museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes antevisão vii promotores catálogo Paulo Passos câmara municipal Gabinete de Comunicação / CMA de abrantes Presidente fotografia Maria do Céu Albuquerque Fernando Sá Baio o homem e Gabinete de Comunicação / CMA fundação ernesto lourenço Nuno Miguel Queiroz [páginas 16 / 17 / 19 / 117] estrada, filhos Centro de Pré-história / IPT [páginas 20 / 58] museologia e arqueologia produção de lettering o território Davide Delfino Gabinete de Comunicação / CMA Gustavo Portocarrero impressão textos XXXXXXXXX 7000 anos Davide Delfino Gustavo Portocarrero isbn Ana Cruz 978-972-9133-41-1 Filomena Gaspar de estratégias Álvaro Batista depósito legal Nuno Miguel Queiroz 311943/10 colaboração Centro de Pré-história / IPT de ocupação CIAAR Mestrado de Fotografia / IPT do território de abrantes antevisão vii sete mil anos a transformar o barro. cerâmicas do miaa O Senhor Deus formou “8000 mil anos a transformar o barro: o homem do barro da terra, Cerâmicas do MIAA” é VI Antevisão inspirou-lhe nas narinas do Museu Ibérico de Arqueologia e Arte. um sopro de vida e o homem A cerâmica é mais um mote tornou-se um ser vivente. para mostrar uma parte significativa das coleções do MIAA. Gênesis Ao mesmo tempo mostra-se o trabalho que o MIAA vem realizando E o homem pegou, nas suas mãos, – a escavação arqueológica, o barro e deu-lhe forma. a investigação, o inventário, o restauro Estava criada a cerâmica. de peças, o acondicionamento A cerâmica nasceu em paralelo de coleções… fazem parte com o trigo, a espiga, o grão, a ceifa... de um trabalho silencioso que O homem trabalhou o barro, se vem fazendo há anos com a modelou-o, decorou-o, pintou-o… colaboração de muitos. Em primeiro Criou inúmeras formas. lugar os colaboradores diretos do Utilizou-o em variadíssimas funções… município, mas existem outros, numa Tecnologia e arte, utilitarismo e teia de relações que se vai multiplicando simbolismo – a história da cerâmica no território e falamos este ano do funde-se com a História da Humanidade Centro de Pré – História do Instituto e é uma óptima testemunha da vida Politécnico de Tomar, do Laboratório das comunidades humanas. É, por Hércules da Universidade de Évora, isso mesmo, uma poderosa aliada da do CIAAR de Vila Nova da Barquinha, Arqueologia. do Instituto Terra e Memória de Mação. Mais uma vez, esta exposição não se fecha sobre si própria. Pelo contrário, ela é parte inteira de um projeto em execução que não é só local e no qual a colaboração científica com outros centros de investigação é uma realidade desde a primeira hora. Maria do Céu Albuquerque Presidente da Câmara Municipal de Abrantes 5 5 museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes o agir estratégico do homem no território através da transformação da paisagem: um olhar sobre o concelho de abrantes nos últimos 7000 anos davide delfino gustavo portocarrero Na Idade do Bronze e na Idade do Ferro, as comunidades tornam-se cada vez mais numerosas, são exploradas novas matérias- -primas (os metais) e formam-se povoados A palavra estratégia está normalmente liga- de diferentes dimensões, alguns fortifica- da ao mundo militar, embora nas últimas dos, implantados de modo a melhor gerir décadas tenha sido alargada a outras áreas os recursos naturais e a garantir o controlo como a economia e a gestão, chegando mes- e defesa do território. mo a ser utilizada em estudos de desenvol- No período Romano, o território é in- vimento sustentável do território e de gestão corporado numa única entidade estatal, da coesão territorial. uma única cultura e uma única língua que Estratégia, no sentido geral, significa usar abrangia grande parte da Europa, com os meios à disposição para alcançar obje- produção de bens quase pré-industrial e tivos de acordo com as necessidades e as onde a urbanização e a gestão dos campos circunstâncias. Reflete uma caraterística do agrícolas moldou a paisagem com conse- pensamento humano, sendo o homem um quências visíveis ainda nos nossos dias. ser estratégico por natureza. O pensamento Na Idade Média, com a invasão islâmica estratégico é algo que acompanha o homem da Península Ibérica, ocorre uma militari- ao longo da sua história desde o Paleolíti- zação do território que se torna uma zona co; só varia nas suas diversas aplicações ao de fronteira entre domínios cristãos e mu- longo da história, de acordo com diferentes çulmanos, assistindo-se à construção de necessidades e acontecimentos. Em qual- castelos para garantir a defesa e controle do quer momento da sua história, o homem território. BIBLIOGRAFIA enfrentou momentos críticos que levaram a Na Idade Moderna, persiste a milita- escolhas e decisões que deixaram vestígios rização do território, dado funcionar em CAMAGNI, R. (2004) Le ragioni della ainda visíveis atualmente na paisagem, nos Abrantes a base de apoio ao exército por- coesione territoriale: contenuti e monumentos e na cultura material. Na pai- tuguês para fazer face a invasões