Vereda Tropical”

Vereda Tropical”

UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI ILCA MARIA MOYA DE OLIVEIRA O EROTISMO EM JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE: INTERDIÇÃO E TRANSGRESSÃO NOS FILMES: “O PADRE E A MOÇA” E “VEREDA TROPICAL”. São Paulo 2011 ILCA MARIA MOYA DE OLIVEIRA O EROTISMO EM JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE: INTERDIÇÃO E TRANSGRESSÃO NOS FILMES: “O PADRE E A MOÇA” E “VEREDA TROPICAL”. Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Comunicação, área de concentração em Análise em Imagem e Som da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Antonio Vadico. São Paulo 2011 ILCA MARIA MOYA DE OLIVEIRA O EROTISMO EM JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE: INTERDIÇÃO E TRANSGRESSÃO NOS FILMES: “O PADRE E A MOÇA” E “VEREDA TROPICAL”. Dissertação de Mestrado apresentada à Banca Examinadora, como exigência parcial para a obtenção do título de Mestre em Comunicação área de concentração em Análise de Imagem e Som da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação do Prof. Dr. Luiz Antonio Vadico. Aprovado em Nome do orientador/titulação/IES Nome do convidado/ titulação/IES Nome do convidado/IES AGRADECIMENTOS Muitos contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho. Gostaria de prestar meus sinceros agradecimentos: À Universidade Anhembi Morumbi que por meio da área de Gestão de Pessoas busca o contínuo aperfeiçoamento de seu corpo de colaboradores e, portanto, de si própria. Aos professores do mestrado de Comunicação da Universidade que transformam o trabalho árduo da pesquisa numa conversa de botequim divertida, particularmente na pessoa da Profª Drª Bernadette Lyra. A minha irmã Iara Moya, presença firme em qualquer tempo. Aos meus filhos, João Vicente e Pedro Henrique, frutos da paixão pelo erotismo e pela vida. Ao meu orientador Prof. Dr. Luiz Antonio Vadico, pela paciência, compreensão e pela capacidade de mostrar sempre mais uma possibilidade. Aos colegas do curso e a todos que não mencionei, mas que, de algum modo, contribuíram para a realização desse estudo, Muito obrigada. RESUMO Palavras-chave: Cinema erótico. Interdição e transgressão. Denúncia social. Cinema Novo. Neste estudo se investiga o aspecto interdito e transgressor do erotismo na obra do cineasta Joaquim Pedro de Andrade, por meio de estudo comparativo de dois filmes sob sua direção. O primeiro, O padre e a moça , um longa-metragem de 1965, a partir de poema de Carlos Drummond de Andrade; o segundo, Vereda Tropical , episódio do longa-metragem de 1977, Contos Eróticos que tem como base conto premiado para o concurso da revista Status. Voltado para a pesquisa de análises em imagem e som, o estudo tem como objetivo o erotismo como a condição transgressora frente à realidade vivida no nível do sagrado, representado no filme O padre e a moça ; no nível da apropriação individual do corpo, situação do episódio Vereda Tropical . São referências conceituais: os estudos sobre cinema de Ismail Xavier; o discurso do erotismo de Georges Bataille. O estudo visa embasar-se também na análise fílmica dessas produções que tem por objetivo demonstrar sua singularidade nos aspectos que esse estudo propõe: a interdição e a transgressão como meio de denúncia social. ABSTRACT Keywords : Erotic movie. Interdict and transgression. Social complaint. Cinema Novo. This study investigates the interdict and transgression of eroticism in the films of director Joaquim Pedro de Andrade, through comparative study of two films under his direction. The first, O padre e a moça, a feature film of 1965 from poem by Carlos Drummond de Andrade; the second, Vereda Tropical, episode of the feature film from 1977, erotic stories based on award-winning tale for the contest of the journal Status. Targeted research analyses the image and sound, the study aims at eroticism as transgressive condition against reality sacred level, represented in the film O padre e a moça ; at the level of individual ownership of the body, the episode Vereda Tropical situation. The conceptual references are the studies on cinema of Ismail Xavier and the speech of Georges Bataille's eroticism. The study aims to develop also in analysing these filmic productions aims to demonstrate your uniqueness in this study proposes: the interdiction and transgression as a means of social denunciation. SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 1. CINEMA E EROTISMO 13 1.1 A AURA DO CINEMA 13 1.2 CINEMA E EROTISMO 21 1.3 GÊNEROS CINEMATOGRÁFICOS 32 2. JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE 39 2.1 O DIRETOR E SUA OBRA 39 2.2 TEMPO HISTÓRICO E PRODUÇÃO DE FILMES 44 2.3 JOAQUIM PEDRO DE ANDRADE E O CINEMA NOVO 54 2.4 ESTÉTICA E TRANSGRESSÃO: EROTISMO DO SAGRADO 59 EROTISMO DOS CORPOS 66 3. O PADRE E A MOÇA 68 4. VEREDA TROPICAL 92 5. CONCLUSÃO 107 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 110 7. ANEXOS 114 8 INTRODUÇÃO O trabalho aqui proposto se pretende incluir na linha de pesquisa de ANÁLISES EM IMAGEM E SOM e tem como objetivo o estudo do erotismo como aspecto interdito