instrução. Com isso, o ritmo e o emprego do processo tecnológico varaim conforme a sociedade, o nível de oferta e a demanda de bens e também a natureza da concorrência.

Do ponto de vista sustentável, a adoção de tecnologias com a finalidade de estabelcer uma relação harmoniosa entre ambiente e sociedade, é mais intensiva em trabalho do que as tecnologias convencionais. O desenvolvimento sustentável resulta na necessidade de rotação de culturas, diversificação e gestão. A sustentabilidade significa mais empregos porque as comunidades civis produzirão bens para seu consumo próprio. Batalha, (2001, p.616) ressalta:

No norte da Europa, o uso de trabalho nas propriedades orgânicas é mais intensivo do que em propriedades convencionais comparavéis. Isso se deve não apenas às especificidades técnicas, mas também ao conjunto de atividades desse sistema de produção. A conversão pode ser realizada por meio da adoção de atividades mais intensivas em trabalho, como a olericultura. Fora do processo produtivo, a necessidade de se obter preços mais elevados também contribui para aumentar a demanda por trabalho, pois mais horas são dedicadas às atividades de processamento, embalagem e desenvolvimento de mercados. 32

Mão-de-Obra. mã-de-obra direta mão-de-obra indireta mão-de-obra especializada mão-de-obra semi-especializada mão-de-obra não-especializada

“” 33

construção civil, de energias renováveis, na agricultura, na indústria e nos serviços. Eles devem estimular o trabalho decente onde os trabalhadores precisam ser capacitados para o novo formato de emprego, que deve se tornar cada vez mais comum nas sociedades que pretendem ser sustentáveis. O relatório ressalta que muitos empregos têm sido gerados através dessa prática sustentável, porém é preciso atentar a milhões de outros postos de trabalho que ainda poderão surgir com o investimento em tecnologia ambiental sustentável.

A seguir, o terceiro capítulo identifica e analisa estatisticamente os dados sobre a evolução dos níveis de emprego no setor canavieiro, bem como os parâmetros estatísticos em relação à evolução da adoção de máquinas colhedoras de cana-de-açúcar, pelo setor canavieiro. 34

A atividade canavieira é a mais antiga no Brasil e se confunde com a própria história econômica brasileira. A implantação da cana-de-açúcar no Brasil ocorreu no século XVI e até quase o final do século XVIII, foi a mais importante atividade econômica no país.

Figura 01: Foto da Lavoura de Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar é a principal matéria prima para a fabricação do açúcar e álcool (etanol) e também, uma das culturas mais importantes do mundo, gerando milhares de empregos diretos.

: Planta da família das gramíneas (Saccharum officinarum), que pode atingir vários metros de altura. É originária da Ásia Meridional, sendo cultivada em todo o Brasil para obtenção de açúcar e fabricação de aguardente. Os colmos são espessos e repletos de suco açucarado, e as flores, mínimas, congregam-se em enormes pendões terminais, de coloração cinzento-prateada. (http://aurelioparavoce.educacional.com.br/aurelio.asp - acessado em 15/09/2009). 35

Em virtude do baixo custo de produção de açúcar e álcool, o setor sucroalcooleiro brasileiro tem despertado o interesse de diversos países. Tal fato se explica devido o álcool estar sendo importado por nações de primeiro mundo, as quais visam reduzir a emissão de poluentes na atmosfera e a dependência de combustíveis fósseis. Esse baixo custo é alcançado de forma significativa através do emprego de mão-de-obra assalariada de baixa remuneração, a qual abrange o grupo dos cortadores de cana. Esse grupo de trabalhadores exerce sua função na lavoura de cana-de-açúcar, e fazem dessa atividade a maior responsável pela geração da renda de suas famílias. A colheita, em sua maior parte, é feita manualmente. O equipamento utilizado para o corte costuma ser um grande machete de aço (facão), com lâmina de 50 cm de comprimento por 157 cm de largura, um pequeno gancho na parte posterior e cabo de madeira. A cana é abatida cortando-se as folhas com o gancho do machete e dando-se outro corte na parte superior, à altura do último nó maduro.

