I.0 Tino —Setembro De 1929 N.0 3 BOLETIM DA C. P. ÓRGÃO DA

I.0 Tino —Setembro De 1929 N.0 3 BOLETIM DA C. P. ÓRGÃO DA

I.0 Tino —Setembro de 1929 N.0 3 BOLETIM DA C. P. ÓRGÃO DA INSTRUÇÃO PROFISSIONAL DO PESSOAL DA COMPANHIA PUBLICADO PELA DIRECÇÃO DA COMPANHIA S U M Á R. I O Apreciaçào e comparação de Caminhos de Ferro.—Armazéns de Víveres.—A C. P., desde a sua origem. — Estatísticas referentes a 1929. — Consultas.— As môscas (Continuação). — Agricultura e jardinagem. — Um consultório de dentista instalado numa carruagem construída para ôsse fim. —Concursos entre jardins de estações. —Keconstituíçào da locomotiva 0 Fogueie de Jorge Stephenson.—Nova estaçào de Búfalo.—Educação o instrução. — Agentes que completam êste môs 40 anos de serviço. — Louvor,—Ileíormas. — Falecimentos. Apreciação e comparação de Caminhos de Ferro II A antiga rêde da Companhia tem como linhas prin- cipais as linhas de Leste, Norte, Oeste e Beira-Baixa, No artigo precedente acèrca dos elementos de com- num total de 960 Qm., em que a linha de Oeste com a paração de rêdes de caminhos de ferro em exploração, do Norte forma uma grande malha. ocupámo-nos dos números estatísticos que traduzem Destas linhas partem os seguintes ramais ou linhas o volume de tráfego duma rêde. secundárias: ramal de Alcântara, linha Urbana, linha Para comparar rêdes diversas, é indispensável co- de Cintura; linha do Setil a Vendas-Novas, ramal de nhecer, além da sua extensão e do volume ou quanti- Cáceres, linha de Tomar, linha da Figueira da Foz, dade de tráfego, também as condições em que a ex- ramal de Coimbra e linha da Louzã, que formam ape- ploração é feita e quais os seus resultados financeiros. É nas 170/o da extensão total da rêde. o assunto de que vamos dar hoje algumas noções. Pode uma rêde ser também constituída por linhas Disposição das linhas. — As condições de exploração principais nas quais se venha inserir um número de duma rêde dependem da forma como as suas linhas ramais ou linhas secundárias importante relativamente estão dispostas umas relativamente às outras e do seu à extensão total da rêde, como no Sul e Sueste em perfil, das correntes do tráfego e natureza das merca- que nas suas duas linhas principais, a do Sul e a do dorias que o constituem. Sado, num total do 545 Qm., se vem inserir os ra- Algumas Emprêsas de caminhos de ferro dispõem mais ou linhas secundárias de Aldegalega, Cacilhas, somente de uma ou mais linhas sem ramais ou linhas S. Bartolomeu, Vila Viçosa, Reguengos, Mora, Sou- secirndárias. Tal é o caso, por exemplo, da Companhia zel, Moura, Aljustrel e Lagos, cuja extensão atinge da Beira-Alta que possue, apenas, a linha da Figueira 41 % da rêde do Sul o Sueste. da Foz a Vilar Formoso Ora, a exploração é muito diversa em cada um dos Outras Emprêsas dispõem de linhas principais com três casos a saber: linha única, linhas principais dis- ramais ou linhas secundárias em pequeno numero postas como no Minho e Douro e na antiga rêde, ou relativamente à extensão da rêde. Umas vezes as linhas linhas principais com ramais e linhas secundárias nu- principais formam verdadeiras rêdes, isto é, as dife- merosas como no Sul e Sueste. rentes linhas estão ligadas umas às outras pelos extrê- O primeiro é o que permite uma exploração mais mos formando grandes malhas (de onde provêm o fácil e menos dispendiosa. No último a exploração nome de rêde); outras vezes as linhas dispõem-se como toma-se tanto mais dispendiosa quanto maior fôr o troncos e varas de uma árvore: os troncos são as linhas número de ramais ou linhas secundárias inseridas nas principais e as varas, os ramais ou linhas secundárias. linhas principais, exigindo cada um dêles, em geral, lo- Assim, no Minho e Douro, ha o tronco comum do comotivas afectas especialmente para o seu serviço, Porto a Ermezinde e os troncos ou linhas principais depósito de carvão que para ali tem de ser transpor- de Ermezinde a Valença e de Ermezinde a Barca de tado dos depósitos principais, destacamento de pes- Alva, com a extensão total de 341 Qm., das quais soal de trens, etc. Além disso, os ramais e linhas se- partem somente os ramais de Braga e da Alfândega, cundárias dão sempre lugar a paralização de material com 19 Qm. no total. nas estações de bifurcação, e, portanto, a atrazo no se- 34 guimento das remessas. Êstes inconvenientes não exis- Correntes de tráfego.