Art. 217. É Dever Do Estado

Art. 217. É Dever Do Estado

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA 17ª VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL Processo nº 0043488-07.2017.8.19.0001 Constituição federal: Art. 217. É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um, observados: I - a autonomia das entidades desportivas dirigentes e associações, quanto a sua organização e funcionamento; (grifamos) CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE DESPORTOS AQUÁTICOS – CBDA, associação civil de natureza desportiva, sem fins lucrativos, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 29.980.273/0001-21, sediada nesta Cidade, na Avenida Presidente Vargas, 463, 7º andar, Centro, CEP: 20.071- 00, por meio de seu Presidente COARACY GENTIL MONTEIRO NUNES FILHO, brasileiro, casado, advogado, inscrito no CPF/MF sob o nº 031.405.127- 91, com endereço na Rua João Lira, 71, apartamento 202, Leblon, Rio de Janeiro – RJ, CEP: 22430-210, nos autos da Ação Declaratória em epígrafe, movida por CAMILA PEDROSA FREIRE e OUTROS, vem, por seus advogados (doc. 01), apresentar CONTESTAÇÃO pelos fatos e fundamentos que passa a expor. I – DO CARÁTER OPORTUNISTA E ELEITOREIRO DA PRESENTE DEMANDA. 1. Na presente demanda os Autores visam anular artigos do Estatuto de uma associação desportiva de natureza privada, aprovado desde 02 de dezembro de 2014, por unanimidade das 27 Federações Estaduais filiadas à CBDA (inclusive pelas Federações das quais são filiados)! 2. Ao contrário do que tentam transparecer os Autores, não se trata de uma simples demanda na qual três inocentes atletas buscam representatividade em Comissão Técnica da CBDA, mas sim de medida de caráter meramente eleitoreiro onde os Autores buscam na realidade assegurar um voto para a Chapa Federação Paulista/Pernambucana nas eleições da CBDA em 18.03.17. 3. Com efeito, as aludidas eleições estão sendo disputadas entre a Chapa Federação Baiana/Santa Catarina (que apresentaram o apoio inicial de 11 Federações; doc. 2) e a Chapa Federação Paulista/Pernambucana (que apresentaram o apoio inicial de 7 Federações; doc.2). 4. Por ter a minoria dos votos, a Chapa Federação Paulista/Pernambucana vem se valendo de toda a sorte de manobras políticas/judiciais para tentar alterar o referido quadro eleitoral, fazendo desde absurdas acusações contra a CBDA, como promovendo ilegalmente antecipações de eleições de Federações Estaduais tudo para tentar assim alterar os votos que hoje lhes são desfavoráveis. 5. Como as Federações Paulista e Pernambucana não poderiam pleitear a anulação de Estatuto da CBDA que as próprias aprovaram desde 2014 (venire contra factum proprium), a Chapa São Paulo/Pernambuco maliciosamente utiliza agora como instrumento de manobra nesta demanda dois atletas Paulistas e uma atleta Pernambucana (Sra. Joana Maranhão; https://pt.wikipedia.org/wiki/Joanna_Maranhão). 6. Entretanto, é a própria petição inicial quem “entrega” a real intenção por trás do pleito autoral ao mencionar “manobra política” (fls. 16), “poder de voto em Assembleias Eletivas” (fls. 17) e formular pedidos de suspensão das eleições da Diretoria e Conselho Fiscal da CBDA (fls. 37). Não se trata, portanto, de uma inocente demanda de atletas por representatividade, mas sim de ação evidentemente de cunho eleitoral, onde a Chapa atualmente com a minoria de votos busca obter na Justiça aquilo que não consegue alcançar nas urnas. 7. Como se verá adiante, os Autores maliciosamente criam uma confusão sobre a interpretação do artigo 23 da Lei 9.615 de 1998 (confundindo-o com o artigo 18-A), oportunistamente bazofiam acusações desassociadas com o objeto da demanda e já afastadas pelo E. Tribunal Regional Federal da Terceira Região – TRF3, tudo para tentar disfarçar seus mesquinhos interesses eleitorais. II – PRELIMINARMENTE: DO LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. DO DESLOCAMENTO DE COMPETÊNCIA. 8. Em primeiro lugar, salta aos olhos a necessidade de se determinar a emenda à inicial para que todas as partes cujas esferas jurídicas serão efetivamente afetadas pelas decisões a serem proferidas nestes autos possam compor presente a lide, sob pena de nulidade. 9. Isto porque, conforme se extrai dos pedidos às fls. 37, itens nos 1 e 4, os autores requerem seja declarada a nulidade da nomeação da Comissão de Atletas, convocando-se novas eleições para sua constituição. 10. Ora, uma vez que a referida Comissão já foi eleita (fls. 161 e 162), impõe-se a necessária citação de todos os seus 5 atletas membros para que possam compor a presente lide, eis que logicamente a pretensão ora deduzida pelos autores também lhes diz respeito e tem impacto direto em suas esferas jurídicas. 11. Na medida em que os cinco atletas nomeados pela CBDA já conquistaram o direito de compor a Comissão de Atletas, e que o Presidente da Comissão adquiriu o direito de voto nas Assembleias da CBDA, nos termos do art. 53, §1°, do Estatuto da entidade, não se pode cogitar a retirada dos referidos direitos à revelia de seus titulares! 