MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM CAIO PAGANO INTERPRETA O QUINTETO COM PIANO EM LÁ MAIOR, DE DVORÁK, E O QUARTETO OSESP APRESENTA A ESTREIA MUNDIAL DA HOMENAGEM A KOECHLIN, DE ANTONIO RIBEIRO ISAAC KARABTCHEVSKY REGE GURRE-LIEDER, DE SCHOENBERG, COM O CORO DA OSESP, O CORO ACADÊMICO DA OSESP, O CORO DE CÂMARA FRANZ LISZT DE WEIMAR, MÚSICOS DO INSTITUTO BACCARELLI E AS VOZES DE ROBERT DEAN SMITH, JENNIFER ROWLEY, CHRISTINE RICE, LESTER LYNCH, ANTHONY DEAN GRIFFEY E ANDREAS SCHMIDT MARIN ALSOP REGE AS QUATRO SINFONIAS DE BRAHMS EDIÇÃO Nº 6, 2015 RAGNAR BOHLIN REGE OBRAS DE ALBINONI, PERGOLESI E POULENC, COM O CORO DA OSESP E AS VOZES DE MARÍLIA VARGAS E LUISA FRANCESCONI QUEM TEM MEDO DE SCHOENBERG?: A SOPRANO MANUELA FREUA INTERPRETA O QUARTETO DE CORDAS Nº 2, COM O QUARTETO OSESP, E PIERROT LUNAIRE, COM ALUNOS DA ACADEMIA DE MÚSICA DA OSESP, SOB REGÊNCIA DE EMMANUELE BALDINI ANDRÉ DE RIDDER REGE O CONCERTO PARA VIOLINO EM MI MENOR, DE MENDELSSOHN, COM A SOLISTA BAIBA SKRIDE CRISTINA GÓMEZ GODOY INTERPRETA O CONCERTO PARA OBOÉ, SET-OUT DE MOZART, SOB REGÊNCIA DE LOUIS LANGRÉE 2015 MÚSICA NA CABEÇA: JORGE DE ALMEIDA E ISAAC KARABTCHEVSKY FALAM SOBRE ARNOLD SCHOENBERG CARLOS PRAZERES REGE A ESTREIA MUNDIAL DE SONHOS E MEMÓRIAS, DE SÉRGIO ASSAD, COM O SOLISTA NATAN ALBUQUERQUE JR. QUEM TEM MEDO DE SET SET SCHOENBERG? 13 14 17, 19, 21 22 QUARTETO OSESP OSESP CAIO PAGANO PIANO ISAAC KARABTCHEVSKY REGENTE ROBERT DEAN SMITH TENOR POR JORGE DE ALMEIDA 4 JENNIFER ROWLEY SOPRANO ANTONIO RIBEIRO CHRISTINE RICE MEZZO-SOPRANO FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY LESTER LYNCH BARÍTONO ANTONÍN DVORÁK ANTHONY DEAN GRIFFEY TENOR ANDREAS SCHMIDT NARRAÇÃO MÚSICOS DO INSTITUTO SET BACCARELLI CORO DE CÂMARA FRANZ 18 32 LISZT DE WEIMAR CORO DA OSESP QUARTETO OSESP CORO ACADÊMICO DA OSESP MANUELA FREUA SOPRANO ARNOLD SCHOENBERG MAURICE RAVEL ARNOLD SCHOENBERG SET 20 40 SET ALUNOS DA ACADEMIA DE 24, 25, 26 46 MÚSICA DA OSESP EMMANUELE BALDINI REGENTE OSESP MANUELA FREUA SOPRANO MARIN ALSOP REGENTE ARNOLD SCHOENBERG JOHANNES BRAHMS OUT OUT 1, 2, 3 52 15, 16, 17 58 OSESP MARIN ALSOP REGENTE OSESP RAGNAR BOHLIN REGENTE MARÍLIA VARGAS SOPRANO JOHANNES BRAHMS LUISA FRANCESCONIMEZZO-SOPRANO CORO DA OSESP OUT 66 TOMASO ALBINONI 22, 23, 24 GIOVANNI BATTISTA PERGOLESI OSESP FRANCIS POULENC ANDRÉ DE RIDDER REGENTE BAIBA SKRIDE VIOLINO OUT 25 74 TORU TAKEMITSU FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY DMITRI SHOSTAKOVICH OSESP CARLOS PRAZERES REGENTE NATAN ALBUQUERQUE JR CORNE INGLÊS OUT 82 FELIX MENDELSSOHN-BARTHOLDY 29, 30, 31 SERGIO ASSAD OSESP IGOR STRAVINSKY LOUIS LANGRÉE REGENTE CRISTINA GÓMEZ GODOY OBOÉ OLIVIER MESSIAEN WOLFGANG AMADEUS MOZART RICHARD STRAUSS Desde 2012, a Revista Osesp tem ISSN, um selo de reconhecimento intelectual e acadêmico. Isso signifi ca que os textos aqui publicados são dignos de referência na área e podem ser indexados nos 1 sistemas nacionais e internacionais de pesquisa. PATROCÍNIO EXECUÇÃO APOIO REALIZAÇÃO VEÍCULOS [email protected] 2 Concerto Digital Revista OSESP.ai 1 24/08/15 14:13 MINISTÉRIO DA CULTURA, GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO E SECRETARIA DA CULTURA APRESENTAM CONCERTO DIGITAL OSESP TRANSMISSÃO AO VIVO PELA INTERNET 25 SET SEX 20H45 OSESP MARIN ALSOP REGENTE JOHANNES BRAHMS Sinfonia nº 1 em Dó Menor, Op.68 Sinfonia nº 2 em Ré Maior, Op.73 concertodigital.osesp.art.br tvuol.uol.com.br Programação sujeita a alterações. 