O PROBLEMA DO DIAMANTE DO ALTO Paranafba

O PROBLEMA DO DIAMANTE DO ALTO Paranafba

o PROBLEMA DO DIAMANTE DO ALTO PARANAfBA, ESTADO DE MINAS GERAIS (1) Por YOCITERU HASUI (2) e FAUSTINO PENALVA (2) RESUl\IO mento os Rio da Prata, Santo Antonio, Abaete, Indaia, Borrachudo e outros. Os autor es r esumem 0 problema da origem do diamante do Alto Paranaiba, MG, e com bas e em Essa provincia produziu dezenas de gemas evldencias mineral6gicas, g eol6gicas e tectOnicas, apontam a possibilidade de ex istencia de intrusoes com mais de 100 quilates (ate 726 quilates) e quimberliticas neocretaceas. Discute-se resumida­ tern fornecido volume regular de pedras meno­ mente a aplicabilidade dos div ersos rnetodos de res, de excelente qualidade, tornando-se mere­ prospeccao de tais intrusces. cedora dos esrorcos atuais de prospeccao e lavra Um a nova abertura no problema da origem do diamante se encontra no Conglomerado Abaete, da sistematicas, em substituicao ao regime impro­ base do Grupe Areado, e e ela apres entad a. visado de garimpagem, Nesta nota, os Autores discutem a possibi­ ABSTRACT lidade de ocorrencia de intrusdes quimberliti­ cas no Alto Paranaiba e resumem os metodos In this paper, the Author s summarize the p ro­ de prospeccao aplicavets. bl em of diamond origin at Alto Paranaiba provin ce, in Minas Gerais State, and based on mineralogical, Agradecemos a Fundaeao de Arnparo a geologic and tectonic evidences they point out the Pesquisa do Estado de Sao Paulo pelo auxilio possibilities of existence of Neocretaceous ktm, concedido a urn dos autores (YH ) para estudos berlitic intrusions. A short discussion dealing geol6gicos no oeste mineiro. with the aplicabiJity of some prospection methods for its research is presented. A new outlet on the diamond origin at Alto HISTORICO Paranaiba is discussed, in relation with the Abaete Conglomerate (Areado Group, of Eocretaceous age). o diamante tern sido encontrado em alu­ vioes modernas, em terraces e em depositos re­ INTRODUC}AO siduais (rnonchoes e grupiaras), remobilizado da Formacao Uberaba. Em Romaria (Campos, Com a descoberta do diamante no Rio 1891; Hussak, 1891 ; Leonardos e Saldanha, Abaete em 1728 e os achados que se segutram, 1939; Hasui, 1967; Ferreira, 1968) e em Co­ delineou-se uma vasta provincia diamantifera romandel (Hasui, 1967 ; Maack, 1968), 0 dia ­ no Alto Paranaiba, de quase 100.000 kme, que mante ocorre na Formacao Uberaba, que e a abrange notadamente duas areas: sua matriz secundarla, Esta formacao, de idade neocretacea, e toda a regtao delimitada pelo Rio Paranaiba, constituida de uma sequencia, de ate 140 me­ a montante do Rio Bagagem, e pelo Rio tros de espessura, de rochas detriticas conglo­ Quebra-Anwl. Alern desses rios, ai se en­ meraticas, arenosas e de tipos Intermediaries, contram 0 Dourados, Douradinho, Santo com forte contribuicao de fragmentos de ro­ Inacio, Santo Antonio das Minas Verme­ chas igneas, principalmente de natureza basi- lhas, Santo Antonio do Bonito, Pedras, Perdizes, Misericordia e outros cursos me­ ( 1) Pesquisa realizada com auxllio da F undacao de nores; Arnparo a P esquisa do Esta do de Sao P au lo. (2) Do Departamento de Engenh aria de Minas dn os flancos setentrional e oriental da Serra Escola Politecnica da Universidade de Sao da Mata da Corda, onde tern desenvolvi- Paulo. 