Andressa Marzani Da Amazônia misteriosa ao banquete dos mortícolas: reflexões sobre medicina, raça e território nacional em Gastão Cruls Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em História da Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre em História. Orientador: Prof. Dr. Adriano Luiz Duarte Florianópolis 2019 Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor, através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC. Marzani, Andressa Da Amazônia misteriosa ao banquete dos mortícolas : reflexões sobre medicina, raça e território nacional em Gastão Cruls / Andressa Marzani ; orientador, Adriano Luiz Duarte, 2019. 273 p. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em História, Florianópolis, 2019. Inclui referências. 1. História. 2. sanitarismo. 3. miscigenação racial. 4. modernismo no Rio de Janeiro. 5. Gastão Cruls. I. Duarte, Adriano Luiz. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em História. III. Título. Andressa Marzani Da Amazônia misteriosa ao banquete dos mortícolas: reflexões sobre medicina, raça e território nacional em Gastão Cruls O presente trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros: Profa. Maria Teresa Santos Cunha, Dra. PPGH/UDESC Profa. Maria Mezzomo Rodrigues, Dra. CCE/UFSC Prof. Luiz Alberto de Souza, Dr. PPGH/UFSC Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado adequado para obtenção do título de mestre em História. ____________________________ Prof. Dr. Lucas de Melo Reis Bueno Coordenador do Programa ____________________________ Prof. Dr. Adriano Luiz Duarte Orientador Florianópolis, 14 de outubro de 2019. Aos meus pais, Osmar e Maria, e as minhas irmãs, Carol e Tati. Vocês não sabem o quanto são importantes para mim. AGRADECIMENTOS Ao longo do mestrado, contei com a ajuda de diferentes pessoas e instituições, sem as quais o processo teria sido muito mais difícil – quem sabe até impossível de ser executado. Em primeiro lugar, agradeço pelo apoio, compreensão e o amor da minha família, que desde o processo seletivo estiveram presentes me incentivando, apoiando minha mudança para outro estado, e me esperando com carinho a cada visita. Especialmente a Carol, cujo período como mestranda coincidiu com o meu, e nessa e tantas outras aventuras da vida dividiu comigo experiências, discussões, impressões de livros, dificuldades, alegrias, cafés e chocolates. Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Adriano Duarte, pela condução da orientação, pelas indicações de leitura e pela paciência. Por ter me apresentado novos autores e novos debates, com os quais eu ainda não estava familiarizada, trazendo outras possibilidades para a análise da literatura. Agradeço também aos colegas do Núcleo de Estudos de História, Literatura e Sociedade (NEHLIS) pelos encontros, pelas discussões, trocas de ideias e sugestões. Em especial ao Luiz, que além das conversas e afinidades, também foi uma importante companhia e, como “nativo da ilha” me apresentou a cidade e suas trilhas. A Dra. Marília Mezzomo Rodrigues, pela atenção desde as primeiras conversas no NEHLIS, as impressões sobre “curitibanices”, e pelos valorosos apontamentos, tanto em minha banca de qualificação, quanto na de defesa. As reflexões de sua tese e, principalmente, suas sugestões e comentários marcaram os rumos tomados em minha pesquisa. Agradeço também aos professores do Programa de Pós-Graduação em História da UFSC, pelas discussões e pelo aprendizado. Aqui cabe um agradecimento especial à Professora Maria de Fátima Fontes Piazza, pela gentileza e alegria dispensada a seus alunos, e pelo interesse demonstrado por meu trabalho. Seus apontamentos e sugestões na banca de qualificação foram um alento para continuar a pesquisa, e uma indicação do caminho a seguir. Sou grata também aos debates trazidos pelos professores do Programa de Pós-Graduação em Literatura, durante as duas optativas da área de que participei. Por fim, um agradecimento aos membros de minha banca de defesa, que muito contribuíram para o formato final que este trabalho ganhou. Aos colegas e amigos que fiz no percurso do mestrado, sou grata pelos aprendizados compartilhados, pelas conversas e por todo o apoio: Natália, Lídia, Priscila, Natan, Rodrigo (Urso), Raisa, Thiago, Juan, Josy, Lucas [in memorian], Dani, Rodrigo Candido, Kelly, Cissa, André Luiz, Arielle, Jana, Jessica, Lê, Ana Carolina, Silvia, e tantos outros. O companheirismo que demonstraram foi essencial para que eu pudesse me sentir “em casa”, mesmo em uma universidade que me era até então desconhecida. Meu obrigado à Cecília, a Maíra e ao Bruno, por serem uma boa companhia tanto em manifestações de rua como em festas de final de ano, pelas risadas e por sua alegria. À