Estratégia De Subversão

Estratégia De Subversão

ANEXOS: Gioconda Cardoso 1 ANEXO 1: Gioconda Cardoso 2 OPERACIONALIZAÇÃO DE CONCEITOS: Agressão: A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (AGONU) aprovou a Resolução 3341 que contém a definição de “Agressão”, em Abril de 1974, segundo a proposta da Comissão Especial sobre a questão da definição de Agressão. Assim, a AGONU definiu agressão como “o uso da força armada por um Estado contra a soberania, integridade territorial ou independência política de outro Estado, através da invasão ou ocupação de território, bombardeamento, bloqueio naval, ataque a forças armadas de outro Estado, disponibilização do território, para condução de actos de agressão contra terceiros ou contratação de mercenários.” O conceito de agressão é empregue nas relações internacionais, para definir “o acto bélico cometido por um Estado (agressor) contra outro Estado (agredido), sem ser no exercício de missão policial determinada por organismo competente, ou em legítima defesa.”1 Ameaça2: No que se refere a este conceito, consideramos que ele consiste no resultado da multiplicação da capacidade pela intenção. A capacidade resulta da força objectiva de um Estado. A sua formação demora anos, e consequentemente é um factor de longo prazo. A intenção é a vontade manifesta de um Estado. É um factor de curto prazo, porque sendo uma intenção, sofre alterações súbitas, na medida em que acaba por depender da vontade de quem decide. Assim, quanto maior forem, simultaneamente, a capacidade e a intenção, 1 Apud, CAETANO, Marcello, “agressão” in RIBEIRO, Henrique M. Lages, Dicionário de Termos e Citações de Interesse Político e Estratégico. Contributo, Gradiva, Lisboa, Fevereiro de 2008, p. 3. 2 A este propósito, consideram-se como ameaças as seguintes: “ameaça energética (petróleo, gás natural), cibernética/informática (com a globalização são decorrentes e necessários os desafios de segurança), ambiental.” GONÇALVES, Francisco in 1º Congresso Internacional de Segurança Pública e Privada (1º CISEGUR), Faculdade de Direito de Lisboa (FDL), Lisboa, 6/7 de Julho de 2011. Gioconda Cardoso 3 maior será a ameaça. Contudo, nem a capacidade nem a intenção podem ser nulos, senão não há ameaça. A ameaça é considerada “qualquer acontecimento ou acção, em curso ou previsível, que contraria a consecução de um objectivo e que, normalmente, é causador de danos materiais e morais.”3 Assim a ameaça é “qualquer acontecimento ou acção em curso ou previsível, que contraria a consecução de um objectivo e que, normalmente, causa danos morais e/ou materiais. ‘Qualquer acontecimento ou acção’, não sendo limitativo, fala-nos de abrangência; ‘em curso ou previsível’ indica-nos que pode surgir num horizonte temporal alargado, havendo por isso toda a vantagem em conhecê-la com antecedência; ‘que contraria’ diz-nos que isso pode acontecer pela própria natureza do acontecimento, ou porque há uma vontade contrária que impulsiona a acção; ‘a consecução de um objectivo’, não especificando os objectivos ou a sua importância, sugere que haverá ameaças mais ou menos graves; ‘que causa danos’, refere o aspecto prejudicial, seja ele de âmbito material ou moral. Quando referimos a ameaça, num quadro estratégico os acontecimentos ou acções provêm de vontades hostis.”4 A ameaça consiste num “acontecimento ou acção que contraria ou pode vir a contrariar a consecução de um objectivo. Ameaça é, por exemplo, um país hostil ter mísseis que possam atingir o território nacional e poder vir a ter vontade de os utilizar.”5 A ameaça é considerada “qualquer acontecimento ou acção, em curso ou previsível, que contraria a consecução de um objectivo e que, normalmente, é causador de danos materiais e morais.”6 Entende-se por “ameaça à segurança toda a acção interna ou externa, directa ou indirecta, que se manifeste sob a forma de violência política, económica, ideológica ou militar.”7 3 Apud COUTO, Cabral, 1987, p. 329, in FEITEIRA, Alice, “Segurança e Defesa: Um domínio único?”, in Segurança e Defesa, Lisboa, Novembro 2006, p. 88. 4 BARRENTO, António, Da Estratégia, Tribuna da História-Edição de Livros e Revistas, Unipessoal Lda, Lisboa, Abril 2010, p. 282. 5 Idem, p. 185. 6 Apud COUTO, Cabral, 1987, p. 329 in FEITEIRA, Alice, Op. Cit, nota 3, p. 88. 7 Apud GERALDES, Araújo, O Espaço em Geoestratégica e o Sentido Funcional de Segurança, NeD Nº 32, 1984, p. 146 in RIBEIRO, Henrique M. Lages, Op. Cit, nota 1, p. 7. Gioconda Cardoso 4 “A ameaça, que deve representar, para o inimigo, uma hipótese credível de uso da força por parte do ameaçador e a isso ajudará certamente a percepção do poder do inimigo, a avaliação da determinação da elite dirigente e os custos do cumprimento da ameaça e até, segundo alguns tratadistas, a personalidade instável do líder de quem não se pode esperar decisões racionais.”8 Autoridade9: É uma “capacidade de influir noutros graças a certa superioridade por estes reconhecida, ou o direito de dar uma ordem, de tal maneira que o comando seja obedecido sem que seja questionado tal direito, isto é, o poder que é aceite, respeitado, reconhecido e legitimado. A autoridade, com efeito, exige tanto superioridade