3 O PRÓXIMO CONCERTO DE SCHOENBERG EM VIENA, CARICATURA PUBLICADA NO JORNAL DIE ZEIT, EM 6 DE ABRIL DE 1913 4 POR JORGE DE ALMEIDA u tenho. Há diversas razões para temer Schoenberg, e muitas razões para admirá-lo. Talvez sejam as mesmas… Por isso é preciso abrir os ouvidos para o que esse “medo” diz sobre nós, Esobre a sua música e sobre o século que já nos separa. Um dos vários alunos de Schoenberg, o compositor Karl Linke (1884-1939), certo dia levou ao mestre uma canção recém-composta, extremamente complexa, da qual estava bastante orgulhoso. Quando Schoenberg a leu, perguntou: “O senhor realmente imaginou a parti- tura de modo tão complicado?”. Acreditando estar prestes a receber um elogio, o lisonjeado Linke respondeu que sim. Mas Schoenberg prosseguiu: “Quero dizer, sua primeira ideia melódica trazia clara- mente, nela própria, tamanha complexidade na forma de acompa- nhamento?”. Linke titubeou, sentindo que estava sendo posto à pro- va. Após uma rápida análise, em que mostrou ao aluno que aquela melodia não tinha necessidade de um acompanhamento tão “difícil”, Schoenberg enunciou uma de suas máximas mais conhecidas: “A mú- sica não deve enfeitar, mas sim ser verdadeira”.1 A verdade dá medo. Os vienenses contemporâneos de Schoenberg sabiam bem o que isso significava. No decadente Império Austro- -Húngaro, denunciar a falsa aparência de uma corte falida e hipócrita, acalentada por bailes e banquetes suntuosos, era um ato de coragem. A busca pela verdade estética trazia graves consequências políticas e morais. Por isso, em meio ao atraso oficial e arrogante, os “modernis- tas” irritavam muita gente, e suas obras nos assustam até hoje: o ar- quiteto Adolf Loos (1870-1933) denunciava o ornamento como crime; Gustav Klimt (1862-1918) pintava em dourado os beijos e escândalos de Viena, e Egon Schiele (1890-1918) a verdadeira face do amor; Karl Kraus (1874-1936) incendiava polêmicas com a “linguagem purificada” de seu jornal Die Fackel [A Tocha]; Wittgenstein (1889-1951) revirava as certezas da lógica; e Freud (1856-1939) valorizava os lapsos de verdade contidos em sonhos, neuroses e atos falhos. 5 Disposto a criticar a mediocridade “embolorada” durante séculos, haviam se transformado numa se- (termo muito usado na época) dos conservatórios gunda natureza (ou seja, algo historicamente cons- vienenses, o autodidata Schoenberg, como seus truído, mas percebido e sentido de modo eviden- contemporâneos modernistas, insistia numa “ver- te, como se fosse algo natural). Desde a Ars Nova, a dade” a ser construída e expressada em cada fra- música havia se desenvolvido por meio da constante se, cada pincelada, cada poema e cada compasso. busca de soluções para diferentes problemas com- A “renovação” estética, porém, não deveria ser um posicionais, e cada obra hoje considerada “clássica” fim em si mesmo, mas o resultado de um diálogo foi, em sua época, o resultado polêmico dessa busca fecundo com a própria tradição. No caso da música, por uma “nova verdade”, que também se modificava uma tradição em boa parte austríaca, desde os tem- com o tempo. Com a derrocada dos “estilos” gené- pos de Haydn e Mozart. O professor Schoenberg ricos, que asseguravam aos compositores de antiga- sempre