MEMÓRIAS, VIOLÊNCIAS E INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA COM POVOS INDÍGENAS Contribuições teóricas, metodológicas, éticas e políticas ao fazer etnográfico Ricardo Verdum | Ana Margarita Ramos Organizadores © Ricardo Verdum e Ana Margarita Ramos/E‑papers Serviços Editoriais Ltda., 2020. Todos os direitos reservados a Ricardo Verdum e Ana Margarita Ramos/E‑papers Serviços Editoriais Ltda. É proibida a reprodução ou transmissão desta obra, ou parte dela, por qualquer meio, sem a prévia autorização dos editores. Impresso no Brasil. ISBN 978‑65‑87065‑06‑9 DOI 10.48207/9786587065069 Revisão Nancy Soares Diagramação e Capa Michelly Batista FINANCIAMENTO Este livro foi integralmente financiado com recursos do projeto “Efeitos sociais das políticas públicas sobre os povos indígenas. Brasil, 2003‑2018. Desenvolvimentismo, participação social, desconstrução de direitos, e violência”, financiado pela Fundação Ford (Doação nº 0150‑1310‑0), desenvolvido no Lab‑ oratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento (Laced) / Departamento de Antropologia / Museu Nacional – Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob a coordenação de Antonio Carlos de Souza Lima. Disponível no site da Editora E‑papers http://www.e-papers.com.br Avenida das Américas, 3.200 bloco 1 sala 138 Barra da Tijuca – Rio de Janeiro – Brasil CEP 22.640‑102 CIP‑Brasil. Catalogação na fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ M487 Memórias, violências e investigação colaborativa com povos indígenas : contribuições teóricas, metodológicas, éticas e políticas ao fazer etnográfico / [Myriam Jimeno ... [et al.]] ; organização Ricardo Verdum, Ana Margarita Ramos. ‑ 1. ed. ‑ Rio de Janeiro : E‑papers ; Brasília [DF] : ABA Publicações, 2020. 350 p. ; 23 cm. Inclui bibliografia ISBN 978‑65‑87065‑06‑9 1. Violência ‑ América Latina. 2. Violência ‑ Aspectos sociais. 3. Violência política. 4. Violência ‑ Sociologia. I. Jimeno, Myriam. II. Verdum, Ricardo. III. Ramos, Ana Margarita. 20‑67636 CDD: 303.6098 CDU: 323.285(8) Camila Donis Hartmann ‑ Bibliotecária ‑ CRB‑7/6472 MEMÓRIAS, VIOLÊNCIAS E INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA COM POVOS INDÍGENAS Contribuições teóricas, metodológicas, éticas e políticas ao fazer etnográfico Ricardo Verdum | Ana Margarita Ramos Organizadores Apoio Rio de Janeiro, 2020 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO REITORA Denise Pires de Carvalho VICE-REITOR: Carlos Frederico Leão Rocha MUSEU NACIONAL DIRETOR Alexander Kellner DEPARTAMENTO DE ANTROPOLOGIA CHEFE Tania Clemente de Souza PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA SOCIAL COORDENADOR Federico Neiburg LABORATÓRIO DE PESQUISAS EM ETNICIDADE, CULTURA E DESENVOLVIMENTO (LACED) COORDENADORES Antonio Carlos de Souza Lima João Pacheco de Oliveira EXERCÍCIO 2019/2020 CONSELHO EDITORIAL COMISSÃO DE PROJETO EDITORIAL Andrea Zhouri (UFMG) COORDENADORA Antonio Augusto Arantes Neto (Unicamp) Laura Moutinho (USP) Carla Costa Teixeira (UnB) VICE-COORDENADOR Carlos Guilherme Octaviano do Valle (UFRN) Igor José de Renó Machado (UFSCar) Cristiana Bastos (ICS/Universidade de Lisboa) Cynthia Andersen Sarti (Unifesp) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA Fabio Mura (UFPB) PRESIDENTE Jorge Eremites de