GLOBO FILMES 10 ANOS Um Balanço Da Primeira Década E Perspectivas Para O Futuro

GLOBO FILMES 10 ANOS Um Balanço Da Primeira Década E Perspectivas Para O Futuro

GLOBO FILMES 10 ANOS UM BALANÇO DA PRIMEIRA DÉCADA E PERSPECTIVAS PARA O FUTURO QUADRINHOS E TV O CINEMA DIGITAL MAURICIO DURÁN, VP DA INSPIRAM FILMES DA EM 20 PERGUNTAS UNIVERSAL, FALA SOBRE ALTA TEMPORADA E RESPOSTAS O MERCADO BRASILEIRO 2 EDITORIAL SER OU NÃO SER DIGITAL Paulo Sérgio Almeida GLOBO FILMES 06 Com dez anos de implantação no Brasil, o multiplex avançou bastante, mas ainda não terminou sua esca- Co-produtora de nove dos dez filmes mais vistos lada na infra-estrutura cinematográfica do país. Salas da retomada – entre eles a comédia Se eu fosse novas são abertas com velhos ou novos conceitos você (foto) –, a Globo Filmes completa dez anos e (vips, 3D), exibidores deslocam-se para o interior fu- anuncia metas para o futuro gindo da competição, vendem imóveis em busca de capital para novos investimentos e, principalmente, disputam espectadores a tapa nas cidades e bairros ENTREVISTA mais concorridos, fazendo políticas de preços de in- gresso ou de produtos de bombonière. Estamos na Mauricio Durán, VP da Universal para a América guerra? Não, isto é o chamado mercado. 14 Latina, analisa as semelhanças e diferenças entre Existe ainda espaço para abertura de novas salas e os mercados brasileiro e mexicano também muitas possibilidades de fechamento de ou- tras. Deveremos viver este (in)certo equilíbrio nos próximos anos. Mas existe um fato novo – não um TEMPORADA DE simples conceito como o multiplex, mas uma nova BLOCKBUSTERS tecnologia que deverá recolocar o produto “sala de cinema” em outros padrões, e tornar os modelos Personagens de histórias em de negócio mais complexos: é o cinema digital, que 18 quadrinhos como O incrível Hulk começa a se estabelecer definitivamente nos Estados (foto), adaptações de séries de Unidos e promete chegar em breve ao Brasil. TV e a volta de Indiana Jones são Se antes o problema era ser ou não ser multiplex (e alguns dos destaques entre os lançamentos da alta temporada vejam a transformação que tivemos no mercado!), agora a equação é ser ou não ser digital, seja nos padrões de Hollywood (2K), ou nos padrões alter- CINEMA DIGITAL nativos (1.3K). Caso o exibidor escolha a primeira opção, as próximas perguntas que ele se coloca são: Conheça os detalhes do maior desafio da indústria cinematográfica dos últimos anos: a substituição dos quando e como? Afinal, para que lado eu vou? 26 tradicionais projetores 35 milímetros por equipamentos É claro que tudo isso não acontecerá da noite para de projeção digital o dia, mas sabemos que esta é a nova equação do mercado até que a última cópia em 35mm deixe de circular pelos cinemas. O resto são detalhes, custos, FATOS E NÚMEROS DO MERCADO aval, financiamento, ou seja, contas e mais contas. Enquanto os custos da implantação já são mais ou Um resumo dos números e de notícias marcantes do mercado de cinema em 2007 32 menos conhecidos, os benefícios ainda estão no futuro. Neste novo cenário, a Ancine e o BNDES terão importância fundamental para que seja disponi- bilizada uma isonomia competitiva para todos. EXPEDIENTE www.filmeb.com.br Lembrem-se que a opção do DVD já foi feita em função da qualidade (Blue-Ray) e que a televisão Diretor: Paulo Sérgio Almeida Editor: Pedro Butcher Editor-assistente: digital já é uma realidade. Só falta agora o cinema, João Cândido Zacharias Redatores: Alice Gomes e João Cândido Zacharias Estagiária: Barbara Adams Comunicação e marketing: Denise do Egito que vive uma grande oscilação de público em mui- Projeto gráfico: Cardume Design Diagramação: Ana Soares Projeto tos países, inclusive no Brasil, definir qual será o seu gráfico original: Espaço/Z Pesquisa: Elizabeth Ribeiro Revisão: Cristina momento de opção pelo digital. Isso dependerá da de Castro Gráfica: Ediouro decisão de cada exibidor. 3 4 5 capa Wagner Moura e Letícia Sabatella em Romance, de Guel Arraes, co-produção da Globo Filmes que chega aos cinemas em junho UMA DÉCADA DE divulgação GLOBO FILMES Por Pedro Butcher, João Cândido Zacharias, Alice Gomes e Barbara Adams estréia de Simão, o fantasma los Diegues, diretor de Orfeu, uma das cipal vantagem de ter a Globo Filmes trapalhão, no dia 1º de de- primeiras co-produções da companhia, como sócia está na troca de idéias com A zembro de 1998, seria apenas lançada em abril de 1999. seus diretores criativos, assim como na mais um lançamento de uma comédia Dez anos depois, a Globo Filmes mostra colocação do filme junto à mídia. Em de Renato Aragão, se não fosse por sua força no ranking dos filmes brasileiros um país continental como o Brasil, ape- um pequeno detalhe: o filme marcou a mais vistos na última década: entre os nas uma rede de TV aberta pode dar entrada em cena da Globo Filmes, divi- dez primeiros colocados, nada menos a visibilidade