Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 [email protected] Universidade Anhanguera Brasil Franchi Carniello, Monica; Pereira, Júlio Cesar; Gandolpho, Marcelo Renato Caracterização do atendimento hospitalar pelo SUS no DRS XVII Taubaté Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 15, núm. 3, 2011, pp. 109-136 Universidade Anhanguera Campo Grande, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26021120010 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Mais artigos Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Home da revista no Redalyc Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Ensaios e Ciência CARACTERIZAÇÃO DO ATENDIMENTO Ciências Biológicas, HOSPITALAR PELO SUS NO DRS XVII TAUBATÉ Agrárias e da Saúde Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 RESUMO Monica Franchi Carniello Universidade de Taubaté - Unitau O Departamento Regional de Saúde (DRS) XVII – Taubaté – SP, Brasil, é [email protected] formado por 39 municípios, com uma população estimada de 2.258.956 pessoas. Tem a responsabilidade de representar a Secretaria de Estado da Saúde nos municípios sob sua jurisdição. Por meio de dados Júlio Cesar Pereira documentais sobre as internações hospitalares chegou-se a uma Faculdade Anhanguera de Taubaté pesquisa descritiva e quantitativa que objetivou evidenciar como estão [email protected] alocados os estabelecimentos e Leitos que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) no DRS. Os resultados demonstram a concentração dos habitantes e dos serviços de saúde em apenas alguns municípios, a prevalecente administração de estabelecimentos hospitalares por Marcelo Renato Gandolpho entidades filantrópicas, a quantidade de AIH pagas e das diárias de Faculdade Anhanguera de São José UTI geradas e como o DRS XVII–Taubaté está organizado, mas não [email protected] atende as necessidades atuais da região. Palavras-Chave: internação; Autorização de Internação Hospitalar; Sistema Único de Saúde; hospital. ABSTRACT The Regional Health Department (DRS in Portuguese) XVII - Taubaté - SP, Brazil, is made up of 39 municipalities, with an estimated population of 2,258,956 people. Has a responsibility to represent the State Department of Health in the counties under its jurisdiction. Through documentary data on hospital admissions was reached and a quantitative descriptive research aimed to show how they are allocated beds and establishments that meet the National Health System (SUS in Portuguese) in SDB. The results show the concentration of population and health services in a few cities, the prevailing management of hospitals by charities, the amount of AIH paid and daily ICU generated and how the DRS XVII - Taubaté is organized, but not meets the current needs of the region. Keywords: internment; Authorization of Hospital Internment; National Health System; hospital. Anhanguera Educacional Ltda. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 8/2/2011 Avaliado em: 7/4/2011 Publicação: 22 de dezembro de 2011 109 110 Caracterização do atendimento hospitalar pelo SUS no DRS XVII Taubaté 1. INTRODUÇÃO Através do Decreto nº 51.433, de 28 de dezembro de 2006, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), dividiu o estado de São Paulo, no Brasil, em 17 Departamentos Regionais de Saúde (DRS) que são responsáveis por toda atuação da Secretaria da Saúde nos municípios sob sua jurisdição. Composto de 39 Municípios o DRS XVII – Taubaté atende todo o Vale do Paraíba, no interior do Estado, e o Litoral Norte. A região do Vale do Paraíba e do Litoral Norte é uma região populosa e que espera um crescimento demográfico motivado por investimentos na infra-estrutura devido à exploração do petróleo do Pré Sal e a realização de eventos mundiais como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Com a migração prevista, receberá pessoas que poderão necessitar de internações hospitalares. Por meio de uma pesquisa descritiva, quantitativa e documental busca-se obter a disponibilidade de leitos hospitalares para atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no DRS XVII–Taubaté, no segundo semestre de 2009. O objetivo geral deste trabalho é caracterizar o atendimento hospitalar pelo SUS no DRS XVII - Taubaté. Como objetivos específicos, delimitaram-se: verificar em que municípios estão os leitos hospitalares disponíveis para atendimento SUS; verificar quem administra os hospitais que disponibilizam leitos para atendimento SUS; verificar o percentual de leitos hospitalares disponibilizados para atendimento SUS do total de leitos existentes nos hospitais estudados; verificar a quantidade de internações realizadas no segundo semestre