e transgressor na obra do cineasta brasileiro Joaquim Pedro de Andrade, por meio de estudo comparativo de dois filmes sob sua direção: O padre e a moça , um longa-metragem de 1965, e Vereda Tropical , um curta-metragem de 1977, ambos por ele roteirizados. A análise dos filmes escolhidos foca o erotismo como a condição transgressora frente à realidade vivida, o mecanismo de ruptura do proibido, o desejo como a condição de liberdade em relação ao modelo social vigente, seja no nível do sagrado, aquilo que deve ser venerado, representado no filme O padre e a moça ; seja no nível da apropriação individual do corpo, a escolha pessoal da obtenção do prazer, situação do episódio Vereda Tropical . O padre e a moça é um longa-metragem de 1965, adaptado pelo cineasta a partir de poema de Carlos Drummond de Andrade; Vereda Tropical , é episódio do longa-metragem de 1977, Contos Eróticos, com direção de vários diretores , e tem como base o conto premiado de Pedro Maia Soares para o concurso da revista Status. Joaquim Pedro de Andrade é um dos fundadores do grupo do Cinema Novo, movimento que reuniu jovens cineastas brasileiros nos anos de 1960 e que estabeleceu uma nova linguagem para o cinema nacional. Considerando suas origens de cineasta comprometido com o posicionamento político de esquerda, o sentido do interdito e da transgressão que se busca analisar nesse trabalho por meio dos filmes escolhidos se mantém em toda a obra de Joaquim Pedro de Andrade. Diferentemente dos demais cineastas do movimento cinemanovista, Joaquim Pedro não rompe com suas origens de burguesia intelectual aristocrática nas obras que realiza; não há o sertão, o árido, a fome denunciada; ao contrário, é no cotidiano urbano ou periférico das grandes concentrações humanas que ele vai pinçando os aspectos mais doentes e doídos do contexto social brasileiro, de tal forma que a 9 imagem é a mensagem, num paralelismo à clássica frase de Marshall McLuhan, o meio é a mensagem 1. Filho de Rodrigo Melo Franco de Andrade, fundador do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN – conviveu de maneira muito próxima com os maiores intelectuais da época, os amigos de seu pai. Criado em tal ambiente familiar, a cultura literária foi parte integrante de sua formação. Na área de cinema Joaquim Pedro de Andrade é considerado diretor de adaptações literárias 2, mas delas não se serve sem colocar sua marca. A narrativa de base literária é desconstruída no referencial imagético que utiliza de forma transgressora e crítica, desvelando obscenidades de um cotidiano cruel em suas desigualdades sociais. Os filmes escolhidos para o estudo não trazem obrigatoriamente o conceito de erotismo como representação do prazer; Não é a apresentação imagética da sensualidade do corpo humano transformada em objeto desejante para o outro que é o foco desse trabalho. Busca-se aqui analisar nos filmes escolhidos, o erotismo como a condição transgressora frente à realidade vivida, o mecanismo de ruptura do proibido, o desejo como a condição de liberdade em relação ao modelo social vigente. O erotismo no cinema e seu significado, base desse trabalho de pesquisa, surgiu a partir dos estudos sobre os gêneros cinematográficos. Em suas várias categorizações - drama, comédia, horror, sexo, sagrado - o referencial erótico é parte constante da representação fílmica desde o início do próprio cinema, o primeiro cinema, conforme apontado por Cesarino Costa 3 em sua obra O primeiro cinema: espetáculo, narração, domesticação, tornando-se elemento de narrativa presente em todos os gêneros e suas variações. Como aponta Ismail Xavier 4 em sua obra O cinema no Século, o cinema apresenta dois movimentos: a representação realista e paradoxalmente, “um sentido de irrealidade” Assim, desde seus primórdios, o cinema fez uso de conteúdo erótico, manipulando-o em conformidade com as regras do comportamento social exigido por uma sociedade que se apropriava rapidamente do conceito de moderno.: 1 MCLUHAN, Herbert Marshall. Meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Cultrix, 1993. 2 XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno . São Paulo: Paz e Terra, 2001. p. 60. 3 COSTA, Cesarino Flávia. O primeiro cinema: espetáculo, narração, domesticação . Rio de Janeiro: Azougue, 2005. 4 XAVIER, Ismail. O Cinema no Século. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p.26 10 Para Bataille 5, pensador e escritor francês, em seu livro O Erotismo: o proibido e a transgressão , o erotismo enquanto sentimento de prazer produzido pelo homem é necessidade psicológica, uma vez que está dissociado da atividade sexual como instinto de reprodução e procriação. Para ele, o homem evoluiu a partir da religião e do trabalho sujeitando-se às interdições estabelecidas por uma e outro. O autor considera o erotismo e a violência uma dimensão do sagrado das religiões primitivas, análogo ao divino das religiões atuais. As interdições estão ligadas às transgressões e, de maneira contraditória, elas só existem à medida que é possível transgredi-las.

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