12. Uma vez que os atletas Thiago Pereira, Hugo Parisi, Maria Clara Lobo, João Felipe Lemgruber Coelho e Ana Marcela Cunha (todos atletas exponenciais e de seleção brasileira) são titulares do direito que os autores pretendem ver anulado, logicamente possuem interesse jurídico imediato em defendê-lo, motivo pelo qual devem também compor o polo passivo da presente lide, nos termos do art. 114, do CPC. 13. Tal tese encontra supedâneo nos entendimentos do E. Supremo Tribunal Federal, conforme ensina Nelson Nery Junior: “Influência na esfera jurídica. Há litisconsórcio necessário quando a decisão da causa puder afetar diretamente a esfera jurídica do terceiro, caso em que deverá ser necessariamente citado, se a lei expressamente não estabelecer a facultatividade litisconsorcial (STF – RT 594/248).” (Código de Processo Civil comentado, 16ª edição. São Paulo: RT, 2016, p. 572-573, grifamos.) 14. Veja-se também a lição de Teresa Arruda Alvim Wambier: “Esta última classificação decorre de critério ligado à sorte que terão os litigantes no direito material. Quando o juiz não pode decidir de modo diferente para os litisconsortes, porque se trata de uma única relação jurídica, o litisconsórcio é unitário. Assim, por exemplo, anulado o contrato, esta anulação atingiria do mesmo modo, inexoravelmente, todos os contratantes (e por isso o litisconsórcio é unitário) que, por isso, deverão todos ser provocados para estar no processo (e por isso o litisconsórcio é necessário). Este exemplo revela com clareza o que é o litisconsórcio necessário porque unitário: pela natureza da relação jurídica controvertida. O fato de se tratar, no exemplo dado acima, de uma ação em que se discute sobre a validade de um contrato, revela a circunstância de se tratar de uma relação jurídica uma que não dá ao juiz outra opção senão a de decidir de modo idêntico para todas as partes: ou o contrato é nulo ou não é.” (... [et al.]. Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil, artigo por artigo. São Paulo: RT, 2015, p. 208-209, grifamos) 15. Ora, tal conclusão é perfeitamente aplicável ao presente caso, no qual se pretende ver anulada a nomeação dos cinco atletas acima para que possam compor a Comissão de Atletas. Uma vez que eventual decisão de anulação da referida nomeação inexoravelmente impactará suas esferas jurídicas, devem todos ser necessariamente incluídos ao polo passivo da presente demanda, a fim de que possam defender seus legítimos interesses. 16. Além disso, deve também o Ministério do Esporte ser incluído no polo passivo da presente demanda, na medida em que se questiona a legalidade de ato por ele praticado. Explica-se. 17. Os arts. 18 e 18-A da Lei 9.615/98 preveem uma série de requisitos a serem cumpridos pelas entidades que compõem o Sistema Nacional de Desporto e que recebam recursos da Administração Pública Federal, como é o caso da ré, dentre os quais a garantia de representatividade dos atletas. 18. Segundo o art. 18-A, §2º da referida lei, é de responsabilidade do Ministério do Esporte a verificação do cumprimento das exigências legais por parte das entidades desportivas. 19. O vigente Estatuto da CBDA, que contém as normas combatidas pelos autores, foi devidamente aprovado pelo Ministério do Esporte, eis que em total consonância com os dispositivos legais pertinentes (doc. 3). 20. Desta forma, uma vez que se pretende ver anulados artigos do Estatuto avalizados pelo Ministério do Esporte, deve ele também compor o polo passivo da lide, eis que tem interesse em defender a legalidade e acerto de sua atuação. 21. Uma vez incluído o Ministério do Esporte no polo passivo da presente demanda, a competência será automaticamente deslocada para a Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, CF/88, eis que os Ministérios são órgãos da União. 22. Assim, impõe-se seja determinada a emenda à inicial para inclusão de Thiago Pereira, Hugo Parisi, Maria Clara Lobo, João Felipe Lemgruber Coelho e Ana Marcela Cunha ao polo passivo da presente demanda, além do Ministério do Esporte, com o consequente declínio de competência para uma das Varas Federais da Seção Judiciária do Rio de Janeiro. III – DO REPÚDIO ÀS IRRESPONSÁVEIS ACUSAÇÕES FEITAS PELOS AUTORES E/OU SEUS PATRONOS. DAS MEDIDAS CÍVEIS E CRIMINAIS QUE SERÃO ADOTADAS CONTRA OS MESMOS. 23. Certamente na tentativa de influenciar V.Exa. (como se isso fosse possível), os autores e/ou seus patronos destilam veneno, fazendo violentas acusações contra a CBDA tais como: “é protagonista de diversos escândalos de corrupção” (fls.5), “para que a chapa apoiada pela atual diretoria se perpetue no poder e dê seguimentos às suas práticas ilícitas (sic!)” (fls. 5), “fraudar o processo eleitoral da entidade” (fls.6), “fraude na criação de órgão que representará milhares de atletas”(fls.6), “práticas antidemocráticas e ilegais”(fls. 13). 24. Deve ser esclarecido que a atual diretoria da CBDA sequer concorre nas eleições, portanto as acusações chegam a ser ridículas e contraditórias. Afinal, como poderia uma chapa (que nunca esteve no poder) se perpetuar no poder e dar seguimento a práticas ilícitas? Mas as acusações ofendem a honra da atual diretoria da CBDA e a imagem da entidade, sendo, em teses, difamatórias e caluniantes.

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