Litoral Do Paraná – Reflexões E Interações

Litoral Do Paraná – Reflexões E Interações

Valdir Denardin Cinthia Maria de Sena Abrahão Diomar Augusto de Quadros (Organizadores) LITORAL DO PARANÁ – REFLEXÕES E INTERAÇÕES MATINHOS Editora UFPR Litoral 2011 VALDIR FRIGO DENARDIN CINTHIA MARIA DE SENA ABRAHÃO DIOMAR AUGUSTO DE QUADROS (Organizadores) LITORAL DO PARANÁ – REFLEXÕES E INTERAÇÕES Revisão técnica: Afonso Takao Murata; Arlete Motter; Carlos Alberto Cioce Sampaio; Clynton Lourenço Corrêa; Daniel Fleig; Edmilson Paglia; José Lannes; Liliani Tiepollo; Luciana Ferreira; Manoel Flores Lesama; Maurício Fagundes Revisão do texto: dos autores Revisão final: dos organizadores Projeto gráfico e Editoração eletrônica: Monica Ardjomand Capa: Carlos Weiner Catalogação na fonte Litoral do Paraná: reflexões e interações / Organizadores: Valdir Frigo Denardin; Cinthia M. de Sena Abrahão; Diomar Augusto de Quadros. Matinhos: Editora UFPR Litoral, 2011. 268 p. ISBN 978-85-63839-08-4 (digitalizada) ISBN 978-85-63839-09-1 (impressa) 1.Litoral do Paraná. I. Denardin, Valdir Frigo. II. Abrahão, Cinthia M. de Sena. III. Quadros, Diomar Augusto de. CDD 981.62 Fernando Cavalcanti Moreira, CRB 9/1665 Editora UFPR LITORAL Universidade Federal do Paraná Setor Litoral R. Jaguariaíva, 512 – Caiobá CEP 83260-000 - Matinhos, PR - Brasil © UFPR Litoral, 2011 Sumário Prefácio 5 Apresentação 8 Parte I - Diálogos de Pesquisa e Extensão 12 Terra inválida, gente invisível: o caso das comunidades rurais extrativistas do litoral paranaense 13 Marcia Regina Ferreira | Raquel Rejane Bonato Negrelle| Rafael Augusto Ferreira Zanatta Violência doméstica contra mulheres no Litoral do Paraná: olhares a partir um projeto de ensino/pesquisa/extensão 39 Nadia Terezinha Covolan | Daniel Canavese de Oliveira | Marcos Claudio Signorelli Agroindústria familiar no Litoral paranaense: o caso das casas de farinha 50 Valdir Frigo Denardin | Luiz Fernando de Carli Lautert | Mayra Taiza Sulzbach | Claudinei Pedroso Ribas | Humberto Handchuka Piccin | Rosilene Komarchescki | Cecilia Hernandes Cury Jovens e cultura política em Matinhos 71 Dione Lorena Tinti | Rodrigo Rossi Horochovski | Emerson Joucoski Um diálogo entre Teoria e Prática, Arte e Ciência no ensino contemporâneo da Arte 93 Carlos Weiner M. de Souza Periferias urbanas – território de complexidades: o caso da Vila Santa Maria em Paranaguá 111 Cinthia Maria de Sena Abrahão Vulnerabilidade social e problemática ambiental na gestão dos resíduos sólidos no litoral do Paraná: análise do quadro atual das associações de resíduos sólidos e suas relações 140 Cinthia Maria de Sena Abrahão | Lucia Helena Alencastro Vivência no acampamento José Lutzenberger: análise da segurança alimentar e nutricional 163 Diomar Augusto de Quadros | Rafael Pantarolo Vaz | Murilo Carzino de Alcântara | Sirlândia Schappo | Eduardo Harder Ações empreendedoras no meio rural: a comunidade pantanal do assentamento Nhundiaquara no litoral paranaense 184 Elsi do Rocio Cardoso Alano Parte II - Diálogos de Pesquisa e Ensino 198 Educação e desenvolvimento na formação do empreendedor: uma experiênia pedagógica na Universidade Federal do Paraná (Setor Litoral) 199 Cristiane Rocha-Silva | Marcia Regina Ferreira Enfoque fisioterapêutico na saúde da criança matinhense 228 Luize Bueno de Araujo | Vera Lúcia Israel | Magda Maciel Ribeiro Stival Aspectos biológicos do processo de envelhecimento e atividade fisica 246 Daniela Gallon | Anna Raquel Silveira Gomes Prefácio Diante dos desafios de conciliar desenvolvimento e conservação ambiental, o Litoral Paranaense apresenta uma diversidade de experiên- cias que nos permite refletir sobre várias teorias, abordagens e realida- de, entre elas as interações entre sistemas sociais e ecológicos - em que a população interage com a natureza -, e na própria relação homem- homem. Fundamentalmente, este livro Litoral do Paraná: Diálogos e Intera- ções remete às dimensões humanas do desenvolvimento, compreendido à escala humana, como diria o ecossocioeconomista Manfred Max-Neef. O Litoral Paranaense constitui uma das franjas aluviais, senão conti- nentais, mais contínuas de Floresta Atlântica, resultado também de uma política de criação de Unidades de Conservação federais e estaduais. O território possui vulnerabilidade socioeconômica devido às au- sências históricas de políticas públicas, que evidentemente não con- tribuíram para o fortalecimento da cidadania e do tecido social carac- teristicamente marcado pela identidade territorial. Tal panorama com- promete a perspectiva de futuro quanto ao desenvolvimento territorial sustentável construído por e para quem vive e, ainda, viverá no local, compreendendo as dinâmicas ecossistêmicas. Dos sete municípios que compõem o litoral paranaense, cinco de- les – Antonina, Guaraqueçaba, Guaratuba, Morretes e Paranaguá - es- tão