Oliveira (UFPel) Maria Filomena Gregori (UNICAMP) Maria Luiza Garnelo Pereira (Fiocruz/AM) VICE-PRESIDENTE María Gabriela Lugones (Córdoba/Argentina) Sérgio Luís Carrara (UERJ) Maristela de Paula Andrade (UFMA) SECRETÁRIA GERAL Mónica Lourdes Franch Gutiérrez (UFPB) Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ) Patrícia Melo Sampaio (UFAM) SECRETÁRIO ADJUNTO Ruben George Oliven (UFRGS) Luiz Eduardo de Lacerda Abreu (UnB) Wilson Trajano Filho (UnB) TESOUREIRO João Miguel Manzolillo Sautchuk (UnB) ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA TESOUREIRA ADJUNTA PRESIDENTE Izabela Maria Tamaso (UFG) Lia Zanotta Machado (UnB) DIRETORES/AS VICE-PRESIDENTE Angela Mercedes Facundo Navia (UFRN) Antonio Carlos Motta de Lima (UFPE) Manuela Souza Siqueira Cordeiro (UFRR) SECRETÁRIO GERA Patrice Schuch (UFRGS) Cristhian Teófilo da Silva (CEPPAC/UnB) Patricia Silva Osorio (UFMT) SECRETÁRIA ADJUNTA Eliane Cantarino O’Dwyer (UFF) TESOUREIRA GERAL EXERCÍCIO 2017/2018 Carlos Alexandre Barboza Plínio dos Santos (DAN/UnB) COMISSÃO DE PROJETO EDITORIAL TESOUREIRA ADJUNTA COORDENADOR Rozeli Maria Porto (UFRN) Antônio Motta (UFPE) DIRETORES/AS VICE-COORDENADORAS Claudia Turra Magni (UFPEL) Jane Felipe Beltrão (UFPA) Fabio Mura (UFPB) Patrice Schuch (UFRGS) Lorenzo Macagno (UFPR) Thereza Cristina Cardoso Menezes (UFRRJ) Regina Facchini (Unicamp) SUMÁRIO MEMÓRIAS, VIOLÊNCIAS E INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA 7 Ana Margarita Ramos | Ricardo Verdum GUERRA, ANTROPOLOGÍA Y CONCIENCIA SOCIAL EN COLOMBIA 57 Myriam Jimeno ANTROPOLOGIA JURÍDICA FEMINISTA, MEMÓRIAS E RESISTÊNCIAS: REFLEXÕES DA PESQUISA ATIVISTA COM MULHERES INDÍGENAS 71 Rosalva Aída Hernández Castillo NARRATIVAS DE VIOLENCIA Y TRANSFORMACIÓN DE MUJERES INDÍGENAS UITOTO EN BOGOTÁ 107 Juana Valentina Nieto Moreno | Esther Jean Langdon IMAGINANDO CIÊNCIAS SOCIAIS LATINO-AMERICANAS DO SUL GLOBAL: ORLANDO FALS BORDA E A PESQUISA-AÇÃO PARTICIPATIVA 145 Jafte Dilean Robles Lomeli | Joanne Rappaport SILENCIOS, ETNOGRAFÍA COLABORATIVA Y REEMERGENCIA CHARRÚA EN URUGUAY 177 Mariela Eva Rodríguez | Ana Maria Magalhães de Carvalho Mónica Michelena | Martín Delgado Cultelli ECOLOGIA POLÍTICA DA BORRACHA, AVIAMENTO E VIOLÊNCIA NO NOROESTE AMAZÔNICO 217 Márcio Meira PRÁCTICAS DE REARTICULACIÓN DE SABERES, PERTENENCIAS Y MEMORIAS DESDE RECUERDOS DIFERIDOS 261 Claudia Briones O PÊNDULO GUARANI: TERRITÓRIO, MEMÓRIA E HISTÓRIA NO TEKOHA APYKA’I 303 Bruno Martins Morais LA MEMORIA ENACTIVA, LAS ALIANZAS Y LA INTOLERANCIA POLÍTICA 327 Ana Margarita Ramos SOBRE AUTORES E AUTORAS 345 http://doi.org/10.48207/9786587065069.7‑56 MEMÓRIAS, VIOLÊNCIAS E INVESTIGAÇÃO COLABORATIVA Ana Margarita Ramos Ricardo Verdum O caminho que nos levou até este livro vem sendo trilhado faz alguns anos. Transitando por distintos territórios, nossos caminhos se cru- zaram pela primeira vez no processo de preparação de uma coletânea sobre autodeterminação, autonomia territorial e acesso à justiça de povos indígenas na América Latina. Em tempos mais recentes, na orga- nização de um dossiê temático para uma revista dedicada ao tema do acesso à justiça e direitos nas Américas, e na coordenação de um sim- pósio no 3º Congresso Internacional Povos Indígenas da América Latina (CIPIAL).1 Neste livro, pretendemos