INFORME INFRA-ESTRUTURA ÁREA DE LOGÍSTICA, TELECOMUNICAÇÕES E COMPLEXO ELETRÔNICO NOVEMBRO/2002 Nº 50 AVIAÇÃO REGIONAL BRASILEIRA1 (Modal Aéreo IV) EVOLUÇÃO HISTÓRICA aos serviços aéreos para as localidades do interi- or. O governo criou, então, a Rede de Integração A aviação comercial no Brasil iniciou-se na Nacional (RIN) e passou a conceder subsídios es- década de 20. Naquela ocasião, o governo libe- peciais para as empresas que utilizassem as aero- rou a sua exploração à iniciativa privada. Entre- naves DC-3, Catalina ou C-46 nas rotas de médio tanto, somente a partir dos anos 40, com o fim e baixo potencial de tráfego4 , não viáveis econo- da Segunda Guerra Mundial, a aviação brasilei- micamente. Apesar dos esforços despendidos, o ra tomou impulso. Aeronaves americanas consi- programa foi se deteriorando devido a cortes or- deradas excedentes de guerra2 eram compra- çamentários do governo até ser abandonado em das a preços baixos e com condições favoráveis 1968, sendo oficialmente extinto em 1977. de financiamento, o que propiciou o surgimento Com o insucesso da RIN e o processo de fu- de muitas empresas aéreas entre 1945 e 1952 sões e associações estimulado pelas resoluções da o país chegou a ter 34 empresas, a maioria com I CONAC, grande parte das localidades do inte- estrutura econômica/administrativa precária. rior deixou de ser atendida pelo transporte aéreo. Neste quadro, verificou-se um excesso de Em 1962, restaram apenas seis companhias: oferta frente à demanda existente que, conjuga- do ao desequilíbrio financeiro das transportado- Tabela 1: ras, ocasionou, a partir de 1952, fusões de algu- COMPANHIA OPERAÇÕES mas empresas e falências de outras. Contudo, esse AÉREA Doméstica Internacional 1 O termo Aviação Re- movimento não prejudicou o número de cidades Rotas da América gional apresentou sig- Varig ✔ servidas regularmente pelo transporte aéreo, que do Norte nificado específico so- permaneceu da ordem de 300 localidades3. Vasp Exclusivamente mente no período Cruzeiro do Sul 1975-1999. No entan- Na década de 60, a aviação civil brasileira en- (adquirida pela to, a utilização desse frentou momentos difíceis. Em 1961, a malha ro- Fundação Ruben Rotas da América termo no decorrer da ✔ história da aviação co- doviária já se encontrava estruturada nos seus gran- Berta em 1975 e do Sul e Central absorvida pela mercial brasileira tem des eixos, afetando a demanda por viagens aé- Varig em 1992) como objetivo fazer re- Panair (encerrou ferência ao transporte reas nas ligações de curta distância, principalmente Rotas da Europa suas operações ✔ aéreo que interliga lo- na região Sudeste, a mais disputada pelas compa- e Oriente Médio em 1965) calidades interioranas e nhias de aviação. Além disso, continuou existin- estas com centros urba- Sadia (em 1972 do grande concorrência no setor, comprometendo tornou-se Exclusivamente nos/capitais. a rentabilidade das empresas que necessitavam Transbrasil) 2 Eram aviões, em sua Paraense (faliu maioria DC-3 de 21 a de novos investimentos para a renovação da fro- Exclusivamente em 1970) 31 assentos, voltados ta, pois a manutenção daquelas aeronaves oriun- para o transporte inte- das da guerra tornava-se cada vez mais difícil. rior. Em 1975, o setor era formado por somente 3 O ano de 1950 repre- Para driblar a crise, as empresas aéreas e o quatro empresas, Varig, Cruzeiro do Sul, Vasp e sentou o de maior nú- governo brasileiro realizaram três reuniões, cha- Transbrasil (sendo as duas primeiras do mesmo mero de cidades servi- das 358, número ja- madas Conferências Nacionais de Aviação Co- grupo), todas com parte de suas frotas constituída mais alcançado nem mercial (CONAC). A I CONAC foi realizada em por aviões a jato (o menor possuía 100 assentos). antes nem depois des- 1961, e as demais, em 1963 e 1968. se ano. A introdução de aeronaves mais modernas 4 As linhas aéreas carac- Dessas conferências resultaram políticas de e de maior porte contribuiu para mudanças nas terizadas como de bai- estímulo à fusão de empresas, além da implan- redes de linhas das empresas, que passaram a xo potencial de tráfego tação do regime de competição controlada, con- são aquelas que trans- priorizar aquelas rotas que viabilizassem a utili- portam até 5.000 pas- dicionado ao interesse público. O governo pas- zação de aeronaves desse tipo. Em conseqüência, sageiros/ano, e as linhas sou a regular fortemente as atividades das com- as atividades ficaram concentradas nas cidades de médio potencial de panhias aéreas, desde a escolha de linhas até a tráfego são as que de maior expressão econômica, reduzindo-se transportam entre fixação do valor dos bilhetes. drasticamente o número de cidades servidas 5.000 e 20.000 passa- No âmbito da aviação regional, houve, entre em 1975, apenas 92 cidades eram atendidas pela geiros/ano. 1962 e 1968, uma breve tentativa de incentivo aviação comercial regular. AVIAÇÃO REGIONAL 1 Este clima de abandono das cidades interio- a operação de uma companhia de âmbito