ANNO X NUMERO 235 \ ÂÂRTE MUSICAL REDACÇÃO E ADMINISTRAÇÃO Praça dos 'R,_estaurado1·es, 43 a 49 LISBOA A ARTE MCSICAL Publicação quinzenal de musica e theatros LISBOA f Az~mos J)A;cer cAbello A05 CAivos e bubA AOS ;em ~HA ~m 20 A 24 diAs. O preço para o lVlOOTeY é de 2$515 réi~ por porção (uma porção chega períeitamente). Mootcy Depôt Ditmar Koelstr, 3, Hamburgo, 164. Deposito em Lisboa: 1 DJl?>:PO~rVEh 1 A ARTE MUSICAL Publicação quinzen al de musica e theatros LISBOA Augusto d' Aquino Rua dos Cor1·eeiros, 92 Agencia Internacional de Expedições Com serviços combinados para a importação de generos estrangeiros SUCCURSAL DA CASA Carl Lassen, Asia haus IIa1nburg·o, 8 Anvers - Joseph Spiero - 51, r11e lVaghemakere Havre - Langstaff. Ehrenberg & Pollak -67, Grand Quai . \ Paris - LangstafI Ehrenberg & Pollak - 12, 14, rue d' E11gl11en AGENTES EM · · (l L ondres-Langst~ff, Ehrenberg & Pollak- L eade11 lzall '1311ildi11gs, E. C. Liverpool - LangstafT, Ehrenberg & Pollak - The 'Iemple-Dale Street. New-York - Joseph Spiero - 11. Broadway. EMBARQUES PARA AS (i;QJ:.QNIAS, Rl1AZU!., l!!SlB:ANlGElllO'. E'f~. TKLEPilOXE N.º 986 End. lei. CAil LA SSE~ - LISBOA FABRICA DE PIANOS-STUTTGART A casa CARL HARDT, fundada em 1855, não constroe senão pianos de primeira ordem, a tres cordas, armados em ferro bronzeado e a cordas cruzadas, segundo o systenza americano. Os pianos de CARL HARDT, distinguem-se por um trabalho solido e consciencioso; a sonoridade é brilhante e sympathica, o teclado muito elas­ tico, a repetição facil e o machinismo aperfeiçoado; conservam admiravelmente a afinação, e a construcção é cuidada de fórma a resistir a todos os climas. A casa CARL HARDT, obteve recompensas nas seguintes exposições: -Londres, 1862 (diploma d'lwnra); P aris, 1867; Vienna, 1873 (medalha de progresso, a mai01· distincção concedida); Santiago, 1875; Stuttgart, 188 1; etc., etc. Estes magnificos pianos encontram-se á venda na CASA LAMBER-. TINI, representante de CARL HARDT, em Portugal. r A ARTE 1\lUSICAL Publicação quinzenal de musica e theatros LISBOA ::~~M34!At~~tMM~tt~t~i~iti1i~i~~~{~ :j A. HARTRODT ~: ··~ SÉDE: H A MBURGO - DoYenfteth, 40 ~-· ···~ ----- - ~·· - ~ ~ ~:~ Expedições, Transportes e Seg uros Uaritimos ~ 0 ' Serviço combinado e regular entre: I· Han1burg·o - Porto - Lisl)oa ~· · · A ntuerpia-Porto-Lisboa ;,º : : ~ L ondres - Porto - Lisboa º L iverpool-Po1.·to-Lisboa Serviço regular para a Madeira, Brazil , Colonias portuguezas d'Africa, etc. Promptifica-se gostosamente a dar qualquer informação que se deseje. A. HARTRODT - Hani.bu.rgo ~~~x.2~~~:;x~~~~&>tt>~º ~ º ~ º ~'V'~v~\r"f\t~v~r~"f~ ~~r~v~\r~~~,i~'i"f'V"ft"f'V"fv~'Y"fV'~~~V'~V'~ ~T.:· ; : i t : : t : ; : : : : : ; ! : f : : t f t : ; ; •.. .... Pianos das principaes fabricas : Bechsteiu, PleJ'el, Gaveau, Jlardt, Bord, Oito, etc. Musica dos principaes editores - Edições economicas - Alugue! de musica. Instrumentos diversos, taes como: Bandolins, Vio­ linos, Flautas, Ocarinas, etc. Pecam-se o s cat alogos ' PRACA DOS RESTAURADORES j A NNO X Lisboa. 3o de Setembro de 1908 Nu r.nmo 235 Revista publicada quinzenalmente ~ Proprietario e director ~ M icbel'angel o L ambertin i Redacção e admolstração: P. Resta uradores. 