Veredas E Alamedas: a Importância Da Literatura Na Formação Crítica E Criativa Dos Educandos Do Ensino Médio

Veredas E Alamedas: a Importância Da Literatura Na Formação Crítica E Criativa Dos Educandos Do Ensino Médio

YARA HELENA DE ANDRADE VEREDAS E ALAMEDAS: A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO CRÍTICA E CRIATIVA DOS EDUCANDOS DO ENSINO MÉDIO MESTRADO EM EDUCAÇÃO UNISAL Americana 2010 1 YARA HELENA DE ANDRADE VEREDAS E ALAMEDAS: A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO CRÍTICA E CRIATIVA DOS EDUCANDOS DO ENSINO MÉDIO Dissertação apresentada ao Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação, sob a Orientação do Prof. Dr. Severino Antônio Moreira Barbosa. UNISAL Americana 2010 2 Autor: Yara Helena de Andrade Título: Veredas e alamedas: a importância da literatura na formação crítica e criativa dos educandos do ensino médio Dissertação apresentada como exigência parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação. Trabalho de conclusão de curso defendido e aprovado em 27/02/2010 pela comissão julgadora: ____________________________________________________ Prof. Dr. Severino Antonio Moreira Barbosa (orientador- UNISAL) _____________________________________________________ Prof. Dr. Luís Antonio Groppo (membro interno – UNISAL) _____________________________________________________ Prof. Dr. Edivaldo José Bortoleto (membro externo – UNIMEP) 3 AGRADECIMENTOS Findar este Mestrado é a realização de um sonho. Não pela titulação em si, mas por tudo quanto ela representa para mim em se falando em crescimento pessoal, conhecimento, prazer e busca de sentido. Por isso, primeiramente agradeço a Deus, que me deu este período de presente no momento mais difícil de minha vida, ajudando-me a preencher um grande vazio e me dando sempre forças para continuar, todas às vezes em que eu pensava já não ser possível chegar ao fim. À minha avó Adalgisa, que dedicou sua vida para me tornar naquilo que sou hoje e não mede esforços para me ver feliz e realizada em tudo aquilo que considero importante. Também à minha madrinha Izilda e à minha mãe Sílvia, cuja colaboração foi indispensável ao trilhar este caminho. À minha bisavó Quita e meu avô Sebastião que, mesmo com poucas oportunidades de estudos, me ensinaram o amor pela arte, principalmente pela literatura, pelas histórias. Que Deus os tenha recebido amorosamente em sua glória. À tia Vilma, minha primeira professora da escola especial em Campinas, que me ensinou o Braille e me apresentou um vasto alargamento dos meus horizontes que eu pensava estreitos, abrindo-me, com suas primeiras letrinhas, as portas do mundo da literatura, que hoje é o meu. À tia Cecília, sem cujo incentivo eu poderia sequer sonhar em concretizar esta etapa de minha vida profissional e pessoal; estando com Deus, onde estiver, que possa sentir sempre a minha gratidão, respeito, carinho e saudade. A todos os professores cujas palavras ecoaram na minha vida, em especial a Inês, que despertou a minha vocação latente para as Letras e, sem o saber, para o mundo da literatura; ao Marcos e a Zezão, que estiveram comigo durante o Ensino Médio, quando, pela faixa etária, eu faria parte do 4 grupo de alunos alvo desta pesquisa, e que agora, ainda, me ajudam a descortinar inclusive as questões práticas relacionadas à literatura e à escola, neste período em que já sou professora; a Jô, que, na graduação e pós- graduação, contribuiu para que eu alicerçasse as origens das reflexões desta dissertação. Ao meu enigmático orientador, professor Severino, que me ensinou, em seu ―tempo sem hora‖, como o de Drummond, que a vida é uma longa e preciosa conversa; pelos compridos diálogos e gentis metonímias com que me presenteou durante nossa convivência perpassada por seu sorriso largo e sereno e pelo afago, renovado a cada semana, quando me avisava de sua chegada; também por me apresentar a autores como Borges, que me propiciaram falar de como vivo a leitura e a literatura, com apoio literário e teórico. Ao professor Edivaldo, que observou, acompanhou e compartilhou o meu desabrochar para o maravilhoso mundo do pensamento filosófico e seus inquietantes e infindáveis questionamentos, ele que tem sido uma companhia prazerosa e constante nos desvelamentos da literatura e que agora está novamente comigo, compondo a minha banca; que sempre seja assim. E ao professor Groppo, pelos esclarecimentos sempre prontos e entremeados de gentileza. Aos três, que nunca se obrigaram a me facilitar coisa alguma por causa de minha diferença física. Ter sido tratada como a pessoa normal, saudável e produtiva que todo ser humano pode ser ou vir a ser foi o meu melhor presente. Agora, fica a amizade. Aos meus incansáveis ledores, sem os quais não teria sido possível mergulhar este trabalho na poesia da criação. Também a todos aqueles que, de tantas outras formas, encamparam as minhas pesquisas antes e durante este Mestrado, e também àqueles que ―traduziram‖ visualmente, para agradar aos olhos do leitor, a beleza que os meus escritos possam trazer (minha avó, Cibele, Talita, Neusa, Carol, entre outros tantos). Aos amigos, de ontem e de hoje, que sempre fizeram a minha vida valer a pena. E a Camila, cujo convite carinhoso foi a abertura para que eu pudesse trilhar o caminho que hoje se encerra. 