UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL ANDRÉ SZCZAWLINSKA MUCENIECKS AUSTRVEGR E GARÐARÍKI – (RE)SIGNIFICAÇÕES DO LESTE NA ESCANDINÁVIA TARDO-MEDIEVAL Versão corrigida São Paulo 2014 ANDRÉ SZCZAWLINSKA MUCENIECKS AUSTRVEGR E GARÐARÍKI – (RE)SIGNIFICAÇÕES DO LESTE NA ESCANDINÁVIA TARDO-MEDIEVAL Tese apresentada ao Departamento de História da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em História Social Orientadora: Profa. Dra. Ana Paula Tavares Magalhães Tacconi Versão corrigida De acordo São Paulo 2014 AGRADECIMENTOS Ao Deus trino, criador, doador da Salvação, do sopro da vida, de sua imagem semelhança, que permite todo e qualquer empreendimento no campo das letras e do saber. Aos familiares, tanto os perto quanto distante geograficamente, pelo suporte e apoio constante e pela prioridade sempre dada à minha formação e educação: meus pais Igors e Lúcia, minha irmã Rebeca, meus avós Agafangiel (in memorian) e Marta. Aos tutores e conselheiros, que, nesta fase de minha jornada pessoal assumiram papeis não tanto mais diretivos, mas providenciaram, ao lado da liberdade intelectual e de ação necessários, os conselhos e exemplo de vida imprecindíveis: Prs. e Revs. Denis, Artur, Darcy, Maurício, André Mira. Aos professores que contribuíram de tantas formas em minha formação, para a conclusão deste trabalho e de tantas formas que muitos dos mesmos não imaginam – alguns por muitos anos a fio: Ana Paula, Bruno Gomide, Elena Nikolaievna Vassina, Maria Cristina Pereira, Renan Frighetto, Fátima Regina Fernandes Frighetto, Marcelo Cândido, Andrejs Vasks, Johnni Langer, Celso Taveira. Aos amigos, colegas e alunos. Desses, alguns nunca entenderam exatamente o que estudo, sempre se comprazendo em perguntar-me acerca de dinossauros, pterodáctilos e a Era do Gelo; a outros, agradeço as sugestões, críticas, descrenças e piadas que colaboraram para a composição de um trabalho melhor e de uma autoimagem menor; outros foram de grande ajuda em minha trajetória acadêmica, oferecendo oportunidades e ajuda inestimável. Alguns enquadram-se em várias dessas situações. Diversos estimularam minha criatividade de várias formas; alguns ouviram pacientemente meus delírios; outros pagaram a língua ao verem-se constrangidos à lerem e comentarem esta tese: Pedro, Paulinho, Renan, Daniel, Larissa, Samuel, Evandro, Wellington, Otávio, Van, Lucas, Cecéu, Fábio, Pablo. Às instituições que deram suporte, proveram recursos, experiência, crescimento pessoal e sustento: IBVM, STBNET, CBVM. Aos não mencionados, minha gratidão pela compreensão de minhas falhas imensas, que incluem a falta de memória. Também fica claro que muitos aqui mencionados incorrem em mais de uma das categorias. Mas deixemos de positivismo. DEDICATÓRIA Ao meu avó Agafangiel Szczawlinska, falecido em 2010, cujas cinzas agora compõem parte do Altântico meridional. Nascido no núcleo da antiga Rus, nos territórios pertencentes outrora à tribo dos Drevliani, sua última frase dita em minha presença (tendo tomado conhecimento de minha entrada no doutorado uma semana antes) foi, dirigida profeticamente para o médico que o atendia na UTI: “Este é meu neto. Ele é doutor”. Sua inspiração vai em muitos sentidos além; desde o trabalho incansável, criativo – por vezes pendente ao tosco - à face séria. RESUMO Nome: MUCENIECKS, André Szczawlinska. Austrvegr e Garðaríki – (Re)significações do Leste na Escandinávia Tardo-Medieval. 2014. Tese (doutorado) – Faculdade e Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. Nesta tese analisamos as nuances que o conceito de leste assumiu nas fontes escritas da Escandinávia e Islândia dos séculos XIII e XIV. De início, procedemos na observação de como a historiografia referente às interações entre povos da Escandinávia e do Nordeste Europeu produziu extenso debate de implicações políticas, conhecido como a Controvérsia Normanista. Neste capítulo salientamos também os impactos que o estudo do medievo teve nos tempos contemporâneos. A seguir, efetuamos uma síntese baseada na interpretação da Cultura Material sobre os movimentos escandinavos a leste no período viking, que forneceram material para os próprios historiadores e autores na Escandinávia e Islândia dos séculos XIII e XIV. Até então demonstramos que, a despeito da Controvérsia Normanista, há evidência convincente e suficiente para demonstrar que a presença escandinava no leste foi deveras significativa. Os capítulos posteriores centralizam-se na análise das fontes primárias. Dividimo-las em fontes que apresentam material cartográfico e geográfico, obras de cunho historiográfico e sagas voltadas ao entretenimento; como seleção de obras representativas de tais grandes grupos analisamos o Mappamundi islandês Gks 1812, 4to, 5v-6r., o