MAGAZINE | AVIAÇÃO DE NEGÓCIOS E NEGÓCIOS DA AVIAÇÃO DA E NEGÓCIOS DE NEGÓCIOS | AVIAÇÃO WWW.AEROMAGAZINE.COM.BR MINHA BRASIL · ANO 22 · Nº 258 · R$ 16,90 · € 4.00 AERONAVE CONHEÇA OS SISTEMAS DE USO E ESCOLHA O SEU HELICÓPTERO ISSN 0104-6233 VOAMOS O H130T2 BRASIL DE MINAS PARA • ANO 22 SÃO PAULO • 2015 ESPECIAL AVIAÇÃO REGULAR AVIAÇÃO ESPECIAL ESPECIAL AVIAÇÃO REGULAR REAL MAIS NOVOS AVIÕES TAM, GOL, AZUL OS PLANOS AS MUDANÇAS 258 BARATO ATRAI COMERCIAIS E AVIANCA PARA A NOS GRANDES TURISTAS CHEGAM REVELAM SUAS AVIAÇÃO AEROPORTOS ESTRANGEIROS AO BRASIL ESTRATÉGIAS REGIONAL NACIONAIS MERCADO DOMÉSTICO O CENÁRIO MUDOU Com perspectiva de crescimento apenas no longo prazo, companhias aéreas nacionais buscam se adequar à queda de demanda e à elevação de custos após anos de aumento contínuo no número de passageiros POR | EDMUNDO UBIRATAN ESPECIAL REGULAR – AVIAÇÃO 32 | MAGAZINE 258 transporte aéreo CUSTO E DEMANDA regular brasileiro Com as flutuações cambiais, as passa por um novo empresas aéreas viram seus custos momento histó- fixos subirem 24% em apenas um rico após anos de ano, sobretudo em razão de itens Ocrescimento acima dos dois dígitos. como combustível e leasing de A recessão econômica, a apreciação aeronaves, sem poder repassá-los do dólar frente ao real, o risco de aos passageiros. Paralelamente, rebaixamento no grau de inves- após a Copa do Mundo de 2014, timento e as incertezas políticas as companhias registraram uma impõem uma realidade diferente queda no número de passageiros de para a aviação comercial do país. O negócios em rotas domésticas. Era aumento de cerca de 500% no nú- o prenúncio da crise econômica que mero de passageiros registrado na se instalaria antes ainda da virada de última década ficou para trás. Em ano. A perda do público corporati- outras palavras, o cenário mudou, vo em meio ao baixo crescimento mesmo que os números do Brasil econômico do primeiro semestre ainda sejam superlativos. de 2015 vinha sendo parcialmente As empresas aéreas nacionais compensado pelo público geral, transportam aproximadamente que respondia aos estímulos das 92 milhões de passageiros por companhias aéreas com ofertas para ano no mercado doméstico, atrás seus principais destinos nacionais. apenas dos Estados Unidos, com Pelo menos até as férias de julho, 648 milhões de passageiros, e da mês em que a demanda por viagens China, com 317 milhões. Neste aéreas nacionais registrou queda de século, o Brasil se tornou um 0,6% em relação ao mesmo período mercado três vezes maior do que de 2014 e a oferta permaneceu pra- o México, o segundo maior da ticamente estável na mesma base de América Latina, e cinco vezes comparação, avançando 0,1%. maior do que a Colômbia, que “Somos um setor altamente permanece em terceiro lugar na atrelado ao PIB”, ressalta Tarcisio região. Entre 2010 e 2014, o índice Gargioni, vice-presidente Comer- de passageiros pagantes trans- cial e de Marketing da Avianca. portados por quilômetro (RPK, “Nos últimos meses, diante da na sigla em inglês) aumentou situação econômica, a demanda expressivos 24%, percentual de dar caiu muito”. Nesse cenário, elevar inveja a qualquer país do mundo, as tarifas para compensar a alta e ainda há margem para expansão. dos custos seria uma estratégia “Os Estados Unidos transportam natural de mercado, mas nesse o equivalente a duas vezes sua momento poderia reduzir ainda população enquanto o número mais a demanda, especialmente a de passageiros no Brasil corres- das já retraídas viagens de negócio. ponde à metade da população do “Repassar a alta para o passageiro país”, pontua Adalberto Febeliano, é complicado, ao mesmo tempo, vice-presidente Comercial e de não repassar dificulta fecharmos as Marketing da Modern Logistics. contas”, considera Gargioni. “Esse cenário mostra que temos O presidente da Associação muito que crescer”. Brasileira das Empresas Aéreas, MAGAZINE 258 | 33 Eduardo Sanovicz, confirma que empresa aérea da América os estímulos ao consumo com Latina, que passou a rivalizar promoções já não são suficien- em quase todos os quesitos com tes para manter o crescimento as gigantes norte-americanas, do ano. “Isso compromete europeias e asiáticas. nossas metas, o que é bastante Apesar do otimismo inicial, preocupante”. A Abear calcula logo os controladores perceberam que as empresas aéreas a ela que os desafios seriam muito associadas (Tam, Gol, Azul e mais difíceis do que aqueles pla- Avianca) devem fechar 2015 nejados inicialmente. O primeiro com dívidas de R$ 7,3 bilhões, deles foi o regulatório, já que a ante um passivo de R$ 1,9 bilhão legislação de ambos os países em 2014. “O cenário econômico restringe a participação de capital coloca em risco uma década de externo nas empresas aéreas re- conquistas”, resume Sanovicz. gulares. A opção foi formar uma Para o próximo ano, a entidade holding, com sede em Santiago, trabalha