Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Ciências Sociais Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Marcelle Marie Freitas Huet Rodrigues Memórias do salazarismo na sociedade contemporânea Rio de Janeiro 2012 Marcelle Marie Freitas Huet Rodrigues Memórias do salazarismo na sociedade contemporânea Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de Concentração: História Política. Orientadora: Profª. Dra. Maria Emília Prado. Rio de Janeiro 2012 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/ BIBLIOTECA CCS/A S159m Rodrigues, Marcelle Marie Freitas Huet Memórias do salazarismo na sociedade contemporânea/ Marcelle Marie Freitas Huet Rodrigues. – 2012. 121 f. Orientadora: Maria Emília Prado. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. Bibliografia. 1. Salazar, Antonio de Oliveira, 1889-1970. 2. Portugal - Política e governo - Teses. I. Prado, Maria Emília. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. CDU 32(469) Autorizo apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação, desde que citada a fonte. _____________________________________ ___________________________ Assinatura Data Marcelle Marie Freitas Huet Rodrigues Memórias do Salazarismo na sociedade contemporânea Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em História, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: História Política. Aprovada em: 2 de abril de 2012. Banca Examinadora: _________________________________________________ Profª. Dra. Maria Emília Prado (Orientadora) Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UERJ _____________________________________________ Prof. Dr. Oswaldo Munteal Filho Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - UERJ ______________________________________________ Profª. Dra. Denise Rollemberg Instituto de Ciências Humanas e Filosofia - UFF ______________________________________________ Prof. Dr. António Pedro Pita Universidade de Coimbra Rio de Janeiro 2012 DEDICATÓRIA Para o meu tio, In Memorian: Kenedi Jaime Souza Freitas. AGRADECIMENTOS É impossível não agradecer aos familiares próximos pela torcida constante: às primas Mônica e Anna, às tias Rosangela e Lili, ao meu irmão Guilherme, bem como aos compadres Philipe e Cristina e à afilhada Isadora, pela ausência sofrida do seu aniversário de um ano, bem como a todos os que acompanharam, com muito carinho, esta trajetória. À minha mãe, um agradecimento especial pela dedicação em me ajudar no momento mais difícil deste trabalho. Sem ela, tudo teria ficado mais complicado. Ao professor Machado da Costa, por me encorajar a fazer o mestrado, enviar livros de Portugal, me apresentar aos entrevistados. Ao amado marido, apoio constante todos esses anos, acolhendo minhas dúvidas e encorajando minhas ideias. À minha orientadora, por acolher o tema, orientar minhas leituras e não permitir desvios na dissertação. Além disso, o seu incentivo, para minha participação no Colóquio com portugueses, certamente enriqueceu o trabalho. Ao professor Francisco Carlos Palomanes Martinho pelo apoio ao tema, assim como à professora Denise Rollemberg que, a partir de uma aula na pós-graduação, apresentou o referencial teórico utilizado na dissertação, incentivando o trabalho e me ajudando a crescer no ofício de historiador. Pela paciência na hora do desespero, agradeço às amigas de trajetória acadêmica: Alessandra, Gabriela e Elisa. Para as minhas amigas de longa data, Carla e para a vibrante Regina, sempre na torcida, meus sinceros agradecimentos. Pelo carinho e pela dedicação em solucionar todos os nossos problemas burocráticos, à Daniele e ao Marco António. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão da bolsa de mestrado. Todos os livros foram comprados com essa preciosa ajuda. RESUMO RODRIGUES, Marcelle Marie Freitas Huet. Memórias do salazarismo na sociedade contemporânea. 2012. 122 f. Dissertação (Mestrado em História) - Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. O desenvolvimento de pesquisas recentes sobre ditaduras permitiu uma reflexão diferenciada, menos polarizada, sobre o comportamento da sociedade perante o estabelecimento de um regime de exceção. No presente trabalho, as memórias de alguns portugueses foram o objeto de análise para compreender as ambivalências, os silêncios e as oposições dos mesmos ao longo de suas vidas na vigência do salazarismo. O confronto de suas memórias com a história nos permitiu avaliar a ideia que cada um tinha sobre a instauração e permanência de uma ditadura, bem como a complexidade da relação do poder institucional com os