72 BOL. DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOLOGIA - V. 19, No I, 1970 ca ou ultrabasica, e de minerais delas prove­ dlamantes provsm da reglao de Tiros, aparen­ nientes (Hasui, 1968). l1J de origem fluvial e temente remobilizados da Formacao Uberaba, t~m arnpla distribulcao geografica, mas sob for­ No terce meridional da Serra, raros sao os ma de restos descontinuos e festonados, nas garimpos. A dificuldade que ai se salienta e regioes de Uberaba-Sacramento, Romaria-Es­ a inexistencia de abundante cascalho, isso trala do SuI, Chapadao do Ferro, Coromandel­ porque nem a Formacao Uberaba, nem os Gru­ Serra dos 6culos, Presidente Olegario, Campos pos Areado ou Bambui tern litologia para os Altos-Carmo do Paranaiba-Tiros, Serra do Ca­ gerar. pacete e, possivelmente, no alto do chapadao Na regiao de Coromandel, a sttuacao geo­ entre Patos de Minas e Silo Goncalo do Abaete. logica e analoga a de Patos de Minas (Hasui, Alem de dlamantifera, a rormacao contern, 1968). Os trabalhos de Boanova (op, cit.) nao ainda, platina (F. P. Boanova, in Relatorio encontraram quimberlitos e Guimaraes (1932) Annual do Director, Anno 1930 e Anno 1931). sugeriu como localtzacao provavel de antiga Essa forma de ocorrencia do diamante em charnine 0 Poco Verde, a norte da cidade, matrlz secundarla, desde longa data chamou a mas a magnetometria nao corrobora essa ideia atencao dos pesquisadores. Afora as Ideias de (,N. Ellert e Y. Hasui, dados ineditos). Derby (1898), Porcheron (1903) e Hussak Na regiao de Romaria, apenas Poreheron (1906), vinculando a origem do diamante a (1903) argumenta existirem evidencias de cha; chamines pr6ximas de Romaria (antlga Agua mine proximamente situada. Todavla, faltam Suja), as investiga~i5es se voltaram quase que estudos no chapadao de Rornaria-Irai-Celso s6 para a reglao de Patos de Minas. Bueno-Monte Carmelo. Em 1915, em dois trabalhos, Rimann apon­ Em 1956, Leonardos resumiu as ocorren­ tou a extstencla de quimberlitos na extremida­ cias de diamante no Alto Paranaiba e em 1959, de setentrional da Serra da Mata da Corda, analisando os esroreos desenvolvidos na Africa cortando arenitos (Grupo Areado) e cobertos e na Siberia, clamava por pesquisas sistema­ por derrames de perovskita-picrito porfiritico ticas de chamines quimberliticas tambem no (Forma~o Patos), Esses vulcanitos ja ha­ Brasil. viam side identificados por Hussak (1906 a) Em 1968, alguns resultados foram apresen­ dentre seixos coletados por Oliveira (1881) na tados no Slmposio sabre 0 Manto SuperIor. regiao de Chumbo. Em 1917, Rimann reafirma Barbosa, eonsiderando 0 tamanho das gemas a existencia de quimberlitos, no que foi seguido e os mlnerais satelttes, sugeriu como fontes por Maack (1926) e Freyberg (1932), que in­ prlmanas as chamlnes, tufos e basaltos alcall­ clusive supuseram ter localizado varias cha­ nos conhecidos no Alto Paranaiba, mas tats mines: ocorrencias nao forneceram ate hoje urn so aten~ao Todavia, Guimaraes, em 1927, reestudou 0 dlamante. Ferreira chama para os material de Rimann e analisou amostras da dlamantes octaedrlcos e para satelltes, suge­ regtao de Patos de Minas, mostrando que as rindo a exlstencia de chamlnes qulmberlltlcas, roehas ate entao deseritas e mapeadas nao posslvelmente de varias Idades e pelos menos eram quimberlitos, mas intermediarias, basicas uma eretaeea, relacionada com a Reativagao e ultrabaslcas de natureza alealina. 