MANUAL DE HEPATITES VIRAIS Organização: Vanessa Salete de Paula Marcelle Bottecchia 1 Livia Melo Villar Vanessa Faria Cortes Letícia de Paula Scalioni Débora Lopes dos Santos Marcia Terezinha Baroni Rachid Saab Cunha Tainá Pellegrino Martins 2 MANUAL de hepatites virais / Organização: Vanessa Salete de Paula, Marcelle Bottecchia, Livia Melo Villar, Vanessa Faria Cortes, Letícia de Paula Scalioni, Débora Lopes dos Santos, Marcia Terezinha Baroni, Rachid Saab Cunha, Tainá Pellegrino Martins. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rede Sirius; OUERJ, 2015. 215 p. : il. ISBN 978-85-88769-90-8 (E-Book) 1. Hepatite por vírus. I. Título. CDU 616.61 Reitor Ricardo Vieiralves de Castro 3 Vice-reitor Paulo Roberto Volpato Dias MANUAL de hepatites virais / Organização: Vanessa Salete de Paula, Marcelle Bottecchia, Livia Melo Villar, Vanessa Faria Cortes, Sub-reitora de Graduação – SR1 Letícia de Paula Scalioni, Débora Lopes dos Santos, Marcia Lená Medeiros de Menezes Terezinha Baroni, Rachid Saab Cunha, Tainá Pellegrino Martins. - 1. ed. - Rio de Janeiro: Rede Sirius; OUERJ, 2015. Sub-reitora de Pós-graduação e Pesquisa – SR2 215 p. : il. Monica da Costa Pereira Lavalle Heilbron ISBN 978-85-88769-90-8 (E-Book) Sub-reitora de Extensão e Cultura – SR3 1. Hepatite por vírus. I. Título. Regina Lúcia Monteiro Henriques CDU 616.61 Apoio Técnico da Rede Sirius Elir Ferrari Diagramação Tainá Pellegrino Martins BIBLIOTECA DO OUERJ Conselho Editorial Fernando Rodrigues Altino (UERJ) Júlio Nichioka (UERJ) Oscar Rocha Barbosa (UERJ) Rachid Saab (UERJ) Thereza Camello (UERJ) 4 Conselho Executivo Carlos Eduardo Silva (ESS) Jackeline Bahe (ETFCS) Pierre Morlin (PETROBRAS) Manoel Rodrigues (UERJ) Nilo Koschek (INPA) Ricardo Fontenele (AMX) Pauli Garcia Almada (UFF) Ricardo Fermam (INMETRO) Roberto Carvalho (UNESP) Roberto de Xerez (UFRuRJ) Conselho Consultivo Afonso Aquino (USP) Ana Silvia Santos (UFJF) Carla Madureira (UFRJ) César Honorato (UFF) Cláudio Ivanoff (UERJ) Elcio Casimiro (UFES) Flávia Schenatto (CNEN) 5 Guido Ferolla (FGV) Eduardo Felga (UFPr) Laís Alencar de Aguiar (CNEN) Luiz Gonzaga Costa (UFRuPa) Messias Silva (USP) NeddaMizuguchi (UFRuRJ) NivarGobbi (UNESP) Paulo Sérgio Soares (CETEM) Pauli Garcia Almada (UFF) Ricardo Fermam (INMETRO) Roberto Carvalho (UNESP) Roberto de Xerez (UFRuRJ) A BIBLIOTECA OUERJ é composta por diversos volumes em diferentes áreas temáticas. Representa o trabalho de Pesqui- sa, Magistério, Consultoria, Extensão e Auditoria de inúmeros pro- O objetivo da biblioteca é ser útil como instrumentação e base epis- fissionais de diversas instituições nacionais e extra-nacionais. áreas pertinentes aos temas publicados. Por ser um material didá- temológica dos Graduandos, Pós-graduandos e profissionais das tico público poderá ter uso público especialmente para treinamen- Evidentemente que cada caso da BIBLIOTECA OUERJ deve ser en- 6 to, formação acadêmica e extensionista de alunos e profissionais. carado dentro de um contexto a que foi inicialmente proposto. Especial- mente deve-se levar em conta as limitações vigentes do estado d’arte, das - circunstancias e da finalidade inicial a que foi proposta. As derivações brar sempre, estes limites de escopo inicial que norteou estes trabalhos. e extrapolações podem ser adotadas desde que não se deixe de vislum Nós do OUERJ, agradecemos especialmente aos autores, a todos Consultivo do OUERJ. Agradecimento especial a REDE SIRIUS e a Pro os profissionais que compõem os Conselhos Editoriais, Executivos e Reitoria de Extensão e Cultura da UERJ que possibilita esta publicação. Diretoria do OUERJ SUMÁRIO O QUE SÃO HEPATITES VIRAIS? 