SÍMBOLO extra REALIDADE BRASILEIRA Coleção Livro - Reportagem Ano I / Dezembro de 1976 Cr$l 8 3 ■J O I2 livro-reportagem devassa bastidores da REDE GtDBO COLEÇÃO LIVRO-REPORTAGEM, REALIDADE BRASILEIRA extiaNUMERO 1 DEZEMBRO 1976 ANO! Editor Moysés Baumstein Editor Executivo — Hamilton Almeida Filho Editor de Texto _Mylton Severiano da Silva Editor de Arte Sérgio Fujiwara Editor Adjunto Alberto Baumstein Editor Contribuinte. Narciso Kalili Secretária Executiva. Lina Araújo Ferreira Publicidade . Rubens Kishimoto Tamura ProduçSo Orcileu Santana Equipe Editorial: Alex Solnik, Palmério Dória, Vanira Codato, Amâncio Chiodi, Dácio Nitrini, Vera Nóbrega, Jayme Leão, Elifas Andreatto, Octávio Ribeiro, José Trajano, Guilherme Cunha Pinto, Joaquim Ferreira dos Santos, Thaís B. OUveira, J. Agapito, Analdino Rodrigues Paulino, Antônio Carlos da Graça, Norma Chuahy, Mário Bruçò e Marilda Santana. SUMÁRIO: O ÓPIO DO POVO - Primeira parte: O sonho e a realidade, páginas 3 a 34. Segunda parte: O poder e a glória, páginas 35 a 66. EXTRA É UMA PUBLICAÇÃO DA SÍMBOLO S.A. INDÚSTRIAS GRÁFICAS, REDA- ÇÃO, ADMINISTRAÇÃO, OFICINA E CORRESPONDÊNCIA, RUA GENERAL FLO RES, 518/22, TELEFONE 220-0267, 221-5833 (PBX), CEP 01129, SÃO PAULO, SP. DISTRIBUIÇÃO NACIONAL: ABRIL, CULTURAL E INDUSTRIAL S.A., RUA DO CURTUME, 554, TELEFONE 262-7977, 65-8416, SÃO PAULO, SP. TIRAGEM: 50 MIL EXEMPLARES. EXTRA, REALIDADE BRASILEIRA, O LIVRO-REPORTAGEM É MARCA REGIS- TRADA DE SÍMBOLO S.A. INDUSTRIAS GRÃFICAS. TODOS OS DIREITOS RE- SERVADOS. O TEXTO DE CADA OBRA NÃO REFLETE NECESSARIAMENTE A OPINIÃO DOS EDITORES, SENDO DE RESPONSABILIDADE DO AUTOR. CAPA: SÉRGIO FUJIWARA/ MOYSÉS BAUMSTEIN/ NARCISO KALILI. FICHA CATALOGRÃFICA (Preparada pelo Centro de Catalogação - na - Fonte, CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP) O ópio do povo: o sonho e a realidade por Hamilton Almei- 069 da Filho e outros São Paulo, Ed. Símbolo, Ed. Extra, 1976. p. ilust. (Extra-realidade brasileira. Livro Reportagem, 1) 1. Televisão - Brasil. 2. Televisão - Transmissões - Brasil 3. TV Qobo (Brasil) L Almeida Ffflio, Hamilton, 1946 CDD- 384.550981 76-1241 - 384.5540981 -791.450981 índices para catálogo sistemático: 1. Brasil: Televisão: Comunicações 384.550981 2. Brasil: Televisão; Recreação 791.450981 3. TV Globo: Emissoras de televisão: Brasil 384.5540981 1. COM HC6 "jV O ÓPIO DO POVO O sonho e a realidade HAMILTON ALMEIDA FILHO MYLTON SEVERIANO DA SILVA GUILHERME CUNHA PINTO JOAQUIM FERREIRA DOS SANTOS SIMULO EDIÇÕES SÍMBOLO São Paulo "Eu sou um cidadão de classe média e nada me impede de estar ao lado do povo " Chico Buarque de Hollanda, autor brasileiroí a quem dedicamos este livro-reportagem. A#e acordo com a utilização, os meios de informação de massa podem ou promover o desenvolvimento do indivíduo, a coesão e o progresso dos países, bem como a compreensão e a paz internacionais, apresentando a cada povo uma imagem mais autêntica e mais completa da vida dos outros povos, ou então tomar-se o novo ópio das massas, provocar a degradação de valores e ser um instrumento de dominação cultural." (Documento da UNESCO, in 'Tolítica Nacional de Comunicação na Área do Ministério da Educação e Cultura", Universidade de Brasília, 1975.) A máquina de fazer d O rock