Naturalidade E Bibliografia

Naturalidade E Bibliografia

AUTORES e ESCRITORES de ANGOLA naturalidade e bibliografia Tomás Lima Coelho Este trabalho comeÄou por ser um exercÅcio solitÇrio mas cedo se transformou numa enorme onda de boas vontades e colaboraÄÉes profÅcuas e generosas. A todos os que jÇ nos ajudaram e a todos os que ainda vierem a dar o seu contributo para o engrandecimento e o rigor desta obra, porque Ñ de todos, queremos expressar os nossos agradecimentos. autor | TomÄs Lima Coelho capa e tratamento digital | Manuel Secca Ruivo ISBN: 978-989-20-3557-4 A PRODUÄÅO LITERÇRIA DOS AUTORES E DOS ESCRITORES DE ANGOLA EM REGIME COLONIAL Enquanto decorria a pesquisa para a Bibliografia de Autores de Angola, naturais ou naturalizados, logo se evidenciou uma situaÉÑo que antes poderia nÑo ocorrer com tanta clareza: a do peso castrador que o sistema colonial exerceu sobre a produÉÑo literÖria dos filhos de Angola . A populaÅÇo nativa era olhada e usada apenas como forÅa de trabalho e sÉ muito poucos, os filhos de uma pequena elite jÄ aculturada e europeizada, conseguiam sobressair. Foi o caso de JosÜ da Silva Maia Ferreira , homem culto e viajado, filho de um portuguÑs e de uma senhora de Luanda que, apÉs os estudos concluÖdos em Portugal e no Brasi l, publicou em 1849 1 aquela que viria a ser a primeira obra de um filho do paÖs: Ü Espontaneidades da minha alma á, um livro de poesia com dedicatÉria às senhoras da sua terra, mas onde a forma, o estilo e o vocabulÄrio pouco tÑm de âfrica, de Angola. SÉ apÉs um longo hiato de quarenta e dois anos um outro angolano publicaria a sua primeira obra, tambäm um livro de poesia intitulado ÜDelÄrios á, em 1891: Joaquim Dias Cordeiro da Matta . O livro foi lanÅado numa äpoca de forte efervescÑncia popular à volta do ultimato britãnico sobre a questÇo do Barotze e do mapa cor-de-rosa, um tempo em que jornalistas e outros literatos apenas viam os seus escritos impressos nos jornais, revistas e almanaques da colÉnia, mas onde jÄ expunham claramente ideias autonomistas e independentistas. Nomes como Pedro da PaixÑo Franco, Urbano de Castro, SilvÜrio Ferreira ou Francisco Castelbranco , entre outros, foram muito importantes para a discussÇo dessas ideias, amplamente difundidas pela imprensa da äpoca, debate que se prolongaria ainda para o säculo XX. Mas voltemos aos livros. No ano seguinte, em 1892 portanto, um outro angolano conseguia ver o seu livro publicado, depois de inicialmente o ter visto em folhetins, tanto em jornais de Portugal como em jornais de Angola. Tratava-se de Pedro FÜlix Machado , tambäm ele mestiÅo e estudante em Portugal onde cursou Direito. O seu livro, intitulado Ü Scenas dÅÇfrica: ? É Romance Äntimo á, jÄ se destaca por conter um forte cariz regional, jÄ ä de Angola e dos seus costumes que se fala, ainda que escrito num estilo algo queirosiano, europeu portanto. A seca de produÅÇo, contudo, continuava, e sÉ dezassete anos depois, em 1909, Augusto Thadeu Bastos , o filho de um abastado comerciante da Catumbela, publica Ü TraÑos gerais sobre a etnografia do Distrito de BenguelaÖ . TrÑs anos depois, em 1912, Pedro da PaixÑo Franco publicava