São Paulo 2011

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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA PORTUGUESA DISCURSO JURÍDICO: CONSTITUIÇÃO DO ETHOS E ORIENTAÇÃO ARGUMENTATIVA Daniela da Silveira Miranda Dissertação apresentada à Área de Filologia e Língua Portuguesa, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do Título de Mestre. Orientadora: Profa. Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino São Paulo 2011 2 Autorizo reprodução e divulgação totais ou parciais deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. 3 Nome: MIRANDA, Daniela da Silveira Título: Discurso Jurídico: Constituição do ethos e orientação argumentativa. Dissertação apresentada à Área de Filologia e Língua Portuguesa, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, para a obtenção do Título de Mestre. Aprovada em _______________________________ Banca Examinadora Prof. Dr.________________________ Instituição: __________________________ Julgamento______________________ Assinatura:__________________________ Prof. Dr.________________________ Instituição: __________________________ Julgamento______________________ Assinatura:__________________________ Prof. Dr.________________________ Instituição: __________________________ Julgamento______________________ Assinatura:__________________________ 4 À Marilene, minha mãe querida, por tudo o que fez por mim. A ela, todo o amor que houver nesta vida. 5 AGRADECIMENTOS À Professora e Orientadora Dra. Zilda Gaspar Oliveira de Aquino, pela grande contribuição acadêmica, profissional e pessoal. Pessoa ímpar, companheira, que me deu a grande oportunidade de convivência durante esses anos. Às Professoras Doutoras Mercedes Fátima de Canha Crescitelli e Maria Inês Batista Campos, pelas contribuições durante o Exame de Qualificação e pelo respeito, dedicação e seriedade que demonstraram em relação a mim e a minha pesquisa. À Universidade de São Paulo (USP), por me dar a oportunidade de desenvolver esta dissertação. Aos advogados, promotores, juízes e acessor de imprensa da Quinta Vara do Tribunal do Júri de São Paulo, que me concederam o privilégio de gravar o corpus da pesquisa. Ao Professor e Advogado Antônio Eduardo Consalvo pelo apoio, colaboração e contribuição. Aos muitos amigos que fiz durante esses anos, em especial Beta Prates, Cleide Lúcia da Cunha Rizério e Silva, Derik Galante, Maria do Carmo Rocha e Silva, Michel Apt Kahan, Mylene Ribeiro, Solange Ugo Luques, Valter Leite, Vicente Luiz de Castro Pereira, pelo grande incentivo e amizades verdadeiras. Aos outros queridos amigos que sempre me deram apoio e incentivo para continuar meus trabalhos. À Vanessa da Silveira Miranda e Ana Luisa Feiteiro Cavalari pela amizade e auxílio na transcrição do corpus. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por ter permitido a viabilização desta pesquisa. 6 Durante os julgamentos, juiz, promotor, defensor e jurados dividem a posição de “príncipes”. Enquanto o primeiro reina soberano e aparentemente neutro, o segundo acusa veementemente, o terceiro protege e os demais decidem, em silêncio meditativo. Como um deus que se quadriparte e com isso se fortalece, a encenação de julgar dramas de vida e morte tem como um de seus resultados mais marcantes sacralizar a instituição “Justiça” e revigorar a etiqueta e a estética sociais. Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer 7 RESUMO MIRANDA, D. S. Discurso Jurídico: constituição do ethos e orientação argumentativa. 2011. 235 f. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 2011. Esta dissertação propõe-se a investigar o discurso jurídico, sobretudo, no que tange ao rito do Tribunal do Júri, salientando as estratégias argumentativas que contribuem para a construção do ethos. Partimos da hipótese de que o ethos pode ser projetado no auditório de acordo com a condução do orador, sem que esteja ligado somente ao locutor ou à imagem que constrói de si. Selecionamos uma sessão de julgamento de crimes contra a vida e analisamos o discurso dos partícipes desse rito judicial, em especial, do advogado de defesa e do promotor, para podermos observar o modo como constroem as imagens do réu e deles mesmos, numa tentativa de ganhar a adesão do júri. Os resultados apontaram para o fato de que os procedimentos utilizados possibilitaram a construção de um ethos do julgado que, estrategicamente, causou empatia e levou os jurados à adesão acerca das teses apresentadas sobre o fato ocorrido. Para os propósitos da pesquisa, foram adotados os construtos teóricos da Retórica (Aristóteles, 2005 [1354a]), da Teoria da Argumentação (Perelman e Olbrechts- Tyteca, 2005 [1958], entre outros), além das concepções específicas de ethos (Aristóteles, 2005 [1354a]; Meyer, 2007; Amossy, 2008; Aquino, 2010), e das Ciências do Direito (Marques, 1997; Ferraz Júnior, 1997; Figueira, 2008). Palavras-chave: argumentação; retórica; ethos projetivo; Tribunal do Júri. 8 ABSTRACT MIRANDA, D. S. Legal Discourse: ethos constitution and argumentative orientation. 