8 HEPATITE A 16 HEPATITE B 48 HEPATITE C 70 HEPATITE DELTA 100 HEPATITE E 118 7 DIAGNÓSTICO DAS HEPATITES VIRAIS 142 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 152 INTRODUÇÃO 8 O QUE SÃO HEPATITES VIRAIS? Entende-se por hepatite são bem conhecidas e distin- os quadros que apresentam uma tas, quanto à etiologia, epide- alteração difusa no parênquima miologia, evolução, prognóstico hepático, caracterizadas por uma - - JA, 1993; ZANOTTO et al, 1996). e profilaxia (KOONIN & DOL patócitos, de gravidade variável. O conceito de hepatites lesão necroinflamatória dos he virais, que é conhecido desde a importantes de incidência e pre- época de Hipocrates, só foi estu- Mesmo apresentando variações valência, de acordo com a região - os casos ocorridos posterior- dado mais cientificamente após presentam um problema sanitário mente a Segunda Guerra Mun- 9 geográfica, as hepatites virais re da maior relevância, em pratica- dial, mais precisamente após a mente todos os países do mundo. vacinação de trabalhadores do Agrupadas, muitas vezes, como estaleiro de Bremen (Alemanha) doença única, em razão da si- contra a varíola (vacina prepa- milaridade de suas manifesta- rada com linfa humana). Dos trabalhadores vacinados, 15% são doenças distintas causa- se tornaram ictéricos, sendo evi- ções clínicas, as hepatites virais das por diversos vírus que tem dente a associação desta enfer- o DNA ou RNA como seu ma- midade a um agente de transmis- terial genético, envelopados e são parenteral (LURMAN, 1885). não envelopados, com diferen- No inicio do século XX, fo- tes características funcionais ram relatados surtos de hepa- e estruturais. Essas entidades tite de “período de longa incu- bação” (50 a 180 dias), os quais rais da Organização Mundial foram observados em muitos de Saúde (OMS) e é utilizada países e foram associados às ate hoje (KRUGMAN, 1989). Embora novos vírus te- medicação injetável com serin- nham sido isolados e, em al- transfusões de sangue, ao uso de gas e agulhas não esterilizadas gum momento, associados as e a administração de vacina, como hepatites (Huang et al. 2000; por exemplo, o surto de hepatite/ Hinrichsen et al. 2002) tem-se icterícia ocorrido entre os milita- como certa, a existência de cinco res que foram vacinados contra a tipos de hepatites virais de im- febre amarela durante a Segun- portância médica (Tabela 1). 10 da Guerra Mundial. MacCallum, O vírus da hepatite B foi o pri- em 1947, designou os termos “vírus da hepatite A” (HAV) e (1970), seguido pelo vírus da he- meiro deles a ser identificado “vírus da hepatite B” (HBV) patite A (FEINSTONE et al, 1973), referindo-se aos supostos vírus da hepatite D (HDV) (RI- agentes etiológicos das hepa- ZZETO et al, 1977), vírus da he- tites de período de curta incu- patite E (BALAYAN et al, 1983) e bação ou infecciosa (18 a 37 vírus da hepatite C (CHOO et al, dias) e de período de longa in 1989). Outros agentes foram cubação ou soro-homologa (50 a 180 dias), respectivamente. hepatite pós-transfusional não identificados em indivíduos com Esta terminologia foi adotada A-E, porém uma relação cau- pelo comitê das hepatites vi- sal entre infecção por estes ví- - tacam-se o vírus da hepatite G (HGV) (SIMONS et al, 1995), vírus rus e hepatopatias ainda não pode ser confirmada. Dentre eles, des TT (TTV) (NISHIZAWA et al, 1997) e SEN-V (TANAKA et al, 2001). 