abaixo da média estadual do Índice de Desenvolvimento Huma- no (IDH) Municipal. Da mesma forma, se encontram os sete municípios do Vale do Ribeira Paranaense, território também compreendido pelo Projeto Político Pedagógico da UFPR-Litoral – Adrianópolis, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Itaperuçu, Rio Branco do Sul e Tunas do Paraná. Matinhos e Pontal do Paraná, apenas estão um pouco acima dessa média. Um dos três critérios do IDH que puxa este índice para baixo é a ren- da per capita, sendo que todos os municípios estão abaixo da média do 5 Estado. Quanto ao índice de Gini, que mede a concentração de renda, retrata que não há um problema de concentração de renda no litoral. Até se pode sugerir que há falta de riqueza, no entanto na realidade em- pírica se verifica falta de acesso inclusivo à políticas públicas. No entanto, a conjuntura socioeconômica não é provocada pela criação de Unidades de Conservação dos últimos 20 anos, embora tam- bém haja controversas sobre o quanto que uma restrição ambiental pode desfavorecer comunidades tradicionais. Sob a visão bio ou ecocêntrica (o mito da natureza intocada) não há desenvolvimento que não impacte ambientalmente. Há que se questio- nar, sob o ponto de vista antropocêntrico, o quanto de desenvolvimento pode ser considerado territorialmente sustentável. Isso porque o que se convencionou chamar de desenvolvimento, - sobretudo pela perspec- tiva urbana-industrial-consumista-, mais se assemelha ao “mau” desen- volvimento, que se alicerça na desigualdade socioeconômica entre pa- íses com alto, médio e baixo índice de desenvolvimento humano. Além da própria contradição de que quanto maior o IDH maior é, geralmente, a pegada ecológica. Têm-se, então, dúvidas se a sociedade democrática é uma prerrogativa para a sustentabilidade. Baseando-se na política de bem-estar social europeu, se diria que não. Sob tal argumento, os modos de vida de populações tradicionais e híbridas do litoral do Paraná se aproximam mais do que se pode esperar do conceito de sustentabilidade, embora haja controvérsias quanto ao mito do bom selvagem. O que se quer ressaltar são as possibilidades de articulação entre os saberes, tanto dos acertos como dos equívocos do conhecimento científico e tradicional, no tratamento da relação homem e natureza. Embora o litoral paranaense represente pequena parcela da super- fície do Estado, há muitos modos de vida tradicionais ali inseridos. Esses modos de vida se confundem com as próprias comunidades tradicio- nais, que podem ser definidas por critérios geográficos - território iso- lado -, culturais - compartilhando costumes, usos e tradições, hábitos -, ou por funções socioeconômicas – variando por modos de produção. 6 Comunidades e modos de vida se confundem e se identificam no litoral paranaense - e, por extensão, do Vale do Ribeira - como extrativistas, ribeirinhos, pescadores artesanais, pequenos agricultores familiares, povos originários e quilombolas. Tais comunidades, mesmo que pos- suam descaracterizações, são ainda identificadas como tradicionais por conservarem padrões de subsistência, valores e costumes, o que pos- sibilita encontrar, no seu âmbito, o principal atrativo: a convivência de inspiração solidária, característica exótica atualmente do modo de vida urbano-consumista. Neste contexto, surge o setor litoral da Universidade Federal do Paraná, mais conhecida por UFPR Litoral, sob a inspiração da chamada educação é nossa praia, na qual ensino, pesquisa e extensão são compre- endidos como um todo sistêmico, no qual não é possível dissociar suas partes. Os capítulos aqui organizados refletem diálogos e interações entre o corpo docente e discente da UFPR-Litoral, na qual contam seus esfor- ços de conhecimento, compreensão, proposição e ação no território do litoral paranaense. Não querendo roubar o protagonismo dos organizadores, finalizo convidando aos leitores a realizarem esta viagem para conhecer o litoral do Paraná, sob a organização dos amigos Valdir Frigo Denardin e Dio- mar Augusto de Quadros e a amiga Cinthia Maria de Sena Abrahão, que foram meus colegas na minha rápida passagem pela UFPR-Litoral, no entanto muito intensa de felicidades. Prof. Dr. Carlos Alberto Cioce Sampaio Professor Visitante do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Universidade Regional de Blumenau Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento da Universidade Federal do Paraná Pesquisador do CNPq. 7 Apresentação Este livro é resultante de um conjunto de reflexões produzidas em atividades de extensão e pesquisa universitária realizadas pela comu- nidade acadêmica e colaboradores da Universidade Federal do Paraná, Setor Litoral (UFPR Litoral). Sua principal expressão consiste no com- prometimento dessa universidade com o seu entorno, o

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