Figura 02: Foto do Corte de Cana Manual

As hastes cortadas são empilhadas e depois recolhidas, manualmente ou com máquinas. Em seguida, atadas em feixes, são levadas para as usinas, onde se trituram os caules para extração do caldo e posterior obtenção do açúcar, álcool e derivados. Após transportada para as usinas, a cana colhida é processada com a retirada do colmo (caule), que é esmagado, liberando o caldo que é concentrado por 36

37

3.2. O Avanço da Mecanização na Agricultura

“ ”

38

Com a introdução do arado de aço puxado a cavalo em meados da década de 1850, a mecanização das fazendas americanas está praticamente concluída. Esse breve histórico proporciona uma demonstração prática do enorme potencial da tecnologia moderna para substituir e, eventualmente, eliminar a mão- de-obra do processo produtivo. Com o avanço da produtividade agrícola em função da mecanização os trabalhadores do campo e/ou lavoura perderam importância. Atualmente existem milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza em áreas rurais decadentes nos Estados Unidos. Essas pessoas pertencem a classe dos trabalhadores rurais que foram vítimas dos grandes avanços na tecnologia agrícola.

3.3. Mecanização do Setor Canavieiro: Corte Manual x Corte Mecanizado

O setor canavieiro possui alta capacidade para geração de divisas e é altamente empregador, estando à maior parte dos empregos, gerados diretamente, concentrada no campo, mais especificamente no corte da cana. Essa empregabilidade vem sendo afetada de forma negativa em relação à mão-de-obra canavieira (cortadores de cana), uma vez que o processo de automação tecnológica no campo torna a mecanização à principal responsável pela eliminação de empregos.

Figura 04: Foto do Corte de Cana Mecanizado 39

Sandroni (1989, p.191), explica mecanização da seguinte maneira:

Mecanização: Substituição do trabalho do homem pela máquina. Foi a grande inovação tecnológica da Revolução Industrial (séculos XVIII-XIX), quando a máquina a vapor, a energia elétrica e o motor a explosão passaram a ser empregados para mover as máquinas nas fábricas de tecidos, nas minas, nos transportes e na agricultura. Ao implantada na Europa, a mecanização causou grande aumento na produtividade industrial e agrícola; mas também arruinou milhares de artesãos que não podiam concorrer com as modernas indústrias, deixando sem meio de subsistência. Houve, nessa época, várias revoltas nas quais os operários destruíam as máquinas.

A mecanização da colheita da cana gera uma grande preocupação para os especialistas que estudam o setor. Um dos fatores analisados para a implantação do corte mecanizado é o aumento da produtividade e redução de custos. No entanto, a mecanização é sem dúvida eliminadora de empregos. Ocorre que a mecanização se faz necessária pelo fato do Governo estipular novas legislações que interferem no meio ambiente, ou seja, o governo criou leis que proíbem as queimadas de cana-de-açúcar, tornando inviável o corte manual da mesma e sendo obrigatória à utilização das máquinas para efetuar o corte da cana crua.

Figura 05: Foto da Colhedora de Cana

No Estado de São Paulo a lei prevê o fim da queimada para a colheita de cana até 2021 em áreas consideradas mecanizáveis e, até 2031, para áreas 40

consideradas não mecanizáveis. Mas recentemente, foi assinado um Protocolo Agro-Ambiental por toda a liderança do setor canavieiro do Estado, que reduziu os prazos para 2014 (mecanizáveis) e 2017 (não mecanizáveis).

Figura 06: Foto da Queima de Cana

Do tripé do desenvolvimento sustentável (econômico, ambiental e social), apenas o econômico e ambiental estão nitidamente contemplados por estas leis. Quanto ao social, o que se observa é a crescente adoção de equipamentos substituindo e expulsando o grande contingente de cortadores de cana. Conforme publicado em seu site (http://www.iea.sp.gov.br), o Instituto de Economia Agrícola (IEA) realizou uma pesquisa sobre o percentual da área de cana- de-açúcar colhida mecanicamente em junho de 2007, efetuada juntamente com o levantamento 'Previsão e Estimativas de Safras do Estado de São Paulo', em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI). As informações sobre a safra são fornecidas pelos técnicos e engenheiros agrônomos das Casas de Agricultura do Estado de São Paulo de todos os municípios do Estado. Com base nos dados obtidos, 72,2% da produção de cana dos municípios, foi possível estimar-se o índice de mecanização nos níveis estadual e regional (Escritórios de Desenvolvimento Rural - EDR). Este artigo divulga os índices 41

obtidos e estima a quantidade atual de trabalhadores empregados nas regiões produtoras de cana. Do total de respostas levantadas e apuradas, verificou-se que 40,7% do total da área de cana colhida no Estado utilizaram colhedoras. Pela Lei Estadual (Quadro 1), o indicador está dentro dos prazos estabelecidos no cronograma para áreas mecanizáveis, e bem além do que se estabelece para áreas não mecanizáveis. Já pelo Protocolo Agro-Ambiental (Quadro 2), o indicador está bem aquém do que se prevê para 2010 em áreas mecanizáveis, e dentro do esperado para áreas não mecanizáveis.