ranas levou o então Ministério da Aeronáutica a nacional numa linha regional e vice-versa7; encomendar um estudo visando criar uma nova 3. O incentivo à criação de acordos operacionais modalidade de aviação: a Aviação Regional. entre transportadoras nacionais e regionais, Assim, através do Decreto n° 76.590, de 11 objetivando a formação de um sistema inte- de novembro de 1975, foram criados os Siste- grado de linhas tronco-alimentadoras (linhas mas Integrados de Transporte Aéreo Regional nacionais e regionais, respectivamente)8; SITAR, constituídos de linhas e serviços aéreos 4. A limitação do tamanho das aeronaves utili- para atender localidades de médio e baixo po- zadas pelas empresas aéreas regionais tais tencial de tráfego. O Brasil foi dividido em cinco aeronaves deveriam ser adequadas à opera- áreas homogêneas de tráfego5, cada uma forman- ção em pistas pequenas e até não pavimen- do um SITAR. Foram, ainda, estabelecidas cinco tadas e com capacidade de oferta compatí- 5 As áreas originárias de empresas aéreas regionais6, cada qual designa- vel com a demanda das linhas a serem servi- tal divisão não foram da a atuar em uma das cinco áreas, sob regime estabelecidas apenas das pelos sistemas9; e, segundo critérios geo- de exclusividade. gráficos. Outro critério 5. A impossibilidade de qualquer empresa regio- utilizado foi o de capa- A tabela a seguir ilustra a divisão dos SITAR nal se tornar uma empresa aérea nacional. cidade de geração de e as empresas responsáveis pelo serviço aéreo tráfego total, que deve- em cada área. Na prática, nem todos os objetivos originais para ria ser aproximada- os SITAR foram atingidos. As estratégias das empre- mente o mesmo para Tabela 2 sas foram se adequando às características das suas cada área. Buscou-se, ainda, definir áreas respectivas regiões, buscando dentro destas merca- EMPRESA AÉREA ÁREA HOMOGÊNEA DE dos mais rentáveis e a maximização dos lucros. com características REGIONAL TRÁFEGO geo-econômicas as Região Nordeste e parte dos A proposta inicial de interligar as linhas ope- mais similares possíveis. Nordeste Linhas Aéreas estados de Minas Gerais e 6 Boa parte das quais Regionais S.A. radas pelos SITAR com as linhas tronco não foi Espírito Santo* originadas de empresas absorvida pelas companhias, à exceção da Rio- de táxi aéreo. Região Sul e parte dos estados -Sul que teve o seu plano de linhas integrado 7 Rio-Sul Serviços Aéreos Na prática, verificou- do Rio de Janeiro, Espírito Regionais S.A. com o plano do grupo Varig-Cruzeiro, o qual se a concorrência entre Santo e São Paulo empresas regionais e detinha a quase totalidade de suas ações. nacionais em algumas TABA Transportes Aéreos Região Norte rotas, embora as linhas da Bacia Amazônica S.A. Ao longo do tempo, o princípio de utiliza- completas tivessem, na Atual estado do Mato Grosso ção de aeronaves de menor capacidade e de fa- TAM Transportes Aéreos maioria dos casos, pon- do Sul, parte dos estados do Regionais S.A. bricação nacional foi sendo abandonado pelas tos de origem e desti- Mato Grosso e de São Paulo** no diferentes. transportadoras regionais. Ainda por uma ques- 8 O sistema de linhas Estado de Goiás, parte dos tão estratégica de mercado, as incumbentes10 tronco-alimentadoras VOTEC Serviços Aéreos estados do Pará e do pelos serviços regionais passaram a incluir em foi primeiro introduzi- Regionais S.A. Maranhão, o Triângulo Mineiro e o Distrito Federal*** sua frota aeronaves maiores, reduzindo o número do nos EUA após a Se- gunda Guerra Mundial. Fonte: DAC de freqüências dos vôos executados com este Naquela ocasião, foram *Com ligações dessas localidades para o Rio de Janeiro, São Paulo, tipo de equipamento, o que afetou a qualidade criadas as local carriers Brasília e Belo Horizonte. do serviço originalmente proposto quando da (transportadoras regio- **Com ligações dessas localidades para São Paulo e Rio de Janeiro. nais), responsáveis pela criação dos SITAR. ***Com ligações dessas localidades para o Rio de Janeiro. interligação das cida- As ligações aéreas atendem os mercados de des de baixa densidade de tráfego com os hubs Paralelamente à implantação dos SITAR, foi longa distância nos quais a capacidade adequa- (aeroportos centrais e criado o Adicional Tarifário, fixado em 3% sobre da das aeronaves é fundamental no atendimento de conexões de vôo). o valor dos bilhetes das linhas aéreas domésticas. à demanda e de curta e média distâncias onde a freqüência dos serviços é determinante na es- 9 A introdução dos O produto dessa arrecadação era destinado aos SITAR incentivou a uti- SITAR para suplementação tarifária de suas linhas colha dos usuários por este modo de transporte, lização do avião Ban- (a metodologia de arrecadação e distribuição do como é o caso do mercado de transporte aéreo deirante EMB-110, lan- Adicional, desde a sua implantação, está detalha- regional. Dessa forma, a utilização de aeronaves çado anos antes pela Embraer.
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