em Portugal o seu livro Ü HistÜria de uma traiÑáo á, um libelo acusatÉrio contra antigos companheiros, jornalistas como ele, fruto ainda do rescaldo dos debates na imprensa angolana iniciados em finais do säculo XIX. 2 Continuando na senda dos grandes hiatos temporais surge, quinze anos depois, em 1927, a primeira obra de áscar Ribas , um livro de poesia intitulado Ü Nuvens que passam á. Dois anos passados, em 1929, vem a påblico Ü HistÜria de Angola á, a primeira abordagem do tema sob o olhar de um filho do paÖs: o luandense Alberto de Lemos . Entramos na däcada de 30, perÖodo em que cinco autores conseguem publicar: Francisco Castelbranco , tambäm à volta da histÉria, publica, em 1935, Ü HistÜria de Angola: desde o descobrimento atà â implantaÑáo da Repäblica (1482-1910) á. No mesmo ano, Antànio de Assis Jânior estreia- se com o seu Ü O segredo da morta á. No ano seguinte, em 1936, publica-se o livro ãO imposto nas transmissåesÖ de Emälio Simães de Abreu , uma obra de teor täcnico ligada às funÅçes do autor na Fazenda Nacional. Um ano depois, em 1937, Geraldo Bessa Victor aparece com Ü A poesia e a polÄtica á e, mais dois anos passados, em 1939, surge Tomaz Kim com Ü Em cada dia se morre á. A däcada de 40 abre com bons prenåncios: logo em 1940 o benguelense Ralph Delgado publica Ü A famosa e histÜrica Benguela: catçlogo dos governadores (1779-1940) á, e Mauräcio Soares , um descendente de colonos madeirenses, publica Ü é e Ramiro tambàm ficou á. Em 1944 vem a påblico uma outra obra, desta vez de uma mulher que serÄ a primeira angolana a publicar um livro: Lälia da Fonseca com Ü Panguila á. No ano seguinte, em 1945, JoÑo de Almeida e Sousa åCachimbinhaç publica ÜApontamentos de etnografia por africanos: inquàrito aos hçbitos e costumes do povo adstrito â administraÑáo de Nrikinya Ü, mas sÉ no fim deste perÖodo, em 1948, trÑs novos tÖtulos surgem: Ü Silèncio á de Humberto da Sylvan , Ü O imbondeiro maldito á de MÖrio Milheiros , tambäm este descendente de colonos madeirenses da Humpata, e do malanjino Alfredo Diogo Jânior o livro Ü Angola: a ocupaÑáo holandesa e a restauraÑáo: factos determinantes á. JÄ se revela mais pujante a däcada de 50 onde os assomos de uma elite literÄria comeÅam a surgir. Logo em 1950 Manuel Jâlio de MendonÉa Torres redige Ü O Distrito de MoÑêmedes nas fases da origem e da primeira organizaÑáo á; em 1953 MÖrio Pinto de Andrade colige uma Ü Antologia temçtica de poesia africana á; no ano seguinte, em 1954, dois autores se revelam: o moÅamedense Joaquim Pedro Arroja Jânior com Ü Flores negras á e a luandense Maria Joana Couto com Ü Braseiro ardente á. Em 3 1956 mais trÑs autores vÑm as suas primeiras obras publicadas: Cochat Osàrio escreve Ü Calema á, MÖrio Antànio de Oliveira publica Ü Poesias á e Roberto Correia edita Ü Assim somos todos á. Em 1957, vindo tambäm das terras quentes do Namibe, Clodoveu Gil mostra-se com Ü Temas eternos: poesia á e EugÜnio Ferreira , um madeirense que viria a naturalizar-se angolano, publica Ü Feiras e presÄdios á em 1958. Tambäm em 1958 Antànio A. M. CristÑo , outro moÅamedense, publica Ü MemÜrias de Angra do Negro: MoÑêmedes á. Em 1959 o emärito