prólogo da Edda Menor, a Heimskringla, a Gesta Danorum e a Ọrvar-Odds Saga. A análise dessas fontes demonstrou que entre o século XIII e o XIV ocorreu na produção escrita escandinava uma bifurcação entre o conhecimento produzido com objetivos de instrução e aquele com intuitos de entretenimento. O uso do leste na primeira vertente é livresco, inserindo muito do saber acumulado do Medievo Ocidental e ressignificando o leste segundo parâmetros das terras bíblicas e dos autores clássicos. Nas fontes de intuito de entretenimento o uso do leste é também ressignificado, mas desta feita de acordo com material mais ligado à cultura e às narrativas populares, empregando o leste na materialização de temas do fantástico e da mitologia. ABSTRACT Nome: MUCENIECKS, André Szczawlinska. Austrvegr e Garðaríki – Austrvegr e Garðaríki – (Re)significações do Leste na Escandinávia Tardo-Medieval. 2014. Tese (doutorado) – Faculdade e Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014. (“Austrvegr and Garðaríki - (re)significations of the East in Low-Middle Ages Scandinavia”) In this thesis we analyze the nuances assumed by the concept of east in the primary sources of Scandinavia and Iceland in the thirteenth and fourteenth centuries. Initially, we proceeded in the observation of how the historiography related to Northern and Eastern Europe have produced extensive debate of political implications, named the Normanist Controversy. In this chapter we have stressed also the impacts that Medieval Studies may assume in Contemporary milieu. Hereafter we build a synthesis based on Material Culture - in the archaeological sense - of the Scandinavian movements in East in the Viking Age, interactions that already had provided inspiration for authors in XIII-XIVs. At this point we have showed successfully that there is enough evidence to demonstrate the relevance of the Scandinavian presence in medieval Eastern Europe. The later chapters deal with the analysis of several kinds of primary sources. We have gathered and organized it in geographical and cartographical works, writings of historiographical nature and entertainment aimed sagas. As a selection of representative works of such large groups we studied the Icelandic Mappamundi of manuscript Gks 1812, 4to, 5v-6r, the Prologue of Edda Minor, the Heimskringla, the Gesta Danorum and the Ọrvar-Odds Saga The analysis of these sources showed that between the thirteenth and the fourteenth century a bifurcation occurred in Scandinavian written sources between the knowledge produced for the purposes of instruction and the one with the goal of entertainment. The use of the East in the first group is highly scholar, re-elaborating the East in the light of accumulated knowledge of the Western Middle Ages, as well as redefining it within parameters coherent with christian and classical authors. The sources aimed to entertainment, however, employed the eastern areas in connection with a different kind of knowledge. Folk narratives and popular lore gained prominence in the reshaping of eastern region, transforming it in an auspicious place to the materialization of the fantastic and the mythical. MAPAS Mapa 01: Austrvegr e Garðaríki, 90. Mapa 02: Austrvegr e seus ramais, 99 Mapa 03: Principais rios ligados à Rota do Daugava, 102. Mapa 04: Principais rios ligados aos movimentos escandinavos na Rus na região do Alto Volga, 105. Mapa 05: A Região de Bolghar e o entreposto com os Khazares, 108. Mapa 06: Distribuição das estelas rúnicas na Suécia e Noruega por Km2, 119. Mapa 07: As províncias suecas, 135. Mapa 08: Locais com toponímia báltica, 182. Mapa 09: Tribos bálticas no século XIII, 184. Mapa 10: Mar Branco, Península de Kola e Oceano Ártico, 192. Volga Dniepr Para Kiev e Bizâncio TABELAS Tabela 01: “Runes and North Italic letters”, 112. Tabela 02: “Old English futhorcs and the Ruthwell runes”, 114. Tabela 03: Distribuição geográfica das Estelas Vikings, 136. Tabela 04: Os reis Valdemares e os arcebispos na Dinamarca do século XIII, 200. Tabela 05: Genealogia de Sturla Þoŕðarsson, 204. Tabela 06: A Gesta Danorum: a ordem dos livros em contexto, 242. Tabela 07: O desenvolvimento do esquema das Virtudes Cardinais, 250. Tabela 08: O desenvolvimento da Temática do Conselheiro na Gesta Danorum, 251. Tabela 09: Paralelos das duas iniciações de Ọrvar-Oddr, 286. FIGURAS Figura 01: Eurípedes em fevereiro de 1942 à sua máquina de escrever ROYAL, redigindo e finalizando a 1ª tese de doutoramento em história a ser defendida na Universidade de São Paulo, 82 Figura 02: Espada em estilo viking escavada em 1950 em Gniozdovo. Início do X, 107 Figura 03: “Den utnordiska runraden”, 113 Figura 04: “Den 16-typiga
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