Quadro 01 - Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, Segundo Lei 11.241/2002

Ano Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-de-açúcar

Percentagem de eliminação

1o Ano (2002) 20% da queima eliminada

5o Ano (2006) 30% da queima eliminada

10o Ano (2011) 50% da queima eliminada

15o Ano (2016) 80% da queima eliminada

20o Ano (2021) Eliminação total da queima

Área não mecanizável, declividade superior a 12% e/ou da queima Ano menor de 150ha

Percentagem de eliminação

1o Ano (2011) 10% da queima eliminada

5o Ano (2016) 20% da queima eliminada

10o Ano (2021) 30% da queima eliminada

15o Ano (2026) 50% da queima eliminada

20o Ano (2031) Eliminação total da queima

Fonte: Lei n. 11.241, de 19 de setembro de 2002. 42

Quadro 02 - Cronograma de Eliminação da Queima da Cana-de-Açúcar no Estado de São Paulo, Segundo Protocolo Agro-Ambiental

Área mecanizável onde não se pode efetuar a queima da cana-de-açúcar Ano

Percentagem de eliminação

2010 70% da queima eliminada

2014 Eliminação total da queima

Área não mecanizável, declividade superior a 12% e/ou da queima menor de Ano 150ha

Percentagem de eliminação

2010 30% da queima eliminada

2017 Eliminação total da queima

Fonte: Protocolo Agro-Ambiental, 2007.

Esse comportamento agravou ainda mais o impacto causado pela implantação de máquinas colhedoras para o setor. Para Frieden (2008, p.185) a mecanização completa da agricultura significa o fim do estilo de vida rural tradicional, uma vez que os trabalhadores acabam migrando para outras localidades, como grandes centros, para tentar se adaptar a uma nova função visando à entrada em uma nova sociedade. Os cortadores de cana não estão preparados para lidar com a transição do avanço tecnológico, a maioria dos trabalhadores da classe não dispõe de outra habilidade profissional, o que dificulta a realocação em outros setores e/ou atividades do mercado de trabalho. Rikfin (1995, p.13) comenta:

A maioria dos trabalhadores sente-se totalmente despreparada para lutar com a enormidade da transição que está ocorrendo. Os atuais avanços tecnológicos e as iniciativas de reestruturação econômica parecem ter se abatido sobre nós sem se fazer anunciar. Subitamente, em todo o mundo, homens e mulheres perguntam se existe, para eles, algum papel que possam desempenhar no novo futuro que se abre para a economia global. 43

O processo de mecanização e tecnologia abrange também os trabalhos indiretos, ou seja, interfere em toda a classe de trabalhadores em relação ao assunto abordado. Todos enfrentam uma perspectiva muito real de serem declarados excedentes pelas forças de automação e informação. Essa preocupação gerada pelos avanços tecnológicos torna-se visível quando analisamos o setor canavieiro. A implantação da mecanização nas lavouras de cana-de-açúcar tem causado significativa alteração nos níveis de emprego do setor quando comparado e analisado ao longo do tempo. De acordo com o Jornal Valor Econômico (02 de outubro de 2007), o setor canavieiro emprega cerca de 600 mil trabalhadores na área agrícola. Deste total, 180 mil estão no Estado de São Paulo, dois quais 40% voltam para seu Estado de origem após o término de cada safra. O estudo de uma equipe de pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, estima que a introdução de máquinas na colheita da cana-de-açúcar desemprega cerca de 2.700 pessoas por safra para cada um por cento de área mecanizada. Para este cálculo, o IEA utilizou informações dos levantamentos da safra de cana de 2007, como quantidade colhida em média por homem, produção de cana e tempo da safra (assumindo 132 dias efetivamente trabalhados). Os índices de mecanização (de área e, conseqüentemente, da produção colhida) e de outras informações levantadas pelo IEA e CATI possibilitam estimar quantas pessoas foram ocupadas na colheita da safra 2007. Assim, ao se considerar que da produção estimada de 319.650.216t, 189.552.578t foram colhidas manualmente com a quantidade de 8,76 t/dia de cana-de-açúcar (Levantamento de Pagamento de Empreita - IEA/CATI) e colhida por um homem em 132 dias efetivamente trabalhados na safra, estima-se que em torno de 163.098 pessoas estão envolvidas nessa atividade. As informações, para o indicador de mecanização dos 33 EDRs das regiões produtoras de cana (Quadro 3), mostraram que 15 deles encontram-se entre 0 e 29% da produção mecanizada, sendo que Guaratinguetá e Pindamonhangaba (áreas não tradicionais) apresentam este indicador com valor zero. As regiões compreendidas nesta faixa ainda não conseguiram cumprir tanto a Lei 11.241 quanto o Protocolo Agro-Ambiental. 44