and roll chega ao País do Carnaval — Parece que foi on- tem — O encantamento dos anos 60 visto pelo prisma do Brasil hollywoodiano — Novela é "pau na produção" — O ator popular começa a não falar mais coisa com coisa — Internado como louco Entre garçons, quadros, jornalistas, curiosos, amigos, relações-públicas, uísques e canapés, uma verdadeira exposição de astros e estrelas: a veterana Maria Delia Costa, estreando em novela da Globo, nusitado acontecimen- Françoise Furton, uma promessa de estrela "à Ia Re- to para a cultura brasileira, no ano do vigésimo-sex- gina Duarte"; Elizabeth Savallas, outra promessa; to aniversário da chegada da televisão ao País. Era Heloísa Milet, a moça que saiu do bale de apresenta- segunda-feira, inverno chuvoso. Os holofotes, quatro ção do Fantástico; Djenane Machado, a eterna filha no chão do jardim, iluminavam a fachada de 10 an- de Carlos Machado, rei das noites cariosas na década dares de concreto e vidro por trás de uma cortina de de 50; Leonardo Villar, o que já foi Palma de Ouro garoa. No saguão, ostensivamente branco do piso ao do nosso cinema em Cannes; Ricardo Blat, ator reve- teto, a imprensa paulista e os convidados aguarda- lação do teatro; Ney Latorraca, o galã que ficou bo- vam. Não era a vernissage do ano, nem a noite de nito depois que entrou para a televisão; Nuno Leal autógrafos de nenhum best-seller nacional ou estran- Maia, "o rapaz do Mexa-se" em quem a Globo apos- geiro, tampouco a apresentação de alguma compa- ta como futuro rachador de corações; Joel Barcelos, nhia de bale internacional, muito menos a pré-es- veterano ator dos falecidos grupos de teatro brasilei- tréia do maior filme brasileiro desta década. ros e do antigo Cinema Novo, estreando em novela Na noite de 16 de agosto de 1976, na Galeria de televisão quase aos 40 anos. Arte Global, em meio aos quadros pendurados em Os artistas, vistos de perto, longe da magia do suas paredes brancas, três telas incomuns tinham vídeo, decepcionam. Nas novelas, são sempre mos- atraído pelo menos cem pessoas, apesar da chuva, da trados em close, quando muito da cintura pra cima hora, 8 da noite, da segunda-feira e de São Paulo. — novela é mais conversa. Vistos de corpo inteiro, Eram as telas de um circuito fechado de televisão notamos que alguns são baixinhos, outros são mais em preto e branco, e através delas a Rede Globo de gordos do que parecem. E mesmo os rostos, aqui na Televisão, maior indústria de comunicações do País, nossa frente, denotam os estragos da excessiva ma- ia submeter à crítica especializada seu mais recente quiagem de todos os dias. Saltam as imperfeições feito cultural: num original de Mário Prata, Estúpido da pele, cobertas pelos cosméticos. Por azar deles, Cupido — a novela que traria de volta o encanta- logo hoje dia de festa, ainda por cima estão cansa- mento dos anos 60. Para a avant-première dos dois dos, amarrotados. Mas cada um está o mais parecido primeiros capítulos, estávamos todos ali. possível com a sua imagem.Dão entrevistas sorriden- extia o ópio do povo tes, falam da alegria de viver os personagens que ao anúncios encaixados no horário nobre das novelas, longo dos próximos oito meses encantarão a vida da das 18 às 23 horas. Mas do que a Globo se orgu- telespectadora