Cassi, pelas palavras sempre gentis, pelas pedaladas e outras aventuras, que me ajudaram a suportar os dias mais difíceis. À Emily pela amizade, pelos cafés, pelas risadas e pelo apoio imenso, durante a dissertação e depois, em todos os caminhos que resolvi seguir. Agradeço ainda aos moradores que passaram por aquela república na rua Luiz Pasteur em que vivi por dois anos: os colegas de mestrado André (Carrinho) e Isaac, Tales, Gustavo, Kath, Marie, Nelsinho, Rafa, Marina e também a Ana, com quem acabei convivendo só poucas semanas. Minha estadia na ilha não teria tanta graça se não eu tivesse dividido as alegrias e agruras do cotidiano com vocês. Muito obrigada pelas inúmeras conversas regadas a café, as sessões de série, as festas e todo o resto! Meu obrigado aos amigos e familiares em Curitiba e região metropolitana, que devido à distância eu por vezes pouco vi, mas que tornaram as idas e vindas mais alegres. Entre tantos que os encontros e desencontros da vida proporcionaram, não posso deixar de citar: Carlos, Leda, Bruna, Nay, Nayamin, André, Monique. Os amigos Arlindo, Jones e Bárbara, sempre tão contestadores. Os companheiros de trilhas (e outras aventuras nada saudáveis) Gil, Yvy, Lize, Debora, e também o Jones, o Arlindo e meu primo Paulo Vitor. Sou grata ainda aos muitos tios, tias, primos e primas, que mesmo longe, sempre marcaram presença com seu carinho. Ao Diego, que levou comigo esse último ano de escrita da dissertação, e me acompanha nos caminhos pelo sul do país e outros afora, me apoiando com seu amor, sua paciência e as delícias culinárias que prepara pra mim. Essa pesquisa foi facilitada pelo apoio financeiro conseguido com a bolsa de estudos concedida pela CAPES durante o mestrado. “Por muito tempo fui uma pessoa dos livros: a realidade me assustava e atraía. Desse desconhecimento da vida surgiu uma coragem. Agora penso: se eu fosse uma pessoa mais ligada à realidade, teria sido capaz de me lançar nesse abismo? De onde veio tudo isso: do desconhecimento? Ou foi uma intuição do caminho? Pois a intuição do caminho existe...” (Svetlana Aleksiévitch, A guerra não tem rosto de mulher, 2015) RESUMO A década de 1920 ficou conhecida por ser o período em que uma concepção de Brasil moderno ganhou corpo, formulando pontos de vista, diagnósticos e projetos que marcaram as gerações subsequentes. Contudo, o movimento da modernidade brasileira já estava sendo gestado desde as décadas anteriores, em um processo complexo de transformações, rupturas e continuidades. Nesse ínterim, uma parte importante dessas discussões esteve relacionada a questões médicas, diante das novas descobertas científicas e da ascensão de uma classe médica, que iria cada vez mais reivindicar para si a participação na construção dos rumos da nação. Nesse sentido, premissas médicas como saneamento, higiene, miscigenação racial, eugenia e saúde pública passaram a fazer parte dos debates mais amplos da sociedade. Entendendo que a literatura desempenhou importante papel na formulação dessas visões e projetos nacionais, o presente trabalho tem por objetivo analisar as primeiras obras do escritor e médico carioca Gastão Cruls (1888-1959), com o intuito de fomentar o debate sobre a relação entre as questões médicas, a produção literária e a construção de identidades nacionais desenvolvido entre as décadas de 1910 a 1930. Cruls formou-se em medicina em 1910, mas abandonou a profissão por volta de 1926, em prol de sua carreira como escritor. Contudo, sua produção literária está permeada pelas discussões médicas do período, como os limites éticos dos experimentos científicos, o sofrimento humano, a dificuldade de cura para algumas doenças, a morte. Desta forma, Cruls projetou, através da literatura, anseios, questionamentos e reflexões próprias do exercício médico. Do mesmo modo, expressou ideias e debates da medicina do período, entre eles o saneamento das zonas rurais e os projetos de melhorias para a nação. Assim sendo, este trabalho tentou observar as fontes literárias como chave para o entendimento das diferentes visões de Brasil em desenvolvimento. Palavras-chave: Sertões. Sanitarismo. Miscigenação racial. Modernismo no Rio de Janeiro. Gastão Cruls. ABSTRACT The 1920 decade was known as the period in which a conception of modern Brazil took form, formulating points of view, diagnoses and projects as which would mark the subsequent generations. However, the movement of Brazilian modernity was already being developed from previous decades, in a complex process of transformations, ruptures and continuities. In this context, a important part of this new discussions passing by medical issues, new scientific discoveries
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