Universidade Feevale Andressa Thaís Lima Dos

Universidade Feevale Andressa Thaís Lima Dos

UNIVERSIDADE FEEVALE ANDRESSA THAÍS LIMA DOS SANTOS “AGORA É A PRETA NO COMANDO, NO EMPODERAMENTO”: RAÇA, GÊNERO E REPRESENTATIVIDADE NA VOZ DE MULHERES NEGRAS NO PROGRAMA ESPELHO (12ª TEMPORADA) Novo Hamburgo 2018 1 ANDRESSA THAÍS LIMA DOS SANTOS “AGORA É A PRETA NO COMANDO, NO EMPODERAMENTO”: RAÇA, GÊNERO E REPRESENTATIVIDADE NA VOZ DE CANTORAS NEGRAS NO PROGRAMA ESPELHO (12º TEMPORADA) Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito à obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo pela Universidade Feevale Orientadora: Profª. Drª. Ana Luiza Carvalho da Rocha Novo Hamburgo 2018 2 ANDRESSA THAÍS LIMA DOS SANTOS Trabalho de Conclusão de Curso em Jornalismo, com o título “Agora é a preta no comando, no empoderamento”: raça, gênero e representatividade na voz de cantoras negras no programa Espelho (12ª Temporada), submetido ao corpo docente da Universidade Feevale, como requisito necessário para obtenção do Grau de Bacharel em Jornalismo. Aprovado por: _________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ana Luiza Carvalho da Rocha Professora Orientadora _________________________________________ Prof.ª Drª. Margarete Fagundes Nunes Banca examinadora – Universidade Feevale _________________________________________ Prof.º Me. Thiago Godolphim Mendes Banca examinadora – Universidade Feevale Novo Hamburgo, junho de 2018. 3 À Carlos Eduardo Sousa, Cleiton Corrêa, Roberto de Sousa Penha, Wesley Castro e Wilton Esteves Domingos (in memorian). Que seus nomes ecoem mais alto que os 111 tiros que os atingiram. À toda juventude negra brasileira, pretas e pretos que tiveram seus sonhos interrompidos por uma bala disparada por quem deveria lhes proteger. 4 AGRADECIMENTOS Depois de sete anos e meio, o grande momento chegou! Conquisto este título, mas sei que não conquistei sozinha. Agradeço imensamente ao apoio da minha família que, com certeza, teve um papel importante nesta jornada. Em especial minha mãe, Jussara, que não mediu esforços para que eu chegasse até aqui. Minha psicóloga, motorista particular, conselheira, case em quase todas as disciplinas e, claro, minha melhor amiga. Um brinde ao que nós construímos e iremos construir. À minha avó, Dona Dora, que foi a melhor entrevistada que alguém poderia ter e me confiou sua história da maneira mais linda e sincera possível. Vó, você não faz idéia, mas deu um novo significado aos meus objetivos profissionais e me mostrou o que realmente importa nesta vida: o amor de todos a minha volta. Ao meu namorado, Genésio, porque capricorniana pode ser romântica, sim. Nossa história começou no mesmo ano em que iniciei os estudos na Universidade, porém, a graduação encerra aqui. Nossa história, não. A parceria e compreensão foram fundamentais para o início e encerramento deste ciclo. Bora iniciar os próximos! Ao Coletivo Afro Juventude Hamburguense que deu um sentido muito especial à minha vida e me fez enxergar a alegria de ser quem eu sou. E, melhor ainda, me encorajar a continuar sendo assim. Sou grata a esta amizade e ao incrível respeito e compreensão acerca da minha saúde mental. É um passo de cada vez e sei que não os dei sozinha. “Não mexe comigo que não ando só”. Às professoras Drª Neusa Maria Ribeiro, Me. Daniela Santos e Drª Adriana Sturmer que acreditaram em mim em momentos que não acreditei em mim mesma, e me encorajaram a seguir. Às professoras Drª Margarete Fagundes Nunes e, minha orientadora, Drª Ana Luiza Carvalho da Rocha, que desde a Iniciação Científica, em 2015, me mostraram que a universidade é meu lugar e que sou protagonista da minha própria história. É um prazer chamá-las de amigas. Aos presentes que a Universidade Feevale me deu: Letícia, Gustavo e Morgana, que vocês continuem sendo meus raios de Sol, principalmente no litoral. Alô, Ano Novo! À amizade do geminiano, Morgan Lemes, que desde os sete anos de idade me ensina a ser um ser humano melhor todos os dias. À Tiane, que me mostrou que 5 o mundo está pequeno demais para os meus desejos e que devo construir o meu próprio. Dedico a vocês as frases tatuadas na pele radiante de Tássia Reis: todo amor, todo poder, toda glória e toda ternura. 6 “Eu me lembro de olhar no espelho quando eu era criança e olhar para todo esse cabelo e ficar tipo ‘por que isso está ali?’