como reconhecimento, onde há um que é superior e outro que reconhece no primeiro essa posição de supremacia, o que permite transformar o poder, enquanto vis coactiva, em poder, enquanto vis directiva (Idem, p.188). Logo, havendo autoridade, tanto não há igualdade, dado haver um que está acima e outro que está abaixo, como também não há plena liberdade, dado que se exige reconhecimento. Isto é, há assimetria e hierarquia, uma ordem não homogénea, onde os diversos actores se integram. Hannah Arendt salienta, quanto à autoridade, que o nome e o conceito são de origem romana, distinguindo-se entre a auctoritas, que pertencia ao Senado, e a potestas, que cabia ao populus. A palavra auctoritas deriva aliás, de auctor, daquele que não é o construtor, o artifex, mas antes o que inspirou a obra.”10 “Obediência pelo consentimento, decorrente do reconhecimento da legitimidade de quem manda, sendo que esta qualidade determina uma diversidade complexa de construções ideológicas.”11 8 BESSA, António Marques, O Olhar do Leviathan- Uma Introdução à Política Externa dos Estados Modernos, ISCSP, Lisboa, 2001, p. 137. 9 Veja-se a propósito de autoridade pessoal e autoridade institucional, ROMANA, Heitor Alberto Coelho Barras, República Popular da China. A Sede do Poder Estratégico, Dissertação de Doutoramento em Ciências Sociais na especialidade de Ciência Política, ISCSP, Lisboa, 2005, pp. 143-149. 10 MALTEZ, Adelino, Princípios de Ciência Política-Introdução à Teoria Política, 2ª Edição, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas-Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, 1996, pp 154, 155. 11 MOREIRA, Adriano, Ciência Política, Livraria Bertrand, Lisboa, Junho 1979, p. 22. Gioconda Cardoso 5 Conflito: Conflito é “o termo pelo qual se caracteriza qualquer relação entre grupos ou indivíduos, que se possa definir através de uma oposição seja ela qual for.. Neste sentido amplo, qualquer situação possui, em si mesma, elementos conflituais. Ralf Dahrendorf, ligou a ideia de conflito à de luta ou combate pela detenção de algo que não existe em quantidade suficiente, para permitir uma satisfação integral e plena de todos os interessados. Por isso, para Dahrendorf, a raiz dos conflitos está na desigual repartição do Poder entre os grupos sociais: todas as demais formas de desigualdade de categoria que podem apresentar-se como ponto de partida estrutural imediato, isto é, como objecto de conflito.”12 A situação social em que um mínimo de dois actores ou partes se esforça para adquirir, no mesmo momento, um conjunto de recursos escassos disponível espelha uma situação de conflito típica13. Os conflitos são, além disso, uma parte inevitável do processo de mudança social que se verifica em todas as sociedades, das mais simples às mais complexas. “Certos autores defendem que o grau e intensidade da regulação de conflito aumenta com o desenvolvimento político, na medida em que aumentam os mecanismos institucionais de regulação da violência.”14 “Rivalidade ou antagonismo entre indivíduos ou grupos de uma sociedade. O conflito pode ter duas formas: uma, ocore quando há um confronto de interesses entre dois ou mais indivíduos ou grupos; a outra, acontece quando há pessoas ou colectividades envolvidas em luta directa com outras.”15 No conceito proposto para conflito, “entendido sempre entre grupos dotados de identidade, subentendemos a intenção, pelo menos de uma parte, de obter os fins em 12 JÚDICE, José Miguel, “Conflito” in POLIS – Enciclopédia VERBO da Sociedade e do Estado, Lisboa, 1983, Volume 1, p. 1090. Veja-se também COUTO, Abel Cabral, Elementos de Estratégia-Apontamentos para um Curso, Volume I, IAEM, Lisboa, 1988, p. 100. BARRENTO, António, Op. Cit, nota 4, p. 68. LOPES, José Augusto Amaral, “A Gestão de Crises”, IAEM, Lisboa, Dezembro de 2006, p. 100. 13 Wallensteen, 2002. 14 Apud DAHL, in JÚDICE, José Miguel, “Conflito” in POLIS-Enciclopédia VERBO da Sociedade e do Estado, Volume 1, Lisboa, 1983, p. 1093. 15 SOUSA, Fernando, Dicionário de Relações Internacionais, Edições Afrontamento, CEPESE, Santa Maria da Feira, Junho 2005, p. 47. Gioconda Cardoso 6 disputa prejudicando o adversário, e que, desde que no Conflito fosse utilizada a violência armada, participassem unidades políticas, envolvendo um número apreciável de combatentes, e estivessem em causa fins políticos, se trataria de guerra.”16 “O conflito existe sempre que dois ou mais actores manifestam hostilidade quando procuram alcançar objectivos que reputam por vitais. A raiz latina-confligere- significa ‘embater contra’, ‘chocar’, ‘combater’ e ‘lutar’, o que define uma situação onde os actores são inimigos e ameaçam com o emprego de meios violentos, para se obrigarem a capitular nas respectivas ambições.”17 Crise: “A palavra crise deriva do grego ‘krisis’ e está intimamente ligada à medicina. ‘Krisis’ significa a existência de uma situação crítica, cuja deterioração poderia resultar na morte18. Aplicado ao plano das relações internacionais, o seu significado representa um período de instabilidade, uma fase transitória, um ponto de viragem entre duas situações: a paz e a guerra.

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