dar mais um passo nesta caminhada cola- borativa de reflexão sobre memória. Reunir pesquisadores que, a partir do seu trabalho de investigações, aprofundassem a discussão e trou- xessem relevantes contribuições teóricas, metodológicas e éticas para o estudo de processos socioculturais com pessoas e comunidades vivendo em contextos de violência e terror ou que foram afetadas por ações de violência política na América Latina. Na sua organização, partimos de duas premissas principais. A primeira é que a memória (seja ela social, coletiva, histórica ou individual) é um campo de disputas sociopolíti- cas. Um campo onde o recordar, o falar, o silenciar e o esquecer estão sujeitos às micropolíticas da vida cotidiana e aos limites estabelecidos por poderes constituídos em diferentes escalas e âmbitos, agindo de maneira sutil ou enérgica. Daí por que falar de lembranças e esqueci- mentos impostos e em processos de domesticação do lembrar (BRIO- NES, 1994; VERDUM, 1994; RAMOS, 2011). A segundo premissa é que as investigações com memórias têm se mostrado um importante meio de promoção de direitos, de construção 1 A coletânea organizada por Ricardo Verdum e Edviges M. Ioris (UFSC) foi publicada em 2017; o dossiê organizado por Ricardo Verdum e Ana Margarita Ramos foi publicado na Revista Abya Yala (UnB) em 2018; e o simpósio teve lugar em Brasília em julho de 2019. http://doi.org/10.48207/9786587065069.7-56 7 e reestabelecimento de capacidades de agência individual e/ou coletiva e acesso à justiça, beneficiando particularmente os setores da popu- lação em situação de exclusão política e de discriminação social, eco- nômica, étnica e racial. Aqui estão incluídos, dentre outros, os setores sociais explorados, humilhados, desterrados e reprimidos por grupos sociais que constituíram e que controlam, em seu benefício, os apara- tos de poder estatal e/ou paraestatal. Inclui também os indivíduos e as comunidades afetadas por conflitos armados desencadeados no inte- rior dos Estados nacionais ou em decorrência de disputas entre Esta- dos por território e recursos naturais; e os sobreviventes de processo de massacre ou violência de grande magnitude (STAVENHAGEN, 1996; JELIN, 2002; DEGREGORI, 2003; WITTMANN, 2007; CRESPO, 2014; ULFE; PEREYRA CHÁVEZ, 2015; JIMENO, VARELA; CASTILLO, 2015; CRUZ, 2018; DELRIO et al., 2018). Outra qualidade que nos esforçamos por reunir neste livro foi a atitude de colaboração e comprometimento intelectual, afetivo e polí- tico das pesquisadoras e dos pesquisadores com os seus interlocutores e interlocutoras. Isto por entender que na ausência desta atitudetanto o esforço investigativo como a compreensão gerada no empreendimento antropológico correm sérios riscos de não alcançarem níveis aceitáveis de validade (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1993; LEYVA et al., 2015). Por fim, deixamos aqui registrado os nossos agradecimentos aos autores e às autoras dos capítulos que integram este livro, que pron- tamente se incorporaram ao projeto de torná-lo possível e a ele dedi- caram sua experiência e capacidade sentipensante. Também a todas as demais pessoas que de diferentes maneiras viabilizaram esta realização, em especial os professores e colegas Antonio
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