Revista Brasileira 100 Internet.Pdf

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Revista Brasileira FASE IX • JULHO-AGOSTO-SETEMBRO 2019 • ANO II • N.° 100 ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2019 D IRETORIA D IRETOR Presidente: Marco Lucchesi Cícero Sandroni Secretário-Geral: Merval Pereira C ONSELHO E D ITORIAL Primeira-Secretária: Ana Maria Machado Arnaldo Niskier Segundo-Secretário: Edmar Bacha Merval Pereira Tesoureiro: José Murilo de Carvalho João Almino C O M ISSÃO D E P UBLI C AÇÕES M E M BROS E FETIVOS Alfredo Bosi Affonso Arinos de Mello Franco, Antonio Carlos Secchin Alberto da Costa e Silva, Alberto Evaldo Cabral de Mello Venancio Filho, Alfredo Bosi, P RO D UÇÃO E D ITORIAL Ana Maria Machado, Antonio Carlos Secchin, Antonio Cicero, Antônio Torres, Monique Cordeiro Figueiredo Mendes Arnaldo Niskier, Arno Wehling, Cacá R EVISÃO Diegues, Candido Mendes de Almeida, Vania Maria da Cunha Martins Santos Carlos Nejar, Celso Lafer, Cicero Sandroni, P ROJETO G RÁFI C O Cleonice Serôa da Motta Berardinelli, Victor Burton Domício Proença Filho, Edmar Lisboa Bacha, E D ITORAÇÃO E LETRÔNI C A Evaldo Cabral de Mello, Evanildo Cavalcante Estúdio Castellani Bechara, Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Carneiro, Geraldo Holanda ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Cavalcanti, Ignácio de Loyola Brandão, João Av. Presidente Wilson, 203 – 4.o andar Almino, Joaquim Falcão, José Murilo de Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Carvalho, José Sarney, Lygia Fagundes Telles, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Marco Lucchesi, Marco Maciel, Marcos Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Vinicios Vilaça, Merval Pereira, Murilo Melo Fax: (0xx21) 2220-6695 Filho, Nélida Piñon, Paulo Coelho, Rosiska E-mail: [email protected] Darcy de Oliveira, Sergio Paulo Rouanet, site: http://www.academia.org.br Tarcísio Padilha, Zuenir Ventura. ISSN 0103707-2 As colaborações são solicitadas. Os artigos refletem exclusivamente a opinião dos autores, sendo eles também responsáveis pelas exatidão das citações e referências bibliográficas de seus textos. Transcrições feitas pela Secretaria Geral da ABL. Esta Revista está disponível, em formato digital, no site www.academia.org.br/revistabrasileira. Sumário CICERO SANDRONI Apresentação 7 ENSAIO ARNO WEHLING A Academia Brasileira de Letras e a cultura brasileira 9 ZUENIR VENTURA As duas partes de Gullar 15 ALBERTO VENANCIO FILHO Afonso Arinos – o Historiador 19 ANTÔNIO TORRES Moacyr Scliar. Muito mais do que um escritorzinho do Bom Fim 31 ARNALDO NISKIER Carlos Nejar: O Poeta dos Pampas 35 DOMÍCIO PROENÇA FILHO Machado de Assis e a Academia 41 SERGIO PAULO ROUANET Machado de Assis e a estética da fragmentação 61 JOSUÉ MONTELLO O presidente Machado de Assis 79 ALFREDO BOSI O teatro político nas crônicas de Machado de Assis 87 MIGUEL REALE A filosofia na obra de Machado de Assis 113 ANTÔNIO FERNANDO DE BULHÕES CARVALHO Breve história de tenacidade e imaginação 131 MARCOS VINICIOS VILAÇA O cacique Athayde 135 EVARISTO DE MORAES FILHO Palácio Austregésilo de Athayde – Discurso 139 MERVAL PEREIRA Um humanista 143 HOMENAGEM A BARBOSA LIMA SOBRINHO BARBOSA LIMA SOBRINHO O conto urbano no Brasil 145 CONTO GILDA OswALDO CRUZ Ovídio no exílio – Uma carta apócrifa em torno do ano 12 d.C. 163 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. MACHADO DE ASSIS Apresentação Cicero Sandroni Ocupante da Cadeira 6 na Academia Brasileira de Letras partir de suas primeiras edições, Responsável pela publicação da Revis- em meados do século XIX, a pri- ta Brasileira desde 1941 a ABL lembra que A meira publicação conhecida por esta é a centésima edição sob sua orien- usar o nome de Revista Brasileira apareceu tação editorial, cuja trajetória, por fases e aos 14 de julho de 1855, no Rio de Janei- diretores é registrada em outro local deste ro, a trajetória da Revista Brasileira deixou número. Trata-se de percurso inédito na sua marca no panorama cultural do país. área dos periódicos voltados para a seara No correr de décadas o leitor encontrou em literária, resultado da dedicação e trabalho suas páginas textos de nomes consagrados constante de gerações de acadêmicos que das nossas letras sobre a crítica e a história nos antecederam. literária, estudos da filologia e da lexicogra- Nesta edição texto de abertura de Arno Wehling estuda os 121 anos de exis- fia, resenhas sobre vários aspectos da cultu- tência da Academia e sua relação com a ra, ficções do conto à novela a trechos do cultura brasileira; na recordação de ilustres romance, da poesia em todas as suas for- confrades que nos deixaram, Alberto Ve- mas e estilos, e na tradução das chamadas nancio Filho escreve sobre Afonso Arinos, pedras de toque, da poética mundial nas o historiador, Zuenir Ventura lembra “as palavras dos saudoso Mario Faustino. duas partes” de Ferreira Gullar, Antonio Este acervo de inteligência e imaginação Torres discorre sobre Moacyr Scliar e Mer- criadora contido na coleção de suas edições val Pereira evoca Luiz Paulo Horta. Em ou- constitui fonte indispensável aos