indivíduos e de suas concepções particulares de política, justiça e bem estar social. Palavras-chave: Salazarismo. Ambivalência. Memória. ABSTRACT The development of recent research on dictatorships allowed a differentiated reflection , less polarized, about the society behavior in front of the establishment of a dictatorial regime. In this present work, the memories of some Portuguese were the subject of analysis towards to understand the ambivalence, the silences and the oppositions of them throughout their lives in the presence of Salazar period. The clash of their memories with the story allowed us to evaluate the idea that each one had on the establishment and permanence of a dictatorship, as well the complexity relationship of the institutional power with the individuals, and their particular conceptions of politics, justice and welfare state. Keywords: Salazarismo. Ambivalence. Memories. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................... 8 1 A MEMÓRIA COMO OBJETO DE PESQUISA: TEORIAS E METODOLOGIA ........................................................................................... 16 1.1 Salazar e salazarismo ...................................................................................... 22 1.1.1 Salazar ............................................................................................................... 22 1.1.2 Salazarismo ....................................................................................................... 25 2 AS ENTREVISTAS ........................................................................................ 33 2.1 Os bastidores da pesquisa: uma pequena reflexão ...................................... 33 2.2 Os entrevistados .............................................................................................. 35 2.3 Entre a história e a memória ......................................................................... 36 2.3.1 Primeira República ........................................................................................... 36 2.4 Mocidade portuguesa e educação física ....................................................... 42 2.4.1 Censura e polícia política ................................................................................. 61 3 A GUERRA DO ULTRAMAR E O “25 DE ABRIL” ................................. 96 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 117 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 119 ANEXO ............................................................................................................ 123 8 INTRODUÇÃO Ninguém com menos de quarenta anos tem uma memória real do que implicava viver sob uma polícia secreta ou sob a censura da comunicação social.1 Em 2010, o historiador português radicado na Irlanda, Felipe Ribeiro de Meneses, lançou o livro Salazar – Uma Biografia Política. Na introdução, o autor faz uma afirmação reproduzida na epígrafe, que merece alguns comentários. A princípio, ela nos oferece uma informação, incontestável, no que diz respeito à existência da polícia secreta e da censura na dinâmica do regime. Mas, confrontando com as questões abordadas neste trabalho, é possível fazer alguns questionamentos. Primeiro, é que a memória real do salazarismo pode estar se apagando com o desaparecimento das antigas gerações e, segundo, que esse tipo de memória, principalmente ligado à censura e aos desvarios da polícia secreta, é comum a todos os que viveram nessa época. Bem, se é possível que esta geração não se interesse ou, até mesmo, não conheça profundamente o que foi o Estado Novo, o que significou o salazarismo e quem foi Salazar, aliás uma queixa recorrente dos entrevistados, temos, por outro lado, uma enorme publicação de livros, teses, filmes e séries sendo publicados e transmitidos pelas emissoras portuguesas. Não pretendendo analisar a qualidade dessas obras, o fato é que o salazarismo é um assunto do qual Portugal não se liberta tão cedo. E não é só porque foi uma parte importante da história contemporânea do país que ele é estudado e falado, o que por si só tem uma grande relevância. Foram quarenta e oito anos de ditadura (1926-1974), dos quais quarenta anos com Salazar no poder, sendo que trinta e seis anos como Presidente do Conselho de Ministros conduzindo o Estado Novo. Mas também, e exatamente por isso, pela relevância que esse passado tem como referência na construção do presente. Não são poucos os debates políticos da atualidade que recuperam o salazarismo para defender
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