Agua E Saneamento 2007/08/09

Agua E Saneamento 2007/08/09

AGUA E SANEAMENTO 2007/08/09 Centro de Documentação e Informação Dossier Temático Genérico O Dossier Temático é um serviço do Centro de Redação Heleina dos Santos, Domingas Documentação da DW (CEDOC) situado nas instalações Mota e Ilda Sebastião da DW em Luanda O Centro foi criado em Agosto de 2003 com o objectivo de facilitar a recolha, armazenamento, Conselho de Edição e Revisão: acesso e disseminação de informação sobre Allan Cain, desenvolvimento socio-económico do País. Beat Weber, Pacheco Ilinga, Katuzolo Paulina, Gelson Gaspar, Através da monitoria dos projectos da DW, estudos, Azancoth Ventura pesquisas e outras formas de recolha de informação, o Centro armazena uma quantidade considerável de Editado por: documentos entre relatórios, artigos, mapas e livros. A Development Workshop-Angola informação é arquivada física e electronicamente, e está disponível às entidades interessadas para consulta. Além da Endereço: recolha e armazenamento de informação, o Centro tem a Rua Rei Katyavala 113, missão da disseminação de informação por vários meios. C.P. 3360, Luanda - Angola Um dos produtos principais do Centro é o Extracto de notícias. Este Jornal monitora a imprensa nacional e extrai Telefone: artigos de interesse para os leitores com actividades de +(244 2) 448371 / 77 / 66 interesse no âmbito do desenvolvimento do País. Este Dossier Temático traz um resumo de notícias da Imprensa Email: escrita Angolana sobre Agua e Saneamento: [email protected] Com apoio de: LUPP (Programa de Redução a Pobreza Urbana de Luanda), DFID e Embaixada da Noruega As fontes monitoradas são: - Jornais: Jornal de Angola, Agora, Semanário Angolense, Folha 8, Terra Angolana, Actual, A Capital, Chela Press, O Independente, Angolense, e o Semanário Africa, incluindo Publicações Comunitárias como ONDAKA, Ecos da Henda, e InfoSambila - Websites: Angonoticias, Radio Nacional de Angola, Ibinda, Jornal de Angola, Angolapress, Kwacka.net O Corpo das notícias não é alterado. Esperamos que o jornal seja informativo e útil para o seu trabalho. Para a melhoria dos nossos serviços agradecemos comentários e sugestões. Grato pela atenção. A Redacção casa para fugir do mau cheiro que desaconselha, a quem não esteja ainda habituado, uma permanência ANO 2007 de mais de dez minutos sob pena de se poder enfrentar JANEIRO 2007 violentas náuseas. "Temos medo que aconteça o mesmo que aconteceu no ano passado", alertou a jovem senhora. 07.1.1 Confinados no mundo da A VIDA CONTINUA Entre as obras da Sonils, o cheiro nauseabundo e a podridão vala A Capital...13-01-07 de drenagem o bairro da Boavista continua a ser o O número 13 é simbólico para a população da mesmo de sempre: um emaranhado de habitações Boavista, bairro suburbano de Luanda. O mês de precárias, onde seres humanos coabitam com o lixo Fevereiro também. Foi no dia 13 de Fevereiro que se que eles próprios produzem. Mantêm-se, também, os registou o primeiro caso da epidemia de cólera que vestígios dos estragos que a cólera fez. Na zona do ainda hoje fustiga os angolanos. Era apenas uma Caranguejo, a residência do casal Pedro e Lalá segunda-feira. Mesmo assim o azar assumiu a permanece fechada como se estivesse a contar a triste identidade da cólera, invadiu a casa de Francisco história passada por dentro daquelas quatro paredes. Fernandes e matou a sua sobrinha de nove anos de Todos os seis ocupantes acabaram por falecer, em idade. A doença espalhou-se de imediato pelo bairro Fevereiro de 2006, mortos pela cólera. inteiro e, dele, para todo o país. "A água do mar que estão a tapar continua a nascer Um ano depois Francisco e outros moradores da por Boavista continuam assombrados pelo fantasma da baixo das nossas casas", queixou-se Bia Jaime, cólera. Mostram-se preocupados com as obras a cargo enquanto segurava o seu recém-nascido ao colo. "Eles da empresa Sonils, segundo os quais resultaram no estão a tapar tudo e nós é que sofremos", bloqueio da vala de drenagem que antes desaguava no Alguma lição, o Governo parece ter aprendido, Ao mar. Bastará, portanto, uma forte chuva para fazer a menos os moradores da Boavista já podem respirar de vala transbordar e transferir todos os detritos de que alívio por deixarem de depender de lagoas, muitas se delas reveste para o interior das casas dos 10 mil habitantes contaminadas, para as necessidades quotidianas de do bairro Boavista. Foi assim que em 2000 começou a água. epidemia de cólera. E disso que os desesperados moradores temem."Se chover forte, vamos ter um O próprio Governo Provincial de Luanda (GPL) problema ainda pior que o do ano passado", alertou desistiu da distribuição de água potável através de Francisco Fernandes, em casa de quem deu-se o camiões cisternas e optou pela construção de 13 primeiro caso e a primeira morte por cólera. "No ano chafarizes passado antes de tudo começar houve uma grande