Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. Departamento de Psicologia e Educação O Cajado de Lemba: O TEMPO NO CANDOMBLÉ DE NAÇÃO ANGOLA. Veridiana Silva Machado Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como parte das exigências para a obtenção do Título de Mestre em Ciências, Área: Psicologia. Ribeirão Preto - SP 2015 Veridiana Silva Machado O Cajado de Lemba: O TEMPO NO CANDOMBLÉ DE NAÇÃO ANGOLA. Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, como parte das exigências para a obtenção do Título de Mestre em Ciências, Área: Psicologia. Orientador: José Francisco Miguel Henriques Bairrão Ribeirão Preto - SP 2015 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de uso e pesquisa, desde que citada a fonte. Machado, Veridiana Silva O cajado de Lemba: O tempo no candomblé de nação Angola. Ribeirão Preto, 2015. 152 p. : il. ; 30 cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Psicologia. Orientador: Furlan, Reinaldo. 1. Merleau-Ponty. 2. Desejo. 3. Negatividade. 4. Arqueologia do sensível. 5. Psicanálise. Folha de aprovação Nome: MACHADO, Veridiana S. Título: O cajado de Lemba: O tempo no candomblé de nação Angola Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências. Aprovado em: Banca examinadora Prof. Dr. _________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: ____________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: ____________________________ Prof. Dr. _________________________ Instituição: ____________________________ Julgamento: ______________________ Assinatura: ____________________________ Agradecimentos Agradeço aos meus pais pelo apoio e incentivo no processo de realização da pesquisa, e minha irmã Verena Machado, companheira das madrugadas regadas a café. A minha Nengua Xagui, por tudo que tenho aprendido até então, e principalmente por me ensinar a ser de Candomblé. Ao professor Dr. José F. Miguel H. Bairrão, pela sensibilidade e sagacidade na compreensão do Tempo. Aos colegas do Laboratório de Etnopsicologia, pelo acolhimento, e especialmente, Alice Macedo, desde sempre uma amiga-irmã, incentivadora da pesquisa. A todos os colaboradores da pesquisa que compartilharam de seu tempo. Aos Terreiros de Candomblé participantes que reafirmaram meu dever e compromisso com a religião. Ao amigo Marlon Marcos pelo carinho, incentivo, livros, textos e pelas noites de reflexão. Aos amigos Vladimir Figliolo, Denise Cordeiro e Vagner Talles pela generosidade e acolhimento. A todas as pessoas que participaram de maneira indireta ou não. À CAPES, pelo apoio financeiro e científico. A todos os Bakisi, especialmente ao Nkisi Tempo grande inspirador desta pesquisa. Resumo MACHADO, V. S.; BAIRRÃO, J. F. M. H. O cajado de Lemba: O tempo no candomblé da nação Angola. 2015. 121f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2015. A presença africana bantu no Brasil fundou sistemas culturais e religiosos específicos, notadamente o Candomblé de Nação Angola. Nele há uma concepção sobre o tempo como força espiritual (Nkisi), para a qual existe um culto estruturado. Este trabalho objetivou descrever a compreensão e a vivência do tempo no Candomblé de Nação Angola, de acordo com a etnopsicologia, segundo a qual as sociedades têm cosmovisões particulares. Para tanto, foram utilizadas técnicas etnográficas tais como diário de campo e entrevistas, aliadas à proposta psicanalítica da escuta participante, que compreende o sujeito da pesquisa, neste caso, o Tempo, como produtor de sentido em relação ao seu contexto cultural. Os colaboradores da pesquisa e os Terreiros de Candomblé onde foi realizada a pesquisa de campo, pertencem à linhagem Tumbensi. Ao todo, foram entrevistados oito integrantes, dentre eles lideranças religiosas como Jeurema Passos (Terreiro Tumbensi matricial), Iraildes Maria da Cunha (Terreiro Tumba Junsara), Valdina Pinto de Oliveira (Terreiro Tanuri Junsara), Zulmira de Santana França, Clidelcina Conceição e Tiganá Santana (Terreiro Tumbensi - Lauro de Freitas), Cleusa Moreira Santos (Terreiro Jinguê Junsara), Itana Maria Ribeiro das Neves (Terreiro Viva Deus). Os resultados encontrados mostram que o tempo é compreendido como continuidade de uma raiz ancestral, assim como confirmam sua presença e interferência nos enredos familiares, atuando, deste modo, como gente. O tempo se apresenta por meio de uma mutabilidade, estabelece relações com outros tempos (ocidental e indígena), assim como é vento, movimento, e ainda uma força espiritual, e faz-se presente também enquanto expressão musical. Infere-se que o Tempo abordado na pesquisa é fruto e origem de transfomações culturais e sociais, bem como se afirma como um tempo afrobrasileiro. Palavras-Chave: Candomblé de Nação Angola. Etnopsicologia. Psicologia da cultura. Abstract MACHADO, V. S.; BAIRRÃO, J. F. M. H.LEMBA‟S STAFF: THE TIME IN THE CANDOMBLE OF ANGOLAN NATION. 