A Grande Guerra De Afonso Costa

A Grande Guerra De Afonso Costa

XXXXXX FILIPE RIBEIRO DE MENESES A GRANDE GUERRA DE AFONSO COSTA 5 A GRANDE GUERRA DE AFONSO COSTA 4 XXXXXX ÍNDICE Agradecimentos . 9 Introdução . 11 Capítulo 1. Portugal perante a guerra europeia (1914) . 23 A República Portuguesa em 1914 (23); Começa a guerra europeia (26); O intervencionismo português (32); Preparações militares (38); Bernardino Machado e a guerra europeia (41); Os famosos canhões de 75mm (45); A posição de Afonso Costa (56); Demoras inexplicáveis (65); Entretan- to, em África… (74); A queda do Governo de Bernardino Machado (77). Capítulo 2. Antes e depois do 14 de Maio (1915) . 87 Manuel de Arriaga intervém (87); A «ditadura» Pimenta de Castro (94); Afonso Costa passa ao ataque (104); A «revolução» de 14 de maio (110); Depois do 14 de maio (114); O papel equívoco de Afonso Costa (120); A situação internacional e suas repercussões domésticas (124). 7 A GRANDE GUERRAÍ NDICE DE AFONSO COSTA Capítulo 3. O segundo Governo de Afonso Costa (1915-1916) . 137 Afonso Costa regressa ao poder (137); As intenções de Afonso Costa (145); Os navios alemães (150); Afonso Costa no Congresso da República (186); A formação da União Sagrada (191). Capítulo 4. A União Sagrada (1916) . 195 Mobilização militar (195); Afonso Costa em Londres (211); Mobilização económica, legal e administrativa (224); De novo à espera (238); O golpe de Machado Santos (242); O CEP parte (254). Capítulo 5. O terceiro Governo de Afonso Costa (1917) . 261 A União Sagrada em crise (261); Uma crise governamental anunciada (267); A formação de um novo Governo (284); Problemas domésticos a resolver (288); O CEP em França (292); África (304); Manejos alemães (306); Agitação em Portugal (312); Afonso Costa e o Partido Democrático (323); As sessões secretas do parlamento (340). Capítulo 6. A derrocada (1917-1918) . 355 O país e a guerra (355); Em França com Bernardino Machado (366); De novo em Paris (372); Entretanto, em Lisboa… (378); O golpe sidonis- ta (382); A República Nova (388); Afonso Costa preso (392); 9 de abril de 1918: A Batalha de la Lys (396); O exílio francês, 1918-1919 (415). Conclusão . 427 Notas . 443 %LEOLRJUDÀD Índice Onomástico . 519 &UpGLWRVGDVIRWRJUDÀDV 8 XXXXXX AGRADECIMENTOS Em 2000 foi publicado o volume União Sagrada e Sidonismo, tra- dução da minha tese de doutoramento no Trinity College Dublin, defendida em 1996. Este ano o orientador dessa tese, Professor John Horne, aposentou-se. Um simpósio organizado para mar- car a ocasião serviu para demonstrar a forma como, graças aos esforços conjuntos de John Horne e de Alan Kramer, Trinity se transformou num dos principais centros europeus do estudo da Primeira Guerra Mundial. Aos dois o meu agradecimento, mui- to especialmente ao primeiro, cujo apoio à minha carreira desde que deixei Trinity tem sido constante. Constante também tem sido o apoio recebido de um número de colegas, amigos e co- laboradores: Onésimo T. Almeida, Francisco Carlos Palomanes Martinho, John Paul Newman, David Lederer, Marian Lyons, Adrian Shubert e Timothy Dale Walker e, em Portugal, António Costa Pinto, Fernando Martins, Manuel Baiôa, Noémia Malva Novais, Paulo Jorge Fernandes e Pedro Aires Oliveira. A todos eles a minha gratidão. 