43 a 49-Composto e impresso na Typ. do ANNUARIO COM MERCIAL. P. Restauradores, 27 SUMM/\RIO - Pablo Sarasate - O Lohcngrim em Bayreut h-O Hymno Portuguez - A Sanfona - Charada J\lu· sical - Noticiario - Necrologia. dizemos. Bastava que e ll e tocasse uma das Pablo Sarasate suas endiabradas jotas e, a seguir, uma obra de physionomia mais austera, uma sonata classica por exemplo, para se sentir enfraque­ Causou viva e sincera impressão entre nós cer o interprete, ou, melhor dizendo, para o a morte do grande artista, por muitos consi · vêr em lucta aberta com todos os preconcei · derado como o primeiro violinista da actua­ tos do tradicionalismo e com muitas das mais lidade (1). rudimentares exigencias da fórma. Defron­ Sarasate tinha aqui, além de um admira­ tando se com uma obra franceza e sobre dor em cada um dos que o ouviu, um nucleo tudo allemã, não era sem esforço que abdi· de amigos nrdadeiros que hoje pranteiam a cava das suas qualidades de raça e que bus­ sua perda e recordam com 5audade intensa cava eclipsar a propria individualidade. os inolvidaveis momentos d'arte que lhe de­ Não deixava por isso de ser grande e enor­ veram. Estivera aqui em quatro temporadas me, w11co mesmo, quando em presença dP. de concertos (1880, 1881, 1887 e 1896) e no composições que mais cabalm ente correspon­ Porto em duas, cuja data não podemos pre­ diam ao seu fmo e privilegiado temperamento. cisar, mas que suppômos terem sido 1887 e E dizemos unico, porque entre todos os 1896. violinistas da actualidade, sem exceptuar Era portanto para nós um velho amigo de Ysaye, Thomson, Thibaud, Misha clman quasi trinta annos, e além d'isso um grande Fritz Kre1sler, Kubelik e outros de fama uni · musico, cuja intensiva personalidade, toda versai, não existe um só que possa comparar­ vibrante de ardôr meridional, se identificava se·lhe na execução d::i.s peças hcspanholas de admiravelmente com o nosso feitio e respon - caracter popular, que para Sarasate eram sem· dia com excepcional justeza ás aspirações ar­ pre pretexto de intcrmmaveis triumphos. tísticas do nosso povo. Essa tendencia especial do eminente con­ Estribando-se em que cursara o Conserva­ certista deu logar a toda uma littcratura, que torio de Paris e fôra discipulo d' Alard, dizem elle proprio firmou, e onde se encontram ver· os seus biographos francezes que Pablo Sa· dadeiros mimos musicaes como Jota de San rasate se deve considerar filiado na escola Fermin, Pl!leneras, Z·wt:;ico, SerPnata anda­ franceza do violino. E' a eterna mania do l11:;a, Bolern, Navarra, ( :aprice basque, Jota chauvinismo francez, que tudo quer açam• aragone;ra, .\luiííeira, não fallando nos tresca· barcar em seu proveito! Sarasate foi e ficou demos de Dansas espafírJlas, que tem corrido sempre um ibcrico puro - tão hespanhol pelo mundo e que todos os violiniscas conhecem. nascimento, como pelo acrisolado amor que Pablo Sarasate teve uma vida das mais consagrava ao seu paiz e pela feição absolu­ movimentadas. A Arte Musical já lhe publi­ tamente meridional do seu talento. Quem cou ha annos alguns traços biographicos, que uma vez o ouvisse, com ouvidos de ouvir. ha­ agora reproduziremos cm parte, acrescendo­ via de convencer-se plenamente d'isso que os de novas annotações, que se referem aos seus primeiros annos e cujo interesse de actualidade se não póde contestar. Nasceu o celebre violinista em Pamplona, (1) O seu fallecimcnto teve logar a 21 do corren1e mez em 8iarri1z, onde o emincmc <irll•ta eslava ha mezes: a 10 de março de 1844, e tinha apenas oito l jO A A RT E .Mus1C,\ L P.