DIRETOR - FRANCISCO MADELINO JORNAL BIMEStrAL 3.a SÉRIE • 1€ N.0 9• Jan-fev 2018 Ano Europeu do Património Cultural TL Jan-FeV 2018 3 4 8 10 12 16 19 22 Entrevista: Iva Bittová Fotorreportagem A Casa na árvore Entrevista: Viagem: Açores Teatro da Trindade Contos do Zambujal e Paolo Angeli Manteigas Diogo Infante Inatel 6 11 14 17 20 23 Fotorreportagem 9 Memórias de Júlio Desporto: Campeonato Coluna do Provedor | Passatempos | Agenda Ciclo Mundos Viajando com livros Isidro António Raminhos gastronómico Notícias ÍNDICE capa Editorial FRANCISCO MADELINO Presidente da fundação inatel património cultural s comemorações dos anos que simbolizam um tema são ainda uma boa forma de o lembrar e realçar a sua importância. Neste ano de 2018, a União Europeia es- usa Monteiro vive em Beja, cidade colheu o Património Cultural. Se há coisa que a velha onde nasceu. Europa tem mais valiosa é a sua herança cultural, física Estudou Realização Plástica do e imaterial. Uma herança rica, diversa, criativa e huma- Espectáculo na Escola Superior nista. de Teatro e Cinema, e cinema de ANa diversidade está a base da Europa das Nações. No humanis- animação no CITEN. Durante mo e tolerância europeus ao diferente está a base do projeto da alguns anos trabalhou como União Europeia e das suas potencialidades para o diálogo inter- Sfigurinista, caracterizadora e aderecista para cultural e a Paz. o teatro e para o cinema. O ano de 2018 é também o ano em que se comemora um século ilustração Em 2009, com a inauguração da Bedeteca do fim da Primeira Grande Guerra, que atolou a Europa de mor- susa monteiro de Beja e do Festival Internacional de Banda tos e de ódios, no século passado. Os nacionalismos, os imperia- Desenhada de Beja (onde é responsável lismos e as diferenças culturais foram, nesses tempos, fontes de pela linha gráfica e co-organizadora), deixa guerra, e não causas de riqueza e de diálogo. definitivamente as artes do espectáculo e Hoje, a capacidade de dialogar, entender o outro, unir as dife- passa a dedicar-se exclusivamente à banda renças, sem as apagar, e transformá-las em misturas de criação e desenhada e à ilustração. fontes de novas ideias e de liberdade, são grandes desafios para Nos últimos anos ilustrou livros para o Mundo e para a Humanidade. Em tempos de populismos e diversos autores: António Torrado (Pato nacionalismos, a Cultura, agora, mais que nunca, deve e tem de Lógico), Afonso Cruz (Alfaguarra), Susana ser fonte de Paz e Beleza. Cardoso Ferreira (Oficina do Livro), etc. A Inatel sempre esteve, na sua História, nascida entre as Gran- E ilustrou cartazes e panfletos para várias des Guerras do século XX, no centro da divulgação e promoção instituições e projectos (Casa da Música, Palavras Andarilhas, Almarte – Festival de do nosso património cultural, mas também em aprofundar umas Artes na Rua, La Guarimba International mais profundas heranças nacionais, o cosmopolitismo, a nossa Film Festival, entre outros). capacidade de por heranças culturais distintas em diálogo. Publica regularmente ilustrações e bandas A Inatel é ainda consultora da UNESCO para o Património desenhadas em vários álbuns, fanzines, Mundial da Humanidade, reconhecendo assim, esta organização jornais e revistas. das Nações Unidas, as suas competências e vocação culturais. Tem exposto frequentemente o seu Este número do Tempo Livre é assim, também, uma dedicatória trabalho em festivais de Banda Desenhada e àquilo que faz o Homem, a Cultura, evocada neste Ano Europeu galerias, individual e colectivamente. do Património Cultural. Publicou recentemente o livro Sonho pela editora Pato Lógico. E está actualmente a ilustrar dois livros para o público infanto- juvenil, um para a Pato Lógico outro para a Bruáa editora. Jornal Tempo Livre | email: [email protected] | Propriedade da Fundação Inatel | Presidente do Conselho de Administração Francisco Madelino Vice-Presidente Inês de Medeiros Vogais Álvaro Carneiro e José Alho Sede da Fundação Calçada de Sant’Ana, 180 – 1169-062 Lisboa Diretor Francisco Madelino Publicidade Tel. 210027000/ [email protected] Impressão Sogapal – Comércio e Indústria de Artes Gráficas, S.A., Estrada de São Marcos, 27 – São Marcos, 2735-521 Agualva-Cacém Tel. 214347100Dep. Legal 41725/90 Registo de propriedade na ERC 114484 Preço 1 € Tiragem deste número 124.422 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação | Estatuto editorial publicado em www.inatel.pt 4 TL JAN-FEV 2018 Entrevista Iva Bittová & Paolo Angeli Precisamos de conversar sobre música improvisada A temporada de 2017 do Ciclo Mundos terminou, no passado dia 12 de dezembro, com um notável e improvisado diálogo entre a checa Iva Bittová e o sardo Paolo Angeli. Um improvável encontro entre uma compositora e violonista avant-garde de múltiplos recursos vocais