2011. 235 f. Master’s Dissertation – Philosophy, Letters and Human Sciences College of the University of São Paulo, 2011. This dissertation aims at investigating legal discourse, mainly so far as the Court of Law trial ritual is concerned, highlighting the argumentative strategies that contribute to the construction of the ethos. It is assumed that the ethos may be projected upon the audience according to the guidance of the orator, not being connected only to the speaker or to the image he constructs of him. A trial of crimes against life was selected and the discourse of the participants in this judicial ritual was analyzed, specially the defense lawyer’s and the attorney’s, so as to allow the study of the way they construct the images of the defendant and of themselves in order to attempt to obtain the acquiescence of the jury. The results suggest that the procedures used made it possible to create an ethos for the defendant that, strategically, elicited empathy and had the jury assent to the theses about the occurred fact that were presented. In order to achieve these research objectives, the following theoretical constructs were made use of: Rhetoric (Aristotle, 2005 [1354a]), the Argumentation Theory (Perelman and Olbrechts-Tyteca, 2005 [1958], among others), the specific notions of ethos (Aristotle, 2005 [1354a]; Meyer, 2007; Amossy, 2008; Aquino, 2010), and the Law Sciences (Marques, 1997; Ferraz Júnior, 1997; Figueira, 2008). Keywords: argumentation; rhetoric; projective ethos; Court of Law. 9 SUMÁRIO INTRODUÇÃO........................................................................................ 11 Capítulo I - Tribunal do Júri: discurso, história e formalidades ......... 21 1.2 Categorias dos gêneros e o julgamento ....................................................... 28 1.2.1 Caracterização da esfera jurídica ........................................................... 30 1.2.2 Julgamento de Crimes Contra a Vida: o Tribunal do Júri em ação ....... 31 1.3 O contexto ................................................................................................... 33 1.3.1 Instituição do Tribunal do Júri: história e polêmica .............................. 33 1.3.2 O processo penal: do inquérito policial ao Júri Popular ........................ 34 1.3.3 Do alistamento de jurados ..................................................................... 36 1.3.4 Ritos e formalidades: a estrutura composicional ................................... 37 1.3.5 Da formação do Conselho de Sentença e da Composição do Tribunal do Júri .......................................................................................... 39 1.3.6 O Debate Jurídico ou Forense ............................................................... 40 1.3.7 Votação e decisão: a leitura da sentença ................................................ 42 Capítulo II - Teoria da Argumentação .................................................... 45 2.1 A Argumentação sob a perspectiva Retórica .............................................. 46 2.1.1 O Auditório e suas especificidades ........................................................ 56 2.1.2 Auditório específico no Tribunal do Júri .............................................. 60 2.2 Os tipos de argumentos ................................................................................ 62 2.2.1 O Argumento Ad hominem: a sua importância para construção da imagem ..................................................................................... 64 2.2.2 A repetição e o argumento por analogia ............................................... 68 Capítulo III - A constituição do ethos do julgado – uma representação específica de cada partícipe do debate jurídico ...................................... 72 3.1 Ethos: as múltiplas facetas ........................................................................... 73 3.2 Especificidades do estudo do ethos no discurso jurídico ............................ 86 10 3.3 O ethos no Tribunal do Júri ......................................................................... 87 Capítulo IV - Análise do

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