9 A GRANDE GUERRA DE AFONSO COSTA Recebi a ajuda direta e valiosíssima de dois doutorandos meus na pesquisa necessária à conclusão deste volume: Anne Rosenbusch, em Berlim, e Graham Kay, em Londres. Uma terminou já a sua tese, o outro ainda não – mas a ambos agradeço e desejo o maior VXFHVVRSURÀVVLRQDO É um enorme prazer trabalhar com o Duarte Bárbara, da Dom Quixote, que apoiou desde o início este volume e que tem sempre GHPRQVWUDGRDPDLRUFRQÀDQoDQRPHXWUDEDOKR$HOHHDWRGDD equipa que lidera o meu agradecimento. 3RUÀPDJUDGHoRjPLQKDIDPtOLDDTXHPGHYRWXGRD$OLVRQ os meus pais; o Francisco e a Teresa. Nada faz sentido sem o David HD6RÀDGHTXHPWDQWRPHRUJXOKRHDTXHPGHGLFRHVWHOLYUR Filipe Ribeiro de Meneses Maynooth, Julho de 2015 10 I NTRODUÇÃO INTRODUÇÃO A Primeira República divide-se em dois períodos de aproxima- damente sete anos, separados pelo regime sidonista e o período agi- tado que se lhe seguiu, que inclui a «Monarquia do Norte». Para o historiador, a tentação de associar o primeiro septenato à onda de esperança gerada pelo 5 de Outubro e o segundo a um declínio ao qual o 28 de Maio pôs cobro é forte. Tal interpretação afeta natural- mente o juízo feito dos líderes republicanos. São tidos mais em conta os que governaram até dezembro de 1917 do que os que relançaram o regime em 1919. Na verdade, porém, ambos conduziram a Repú- blica à catástrofe – a primeira temporária (a «República Nova» de 6LGyQLR3DLV DVHJXQGDGHÀQLWLYD(VWHHVWXGRLQFLGHVREUHDÀJXUD que maior destaque alcançou durante o primeiro septenato: Afonso Costa. Mais precisamente, procura explicar a perda de popularida- de que Afonso Costa sofreu durante o período da Primeira Guerra Mundial, um fenómeno que resultou não só no sucesso do golpe de Estado conduzido por Sidónio Pais como ainda colocou um pon- WRÀQDOQDFDUUHLUDSROtWLFDGRSUySULR$IRQVR&RVWD7HQWRXUHVVXV- 11 A GRANDE GUERRA DE AFONSO COSTA citá-la, através da liderança da delegação portuguesa à Conferência da Paz, que retirou a Egas Moniz, sendo depois, e por várias vezes, convidado a formar Governo – mas nunca conseguiu reunir o con- senso necessário para governar nos seus termos, assim como não conseguiu derrubar a ditadura militar iniciada em 1926 e o Estado Novo que dela nasceu. À primeira vista, o desgaste político de Afonso Costa não tem muito que explicar. Costa, como outros, quis ver Portugal na guer- UDFRQVHJXLXFRQGX]LURSDtVDRFRQÁLWRHPPDUoRGHHIRL depois surpreendido pelas consequências – militares e civis, inter- nacionais e domésticas – deste passo, que ultrapassaram as capa- cidades de resposta do país e do regime. Vítima de uma enorme crise política, social e económica que se alastrou desde o início da beligerância, foi Costa perdendo apoios a nível nacional, nos meios UHSXEOLFDQRVHPJHUDOHSRUÀPGHQWURGRSUySULRSDUWLGRDWp que nada restou, sendo facilmente derrubado por um aventureiro desprovido de bom senso e de qualquer plano coerente para o fu- turo de Portugal. Esta leitura é, porém, incompleta. Uma análise mais detalhada do período entre agosto de 1914 e dezembro de 1917 revela uma longa série de situações em que o comportamento de Afonso Costa se mostra ambíguo (senão mesmo contraditório) e as suas decisões nos parecem, hoje, inexplicáveis. São