MASARYKOVA UNIVERZITA FILOSOFICKÁ FAKULTA ÚSTAV ROMÁNSKÝCH JAZYKŮ A LITERATUR Bakalářská diplomová práce BRNO 2010 Adriana Hrutková FILOSOFICKÁ FAKULTA MASARYKOVY UNIVERZITY ÚSTAV ROMANSKÝCH JAZYKŮ A LITERATUR Portugalský jazyk a litaratura AS ORGANIZAÇÕES FEMININAS DO ESTADO NOVO Bakalářská diplomová práce Adriana Hrutková Brno 2010 Vedoucí práce: Mgr. Maria de Fátima Néry-Plch Čestné prohlášení Čestně prohlašuji, že jsem bakalářskou diplomovou práci vypracovala samostatně s využitím uvedených pramenů a literatury. V Brně dne 1.května 2010 Adriana Hrutková Na tomto místě bych chtěla poděkovat vedoucí své bakalářské diplomové práce, Mgr. Fátimě Néry-Plch za připomínky, cenné rady , trpělivost a čas, který mi věnovala. ÍNDICE: 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................6 2. O RETRATO DA MULHER DURANTE O SALAZARISMO............................7 2.1. A mulher no Estado Novo.........................................................................7 2.2. A Família: o núcleo da sociedade…………………………………………..9 2.3. O trabalho feminino ………………………………………………………….12 2.4. O voto feminine……………………………………………………………….14 2.5. Crimes femininos …………………………………………………………….15 3. AS ORGANIZAÇÕES FEMININAS DO ESTADO NOVO.............................17 3.1. A reforma do sistema educativo…………………….……………………...17 3.2. A criação das organizações estatais……………………………………....17 3.3. As influências externas……………………………………………………...19 4. A OBRA DAS MÃES PARA A EDUCAÇÃO NACIONAL.............................21 4.1. A História da OMEN e as dirigentes principais..………………………..…21 4.2. Os objectivos iniciais da OMEN…………………………………………….23 4.3. A Actuação da OMEN….………………………………………………..…..24 4.3.1. A viragem da OMEN para o meio rural………………………….....26 5. A MOCIDADE PORTUGUESA FEMININA...................................................28 5.1. Criação da MPF e os objectivos principais…………………………….....28 5.2. Actividades da Mocidade Portuguesa Feminina………………………....30 5.2.1. Actuação no meio escolar…………………………………………..30 5.2.2. Propaganda nacional, mobilização e enquadramento das..........32 jovens 5.2.3. As publicações da MPF e transmissão de valores e...................35 comportamentos 5.3. Epílogo………………………………………………………………………..37 6. A CONCLUSÃO…………………………………………………………………..39 7.BIBLIOGRAFIA……………………………………………………………...........40 1.INTRODUÇÃO O trabalho de baharelato será dedicado às organizações femininas do Estado Novo. Escolhemos este tema por considerarmos o período do Estado Novo como uma das épocas mais interessantes da história de Portugal. O presente trabalho tem como objectivo aproximar a situação da mulher durante o Salazarismo , através da caracterização da política do Estado Novo com o objectivo de criar uma mulher “nova“, e educar as jovens enquadrando-as em organizações femininas. Podemos dividir o trabalho em quatro capítulos principais. No primeiro capítulo descreveremos o retrato da mulher no Estado Novo , acercamos brevemente a ideologia de Salazar e nos subcapítulos falaremos sobre a família que representava o núcleo da sociedade, onde a mulher deveria desempenhar o seu papel principal , veremos a opinião de Salazar para o trabalho feminino e a evolução do trabalho das mulheres ao longo do Estado Novo. Nos últimos dois subcapítulos mencionaremos por que razão permitiu Salazar o sufrágio às mulheres e referimos o que era considerado crime feminino. No segundo capítulo falaremos sobre a criação das duas organizações femininas estatais- a Obra das Mães para a Educação Nacional (OMEN) e Mocidade Portuguesa Feminina (MPF), criadas com o objectivo de enquadrar e reeducar as mães e educar as raparigas, veremos os seus antecendentes e influências dos países estrangeiros. No terceiro capítulo orientar-nos-emos para a Obra das Mães para a Educação Nacional, mencionando os objectivos principais, os dirigentes e o campo da sua actuação durante a sua longa existência. O último capítulo será dedicado à Mocidade Portuguesa Feminina, aos seus objectivos, à actuação no meio escolar como fora dele, no último caso mencionaremos as publicações da MPF, que tiveram uma grande importância para transmissão dos valores e comportamentos. 6 2. O RETRATO DA MULHER DURANTE O SALAZARISMO 2.1. A mulher no Estado Novo Para acercar resumidamente a ideologia do Estado Novo1 podemos mencionar um lema que caracteriza este regime: “Deus, Pátria, Família“2 António de Oliveira Salazar recusava o individualismo e a sociedade moderna liberal, propagou os valores tradicionais, a vida no campo e a família como o fundamento da sociedade portuguesa. A política educativa de Salazar baseou-se no catolicismo e no nacionalismo, através da reeducação intentou criar o “homem novo“. No regime de Salazar as leis relativas aos direitos da mulher, à sua situação na sociedade, na família e no trabalho basearam-se na Constituição de 1933. Durante a época do Estado Novo, continuou a vigorar o Código Civil napoleónico de 1867, conhecido como o Código de Seabra. Este Código discriminava a mulher em razão do sexo e regulou a situação da mulher no seio familiar. Segundo o Código de Seabra “a mulher casada devia residir no domicílio do marido, prestar-lhe obediência e acompanhá-lo por todo o lado, excepto para o estrangeiro.