11 Figura 1. Localização do fígado no corpo humano Diariamente, na clínica en- nosso próprio sistema imu- contram-se casos de hepatites que ne (HOWARD et al, 1984). não podem ser atribuídos a ne- De acordo com seu meca- nhum dos vírus conhecidos e por nismo habitual de transmissão, isso é importante o estudo dessa as hepatites virais são comumen- doença. Além disso, ainda exis- tem várias hepatites relacionadas grupos: o primeiro corresponde te classificadas em dois grandes com vírus capazes de produzir àquelas cuja transmissão se faz - pelas vias fecal e oral, englobando vírus, vírus do herpes, etc.) assim as hepatites A e E e no segundo, quadros definidos (citomegalo como vírus considerados exóti- situam-se as que são transmiti- 12 cos (arenavirus, vírus ebola, etc.). das através de contato direto com Existem ainda as hepatites cuja o sangue contaminado, represen- origem é atribuída a agentes noci- tadas pelas hepatites B, C e Delta. vos não virais, como por exemplo, Das cinco hepatites vi- a hepatite alcoólica que é causa- rais conhecidas, as mais im- da pela ingestão em excesso de portantes para a saúde públi- bebidas alcoólicas, hepatite me- ca são, as causadas pelo HBV dicamentosa que é causada pela e HCV. Isso se deve à combina ingestão em excesso de alguns ção da epidemiologia e clínica medicamentos ou agentes quí- dessas doenças. Epide miologi- camente, a relevância dessas do- as hepatites autoimunes que enças deve-se à larga distribuição micos tóxicos para o fígado e são causadas pela agressão do geográfica e ao enorme número de indivíduos mundialmente infec- CKERMAN, 1999) e que exis- tados. Do ponto de vista clínico, ambas apresentam elevado po- portadores crônicos para a he- tam de cerca de 170 milhões de patite C, fato que tem levado as levar á cirrose e ao câncer hepáti- autoridades de saúde pública a tencial de cronificação, o que pode considerar a hepatite C como a A hepatite A tem alta pre- grande pandemia do século XXI co (SHERLOCK & DOOLEY, 1997). - cário o saneamento ambiental, A hepatite Delta possui valência em regiões onde é pre (SHERLOCK & DOOLEY, 1997). associação obrigatória com a para sua disseminação. Essa ca- hepatite B, largamente disse- o que cria condições propícias 13 racterística faz com que a hepati- te A seja amplamente encontrado do território brasileiro – particu- minada em extensas regiões no Brasil, apesar de evidências larmente na Região Amazônica – de que a sua transmissão já não e pelo grande potencial de gravi- acontece tão precocemente dade clínica, esse tipo de hepatite quanto em décadas passadas, reveste-se de grande importân- quando a quase totalidade das cia no quadro sanitário nacio- crianças tornava-se infec- nal (BENSABATH et al, 1987). tada até os 5 anos de ida- A hepatite E ocorre em nu- de (VITRAL et al, 1998). merosos países em desenvolvi- A OMS estima cerca de mento, onde tem sido associada à - epidemias transmitidas por água ras crônicas da hepatite B (ZU- contaminada com resíduos de 400 milhões sejam portado to pleno sobre a epidemiologia 1997).
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