\BLO , .\ l<ASATE A A RTE M us1CAL 17 [ annos quando se apresentou pela primeira vez cta pessoa alguma, calcule-se em que horri. em publico, no thcatro de Pontevedra. vel indecisão Jicaria uma creança de 12 an­ Estavam entre os ouvintes os duques de nos, como então tinha o nosso artista! :\Iontpensier. O pac do pequeno Pablo, mes­ A sua bôa cstrella proporcionou lhe um tre de musica do 21." regimento d' Aragão, encontro providencial na pessoa de um ban - fizera lhe todas as rccommendaçõcs para que queiro de Bayonna, chamado Ignacio Gar­ quando Suas Altezas o mandassem chamar se cia. Este, em vez de o mandar novamente mostrasse amavel e respeitoso; mas chegado para Hespanha, como o pac Sarasate deseja· o momento da apresentação, todas as pre­ va, procurou um profcssôr ele violino que cauções paternas foram inuteis, e o pequeno havia em Bayonna, ele nome Jubin, e fez-lhe prodígio começou a tratar descabelladamente ouvir a prodigiosa creança, pedindo-lhe ao os duques por tu, não sem que o pae lhe dei­ mesmo tempo que a levasse para Paris e a tasse olhares furibundos e lhe promettesse confiasse aos cuidados do seu celebre com­ in petto urn bom par de açoites para quando patnc10, Delphim Alarei. Assim se fez e ao chegasse a casa. O duque porém acalmou o cabo de um anno de aturado estudo, Pablo desespero do mestre Sarasate conquista­ de musica e, pegan- va, por unanimida­ do no pequeno, col- de àc votos, o pri­ locou-o cm pé sobre meiro premio de vio­ uma cadeira e apre­ lino no Conservato· sentou-o aos perso­ rio de Paris. Um nagens do seu seq ui· anno depois obtinh a to n'estes termos. l tambem o de har­ - E' microscopi­ monia. Em presença co e hoje caberia de tão animadores n'uma algibeira lar­ resultados e encan · ga; amanhã, o mun · tado com o talento do será pequeno deslumbrante do seu para cllc. pupillo, Alarei pen· Porque trabalhos sou em apresentai-o teria ainda que pas­ cm publico, esco­ sar o joven violinista, lhendo Bayonna pa­ primeiro que se rea­ ra sua primeira apre­ lisasse o horóscopo sentação. do d uqnc de :\Iont­ Ou por que cor­ pensicr ! resse já a voz das Effecti vamentc, maravilhosas ap ti - levado por um cn­ dões do tocadôr, ou thusiasmo que rara· por que estivessem mente se manifesta ainda na memoria em tão ten ra idade, de todos as drama­ o pequeno Pablo cm· ticas circumstancias pregava longas ho­ S,\ Rt\SJ\ TE Ei'll 1880 cm que o pequeno ras no estudo cio seu Sar asatc f i cara instrumento, che- abandonado n'a­ gando a sua saude a inspirar serios cuidados, quella cidade, dois annos antes, o certo é e, até uma vez, a perigar a sua vida. Esta que a sala do theatro regorgitava de curio· assiduidade no trabalho, este gosto innato sos e o exito foi indescriptivel, devendo o pela musica e pelo violino faziam prevêr juvenil artista voltar á sccna varias vezes, uma exccpcional natureza d'artista.
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