Quadro 03 - Índice de Mecanização nos Escritórios de Desenvolvimento Rural, Estado de São Paulo, Junho de 2007.

Fonte: Instituto de Economia Agrícola-APTA e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral 45

Com base nesses dados, cerca de 180 mil trabalhadores que atuam no corte de cana no Estado de São Paulo devem perder o emprego até 2014.

3.4. Microrregião de Assis, Estado de São Paulo

Microrregião é a subdivisão de uma região natural. De acordo com a Constituição brasileira de 1988 é um agrupamento de municípios limítrofes cuja finalidade é integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum, definidas por lei complementar estadual. Entretanto, raras são as microrregiões assim definidas. Conseqüentemente, o termo é muito mais conhecido em função de seu uso prático pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que para fins estatísticos e com base em similaridades econômicas e sociais divide os diversos estados da federação brasileira em microrregiões.

Figura 07: Microrregiões do Brasil

Fonte: http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/cartogramas/microrregiao 46

De acordo com dados do IBGE, o Estado de São Paulo é dividido em 63 microrregiões, conforme segue na lista abaixo: Adamantina, Amparo, Andradina, Araçatuba, Araraquara, Assis, Auriflama, Avaré, Bananal, Barretos, Batatais, Bauru, Birigüi, Botucatu, Bragança Paulista, Campina, Capão Bonito, Campos do Jordão, Caraguatatuba, , Dracena, Fernandópolis, , Franco da Rocha, Guaratinguetá, Guarulhos, Itanhaém, Itapecerica da Serra, Itapetininga, Itapeva, Ituverava, , Jales, Jaú, Jundiaí, Limeira, Lins, Marília, Mogi das Cruzes, Mogi-Mirim, Nhandeara, Novo Horizonte, Osasco, Ourinhos, Paraibuna/Paraitinga, Piedade, Piracicaba, Pirassununga, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, São Carlos, São João da Boa Vista, São Joaquim da Barra, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, , Tatuí, Tupã e .

Figura 08: Microrregiões do Estado de São Paulo

Fonte: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Imagem:SaoPaulo_MesoMicroMunicip.svg)

A microrregião de Assis é uma das microrregiões do estado brasileiro de São Paulo pertencente à mesorregião Assis. Sua população foi estimada em 2006 pelo IBGE em 265.736 habitantes e está dividida em dezessete municípios e possui uma área total de 7.141,738 km². 47

Os municípios que integram a microrregião de Assis são os seguintes: Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cruzália, Florínea, Ibirarema, Iepê, Lutécia, Maracaí, Nantes, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina, Quatá e Tarumã.

Figura 09: Microrregiões de Assis-SP

Fonte: http://www.citybrazil.com.br/sp/microregiao_detalhe.php?micro=39

A microrregião apresenta uma economia baseada na pecuária de corte, no cultivo de soja, trigo, milho e principalmente cana-de-açúcar. A atividade canavieira é predominante na microrregião empregando vários trabalhadores, principalmente cortadores de cana-de-açúcar. Essa empregabilidade é um dos fatores que faz com que a economia da região se mantenha estável. Os trabalhadores rurais, em sua maioria, estão condicionados a atividade canavieira e tem esse setor como o maior responsável pela geração de renda de suas famílias. Com base em dados fornecidos pelo Sindicato dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Assis, a microrregião emprega na cidade de Assis 48

atualmente cerca de 3.000 trabalhadores rurais que exercem a função de cortadores de cana.

