3.IMAGEM DA IGREJA MATRIZ DE VIÇOSA DO CEARÁ E ENSINO DE HISTÓRIA CHURCH IMAGE CEARÁ VIÇOSA MATRIX AND HISTORY OF EDUCATION RESUMO A historiografia vem ampliando os campos de Antonia Wagna Araújo investigação aos novos pesquisadores, possibilitando encontrar novas documentações a serem analisadas. Especialista em História do Brasil – Destacar a iconografia da Igreja Matriz de Nossa INTA Senhora da Assunção, em Viçosa do Ceará, [email protected] recortando como o tema a imagem indígena, requer compreender quem são os sujeitos reproduzidos no período colonial. São representações de índios, padre em seu cotidiano e relações de sobrevivência e de Chrislene Carvalho dos Santos trabalho, mostrando pedagogicamente a relação com Pereira Cavalcante o passado. É possível compreender uma sociedade Professora INTA/UVA que memorializa um passado.O presente artigo discorre sobre o uso da imagem como conteúdo reflexão para o ensino de História de Viçosa do Ceará, partindo da perspectiva de valorização da cultura indígena e a abordagem sobre analise da imagem do mito de fundação da cidade, quando da comemoração dos seus 300 anos. Palavras-Chave: Imagens, história, arte, educação e sociedade. ABSTRACT The historiography has pushed the research fields to new researchers , enabling find new documentation to be analyzed . Highlight the iconography of the Church of Our Lady of the Assumption in Viçosa do Ceará , cutting as the theme indigenous image , requires an understanding of who are the subjects played in the colonial period . Are representations of Indians, a priest in their daily lives and relationships of survival and work, showing pedagogically the relationship with the past. You can understand a society that memorializa a gift passado.O article discusses the use of the image as reflection for the content of history teaching Viçosa of Ceará , starting from the valuation perspective of indigenous culture and approach to myth of image analysis founding of the city , when the celebration of its 300 years. Keywords : photos , history, art, 25 Sobral, ano 3, v.1, n.5, p.25-40, jul-dez 2014. ISSN: 2317-2649 “Muito antes do Brasil se conhecer como país, antes das fronteiras e das leis que regem a nação, já viviam milhões de pessoas.” Pátria Amada Esquartejada A nova historiografia vem possibilitando novos sujeitos, fontes e métodos tanto para a pesquisa quanto para o ensino de História e as imagens vem sendo uma rica fonte de pesquisa. Este trabalho é um exercício de leitura da imagem de fundação da cidade de Viçosa do Ceará e o que a temática possibilita refletir. Considerando que toda história parte de um lugar é importante apresentar a localização Geográfica de Viçosa do Ceará. Está na microrregião da serra de Ibiapaba, Noroeste Cearense. O município tem 46.832 habitantes (2003), a 740 metros de altitude esta cercada de vegetação nativa e fontes de águas cristalinas. Sua paisagem de exótico relevo faz a perfeita harmonia com seu clima de serra. Viçosa do Ceará tem patrimônio arquitetônico colonial com a sua construção iniciada em 1695 é o testemunho vivo de três séculos da história Portugal na Região, erguida a partir da construção da Igreja Matriz Nossa Senhora da Assunção. Ao redor dela ergueu-se a Aldeia da Ibiapaba, uma das principais missões jesuítas do país, no século XVII. A cidade de Viçosa do Ceará foi declarada oficialmente patrimônio histórico nacional pelo IPHAN, no dia 14 de agosto de 2003( www.vicosadoceara.ce.gov.br). Antes de iniciar o debate acadêmico é importante compreender como este artigo surgiu, considerando que toda história é uma produção do historiador e suas inquietações, problematizações e respostas. (Rossen, 2002). O interesse pelo tema nasceu na experiência de docência, na falta de materiais sobre a história local, o que possibilitou ser estudada no Programa de Iniciação Científica do Instituto de Estudos e Pesquisa do Vale do Acaraú, e com continuidade na Especialização em História do Brasil, nas Faculdades INTA. Neste texto busquei um exercício historiográfico sobre a questão indígena a partir das imagens sobre o aldeamento na cidade de Viçosa do Ceará. Ao escolher a temática em estudo tinha grandes curiosidades de saber como eram os povos indígenas e fui inicializada com o interesse com as imagens de fundação da aldeia jesuítica, com interesse da imagem de fundação da cidade de Viçosa dos Ceará que está exposta em dois lugares da cidade. 