militares possibili strategie di policy, Scienze sagem que foi moldada e transformada; nos provenientes da fronteira espanhola, assis- Regionali, 2, pp. 97- 111 monumentos que a compõem e que teste- tindo-se à construção de diversas estruturas DIAMOND, J. (2005) Collapse. How munham a adaptação que o homem fez do militares, bem como de pontes para facilitar societies choose to fail or succeed, New York: Penguin Group seu território; na cultura material que reflete o movimento das tropas. a exploração das matérias-primas, o desen- O desejo que acompanha este olhar sobre EARLE, T. K. (1997) How Chiefs Come to Power: The Political Economy in Prehi- volvimento das técnicas ligadas aos mate- 7.000 anos da história de Abrantes, focado story, Stanford: Stanford University riais, a troca de conhecimentos e elemen- na estratégia de gestão do território, não é Press tos culturais através do território. É através só o de perceber melhor como e porquê a SANTANA DE FIGUEREDO, H.; CAVAL- destas heranças que é possível ler a história paisagem abrantina foi sendo alterada até CANTI SÁ DE ABREU, M. (2009) Modelo de gestão do território através das diferentes aos nossos dias, mas também o de aprender de conceção e avaliação da estratégia de territórios, Revista de Admini- escolhas estratégicas. com o passado e entender como os nossos stração publica, 43, 4, pp. 801-836 O Concelho de Abrantes, rico em vestí- predecessores enfrentaram desafios e difi- SAWYER, W. (1996) The complete Art of gios arqueológicos no seu território e em ar- culdades explorando da melhor forma os Wa r , Boulder: Westview Press tefactos antigos nas reservas de arqueologia meios disponíveis, de modo a podermos, TRAINA, G. (1992) Ambiente e paesaggi da Câmara Municipal, permite um olhar atualmente, fazer as escolhas estratégicas di Roma Antica, Roma: Carocci Editore sobre 7.000 anos de estratégia na gestão do mais adequadas para o futuro. Esta é uma TRIGGER, B.G. (1978) Strategy in Iro- território, desde o Neolítico até à Idade Mo- temática que vai fazer do miaa, por meio da quian prehistory, In DUNNEL, R.C, ED- derna. Coleção do Museu Lopo de Almeida, rica WIN, H. S. (eds) Archaeological essays No Neolítico, as comunidades tornam-se em cronologias e conexões com o território, in honor of Hirving.B. Rouse, Studies in Anthropology 2, De Gruyter, pp. 275-310 cada vez mais estáveis e iniciam a transfor- um ponto de reflexão sobre o agir estraté- mação do território, criando uma paisagem gico humano ao longo dos milénios e um VAN PEER, P. (1992) The levallois reduction strategy, Monographs in exclusivamente antrópica que continua a lugar de encontro de ideias e discussão para World Archaeology, 13, Leuven: Prehis- predominar atualmente. o agir futuro. tory Press. 6 7 museu ibérico de arqueologia e arte de abrantes a fisiografia do território abrantino ana cruz Esta reflexão acerca da diversidade fisiográfica do nosso País é um ótimo instrumento de análise relativamente às estratégias de implantação das comuni- dades humanas do Paleolítico, Epipaleo- lítico [fig. 1], Neolítico [fig. 1 e 2], Cal- colítico [fig. 2], Idade do Bronze [fig. 3] e Idade do Ferro. No início do Holocénico as condições de temperatura e de precipitação deter- minaram as variações climáticas que, por sua vez, condicionaram o coberto vegetal. A conjugação de elementos como a to- pografia, geologia, litologia, hidrografia e solos, associados aos estudos de flora e fauna, permitiram determinar as opções estratégicas de assentamento no sentido Orlando Ribeiro reflete as suas observa- do aproveitamento de solos para a pro- ções relativamente ao território português dução agrícola incipiente e para a prática da seguinte forma: da pastorícia, ainda que os velhos hábi- tos de caça, pesca e recoleção se tenham “A montanha quando não domina, mantido como vertentes fundamentais na avista-se de todos os lugares. As sobrevivência das comunidades que ado- taram o modo de produção. terras baixas, litorais ou várzeas As estratégias de implantação de habi- aluviais dos grandes rios, são por tats, acampamentos, aldeias ou povoados toda a parte, limitadas, fragmenta- fortificados foram diversas e determina- das em compartimentos pequenos das pelas características desta área geo- entre serras ou planaltos. Mesmo gráfica; de igual forma, a preocupação em nas zonas de altitude relativamen- procurar lugares onde a disponibilidade te baixa o relevo é sempre relativa- de acesso a recursos alimentares, rochas e mente variado e enérgico, as áreas minerais fosse facilitada, concorreu para uma intensa ocupação humana no conce- planas repartem-se por pequenos lho de Abrantes, num passado com mais fundos de vale, minúsculas bacias, de 40.000 mil anos a.C. retalhos de planície junto de escar- O concelho é abrangido pela bacia hi- pas e ladeiras”. drográfica do rio Tejo, que o separa ao meio, criando uma fronteira natural entre [Ribeiro, 1987: 2] os terrenos a Norte e a Sul.
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