3.5. Mecanização na Microrregião de Assis: Impacto Sócio- Econômico

Atualmente, os produtores rurais, as usinas e destilarias da microrregião de Assis, têm demonstrado o grande interesse de substituir a mão-de-obra canavieira pela mecanização. Essa atitude tem feito emergir pontos negativos para a economia e a sociedade, visto que a mecanização diminui em grande escala o número de trabalhadores rurais. Essa estatística ganha mais força quando se analisa os resultados da aplicação do questionário sócio-econômico aplicado para os trabalhadores rurais. Tal fato se justifica, visto que essa mão-de-obra não é reaproveitada e/ou redirecionada dentro do setor devido ao baixo nível de escolaridade. Aproximadamente, cerca de, 75,29% dos cortadores de cana não concluíram o ensino fundamental, ou seja, não completaram a oitava série do primeiro grau.

A

B

C

D

E

F

A B C D E F 49

Esse baixo nível de escolaridade torna difícil uma recolocação profissional para a classe de trabalhadores rurais. Desta forma, o mais correto seria a mudança de setor para esses trabalhadores, mas analisando esse fato, nota-se que a maioria dos cortadores de cana não está apta para mudar radicalmente de emprego, pois não tem um aperfeiçoamento profissional e ainda tem carência de uma habilidade que possa ser utilizada em outros setores da economia e da sociedade. Segundo Luiz Carlos Casachi, Presidente do Sindicato Rural dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Assis, a microrregião de Assis possui, até 2008, cerca de 30 máquinas colhedoras de cana o que desemprega aproximadamente 2.400 trabalhadores. Casachi ainda afirma que os trabalhadores (cortadores de cana) associados ao sindicato somam cerca de 3 mil. Levando em consideração que no ano de 1998 esse número era de aproximadamente 8 mil, observamos uma redução de 62,5% nesse quadro. Com base no questionário aplicado aos Sindicatos e/ou Poder Público, 54,55% dos entrevistados concordam que não há a possibilidade dos cortadores de cana serem reaproveitados dentro do setor. 50

Essa porcentagem sofre uma pequena variação quando o mesmo questionário é aplicado aos Produtores Rurais, onde 56,25% dos entrevistados afirmam que não há a possibilidade de realocação da referida classe de trabalhadores dentro do setor.

Para Casachi, é possível realocar uma parcela dos cortadores de cana dentro do setor mediante treinamentos. Ele afirma ainda que a parcela não beneficiada com essa recolocação se dá em função do setor já ter outros trabalhadores que desenvolvem atividades como motoristas, tratoristas, etc. O desemprego dessa mão-de-obra causa um impacto sócio-econômico para a microrregião que implica na redução de renda muitas vezes seguida de migração para outras localidades e conseqüente agravo para a economia. Sandroni (1989, p.199) descreve migração da seguinte maneira:

Migração: Movimento populacional que se dirige de uma região (área de emigração) para outra (área de imigração)...... Elas geralmente ocorrem porque as pessoas não encontram oportunidades sociais e econômicas em seus locais de origem.

A preocupação em não ter uma fonte de renda, acaba levando parte dos trabalhadores desempregados para outras localidades, como por exemplo, grandes centros urbanos. 51

Quando não ocorre a migração, temos outro agravo social que é a questão da pobreza. De acordo com Casachi, nem todos os trabalhadores tem a possibilidade de mudar de cidade e/ou obter um novo emprego, dessa forma, é possível observar o aumento de periferias, inadimplência e pessoas vivendo em condições desfavoráveis, uma vez que sua renda é extinta. A mecanização da lavoura de cana-de-açúcar é um caminho sem volta. Casachi comenta que a microrregião de Assis no ano de 2020 terá aproximadamente 10% do total de cortadores de cana empregados atualmente, ou seja, cerca de 90% do setor canavieiro estará mecanizado. De acordo com o questionário, 68,75% dos produtores rurais, desconhecem pesquisas e/ou trabalhos que abordem a questão do impacto sócio- econômico causado pela implantação da mecanização na lavoura de cana-de- açúcar. 52