—As correntes e natureza do tem na exploração duma linha única, ou só existem em tráfego exercem também acentuada influência nos re- muito menor escala quando o número de ramais ou li- sultados da exploração. nhas secundárias é reduzido relativamente à extensão As correntes de tráfego duma linha podem ser equi- total das linhas, tal como sucede na antiga rêde e nas libradas, isto ó, sensivelmente iguais no sentido ascen- linhas do Minho e Douro exploradas pela Companhia. dente e descendente, havendo portanto sempre carga Duas rêdes podem, pois, ter a mesma extensão qui- de retorno para o material, o que não sucederá se a lométrica e a sua exploração ser feita em condições corrente de tráfego num dos sentidos fôr manifesta- muito diversas em virtude da configuração das linhas mente superior à corrente de tráfego no sentido in- que as constituírem. verso; nesta direcção uma parte do material terá de Perfil das linhas. — O perfil das linhas, ou por outras regressar vazio dando lugar a um mau aproveitamento palavras, as suas rampas e os seus declives, é um e, portanto, uma exploração mais dispendiosa. factor de enorme importância na exploração. Se a linha fôr a subir e a corrente mais forte de As rampas obrigam a diminuir consideravelmente a tráfego no sentido da rampa, esta circunstância será carga dos comboios. Assim, por exemplo, a carga em ainda mais desfavorável para a exploração, visto ser patamar duma locomotiva da serie 200 da O. P. e de justamente no sentido em que a tracção é mais dis- 750 ton.', ao passo que a mesma locomotiva na rampa pendiosa, isto é, na subida, que a carga a rebocar ó de 18m,n por metro, de Campolide para Sete Rios, só maior, regressando depois vazio parte do material no pode rebocar 230 ton.5, isto é, menos de metade, e na sentido da pendente, em que a tracção é menos dis- rampa de 15mm, de Caxarias para Albergaria, 300 ton.5 dendiosa. Se, polo contrário, a corrente mais forte de No Minho e Douro, a carga em patamar duma loco- tráfego fôr neste sentido, o material vazio será enviado motiva da série 100 é 700 ton.5, emquanto nas rampas no sentido da rampa, circunstância favorável para a de 16mm por metro, de Contumil para Rio Tinto ou de tracção. Marco para Juncal, pode rebocar somente 330 ton.5 Por estas considerações se vê que duas linhas idên- No Sul e Sueste uma locomotiva da série 100 reboca ticas em extensão e em perfil, podem encontrar-se em apenas 270 ton.5 na rampa de 14mm, de Garvão para condições de exploração diversas se as correntes de Amoreiras. tráfego não íôrem idênticas, mesmo no caso de igual- As rampas obrigam a empregar dupla-tracção ou a dade de tonelagem o natureza das mercadorias e trans- fazer desdobramento dos comboios, e, tanto num como portes. noutro caso, exigem o emprêgo dum maior número de Na antiga rêde da Companhia, na linha de Lisboa locomotivas e maiores despesas com o pessoal de ao Porto, o tráfego está mais ou menos compensado trens. Obrigam ainda a retenção de carga e conse- ao passo que as linhas de Oeste, Beira Baixa e Leste quente paralizaçâo de vagões dando lugar a atrazo no expedem mais do que recebem, sendo necessário por seu seguimento a destino. êsse facto enviar-lhes material vazio por não ser sufi- Nas linhas presentemente exploradas pela Compa- ciente para as mercadorias que têm a expedir, o ma- nhia, exceptuando um número restricto de rampas terial que recebem com carga. de 16, 17 e 18',,a, por metro, as restantes não vão além No Sul e Sueste as correntes de tráfego nos sentidos de lõ11"11. Se considerarmos somente as rampas de ascendente e descendente não estão equilibradas. A mais de 10mm encontram-se: corrente do Sul para Barreiro é superior à corrente — No percurso de Lisboa-R. a Campanhã, 17 rampas de tráfego no sentido oposto. Por êste motivo é expe- com uma extensão total de 30,104 Qm que representa dido diáriamente material vazio para toda a região do 9% da distância que separa as duas estações, 342 Qm.; Alentejo e do Sado, tendo chegado já em alguns dias — No percurso do Barreiro a Vila Real de Santo a 80 o número de vagões expedidos para receber carga, António, pela linha do Sul, encontram-se 47 rampas não contando com o material especializado para miné- numa extensão de 36,462 Qm. isto é 9,2% da distân- rio que, pelo seu tipo, não é utilizado para outras cia total, 396 Qm,; mercadorias. — No percurso de Campanhã a Barca d'Alva, con- No Minho e Douro ha também um acentuado de- tam-se 20 rampas com um total de 27,608 Qm. ou seja sequilíbrio nas correntes de tráfego da linha do Douro, 14,2% da distância total, 192 Qm. mas aqui no sentido mais favorável para a exploração, Nos tres percursos que apresentamos para exemplo a corrente de material carregado é no sentido da pen- encontram-se pois, respectivamente 9 %; 9,2 % e dente e o regresso do material vazio no sentido da 14,2 % dos percursos totais em rampas superiores rampa. a 10mni por metro, afectando a exploração de forma O material a enviar para receber carga chega em diversa duma linha para outra.

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