com projeção do dólar para controlar as empresas, que entre R$ 3,88 e R$ 4,44, o que mantiveram suas razões so- poderá elevar as perdas para algo ciais independentes. Em agosto entre R$ 11,4 bilhões e R$ 12,1 último, após grande expectativa, bilhões. São valores absolutos o grupo anunciou a unificação superiores aos registrados por das marcas sob o nome Latam, Varig, Vasp e Transbrasil no auge definindo uma identidade padro- de suas crises. “Torcemos para nizada para suas empresas. que a atividade econômica volte O processo de integração a girar”, espera Gargioni. em torno da nova marca deverá durar três anos. Esse é o tempo NOVA MARCA LATAM necessário para que cada uma das As principais empresas aéreas já empresas se alinhe a uma filosofia anunciam redução de capacidade única de trabalho, incluindo por conta da queda de demanda a padronização de sistemas, e aumento dos custos. O Grupo pintura de aeronaves e comu- começa a ser operada a partir A Tam deve Latam é um dos que deve sentir nicação visual em aeroportos e do Chile (Santiago-São Paulo- receber seu mais o impacto da crise. Criado uniformes. A transição de marca -Milão) e conduzida pela Lan primeiro em 2010, quando o Brasil ainda poderá custar à Latam até US$ 40 utilizando os novos Boeing 787-8 A350 XWB surfava na onda do crescimento milhões, sendo aproximadamente Dreamliner. Essa mudança vai em dezembro econômico gerada pela explosão 80% desse montante destinado à gerar um aumento de 13% na dos preços das commodities, e se pintura dos aviões, além de um oferta de assentos semanais para sobressaia globalmente ao lado aporte adicional para as campa- a cidade italiana. Em seguida, a dos demais BRICS, a perspectiva nhas publicitárias. “Não é viável Lan deverá assumir também a era de um rápido crescimen- para nenhuma empresa fazer rota São Paulo-Frankfurt, partin- to. O Brasil não era apenas o tudo isso de uma só vez”, disse do da mesma forma de Santiago. maior mercado da região, mas, Jerome Cardier, vice-presidente As novidades estão em linha também, e principalmente, o de Marketing da holding. com a estratégia do grupo de que mais rapidamente crescia, A primeira iniciativa dentro ampliar a conectividade dos seus demandando oferta de assentos do contexto da Latam ocorre neste mercados, especialmente entre a tanto em rotas nacionais quanto mês de novembro, quando a rota América do Sul e a Europa. internacionais. A ousada fusão São Paulo-Milão cumprida pela A Latam prevê um cenário entre Tam e Lan criou a maior Tam com os Airbus A330-200, desafiador para os próximos 34 | MAGAZINE 258 anos na América do Sul, em os custos da companhia ou função principalmente da desace- qualquer tipo de ineficiência e, leração econômica de Argentina, sim, a economia da região. Brasil, Chile, Peru e Paraguai. Para a holding, “serão necessários HUB NO NORDESTE A LATAM ESTUDA CRIAR UM entre dois e três anos para que Mesmo mantendo a posição as economias sul-americanas se de líder no mercado doméstico CENTRO DE OPERAÇÕES fortaleçam e possam começar a re- brasileiro, com market share de fletir positivamente nos melhores 36,9% no acumulado de janeiro a INTERNACIONAIS NO resultados financeiros do grupo”. agosto de 2015, a Tam anunciou Em entrevista ao jornal chileno El em julho que iniciaria uma redu- NORDESTE: NATAL, Mercurio, o presidente-executivo ção gradual de 8% a 10% em suas da Latam, Enrique Cueto, deu operações nas rotas nacionais, FORTALEZA E RECIFE a entender que a queda da como consequência do aumento demanda na região é seu maior da inflação e da alta do dólar. “A ESTÃO NA DISPUTA desafio no momento. Segundo Tam está tomando esta medida ele, o problema da Latam não é para enfrentar um contexto eco- a companhia, o efeito da fusão, nômico difícil no Brasil, por isso MAGAZINE 258 | 35 se faz necessário buscar ajustes de do Brasil. Entre as cidades que multiplicador da iniciativa para a malha sem prejudicar a conec- passam por uma avaliação estão economia do Nordeste brasileiro. tividade dos nossos passageiros Natal, Fortaleza e Recife, destinos Pelo trabalho, cada dólar investido e fortalecendo nossa competiti- amplamente procurados por no hub tende a gerar até US$ 5,8 vidade no país”, afirma Claudia europeus e com forte presença da em novas atividades econômicas, Sender, presidente da Tam S.A. e portuguesa TAP. A criação de um considerando a média dos cinco da Tam Linhas Aéreas. No mer- hub internacional no Nordeste primeiros anos de operações. Ain- cado internacional, a Tam ressalta daria aos passageiros um acesso da de acordo com o levantamento que a desvalorização do real mais fácil e direto para cruzar o da Oxford Economics, a criação frente ao dólar nos últimos meses Atlântico, em vez de centralizá- do hub poderá proporcionar um ocorreu em paralelo a uma queda -los no Sudeste.
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