Quando abordados sobre a implantação de máquinas colhedoras de cana no setor, todos enfatizam a criação de um programa de capacitação e recolocação profissional para os trabalhadores rurais, bem como parcerias com empresas e escolas de cursos profissionalizantes para conter o desemprego. Eles ainda destacam que os sindicatos e governos devem intervir no caso criando um programa de capacitação profissional, porém os próprios sindicatos e/ou poder público conhecem a fundo os problemas gerados pela mecanização, ou seja, eles desconhecem programas voltados para o assunto em pauta, conforme resultados obtidos no questionário aplicado. 53

A

B

C

D

A B C D

Todos destacam que há a necessidade de criar programas profissionalizantes para suprir a falta de habilidades dos cortadores de cana, mas mais do que isso, é preciso treinar esses trabalhadores visando à execução de tarefas em setores diferentes do canavieiro, ou seja, é válido implantar programas de formação profissional seguido de períodos satisfatórios de aprendizado voltados para os mais diversos setores da economia. É fundamental conhecer o perfil do trabalhador, no que diz respeito a gênero, grau de instrução e faixa etária, para uma política eficaz de realocação. Mais do que isso, é preciso conhecer também o perfil dos outros grupos de trabalhadores inseridos na cadeia de produção da cana, como tratoristas, operadores de máquinas e supervisores, além de outras ocupações agrícolas e não-agrícolas. Casachi comenta sobre o programa de Crédito Latifundiário através do Banco da Terra. Esse programa possibilita aos trabalhadores rurais sem terra, minifundistas e jovens rurais o acesso a terra por meio de financiamento para aquisição de imóveis rurais. O Programa Nacional de Crédito Fundiário faz parte do Plano Nacional de Reforma Agrária do Ministério do Desenvolvimento Agrário e está vinculado à Secretaria de Reordenamento Agrário. É resultado de Acordo de Empréstimo com o 54

Banco Mundial. Os recursos para aquisição dos imóveis são oriundos do Governo Federal. As taxas de juros variam de 3 a 6.5% ao ano, conforme as faixas de financiamento (anexo 2), que variam de R$ 5 mil a R$ 40 mil. O Crédito Fundiário é executado de forma descentralizada, em parceria com os governos estaduais e com o movimento sindical de trabalhadores rurais e da agricultura familiar e conta com a participação dos Conselhos Municipais e Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável. Luiz Carlos Casachi, (presidente do Sindicato Rural dos Trabalhadores e Empregados Rurais de Assis) ressalta, ainda, que esse programa poderia ser aplicado aos trabalhadores rurais de uma forma mais elaborada e precisa. Ele alerta que para a microrregião de Assis, o programa torna-se inviável, visto que o valor liberado de R$ 40 mil não é suficiente para suprir todos os custos. Segundo Casachi o programa seria válido somente se o valor liberado para os investimentos estiver acima de R$ 100 mil. 55

CONCLUSÃO

O processo de mecanização nas lavouras de cana-de-açúcar na microrregião de Assis, Estado de São Paulo, em função do Protocolo Agro- Ambiental do Setor Canavieiro Paulista que determina o fim da queima de cana até 2014 para áreas mecanizáveis e 2017 para áreas não mecanizáveis é considerado um caminho sem volta. Tendo em vista que para ser sustentável um empreendimento humano deve ter quatro requisitos básicos: ser ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito, nota-se que apenas o requisito ambiental é nitidamente contemplado por este protocolo. Quanto aos demais requisitos o que se observa é a crescente adoção de equipamentos substituindo e expulsando o grande contingente de cortadores de cana do setor canavieiro, tornando o processo de mecanização socialmente injusto e culturalmente não aceito, o que de certa forma inviabiliza a questão econômica. Com base na sondagem desenvolvida, nota-se um impacto sócio- econômico na microrregião de Assis, Estado de São Paulo, como por exemplo, o desemprego, onde dificilmente o contingente formado por cortadores de cana será absorvido dentro do setor canavieiro. O desemprego gerado pela mecanização da lavoura de cana-de-açúcar torna-se evidente, visto que o baixo nível de escolaridade dos cortadores de cana, bem como a falta de habilidades e capacitação para exercer outras atividades dentro dos diversos setores da economia dificulta e/ou impossibilita um processo de realocação profissional. Após as pesquisas bibliográficas, aplicação dos questionários e análises realizadas, verifica-se, de uma forma geral, que é necessário que os Sindicatos juntamente com o Poder Público (Municipal, Estadual e Federal) desenvolvam projetos em parcerias com o governo para reinserir esses trabalhadores no mercado de trabalho focando três aspectos fundamentais: a motivação do indivíduo para que entenda seu papel dentro da economia brasileira e a importância de mudar de emprego; a requalificação destes trabalhadores visando à alfabetização; e, por último, o acesso à cursos profissionalizantes para que possam exercer novas funções. 56