historiador Ilädio do Amaral inicia o seu rico percurso histÉrico-literÄrio com a publicaÅÇo de Ü SubsÄdios para o estudo da evoluÑáo da populaÑáo de Luanda á. Mas, se ä na däcada de 50 que surge o movimento intelectual Ü Vamos descobrir Angola! á, apenas na däcada seguinte este apelo comeÅa a dar frutos. Aqui fica a lista dos autores desse perÖodo e das suas primeiras obras, onde jÄ despontam nomes importantes da luta contra o colonialismo, por paradoxal que isso possa parecer dada a repressÇo do regime, ou talvez atä por isso mesmo, onde a poesia, a arma literÄria de resistÑncia por excelÑncia, tem a maior preponderãncia nas publicaÅçes: 1960 é Arnaldo Santos com Ü Fuga á; Céndido da Velha com ÜQuero-te intangÄvel, Çfrica á; Carlos Alves åCaveç com Ü O povoamento de Angola á; Costa Andrade com Ü Terra de acçcias rubras á; Henrique Abranches com Ü Cigarros sujos á; InÖcio Rebelo de Andrade com Ü Um grito na noite á; JosÜ Luandino Vieira com Ü A cidade e a infência á. 1961 é Agostinho Neto com Ü Poemas á; Alexandre DÖskalos com ÜPoesias á; Amaro Monteiro com Ü Vozes no muro á; Antànio Jacinto com Ü Poemas á; Ernesto Lara Filho com Ü Picada de marimbondo á; LourenÉo Mendes da ConceiÉÑo com Ü Portugueses de direito e portugueses de facto á; Manuel dos Santos Lima com ÜKissanje á; TomÖs Jorge com Ü Areal á; Viriato da Cruz com ÜPoemas á. 1962 é Antànio Cardoso com Ü Poemas de circunstência á; Gonzaga Lambo com Ü Cancioneiro popular angolano: subsÄdios á; Henrique Guerra com Ü A cubata solitçria á. 4 1963 é AmÜrico Boavida com Ü Angola: cinco sàculos de exploraÑáo portuguesa á; Maria Helena de Figueiredo Lima com Ü Em torno da Guinà e de Cabo Verde á. 1964 é Maria EugÜnia Lima com Ü Entre a parede e o espelho: poemas á; Maria JosÜ Pereira da Silva com Ü Labaredas em prece á. 1965 é Rui Burity da Silva com Ü Ochandala á. 1966 é Alda Lara com Ü Poemas á, publicaÅÇo pÉstuma; Jorge Macedo com Ü Tetembu á; JosÜ Manuel Mendes com Ü Enquanto cresce este rio audaz á. 1967 é David Mestre com Ü Kir-Nan á; Manuel Rui com Ü Poesia sem notÄcias á. 1969 é Manuela Cerqueira com Ü Menina do deserto á. Depois, jÄ entrados na däcada de 70 e atä à independÑncia de Angola, outros nomes irÇo afirmar-se, muitos deles tambäm perfeitamente engajados na continuaÅÇo da luta anticolonialista pela via intelectual. Aqui fica a lista: 1970 é Carlos Ervedosa com Ü Arqueologia angolana á; Carlos Martins de Castro Alves com Ü Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro: boquejo biogrçfico do colonizador de MoÑêmedes á; EleutÜrio Sanches com Ü Tuque-tuque de batuque á; Wanda Ramos com Ü Nas coxas do tempo á. 1971 é Honorinda Cerveira com Ü Kiangala á; JoÑo Abel com Ü Bom dia á; JoÑo Maria Vilanova com Ü Vinte canÑåes para Ximinha á; Manuel C. Amor com Ü Na rota do Quinaxixe á. 1972 é Domingos Van-Dânem com Ü Auto de Natal á; Eduardo BrazÑo Filho com Ü Cidade e sanzala á; Fragata de Morais com ÜTerreur en Verzet á; Maria do Carmo Marcelino com Ü Obra poàtica á; Olga GonÉalves com Ü Movimento á; Ruy Duarte de 5 Carvalho com Ü Cháo de oferta á; Samuel de Sousa com Ü Poesia á.

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