ao largo e ao comprido do bairro. "Já não nos enchente, muitos de nós tiveram que abandonar as queixamos da água potável", comentou Maria Helena. suas casas". E quem não abandonou pagou bem caro "Temos água todos os dias". as consequências de tal decisão. Foi preciso a cólera ceifar muitas dívidas para que as A Sonils não parou com as obras. A empresa investiu autoridades investissem na distribuição de água 22 milhões de dólares para o alargamento da sua potável ponte para os populares da Boavista. A água, desses cais numa extensão de 400 metros. chafarizes, é comercializada ao preço de 5 kwanzas. Paga-se Porém, a medida que a empreitada avança, os esse valor para encher um alguidar, um balde de 25 moradores do subúrbio da Boavista ficam cada vez litros ou um tambor de 100 litros, mais próximos da vala de drenagem repleta de água esverdeada e pestilenta. Naquele mar de podridão, "É apenas simbólico", comentou Mona Eduardo, dejectos humanos misturam-se com restos de comida. identificado como estando ao serviço do coordenador Crianças nuas e descalças correm inocentes à beira da do bairro, António Gama, ele que instituiu as vala, desconhecendo a dimensão do perigo que cobranças." espreita. Mesmo assim estamos satisfeitos, antes passávamos mal com a água das cacimbas", atestou Cinco passos separam a vala da porta da residência de Alberto Maria Helena. Em 2006, esta jovem de 22 anos teve António, de 18 anos de idade. de abandonar o seu casebre inacabado, refugiando-se em casa de uma irmã na sequência das cheias. Escapou, 07.1.2 "E impossível avançar assim, da fúria da cólera. Desta vez ela acredita que datas não para a erradicação da cólera" terá a mesma sorte. Como os demais habitantes, ela A Capital...13-01-07 disse consciente de uma dura realidade: "desta vez, o Em Fevereiro a epidemia de cólera vai completar um pior só não aconteceu por que não choveu", explicou. ano. Este prolongamento aconteceu contra todas as "Estamos a passar mal com essa vala e com esse expectativas do Governo ou era algo previsível e, ao cheiro mesmo tempo, inevitável? a podre", completou. Tecnicamente, podemos dizer que era previsível. A moradora Maria Helena contou que dias existem, Chegamos à conclusão de que não havia capacidade inclusive, em que os moradores ficam trancados em técnica de dar água potável a toda a população porque existem bairros praticamente inacessíveis. Então, maneira geral, posso dizer que o problema está na tecnicamente justificava-se. Só quando conseguirmos transmissão da mensagem. A mensagem não está a dar água potável para toda a população, aí sim vamos atingir correctamente a quem deveria consumi-la. E aí conseguir evitar a cólera. Agora, está claro que, onde está a grande dificuldade. Precisamos de fazer socialmente, é preciso que a população saiba que deve correcções. Significa que nem todos ouvem rádio e os ter cuidados mínimos de higiene. A água que eles que ouvem não entendem. Precisamos de alguém na utilizam, devem torná-la potável, fervendo ou comunidade que oriente para o cumprimento daquilo utilizando as substâncias químicas que temos que se diz nas rádios, televisão e jornais. E essa distribuído. Mas, até lá, é necessário algum tempo. filosofia da transmissão de conhecimento e da Portanto, a força da cólera informação que deve ser afinada. tem mais a ver com as dificuldades de saneamento do meio do que propriamente com as carências da rede São apenas projectos ou isso começa já a ser hospitalar? implementado? E exactamente isso. Em relação à questão técnica, no Já começamos a implementar isso desde o dia 19 de sentido dos técnicos tratarem correctamente os Fevereiro, quando fomos ver o primeiro caso. doentes, podemos demonstrar com os dados que Portanto, já implementamos localmente, temos fornecidos que estamos bem. A taxa de provincialmente e, depois, espalhamos estas mortalidade é muito baixa. Há muitos mais mensagens, estas técnicas, esses projectos por toda a infectados, nação. E por isso que hoje todas as províncias têm que são tratados e regressam saudáveis às suas casas, stock para a luta do que mortes. contra a cólera. Se ela voltar a aparecer, eles farão a cobertura. Há técnicos treinados, há equipas no Qual é exactamente o quadro da epidemia pelo país? terreno Continuamos com a preocupação nas províncias de que podem ser movimentadas. Em relação a isso não Benguela, Huambo e Uíge e alguns casos que têm temos problemas. aparecido aqui em Luanda. Portanto, de uma maneira geral, a epidemia está bem controlada. Só que Mantém-se o mesmo raciocínio relativamente ao uso precisamos de a erradicar. Recordamos que partimos da vacina para o combate contra essa epidemia? de um caso para termos hoje mais de 67 mil. Tecnicamente, a OMS não recomenda. Quando se O desafio da erradicação é atingível a curto, médio ou fala a da vacina a questão não é só vacinar.

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