5 A todos vocês, é pouco dizer apenas obrigada, palavra tão significativa, mas que ainda assim parece não portar toda a gratidão que sinto. Que Deus, que tudo pode, tudo sabe e tudo vê, possa abençoá-los e protegê-los durante toda sua caminhada e esteja conosco quando pela última vez nos encontrarmos, então para todo sempre. 6 Já não quero dicionários / consultados em vão. / Quero só a palavra / que nunca estará neles / nem se pode inventar. / Que resumiria o mundo / e o substituiria. / Mais sol do que o sol, / dentro da qual vivêssemos / todos em comunhão, / mudos, / saboreando-a. Carlos Drummond de Andrade (1980) [...] ó meus deuses. chamo-vos, nesta doce tarde, convoco o poder vosso, vinde conduzir o escriba canhestro e preguiçoso pelos meandros, as ladeiras. Os poços a perquirir. Histórias, vinde. Habitai-me. Possuí-me, fazei de mim vossa morada. Antonio Carlos Villaça (1970) [...] a sua personalidade ganhará firmeza, a sua solidão há-de alargar-se e tornar-se uma morada crepuscular e o ruído dos outros passará ao longe. E se desse voltar-se para dentro, desse mergulho no seu mundo próprio, surgirem versos, então não lhe ocorrerá perguntar a alguém se eles são bons. Também não fará a tentativa de interessar as revistas nesses trabalhos, pois verá neles a sua dileta e natural propriedade, um pedaço e uma voz da sua vida. Uma obra de arte é boa quando nasce da necessidade. Nesta sua maneira de irromper está o seu veredicto: não há mais nenhum. Rainer Maria Rilke (1995) A Literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob pena de mutilar a personalidade, porque pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo ela nos reorganiza, nos liberta do caos e portanto nos humaniza. Negar a fruição da literatura é mutilar a nossa humanidade. Antonio Candido (1995) 7 RESUMO O presente trabalho visa a investigar a importância da literatura na formação crítica e criativa dos educandos do Ensino Médio, questionando, por um lado, a instrumentalização pela qual essa disciplina vem passando, por parte das escolas privadas brasileiras, em nome de sua utilização nos exames vestibulares, e, por outro, a formação para a cidadania por meio da leitura da literatura, priorizada pelas escolas públicas nacionais, e aventando as possibilidades de salvação desta linguagem. Para tanto, procedeu-se uma pesquisa teórico- bibliográfica baseada nas considerações de autores renomados como Walter Benjamin (1994), Italo Calvino (1993), Antonio Candido (1995), Alberto Manguel (1997), entre outros, acerca do componente artístico da literatura e da relação dela com seu leitor. Para que se pudesse elucidar como se dá a instrumentalização da literatura em nome de seu ensino em âmbito privado, foram analisadas também nesta pesquisa as provas de literatura da Fundação Universitária para o Vestibular – FUVEST, relacionadas à primeira e à segunda fase, dos anos de 2007, 2008 e 2009, visto que cada uma dessas duas fases exige um tipo diferente de leitor de literatura para respondê-la de modo satisfatório, bem como a lista de obras literárias solicitadas aos alunos no referido período. Constou ainda desta pesquisa uma análise das Orientações Curriculares Nacionais para O Ensino Médio (2006) no que tange aos conhecimentos de literatura, a fim de que se pudesse aferir como é proposta essa formação cidadã por meio da leitura da literatura. As inferências sobre a literatura como manifestação artística, sobre a relação entre a literatura e seu leitor e sobre os distintos tratamentos dados ao ensino de literatura no Brasil me permitiram delinear a existência de abismos entre essas duas formações oferecidas no Ensino Médio brasileiro: a privada, cuja maior se não única preocupação são os exames vestibulares, e a pública, que vê esses mesmos exames como assunto que não tem necessidade de ser debatido e/ou considerado, priorizando apenas a formação cidadã e deixando claro que seu objetivo para os alunos é o mundo do trabalho, vedando-lhes voluntariamente o acesso ao Ensino Superior. Porém, este trabalho prestou-se também a verificar a possibilidade de haver formas de eliminar esses abismos ou ao menos diminui-los. Palavras-chave: Educação – Linguagem – Arte – Literatura – Leitura – Leitor. 8 ABSTRACT This research aims to investigate the importance of Literature on the critic and creative background of the students of hight school, questioning, on one hand, the instrumentalization this discipline is facing, on Brazilian private schools, because of its usage on the vestibular examinations, and, on the other hand, the formation for the citizenship through the reading of Literature, which is priorized by the national public schools, and ventilating the possibilities of salvation for this language. To reach this goal, a theoretical-bibliographical research was done, which was based on the reflections of renowned authors such as Walter Benjamin (1994), Italo Calvino (1993), Antonio Candido (1995), Alberto Manguel (1997), and so on, about the artistic component of Literature and its relationship with its reader.

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