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

– 59

ANEXOS 60

61

– –

62

– –

– “”

– 63

As partes a seguir nomeadas:

O e suas e ; e

A ;

Considerando que:

1. A atividade da agroindústria da cana-de-açúcar tem relevante importância no Estado de São Paulo, contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento econômico, social e a geração de empregos, renda, divisas e tributos, distribuídos por toda sua cadeia produtiva;

2. As mudanças climáticas globais exigem medidas de responsabilidade entre agentes públicos e privados para evitar o agravamento das condições ambientais e a conseqüente queda da qualidade de vida da população, entre as quais o estímulo ao uso de combustíveis de fontes renováveis;

3. O planejamento da expansão da agricultura energética, nos seus aspectos agro-ambientais, é necessário para o ordenado desenvolvimento da economia paulista, de forma sustentável, com base na parceria entre instituições públicas e privadas;

4. Os pequenos fornecedores que entregam até 12.000 toneladas de cana, com uma área de até 150 hectares, representam 92% do total de fornecedores e apenas 10% da produção de cana- de-açúcar paulista;

5. A redução abrupta do uso do fogo como método despalhador da cana-de-açúcar poderá implicar aos pequenos produtores rurais em exclusão do processo produtivo pela falta de tempo hábil de se adaptar à transição cana queimada para cana crua, aumentando, consequentemente a concentração da renda na área rural, num momento em que o setor se encaminha para a utilização total da energia da matéria-prima;

6. A colheita de cana crua, manual ou mecanizada, apresenta um custo mais elevado, além de aumentar o teor de impurezas vegetais da matéria-prima, diminuindo a qualidade e o seu preço e, consequentemente, a renda do produtor rural.

7. A viabilização da colheita mecanizada não depende somente da declividade e sim do módulo da propriedade e sistematização das áreas, da disponibilidade no mercado de equipamentos compatíveis ou auxiliares na colheita de pequenas áreas, entre outros fatores e, principalmente, da conscientização dos produtores em relação ao cooperativismo e 64

“”“”“”

65

f. Adotar ações para que não ocorra a queima, a céu aberto, da palha da cana-de-açúcar proveniente da colheita de cana crua;

g. Proteger as áreas de mata ciliar das propriedades canavieiras, devido à relevância de sua contribuição para a preservação ambiental e proteção à biodiversidade;

h. Proteger as nascentes de água das áreas rurais e a vegetação ao seu redor;

i. Adotar boas práticas para Conservação de Recursos Hídricos, favorecendo o adequado funcionamento do ciclo hidrológico, incluindo controle sistemático da qualidade da água;

j. Adotar práticas de Conservação do Solo, incluindo o combate à erosão e a contenção de águas pluviais nas estradas internas e carreadores;

k. Adotar boas práticas para descarte de embalagens vazias de agrotóxicos, promovendo a tríplice lavagem, armazenamento correto, treinamento adequado dos operadores e uso obrigatório de equipamentos de proteção individual.

A administração pública estadual por sua vez atuará no sentido de:

a. Fomentar a pesquisa para o aproveitamento energético e econômico da palha da cana- de-açúcar;

b. Fomentar a pesquisa para o desenvolvimento de máquinas colheitadeiras de pequeno porte ou auxiliares no processo de colheita manual, acessíveis aos pequenos produtores de cana-de-açúcar.

c. Estimular o aproveitamento energético e econômico da palha da cana-de-açúcar, agindo como facilitador nas negociações entre as indústrias co-geradoras e as concessionárias, para uma remuneração adequada da energia ofertada;

d. Estimular o aproveitamento energético e econômico da palha da cana-de-açúcar, agindo como facilitador nas negociações entre as indústrias co-geradoras e os fornecedores de cana independentes, de forma que eles participem da energia co-gerada através da palha e do bagaço excedente, agregando valor ao preço da cana;

e. Estimular a adequada transição do sistema de colheita de cana queimada para a colheita de cana crua, em especial para os pequenos e médios plantadores de cana, com área de até 150 hectares, criando mecanismos para que o produtor rural possa obter créditos facilitados com carência e taxas de juros mais atrativas para aquisição de máquinas e equipamentos;

f. Priorizar o Programa de Microbacias através das Prefeituras e Casas da Agricultura, em áreas de pequenos produtores de cana-de-açúcar, e

g. Conceder o certificado de Conformidade Agro-Ambiental aos produtores agrícolas que aderirem ao Protocolo e atenderem as Diretivas Técnicas constantes deste Protocolo, através de suas respectivas Associações de Classe.