das 7, Ney Latorraca está o mais bo- lha mesmo é de que, com as novelas, apresenta 70, nito que conseguiu: um conjunto, calça e casaco, de por cento de programação nacional no horário no- veludocor de vinho, boina da mesma cor à Che Gue- bre. vara, com uma estrela dourada de cinco pontas na Uma verdadeira fábrica de sonhos. Cada nove- frente; e, para coroar a composição, faz-se acompa- la dessas pode custar, em média, 3 milhões de cru- nhar de Paula, moça linda com gestos de manequim, zeiros! E envolvem, todas elas, 1.300 pessoas — en- que se apresentava como sua noiva. O autor Mário tre técnicos, diretores e assistentes, extras, desenhis- Prata, recém-casado e em plena lua-de-mel, trouxe tas, astros e estrelas —, distribuídos em quatro "nú- toda a família e posa ao lado do diretor Regis Car- cleos", um para cada horário. Essa multidão de tra- doso, de Cely Campeio, de seu indefectível irmão balhadores se agrupa em torno de uma colméia, a Tony Campeio. Destoando da maioria dos artistas, Central Globo de Produções, instalada no Rio de Ja- quase todos juntos numa só roda, o ator Joel.Barce- neiro. los, bebendo sem parar, dá voltas pelo saguão, Diri- O "Núcleo das Novelas das 7 Horas", nesta se- ge-se a todas as rodinhas, faz gestos incompreensí- gunda-feira chuvosa, vive os dois momentos-chave veis, diz coisas desconexas, parece que está exerci- da fabricação das novelas. São 40 personagens fixos tando o personagem que vai encarnar — o louco Bel- nos bastidores, maquinistas, maquiadores, assisten- chior da história de Mário Prata. Os assessores de tes de produção, cenógrafos, contra-regras, eletricis- imprensa (vieram nada menos que oito do Rio) tam- tas, câmeras, dirigidos por Regis Cardoso e responsá- bém circulam, distribuindo o folheto Estúpido Cu- veis nesse momento por duas produções: os tumul- pido e um brinde aos convidados e jornalistas. Claro tuados últimos capítulos de Anjo Mau, terminando que um compacto com a gravação "Estúpido Cupi- entre brigas de alguns artistas com o diretor, acusa- do", versão cabocla de "Stupid Cupid" na voz de ções de "pieguice" e "estilo superado" vindas da im- Cely Campeio. O brinde não deixava dúvidas. Den- prensa, protestos do público contra a morte de Nice, tro de trinta dias, o Lp Estúpido Cupido da Som a babá que casou com o patrão, mas apesar de tudo Livre, selo exclusivo das trilhas sonoras de novelas terminando com 70 pontos de íbope — o que eqüi- da Globo, estaria entre os cinco mais vendidos. E o vale a uma platéia de 25 milhões de brasileiros; e, si- Brasil, jovem País com mais da metade da população multaneamente, o "Núcleo das 7" —junto com os menor de 18 anos, pareceria aos menos avisados um 28 artistas contratados para Estúpido Cupido — vem povo mergulhado numa onda de nostalgia precoce, gravando a toque de caixa cerca de 12 horas por dia. ao embalo do rock dos anos 60. Faltando dez dias para a estréia, mesmo trabalhando em ritmo selvagem nos estúdios da Cinédia, em Jaca- repaguá, e na cidade de Itaboraí, a 70 quilômetros de Niterói, o "Núcleo das 7" ainda não aprontou os Alimento para 25 A dez primeiros capítulos de Estúpido Cupido, que já milhões de piegas/\ deviam estar nas mãos da Censura.
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