necessária para se chegar são da maior rede de TV aberta do país que nove trazem o selo da companhia, ao público”, conta Walkíria Barbosa, da voltada para a co-produção de longas- incluindo obras de perfis tão diferentes Total Entertainment, que, com a Globo metragens brasileiros. quanto Dois filhos de Francisco, de Breno Filmes, emplacou sucessos como Se eu No contexto da ‘retomada’, o surgi- Silveira, Carandiru, de Hector Babenco, fosse você e Sexo, amor e traição. mento da Globo Filmes transformou o Se eu fosse você, de Daniel Filho, Lisbela Para Marco Aurélio Marcondes, que par- panorama do mercado ao criar as con- e o prisioneiro, de Guel Arraes, e Cidade ticipou da implantação da Globo Filmes dições necessárias para a emergência do de Deus, de Fernando Meirelles – todos ao lado de Daniel Filho e Tom Flórido, novo “blockbuster” nacional. “A Globo fenômenos de público. a companhia tem um papel fundamen- Filmes deu mais visibilidade à produção Esta década de atuação consolidou um tal na criação de um ciclo mais longo do brasileira e tornou-a mais atraente para modelo cuidadosamente estudado, que que outras etapas do cinema brasileiro. um público que, antes da retomada, an- se baseia, principalmente, em parcerias “A Globo Filmes veio se inserir em um dava arredio a nossos filmes”, diz Car- com produtoras independentes. “A prin- processo que começou com uma polí- 6 tica continuada de leis de incentivo, cujo baram mudando o rumo de um filme: O sucesso das co-produções da Glo- primeiro resultado prático foi Carlota um palpite de roteiro, a escalação do bo Filmes atingiu seu ápice nos anos de Joaquina. A partir daí, a legislação só fez elenco, ou mesmo o corte de uma cena 2003 e 2004, quando um conjunto de se aperfeiçoar. Essa continuidade e esse que possa ser a diferença entre o filme títulos conseguiu resultados excepcio- aprimoramento também só são possíveis “miúra” e o “blockbuster”. “Em uma das nais. Em 2003, especialmente, o market com a estabilidade da moeda”, diz Marco cenas mais marcantes de Cidade de share do filme nacional chegou ao im- Aurélio, que, em 2006 e 2007, quando Deus, um traficante obriga uma criança pressionante índice de 21,4%. Desde ainda era sócio da Europa Filmes, partici- a atirar em outra. Pois bem: no primeiro 2005, porém, o mercado de cinema no pou da produção e do lançamento de A corte do filme, a cena continuava, com a Brasil como um todo apresentou queda, grande família – O filme e Casseta e Pla- criança assassinada pelo traficante, com e o market share voltou ao índice médio neta – Seus problemas acabaram. um tiro nas costas. Daniel Filho conver- de 11%. O objetivo, agora, é retomar A cada mês, dezenas de projetos chegam sou com Fernando Meirelles e ele con- índices mais robustos de participação à mesa de Carlos Eduardo Rodrigues – o cordou que a cena passava do ponto”, no mercado para o filme nacional – de- executivo que há seis anos comanda a conta Rodrigues. safio que terão pela frente as próximas Globo Filmes –, e outros tantos come- Gisélia Martins, diretora de marketing, co-produções da Globo Filmes a chegar çam a ser desenvolvidos ali mesmo. De- na empresa desde sua criação, lembra no circuito: Era uma vez, de Breno Sil- pois de serem peneirados e analisados do processo de escalação do ator que veira, Romance, de Guel Arraes, e 174, por um conselho, os projetos aprovados faria o personagem título de Cazuza - O de Bruno Barreto, entre tantos outros. serão desenvolvidos com a supervisão tempo não pára, de Sandra Werneck e Na entrevista a seguir, Carlos Eduardo de um dos diretores artísticos da compa- Walter Carvalho, – que se tornaria um Rodrigues faz um balanço da primeira nhia, Daniel Filho ou Guel Arraes. É a ex- dos campeões de público de 2004. “Fi- década de atuação da Globo Filmes e periência deles, na opinião de Rodrigues, zemos uma campanha e chegaram mais aponta os desafios para o futuro da com- que faz toda a diferença: “É um privilégio de mil vídeos. Já estávamos praticamente panhia: “Resgatar o público para o filme contar com dois profissionais com tanta fechados em torno do nome de um ator brasileiro, ter uma presença institucional experiência e que entendem a visão do quando apareceu o vídeo do Daniel Oli- mais marcante e lançar um vetor de in- público brasileiro”. veira, que impressionou todo mundo e ternacionalização, participando de pelo São muitas as histórias de decisões, às foi um dos responsáveis pelo sucesso do menos uma co-produção internacional vezes em torno de detalhes, que aca- filme”, conta. por ano”. “A Globo Filmes mudou o paradigma de mercado e o patamar dos filmes nacionais, sobretudo em termos de marketing e visibilidade. Era uma vez..., de Breno Filmes que têm a participação da Globo Filmes são disputados Silveira, é o novo filme do pelas distribuidoras, sejam majors ou independentes.

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