26 Sobral, ano 3, v.1, n.5, p.25-40, jul-dez 2014. ISSN: 2317-2649 Nesta experiência com a introdução das leituras, achava impossível compreender. O que mais encontrava eram perguntas e não sabia respostas. Depois de bastantes leituras, fui familiarizando aos textos. Nas leituras orientadas veio aquele entendimento ao dialogar com os autores e foi desvendado o conhecimento da temática. Nos fichamentos realizados fui percebendo que poderia ir além, descobrir o tema que para mim que estava encoberto. Dessa forma, fundamental foi a obra de Ernane Pereira, historiador e pintor viçosense, observa-se a importância da Arte na pedagogia e na vida. A arte tem uma grande importância no processo de ensino/aprendizagem escolar, facilitando mensagem entre professores e alunos. Analisar, entender o que uma imagem tenta transmitir exige uma boa intimidade como esse recurso, levar ao educando essa intimidade requer do educador um bom amadurecimento nessa perspectiva de um bom compreendimento no processo iconográfico. O historiador, principalmente, deverá considerar a imagem como um recurso didático e ao mesmo tempo como documento do seu tempo. No caso a imagem em estudo retrata a memória da cidade no período colonial, é uma narrativa, uma forma de contar, segundo Ricouer (1994). Fazer uma análise de como era a cidade de Viçosa do Ceará no período Colonial e como passou a ser após a colonização é um ponto bastante crítico e reflexivo. De acordo com alguns estudos historiográficos Viçosa do Ceará e Almofala1 foram as duas cidades cearenses que mais resistiram no período Colonial e por conta disso foram as últimas a aderir ao processo de colonização. Sofreram grandes massacres mesmo assim não aderiram facilmente. Na cidade, antiga Aldeia da Ibiapaba, primeiros registros portugueses de onde hoje conhecemos como Viçosa, existem traços físicos e culturais presentes dos povos indígenas. Os povos predominantes na Aldeia eram os tabajaras e os demais eram em menor quantidade. Vale ressaltar que de acordo com a história os povos nativos que habitavam na terra brasileira antes da chegada dos colonizadores, foi marcada pela presença de “índios”. Esses povos aqui encontrados continuam até hoje estereotipados, entretanto merecem toda dignidade e respeito como qualquer outro grupo étnico. Vale ressaltar que esta nomenclatura tem sua historicidade: 1 Sobre o tema ver.... 27 Sobral, ano 3, v.1, n.5, p.25-40, jul-dez 2014. ISSN: 2317-2649 A palavra índio, longe de expressar uma origem, expressa unicamente uma condição social inferior, uma maneira de vida primitiva, como os favelados do Rio de Janeiro, os moradores do Mocambo do Recife2. O texto descrito afirma que o vocábulo é usado de forma preconceituosa, onde o indígena não tem nenhum valor presente na sociedade contemporânea. Sabendo que não existe cultura inferior ou superior, a cultura indígena traz na sua diferença um complemento cultural que dá suporte e característica para a multiplicidade de relações existentes no Brasil. Este ponto vem sendo caracterizado no decorrer dos tempos, desde a chegada dos portugueses na então “Ilha de Vera Cruz”. Assim, o uso da expressão indígena, refere-se ao índio no sentido aos habitantes do território. Esta reflexão é importante para a compreensão sobre o passado indígena e conhecimento de ancestralidade. No século XXI todos têm direito e deveres, a palavra “todos” tem o sentido da universalidade. As diferenças étnicas, raciais, políticas e sociais, definem compassos que, independente dos grupos e das crenças, formam conceitos que se relacionam e dão faces para que a sociedade seja percebida. Estas diferenças são possíveis de serem compreendidas a partir do desenvolvimento e da convivência de formação de cada povo, daí a necessidade de respeito, independente do grupo social o qual as pessoas reconhecem. Os povos indígenas vem lutando por sua dignidade e respeito, pois, dentro do reconhecimento de suas qualidades humanas, vêm conquistando espaços, antes negado a eles em sociedade. O que é certo é que o Brasil é um país pluriétnico, prevalecendo a diversidade cultural dos povos, entretanto como as diferenças e as contradições movem as bases da sociedade e as transformam, muito do que se percebe enquanto modificação de pensamentos, métodos e crenças, se dá devido estas relações étnico raciais que movem o Brasil enquanto nação e deve estar nos bancos escolares. Como praticar o respeito? O ensino de História pode deixar de ser apenas de páginas de sangue e apresentar formas de convívio pelos acordos, a políticas, as relações sociais. Para isso há necessidade de 2 Riscadas no mapa: As nações indígenas. Pátria Armada Esquartejada. São Paulo: prefeitura de São Paulo, 1995. p. 129 28 Sobral, ano 3, v.1, n.5, p.25-40, jul-dez 2014. ISSN: 2317-2649 uma nova ética de ensino, metodologias de abordagem histórica, para que se possa compreender as experiências humanas no seu tempo. A IBIAPABA NOS TEMPOS COLONIAIS A questão indígena é um tema de extrema complexidade, que atrai com freqüência a atenção da comunidade internacional. E tão complexo quanto é a imagem como documento. Um campo novo para o historiador, mas que possibilita uma compreensão de imaginário e uma perspectiva do que foi o vivido em um determinado tempo e espaço (BRAUDEL, 1996). A questão indígena nasceu com o descobrimento. É desnecessário, portanto, salientar a importância histórica e cultural do índio na formação da nacionalidade brasileira. Pouco mais de 200 grupos étnicos vivem no Brasil como comunidades distintas. Falam 180 línguas diferentes e somam mais de 350 mil indivíduos.
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