“3 Os direitos da mulher casada foram submetidos ao marido, a mulher não podia viajar para fora do país, nem administrar os bens do casal (excepto se o marido estivesse ausente), e não podia trabalhar sem autorização do marido. 1 Estado Novo (1933-1974) - o regime político autoritário e corporativista, chamado também salazarismo, según o seu fundador e líder António de Oliveira Salazar, governou até 1968, foi substituido pelo Marcello Cetano(1968-1974). 2 Medina João, História de Portugal, Amadora, Edita Ediclube, 2004 3 Pimental, Irene Flunser, História das Organizações Femininas do Estado Novo, Lisboa, Temas e Debates, 2001, p.33 7 No regime antecedente da I República foram atenuadas algumas normas que subjugavam as mulheres casadas aos maridos e foram anuladas certas diferenciações jurídicas consoante o sexo. Embora o Código tenha sofrido certas mudanças benéficas para as mulheres, os traços discricionários do texto de 1867 voltaram em força com o Código do Processo Civil de 1939.4 O Código reintroduziu o poder ao cônjuge possibilitando-lhe requisitar a “entrega“ e “depósito“ judicial da sua mulher. Assim, o homem podia em caso de saída da sua esposa da casa familiar, requerer judicialmente que ela fosse compulsivamente “depositada “ em casa. Em 1967 entrou em vigor o novo Código Civil, que anulou “a entrega e o depósito judicial da mulher casada“, mas continuando a prevalecer a autoridade masculina.5 Durante o período do governo de Marcello Caetano uma lei de 1968 estableceu a igualdade de direitos políticos do homem e da mulher. Em 1969 a lei permitiu que a mulher casada pudesse ultrapassar as fronteiras sem licença do marido e foi introduzida a norma “para trabalho igual, salário igual.“6 4 Pimental , Irene Flunser, História das Organizações Femininas do Estado Novo, Lisboa, Temas e Debates, 2001 5 http://www.caminhosdamemoria.wordpress.com/2008/07/07/a-situacao-das-mulheres- no-seculo-xx-em-portugal-1/ 6 http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Hist_mulheres_em_portugal.htm 8 2.2. A Família: o núcleo da sociedade Salazar não via as mulheres e os homens como indivíduos mas como membros da família, o núcleo primário do Estado Novo. Nesta citação Salazar explica a importância da família: “A mulher casada, como o homem casado, é uma coluna da família, base indispensável de uma obra de reconstrução moral. Aí nasce o homem, aí se educam as gerações...Quando a família se desfaz, desfaz-se a casa, desfaz-se o lar...Esta é a origem necessária da vida, fonte de riquezas morais, estímulo dos esforços do homem na luta pelo pão de cada día.“7 A Constituição de 1933 estabeleceu o princípio da igualdade entre cidadãos, mas só formalmente. Embora Salazar tivesse negado o privilégio do sexo, na prática não tinha grande validade. O regime do Estado Novo atribuiu papéis diferentes aos homens e às mulheres. Partindo das ideias tradicionais do catolicismo onde a mulher se situa do lado da natureza e o homem do lado da cultura. Salazar defendia a ideologia fundada na diferença natural dos sexos segundo a qual a natureza decidiu que a mulher e o homem não dispoem da mesma força física. A Igreja Católica repetia esta opinião nas encíclicas Rerum Novarum (1891) e Quadragesimo anno (1931), que a natureza determinou as mulheres a serem mães e ficarem em casa com os filhos.8 “Em nome de um factor biológico - a natureza e de um factor 9 ideológico - o bem da família, as mulheres seriam discriminadas.“ 7 Pimental , Irene Flunser, História das Organizações Femininas do Estado Novo, Lisboa, Temas e Debates, 2001, p 26-27 8 http://www.penelope.ics.ul.pt/indices/penelope_17/17_07_CovaPinto.pdf 9http://www.caminhosdamemoria.wordpress.com/2008/07/07/a-situacao-das-mulheres- no-seculo-xx-em-portugal-1/ 9 As mulheres tinham que desempenhar vários papéis no seio da família: esposa e mãe, dona-de-casa e garante da moral. A missão da mulher era ocupar-se do lar , fazer tarefas domésticas, educar os filhos (mas não tinha os mesmos direitos como o marido, a palavra principal tinha sempre o pai) e, sobretudo, criar um ambiente harmónico no interior do lar. O corpo feminino é representado como um corpo santo, as mulheres tinham de estar disponíveis e devotar a sua existência aos outros. A mulher não podia olhar sobre si própria, devia aprender a abnegação, a paciência e a entrega. No regime ditatorial
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