estudos li- tro capítulo Arnaldo Niskier celebra a vida terários não só da lusofonia, mas em todas na poesia do sempre presente e ativo poe- as relações desta cultura com o cânone lite- ta Carlos Nejar. rário internacional. Trata-se de patrimônio Machado de Assis, o primeiro presiden- literário à disposição do leitor em português te e consolidador da Casa é o tema, em de qualquer lugar do planeta, no site da suas variadas personas, de Domício Proença Academia Brasileira de Letras. Filho, Sergio Paulo Rouanet, Alfredo Bosi e 8 • Cicero Sandroni dos saudosos Josué Montello e Miguel Rea- Na área da ficção um ensaio de Barbo- le. Esta edição lembra também o beneméri- sa Lima Sobrinho sobre o conto urbano no to presidente da ABL Austregésilo de Athay- Brasil e a narrativa “Ovídio no exílio – Uma de, com textos de Marcos Vinicios Vilaça, carta apócrifa em torno do ano 12 d. C.” de Antonio Bulhões de Carvalho e Evaristo de Gilda Oswaldo Cruz. Moraes Filho. Boa leitura ENSAIO A Academia Brasileira de Letras e a cultura brasileira Arno Wehling Ocupante da Cadeira 37 na Academia Brasileira de Letras e membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Professor e pesquisador nas áreas de Teoria da História e História do Direito e das Instituições. o comemorarmos os 122 anos Prefiro conduzir o argumento em ou- da Academia Brasileira de Letras, tro sentido, o de que a Academia nasceu A parece-me oportuno desenvolver e se transformou em íntima conexão com algumas reflexões sobre tema aparente- a realidade brasileira e, por extensão, com mente consensual entre nós: a ABL sempre sua cultura. Nasceu, ou brotou, como um soube e saberá sintonizar-se com a cultura fruto sazonado dessa cultura. Dois axiomas brasileira. da Ciência Nova de Vico, onde talvez não Em boa lógica é uma proposição afir- falte alguma ironia, são eloquentes a esse mativa – não contingente nem hipotética – respeito: quando se refere aos anos que passaram. E “A ordem das ideias deve proceder segun- penso que deva ser categórica em se tratan- do a ordem das coisas. do do futuro, do tipo “todos os homens são A ordem das coisas humanas procedeu assim: primeiro foram as selvas, depois as ca- mortais”. À luz do que já se fez, creio que banas, a seguir os povoados, logo após as ci- o imperativo se justifica e, mais que isso, dades e, por último, as academias.” nos obriga a cumprir nosso papel de partes transitórias de um ente que se desdobra no A “íntima conexão” com o Brasil e a tempo, fiel a seu ethos e por isso mesmo cultura brasileira exercita-se de diferentes recorrentemente atualizado. Essa é a ideia maneiras e explicita-se por outras tantas. em relação a qual espero ser suficientemen- Haverá um guia seguro para identificar seus te convincente. traços substanciais? Em relação ao passado, é desnecessário Opto, sem hesitar, por Machado de As- fazer um retrospecto empírico evidencian- sis, que nos seus 180 anos recém-completa- do exemplos dessa sintonia ao longo de dos em 21 de junho, será nosso Virgílio para seus 122 anos de existência. A vitalidade este fim. Ele refletiu sobre a cultura brasilei- e o reconhecimento público da Instituição ra em diversos momentos ao longo de mais são autoexplicativos e surgem em qualquer de três décadas, e por fim sobre a própria ponto dessa linha do tempo. ABL. Buscou traços da nacionalidade no 10 • Arno Wehling que hoje denominaríamos elementos cons- denominaria a propósito da literatura e da titutivos da identidade cultural. arte em geral “emoção de superioridade” A partir dessas referências podemos en- em relação à antiga metrópole, referindo- contrar não apenas seu pensamento sobre -se justamente àquela independência de a cultura, mas alguns aspectos reveladores Portugal e à construção de uma identidade da “íntima conexão” entre a Academia e brasileira. essa realidade. Muitos intelectuais, nesse espírito, tal- A começar pela própria questão da vez entendessem que em determinado mo- identidade brasileira. Diz Machado que “há mento a criação de uma Academia poderia um modo de ver e sentir, que dá a nota ínti- corresponder a essa identidade. No futuro, ma da nacionalidade, independente da face não em sua época. Pelo menos todos nos externa das coisas”. Ver e sentir, mentes e lembramos da crônica na qual Machado, corações que percebem e agem em fun- três anos antes da fundação comentara, ção de alguns valores, com ideias, crenças com o ceticismo habitual, que possivel- e comportamentos deles decorrentes e que mente haveria “aí por 1950, uma Acade- são próprios de sua cultura. mia Brasileira”. Mas o fato é que em 1897 A expressão cultura é mais apropriada a fundou-se a instituição com o que havia de nossa atitude, derivada das ciências sociais, representativo na vida intelectual do país. E, embora o autor fale em “nacionalidade”, mais que isso, foi possível fixar um quadro ecoando o espírito oitocentista, até porque de patronos que de certa forma cumpriu o conceito foi mencionado a propósito da o papel de percorrer as “muitas gerações” obra de Alencar, na qual explicitamente se por ele preconizadas.

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