e um instrumentista e construtor de um cordofone preparado de 18 cordas, híbrido entre guitarra, barítono, violoncelo e bateria que, além de exímio músico, é um ávido conversador ouco antes do espectáculo no Ambos têm uma forma muito especial Iva Bittová - Sempre. Sou muito um vastíssimo repertório que vai Teatro da Trindade Inatel, o de abordar os concertos. É muito inspirada pela folk, por música autêntica mudando de concerto para concerto. Tempo Livre teve a oportunidade importante interagir com a audiência em de todo o planeta. Gosto de ouvir os Tens composições para cinco ou seis de dialogar informalmente com cada concerto que dão? ornamentos, as frases musicais que horas de espectáculo. A que se deve esse os dois músicos que mantêm Iva Bittová - Preciso de tocar ao vivo. É o usam, como constroem dinâmicas. É desenvolvimento profícuo do teu lado viva a paixão de estudar e de mais importante para filtrar a energia e as como pintar um quadro bonito, ou, como de compositor? descobrir diariamente novas ideias sobre aquilo que pensamos no dia- disse o Paolo, é cozinhar com muitas Paolo Angeli – A improvisação é Pformas musicais. a-dia. Absorvo-as e ponho-as na música, especiarias ao dispor e então, a cada uma forma de explorar o material. Como é que se conheceram? Que ofereço-as à audiência e, geralmente, ela momento, escolhemos aquelas que ficam É como olhar para uma coisa que motivações tinham para trabalhar em duo? devolve-me essa energia. Penso que é o melhor. nos emprestaram. Não faz sentido Iva Bittová - O Paolo tem melhor mais importante. No início dos concertos a Como é que começam a improvisar? estarmos sempre a viajar e tocar em memória. solo, com a banda, com a orquestra ou com Com uma melodia, com um drone? todos os concertos o mesmo repertório. Paolo Angeli - Lembro-me que era o Paolo preciso sentir, a partir do primeiro Paolo Angeli - Depende, se estivermos Normalmente, a minha ideia acerca da um grande fã da sua música e a vi em momento, que as pessoas estão ligadas. num teatro com 30 pessoas em que música é a de tentar surpreender-me concerto em Bolonha num grande Há muitos anos que toca em formato vemos a cara de toda a gente, ou num diariamente. Então autopressiono-me. momento da sua vida artística... de duo com um outro parceiro e grande palco com 1000 pessoas, ou se Há concertos em que o público é muito Iva Bittová - Já não tenho mais desses conterrâneo Vladimír Václavek. O que tivermos tido uma viagem desgastante. receptivo, gostou muito e aplaudiu de momentos… (risos). é que espera dele (ou do Paolo) quando Podemos tocar mais forte, mais intenso, forma efusiva mas para mim foi terrível. Paolo Angeli - Sou mais novo do que a partilham um palco? ou mais soft, mais relaxado. Tocar a solo Não houve nada de novo naquele Iva e, para mim, ela é como uma lenda. Iva Bittová - Preciso de ouvir da parte é diferente de tocar em duo. Podes tocar espectáculo. É como olhar-me ao espelho Vê-la a fazer digressões por Itália, com deles novas ideias para criar algo sempre aquilo que o outro não quer. e não ver mudanças. diferentes projectos: a solo, a duo, com o inesperado, mas musical. Mas o mais Penso que o duo tem uma dinâmica de Iva Bittová - És muito crítico contigo Techno Mit Störungen. importante é tentar encontrar uma comunicação muito intensa. É mais fácil (risos). Ele muda muito e surpreende-me Iva Bittová - Isso foi há muito tempo, há mesma linguagem de forma a oferecer tocar em trio do que em duo, porque em muitas vezes. 20 anos atrás. algo novo à audiência. duo mais facilmente percebes se o teu Paolo Angeli - A sério? Paolo Angeli - Sim, em 92, 93... Como se constrói o alinhamento parceiro está em palco ou não. A energia Iva Bittová - Eu trabalho muitas vezes em Iva Bittová - Já não existe mais. de música improvisada para um não chega se não estiveres disposto a cima dos erros. E tento surpreender-me Paolo Angeli - Era mesmo um grande espectáculo como o vosso? comunicar. Gosto de tocar com a Iva. quando sou bem-sucedida. fã dos projectos da Iva Bittová. Nessa Paolo Angeli - Há diferentes formas Nunca fizemos uma digressão e por isso Paolo Angeli - E como te sentes com isso? altura, organizámos um pequeno festival de ser um improvisador, como esse nunca nos saturámos de tocar as mesmas Iva Bittová - Gosto. É normal. na Sardenha (que agora é grande), Isole não idiomático que não gosta de tocar coisas muitas noites seguidas. É sempre Paolo Angeli - Humano? Che Parlano, e convidámo-la para dar canções que são como um tabu. O que eu uma alegria quando nos juntamos. Iva Bittová - Sim. um concerto a solo. Desde essa altura que gosto na Iva é que tanto pode estar num Estamos na era da globalização. A Iva Paolo Angeli - Perguntam-me sempre.
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