este comportamento e estas decisões que o presente volume propõe explorar, inserindo-os no seu contexto histórico de forma a tentar reconstruir o pensamen- WRHDDomRGH&RVWDGXUDQWHRFRQÁLWR1mRpDVVLPXPDKLVWyULD da participação portuguesa na Primeira Guerra Mundial, nem uma história política do período: é uma tentativa de narrar e de interpre- WDURWUDMHWRGHXPDGDVÀJXUDVFKDYHGDSROtWLFDSRUWXJXHVDQXP momento crucial da vida do país. Quais são, então, essas situações e decisões que precisam de ser mais bem esclarecidas? Por ordem cronológica, as seguintes: o 12 I NTRODUÇÃO posicionamento de Afonso Costa perante a corrente intervencionis- ta portuguesa; o seu papel na crise do Governo Bernardino Macha- GRHPÀQDLVGHDUHFXVDHPDVVXPLUDOLGHUDQoDGR*RYHUQR após o golpe de Estado de 14 de maio de 1915, que se prolongou pelo resto do ano; o comportamento durante a crise diplomática que ÀQDOPHQWHOHYRX3RUWXJDOjJXHUUDHPDLQVLVWrQFLDQDFRQV- tituição do Corpo Expedicionário Português e no seu envio para França; o papel na queda do primeiro Governo da União Sagrada em abril de 1917; a quebra de relações com o Partido Democrático ao longo do seu terceiro (e último) Governo entre abril e dezem- EURGHHSRUÀPRVLOrQFLRDTXH$IRQVR&RVWDVHUHPHWHX no exílio francês (aparentemente autoimposto), até ao assassinato de Sidónio Pais. Cada um destes episódios será analisado com base HPGRFXPHQWDomRRÀFLDOFRUUHVSRQGrQFLDSDUWLFXODUHGLiULRVQD LPSUHQVDHFODURHVWiQDODUJDKLVWRULRJUDÀDGRSHUtRGRHQWUHWDQ- to produzida. São felizmente já muitas as interpretações da carreira de Afonso Costa, das razões da intervenção portuguesa na Gran- de Guerra e das consequências deste envolvimento, não existindo consensos sobre estas matérias. Nascem tais diferenças do tipo de História favorecido por cada investigador, do género de perguntas que faz acerca do passado e dos pressupostos ideológicos com que aborda estas questões; cada uma destas interpretações enriquece o nosso conhecimento do período. Destaco, entre outras obras, os en- saios de Pedro Aires Oliveira («A República e a guerra 1914-1918») e Bruno Cardoso Reis («Da nova república velha ao Estado Novo (1919-1930): A procura de um Governo nacional de Afonso Costa a Salazar») publicados no volume organizado por Luciano Amaral, Outubro: A revolução republicana em Portugal (1910-1926) (Lisboa: Edi- ções 70, 2011); Luís Alves de Fraga, Do intervencionismo ao sidonismo: Os dois segmentos da política de guerra na Primeira República, 1916-1918 (Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2010); o meu próprio Afonso Costa (Lisboa: Texto, 2010); Vasco Pulido Valente, 13 A GRANDE GUERRA DE AFONSO COSTA A «República Velha» (1910-1917): Ensaio (Lisboa: Gradiva, 1997); e Nuno Severiano Teixeira, O poder e a guerra, 1914-1918 (Lisboa: Edi- torial Estampa, 1996). Porquê este projeto? Porque, se em grande medida Afonso Costa é hoje lembrado e celebrado (ou condenado) como o autor de importantíssimas medidas que nem mesmo o Estado Novo ou- sou revogar (Lei de Separação do Estado das Igrejas; Lei do Registo &LYLOFULDomRGHXP0LQLVWpULRGD,QVWUXomR3~EOLFDÀPGRPRQR- pólio da Universidade de Coimbra), são menos conhecidas de um público mais vasto

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