lembrava a seus alunos como algumas obras mente pressupostos claros e compartilhados com o de Beethoven haviam sido condenadas como “mons- público, agora cada obra tinha de construir e justifi- truosas” e “ultrajantes” por seus contemporâneos. car sua própria lógica interna, sua Stimmigkeit (coe- Mas “ser moderno” não era uma escolha, pois o rência, consistência). A diferença entre uma música “novo” tinha se tornado uma necessidade desde que “falsa” e uma “verdadeira” residiria justamente no o Romantismo, com seu ímpeto ao mesmo tempo modo como cada obra, até em seus menores deta- nacional e individualista, havia atacado os ideais lhes, enfrentava os problemas impostos por toda a classicistas, a ponto de colocar em questão a própria história da música, problemas que não eram apenas existência de qualquer “estilo de época” obrigató- artísticos, pois refletiam e dialogavam com grandes rio, capaz de enunciar regras e formas abstratas à questões da cultura europeia. arte e aos artistas. Diante da descrença nas normas e convenções a serem seguidas, a própria necessi- as quais eram esses problemas e por dade de evitá-las criava um extenso cânone do que que eles precisavam ser enfrentados já não se podia mais fazer, limitando a liberdade de sem medo? O heroico Beethoven já ha- escolha, no momento em que esta se afirmava ple- Mvia mostrado como as rupturas histó- namente. Não é por acaso que os versos do poeta ricas da Revolução Francesa e da época napoleônica Stefan George (1868-1933) se tornaram o mote de geraram contradições extremas, que, no caso da toda uma geração, e também de Schoenberg e seus música, se revelavam numa série de dilemas: entre alunos: “Höchste Strenge ist zugleich höchste Freiheit”, o expressão e construção, entre liberdade polifônica maior rigor é, ao mesmo tempo, a maior liberdade. e rigor harmônico, entre música absoluta e música Mas a liberdade também gera o medo. Durante a programática. Se o princípio fundamental da re- Primeira Guerra, um oficial superior perguntou ao solução tonal é posto em questão, seja pela prática soldado perfilado: “Então você é aquele composi- de constantes modulações, seja pelo cromatismo e tor tão polêmico?”. Ao que Schoenberg respondeu: por novas progressões harmônicas daí resultantes, o “Sim, alguém tinha de sê-lo, ninguém queria ser, destino está aberto, e a questão de como configurar então eu tive de me dedicar a isso”. Para Schoen- o todo acaba se tornando um problema para quem berg, a arte (Kunst, em alemão) não se ligava mais pretendia, no espírito romântico ou modernista, a ser capaz (können), mas sim a ser necessário (müs- se libertar do apoio nas formas previamente dadas, sen). Em seus ouvidos, ressoava ainda a advertência que previam uma determinação convencional de das últimas obras de Beethoven: “Es muss sein!”. O polos de tensão e resolução tonal como arcabouço rigor objetivo de tudo o que “tem de ser” era a úni- de toda estrutura e sentido. ca maneira realmente livre de expressar a própria Como lembra Theodor W. Adorno (1903-69), subjetividade. retomando as aulas que teve com Alban Berg (1885- Isso não era nada fácil para Schoenberg e seus 1935), aluno de Schoenberg: “As formas do classi- colegas.
Details
-
File Typepdf
-
Upload Time-
-
Content LanguagesEnglish
-
Upload UserAnonymous/Not logged-in
-
File Pages108 Page
-
File Size-