h. Disponibilizar gratuitamente imagens já existentes no banco de imagens de satélite de todo o Estado de São Paulo que possam auxiliar os produtores de cana-de-açúcar ou

suas respectivas Associações na elaboração de projetos de sistematização dos solos para a mecanização da colheita. 66

I. A implementação desse Protocolo está condicionada ao integral cumprimento de todas as cláusulas conjuntamente, de forma tal que o descumprimento de qualquer uma delas desobriga o cumprimento de todas as demais;

II. Dar apoio para a realização dos objetivos do presente Protocolo e oferecer transparência às informações e ações decorrentes de seu cumprimento;

III. Participar conjuntamente, da formulação e análise de possíveis convênios de interesse para o desenvolvimento do presente Protocolo;

IV. Constituir um Grupo Executivo, composto por 3 (três) técnicos e respectivos suplentes, indicados pelos setores públicos e privados, que terão a responsabilidade de zelar pela operacionalidade das ações, estabelecendo metodologia para avaliação global das metas, podendo inclusive propor ajustes e adequações do presente Protocolo e definir critérios para a expedição e renovação de Certificado de Conformidade Agro-ambiental.

V. Desconsiderar das metas, as queimadas de natureza criminosas ou acidentais, as quais deverão ser registradas junto às autoridades competentes com comprovação por meio de boletins de ocorrências ou outro mecanismo equivalente.

O presente entrará em vigor na data de sua assinatura, com prazo de vigência de 60 (sessenta meses), prorrogáveis, por meio de Termo Aditivo com a participação de todas as partes.

E por estarem justas e acertadas, assinam o presente instrumento em 4 vias de um só teor e efeito.

São Paulo, 10 de março de 2008.

Governo do Estado de São Paulo Organização de Plantadores de Cana da Região Governador José Serra Centro Sul do Brasil Ismael Perina Junior - Presidente

Secretaria do Meio Ambiente Secretaria da Agricultura e Abastecimento Francisco Graziano Neto João de Almeida Sampaio Filho 67

– “”

” 68

– 69

 Melhoria no mecanismo de financiamento;  Redução do custo do financiamento;  Estímulo para a negociação e redução do preço da terra.

As novas condições representam uma redução de mais de 30% no custo do financiamento em relação ao que era praticado anteriormente.

Faixa de Financiamento Juros Antigos Juros Atuais até R$ 5 mil 3,0% 2,00% de R$ 5 a 15 mil 4,0% 3,00% de R$ 15 a 25 mil 5,5,0% 4% de R$ 25 a 40 mil 6,50% 5%

 O bônus se aplica agora não somente sobre os juros, mas também sobre o principal e vai de 15% a 40%, de acordo com a região;  O bônus se dá no pagamento da parcela em caso de pagamento até o vencimento [bônus por adimplência].

Esta gratificação também está condicionada ao cumprimento do previsto no projeto.

 Haverá bônus adicional para os agricultores que comprarem a terra com mais de 10% de desconto em relação a seu preço de referência. Isto servirá de estímulo à redução do preço da terra.

Bônus Bônus, pela redução no Regiões Fixo valor da terra até Região semi-árida do Nordeste e área da 40% 10% ADENE nos Estados de MG e ES Restante da região Nordeste 30% 10% Região Centro-Oeste, Norte e Sudeste, 18% 5% exceto São Paulo Região Sul e o Estado de São Paulo 15% 5% 70

Prazos de Financiamento

1. Financiamentos até R$ 15.000,00: o prazo de 14 anos (incluída a carência); o carência de 24 meses; o pagamento, no terceiro ano, dos juros dos primeiros 12 meses.

2. Financiamentos superiores a R$ 15.000,00: o prazo de 17 anos [incluída a carência]; o carência de 24 meses; o pagamento, no terceiro ano, de uma parcela integral [juros e principal].