de 2009 e o valor pago no segundo semestre, pelo SUS, referente a internações hospitalares; identificar quantos hospitais do DRS XVII – Taubaté possuem Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e quantos atendimentos foram realizados no segundo semestres nestas UTI; separar os hospitais por especialidades atendidas. Espera-se que a caracterização do atendimento de SUS possibilite saber se a rede está preparada para receber a migração iminente e suprir a demanda do crescimento populacional. Facilitará, também, ao planejamento de instalações de novas unidades hospitalares que atendam populações onde há pouca oferta de leitos hospitalares, tanto para atendimento pelo sistema SUS como para atendimentos particulares, através de convênios e seguros de saúde. Aos prefeitos e secretários de saúde municipais serão informações úteis para o planejamento do atendimento hospitalar das cidades, a estratégia do atendimento de saúde dos municípios e, até, para postular investimentos aos governantes da esfera estadual. Este estudo não contempla os atendimentos hospitalares pagos por particulares, seguros ou convênios médicos. Não foram considerados os hospitais que não atendem pacientes pelo SUS. Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 109-136 Monica Franchi Carniello, Júlio Cesar Pereira, Marcelo Renato Gandolpho 111 2. ASSISTÊNCIA MÉDICA PÚBLICA NO BRASIL Segundo Palm e Almeida Filho (1998), a conjunção das “crises da saúde” – científica, econômica, social e política - lança complexos desafios para a saúde coletiva quanto ao que fazer para efetivamente se articular aos novos paradigmas da saúde para o século XXI. No Brasil, a “crise da saúde” é observada numa assistência médica que reflete a histórica desigualdade social existente no país. As ofertas de serviços médicos variam de acordo com a capacidade de pagamento dos usuários, obedecendo a uma lógica mercadológica e centralizando-se nos locais onde a capacidade econômica é maior. De uma forma geral, a classe alta paga pelos melhores serviços, a classe média utiliza bons serviços privados através do denominado sistema de saúde suplementar e os que “não podem pagar” utilizam o serviço público chamado de SUS, de qualidade duvidosa. A assistência médica, segundo Sen (1999) é uma das liberdades instrumentais que reflete o nível de desenvolvimento de um país. O sistema de saúde suplementar, em 2009, atendeu 22,4% da população brasileira, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e visa atender a classe média utilizando principalmente de serviços hospitalares privados e consultas médicas de profissionais credenciados. A Saúde Suplementar é formada por operadoras de planos de saúde sendo que as mais expressivas são as empresas de medicina de grupo, seguidas das cooperativas médicas, as autogestão (empresas de grande porte que gerenciam o plano de saúde dos seus funcionários), as seguradoras especializadas em saúde e as operadoras filantrópicas de planos de saúde. A maioria dos contratos de planos de saúde são coletivos, mas existem planos familiares e individuais. No interior do estado de São Paulo, local objeto deste estudo, a taxa de cobertura aproximada dos planos de assistência médica é de 35,7% do total da população. A saúde suplementar é um importante componente no complexo sistema brasileiro de assistência médica. Há uma teia complexa de relação e na organização da assistência médica do Brasil onde encontram-se diversos atores, necessidades, dificuldades, provedores de serviços médicos, interesses, discussões teóricas e distorções do ideal constitucional. Infelizmente, a realidade demonstra que a assistência médica no Brasil é seletiva, excludente e focalizada e faz do texto constitucional mais um ideal a ser alcançado do que o exercício da cidadania. A realidade da falta de acesso à saúde é uma restrição à liberdade instrumental, conforme exposto por Sen (1999), o que torna-se uma barreira ao desenvolvimento do país. A Constituição da República Federativa do Brasil – 1988 no seu artigo 196 estabelece que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” e garante o acesso universal Ensaios e Ciência: C. Biológicas, Agrárias e da Saúde • Vol. 15, Nº. 3, Ano 2011 • p. 109-136 112 Caracterização do atendimento hospitalar pelo SUS no DRS XVII Taubaté e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde. O artigo 198 estabelece que “as ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”. Para regulamentar os artigos 196 e 198 da Constituição Federal, a Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990 - Lei Orgânica da Saúde - criou o Sistema
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