2015. Thesis (Master) – University of São Paulo at Ribeirão Preto, Faculty of Philosophy, Sciences and Letters, 2015. The Bantu African presence in Brazil has created specific cultural and religious systems highlighting the Candomblé of Angolan Nation. In this Candomblé there`s a conception of time as a spiritual force (Nkisi) to which there`s also a structured worship. The research aimed to describe the comprehension and living of time within the Candomblé of Angolan Nation, accordingly to ethnopsychology that asserts the societies own their particular worldviews. One used ethnographic techniques – like field diary and interviews – associated to the psychoanalytic proposal called participant listening which comprises the individual of the research – the Time in that case – as a producer of meaning related to his cultural context. The collaborators of the research and the Terreiros of Candomblé – where the field research was fulfilled – belong to the Tumbensi lineage. Eight members were interviewed and among them there were religious leaders like Jeurema Passos (matrix Terreiro Tumbensi), Iraildes Maria da Cunha (Terreiro Tumba Junsara), Valdina Pinto de Oliveira ( Terreiro Tanuri Junsara), Zulmira de Santana França, Clidelcina Conceição and Tiganá Santana (Terreiro Tumbensi - Lauro de Freitas), Cleusa Moreira Santos (Terreiro Jinguê Junsara), Itana Maria Ribeiro das Neves (Terreiro Viva Deus). The results show that the time is comprised as the continuity of an ancestral root and confirm the presence and interference of the time in the familiar tales as if it was a person. The time is expressed through the mutability, it establishes relationship with other sorts of time (western and indigenous), it‟s the wind, it‟s the motion and a spiritual force, it‟s a musical expression as well. One infers the time in the research is the result and the origin of the cultural and social transformations and it affirms itself as an Afro-Brazilian time. Keywords: Candomblé of Angolan Nation; Ethnopsychology; Psychology of Culture LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figuras 1: Acima: à esquerda Nengua Xagui e a sua direita Tata João p. 70 Antonio. Abaixo: à esquerda Nengua Mesoaji, à direita Makota Valdina e Tata Zinguelumbondo. Figuras 2: À esquerda Nengua Lembamuxi. À direita Nengua Kitemburê. p. 71 Figura 3: Makota Itana e o Tata dya Nkisi do Nzo Bakise Sasagazuá p. 71 Gongará Kaingo. Figuras 4: Mansu Tumbensi - Lauro de Freitas p. 124 Figuras 5: Terreiro Tumba Junsara p. 124 Figuras 6: Mansu Banduquenqué/Bate-Folha p. 125 Figuras 7: Terreiro Tumbensi- casa matriz p. 125 SUMÁRIO 1. Apresentação: “Meu Preto Velho é Branco”.......................................... 12 2. Introdução................................................................................................. 15 2.1 Nkisi na Tradição Bantu................................................................................. 24 2.2 Candomblé de Nação Angola......................................................................... 35 2.3 Os Bantu nos Estudos Afro-brasileiros......................................................... 49 3. Metodologia ............................................................................................. 60 3.1 Delineamento metodológico............................................................................ 60 3.2 Procedimentos.................................................................................................. 67 3.3 Campo e colaboradores................................................................................... 68 4. Resultados: A Árvore do Tempo............................................................ 72 4.1 Diário do Tempo.............................................................................................. 74 4.1.1 Terreiro Tanuri Junçara............................................................................... 74 4.1.2 Terreiro Tumba Junsara.............................................................................. 77 4.1.3 Mansu Banduquenqué - Terreiro do Bate-Folha....................................... 82 4.1.4 Tumbensi - Mamet'u Zulmira.....................................................................
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