0 estudo Wealdeniana. desas roehas foi estendido por Barbosa (1936) Como se ve, a mantfestacao de Leonardos e Guimariles (1955), resultando numerosos ter­ em 1959 e ainda atuaI. Hoje, em 17 paises ou mos petrograficos daquelas familias de rochas, terrltorlos sao conheoldos enxames de eorpos interessando sobretudo aos componentes de ni­ qulmberltticos em boa parte dlamantiferos, en­ veis piroclasticos da Formacao Patos. Os der­ quanto no Brasil pesqulsas nesse sentido nao rames dessa formacao pareeem ser de ollvina­ foram ainda eneetadas eriteriosamente. basaltos porfiritieos e nlio de pierltos. Nenhum diamante fol eneontrado em tals rochas, em­ possmILlDADE DE EXIST£:CIA DE bora Oppenheim (1934) tenha a elas fillado INTRUSOES QUThmERLlTICAS nao s6 0 diamante como a platina das aluvoes A existencia de intrus5es quimberliticas e do Rio Abaete. Deseendo este rio da Serra da atualmente admitida no Alto Paranaiba a luz Mata da Corda, e possivel que a filia~iio do de elementos esparsos ou por intui«;§.o. Toda­ dlamante e da platina esteja relaeionada com Via, muitos dados geo16gicos, mineral6gicos e a Formagao Uberaba. tectonicos foram oonseguidos nos ultimos anos Sabre a parte media da Serra da Mata da no Alto Paranaiba e, permltem, ja, ponderar Corda, nenhuma referencia existe, mas alguns a possibilidade de existencia de tais intrus5es. Y. HASUI e F. PENALVA - 0 problema do diamante do Alto... 73 Lembramos que as Intrusoes quimberliticas po­ Magmatismo neocretaceo dem ser chamines, diatremas, sills, diques e veios. Equivalente extrusivo do quimberlito Na Africa e na Siberia, as intrusoes quim­ tern sido reconhecido na Uniao Sovietica berUticas aparecem em areas onde se deram (meimechito). outras manifestacoes eruptivas contemporaneas, ultrabasicas e basicas de natureza alcalina, com Tamanho e morfologia dos diamantes termos petrograficos que incluem carbonatito (Bardet, 1965). Alem da associaeao no espa­ Nao ha entre n6s registro de caracteris­ QO, no tempo e no mesmo ambiente tectonico, ticas fisicas, como forma e tamanho das pedras tambem evidencias petrol6gicas e experlmen­ garimpadas, naturalmente devido ao pr6prio tais tern constituido suporte para as modernas regime improvisado de exploracao, S6 as pedras ideias de relacao petrogenetica entre quimber­ maiores mereceram estudos descritivos, como as litos, carbonatitos e complexos baslco-ultraba­ de Leonardos e Saldanha (1939) e Reis (1959). sicos alcalinos (Dawson, 1967 e 1967 a; Ecker­ Leite (1969) realizou 0 primeiro estudo de mann, 1967; Davidson, 1967; Kennedy e Nord­ formas, valendo-se de mais de duas centenas lie, 1968; Wyllie, 1969). de amostras. Verificou que rombododeeaedros No oeste mineiro, desde longa data sao co­ sao mais comuns, seguindo-se octaedros, dos nhecidas as chamines de Tapira (Alves, 1960), quais exemplares perfeitos sao citados por Sal­ Araxa (Guimaraes, 1957), Serra Negra (Cam­ danha ('1941) e Ferreira (1968). Cubos sao pos, 1939; Guimaraes e Sad, 1966) e Salitre raros. Geralmente as faces sao curvas e irre­ (Guimaraes e Sad, op. cit .). Carbonatitos pa­ gulares, e form as combinadas e geminadas sao recem ocorrer em Tapira e Araxa, enquanto comuns. Tambem s6lidos de clivagem e formas em Serra Negra sao conhecidas ultramaficas e irregulares aparecem, em Salitre, rochas intermedlarias. As dtmensoes avantajadas de dezenas de Recentemente, nova chamine fol assinalada gemas e a forma poliedrica perfelta de algumas em Pantano pela equipe da Prospec, constitui­ sao sugestlvas de derlvacao em primeiro cicIo, da de basalto alcalino.

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