. Eu queria tanto que ele descesse. Eu me lembro de comprimi-lo e penteá-lo e ficar tão frustrada, pois era tão ousado e grande. Eu sentia que ocupava tanto espaço. Mas, por causa dessas mulheres [que me criaram], eu aprendi que… minha negritude não me inibe de ser linda e inteligente. Na verdade, esta é a razão de eu ser linda e inteligente. E você não pode me parar” (Amandla Stenberg, 2016) 7 RESUMO A televisão segue como meio de comunicação de massa mais acessado pelos brasileiros, que são de maioria autodeclarada preta ou parda. Porém, esta realidade não é transmitida pelos programas televisivos, que possuem uma baixa representação de personagens afrodescendentes e chegam ao ponto de reforçar estereótipos. Aplicando o estudo de caso (YIN, 2001), este trabalho tem como objetivo compreender de que forma o programa Espelho rompe com estas representações negativas sobre raça, gênero e classe social, resquícios do período escravocrata. Através da análise de conteúdo (BARDIN, 1977) das entrevistas das cantoras IZA, Liniker e Tássia Reis, na 12ª temporada do programa, mostra-se como Espelho busca inverter a ideologia do branqueamento enraizada nas produções audiovisuais brasileiras, tendo a maioria de convidados negros assim como seu apresentador e idealizador, Lázaro Ramos. Utiliza-se a figura da ialorixá, com os direcionamentos de Werneck (2007), e dos griôs para compreender como a ancestralidade auxilia no processo de empoderamento da população em questão. Com um olhar etnográfico, ocorre a construção das trajetórias sociais do apresentador e das entrevistadas, com base nos estudos de Velho (2013) e Ramos (2017), além etnografia dos episódios analisados por meio dos ensinamentos de Rocha (2010). Palavras-chave: Comunicação; Gênero; Raça; Representatividade; Televisão. 8 ABSTRACT Television is still the most accessed mass media by the Brazilians who declared themselves as black or brown. However, this reality is not represented on TV programs, which underrepresent Afro-descendants characters and even reinforce stereotypes. Using the case study methodology (YIN, 2001), this paper aims at understanding how the TV show Espelho manages to break these negative representations about race, gender and social class, all traces of the slavery past. The aim here is to show how Espelho tries to invert the whitewashing ideology, which is deep-rooted in Brazilian audiovisual productions. In order to do so, the host, Lázaro Ramos, the black man who envisioned the show, invites mostly black guests. A content analysis (BARDIN, 1977) of the interviews given by the singers IZA, Liniker, and Tássia Reis during the 12th season of the show is carried out to understand how the program manages to succeed in its efforts. The figures of the ialorixá, with Werneck's (2007) guidance, and of the griots are used to comprehend how ancestry helps in the empowerment process of this population. With and ethnographic look, the construction of social trajectories of the host and interviewees takes place, based on the studies of Velho (2013) and Ramos (2017), besides the ethnography of the analyzed episodes guided by the teachings of Rocha (2010). Keywords: Communication; Gender; Race; Representativity; Television 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Lázaro em peça do Bando, em 1996. ....................................................... 33 Figura 2 - Lázaro Ramos no filme Madame Satã, em 2002. ..................................... 34 Figura 3 - Quadro “Me Representa” do programa Lazinho com Você. ...................... 38 Figura 4 - Quadro Okawé do programa Espelho ....................................................... 41 Figura 5 - Quadro “Uma Foto” programa Espelho. .................................................... 42 Figura 6 - Lázaro entrevista Drª Giovana Xavier no Espelho. ................................... 43 Figura 7 - Tia Ciata .................................................................................................... 48 Figura 8 - Dona Ivone Lara e Clementina de Jesus .................................................. 50 Figura 9 - Elza Soares ............................................................................................... 51 Figura 10 - Cantora IZA. ............................................................................................ 60 Figura 11 - Cantora e compositora Tássia Reis. ....................................................... 65 Figura 12 - Cantora e Compositora Liniker................................................................ 69 Figura 13 - Fotografia da exposição Música: uma construção de gênero ................. 74 Figura 14 - Interior da Fábrica da Behring. ................................................................ 83 Figura 15 - Liniker no programa Espelho. ................................................................. 84 Figura 16 - Lázaro segura a câmera em Espelho ..................................................... 84 Figura 17 - Entrevista de Lázaro com Liniker ............................................................ 85 Figura 18 - Espelho como elemento presente ........................................................... 86 Figura 19 - IZA segura a câmera ............................................................................... 87 Figura 20 - Os ângulos de IZA .................................................................................

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